Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Apostila de Processo Civil de Conhecimento DIREITO PROCESSUAL CIVIL Processo Comum Professor Rodolpho Vasconcellos CUIABÁ – MATO GROSSO 1 Apresentação A presente apostila tem por objetivo promover a compreensão e a importância do Direito Processual Civil, assim como apresentar e discutir o significado dos seus institutos fundamentais; de forma a estimular a capacidade de análise, domínio de conceitos e terminologia jurídica, argumentação, interpretação e valorização dos fenômenos jurídicos e sociais envolvidos. Desta maneira, se presta ao desenvolvimento dos acadêmicos de direito no decorrer da graduação, privilegiando a didática e a simplicidade, a fim de facilitar o entendimento da prática processual. Não tem por finalidade esgotar os temas e nem afastar a necessidade de estudo através de doutrinas de autores renomados, mas conferir um material complementar aos estudos dos graduandos. Bons estudos a todos! 2 Sumário Capítulo I -PRAZOS PROCESSUAIS.................................................................................3 Capítulo II–DA COMUNICAÇÃO DOS ATOS PROCESSUAIS............................................4 2.1. Disposições Gerais.....................................................................................................4 2.2. Das Cartas .................................................................................................................4 2.3. Da Citação .................................................................................................................5 2.4. Da Intimação............................................................................................................14 Capítulo III –DA INVALIDADE PROCESSUAL..................................................................16 Capítulo IV – DO PROCESSO E PROCEDIMENTO............................................................20 4.1. Definição..................................................................................................................21 4.2. Classificação Do Processo........................................................................................22 4.3. Classificação Do Procedimento................................................................................23 Capítulo V - DA FORMAÇÃO, DA SUSPENSÃO E DA EXTINÇÃO DO PROCESSO..........27 Capítulo VI - DA PETIÇÃO INICIAL.................................................................................32 Capítulo VII - DA AUDIÊNCIA DE CONCILIAÇÃO OU DE MEDIAÇÃO............................45 Capítulo VIII - DA RESPOSTA DO RÉU............................................................................48 8.1. Contestação.............................................................................................................48 8.2. Reconvenção...........................................................................................................59 8.3. Revelia.....................................................................................................................63 Capítulo IX - DAS PROVIDÊNCIAS PRELIMINARES.........................................................67 Capítulo X - DO JULGAMENTO CONFORME O ESTADO DO PROCESSO........................70 Capítulo XI - DO SANEAMENTO E DA ORGANIZAÇÃO DO PROCESSO..........................74 Referencias Bibliográficas..............................................................................................77 3 CAPÍTULO I - PRAZOS PROCESSUAIS Art. 218. Os atos processuais serão realizados nos prazos prescritos em lei. § 1. Quando a lei for omissa, o juizdeterminará os prazos em consideração àcomplexidade do ato. § 2. Quando a lei ou o juiz não determinarprazo, as intimações somente obrigarãoa comparecimento após decorridas48 (quarenta e oito) horas. § 3.Inexistindo preceito legal ou prazodeterminado pelo juiz, será de 5 (cinco) diaso prazo para a prática de ato processual acargo da parte. É tempestivaa prática do ato processual que ocorredentro do prazo. No entanto, acaso a partese adiante à respectiva intimação e pratiqueo ato antes do termo inicial do prazo quejoga a favor da duração razoável do processo(art.4. CPC)nãoháquesefalaremintempestividade. O ato praticado antes do termoinicial é tempestivo (art. 218, § 4, CPC).Superada a súmula 418, STJ (expressamentenesse sentido ainda o art.l, § 5, CPC). Art. 219. Na contagem de prazo emdias, estabelecido por lei ou pelo juiz, computar-se- ão somente os dias úteis. Contagem dias úteis. Ao contrário doCódigo Buzaid, que determinava a continuidadedos prazos, o novo Código dispõe queos prazos processuais, os prazos materiais, como os prazos prescricionais e decadenciais,somente serão contados nosdias úteis (art. 219, CPC). Vale dizer: nãosão contados os sábados, os domingos e osdemais feriados legais (art. 216, CPC). Nãoé possível, portanto, que qualquer termo finalrecaia em feriados forenses. Art. 220. Suspende-se o curso do prazoprocessual nos dias compreendidos entre20 de dezembro e 20 de janeiro, inclusive. § 2. Durante a suspensão do prazo,não se realizarão audiências nem sessõesde julgamento. Art. 226. O juiz proferirá: I -os despachos no prazo de 5 (cinco)Dias; II- as decisões interlocutórias no prazode 10 (dez) dias; III- as sentenças no prazo de 30 (trinta)dias. OBS: Os prazos dos juízes são impróprios, ou seja, não geram sanção em caso de descumprimento, diferentemente dos prazos próprios destinados as partes, que em caso de descumprimento geram uma situação de desvantagem. 