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curso toc transtorno obsessivo compulsivo sp 43955

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Seja bem Vindo! 
 
Curso 
TOC- Transtorno 
Obsessivo Compulsivo 
CursosOnlineSP.com.br 
 
 Carga horária: 60hs 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Conteúdo Programático: 
 
O que é transtorno? 
O que é obsessão? 
O que é compulsão 
O que é TOC 
O que não é TOC 
Identificação e tratamento 
Como identificar o TOC 
Possíveis Causas para o TOC 
Tipos de Tratamento 
Pós-tratamento 
Tipos de TOC 
Organização e limpeza 
Dúvidas e verificações 
Pensamentos e impulsos 
Sequências e coleções 
Relatos de pacientes 
Bibliografia 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
O que é transtorno? 
 Ao consultar o dicionário Michaelis sobre a palavra “transtorno”, 
encontra-se a seguinte definição: “1. Ação ou efeito de transtornar. 2 
Contrariedade, contratempo, decepção. 3 Prejuízo. 4 Perturbação do juízo. 5 
Desarranjo.” 
 Em outras palavras, o significado de transtorno é quando existe um 
desequilíbrio, uma desordem em determinado sistema. No caso de 
transtornos mentais, é uma perturbação na mentalidade e na sanidade de um 
indivíduo. 
 Uma pessoa que é portadora de qualquer tipo de transtorno é aquela 
que não está em equilíbrio consigo mesma, com relação à mente, ao corpo, a 
sua funcionalidade e aos seus objetivos. 
 O transtorno para o âmbito psicológico é aquilo que altera o 
comportamento, os pensamentos e as ações de um 
indivíduo. Possivelmente os pensamentos que flutuam na cabeça desse 
portador de transtorno não estão em ordem racional ou não fazem sentido 
para as demais pessoas à volta dele. 
 Por isso, quando é detectado que uma pessoa tem um transtorno, ela 
passa a ser apontada e até discriminada pelas pessoas que a rodeiam. Essa 
reação, na realidade, se trata de falta de informação e preconceito, pois as 
pessoas que não têm noção de quão grave é um transtorno, geralmente 
iniciam um afastamento do portador e fazem dele um foco de piadas. 
 As pessoas não portadoras de transtornos não conseguem entender 
os motivos ou não veem lógica nas ações de pessoas portadoras de 
transtornos. Um exemplo é o transtorno alimentar. 
 Uma garota de 1,60m e que pesa 50 kg acredita que precisa perder 
mais dez quilos para atingir o “corpo perfeito”, corpo esse dito e detalhado pela 
mídia e não por um especialista em Nutrição ou um médico. 
 Essa garota não tem uma profissão em que é exigido um corpo 
magérrimo e que qualquer curva significa um castigo ou uma detenção, como 
ocorre muito no mundo de modelos, dançarinos e celebridades. 
 A garota simplesmente disse para si mesma que precisa baixar mais 
ainda seu peso e que somente quando sentir seus ossos é que o peso estará 
correto. Ela não se limita para garantir o objetivo de pesar 40 kg e começa a 
mudar seu comportamento, não apenas sua aparência física. 
 É iniciado um processo de uso de ferramentas inadequadas, mas que 
a ajudam no seu objetivo: perder peso. Ela até tenta pedir auxílio para 
conseguir diminuir seu peso, mas as pessoas as quais ela recorreu somente 
disseram: “Para quê? Você está com um corpo ótimo; não precisa diminuir 
mais nada. Se perder mais peso, você some”. 
 Nesse momento, a garota percebe que ninguém mais a entende e que 
os outros não enxergam o que ela vê: uma garota acima do peso e que não 
consegue diminuir os quilos em seu corpo. 
 Com uma busca e com cuidado para não ser descoberta, a garota 
consegue meios para garantir que seu peso diminua, sem prescrição nem 
acompanhamento profissional, ou de um nutricionista ou de um médico, com 
especialização em perda de peso. 
 O mal que essa garota faz contra seu corpo é sem limites, pois ela 
aprende a disfarçar seus métodos de emagrecimento e as pessoas que a 
rodeiam não percebem que algo está errado. 
 Em resumo, na cabeça da garota, ela precisa emagrecer cada vez mais 
e nunca encontra um ponto de satisfação, pois jamais irá aceitará que seu 
corpo está esbelto e perfeito e isso se transforma em uma obsessão, fazendo 
com que ela não meça esforços para atingir seu objetivo, mesmo que sua 
saúde seja altamente prejudicada. 
 As demais pessoas, como estão “fora da cabeça” da garota, não 
entendem o motivo de ela querer emagrecer mais, se já está abaixo do seu 
peso ideal, nem por que ela “escolhe” a opção de se machucar, somente em 
prol do emagrecimento. 
 
Transtornos e suas deferenças 
 Teresa Pigott analisa os diferentes tipos de transtorno que existem e os 
compara com o TOC, explicando o motivo de as pessoas confundirem os 
sintomas de outros distúrbios com os sintomas do transtorno obsessivo- 
compulsivo. 
 Quando o TOC é diagnosticado, o clínico responsável deve observar 
se os sintomas estão ligados ou relacionados com os seguintes transtornos: 
- Transtornos aditivos; 
- Transtorno de ansiedade devido a uma condição médica geral; 
- Transtorno disfórmico corporal; 
- Transtorno delirante ou transtorno psicótico sem outra especificação; 
- Transtorno de ansiedade generalizada, transtorno de pânico, 
transtorno de estresse pós-traumático; 
- Hipocondria 
- Episódio depressivo maior (ou transtorno do humor); 
- Transtorno da personalidade obsessivo-compulsiva; 
- Fobias; 
- Esquizofrenia; 
- Transtorno de ansiedade induzido por substância; 
- Superstições e comportamentos repetitivos de verificação; 
- Tiques ou síndrome de Tourette. 
 
Transtornos aditivos 
 Embora rotulados como “compulsivos”, os comportamentos aditivos, 
como comer em excesso ou demonstrar comportamento sexual acima do 
comum, não são, de fato, compulsões de TOC. 
 Esses transtornos aditivos causam certo prazer no indivíduo, como 
jogar ou ingerir grandes quantidades de substâncias químicas. A pessoa, 
quando decide parar com tais problemas não pensa na liberdade como objetivo 
e sim no afastamento dos prejuízos que eles causam. 
 Um exemplo de prejuízo causado por esses transtornos aditivos é a 
perda de dinheiro. Pessoas que precisam jogar ou se empanturrar de bebida 
alcoólica ou comida hipotecam casa, carro, deixam de pagar a escola dos filhos 
e põem em risco a saúde dos familiares. Tudo em função do vício. 
 Essas pessoas não fazem rituais e não acreditam que se não o 
fizerem, algo de ruim irá acontecer a elas ou aos seus familiares, como ocorre 
no TOC. Portadores de TOC demonstram a compulsão por executar 
determinadas tarefas, justamento porque seu pensamento é esse: se ele não 
fizer tal tarefa, algo de terrível irá acontecer. 
 
Transtorno de ansiedade 
 Nesse transtorno de ansiedade, o clínico responsável deve esclarecer 
se a ansiedade do paciente está correlacionada com os sintomas do TOC. O 
histórico médico, os resultados laboratoriais e o exame físico são essenciais 
para confirmar tal situação. 
As condições médicas gerais que podem causar ansiedade incluem: 
- Problemas endócrinos como hipertireoidismo, hipotireoidismo ou 
hiperglicemia, conhecida também por Diabetes. 
- Problemas cardíacos como insuficiência cardíaca ou arritmia 
(batimento irregular do coração). 
- Problemas pulmonares como doença pulmonar obstrutiva crônica (enfisema, 
asma), embolia, pneumonia ou hiperventilação. 
- Problemas nutricionais como deficiência de vitaminas B12 ou 
porfiria. 
- Outras condições como neoplasmas (tumores,câncer) ou encefalite. 
 
 
 
Transtorno disfórmico corporal 
 O que é um sintoma comum na maioria dos transtornos mentais é a 
presença de pensamentos, imagens e comportamentos recorrentes ou 
intrusivos. 
 Portanto, a existência desses sintomas não é útil para diagnosticar o 
TOC. O clínico responsável deve compreender a situação, por meio do 
histórico médico e exame físico, a fim de estabelecer a origem desse 
sintoma. 
 Se, por exemplo, a preocupação com a aparência é na realidade uma 
fobia relacionada com defeito físico significa que provavelmente o paciente 
apresenta um viés para o desenvolvimento do TOC. 
 Em outras palavras, o clínico responsável deve procurar outros 
sintomas, para fazer a ligação de qual doença está começando a comandar 
seu organismo, em especial sua mente. 
 O transtorno disfórmico corporal (TDC) tem como característica 
principal a preocupação excessiva com um defeito imaginário ou um 
pequeno defeito na aparência. 
 É também conhecido popularmente como feiúra imaginária. As 
preocupações mais comuns são em relação ao rosto, às orelhas e aos genitais. 
 Também são frequentes preocupações relacionadas ao nariz, aos 
cabelos, a pintas e à quantidade de pelos, que os pacientes consideram 
defeitos. 
 Geralmente os indivíduos que sofrem desse transtorno passaram por 
consultórios de cirurgia plástica ou dermatologistas antes de procurar o 
psicólogo ou o psiquiatra. 
 Eventualmente realizaram cirurgias com finalidades estéticas 
desnecessárias, que não eliminaram suas queixas. Calcula-se que entre 7% e 
15% dos que procuram cirurgia plástica por razões estéticas sejam 
portadores de TDC. 
 O TDC pode ser confundido com o TOC em razão das preocupações 
persistentes (pensamentos intrusivos) verificações (diante do espelho) e 
busca de reasseguramentos, comuns no quadro. 
 Como os sintomas de ansiedade surgem sobretudo em situações de 
exposição pública, os indivíduos tendem a evitá-las. Apresentam boa 
resposta à terapia cognitivo-comportamental e a medicamentos. 
 
