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Esquema recuperação judicial

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RECUPERAÇÃO JUDICIAL
Objetivo: “[...] tornar viável a superação da situação de crise econômico-financeira do devedor, a fim de permitir a manutenção da fonte produtora, do emprego dos trabalhadores e dos interesses dos credores, promovendo, assim, a preservação da empresa, sua função social e o estímulo à atividade econômica. Visa, portanto, permitir que a empresa não paralise seu funcionamento, dando-lhe nova chance de êxito.” (art. 47, Lei 11.101/2005).
Exame da viabilidade da recuperação antes de deferir a recuperação: realizado pelo Judiciário. Como a recuperação judicial é um processo custoso que acaba por atingir a população como um todo, não pode ser viabilizado a qualquer empresa. Deve-se leva em consideração a importância social da empresa, o volume do ativo e do passivo, o tempo de existência, a mão-de-obra e tecnologia aplicada, assim como o porte econômico.
Legitimação ativa: pode ser requerida pelo empresário devedor (própria pessoa jurídica), sociedade empresária, cônjuge sobrevivente, herdeiros do devedor, inventariante ou sócio remanescente. 
Requisitos para legitimação: (artigo 48, da Lei Falimentar)
Exercer regularmente atividade por mais de 2 anos; 
Não ser falido e, se o foi, estejam declaradas extintas, por sentença transitada em julgado, as responsabilidades daí decorrentes;
Não ter, há menos de 5 (cinco) anos, obtido concessão de recuperação judicial; 
Não ter, há menos de 8 (oito) anos, obtido concessão de recuperação judicial com base no plano especial para Microempresas e Empresas de Pequeno Porte;
Não ter sido condenado ou não ter, como administrador ou sócio controlador, pessoa condenada por qualquer dos crimes previstos na Lei 11.101/05, sobre Lei Falimentar.
Não incidência da lei: sociedades de economia mista e empresa pública, instituições bancarias, seguradoras, planos de saúde etc. 
Artigo 72, plano especial para Micro e Pequenas Empresas (+ Lei complementar 147). Plano comum está no artigo 51, da mesma lei. 
Meios de recuperação da empresa, expressamente previstas de forma exemplificativa, no artigo 50 da Lei Falimentar. Devem ser analisados pelos administradores da sociedade empresária, junto aos seus advogados, a fim de utilizar-se a forma válida para o desempenho efetivo da recuperação (podem combinar dois ou mais):
Concessão de prazos e condições especiais para pagamento das obrigações vencidas ou vincendas;
Cisão, incorporação, fusão ou transformação de sociedade, constituição de subsidiária integral, ou cessão de cotas ou ações, respeitados os direitos dos sócios, nos termos da legislação vigente; 
Alteração do controle societário; 
Substituição total ou parcial dos administradores do devedor ou modificação de seus órgãos administrativos;
Concessão aos credores de direito de eleição em separado de administradores e de poder de veto em relação às matérias que o plano especificar; 
Aumento de capital social; 
Trespasse ou arrendamento de estabelecimento, inclusive à sociedade constituída pelos próprios empregados; 
Redução salarial, compensação de horários e redução da jornada, mediante acordo ou convenção coletiva; 
Dação em pagamento ou novação de dívidas do passivo, com ou sem constituição de garantia própria ou de terceiro; 
Constituição de sociedade de credores; 
Venda parcial dos bens; 
Equalização de encargos financeiros relativos a débitos de qualquer natureza, tendo como termo inicial a data da distribuição do pedido de recuperação judicial, aplicando-se inclusive aos contratos de crédito rural, sem prejuízo do disposto em legislação específica; 
Usufruto da empresa; 
Administração compartilhada;
Emissão de valores mobiliários;
Adjudicação de bens a credores para diminuir o passivo;
Concessão de prazos e condições especiais para pagamento das obrigações vencidas ou vincendas diz respeito a prorrogação dos prazos e revisão das condições de pagamento. É o meio que mais se aproxima da concordata preventiva. Através deste meio, o devedor tem a oportunidade de se reestruturar, pois haverá o abatimento no valor de suas dívidas ou o aumento no prazo de vencimento e, sendo assim, terá à sua disposição, por um tempo, mais recursos em caixa, tanto para redução dos gastos com empréstimos bancários quanto para investimentos. 