4 CAPÍTULO II 2. DA COMUNICAÇÃO DOS ATOS PROCESSUAIS 2.1 Disposições Gerais Art. 236. Os atos processuais serão cumpridos por ordem judicial. § 1. Será expedida carta para a prática de atos fora dos limites territoriais do tribunal, da comarca, da seção ou da subseção judiciárias, ressalvadas as hipóteses previstas em lei. § 2. O tribunal poderá expedir carta para juízo a ele vinculado, se o ato houver de se realizar fora dos limites territoriais do local de sua sede. § 3. Admite-se a prática de atos processuais por meio de videoconferência ou outro recurso tecnológico de transmissão de sons e imagens em tempo real. Acolhe-se a prática de atos processuais por videoconferência ou outro recurso tecnológico de transmissão de sons e imagens em tempo real. Se aceita, por exemplo, sustentação oral por videoconferência (art. 937, § 4 CPC). 2.2 Das Cartas Art. 237. Será expedida carta: I- de ordem, pelo tribunal, na hipótese do § 2. do art. 236; II- rogatória, para que órgão jurisdicional estrangeiro pratique ato de cooperação jurídica internacional, relativo a processo em curso perante órgão jurisdicional brasileiro; III- precatória, para que órgão jurisdicional brasileiro pratique ou determine o cumprimento, na área de sua competência territorial, de ato relativo a pedido de cooperação judiciária formulado por órgão jurisdicional de competência territorial diversa; IV- arbitral, para que órgão do PoderJudiciário pratique ou determine o cumprimento,na área de sua competência territorial,de ato objeto de pedido de cooperaçãojudiciária formulado por juízo arbitral,inclusive os que importem efetivação detutela provisória. Parágrafo único. Se o ato relativo a processoem curso na justiça federal ou emtribunal superior houver de ser praticadoem local onde nãohaja vara federal, a cartapoderá ser dirigida ao juízo estadual darespectiva comarca. As cartas são comunicações de atos processuais entre autoridades judiciais via de regra. São quatro asespécies de cartas: A primeira é a carta de ordem que é emanada de Órgão Superior para que o magistrado de instancia inferior cumpra um ato processual; Para a expedição de carta de ordem é obrigatório a existência de vinculação funcional entre o tribunal que a expede e o juiz que a recebe para cumprimento. A expedição da carta de ordem serve à conveniência de o tribunal delegar a realização dos mais variados atos processuais para as instâncias que se encontram a ele vinculadas. 5 A segunda é a carta rogatória, que ocorre entre autoridades judiciáriasde países diferentes, ou seja, nada mais é do que o requerimento dirigido à autoridade judiciária estrangeira, para que realize um ato processual; As cartas rogatórias podem ser ativas ou passivas. As passivas são aquelas enviadas por autoridades judiciárias estrangeiras para cumprimento no Brasil; Enquanto as ativas são as expedidas pelos órgãos jurisdicionais nacionais para cumprimento em outros países (arts. 35 e 36, CPC). A terceira é a carta precatória, cujafunção está em possibilitar o cumprimentode atos processuais ordenados por um órgãojurisdicional em comarca ou subseção judiciária nacional diversa daquela onde exerce jurisdição. A carta precatória serve para que um juízo possa solicitar a prática de determinado ato processual fora dos domínios de sua comarca ou subseção judiciária. Pressupõe para sua expedição o mesmo nível de hierarquia entre os juízos deprecante e deprecado ou a ausência de vinculação entre determinado juízo e tribunal. A quarta e ultima é a carta arbitral, cuja função estáem possibilitar a cooperação entre o PoderJudiciário e o juízo arbitral. As cartas podemter objeto a prática de atos processuais de comunicação,instrução e constrição. As cartasde ordem, rogatórias, precatórias expedidascom fins probatórios podem suspender oprocesso (art. 377, CPC). 2.3. Da Citação Art. 238. Citação é o ato pelo qual sãoconvocados o réu, o executado ou o interessadopara integrar a relação processual. A citação é uma densificaçãodo direito fundamental à ampla defesa (art.5,LV, CF)visaaoutorgarao demandadociência efetiva dos termos em que proposta aação, a integrá-lo como parte no processo epossibilitar a sua adequada reação em juízo.Constitui um dos elementos centrais de nossoprocesso justo. Diferentemente do que ocorria em relação ao direito anterior, que era pensado a partir do conceito de lide e da sua solução judicial, o novo Código não refere que a citação é o ato que integra o réu ao processo a fim de se defender. Isso porque a regra no procedimento comum é que a citação é para a audiência de conciliação (art. 334, CPC). Trata-se de manifestação de uma mudança de perspectiva: a citação não é para a defesa, porque o ideal é que o processo seja resolvido por autocomposição das partes (art. 3. § 2. CPC). 6 A citação abre a oportunidade não só de o demandado comparecer em audiência (art. 334, CPC) ou apresentar contestação (art. 335, CPC). Outras possíveis atitudes lhe são reconhecidas pelo nosso ordenamento jurídico. Pode o réu responder ao pedido do autor contestando ou reconvindo ou fazendo as duas coisas ao mesmo tempo (art. 343, CPC). Pode ainda alegar impedimento ou suspeição do juiz por petição específica (art. 146, CPC). Pode ainda reconhecer o pedido total ou parcialmente (art.487,III,a,CPC),provocar a intervenção coacta de um terceiro (arts.126 e 131, CPC –que deve ser feito na contestação) e nada fazer, com o que será revel (art. 344, CPC). Art. 239. Para a validade do processo é indispensável a citação do réu ou do executado, ressalvadas as hipóteses de indeferimento da petição inicial ou de improcedência liminar do pedido. § 1. O comparecimento espontâneo do réu ou do executado supre a falta ou a nulidade da citação, fluindo a partir desta data o prazo para apresentação de contestação ou de embargos à execução. § 2. Rejeitada a alegação de nulidade, tratando-se de processo de: I - conhecimento, o réu será considerado revel; II- execução, o feito