Transtornos delirantes 
 A capacidade de uma pessoa para dar-se conta de que as obsessões 
ou as compulsões são irracionais ocorre ao longo de um continum. Em alguns 
indivíduos com TOC, o teste de realidade pode estar ausente e a obsessão 
pode alcançar proporções delirantes. 
 Por exemplo, a pessoa realmente acredita que foi responsável pela 
queda de um avião pelo fato de tê-lo desejado. 
 Em tais casos, a presença de características psicóticas pode justificar 
um diagnóstico adicional de transtorno delirante ou transtorno psicótico sem 
outra especificação. 
 O especificador “com insight pobre” pode ser útil em situações que se 
encontram na fronteira entre a obsessão e o delírio. Por exemplo, um 
paciente obsessivo-compulsivo que se dá conta, na maior parte do tempo, de 
que não é responsável por quedas de aviões, mas que, ocasionalmente, fica 
preocupado se de fato causou alguma, seria diagnosticado como tendo TOC 
com insight pobre. 
 
Transtorno de ansiedade generalizada 
 As pessoas que têm transtorno de ansiedade 
eneralizada experimentam preocupações excessivas e persistentes 
relacionadas a circunstâncias da vida real. 
 Em contrapartida, aquelas que têm TOC vivenciam obsessões cujo 
conteúdo é mais provavelmente irrealista e encarado pelo paciente como 
inadequado. 
 Por exemplo, preocupações persistentes, mas de alguma forma 
racionais a respeito das finanças, preocupações com a saúde ou com o próprio 
emprego seriam consideradas TAG, enquanto temores irracionais de provocar 
incêndio por deixar o fogão ligado ou de machucar seu filho com uma faca 
constituem obsessões. 
 A marca registrada do transtorno do pânico é a presença de ataques de 
pânico espontâneos, não provocados. Embora certos pensamentos ou 
estímulos como, por exemplo, que germes possam precipitar ataques de 
ansiedade semelhantes ao pânico no TOC, os pacientes não experimentam 
ansiedade não provocada. Em vez disso, imagens intrusivas ou 
determinados estímulos desencadeiam a ansiedade no TOC. 
 Imagens ou flashbacks recorrentes podem acontecer durante o 
transtorno de estresse pós-traumático (TEPT), mas tais sintomas surgem após 
um acontecimento ou tragédia com risco de morte que realmente já aconteceu. 
No TOC, os pensamentos intrusivos ou temores excessivos referem-se a 
fatos que poderiam ocorrer. 
 O transtorno de ansiedade generalizada também é conhecido pela sigla 
TAG e sua principal característica é a presença excessiva da ansiedade. 
A evolução dessa ansiedade é a apreensão e a tensão psicológica. 
 O TAG é facilmente confundido com o TOC porque ambos dividem um 
sintoma: verificações. A pessoa ansiosa ao extremo costuma fazer 
certificações repetidas vezes, a fim de ter certeza de que nada de ruim irá 
acontecer com sua saúde ou daqueles com quem ela se importa. 
 
 Episódio depressivo maior 
 Ruminações são comuns em indivíduos deprimidos e desenvolvem-se 
como parte de um humor depressivo. Tendem a se resolver com o 
tratamento efetivo da depressão. 
 Diferentemente dos indivíduos com TOC, que tentam ignorar ou 
suprimir as obsessões, as pessoas depressivas não tentam suprimir ou 
ignorar suas preocupações depressivas. 
 Tanto o TOC quanto a depressão maior geralmente envolvem 
sintomas de isolamento e distúrbio do sono. Entretanto, é a origem dessas 
perturbações, mais do que a perturbação em si, o que diferencia a 
depressão do TOC. 
 Por exemplo, um distúrbio do sono causado pela preocupação 
obsessiva de ter causado uma catástrofe estaria relacionado ao transtorno, 
enquanto um distúrbio do sono acompanhado por um sentimento de 
desânimo e desesperança indicaria depressão. 
 
Transtorno da personalidade onsessivo-compulsiva 
 Embora os nomes „TOC‟ e „transtorno da personalidade obsessivo- 
compulsiva‟ (TPOC) sejam similares, as apresentações clínicas são bem 
diferentes. 
 O TPOC não envolve a presença de verdadeiras obsessões ou 
compulsões. Em vez disso, envolve um padrão dominante de preocupações 
com ordem, perfeccionismo, regras rígidas e controle, à 
custa de flexibilidade e disposição para fazer mudanças. 
 Os indivíduos com TPOC não limpam nem verificam as coisas 
temendo uma tragédia. Simplesmente exigem ordem, perfeição e controle nas 
suas vidas. 
 Acumular ou colecionar objetos de forma excessiva pode ser um 
sintoma de TPOC ou TOC. Se um indivíduo expressa sintomas de ambos os 
transtornos, o clínico pode estabelecer um diagnóstico duplo. 
 Um problema frequentemente confundido com o TOC é o chamado 
transtorno da personalidade obsessivo-compulsiva (TOPC). São indivíduos 
perfeccionistas, detalhistas, meticulosos, exigentes e rígidos em questão de 
moral, tanto consigo mesmos como com os outros, muito preocupados com 
pontualidade, ordem, organização e em não cometer falhas. 
 Caracterizam-se, ainda, pelo excessivo devotamento ao trabalho e aos 
deveres, por serem emocionalmente contidos, controladores e centralizadores 
das decisões (só eles sabem fazer bem-feito), obstinados, tendo dificuldade em 
aceitar opiniões divergentes das suas. 
 Apresentam dificuldade em desfazer-se de objetos usadosou inúteis, 
mesmo quando não têm valor sentimental – aspecto comum no TOC. 
Tendem a ser avarentos e pouco generosos. 
 Alguns desses traços podem ser úteis, mas, quando exagerados a ponto 
de interferir nas relações interpessoais, configuram transtorno da 
personalidade. 
 Esses pacientes sofrem quando suas opiniões e atitudes são 
contrariadas em função das circunstâncias (por exemplo, chegar atrasado a um 
evento, deixar de cumprir um compromisso, cometer uma falha ou ouvir uma 
crítica tronam-se incidentes causadores de grande sofrimento). 
 Fora dessas situações, eles consideram sua maneira de ser correta e 
não sofrem com ela (egosintônicos). Não apresentam obsessões ou 
desconforto associado, nem são compelidos a realizar rituais. 
 Entretanto, por serem perfeccionistas e muito exigentes, necessitam 
repetir tarefas (o que lembra um ritual), demoram a completá-las, podendo 
eventualmente ser caracterizados como compulsivos. 
 
Fobias 
 A agorafobia é caracterizada pelo temor que a pessoa tem de passar por 
uma situação que lhe cause um ataque de ansiedade. Tipicamente, isso inclui 
estar em lugares com muitas pessoas ou sobre pontes, viajar para longe de 
casa e situações similares em que a pessoa sente-se sem condições de 
escapar. 
 Uma preocupação limitada a um objeto, como cobras, ou situação temida 
seria diagnosticada como uma fobia específica ou fobia social. Um diagnóstico 
adicional de TOC pode ser justificado em caso de obsessões ou compulsões 
cujo conteúdo não esteja relacionado com outro transtorno mental. 
 A fobia específica de doença deve ser diagnosticada em vez de TOC caso 
a principal preocupação do paciente envolva contrair uma doença (e não tê-la) 
e não existem rituais envolvidos. 
 
Esquizofrenia 
 Similar a alguns delírios esquizofrênicos, o conteúdo das obsessões no 
TOC pode ser bastante bizarro, como a crença de que a pessoa pode 
acidentalmente selar a si mesma dentro de um envelope e ser depositada na 
caixa de correio. 
 A diferença é que as pessoas obsessivo-compulsivas têm consciência da 
natureza irracional desses temores. De modo geral, não apresentam outros 
sintomas de psicose ou esquizofrenia, como marcada falha nas 
associações de ideais, alucinações proeminentes, afeto inadequado ou 
inserção de pensamento. 
 
 
 
Transtorno de ansiedade induzido por substância 
 O diagnóstico de um transtorno de ansiedade induzido por substância 
envolve ansiedade excessiva julgada pelo clínico como 
diretamente relacionada ao efeito psicológico do abuso de substâncias, efeitos 
colaterais de um medicamento prescrito ou sem prescrição, ou exposição a 
toxinas. 
Os clínicos podem diferenciá-los do TOC por meio do exame 
cuidadoso da história (e, talvez, de um exame de droga na urina) para 
determinar se os sintomas de TOC foram desencadeados pelo uso ou pela 
interrupção do uso de substância ilícita, álcool ou medicamento. 
 
Superstições e comportamentos repetitivos de verificação 
Comportamentos supersticiosos, embora controlados com frequência na 
vida diária, levam a um diagnóstico de TOC se elaborados de modo repetitivo, 
parecerem ter conteúdo obsessivo e resultarem em prejuízo ou sofrimento 
clinicamente significativo. 
Por exemplo, um pensamento mágico que acione rituais que 
consomem mais de uma hora por dia. 
 
O que é obsessão? 
 A American Psychiatric Association: Diagnostic and Statistical Manual of 
Mental Disorders divulgou um estudo em que estão separados os 
conceitos de que constroem o sentido de transtorno obsessivo-compulsivo. 
 
Esse estudo aponta três definições para o termo “obsessão”. 
 1. Pensamentos, impulsos ou imagens recorrentes e persistentes 
que, em algum momento durante a perturbação, são experimentados como 
intrusivos e inadequados e causam acentuada ansiedade ou sofrimento. 
2. Os pensamentos, impulsos ou imagens não são meras preocupações 
excessivas com problemas da vida real. 
 3. A pessoa tenta ignorar ou suprimir tais pensamentos, impulsos ou 
imagens ou neutralizá-los com algum outro pensamento ou ação. 
 4. A pessoa reconhece que os pensamentos, impulsos ou imagens 
obsessivas são produto de sua própria mente (não impostos a partir de fora, 
como na inserção de pensamentos). 
 