1. As operações societárias, tais como cisão, incorporação, fusão ou transformação de sociedade, constituição de subsidiária integral, ou cessão de cotas ou ações, respeitados os direitos dos sócios, nos termos da legislação vigente, para serem acatadas devem demonstrar que realmente irá proporcionar a recuperação da empresa. 
2. A alteração do controle societário, por sua vez, pode apresentar-se de forma total ou parcial. É total quando se opera a venda do poder de controle, e parcial quando é admitido um novo sócio no bloco controlador. Esta alteração deve estar acompanhada de medidas que visem a revitalização da empresa, tais como mudanças na administração e aumento do capital. 
3. Substituição total ou parcial dos administradores do devedor ou modificação de seus órgãos administrativos, chamado por Fábio Ulhoa Coelho de reestruturação da administração, é normalmente uma das medidas que devem ser adotadas pela sociedade empresarial, juntamente à outras, exceto quando a crise apresentar raízes macroeconômicas, ou seja, pelas quais os administradores não podem responder. Essa medida é acolhida, geralmente, por planos alternativos de recuperação, ou seja, planos submetidos à Assembleia Geral pelo administrador judicial ou pelos credores.
4. A concessão aos credores de direito de eleição em separado de administradores e de poder de veto em relação às matérias que o plano especificar traduz-se na concessão de direitos extrapatrimoniais. Esta medida pretende dar aos credores o direito de garantia contra as ingerências praticadas pelos administradores, ou seja, por exemplo, se os administradores quiserem agir de forma divergente aos interesses da sociedade, o credor pode vetar a operação, que poderia, por exemplo, aumentar o endividamento da empresa. 
5. Aumento do capital é outra forma válida de recuperação judicial, pois denota o ingresso de recursos que permitirá o contorno da crise econômica. Sem dúvida, é o melhor meio de recuperação para empresas em estado crítico. 
6. Transferência ou arrendamento de estabelecimento, inclusive à sociedade constituída pelos próprios empregados, implica na mudança da titularidade ou direção do estabelecimento empresarial da sociedade empresária em crise. Transferência corresponde a venda do estabelecimento para quem apresente melhores condições de explorar a mesma atividade econômica, isto é, de forma mais competente. Arrendamento, por sua vez, caracteriza-se quando a propriedade do estabelecimento continua da sociedade devedora, sendo que, desta vez, a direção da atividade econômica passa às mãos do arrendador que, por presunção, se apresenta em melhores condições de conduzir a recuperação.
7. Redução salarial, compensação de horários e redução da jornada, mediante acordo ou convenção coletiva, é a renegociação das obrigações ou do passivo trabalhista. Dá-se por meio do contrato de trabalho que muitas vezes expõe esta possibilidade para que se alcance a recuperação da empresa, quando entende-se ser as obrigações trabalhistas o real obstáculos das contas. Esta medida depende principalmente da aceitação dos empregados atingidos e dos sindicatos que os assiste. Não havendo contrato de trabalho, não pode ser adotada esta medida.
8. Dação em pagamento fica instituída quando um ou mais credores aceitam receber bem diverso do contratado, a fim de que a obrigação ativa que titularizam seja saldada. Novação de dívidas do passivo pode ser objetiva quando recair sobre o objeto ou subjetiva quando recair sobre os sujeitos e dá-se através da substituição de um desses elementos da obrigação por outros, novos.
9. Constituição de sociedade de credores decorre da anuência dos credores, a fim de constituir nova sociedade que assuma as mesmas atividades econômicas e possa procederum melhor desempenho visando sua recuperação. Com isso, os direitos dos credores substituem os direitos dos sócios. Uma variação deste meio de recuperação de empresas é a capitalização de crédito, ou seja, quando um ou mais credores ingressam na sociedade devedora como sócios. 
