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EXCELENTISSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA XX VARA CRIMINAL DA COMARCA DE CURITIBA –PRAluno: Hugo Borges AUTOS N.: 0000000-00-0000.0.00.0000 JORGE, devidamente qualificado nos autos, vem, respeitosamente, diante de Vossa Excelência apresentar ALEGAÇÕES FINAIS Com base no artigo 403, § 3º, CPP, nos termos a seguir aduzidos. 1 – DOS FATOS Jorge, com 18 anos de idade, conheceu Analisa em um bar, linda jovem, por quem se encantou. Após um bate-papo informal, decidiram ir para um local mais reservado. Nesse local trocaram carícias, e Analisa, de forma voluntária, praticou sexo oral e vaginal com Jorge. Jorge trocou telefones e contatos nas redes sociais com Analisa e ao acessar a página de Analisa na rede social, no dia seguinte, descobre que, apesar da aparência adulta, esta possui apenas 13 (treze) anos de idade, tendo Jorge ficado em choque com essa constatação, pois não aparentava ser menor de idade. 2 – DO DIREITO 2.A - DO ERRO SOBRE ELEMENTOS DO TIPO Ao conhecer Analisa em uma balada onde, somente maiores de 18 anos poderiam entrar, linda jovem com formas de mulher e não de menina, naquele momento, não tinha condições de solicitar apresentação da carteira de identidade para confirmar a idade de Analisa, posto que é de se deduzir, ser maior devido ao ambiente e comportamento da jovem, que de forma voluntária praticaram sexo oral e anal. Excelência, observe que em momento algum, o réu teve a intenção de praticar o estrupo, pois houve o consentimento de ambos em ter a referida relação. Além disso, as circunstâncias em que os dois se conheceram, supõe-se uma situação fática, a maioridade da vítima, e não há a menor dúvida, se o réu soubesse dessa condição jamais teria prosseguido, posto que o mesmo ficou em choque ao ter conhecimento do fato. Nos termos do artigo 20, Código Penal, o erro de tipo essencial gera a atipicidade da conduta, o que no caso em tela gera absolvição. Art. 20 - O erro sobre elemento constitutivo do tipo legal de crime exclui o dolo, mas permite a punição por crime culposo, se previsto em lei. Qualquer pessoa seria levada ao erro, face as circunstâncias onde ocorreram os fatos, além disso, não existe previsão da forma culposa no crime de estupro, portanto, a absolvição, é medida que se impõe, com base no artigo 386, III do Código de Processo Penal. Art. 386. O juiz absolverá o réu, mencionando a causa na parte dispositiva, desde que reconheça: III - não constituir o fato infração penal; 2.B - DA EXISTENCIA DE CRIME ÚNICO Subsidiariamente, não sendo aceita a tese de atipicidade da conduta do réu, dever-se-á considerar a existência de crime único e não concurso de crimes, posto que o artigo 217-A do Código Penal tem a seguinte redação: Ter conjunção carnal ou praticar outro ato libidinoso com menor de 14 (catorze) anos, descrevendo mais de uma conduta, alternando-as observamos que atingem o mesmo bem jurídico protegido, a dignidade do menor de 14 anos, portanto um tipo penal misto alternativo (e não cumulativo). Assim, deverá ser afastado o concurso material de crimes para o caso em tela. 2.C - DO AFASTAMENTO DA AGRAVANTE DE EMBRIAGUES PRE-ORDENADA Não há que se falar em embriagues pré-ordenada posto que o réu não estava embriagado ao conhecer Analisa. As testemunhas de acusação não viram o fatos e não houve prova pericial para comprovando. Assim, justa a medida de afastamento da agravante caso não seja reconhecida a atipicidade da conduta. 2.D - DA APLICAÇÃO DA PENA BASE NO MINIMO LEGAL Jorge, é réu primário, possui bons antecedentes, com residência fixa, com boa conduta social, e no caso em tela está claro que não teve a intenção do tipo penal, logo, é justo aplicar a pena base no mínimo legal como medida necessária de reprovabilidade do ato. 2.E. DA APLICAÇÃO DO REGIME SEMI ABERTO Apesar do crime de estupro de vulnerável, artigo 217- A do CP, estar previsto como crime hediondo na lei 8.072/90, conforme artigo 1º, IV. O STF declarou a inconstitucionalidade do artigo 2º, § 1º desta lei, sendo certo que o juiz ao fixar o regime inicial para o cumprimento de pena deve analisar a situação em concreto e não o preceito em abstrato. Assim, diante da ocorrência de crime único, cuja pena no mínimo legal deverá ser fixada em 8 (oito) anos de reclusão, sendo o réu primário e de bons antecedentes, o regime semiaberto é a melhor solução para o réu, pois o artigo 33, §2º, alínea “a”, do CP, impõe o regime fechado para crimes com penas superiores a 8 (oito) anos, o que não é o caso. III – DOS PEDIDOS Ante o exposto, requer: a) Absolvição do réu, com base no art. 386, III, do CPP, por ausência de tipicidade; Caso não seja esse o entendimento de Vossa Excelência, diante da condenação, de forma subsidiária: b) Afastamento do concurso material de crimes, sendo reconhecida a existência de crime único. c) O afastamento da agravante de embriagues pré-ordenada. d) Fixação da pena-base no mínimo legal. e) Fixação do regime semiaberto para início do cumprimento de pena, com base no art. 33, § 2º, alínea “b”, do CP, diante da inconstitucionalidade do artigo 2º, § 1º, da lei 8.072/90. Nestes termos espera deferimento. Curitiba, 03 de março de 2017. Advogado OAB
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