 Para complementar, colocaremos o conceito de obsessão de acordo 
com Aristides Volpato, em seu livro TOC: Manual de terapia cognitivo- 
comportamental para o transtorno obsessivo-compulsivo. 
 As obsessões são pensamentos ou impulsos que invadem a mente de 
forma repetitiva e persistente. Podem ainda ser imagens, palavras, frases, 
números, músicas, etc. 
 Sentidas como estranhas ou impróprias, as obsessões geralmente são 
acompanhadas de medo, angústia, culpa ou desprazer. O indivíduo, no caso 
do TOC, mesmo desejando ou se esforçando, não consegue afastá-las ou 
suprimi-las de sua mente. 
 Apesar de serem consideradas absurdas ou ilógicas, causam 
ansiedade, medo, aflição ou desconforto, que a pessoa tenta neutralizar 
realizando rituais/compulsões ou evitações (não tocar, evitar certos lugares). 
 
Obsessões mais comuns: 
- Preocupação excessiva com sujeira, germes contaminação; 
- Dúvidas; 
- Preocupação com simetria, exatidão, ordem, sequência ou alinhamento; 
- Pensamentos, imagens ou impulsos de ferir, insultar ou agredir as pessoas; 
- Pensamentos, cenas ou impulsos indesejáveis e impróprios relacionados a 
sexo (comportamento sexual violento, abuso sexual decrianças, 
homossexualidade, palavras obscenas); 
- Preocupação em armazenar, poupar, guardar coisas inúteis ou 
economizar; 
- Religião (pecado, culpa, escrupulosidade, sacrilégios ou blasfêmias); 
- Pensamentos supersticiosos: preocupação com números especiais, cores de 
roupa, datas e horários (podem provocar desgraças); 
- Palavras, nomes, cenas ou músicas instrumentais e indesejáveis. 
 
Como as obsessões se originam? 
Nossa mente é quase que permanentemente invadida ou 
“bombardeada” por pensamentos involuntários, também chamados de 
pensamentos automáticos. 
Essas “invasões” são um fenômeno universal e fazem parte da 
atividade mental normal. Elas ocorrem espontaneamente e da mesma forma 
que surgem, desaparecem. 
 Como não acarretam preocupação para a maioria das pessoas, que não 
dão importância a elas, facilmente são esquecidas. Entretanto, para alguns 
desses individuos mais senséveis, a ocorrência de alguns desses pensamentos 
(de contaminação, responsabilidade, de conteúdo agressivo, obsceno ou 
sexual) é interpretada como indicativa de algum risco: de que está havendo 
ameaça à sua saúde ou à de sua família, de que pode vir a cometer ato 
criminoso ou moralmente inaceitável. 
 Acredita-se que essa interpretação errônea e catastrófica da presença 
desses pensamentos, em razão da aflição que provoca, faz com que certos 
pensamentos intrusivos normais se transformem em obsessões, levando a 
pessoa a agir, tentando neutralizá-los (fazer um ritual, evitar, tentar afastar o 
pensamento no sentido de diminuir as consequências desastrosas imaginadas 
e a aflição sentida. 
 
O que é compulsão? 
 Conforme o mesmo estudo da American Psychiatric Association: 
Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders, a compulsão tem por 
definição: 
1. Comportamentos repetitivos (lavar as mãos, organizar, verificar) ou 
atos mentais (orar, contar ou repetir palavras em silêncio) que a pessoa sesente compelida a executar em resposta a uma obsessão ou de acordo 
com regras que devem ser rigidamente aplicadas. 
 
2. Os comportamentos ou atos mentais visam prevenir ou reduzir o sofrimento 
ou evitar algum evento ou situação temida, entretanto, esses comportamentos 
ou atos mentais não têm uma conexão realista com o que visam neutralizar ou 
evitar ou são claramente excessivas. 
 
A. Em algum ponto durante o curso do transtorno, o indivíduo 
reconheceu que as obsessões ou compulsões são excessivas ou irracionais. 
 
B. As obsessões ou compulsões causam acentuado sofrimento, 
consomem tempo (tomam mais de uma hora por dia) ou interferem 
significativamente na rotina, no funcionamento ocupacional (ou acadêmico), 
em atividades ou relacionamentos sociais habituais do indivíduo. 
 
C. Se outro transtorno do Eixo I está presente, o conteúdo das 
obsessões ou compulsões não fica restrito a ele. 
 
Por exemplo, 
- Preocupação com alimentos em caso de um Transtorno de 
Alimentação; 
 - Arrancar os cabelos pela presença de Tricotilomania; 
- Preocupação com a aparência na presença de Transtorno Dismórfico 
Corporal; 
- Preocupação com drogas na presença de Transtorno por Uso de Substância; 
- Preocupação em ter uma doença grave na presença de Hipocondria; 
- Preocupação com anseios ou fantasias sexuais na presença de uma 
parafilia; 
- Ruminações de culpa em caso de Transtorno Depressivo Maior. 
 Já para Aristides Volpato, compulsões são comportamentos ou atos 
mentais voluntários e repetitivos, executados em resposta a obsessões ou em 
virtude de regras que devem ser seguidas rigidamente. 
 Os exemplos mais comuns são lavar as mãos, fazer verificações, 
contar, repetir frases ou números, alinhar, repetir perguntas etc. As 
compulsões aliviam momentaniamente a ansiedade associada às obsessões, 
levando o indivíduo a executá-las toda vez que sua mente é invadida por uma 
obsessão. 
 Por esse motivo, diz-se que as compulsões têm relação funcional (de 
aliviar a aflição) com as obsessões. E, como são bem-sucedidas, o indivíduo é 
tentado a repeti-las em vez de enfrentar seus medos, o que acaba por 
perpetuá-los. A pessoa se tona prisioneira dos seus rituais. 
 Nem sempre as compulsões apresentam conexão realística com o que 
desejam prevenir (por exemplo, alinhar chinelos ao lado da cama antes de 
deitar para que não aconteça algo ruim no dia seguinte, dar três batidas em 
uma pedra da calçada ao sair de casa para que a mão não adoeça). 
 Nesse caso, por trás desses rituais existe um pensamento ou 
obsessão de conteúdo mágico, muito semelhante ao que ocorre na 
superstição. 
 Os dois termos (compulsões e rituais) são utilizados praticamente como 
sinônimos, embora o termo “ritual” possa gerar alguma confusão na medida em 
que as religiões e muitos grupos culturais adotam comportamentos ritualísticos 
e contagens nas suas práticas: ajoelhar-se três vezes, rezar seis ave-marias, 
ladainhas, rezar três ou cinco vezes ao dia, benzer-se ao passar diante de uma 
igreja. 
 Existem rituais para batizados, casamentos, funerais etc. Além disso, 
certos costumes culturais, como a cerimônia do chá entre os japoneses, o 
cachimbo da paz entre os índios ou o funeral com honras militares, 
envolvem ritos que lembram as compulsões do TOC. 
 Por esse motivo, há certa preferência pelo termo “compulsão” quando 
se fala de TOC. 
 
 
 
Compulsões mais comuns: 
- Lavagem ou limpeza; 
- Verificações ou controle; 
- Repetições ou confirmações; 
- Contagens; 
- Ordem, simetria, sequência ou alinhamentos; 
- Acumular, guardar ou colecionar coisas inúteis (colecionismo), 
poupar ou economizar; 
- Compulsões mentais: rezar, repetir palavras, números, frases; 
- Diversas: tocar, olhar, bater de leve, confessar, estalar os dedos. 
 
Compulsões mentais 
 Algumas compulsões não são percebidas pelas demais pessoas, pois 
são realizadas mentalmente e não mediante comportamentos motores 
observáveis. 
 Elas têm a mesma finalidade: reduzir a aflição associada a um 
pensamento. 
 Exemplos: 
- Repetir palavras especiais ou frases; 
- Rezar; 
- Relembrar cenas ou imagens; 
- Contar ou repetir números; 
 - Fazer listas; 
 - Marcar datas; 
 - Tentar afastar pensamentos indesejáveis, substituindo-os por pensamentos 
contrários. 
A origem das compulsões 
 Atualmente se acredita que as compulsões existam em razão das 
obsessões: são realizadas com a finalidade de aliviar ou neutralizar a aflição, o 
desconforto e o medo. 
 Certas compulsões (como dar uma olhada para o lado, tocar, raspar, 
estalar os dedos, fechar a mão com força etc.) são realizadas sem que 
qualquer pensamento as preceda. 
 Trata-se apenas de uma sensação de desconforto ou tensão física que 
necessita ser aliviada ou descarregada e que precede a realização desses 
rituais motores. 
 