10. A venda parcial dos bens da empresa devedora figura como um meio importante de captar recursos para o patrocínio de sua recuperação. Entretanto, deve-se analisar criteriosamente a importância desses bens para a atividade econômica da empresa. Por exemplo, não seria razoável proceder a venda da máquina que encaixa o volante em uma fábrica de automóveis, pois é esta essencial para a produção do produto.
11. Equalização de encargos financeiros está relacionada a renegociação do passivo do devedor que explora a empresa em situação crítica. Neste caso, os bancos e empresas de fomento mercantil estabelecem um padrão nos encargos financeiros de seus créditos, combinando-os ao menor dos praticados no mercado. Medida esta que promove a aquisição de recursos pelo devedor sem comprometer a lucratividade das atividades exploradas. 
12. Por meio do usufruto da empresa, pretende-se transferir a atividade econômica em crise para pessoas mais capacitadas. Esta pessoa mais capacitada torna-se o novo dirigente e, por consequência, o usufrutuário do estabelecimento empresarial, que terá por benefício os frutos que advirem da exploração da atividade. Ao usufrutuário, por sua vez, não basta assumir a obrigação de investir na ampliação e modernização do estabelecimento, mas também deverá  mantê-lo ativo e frutífero no tempo da extinção do usufruto. 
13. Administração compartilhada é um desdobramento da reestruturação da administração e é por meio desta que ocorre a divisão de responsabilidade entre o devedor e seus credores, ou parte deles, nas decisões administrativas importantes para a empresa em crise. 
14. Sendo a sociedade por ações, é possível descrever, dentre os meios de recuperação judicial, a emissão de valores mobiliários que figuram como instrumentos de captação de recursos, e podem ser admitidos desde que respeitadas certas condições nas negociações no mercado de capitais. Apenas será viável quando houver interessados em investir na empresa. 
15. Constituição de sociedade de propósito específico para adjudicar em pagamento dos créditos os ativos do devedor traduz-se em adjudicação dos bens da sociedade empresária, e é um desdobramento da medida de dação em pagamento, pois visa a única finalidade de servir de adjudicação, ou seja, ato judicial pelo qual dá-se à alguém a posse ou propriedade de determinado bem. A manutenção dos bens no estabelecimento da empresa devedora é um dos fatores necessários para sua eficácia.
Créditos sujeitos (art. 49, lei 11.101): todos os créditos existentes na data do pedido, mesmo que ainda não vencidos, estarão sujeitos. Os credores do devedor em recuperação judicial poderão conservar seus direitos e privilégios contra os fiadores, coobrigados e obrigados de regresso. Os créditos não liquidados continuarão no seu juízo de origem e só poderá ser levado ao concurso de credores após a sua efetivação. Créditos não sujeitos: obrigações a titulo gratuito, dispesas com recuperação, créditos contraídos após a propositura da ação (art. 6)
Órgãos da Recuperação Judicial: além do Ministério Público, das partes e do Juiz, para a promoção da recuperação judicial exige-se, em sua composição, a existência de três órgãos específicos, sendo estes: a assembleia geral dos credores, o administrador judicial e o comitê.
Assembleia geral dos credores (art. 35): é o órgão colegiado e deliberativo (membros com poderes iguais buscando dirimir conflitos).
Só existe no caso de rejeição ao plano de recuperação, por qualquer credor. Manifesta interesse ou vontade predominante aos que titularizam crédito diante a sociedade. Quem tem interesse para convocar é o juiz quando achar conveniente e os credores, desde que seus créditos somem pelo menos 25% do total do passivo da requerente. 
O anúncio dessa convocação deve ser publicado com antecedência mínima de 15 dias da data de sua realização, no Diário Oficial e em jornal de grande circulação.
Requisito de validade: presença dos credores titulares de mais da metade do passivo do requerente (em cada classe).