terá seguimento. A citação é indispensável para a validade do processo e representa uma condição para concessão da tutela jurisdicional. Não se trata de requisito de existência do processo. O processo existe sem a citação: apenas não é válido, acaso desenvolva- se em prejuízo do réu sem a sua participação. A inexistência de citação só pode ser suprida pela apresentação espontânea do demandado. Comparece espontaneamente ao processo aquele que nele toma parte independentemente de citação. Nessa situação, o prazo para contestação ou para os embargos à execução começa a ser contado a partir do primeiro dia útil subsequente à apresentação da parte em juízo. Uma vez rejeitada a alegação de inexistência ou nulidade no início da fase de conhecimento do procedimento comum, o réu será considerado revel (art. 239, § 2, I, CPC). Vale dizer: a contestação deve ser considerada ineficaz, porque intempestiva. Art. 240. A citação válida, ainda quando ordenada por juízo incompetente, induz litispendência, torna litigiosa a coisa e constitui em mora o devedor, ressalvado o disposto nos arts. 397 e 398 da Lei 10.406,de 10 de janeiro de 2002 (Código Civil). § 1. A interrupção da prescrição, operada pelo despacho que ordena a citação, ainda que proferido por juízo incompetente, retroagirá à data de propositura da ação. § 2. Incumbe ao autor adotar, no prazo de 10 (dez) dias, as providências necessárias para viabilizar a citação, sob pena de não se aplicar o disposto no§ 1. § 3. A parte não será prejudicada pela demora imputável exclusivamente ao serviço judiciário. § 4. O efeito retroativo a que se refereo§ 1.0 aplica-se à decadência e aos demaisprazos extintivos previstos em lei. 7 A citação válida produz três efeitos típicos: mesmo que ordenada por juiz incompetente (material ou relativamente), induz litispendência, faz litigiosa a coisa e constitui em mora o devedor, ressalvadas as hipóteses em que o direito material dispõe de forma diversa (por exemplo, arts. 397 e 398, CC). Atente-se que outros efeitos lhe seguem, como a vedação à adição ou alteração do pedido e da causa de pedir sem o consentimento do réu (art. 329, I, CPC), a vedação à sucessão das partes, salvo nos casos permitidos em lei (art. 108, CPC) e a fixação do estado da lide, cuja mudança pode dar lugar à caracterização de ato atentatório à dignidade da jurisdição (art. 77, VI,§§ 2.0 e 7, CPC). Diversamente do que ocorria no direito anterior, a citação não previne em qualquer hipótese o juízo é a propositura da petição inicial (o seu registro ou a sua distribuição) que torna o juízo prevento (arts. 59,284 e 312, CPC). Pela sistemática do novo Código, a citação também não interrompe a prescrição: o que a interrompe é o despacho que a ordena, sempre com eficácia retroativa à data da propositura da ação (art. 240, § 1., CPC). Litispendência. É valido destacar que a litispendência tem por efeito obstar a coexistência de mais de um processo com o mesmo objeto, causa de pedir e partes (art.337, § 3, CPC). Assim, a litispendência nada mais é do que o ajuizamento de ação idêntica a outra já em andamento. Litigiosidade da coisa. É tudo aquilo que está sendo discutido em juízo. A relação réu e autor torna litigiosa quando ajuíza ação para disputa de direito que se entende próprio. Exemplo: comprei uma casa deuma pessoa que era dona, mas os documentos estavam ainda em tramitação no cartório. Esta pessoa vendedora morre e os herdeiros entram com uma ação para rever a casa, assim está ajuizada uma ação que a decisão será em processo litigioso e não de comum acordo. Constituição em mora. Mora é assunto de direito material. Consiste na impontualidade no cumprimento de uma obrigação. Pode se dar tanto por parte do devedor (mora debendi) como por parte do credor (mora accipiendi ou credendi). Considera-se em mora o devedor que não efetuar o pagamento e o credor que não quiser recebê-lo no tempo, lugar e forma que a lei ou a convenção estabelecer (art.394, CC). O inadimplemento da obrigação, positiva e líquida, no seu termo,constitui de pleno direito em mora o devedor(art. 397, CC). Não havendo termo, 8 aí amoraconstitui-se mediante interpelação judicial ouextrajudicial (art. 397, parágrafo único, CC). Interrupção da prescrição. O despacho do juiz que ordena a citação interrompe a prescrição (arts. 202, I, CC, e 240, § 1.CC). Só é possível interromper a prescrição uma única vez (art. 202, CC). Determinada a citação, a eficácia interruptiva do despacho que a determina retroage ao momento de propositura da ação (arts. 240, § 1, 284 e 312, CPC). O objetivo do legislador é evitar a prescrição da pretensão alegada pelo demandante por motivos alheios à sua vontade, pois a partir da propositura da ação perde o demandante quase completamente o controle sobre a tramitação do feito. O art. 240, § 1, CPC, representa uma norma que protege o demandante de eventuais demoras do Estado no recebimento da petição inicial como de eventuais manobras do demandado de furtar-se à citação. Art. 242. A citação será pessoal, podendo, no entanto, ser feita na pessoa do representante legal ou do procurador do réu, do executado ou do interessado. § 1. Na ausência do citando, a citação será feita na pessoa de seu mandatário, administrador,preposto ou gerente, quando a ação se originar de atos por eles praticados. § 2. O locador que se ausentar do Brasil sem cientificar o locatário de que deixou, na localidade onde estiver situado o imóvel, procurador com poderes para receber citação será citado na pessoa do administradordo imóvel encarregado do recebimento dos aluguéis, que será considerado habilitado para representar o locador em juízo. § 3. A citação da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Municípios e de suas