O que é TOC? 
 De acordo com Aristides Volpato, especialista em transtorno obsessivo-
compulsivo, o TOC caracteriza-se por pensamentos, frases, palavras, 
cenas ou impulsos que invadem a consciência, involuntários ou impróprios, 
persistentes e recorrentes – as obsessões –, geralmente acompanhados 
de aflição ou medo e tentativas de ignorar, suprimir ou neutralizar esses 
pensamentos através da realização de atos repetitivos e estereotipados – as 
compulsões ou rituais. 
 Para os especialistas brasileiros, o TOC recebe o nome também de 
transtorno de ansiedade. Sua classificação acompanha o medo extremo de 
objetos, animais e lugares, conhecido por fobias; a fobia de social, que abrange 
o medo de ter contato com as pessoas ou a exposição pública; o transtorno de 
pânico (ansiedade extrema, repulsa de voltar a um lugar em que um ataque de 
ansiedade já ocorreu); e a ansiedade generalizada. 
 Pelo tempo que tomam, pelo desconforto que provocam ou pelo que 
levam o paciente a executar ou a evitar, comprometem as rotinas diárias, o 
desempenho profissional e as relações interpessoais. 
 Para Aristides, esse transtorno tem origem biológica e psicossocial, ou 
seja, não é apenas um estado físico ou um estado mental da pessoa. Ela não 
escolhe, simplesmente, ser obsessiva por algo. 
 Dada essa perspectiva, a etiologia, a apresentação clínica, o curso, o 
prognóstico e a resposta a tratamentos tomam caminhos diferentes para cada 
indivíduo, pois é preciso analisar o transtorno, o que levou o paciente a 
desenvolvê-lo, características mentais e peculiaridades genéticas. 
 Os sintomas que apontam que o indivíduo tem TOC provocam 
mudanças extremas, não somente de comportamento, como também de 
pensamentos (obsessões como dúvidas, preocupações excessivas, 
pensamentos de conteúdo impróprio ou “ruim”) e de emoções (medo, aflição, 
culpa, depressão, desconforto). 
 Os medos e as aflições são a razão principal de o indivíduo com TOC 
realizar os rituais, as obsessões e as compulsões que dominam sua mente. Os 
portadores do transtorno obsessivo-compulsivo acreditam que se não 
realizarem exatamente essas tarefas algo de terrível vai acontecer com eles ou 
com seus amigos e familiares. 
 
 A mesma linha de raciocínio está presente em pacientes que 
apresentam obsessão por limpeza e higiene, ou seja, que têm medo extremo 
de se contaminar. 
 O temor é de que se segurar uma maçaneta diretamente com a mão, ao 
sair do banheiro, certamente ele irá se contaminar com micro-organismo e irá 
adoecer. 
 JáGail Steketee, também especialista no assunto, diz que o 
transtorno obsessivo-compulsivo é um transtorno de ansiedade que envolve 
obsessão ou compulsão recorrentes que consomem tempo ou causam 
grandes dificuldades na vida diária. 
 Obsessões consistem em pensamentos, imagens ou impulsos 
recorrentes, acompanhados de angústia, experimentados como indesejáveis e 
irracionais, porém difíceis, se não impossíveis, de ignorar ou resistir. 
 Por sua vez, compulsões são condutas ou ações geralmente 
desencadeadas por obsessões. 
 Apesar de o TOC ser um problema bastante antigo, acreditava-se que 
ele atingia pouquíssimas pessoas, mas essa não é a realidade. O transtorno 
obsessivo-compulsivo atinge quase 3% da população. Entende-se que, ao 
longo da vida, as pessoas desenvolvem a obsessão por algo, seja por 
números, por organização ou por rotina. 
 No livro Transtorno onsessivo-compulsivo: as mais recentes estratégias 
de avaliação e tratamento, existe a informação de que quase três milhões de 
norte-americanos sofrem de TOC alguma época determinada, com algo em 
torno de 7,45 milhões de pessoas apresentando sintomas de TOC em algum 
momento da vida. 
 Esse transtorno mental está entre os mais conhecidos e mais comuns 
nos Estados Unidos, marcando presença duas vezes maior que a 
esquizofrenia, um dos piores transtornos mentais existentes. 
 Após muitos estudos, compreendeu-se que esse transtorno inicia-se 
ainda na infância, evoluindo ao final da adolescência e, na maioria dos casos, 
acompanhando o paciente para o resto de sua vida. 
 É provável que de um terço à metade dos adultos que sofrem desse 
transtorno tenham apresentado sintomas durante a infância. Os avanços com 
relação à análise e ao tratamento do TOC nas últimas duas décadas 
culminaram no crescimento do número de crianças tratadas. 
 Na verdade, os estudos mostram que o transtorno em crianças de até 
18 anos tem incidência entre 0,06% e 2%. O sexo não é um limitante para o 
desenvolvimento do TOC, porém, quando falamos de crianças, os meninos são 
mais atingidos. 
 Entre um e dois terços das pessoas portadoras do transtorno 
obsessivo-compulsivo desenvolveram o TOC após um momento traumático na 
vida, como a morte de um ente querido, uma gravidez, um nascimento ou 
problemas relacionados à sexualidade do paciente. 
 
 
Existem outras características, como aponta Gail Steketee: 
 
- Pouco mais da metade dos portadores de TOC são mulheres; 
- As pessoas que têm TOC possuem inteligência acima da média; 
- A idade de pico de início para os homens situa-se entre os 13 e os 15 anos; 
- A idade de pico de início para as mulheres situa-se entre os 20 e os 24 anos; 
- O início geralmente ocorre de forma gradual. 
 
 Muitos portadores dessa doença esperam anos antes de procurar 
tratamento. Na verdade, uma pesquisa feita com pacientes obsessivo- 
compulsivos revelou uma demora média de sete anos entre o início dos 
sintomas e o momento em que se procura tratamento. 
 Essa hesitação pode ser devido à vergonha e ao embaraço, pois as 
pessoas com TOC geralmente desconhecem o fato de muitas outras 
possuírem sintomas semelhantes. 
 Minorias étnicas, como os afro-americanos, os americanos e os 
asiáticos-americanos, frequentemente lutam contra obstáculos adicionais 
que podem adiar ainda mais a identificação e o tratamento do TOC, 
incluindo nível mais alto de desconfiança em relação aos profissionais de 
saúde mental, relutância em procurar ajuda fora do contexto familiar ou da 
comunidade étnica e maior hesitação em usar medicamentos prescritos. 
 A qualidade de vida dos portadores comumente é muito pior do que a 
da população em geral. A gravidade do transtorno varia de leve (rituais 
minuciosos, como alinhar objetos na escrivaninha antes de conseguir iniciar 
alguma atividade) até grave (realizar ritual de duas ou três horas antes de 
conseguir ir para a cama). 
 Muitos dos rituais do TOC precisam ser executados em uma 
sequência específica que, se for interrompida, deve ser refeita desde o 
começo. Tais rituais podem ser particularmente incapacitantes na medida em 
que, de modo geral, consomem muitas horas do dia do indivíduo. 
 Muitos pacientes obsessivos-compulsivos vivenciam uma diminuição 
significativa em sua capacidade funcional, incluindo perda do emprego, 
separação conjugal e perda dos relacionamentos interpessoais. 
 Na verdade, o início mais precoce do TOC nos homens provavelmente 
contribui para a sua surpreendente baixa taxa de casamento, cerca de 25%. 
 Alguns tipos de TOC não são prejudiciais à saúde do paciente, mas é 
preciso levar em consideração o nível de desenvolvimento/evolução, a idade 
do paciente, o tipo de obsessão e como essa obsessão afeta o cotidiano do 
paciente. 
 Colocamos abaixo três exemplos de transtorno obsessivo-compulsivo. 
 A primeira imagem se refere àquelas pessoas que apresentam 
obsessão com a limpeza e que têm fobias extremas, medos e aflições de se 
contaminarem. 
 Por isso, lavam as mãos insistentemente. O desenho mostra uma pilha 
de sabonetes ao lado do indivíduo, ilustrando que ele realmente 
demonstra uma obsessão com relação à limpeza e higiene. 
 A segunda figura traz a imagem de um homem limpando o registro do 
chuveiro com uma escova de dentes. Aqui também é notada a limpeza 
excessiva, mas diferente do desenho anterior, o indivíduo não tem medo de se 
contaminar. 
 O uso da luva e da escova de dentes demonstra o desespero do 
indivíduo em manter cada local da sua casa impecavelmente limpo. Para 
indivíduos com TOC, não basta apenas passar um pano, é preciso esfregar e 
esfregar. 
 Já na terceira figura, a obsessão demonstrada é a da organização. Nota-
se que as camisas foram todas organizadas por cor e por contrates, assim 
como os cabides estão todos virados para o mesmo lado. 
 Há uma brincadeira na capa desse livro Mente e Manias, que é a 
presença da camisa vermelha em meio ao mar de camisas azuis. No caso de 
pessoas com TOC, essa camisa vermelha cria uma inquietação e 
enquanto a camisa vermelha não estiver com as demais camisas vermelhas, a 
pessoa não encontra sossego e fica irritada, de modo que não para de pensar 
na tal da camisa vermelha. 
 A organização desse armário é exagerada. Cada indivíduo tem uma 
maneira de organizar suas roupas, por tamanho, cor ou estação, mas 
quando isso se torna uma obsessão, há algum problema. 
 Não é porque uma pessoa tem o armário organizado que significa que 
ela tem transtorno obsessivo-compulsivo. O nível da organização pode dar um 
indício de seu comportamento: se essa pessoa é apenas organizada ou se ela 
tem uma obsessão. 
 