Se este número não for alcançado, deverá ser publicada uma segunda convocação com intervalo mínimo de 5 dias e para esta segunda convocação não há número de credores presentes exigidos.
Competências da assembleia: 
aprovar, rejeitar ou modificar o plano de recuperação judicial apresentado pelo devedor; 
constituir o Comitê de Credores, eleger seus membros e decidir em relação a substituição; 
decidir sobre o pedido de desistência do devedor, nos termos do § 4° do art. 52 desta Lei; (Art. 52, §4° - "O devedor não poderá desistir do pedido de recuperação judicial após o deferimento de seu processamento, salvo se obtiver aprovação da desistência na assembleia-geral de credores") 
eleger o gestor judicial, quando do afastamento do devedor; 
deliberar sobre qualquer outra matéria que possa afetar os interesses dos credores.
Todos os credores admitidos na recuperação terão voz e voto. Pode, pessoa física ou jurídica, participar da assembleia, desde que seu nome conste no rol que tiver sido elaborado por último (relação apresentada na petição inicial). 
O voto de cada credor será proporcional ao valor de seu crédito admitido na recuperação, desconsiderando-se as despesas gastas para que pudessem fazer parte do processo, já que estas são excluídas.
Instâncias (de acordo com a matéria avaliada, variando o número de credores habilitados a votar: 
1. Instância mais abrangente é a do plenário da assembleia. Lhe compete as matérias que não se refiram ao plano de reorganização da empresa ou constituição do comitê. Logo, sua competência é residual. Se não houver lei a respeito: Assim, independe da natureza do crédito titularizado, a deliberação será pela maioria de seus membros, devendo os votos serem computados de acordo com seus valores apenas.
2, 3 e 4 correspondem às classes em que os credores foram divididos. 
Na Votação e aditamento da recuperação: pertencem a primeira classe os credores trabalhistas; a segunda, os titulares de direitos reais de garantia; e a terceira, os titulares de privilégio, os quirografários e subordinados. 
Na constituição e composição do comitê, por sua vez, têm as classes divididas da seguinte forma: primeira classe os credores trabalhistas; a segunda, os titulares de direitos reais de garantia e os titulares de privilégio; e a terceira, os quirografários e subordinados. 
Já para votação do plano de recuperação e constituição e comissão do comitê, deverão deliberar apenas as instâncias classistas e não o plenário.
O quorum geral da deliberação é o de maioria (maioria simples), calculada com base no valor dos créditos dos credores que estiverem integrando a instância deliberativa presente na assembleia. O quorum qualificado somente será analisado quando da deliberação para aprovar plano de recuperação (o plenário não delibera a respeito). 
O administrador judicial deve ser pessoa idônea, de preferência advogado, economista, contador, administrador de empresas, ou pessoa jurídica especializada. 
Auxilia o juiz e por este deve ser nomeado no despacho que manda processar o pedido. Não pode exercer este cargo quem não desempenhou esta função a contento dentro dos últimos 5 (cinco) anos. Também não pode exercê-lo quem apresentar vínculo de parentesco ou afinidade até 3° grau com qualquer dos representantes legais da sociedade empresária, assim como amigos, inimigos ou dependentes destes.
Funções do administrador judicial variam de acordo com dois segmentos: caso exista ou não o comitê, pois este é um órgão facultativo; e caso tenha sido ou não decretado o afastamento dos administradores da empresa em recuperação. 
Em relação ao primeiro, caso exista o comitê, somente irá verificar os créditos, dirigir a assembleia dos credorese fiscalizar a sociedade devedora. Se o comitê não existir, além destas funções, assumirá a competência do comitê, salvo se houver incompatibilidade. 
Em relação ao segundo segmento, quando o juiz decretar o afastamento dos diretores da sociedade, o administrador assume o poder para administrar e representar a sociedade, até que seja eleito o gestor judicial pela assembleia geral. Caso o juiz não afaste os diretores ou administradores, atuará como mero fiscal da empresa, responsável pela verificação dos créditos e presidente da assembleia geral. 