respectivas autarquias e fundações de direito público será realizada perante o órgão de Advocacia Pública responsável por sua representação judicial. Pessoalidadeepessoa física. A citaçãotem de ser pessoal a fim de que dê ciênciaefetiva e adequada à parte. Considera-sepessoal a citação se realizada diretamente àparte, ao seu representantelegal ou ao seu procuradorlegalmente autorizado. Os incapazessão citados nas pessoas de seus representantes legais (art. 3, CC) ou conjuntamente comesses, queassistirãoaoato(art.4.0 ,CC).Tendo procuradorlegalmente autorizado a receber citação, podea parte ser nele citada. Pessoalidade e pessoa jurídica.Sendo a demandada pessoa jurídica, a regraé a sua citação na pessoa de seu representantedevidamente indicado no seu estatuto oucontrato social. No entanto, será válida aentrega do mandado a pessoa com poderes degerência geral ou de administração ou, ainda,a funcionário responsável pelo recebimentode correspondências (art. 248, § 2, CPC). Fazenda Pública. A citação da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Municípios e de suas respectivas autarquias e fundações de direito público será 9 realizada, perante o órgão de Advocacia Pública responsável por sua representação judicial (art. 242, § 3, CPC). Art. 243. A citação poderá ser feita em qualquer lugar em que se encontre o réu, o executado ou o interessado. Parágrafo único. O militar em serviço ativo será citado na unidade em que estiver servindo, se não for conhecida sua residência ou nela não for encontrado. Art. 244. Não se fará a citação, salvo para evitar o perecimento do direito: I -de quem estiver participando de ato de culto religioso; II- de cônjuge, de companheiro ou de qualquer parente do morto, consanguíneoou afim, em linha reta ou na linha colateral em segundo grau, no dia do falecimento enos 7 (sete) dias seguintes; III - de noivos, nos 3 (três) primeiros dias seguintes ao casamento; IV - de doente, enquanto grave o seu estado. Via de regra a citação pode ser efetuada em qualquer lugar em que se encontre o demandado. As quatro situações de vedação à citação (art. 244, CPC), prestigiam àdignidade da pessoa humana (art. 1 , III,CF), à proteção à liberdade de culto (art. 5.VI, CF) e à solidariedade entre as pessoas (art.3. I, CF), salvo paraevitar o perecimento do direito. A infração aoart. 244, CPC, constitui causa de ineficáciada citação. Art. 245. Não se fará citação quando se verificar que o citando é mentalmente incapaz ou está impossibilitado de recebê-la. § 1. O oficial de justiça descreverá.e certificará minuciosamente a ocorrência. § 2. Para examinar o citando, o juiz nomeará médico, que apresentará laudo no prazo de 5 (cinco) dias. § 3. Dispensa-se a nomeação de que trata o§ 2. se pessoa da família apresentar declaração do médico do citando queateste a incapacidade deste. § 4. Reconhecida a impossibilidade, o juiz nomeará curador ao citando, observando, quanto à sua escolha, a preferência estabelecida em lei e restringindo a nomeação à causa. §.5. A citação será feita na pessoa do curador, a quem incumbirá a defesa dos interesses do citando. Art. 246. A citação será feita: I - pelo correio; II - por oficial de justiça; III - pelo escrivão ou chefe de secretaria, se o citando comparecer em cartório; IV- por edital; V- por meio eletrônico, conforme regulado em lei. Alem desses cinco meios de citação há ainda a classificação doutrinária que divide em citação pessoal ou ficta. A real diferença entre ambas às figuras é que naprimeira é certa a ciência do citando quanto à propositura da ação, ao passo que na 10 segunda há mera presunção de que o demandado tem conhecimento da existência da demanda. A citação pessoal faz-se diretamente ao citando ou ao seu representante legal com poderes para representá-lo em juízo. A citação ficta conta com a possibilidade de terceiro levar ao citando a notícia da propositura da ação. São formas de citação ficta no direito brasileiro a citação por oficial de justiça com hora certa e a citação por edital. Art. 247. A citação será feita pelo correiopara qualquer comarca do país, exceto: I - nas ações de estado, observado odisposto no art. 695, § 3. II - quando o citando for incapaz; III - quando o citando for pessoa dedireito público; IV- quando o citando residir em localnão atendido pela entrega domiciliar decorrespondência; V- quando o autor, justificadamente, arequerer de outra forma. Correio. A citação pelo correio é a forma padrão de citação no direito brasileiro, modalidade essa que visa a outorgar maior agilidade na comunicação dos atos processuais. Segundo novo CPC apenas a citação eletrônica prefere à citação pelo correio nos casos previstos em lei (art. 246, §§ 1 e 2, CPC), dado que é ainda mais ágil. Exceto, por disposição legal ou de vontade justificada da parte em contrário, a citação será feita pela via postal para qualquer comarca ou subseção judiciária do país. É absolutamente desnecessária a expedição de carta precatória para tanto. A citação será realizada por oficial de justiça nas hipóteses excetuadas pelo art. 247. Essa modalidadede citação foi prestigiada pelo legislador nessas hipóteses ora em face da necessidade de maior segurança (incisos I, II e III), ora em atenção à eventual inaptidão do serviço postal para realizar a citação (inciso IV) e ora em atenção ao valor que se reconhece à possibilidade de o demandante preferir justificadamente outro meio de citação que não pelo correio (inciso V). As ações de estado são aquelas que concernem à posição da pessoa diante do ordenamento jurídico (exemplos: separação judicial, divórcio, anulação de casamento, interdição, investigação de paternidade etc.), sendo sempre feita na pessoa do réu (art. 695, § 3 CPC). Para o art. 247, inciso II, CPC, incapaz é o civilmente incapaz (arts. 3 e 4, CC),quenão tem condições de compreender adequadamente o conteúdo da correspondência escrita (pense-se, por exemplo, no analfabeto e naqueles que são portadores de necessidades especiais pela ausência de visão). 