O que não é TOC 
 Como vimos acima, os sintomas do transtorno obsessivo-compulsivo 
são vários e facilmente confundidos com manias, rituais e superstições. Por 
isso, dividimos uma parte deste curso para que você saiba reconhecer o que 
pode ser sintoma e o que é apenas uma mania diária. 
 A seguir, usaremos informações retiradas do livro de Aristides Volpato e 
do livro de Teresa Pigott. 
 Todas as pessoas têm manias e superstições, pois isso faz parte da 
vida em sociedade e da própria cultura, porém, há momentos em que essas 
manias e rituais saem do controle e é nessa hora que a atenção deve ser 
dobrada. 
 O aumento da violência é um dos fatores que fez com que a 
sociedade desenvolvesse um enorme medo até mesmo dentro de casa, pois 
lugar algum está livre de pessoas criminosas. 
 Devido a isso, muitas pessoas começarama verificar as trancas de 
portas e janelas de suas casas, para que ninguém indesejado pudesse 
adentrar na residência. 
 Essa verificação é natural até o momento que ela é feita apenas umaou 
duas vezes. O problema é que essa verificação, depois que passa da quinta, 
sexta, vigésima vez, se torna um sintoma de transtorno obsessivo- compulsivo. 
 Outro exemplo é quando uma pessoa está se preparando para uma 
avaliação que demanda muita dedicação, fazendo com que ela tenha que 
repetir inúmeras vezes uma lista, a fim de ter certeza de que a memorização 
teve sucesso. 
 Quando estamos preparando uma viagem também verificamos se 
todos os itens da lista foram cumpridos para a arrumação das malas e a 
organização da viagem. 
Nesse caso verificamos nas bagagens: 
- Objetos pessoais; 
- Roupas para as temperaturas esperadas no local de estadia; 
- Acessórios necessários; 
- Calçados; 
- Roupas íntimas; 
- Objetos de higiene pessoal; 
- Lençóis e toalhas (se necessário). 
 
Quanto à organização da viagem: 
- Se os documentos estão todos de acordo; 
- Se as passagens foram compradas e estão em mãos; 
- Se foi feita a manutenção adequada do veículo de transporte; 
- Se alguma conta ou pendência que terá seu vencimento durante a viagem foi 
devidamente paga; 
- No caso de viagens para o exterior, se os vistos e os passaportes estão em 
ordem. 
Um sentimento comum quando iniciamos uma viagem é de que algo 
ficou para trás e, geralmente, esquecemos algo. Mas em geral é algo que é 
possível comprar no local para onde estamos nos encaminhando. 
 Algumas pessoas se preocupam, quando saem de casa se desligaram 
todas as luzes ou se o gás está devidamente fechado. São preocupações 
comuns e naturais. As lâmpadas ligadas causam desperdício e o gás ligado 
pode resultar em um incêndio. 
 As dúvidas, outro sintoma de TOC, também são algo constante na vida 
cotidiana, como decidir se comprar um carro é a melhor opção ou se continuar 
utilizando transporte público, pois o veículo tem um gasto muito maior e as 
finanças da casa devem ser levadas em consideração. 
 Mesmo com relação aos atos sexuais, as dúvidas invadem a cabeça 
das pessoas. Um exemplo é o sexo casual, que faz com que muitas 
pessoas, após a relação, se sintam intrigadas se contraiu uma doença ou se 
pode ter engravidado, pela ausência de um preservativo ou por ele ter 
rompido durante a relação sexual. 
 Essas situações e preocupações somente se transformam em 
sintomas de transtorno obsessivo-compulsivo se não são esquecidas ou 
resolvidas dentro de um período de tempo e se o sofrimento e a aflição que as 
rodeiam modificam completamente a rotina daquela pessoa. 
 
Apresentações clínicas que devem ser distinguidas do TOC 
 Nem sempre o diagnóstico do TOC é simples ou está claro. Há uma 
diversidade de apresentações clínicas psiquiátricas com as quais se 
confunde. Além disso, muitas vezes a pessoa pode ser portadora de mais de 
uma psicopatologia ao mesmo tempo (as co-morbidades), o que tem 
implicações importantes para o plano geral de tratamento. 
 
Depressão 
 É muito comum que portadores de TOC apresentem também 
depressão, seja como condição separada (co-morbidade) como consequência 
do comprometimento das atividades diárias ou das relações interpessoais, ou 
até mesmo em decorrência de pensamentos catastróficos ou de culpa, 
relacionados ao excesso de responsabilidade, ou pensamentos inadequados, 
pelos quais se condena. 
 As pessoas, quando estão deprimidas, deixam a mente mais 
propensa a receber pensamentos negativos, que podem ser sobre si 
mesmo, sobre a sociedade ou sobre o futuro. 
 Desesperança, desamparo, culpa ou sentimento de falha são as 
sensações que dominam a mente das pessoas com depressão. Esse 
processo de ficar repetindo inúmeras vezes tal sofrimento pode ser 
confundido com um dos sintomas do TOC. 
 A depressão é caracterizada pela presença de tristeza, diminuição do 
interesse pela vida, perda de peso, insônia, fadiga ou perda de energia, 
dificuldade de se concentrar, pensamentos de morte e sentimento de 
inutilidade ou culpa excessiva. 
 
Fobias específicas 
 O medo é um dos sintomas do TOC, mas é preciso ser analisado com 
muito cuidado, já que ter medo é uma condição natural do ser humano. O 
medo extremo, no entanto, deve ser tomado como um sintoma e levado 
diretamente a um médico especializado. 
 No caso de fobias, como são chamados esses medos extremos, 
osindivíduos portadores de TOC têm várias, principalmente com relação a 
germes e àqueles que possam prejudicar sua saúde. 
 Para se proteger, evitam tocar em objetos desconhecidos ou usar 
banheiros de locais fora de sua casa. Isso acarreta em hipervigilância e num 
desconforto para a pessoa e para aqueles que a rodeiam. 
 Porém, esse sintoma deve ser avaliado para ver o motivo dessa 
evitação. Se a causa for o medo de insetos, animais ou microrganismos, a 
pessoa somente apresenta sintoma de alguma fobia. 
 Agora, se o motivo for o medo de se contaminar porque a pessoa 
desconhece aquele lugar ou acredita que vai ficar doente se tocar, encostar ou 
usar determinado objeto, então o sintoma está mais ligado com o TOC. 
 
Dependência de drogas e álcool 
 As pessoas que são dependentes químicas têm uma preocupação 
constante: como obter a droga. A partir daí, demais pensamentos invadem a 
cabeça do dependente, que afetam diretamente em seu comportamento e seu 
cotidiano. 
 Entre eles, podemos citar: quando será a próxima vez que a pessoa irá 
consumir a droga, quais amigos também fazem uso dela, quanto vai gastar 
para obtê-la, a quais locais deve ir para consegui-la. 
 Dado esses pensamentos, a pessoa torna-se obsessiva com a droga e, 
quando passa próximo de usuários ou de locais de venda, sente a 
incontrolável vontade de consumir a droga, o que é visto como uma 
compulsão. 
 Mas o problema aqui deve ser analisado separadamente, porque a 
causa da obsessão e da compulsão está ligada à dependência da droga e não 
a um transtorno mental. 
 
Transtorno da alimentação: anorexia nervosa, comer compulsivamente e 
bilimia nervosa 
 Os transtornos da alimentação podem ser confundidos com o TOC. 
Nessas condições, a comida, o peso, as calorias, enfim, a imagem corporal vira 
obsessão, pois ocupa boa parte do tempo do paciente, que tem 
percepção errada de sua imagem corporal e do seu peso. 
 Mesmo muito magros, esses pacientes acreditam que estão obesos ou, 
pelo menos, que estão acima do peso. Esses transtornos da alimentação 
podem estar ligados ao TOC, mas devem ser avaliados precisamente por um 
especialista. 
 Na anorexia nervosa, além da preocupação constante em fazer dieta e 
perder peso, são comuns rituais como organizar a comida na despensa, 
calcular calorias todo o tempo e fazer exercícios compulsivamente para 
perder peso. 
 Modelos, bailarinas, celebridades, executivas e pessoas que estão num 
ambiente em que são um ponto de referência para os demais com relação à 
aparência, principalmente, desenvolvem esses problemas de maneira 
bastante comuns. 
 A mídia ajuda muito a colocar os pensamentos de “corpo perfeito” na 
cabeça das pessoas e algumas delas se deixam levar por tais padrões. É 
natural fazer uma dieta ou contar quantas calorias foram consumidas por dia se 
a pessoa está com um acompanhamento clínico especializado (nutricionista) e 
precisa manter tal peso para garantir seu emprego. 
 O problemaocorre quando a pessoa passa dos limites e acredita que 
precisa apenas consumir 100 calorias diárias, quando o recomendado para 
manter a saúde em ordem é cerca de 2.500 calorias. 
 Na bulimia nervosa, são comuns episódios em que o paciente, em 
situações de ansiedade, ingere grandes quantidades de comida em curto 
espaço de tempo, muitas vezes seguidos da indução de vômitos ou do uso de 
laxantes. 
 Rituais como apalpar-se, pesar-se ou olhar-se no espelho inúmeras 
vezes são frequentes em ambos os quadros. A associação entre TOC e 
transtornos alimentares é comum. 
 Uma paciente com anorexia nervosa e TOC, simultaneamente, se 
apalpava inúmeras vezes ao dia pra ver se conseguia sentir os ossos, pois 
acreditava que o peso ideal seria atingido quando os ossos fossem visíveis ou 
palpáveis. 
 Além disso, alinhava meticulosamente as porções de comida no prato; 
atava com uma fita as embalagens de cereais depois de comê-los para jogá- 
los no lixo, pois acreditava que isso a impediria de engordar; alisava 
meticulosamente a margarina ao passá-la no pão, pois pensava que, dessa 
forma, comeria menos calorias; e gastava boa parte do seu tempo em 
ruminações sobre comida, calculando calorias de cada porção que ingeria ou 
que havia consumido no dia anterior. 
 Superestimava a importância do peso – era tudo em sua vida –, além de 
ter percepção distorcida do mesmo – achava-se gorda tendo apensa 50kg. 
Essa paciente também apresentava sintomas típicos do TOC: 
 
 
- Obsessões com sujeira 
- Rituais de limpeza 
- Compulsões por alinhamento e simetria 
- Evitações 
- Verificações 
 
Transtornos Relacionados ao TOC 
 
 Após alguns estudos que abrangem a herança genética, os sintomas e a 
resposta ao tratamento, foi possível chegar à conclusão de que existem 
transtornos que estão diretamente ligados ao TOC, mas que não são de fato 
sintomas de TOC. 
 As características como alta impulsividade e subestimação dos riscos 
(cleptomania, compulsões sexuais, jogo patológico), se encontram num 
extremo da linha de raciocínio, enquanto no outro extremo há preocupação 
excessiva com a possibilidade de prejuízos e compulsividade. 
 Podemos ainda dizer que ao longo dessa linha existe a tricotilomania, o 
transtorno de Tourette, as compulsões por compras e as compulsões por 
comida. 
 Listamos a seguir esses transtornos mais detalhadamente para que você 
tenha melhor conhecimento sobre eles e sobre seus sintomas. É 
importante entender por que algumas pessoas confundem tais transtornos com 
TOC. 
 