Comitê: órgão facultativo cuja constituição e forma de operar dependem do tamanho da atividade econômica em crise. 
Constituição e operacionalização dependem do tamanho da atividade econômica em crise, sendo os credores, em assembleia, responsáveis pela decisão. Qualquer classe pode autorizar. 
Se aprovada: classes se reúnem para que cada uma possa eleger um membro titular e dois suplentes (há a possiblidade de impedimento como no Adm, judicial). 
Principal função: fiscal. Cabe aos seus membros fiscalizar o administrador judicial e a sociedade. Para tal, são autorizados para transitar livremente pelas dependências da empresa, assim como têm livre acesso as escrituras e documentos da sociedade. Se constatar fato irregular deve, por voto da maioria, encaminhar ao juiz um requerimento com os fundamentos de providências que entendem importantes. 
Eventualmente também tem competência para elaborar o plano de recuperação alternativo ao apresentado e deliberar sobre as alienações de bens do ativo permanente e sobre o aumento de dívidas necessário à continuidade da atividade empresarial, quando o juiz determinar o afastamento dos administradores da empresa em crise.
Quando não houver o comitê, suas funções serão exercidas pelo administrador judicial, salvo nas matérias em que houver incompatibilidade como, por exemplo, a fiscalização do próprio administrador judicial. Neste caso o juiz deverá exercer esta atribuição.
Processo de recuperação judicial se desenvolve em três fases distintas: 1. fase postulatória (ingresso da ação em juízo); 2. fase deliberativa (votação do plano de recuperação); 3. fase executória (executa o plano de recuperação aprovado pelos credores).
Fase postulatória: se inicia com a Petição Inicial. É a fase do requerimento do benefício da Recuperação Judicial. Ocorre apenas se o titular da empresa quiser. Deve peticionar ao juiz competente esclarecendo as causas que levaram a crise. 
Se atendidos os requisitos objetivos de legitimidade ativa, o requerente deve instruir o pedido, obrigatoriamente, com:
exposição das causas concretas da situação patrimonial do devedor e das razões da crise econômico-financeira;
demonstrações contábeis relativas aos três últimos exercícios sociais e as levantadas especialmente para instruir o pedido, confeccionadas com estrita observância da legislação societária aplicável e compostas obrigatoriamente de I - balanço patrimonial, II - demonstração de resultados acumulados, III - demonstração do resultado desde o último exercício social, IV - relatório gerencial de fluxo de caixa e de sua projeção;
lista de credores e valores devidos a cada um: relação nominal completa dos credores, inclusive aqueles por obrigação de fazer ou de dar, com a indicação do endereço de cada um, a natureza, a classificação e o valor atualizado do crédito, discriminando sua origem, o regime dos respectivos vencimentos e a indicação dos registros contábeis de cada transação pendente;
relação integral dos empregados, em que constem as respectivas funções, salários, indenizações e outras parcelas a que têm direito, com o correspondente mês de competência, e a discriminação dos valores pendentes de pagamento;
certidão de regularidade do devedor no Registro Público de Empresas, o ato constitutivo atualizado e as atas de nomeação dos atuais administradores;
relação dos bens particulares dos sócios controladores e dos administradores do devedor;
extratos atualizados das contas bancárias do devedor e de suas eventuais aplicações financeiras de qualquer modalidade, inclusive em fundos de investimento ou em bolsas de valores, emitidos pelas respectivas instituições financeiras;
certidões dos cartórios de protestos, situados na comarca do domicílio ou sede do devedor e naquelas onde possua filial;
relação, subscrita pelo devedor, de todas as ações judiciais em que este figure como parte, inclusive as de natureza trabalhista, com a estimativa dos respectivos valores demandados.