11 São pessoas jurídicas de direito público aquelas pessoas que têm personalidade de direito público (União, Estados, Municípios, Distrito Federal, suas autarquias e fundações públicas). Não entram no conceito de pessoa jurídica de direito público as empresas públicas e as sociedades de economia mista, que são pessoas jurídicas compersonalidade de direito privado. No caso de preferência do autor por outro meio, é preciso justificar as razões pelas quais a citação pelo correio não atende aos seus interesses. Art. 249. A citação será feita por meio de oficial de justiça nas hipóteses previstas neste Código ou em lei, ou quando frustrada a citação pelo correio. Far-se-á a citação poroficial de justiça em casos especiais (incisos do art. 247, CPC), subsidiariamente, quando frustrada a citação pelo correio. A citação por oficial de justiça realiza-se por mandado judicial. Art. 251. Incumbe ao oficial de justiça procurar o citando e, onde o encontrar, citá-lo: I- lendo-lhe o mandado e entregando-lhe a contrafé; II - portando por fé se recebeu ou recusou a contrafé; III- obtendo a nota de ciente ou certificando que o citando não a apôs no mandado. O procedimento da citação consubstancia-se naleitura do mandado e na entrega da contrafé.Tem o oficial posteriormente dever de certificar se odemandado recebeu ou recusou-se a receber acontrafé. Tem ainda de colher a nota de cientedo réu; havendo recusa desse, tem de certificar que o demandado não recebeu ou não assinou o mandado. Os atos do oficial de justiça têm fé pública,vinculada a sua existência ao atendimento dasexigências de forma do artigo em comento. Art. 252. Quando, por2 (duas) vezes, o oficial de justiça houver procurado o citando em seu domicílio ou residência sem o encontrar, deverá, havendo suspeita de ocultação, intimar qualquer pessoa da família ou, em sua falta, qualquer vizinho de que, no dia útil imediato, voltará a fim de efetuar a citação, na hora que designar. Parágrafo único. Nos condomínios edilícios ou nos loteamentos com controle de acesso, será válida a intimação a que se refere o caput feita a funcionário da portaria responsável pelo recebimento de correspondência. Citação por hora certa. No código de processo civil de 1973 para configurar efetuar a citação por hora certa o oficial deveria visitar o endereço declinado na inicial por 3 vezes. Segundo a nova sistemática é forma especial de citação por oficial de justiça, será realizada após a procura por 2 dias. 12 Dois os requisitos que legitimam a citação comhora certa: a efetiva procura do citando e a suspeita de ocultação. Concorrendo os pressupostos, tem o oficial de intimar qualquer pessoa da família do citando ou em sua falta qualquer vizinho de que esteve à procura do demandado. A rigor, basta que a pessoa intimada seja próxima ao citando e que essa proximidade inspire no oficial, com certo grau de segurança, a confiança que a notícia de seu retorno a ele chegará. Já se decidiu, por exemplo, que é válida a intimação realizada na pessoa do porteiro do edifício do citando. O oficial de justiça tem o dever de indicar à pessoa intimada o dia e o horário que retornará a fim de citar o demandado. E necessário que seja no dia útil imediato. Art. 253. No dia e na hora designados,o oficial de justiça, independentemente denovo despacho, comparecerá ao domicílioou à residência do citando a fim de realizara diligência. § 1. Se o citando não estiver presente,o oficial de justiça procurará informar-sedas razões da ausência, dando por feita acitação, ainda que o citando se tenha ocultado em outra comarca, seção ou subseçãojudiciárias. § 2. A citação com hora certa será efetivadamesmo que a pessoa da família ouo vizinho que houver sidointimado estejaausente, ou se, embora presente, a pessoaa família ou o vizinho se recusar a recebero mandado. § 3. Da certidão da ocorrência, o oficialde justiça deixará contrafé com qualquerpessoa da família ou vizinho, conforme ocaso, declarando-lhe o nome. § 4. O oficial de justiça fará constar domandado a advertência de que será nomeadocurador especial se houver revelia. Art. 254. Feita a citação com hora certa,o escrivão ou chefe de secretaria enviará aoréu, executado ou interessado, no prazo de10 (dez) dias, contado da data da juntadado mandado aos autos, carta, telegrama oucorrespondência eletrônica, dando-lhe detudo ciência. Art. 255. Nas comarcas contíguas defácil comunicação e nas que se situem namesma região metropolitana, o oficial dejustiça poderá efetuar, em qualquer delas, citações, intimações, notificações, penhorase quaisquer outros atos executivos. Art. 256. A citação por edital será feita: I - quando desconhecido ou incerto ocitando; II-quando ignorado, incerto ou inacessívelo lugar em que se encontrar o citando; III - nos casos expressos em lei. § 1. Considera-se inacessível, para efeitode citação por edital, o país que recusar o cumprimento de carta rogatória. § 2. No caso de ser inacessível o lugarem que se encontrar o réu, a notícia desua citação será divulgada também pelorádio, se na comarca houver emissora deradiodifusão. § 3. O réu será considerado em localignorado ou incerto se infrutíferas as tentativasde sua localização, inclusive medianterequisição pelo juízo de informações sobreseu endereço nos cadastros de órgãospúblicos ou de concessionárias de serviçospúblicos. 