Hipocondria 
 Como definição mais simples, a hipocondria é a preocupação 
excessiva e persistente de ser infectado por alguma doença grave. Os 
sintomas físicos, tanto próprios quanto os sintomas das pessoas ao redor, 
incomodam e fazem com que a pessoa hipocondríaca acredite que está 
doente. 
 Um exemplo é começar a se coçar perto de um indivíduo hipocondríaco. 
Você começa a se coçar porque um pernilongo acabou de aplicar uma picada 
em seu braço. 
 
 Você nota que ao seu lado uma pessoa também começa a se coçar e 
que depois de instantes essa pessoa ainda está se coçando. No braço, nas 
pernas, na cabeça e qualquer outra parte do corpo que esteja ao seu 
alcance. 
 Esse é o sintoma mais visível de uma pessoa que tem problemas com a 
hipocondria: ela inicia uma compulsão, apenas baseada em sintomas 
físicos de si mesmo ou de outras pessoas. Muitas vezes esses sintomas não 
significam nada. 
 É como se cada vez que uma pessoa hipocondríaca tivesse uma dor de 
cabeça, seu único pensamento é que irá morrer. Essa pessoa tem a certeza de 
que está com algum problema sério na cabeça e que não vai conseguir se 
curar “a tempo”. 
 As idas ao médico não aliviam a angústia de um hipocondríaco, pois ele 
não consegue acreditar que não há nada de errado com seu corpo. Usando o 
exemplo da dor de cabeça, o indivíduo faz tomografias, biópsias, exames mais 
complexos e, mesmo assim, não é convencido de que está com a saúde 
perfeita. 
 No âmbito popular, as pessoas hipocondríacas ganharam a fama de 
terem “mania de doença”, pois qualquer dor no corpo é motivo para tomar 
remédios e ficar de repouso. 
 
Tricotilomania 
 Como dissemos anteriormente, a tricotilomania se trata da compulsão 
de arrancar os próprios cabelos, em porções grandes. Ansiedade e estresse 
são os gatilhos para um problema desse porte. 
 A sensação de prazer, alívio e satisfação após arrancar os cabelos 
demonstra que o indivíduo não sente uma obsessão. O couro cabeludo não é a 
única região de onde os cabelos podem ser arrancados. 
 A região pubiana e anal, sobrancelhas, cílios e axilas também são alvos 
para pessoas que são portadoras desse problema. A tricotilomania não é 
considerada TOC, justamente porque não é desencadeada por uma 
obsessão. 
 
Tiques 
 Os tiques são muito comuns em pessoas inquietas, principalmente em 
momentos de ansiedade ou de nervosismo. Movimentos motores involuntários, 
sem um ritmo ou padrão aparente ou vocalizações são os sintomas dos tiques. 
Os tiques mais comuns são: 
- Piscar os olhos 
- Torcer o nariz 
- Contrair o pescoço 
- Encolher os ombros 
- Contrair os lábios ou a testa 
- Grunhir 
- Fungar 
 
Porém, existem tiques mais complexos, como: 
- Fazer gestos 
- Pular 
- Tocar 
- Bater 
- Chutar 
- Cheirar repetidamente um objeto 
- Acocorar-se 
- Dobrar os joelhos 
- Imitar o comportamento de outra pessoa. 
 
Transtorno de Tourette (TT) 
 É uma condição neurológica que se caracteriza por movimentos 
involuntários do corpo (tiques) e vocalizações (tiques vocais). Afeta 
aproximadamente 200.000 pessoas nos Estados Unidos e ocorre em uma a 
cada 2.000 crianças. 
 Os sintomas começam geralmente antes dos 18 anos e duram pelo 
menos um ano. Os meninos são afetados três vezes mais do que as 
meninas. 
 Em poucos casos as vocalizações incluem frases ou palavras 
inapropriadas (palavrões) – a chamada coprolalia –, que não são nem 
voluntárias, nem intencionais. 
 Muitas crianças com o transtorno de Tourette ou com transtorno de 
tique apresentam outras co-morbidades, como transtorno de déficit de 
atenção com ou sem hiperatividade ou TOC. 
 
 É importante distinguir entre tiques e rituais repetitivos do TOC porque 
os tratamentos são diferentes. Portadores de TOC que apresentam tiques ou 
transtorno de Tourette não respondem à terapia de exposição e prevenção de 
rituais e aos medicamentos antiobsessivos quando usados isoladamente. 
 
 
 
Transtorno de impulsos 
 Beliscar-se, ferir-se, infligir-se lesões (como coceira excessiva, 
mordidas noslábios, mordidas nos lábios, coceira exagerada nos olhos ou 
tentar arrancá-los, arranhões) são sintomas do transtorno de impulsos. 
 Os indivíduos portadores desse problema costumam usar roupas 
compridas, para que as lesões que ele mesmo provoca não sejam vistas pelas 
demais pessoas. 
 Não é raro quando essas lesões infecionam ou inflamam, pois como o 
paciente não quer que ninguém descubra e cobre as feridas, acaba 
abafando o local e propiciando a região para a proliferação de micro- 
organismos. 
 
Comprar compulsivo, jogo patológico, sexo compulsivo 
 Esses três problemas, comprar compulsivo, jogo patológico ou sexo 
compulsivo são frequentemente confundidos com sintomas de TOC porque, de 
certa forma, demonstram obsessões e causam sofrimento e angústia extremos.O que os distingue do TOC é o prazer que o indivíduo sente se 
comportando dessa maneira, mesmo que após a ação o arrependimento bata. 
As compulsões do TOC não causam prazer algum ao paciente. 
 Essas acões são feitas sem medo nem receios, o que écompletamente o 
oposto dos sintomas de TOC. Os portadores de TOC têm medo excessivo de 
prejudicar a si mesmo e a quem está ao seu redor. 
 
Como identificar o TOC 
 De acordo com Gail Steketee, embora um número incontável de 
pessoas com TOC associe determinado acontecimento da vida ao começo do 
seu transtorno, muitas outras não conseguem identificar qualquer fator 
precipitante específico. 
 
Características comuns presentes no TOC incluem: 
 - Ideias obsessivas: pensamentos que invadem a consciência (palavras, 
frases, rimas) e interferem no fluxo normal do pensamento, causando sua 
desarticulação, além de sofrimento emocional. 
 O conteúdo das obsessões muitas vezes refere-se a obscenidades, 
blasfêmias ou absurdos. 
- Imagens obsessivas: imagens vívidas, frequentemente retratando cenas 
violentas, sexuais ou perturbadoras (por exemplo, assassinato de uma criança, 
colisão de carros, excrementos, relação sexual dos pais) que aparecem 
repetitivamente. 
 - Convicções obsessivas: crenças baseadas em pressupostos irracionais, tais 
como: “pensar equivale a agir” (por exemplo, pensar que meu filho está doente 
fará com que ele morra). 
 - Ruminações obsessivas: dúvidas ou argumentações mentais acompanhadas 
de medo (ou comportamentos ritualísticos – por exemplo, “Tranquei a porta? 
Desliguei ou gás?”) que objetivam evitar ou aliviar o dano imaginado ou as 
consequências temidas. 
- Impulsos obsessivos: impulsos indesejados referentes a danos à própria 
pessoa (por exemplo, saltar de uma janela), agressão a outras pessoas 
(sufocar um bebê) ou comportamentos potencialmente humilhantes (gritar 
obscenidades dentro da igreja). 
- Medos obsessivos: ansiedade intensa tanto em relação a objetos/itens 
específicos (sujeira, doença, animais, sangue etc.) ou a situações/locais 
específicos (banheiros públicos, hospitais etc.), quanto a entrar em contato com 
uma situação específica ou a realizar determinadas ações. 
- Rituais compulsivos: ações repetitivas (contar, tocar, ordenar, verificar, 
organizar, limpar, armazenar etc.) que produzem alívio da obsessão. 
 
Sintomas 
 Os sintomas do TOC usualmente oscilam na sua gravidade ao longo do 
tempo e podem até mesmo desaparecer por completo com ou sem 
tratamento. Os intervalos livres são, em geral, seguidos pelo ressurgimento dos 
sintomas durante um período de maior estresse ou em resposta a 
alguma alteração biológica ou no ambiente. 
 Estudos de longo prazo demonstram que nove em cada dez 
indivíduos obsessivos-compulsivos experimentam altos e baixos nos sintomas, 
sendo rara a manutenção das remissões. 
 Esses pacientes também passam pela experiência do aumento dos 
sintomas, que é desencadeado por estresse. Grande parte dos pacientes que 
sofrem de TOC demonstra certa flutuação com relação aos sintomas, ou seja, 
eles tem picos de sintomas e de repente esses sintomas desaparecem. 
 Os números indicam que cerca de 15% dos pacientes que têm 
transtorno obsessivo-compulsivo seguirão um curso de deterioração, com 
declínio progressivo do funcionamento social e ocupacional. 
 Os indivíduos que apresentam TOC podem demonstrar muitos ou 
somente alguns dos sintomas típicos. Como existem diversos tipos desse 
transtorno, é impossível prever todos os sintomas ou mesmo identificá-los sem 
antes executar uma bateria de exames. 
 O sofrimento é uma das maneiras de perceber a presença do 
transtorno obsessivo-compulsivo, pois ele afeta diretamente o ambiente de 
trabalho e as relações interpessoais, ou seja, a rotina do indivíduo que tem 
TOC muda completamente e, devido à suas manias excessivas, as pessoas 
com as quais ele se relaciona acabam tomando distância dele ou mesmo se 
irritando com tais manias. 
 Há relatos de indivíduos com TOC que foram obrigados a manter uma 
vida totalmente caseira por causa de suas obsessões. As pessoas a sua volta 
se afastaram ou faziam críticas preconceituosas, fazendo com que o único 
local seguro fosse o isolamento. 
 Às vezes, o motivo da reclusão é a extrema evolução do transtorno. O 
indivíduo fica tão submisso às suas obsessões que não consegue sair de casa, 
ou porque tem receio de contrair alguma doença ou porque não 
consegue atingir seu objetivo, como fazer contagem de carros ou de casa de 
determinadas cores e tamanhos. 
 Manter-se confinado em casa faz com que o indivíduo sinta controle da 
situação, pois em sua própria casa ele pode limpar, alinhar, organizar tudo que 
invade sua mente, sem que haja influência externa e, principalmente, “sem 
risco” de contaminação. 
 Gail Steketee lista os principais sintomas do transtorno obsessivo- 
compulsivo. 
 
