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O que é treinamento funcional

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O que é treinamento funcional?
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De maneira bastante simplificada e resumida, a concepção de treinamento funcional existe desde 1911 e refere-se a todo programa de treino que deixa o indivíduo mais funcional, ou seja, melhor preparado para desempenhar tarefas da vida diária.
Em seus tempos mais primórdios, a base do treinamento funcional era a mesma do powerlifting, utilizando movimentos de levantamento terra, supino e agachamento, uma vez que, por se tratarem de exercícios multiarticulares, promoviam bastantes benefícios em fortalecimento muscular e ganho de força, deixando o praticante mais funcional.
Anos mais parte, começou a surgir outra abordagem de treinamento funcional, que se baseou em quatro domínios (estabilização espinal, resistência, flexibilidade e equilíbrio e propriocepção), que foram aplicados no campo da reabilitação buscando recuperar funções perdidas das pessoas, gerando resultados muito positivos, como melhora de estabilidade articular, amplitude de movimento, controle neuromuscular, etc.
Basicamente, estes programas são realizados com exercícios de calistenia (aqueles que usam o próprio peso do sujeito para gerar sobrecarga), alongamento e também com acessórios que geram algum tipo de instabilidade, sendo os mais famosos o bosu e os dyna disks, que são colocados numa base de suporte, por exemplo, o chão, onde o indivíduo irá realizar exercícios convencionais, feito flexão de braço e agachamento.
Por conta dos resultados positivos, resolveram expandir esses programas de treinamento para pessoas saudáveis, com o intuito deixá-las mais funcionais também, porém, a meu ver, boa parte dos resultados disso foram catastróficos, pois muita gente saiu aplicando instabilidade em qualquer exercício, sem critério ou reflexão, sem nenhuma base teórica, apenas para se promoverem nas redes sociais, incentivando pessoas leigas a fazerem exercícios perigosos e desnecessários…
 
Quais as vantagens do treinamento funcional?
 
Uma das coisas que você mais vai ouvir falar a respeito dos benefícios do treinamento funcional é que ele aumenta a ativação muscular. Isto é verdade? Sim e não.
O que os estudos científicos realizados com eletromiografia, que é uma técnica que mede atividade muscular, estão mostrando é que de fato há maior recrutamento de alguns grupos musculares, porém, muito diferente do que é vendido e defendido por aí.
Como diversos exercícios são realizados com a utilização de instabilidade, nossos músculos estabilizadores podem acabar sendo mais solicitados para dar suporte ao movimento, sendo o maior efeito aqui no chamado core, que envolve os músculos abdominais e estabilizadores da coluna, por exemplo, popularmente chamados de posturais. Músculos antagonistas, ou seja, aqueles que desempenham ações contrárias ao movimento que está sendo realizado, também podem acabar participando mais.
Por outro lado, e aqui temos uma das informações mais importantes do artigo, os músculos agonistas, que são os responsáveis por realizar o movimento que desejamos fazer, não aumentam sua atividade no treinamento funcional!
No ano de 2008, o pesquisador bosco de melo, na universidade de são paulo, comparou a execução do exercício de agachamento livre numa plataforma instável (uso do bosu) e no chão, utilizando dez pessoas que já tinham bastante experiência no treino funcional e o que observaram é que, para a mesma carga relativa, a ativação do quadríceps foi sempre a mesma, com ou sem a presença da instabilidade. Ou seja, quando o assunto é musculatura agonista, esse tipo de programa não é capaz de aumentar recrutamento muscular!
Contudo, foi observado o aumento de trabalho do músculo sóleo (um dos que compõe as panturrilhas), uma vez que, por conta da instabilidade, elas foram obrigados a trabalhar mais para manter o equilíbrio do sujeito, para que ele não caísse. E por que isto ocorreu? Porque se trata de um músculo postural/estabilizador.
Leia também:
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Outro trabalho interessante foi realizado pelos pesquisadores snarr e esco, em 2013, comparando a realização de flexões de braço com e sem a utilização de instabilidade. Segundo os resultados, conforme esperado, não houve aumento de ativação do peitoral, porém, em relação aos ombros (deltoide anterior), sua ativação subiu de 59 para 81%, a fim de manter a estabilidade do movimento, tornando-o viável.
Portanto, dizer que o treinamento funcional aumenta o trabalho dos nossos músculos, ou os recruta mais, é uma meia verdade, uma vez que isto só se observa com grupamentos que atuam como estabilizadores de movimentos específicos, não influenciando os que realizam o próprio movimento em si.

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