13 Desconhecido ou incerto. Citandodesconhecido é o que não se conhece, o queé ignorado pelo demandante. O réu incertonão é o desconhecido: é sobre o qual se temdúvidas. A incerteza pode ser oriunda deserem muitos os réus, sem individuação eidentificação possível. Ignorado, incerto ou inacessível.Lugar ignorado é o que não se conhece; incerto,é o local sobre o qual não se tem certeza;inacessível, o que não se pode alcançar. Levando em consideração anecessidade de colaboração judicial (art. 6. CPC), o novo Código refere que o juiz temo dever de auxiliar o autor na localização doréu, inclusive oficiando aos órgãos públicose às concessionárias de serviços públicos. A citação por edital já realizada tem de ser divulgada pelo rádio, desde que haja radiodifusão na comarca ou subseção judiciária ou que essa se encontre abrangida por frequência radiofônica de radio difusão de outra comarca ou subseção judiciária. O objetivo é alcançar-se a maior divulgação possível da citação. A divulgação pelo rádio tem de se darem qualquer hipótese em que haja citação por edital, tendo em conta o aumento de chances de comunicar-se ao citando a existência do processo que se tem com a divulgação radiofônica. Ao citado poredital, se revel, dar-se-á curador especial (art. 72, II, CPC). ''Ao executado que, citado por edital ou por hora certa, permanecer revel, será nomeado curador especial, com legitimidade para apresentação de embargos" (súmula 196, STJ). Art. 257. São requisitos da citação poredital: I - a afirmação do autor ou a certidão do oficial informando a presença das circunstâncias autorizadoras; II- a publicação do edital na rede mundial de computadores, no sítio do respectivo tribunal e na plataforma de editais do Conselho Nacional de justiça, que deve ser certificada nos autos; III-a determinação, pelo juiz, do prazo,que variará entre 20 (vinte) e 60 (sessenta)dias, fluindo da data da publicação únicaou, havendo mais de uma, da primeira; IV-a advertência de que será nomeadocurador especial em caso de revelia. Parágrafo único. O juiz poderá determinarque a publicação do edital seja feitatambém em jornal local de ampla circulaçãoou por outros meios, considerando aspeculiaridades da comarca, da seção ou dasubseção judiciárias. O edital tem de conter osmesmos requisitos do mandado de citação(art. 5.0 , LV, CF). Deferida a citaçãopor edital, tem esse de ser publicado na redemundial de computadores, no sítio do respectivotribunal e na plataforma de editais doConselho Nacional de Justiça, que deve sercertificada nos autos (art. 257, II, CPC). 14 Ojuiz poderá determinar ainda que a publicaçãodo edital seja feita também em jornal localde ampla circulação ou por outros meios,considerando as peculiaridades da comarca,da seção ou da subseção judiciária (art. 257,parágrafo único, CPC). O art.257, CPC, aludeao prazo de20 (vinte)a 60 (sessenta) dias em que se presume que oréu possa tomar contato com o edital (art. 257,III, CPC). Trata-se de prazo de espera e não seconfunde de modo nenhum com o prazo que odemandado tem para oferecer defesa. O prazode espera, que deve ser fixado pelo juiz no editalentre20 (vinte) e 60 (sessenta) dias, começaafluir a partir da publicação única ou da primeirapublicação do edital, sendo contado a partir doprimeiro dia útil subsequente. O prazo para odemandado oferecer defesa começa a fluir nodia em que findar o prazo de espera assinadopelo juiz (art. 231, IV, CPC), sendo contadoa partir do primeiro dia útil subsequente (art.224, § 3, CPC). Art. 258. A parte que requerer a citaçãopor edital, alegando· dolosamente aocorrência das circunstâncias autorizadoraspara sua realização, incorrerá em multa de5 (cinco) vezes o salário-mínimo. Parágrafo único. A multa reverterá embenefício do citando. Caso a parte requeira a citação por edital alegando dolosamenteos requisitos do art. 256, I e II, CPC, podesofrer sanção civil correspondente à multade 5 (cinco) vezes o salário mínimo, sendobeneficiário dessa o citando. A aplicaçãodessa multa é incidenter litis. Pode ainda sofrersanção penal (arts. 299 e 347, CP). Essassanções não se aplicam se o demandanteapenas erra nas suas afirmações em juízo arespeito dos incisos I e II do art. 256, CPC. A citação por edital realizada com base em alegações falsas é nula. 2.4. Das Intimações Art. 269. Intimação é o ato pelo qual se dá ciência a alguém dos atos e dos termos do processo. § 1. É facultado aos advogados promover a intimação do advogado da outra parte por meio do correio, juntando aos autos, a seguir, cópia do ofício de intimação e do aviso de recebimento. § 2. O ofício de intimação deverá ser instruído com cópia do despacho, da decisãoou da sentença. § 3. A intimação da União, dos Estados,do Distrito Federal, dos Municípios ede suas respectivas autarquias e fundaçõesde direito público será realizada peranteo órgão de Advocacia Pública responsávelpor sua representação judicial. A intimação é o ato que dá ciência a alguém dos atos processuaispara que faça ou deixe de fazer algumacoisa. A ciência inequívoca do participantedo processo a respeito de determinado atoprocessual pode, contudo, fazer dispensávela sua intimação. Ex: Não há necessidade de intimação das partes da sentença prolatada em audiência. 