Evitação das situações temidas/estímulos relacionados com as 
obsessões 
 As pessoas com TOC podem experimentar a necessidade de evitar uma 
série de situações ou estímulos temidos, mudando radicalmente seu estilo de 
vida por esse motivo. 
 Por exemplo, temores obsessivos relacionados com sujeira ou 
contaminação resultam na evitação de banheiros públicos ou de apertar as 
mãos de pessoas estranhas. 
 
Avaliação exagerada da importância dos pensamentos e senso de 
responsabilidade patológico 
 As pessoas com TOC frequentemente sentem culpa e medo de que 
seus pensamentos causem dano aos outros ou façam com que algo terrível 
aconteça, porque muitas delas acreditam que ter um pensamento é o 
mesmo que concretizá-lo. 
 Além disso, muitas pessoas com TOC agem de modo compulsivo 
porque acreditam que a falha em “corrigir” um problema é equivalente a causá-
lo. 
 Suas compulsões são uma forma de desfazer ou consertar algo que 
temem que possam ter feito errado ou que possa resultar em dano a outras 
pessoas. 
 Por exemplo, remover uma pedra da estrada para que o carro 
seguinte não bata nela e haja um acidente. 
 Superestimação do dano 
 Outra característica do transtorno é uma tendência a superestimar a 
probabilidade dos danos e a gravidade das consequências. As pessoas com 
TOC podem supor que um ambiente é perigoso até que seja provada sua 
segurança. 
 Isso contrasta nitidamente com um pressuposto comum de que tudo 
está bem a menos que o perigo seja óbvio. 
 
Preocupação e ruminações excessivas 
 Indivíduos ansiosos podem envolver-se frequentemente em 
preocupações pessoais e/ou familiares, vinculadas ou não às suas 
obsessões. Além disso, podem usar sedativos em excesso para tentar 
combater os sintomas. É possível ainda que tentem controlar seus temores por 
meio da utilização de álcool ou de hipnóticos. 
 
Avaliações clínicas 
 Esses sintomas listados acima podem ser observados por qualquer 
pessoa, sem que esta tenha conhecimento médico ou mental. Portanto, esses 
sintomas são visíveis e podem ser indícios de que o transtorno 
obsessivo-compulsivo está se desenvolvendo ou até mesmo que já tenha 
dominado o indivíduo. 
 Para garantir que a pessoa tem TOC é preciso fazer algumas análises e 
exames. Entre eles, há entrevistas clínicas, instrumentos autoaplicáveis, 
entrevistas estruturas, avaliações comportamentais, avaliações psicométricas e 
resultados de exames laboratoriais e físicos. 
 
Entrevistas clínicas 
 O que é pesquisado e perguntado para o paciente e para os familiaressão informações sobre obsessões e rituais, história médica, história 
psiquiátrica individual e familiar, funcionamento social e ocupacional, papel dos 
familiares e insight do paciente. 
 O clínico responsável pela entrevista também faz perguntas 
relacionadas com os estímulos externos (luzes acesas, assistir tragédias), 
estímulos internos (pensamentos, imagens, impulsos) e comportamento por 
evitação (não ir a um banheiro público com receio de infectar-se com algum 
agente nocivo à saúde) 
 Essa entrevista ajuda a separar casos de TOC e casos de 
aparecimento de sintomas secundários a infecções, lesões agudas ou 
doença cerebral. Essa etapa de separação é de extrema importância, pois o 
tratamento de TOC é completamente diferente do tratamento para os demais 
problemas de saúde, tanto mental quanto físico 
 
História médica 
 A origem do TOC também pode advir de doenças ou complicações de 
lesões anteriores, como problemas cerebrais, abuso de substâncias sem 
prescrição médica, doenças crônicas, transtornos anteriores e desordem 
mental. 
 
Problemas cerebrais: podemos citar alguns danos no cérebro que podem 
evoluir para um transtorno obsessivo-compulsivo: 
 - Tumor cerebral 
- Vasos sanguíneos fora do padrão 
- Dano cerebral causado por falta de oxigênio (anoxia) 
- Exposição tóxica 
- Infecção cerebral 
- Doença cerebral degenerativa (Parkinson, Huntington, demência) 
 
Abuso de substâncias sem prescrição médica: essas substâncias podem 
ser desde drogas ilegais até excesso de uso de medicamentos, com ou sem 
prescrição médica: 
 - Anfetamina 
- Estimulante 
- Cocaína 
- Crack 
- Pílulas de emagrecimento 
- Alucinógenos 
 
Doenças crônicas: as doenças sem cura e que afetam completamente a 
rotina do indivíduo podem ser gatilhos para o aparecimento do TOC: 
- Diabetes melito 
- Tireoide instável 
 
Transtornos anteriores: os transtornos que podem afetar diretamente em 
obsessões e compulsões são: 
- Transtornos de aprendizagem 
- Transtornos de desenvolvimento 
- Retardo mental 
- Autismo 
- Síndrome de Asperger 
 
Desordem mental: não existe uma comprovação de que desordem mental 
seja o principal motivo do desenvolvimento do TOC, mas entende-se que é 
uma das principais causas: 
 - Depressão 
- Pânico 
- Ansiedade generalizada 
- Agorafobia (medo de sair em público) 
- Estresse pós-traumático 
- Esquizofrenia 
- Hipocondria 
- Jogo compulsivo 
- Tricotilomania (mania de arrancar os cabelos) 
 
 História psiquiátrica individual e familiar 
 Essa etapa tem por base a idade que os sintomas de TOC 
apareceram, o nível de desenvolvimento dos sintomas e os padrões, 
estresses significativos e constatação de desordem de personalidade ou de 
doenças psiquiátricas. 
 Os históricos de saúde mental e física do paciente e de seus 
familiares são essenciais para elaborar um tratamento, pois sem essas 
informações não é possível avaliar de forma adequada o estado do paciente e 
nem como garantir o melhor tratamento para ele. 
 Indícios de transtornos mentais na família são informações valiosas para 
o diagnóstico do paciente, pois talvez seu transtorno obsessivo- 
compulsivo seja apenas uma “herança genética”. 
 Em outras palavras, quando um paciente tem histórico familiar de 
transtornos mentais, como esquizofrenia, demência e até mesmo TOC, 
entende-se que ele tem mais predisposição do que as demais pessoas. As 
chances são maiores para ele desenvolver o TOC, mas pode acontecer de, 
durante toda a vida, ele não demonstrar qualquer sintoma. 
 
 
Funcionamento social e ocupacional 
 Nessa etapa, os entrevistadores clínicos responsáveis devem formular 
questões relacionadas ao desempenho escolar e o desempenho profissional, 
da quantidade de amigos e o comportamento com eles, o histórico de 
namoros, e relacionamentos íntimos e a socialização. 
 
As perguntas mais comuns são, de acordo com Gail Steketee: 
 - “Quanto tempo por dia você gasta com suas obsessões e rituais?” 
- “Os sintomas já lhe causaram muita aflição?” 
- “Suas obsessões e compulsões interferiram em seu funcionamento 
ocupacional ou escolar, levando-o a perder o emprego ou a abandonar a 
escola?” 
 - “Seus sintomas interferiram em seus relacionamentos sociais ou familiares?” 
- “Seus sintomas já causaram sofrimento acentuado em suas atividades 
ou relações sociais?” 
 
 Após obter as respostas, os clínicos responsáveis analisam as 
informações e separam os pacientes de acordo com a gravidade de seus 
sintomas. 
 
 Sabe-se que pacientes com sintomas moderados respondem melhor ao 
tratamento, pois a doença ainda não evoluiu muito e é possível detê-la antes 
que ela domine o paciente e altere toda a sua rotina. 
 
Papel dos familiares 
 A família afeta diretamente no andamento do tratamento, pois não é raro 
um dos familiares ajudar ou contribuir para a obsessão ou para a 
compulsão do paciente. 
 Muitas vezes a família se acomoda aos rituais exagerados do 
paciente sem oferecer ajuda ou se mantendo submissa ao transtorno do 
paciente. Isso é bastante preocupante porque o TOC é uma doença muito 
grave e precisa ser diagnosticada e curada. 
 