Juiz faz análise formal dos documentos. Estando a documentação exigida em ordem, o juiz determinará o processamento da recuperação judicial, e, no mesmo ato, tomará as seguintes medidas:
nomeará o Administrador Judicial, que realiza a ponte judiciário – empresa, observado o disposto no art. 21 desta Lei;
Será responsável pela elaboração de uma nova lista de credores, podendo cada credor impugna-la caso discorde de seu credito ou a classificação
determinará a dispensa da apresentação de certidões negativas para que o devedor exerça suas atividades, exceto para contratação com o Poder Público ou para recebimento de benefícios ou incentivos fiscais ou creditícios; 
ordenará a suspensão de todas as ações ou execuções contra o devedor, permanecendo os respectivos autos no juízo onde se processam, com as ressalvas da Lei; 
Continuam, assim, a tramitar: (i) ações de qualquer natureza (civil ou trabalhista) que demandam quantias ilíquidas; (ii) reclamações trabalhistas; (iii) execuções fiscais, caso não concedido; (iv) execuções promovidas por credores absolutamente não sujeitos à recuperação judicial. Todos as ações voltam a correr após a aprovação do plano de recuperação ou decurso do prazo de 180 dias. 
Ofícios para órgãos públicos, explicando situação da empresa: ordenará a intimação do Ministério Público e a comunicação por carta às Fazendas Públicas Federal e de todos os Estados e Municípios em que o devedor tiver estabelecimento.
Publicação do despacho em edital na impressa oficial, constando a data, local e hora da assembleia dos credores, para publicitar o ato. 
Devedor fica obrigado a prestar contas mensais sobre o andamento da empresa, sob pena de destituição dos seus administradores (art. 52, IV, Lei Falimentar). 
Fase deliberativa: início com o despacho de processamento. O plano de recuperação deve indicar de maneira pormenorizada e fundamentadamente o meio ou meios que utilizará. Deve ser apresentado em um prazo de 60 dias, contados da publicação do despacho de deferimento do processamento, sob pena de ter sua falência decretada.
Obrigações do devedor nesse período (balizas legais, indicando exceções as possiblidades de alteração da natureza e prioridade de créditos pelo empresário requerente): a) os empregados com direitos vencidos na data da apresentação do pedido de recuperação judicial devem ser pagos no prazo máximo de 1 ano, devendo ser quitados os saldos salariais em atraso em 30 dias; b) deve-se buscar o parcelamento do crédito fiscal na forma autorizada pelo art. 155-A do CTN; c) c) se o plano prevê a alienação de bens onerados (hipotecados ou empenhados), a supressão ou substituição da garantia real depende da expressa aprovação do credor que a titulariza. para a simples supressão ou substituição de uma garantia real, é suficiente que o plano de recuperação judicial seja aprovado, com ou sem o voto do titular da garantia; se, porém, for prevista a alienação do bem como meio de recuperação judicial, será indispensável a concordância dele;
Assembleia pode resultar em: 1. Deliberação atendendo ao quórum (juiz homologa aprovação); 2. Deliberação quase atende ao quórum (juiz aprova ou não plano); 3. Rejeição de todos (juiz decreta falência). 
Caso algum dos credores discorde do plano, o juiz convocará outra assembleia, no prazo máximo de 150 dias, contado do deferimento do processamento da recuperação.
As votações ocorrerão por classes: 1. Credores Trabalhistas; 2. Credores com Garantia Real; 3. Credores Quirógrafados;4. Credores microempresa ou empresa de pequeno porte. 
Para que o plano seja aprovado, a classe 1 deve votar positivamente, com mais de 50% dos presentes, e as demais classes, com mais da metade dos presentes e por mais da metade dos créditos. Essa decisão é absoluta, e todos os créditos do plano serão novados. 
Fase de execução: concedida a recuperação, encerra-se a fase deliberativa e inicia-se a fase de execução, dando-se cumprimento ao Plano de Recuperação (que em princípio é imutável).
Proferida a decisão, o devedor permanecerá em Recuperação Judicial até que se cumpram todas as obrigações previstas no Plano e que vencerem em até dois anos depois da concessão da Recuperação Judicial (artigo 61, Lei Falimentar)
Durante este período, o descumprimento de qualquer obrigação prevista no Plano acarretará a convolação da recuperação em falência. (artigo 61, §1, Lei 11.101/2005)
Em todos os atos, contratos e documentos firmados pelo devedor sujeito ao procedimento de recuperação judicial, deverá ser acrescida, após o nome empresarial, a expressão “em Recuperação Judicial”.