15 Adiferença básica entra a citação e a intimaçãoé que a primeira dá ciência ao demandado dapropositura da ação, ao passo que a segunda serefere aos demais atos do processo e pode terpor destinatário qualquer um que participedo processo. A intimação pode serdireta ou indireta. A intimação direta é aquela em que o advogado de umaparte intima o advogado da outra por meiodo correio, juntando aos autos, a seguir, cópiado ofício de intimação e do aviso de recebimento.A intimação deve ser instruída comcópia do despacho, da decisão ou da sentença.A intimação indireta é aquela realizada porintermédio do Poder Judiciário, que podeocorrer por meio eletrônico (art. 270, CPC),publicação no órgão oficial (art. 272, CPC),pelo correio (art. 273, II, CPC), por termonos autos (art. 274, CPC) ou por oficial dejustiça (art. 275, CPC). Admitem-se aindaintimação por hora certa e intimação poredital (art. 275, § 2.0 , CPC). Art. 270. As intimações realizam-se,sempre que possível, por meio eletrônico,na forma da lei. · Parágrafo único. Aplica-se ao MinistérioPúblico, à Defensoria Pública e à AdvocaciaPública o disposto no § 1.do art. 246. Com o objetivo dereduzir o tempo do processo, o novo Código prevêque as intimações realizam-se, sempre quepossível, por meio eletrônico, na forma dalei (art. 5.0 , Lei 11.419, de 2006). A fim deviabilizar a paulatina realização das intimaçõespor meio eletrônico, o art. 270, parágrafoúnico, CPC, determina que o MinistérioPúblico, a Defensoria Pública e a AdvocaciaPública mantenham cadastro nos sistemasde processo em autos eletrônicos (art.246, §1 , CPC).A intimação eletrônica é o meiopreferencial para realização das intimaçõesno novo Código. Art. 272. Quando não realizadas pormeio eletrônico, consideram-se feitas asintimações pela publicação dos atos noórgão oficial. Art. 274. Não dispondo a lei de outromodo, as intimações serão feitas às partes,aos seus representantes legais, aos advogadose aos demais sujeitos do processo pelo correio ou, se presentes em cartório, diretamentepelo escrivão ou chefe de secretaria. Parágrafo único. Presumem-se válidas asintimações dirigidas ao endereço constantedos autos, ainda que não recebidas pessoalmentepelo interessado, se a modificaçãotemporária ou definitiva não tiver sidodevidamente comunicada ao juízo, fluindoos prazos a partir da juntada aos autos do comprovante de entrega da correspondênciano primitivo endereço. As intimaçõesserão feitas às partes, seus representanteslegais, aos advogados e , salvo disposição legal em contrário, aos demais sujeitosdo processo pelo correio ou, se presentesem cartório ou secretaria, diretamente peloescrivão ou chefe de secretaria (arts. 273 e274,CPC). 16 As partes, seus representanteslegais e seus advogados têm o dever demanter atualizados nos autos seus endereçosfísicos e eletrônicos. Presumem-se válidas asintimações dirigidas ao endereço constantedos autos, ainda que não recebidas pessoalmentepelo interessado, se a modificaçãotemporária ou definitiva não tiver sido devidamentecomunicada ao juízo, fluindo os prazosa partir da juntada aos autos do comprovantede entrega da correspondência no primitivoendereço (art. 274, parágrafo único, CPC). Art. 275. A intimação será feita por oficialde justiça quando frustrada a realizaçãopor meio eletrônico ou pelo correio. Frustrada a intimaçãopor meio eletrônico ou pelo correio,tem essa de ser realizada por oficial de justiça.A intimação por oficial de justiça tem carátersubsidiário. É expressamente admitidapelonovo Código a intimação porhora certa. Presentes os requisitos legais (art.252, CPC), é possível realizá-la. Segue- seanalogicamente o procedimento do art. 253,CPC.É expressamente admitida pelonovo Código a intimação por edital. Presentesos requisitos legais (arts. 256 e 257, CPC), épossível realizá-la. Segue-se analogicamenteo procedimento do art. 257, CPC. Capitulo III. DA INVALIDADE PROCESSUAL (NULIDADES) O respeito a forma no processo serve à segurança jurídica, à igualdade e à liberdade das partes. A sua infração pode levar à consequência de considerar-se nulo o ato processual. A invalidade processual é o resultado de uma apreciação judicial a respeito da relevância de determinadainfração à forma de um ato processual. Não existem nulidades de pleno direito no processo civil, porquanto toda invalidade processual deve ser decretada pelo juiz. Atéa manifestação jurisdicional, o ato pode ser desconforme ao seu modelo legal, mas jamais se pode dizê-lo nulo.Todos os atos processuais são válidos e eficazes até que se decretem assuas invalidades. Várias são as teorias que procuram organizar o tema invalidades processuais. Já seprocurou classificar as nulidades processuaisem nulidades cominadas e nulidades nãocominadas, em nulidades absolutas, nulidadesrelativas e anulabilidades, em nulidadesabsolutas e nulidades relativas. Parece-nosadequado, todavia, trabalhar nos domíniosdo direito processual civil simplesmentecom o termo invalidade ou nulidade. O atoprocessual será nulo sempre que a infraçãoà forma comprometer os fins de justiça doprocesso. Docontrário, o ato processual é válido. Não hánulidade se os fins de justiça do processoforem alcançados; não há nulidade se realizadaa finalidade do ato processual; não háinvalidade sem prejuízo (pas de 17 nullitésansgrief. O sistema do Código de ProcessoCivil em tema de nulidades foi pensado econstruído para que não se decretem invalidades. Do momento em que se reconheceo contraditório como direito fundamentalde participar do processo einfluenciar asdecisões judiciais e que se visualiza no órgãojurisdicional (arts. 7. , 9. e 10., CPC),vale dizer, o dever de consulta às partes,próprio ao princípio da colaboração (art.6., CPC), não pode o órgão jurisdicionaldecretar qualquer invalidade processual semantes ter ouvido-as a respeito da questão.Com o prévio diálogo evitam-se decisõesque possam surpreender os litigantes. Ainda,o novo Código é claro em preferir soluçõesde mérito- que enfrentem efetivamente asalegações concernentes ao direito material em detrimento de soluções puramenteprocessuais: não só porque destacou entresuas linhas fundamentais o direito à tutelajurisdicional tempestiva (art. 4. CPC),que constitui clara expressão do princípioda economia processual, mas também porforça do dever de colaboração judicial (art.6.,CPC),que implica dever de prevençãojudicial a respeito de eventuais