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1 Modelo tradicional Paulo Freire criticou a Pedagogia tradicional, denominou de educação bancária, enciclopedista, conteudista. Ao aluno não é possível despertá-lo sobre o sentido do aprendizado. Quando há questionamento sobre o porquê de aprender tal conteúdo, muitas vezes, o professor tradicional responde que é porque cairá na prova ou porque está no programa, mas, o porquê mesmo, o sentido da matéria, esse professor, talvez, nem saiba responder, pois, igualmente, foi educado pelo método reprodutor, assumindo a condição de mero repassador de informações. Normalmente, se prendem aos livros didáticos, repassando o conteúdo, o conhecimento como se fosse seu e com essa prática, não estimula a dúvida, a busca de novas respostas. O professor, nesse caso, sabe o que é certo e errado e impõe que os alunos copiem, memorizem e apresentem mais tarde, nas provas, as respostas determinadas por ele. Quem nunca sentou nas primeiras fileiras para não perder o que o professor fala, escrevendo em seu caderno o conteúdo? Quem nunca desejou gravar a aula do professor para reproduzi-la posteriormente? A propósito, seu professor permite que grave sua aula? Sim, Não? Qual o motivo? Que tal investigar? Na verdade, são muitos questionamentos, muitas respostas que podemos buscar e identificar se o professor respalda a prática predominantemente na Pedagogia tradicional. Quer ver? Como o professor trabalha o conhecimento? Ele escreve no quadro? Como é o quadro do professor? “Ele constrói o quadro ou traz o quadro pronto?” 2 Ele permite que você faça perguntas? Como ele reage quando o aluno faz uma pergunta sobre um determinado assunto que, aparentemente, não está relacionado ao conteúdo pensado pelo professor para trabalhar na aula naquele dia? Ele dá atenção ao aluno ou responde que o assunto não está previsto em seu roteiro? Exemplo de prática respaldada na Pedagogia tradicional O professor está trabalhando os países da Europa, as capitais. A aluna leva um cartão postal da França e mostra ao professor que, por sua vez, solicita à aluna para guardá- lo, pois não está tratando dos pontos turísticos. A aluna, constrangida, guarda seu cartão na bolsa e deixa de prestar a atenção na aula. O professor tinha um roteiro previamente planejado, não tornando sua prática flexível. Em seu roteiro dizia: no dia X fale das capitais dos países da Europa. Ele se torna refém do planejamento, não admitindo novas possibilidades. Certamente, essa foi a prática que ele aprendeu: reproduzir o modelos alheios. No livro didático, usado pela turma, em um dos capítulos sobre a Europa, o objetivo estabelecido era: levar os alunos a identificarem as capitais dos países da Europa. Veja, agora, o que conta Rachel de Queiroz no texto a seguir Você reconhecerá um pouquinho da infância de uma importante escritora brasileira: Rachel de Queiroz, que nasceu em 1910, no estado do Ceará. Isto se passava lá pela década de 1920. Toda tarde, ao encerrar as aulas, naquela escola do Alagadiço, em Fortaleza, se dava a sabatina da tabuada. 3 (Vocês sabem o que é? É a tabela das quatro operações, com números de um a dois algarismos). As crianças decoravam a tabuada em voz alta, cantando assim: “Duas vezes um, dois. Duas vezes dois, quatro. Duas vezes três, seis” etc. etc. Na hora da sabatina, os alunos de toda a classe formavam, de pé, uma roda, com a palmatória à vista, na mão da professora. Somar e diminuir era fácil, mas, quando chegava a tabuada de multiplicar, era um perigo. A casa do sete, por exemplo, era a mais difícil: “Sete vezes seis, sete vezes oito” — já sabe, o coitado que errava, a professora mandava o seguinte corrigir e, se ele acertasse, tinha direito de dar um bolo de palmatória na mão do que errou. Doía como fogo. Sempre havia os sabidinhos que decoravam tudo e davam bolo nos outros. Mas recordo um grandalhão chamado Alcides que não acertava jamais. Mas não chorava nunca, podia levar vinte bolos, mordia os beiços e aguentava firme. Quando chegava em casa, estava com as palmas inchadas e tinha que botar as mãos de molho na água de sal. Algum tempo depois, inaugurou-se a chamada “ESCOLA NOVA”. Acabaram com a tabuada, com a sabatina e com a palmatória. Acho que foi boa ideia. Fonte: QUEIROZ, Rachel de. Memórias de menina. Rio de Janeiro, José Olympio, 2003. Nesse caso, os alunos eram solicitados a decorar a tabuada, o que poderá tornar o aprendizado mecânico e questionável, uma vez que, é bastante comum, tão logo passar a prova, o conhecimento ser esquecido. Sistematizando informações sobre o modelo tradicional de ensino Papel da escola: Preparação intelectual e moral dos alunos para assumir seu papel na sociedade. Porém, para assumir seu papel na sociedade como? 4 Organização da escola: Funções claramente definidas e hierarquizadas. Normas disciplinares rígidas. Professor: É o transmissor dos conteúdos aos alunos. Aluno: Um ser passivo que deve assimilar os conteúdos transmitidos pelo professor. Aluno educado que deverá dominar o conteúdo cultural universal transmitido pela escola. Relação aluno-professor: Predomina a autoridade do professor que exige atitude receptiva dos alunos e impede qualquer comunicação entre eles. Pressupostos de aprendizagem: Aprendizagem receptiva e mecânica, sem considerar particularidades, o contexto. Objetivos educacionais: Obedecer a sequência lógica dos conteúdos, baseados em documentos legais. Ênfase nos objetivos específicos. Conteúdos escolares/programáticos: Selecionados a partir da cultura universal acumulada. Organizados em disciplina, quantidade de conhecimentos repassados como verdade absoluta. Conteúdos fragmentados e isolados do contexto. Método: Exposição verbal da matéria, centrado no professor, leituras, cópias, ditados, exercícios de fixação; uso excessivo do quadro que é previamente determinado, pronto e não construído conforme o andamento da aula e a participação dos alunos. Avaliação: Valorização dos aspectos cognitivos com ênfase na memorização da matéria, ênfase na quantidade de informações assimiladas, ênfase no produto final, na classificação.
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