Atos de alienação ou exoneração de bens ou direitos do ativo permanente só podem ser praticados se úteis a recuperação. 
Pode se encerrar com pedido de desistência do devedor ou vez cumpridas as obrigações vencidas no prazo, o juiz decretará, por sentença, o encerramento da recuperação judicial e determinará: a) o pagamento do saldo de honorários ao Administrador Judicial, somente podendo efetuar a quitação dessas obrigações mediante prestação de contas, no prazo de 30 dias, e aprovação do relatório previsto no item c; b) a apuração do saldo das custas judiciais a serem recolhidas; c) a apresentação de relatório circunstanciado do Administrador Judicial, no prazo máximo de 15 dias, versando sobre a execução do Plano de Recuperação pelo devedor; d) a dissolução do Comitê de Credores e a exoneração do Administrador Judicial; e) a comunicação ao Registro Público de Empresas para as providências cabíveis.
Com o fim dos dois anos, o administrador pode seguir de maneira independente sua obrigação, caso seja descumprida pelo devedor.
Convolação da Recuperação Judicial em Falência
O juiz pode decretar a falência durante o processo de recuperação judicial de quatro formas: por deliberação da assembleia-geral de credores; pela não apresentação pelo devedor do plano de recuperação no prazo de 60 dias improrrogáveis; quando houver sido rejeitado o plano de recuperação pela assembleia de credores; ou por descumprimento de qualquer obrigação assumida no plano, que se vencerem até 2 (dois) anos depois da concessão da recuperação judicial. 
Também é possível que haja a decretação da falência por inadimplemento de obrigação não sujeita à recuperação judicial, quando o devedor, sem relevante razão de direito, não pagar, no vencimento, obrigação líquida materializada em título ou títulos executivos protestados cuja soma ultrapasse o equivalente a 40 (quarenta) salários-mínimos na data do pedido de falência ou, quando executado por qualquer quantia líquida, não pagar, não depositar e não nomear bens à penhora suficientes dentro do prazo legal; ou por praticar qualquer atos que prejudiquem a sociedade empresária, elencados nas alíneas do artigo 94, inciso III, da Lei 11.101/05, exceto se fizer parte de plano de recuperação judicial: 
"Artigo 94. Será decretada a falência do devedor que: (...) 
III - pratica qualquer dos seguintes atos, exceto se fizer parte de plano de recuperação judicial: 
a) procede à liquidação precipitada de seus ativos ou lança mão de meio ruinoso ou fraudulento para realizar pagamentos; 
b) realiza ou, por atos inequívocos, tenta realizar, com o objetivo de retardar pagamentos ou fraudar credores, negócio simulado ou alienação de parte ou da totalidade de seu ativo a terceiro, credor ou não; 
c) transfere estabelecimento a terceiro, credor ou não, sem o consentimento de todos os credores e sem ficar com bens suficientes para solver seu passivo; 
d) simula a transferência de seu principal estabelecimento com o objetivo de burlar a legislação ou a fiscalização ou para prejudicar credor; 
e) dá ou reforça garantia a credor por dívida contraída anteriormente sem ficar com bens livres e desembaraçados suficientes para saldar seu passivo; 
f) ausenta-se sem deixar representante habilitado e com recursos suficientes para pagar os credores, abandona estabelecimento ou tenta ocultar-se de seu domicílio, do local de sua sede ou de seu principal estabelecimento; 
g) deixa de cumprir, no prazo estabelecido, obrigação assumida no plano de recuperação judicial". 
Na convolação da recuperação judicial em falência, os atos de administração, endividamento, oneração ou alienação praticados durante a recuperação judicial presumem-se válidos, desde que realizados na forma da lei em questão.

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