O que precisa ser analisado pelos clínicos responsáveis é: 
- Maior disfunção familiar 
- Sofrimento familiar 
- Rejeição por parte dos familiares 
- Aumento na gravidade dos sintomas 
 
Insight do paciente 
 Um significativo número de pacientes conseguem entender que seus 
rituais, compulsões ou obsessões são irracionais e decidem, a partir de então, 
buscar ajuda e iniciar um tratamento. 
 Esses pacientes têm maior chance de respostas positivas durante o 
tratamento, pois já compreendem a gravidade de alguns dos seus atos, 
principalmente aqueles relacionados ao cotidiano, e estão dispostos a 
“melhorar”. 
 Porém, não basta apenas que ele compreenda sua atual situação. É 
preciso fazer com que ele veja como sua rotina mudou e como ela afetou as 
demais pessoas a sua volta. 
 A busca do insight é um objetivo durante o tratamento, já que é a 
melhor formar de curar o paciente, pois assim ele percebe quanto mal está 
fazendo a si próprio e àqueles que o rodeiam. 
 Insight é o termo usado para determinar quando uma pessoa 
compreende, de repente, algo como um exercício, uma doença ou um 
desafio. É aquele momento em que tudo que antes era confuso e sem sentido 
passa a ter racionalidade e sentido. 
 
Possíveis causas para o TOC 
 Até recentemente acreditava-se que o TOC era uma doença 
exclusivamente psicológica. Após estudos mais complexos, graças ao 
avanço da tecnologia, pode-se entender que o transtorno obsessivo- 
compulsivo é também uma doença neuropsiquiátrica. 
 As áreas cerebrais excitadas em pessoas com TOC são avaliadas por 
meio de medicamentos, estudos de neuroimagem e estudos funcionais de 
cérebro. Essas análises somadas às alterações da neuroquímica cerebral e a 
pesquisas genéticas ajudam a desvendar os mistérios que envolvem o 
transtorno obsessivo-compulsivo. 
 
Medicamentos reduzem a intensidade dos sintomas do TOC 
 Descobriu-se que os medicamentos diminuem os sintomas obsessivo- 
compulsivos e, após essa descoberta, foi possível constatar que há 
irregularidades neuroquímicas relacionadas ao comportamento do ser 
humano. 
 A serotonina, substância responsável pela sensação de prazer e que é 
produzida no cérebro,é um dos alvos dos medicamentos, pois o papel desses 
medicamentos é aumentar as doses da serotonina. 
 De acordo com Aristides Volpato, a serotonina desempenha importante 
papel na transmissão de impulsos nervosos interneuronais (sinapse), 
especialmente em determinadas regiões do cérebro. 
 Com a inibição da sua recaptação pelas células nervosas em 
decorrência do uso dos medicamentos que têm esse efeito, seus níveis se 
elevam nas sinapses, favorecendo a transmissão dos impulsos nervosos de 
uma célula para outra. 
 Os antidepressivos são medicamentos que têm essa característica e 
recebem o nome de inibidores da recaptação da serotonina (IRSs), como a 
clomipramina. Há ainda os inibidores seletivos da recaptação de serotonina 
(ISRSs), como a fluoxetina, a paroxetina, a sertralina, o citalopram e a 
fluvoxamina. 
 A constatação do efeito antiobsessivo de tais fármacos suscitou a 
suspeita de que possa existir associação entre o TOC e algum tipo de 
disfunção neuroquímica nas vias cerebrais que utilizam a serotonina. Por essa 
razão ela poderia estar envolvida no surgimento dos sintomas. 
 As outras substâncias existentes no sistema nervoso, mesmo quando 
seus níveis são aumentados, não criam efeitos de melhora nem de piora nos 
sintomas do TOC. 
 
Hiperatividade em certas regiões 
 Com o avanço da tecnologia é possível assistir o cérebro em 
funcionamento. Antigamente, somente se conseguia ter imagens do cérebro 
após a morte do paciente e apenas abrindo sua cabeça. 
 A tomografia por emissão de fóton único (SPECT), a tomografia por 
emissão de pósitrons (PET) e a ressonância magnética (RM) são algumas das 
ferramentas utilizadas para analisar o comportamento do cérebro. 
 Foram feitos exames em regiões específicas do cérebro e essas 
regiões foram comparadas entre pessoas portadoras do TOC e pessoas que 
não o tinham. 
 As regiões analisadas foram: córtex frontal (parte mais frontal do 
cérebro) e gânglios basais (regiões mais profundas). Esses gânglios são 
constituídos pelo estriado e pelo tálamo. 
 Os gânglios são responsáveis pelo comportamento, modulação dos 
movimentos, planejamento de sequência, aprendizagem por ensaio e erro e 
direcionamento cognitivo e motivacional. Essas funções costumam ser 
afetadas em pessoas portadoras de TOC. 
 Um dos testes elaborados para examinar as regiões afetadas é 
provocar o medo. Um exemplo é colocar gelatina dentro de uma luva e pedir 
para que uma pessoa que tenha arrepios com relação à gelatina coloque as 
luvas. 
 A reação de imediato da pessoa que coloca as luvas é de asco, nojo. A 
região do cérebro que foi ativada mostrou que o aumento da atividade cerebral 
observado em portadores de TOC diminui com a terapia comportamental e com 
o uso de medicamentos. 
 Por meio dessa experiência, foi possível documentar, pela primeira vez, 
o efeito sobre o funcionamento do cérebro com relação a uma doença de 
natureza psicológica. 
 
Sintomas obsessivo-compulsivos em doenças neurológicas 
 Traumatismos cranianos, tumores ou lesões na região do hipotálamo, 
epilepsia e acidentes vasculares cerebrais também podem causar o 
aparecimento de sintomas obsessivo-compulsivos. 
 Ao mesmo tempo em que ocorria a epidemia de gripe ao final da 
Primeira Grande Guerra, que chegou a matar mais de 20 milhões de 
pessoas, acontecia em Viena um surto de encefalite letárgica. 
 Essa doença recebeu essa descrição porque um dos sintomas mais 
presentes era a sonolência extrema. Muitas pessoas morreram por causa 
dessa doença, mas os sobreviventes, além de apresentarem problemas 
neurológicos, como Parkinson e paralisia ocular, desenvolveram obsessões e 
compulsões. 
 
 Portanto, entendeu-se que doenças que se instalam ou que atacam o 
sistema nervoso são um gatilho para o desenvolvimento de sintomas 
obsessivo-compulsivos, mesmo que o paciente não apresente nenhuma 
ligação com TOC. 
 
 
Genética 
 Depois de complexos estudos, notou-se que uma pessoa que tem no 
histórico familiar a presença do transtorno obsessivo-compulsivo é quatro a 
cinco vezes mais propícia a desenvolver alguma obsessão ou compulsão. 
 Devido a esses estudos, o TOC é considerado como uma doença 
familiar. Também foi levado em conta o ambiente familiar. Por exemplo, se uma 
criança cresce num ambiente em que sua mãe e/ou seu pai não 
permitem que ninguém sente em sua cama com as roupas com as quais veio 
da rua, para que a cama não fique contaminada, ela vai acreditar que aquilo é 
algo normal e provavelmente terá a mesma atitude. 
 Em gêmeos crescem para 20 a 40 vezes as chances de 
desenvolvimento de sintomas obsessivo-compulsivos. Os especialistas 
ainda não conseguiram descobrir quais são os genes que carregam essa 
predisposição genética para o desenvolvimento de TOC. 
 
Neurocirurgia 
 Existem comprovações de que cerca de 20% dos pacientes não 
respondem somente a medicamentos e a terapias específicas, que são os 
tratamentos mais comuns para combater o TOC. 
 Para essa porcentagem de pacientes é utilizada uma neurocirurgia, em 
que algumas regiões são modificadas a fim de melhorar o estado mental e 
comportamental do paciente. 
 Porém, essa é uma das últimas escolhas para o tratamento, pois, além 
de muito perigosa, implica em abrir a cabeça do paciente, já que as regiões a 
serem alteradas se encontram na massa cinzenta e não no crânio. 
 
Teoria comportamental do TOC 
 O livro TOC: Manual de terapia cognitvo-comportamental para o 
transtorno obsessivo-compulsivo traz uma linha de raciocínio elaborada por 
alguns especialistas sobre o aparecimento e as causas do transtorno 
obsessivo-compulsivo. 
 A terapia comportamental parte do princípio de que os sintomas do TOC 
foram aprendidos e que é possível desaprendê-los. Aprendizagens erradas 
dariam origem aos sintomas e seriam também responsáveis pela sua 
manutenção. 
 Vale a pena conhecer em profundidade os diversos modelos de 
aprendizagem, seus princípios ou leis, suas aplicações para a compreensão 
dos diferentes transtornos mentais e, em especial, suas contribuições para a 
compreensão do TOC. 
 A teoria da aprendizagem procura explicar o motivo pelo qual os 
indivíduos mudam o comportamento na sua interação com o ambiente. De 
acordo com esse modelo, a aquisição de medos seria a alteração do 
comportamento decorrente de experiências com o meio ambiente. 
 Essa forma de explicar a origem dos medos é utilizada não só para os 
temores e evitações do TOC, mas também para os que ocorrem em outros 
transtornos, como nas fobias específicas, na fobia social, no estresse pós- 
traumático e no pânico. 
 Os autores ligados a essa teoria defendem a existência de diferentes 
formas de aprendizagem e dedicam grande esforço para estabelecer suas leis. 
Inúmeros estudos realizados com animais em laboratórios indicaram a 
aquisição de um novo comportamento, como, por exemplo, conseguir 
alimento ou evitar choque elétrico pressionando uma alavanca e os fatores que 
influenciavam a aquisição ou a aprendizagem. 
 Também foram feitas experiências para observar como os animais 
poderiam adquirir (aprender) medos e posteriormente desaprendê-los. 
Especialmente os resultados das últimas pesquisas tiveram aplicações no 
tratamento de problemas clínicos como as fobias e o próprio TOC. 
O condicionamento clássico ou pavloviano 
 Funções fisiológicas inatas (hábitos intestinais, sono, batimentos 
cardíacos, alimentação,

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