usos formais equivocados do processo e que em inúmeraspassagens impõe ao juiz, antes de não conhecerde determinada alegação da parte porquestões formais ou de extinguir o processosem resolução de mérito, a oportunizaçãoda sanção dos defeitos formais pelas partes(por exemplo, arts. 139, VIII e IX, e 317,CPC). Art. 276. Quando a lei prescrever determinadaforma sob pena de nulidade, adecretação desta não pode ser requeridapela parte que lhe deu causa. Proibição do venirecontra factumproprium. Não é dado a nenhum participantedo processo postular a· decretaçãode invalidade a que deu causa. Trata-se deproibição de evidente sentido ético: prestigiaa confiança e concretiza a boa-fé no processo(art. 5, CPC). Ao praticar ato viciado, aparte vê logicamente preclusa a possibilidadede alegar o vício a que deu causa (preclusãológica). Nem o alleganspropriamturpitudinemauditur. Nesse sentido, já sedecidiu, por exemplo, que não pode a partepostular a decretação da nulidade do processopor defeito na sua própria representação processual. Art. 277. Quando a lei prescrever determinadaforma, o juiz considerará válidoo ato se, realizado de outro modo, lhe alcançara finalidade. Se a finalidade do atoprocessual foi alcançada, nada obstante nãotenha sido praticado pela forma exigida pelalegislação, o ato é válido. Impensável, nessascondições, a decretação de sua invalidade. Nãose deve decretar nenhuma 18 invalidade quandoo objetivo do ato foi alcançado sem prejuízo para as partes semprejuízo para os fins de justiça do processoNote-se que o novo Código não aludemais à cominação de nulidade: trata-se decategoria que desapareceu do novo Código.No mais, não interessa cogitar se se trata denulidade absoluta, relativa ou anulabilidadepara incidência do artigo em comento, queé aplicável a propósito de toda e qualquerespécie de defeito processual. Só se podeprestigiar a forma no Estado Constitucionalna medida em que sirva à segurança jurídicae à liberdade das partes- fora daí, observá-la a qualquer custo importa em fetichismoformal, absolutamente condenável em umsistema processual que consagra como regraa instrumentalidade das formas dos atos doprocesso (arts. 188 e 277, CPC). Art. 278. A nulidade dos atos deve seralegada na primeira oportunidade em quecouber à parte falar nos autos, sob penade preclusão. Parágrafo único. Não se aplica o dispostono caput às nulidades que o juiz deva decretarde ofício, nem prevalece a preclusãoprovando a parte legítimo impedimento. O processo e as formasprocessuais são organizados no influxo deuma finalidade pública: proteção do direitoao processo justo. Tendo em conta essacontingência, pode o juiz conhecer de ofícioqualquer defeito processual. Podem as partes,igualmente, alegá-lo por uma vez a qualquertempo. O art. 278, CPC, -::ein de ser compreendidodentro de uma perspectiva preocupadacom a proteção à justiça do processo, na qualnão tem cabimento ligar a necessidade dessaou daquela forma tão somente ao interesseprivado das partes. Assente que a forma dosatos processuais invariavelmente serve aos finsde justiçado processo, cuja consecução carregaevidente interesse público, importa em violaçãode nosso sistema processual admitir quea alegação de infração à forma possa precluirpela inatividade da parte. Imprescindívelquese interprete o artigo em comento, pois, emconformidade com o direito fundamental aoprocesso justo (art. 5., LIV, CF). Art. 279. É nulo o processo quando omembro do Ministério Público não for intimadoa acompanhar o feito em que devaintervir. § 1. o Se o processo tiver tramitado semconhecimento do membro do Ministério Público, o juiz invalidará os atos praticadosa partir do momento em que ele deveriater sido intimado. § 2. 0 A nulidade só pode ser decretadaapós a intimação do Ministério Público,que se manifestará sobre a existê,da ou ainexistência de prejuízo. Quandoobrigatóriaa participação do Ministério Público processo (art. 178, CPC), a ausência de suaintimação gera invalidade processual. Satisfaz-se o legislador com a simplesintimação do Ministério Público, não sendexigível que efetivamente participe do feito. A decretação de invalidade do processopor ausência de intimação do Ministério Público não. escapa à disciplina geral dasinvalidades processuais, só sendo possívela decretação de invalidade se o processo, àvista da não intimação do 19 Ministério Público,não alcançou a sua finalidade, havendoprejuízo para os seus fins de justiça. A nulidade só pode serdeterminada após a intimação do MinistérioPúblico, que se manifestará sobre a existênciaou inexistência de prejuízo. Depois da manifestação ministerial, cumpre ao juiz decidir a respeitoda existênciaou não de efetivo prejuízo. A participaçãodo Ministério Público no segundo grau dejurisdição, acaso não se alegue prejuízo nema ausência de cumprimento de finalidadelegal, supre a falta de intervenção do órgãoministerial no primeiro grau de jurisdição, nãoacarretando a nulidade do processo. A decretação da invalidaderetroage ao momento em que se fez necessáriaa intimação do Ministério Público e essa nãoocorreu(art.279, § 1.0 ,CPC). Se havia obrigatoriedadede intimação ab initio, anula-seo processodesde o momento imediatamenteposterior à resposta do demandado, primeiraoportunidade para manifestação do órgãoministerial. Se o motivo que enseja a intervençãodo Ministério Público é supervenienteà propositura da ação, tão somente a partir doaparecimento daquele é que se pode cogitarde invalidade. Tudo que se fez no processoanteriormente é, por óbvio, válido e eficaz. Art. 280. As citações e as intimaçõesserão nulas quando feitas sem observânciadas prescrições legais. As citações eas intimações têm de ser realizadas de acordocom as prescrições legais. Não observadas, ehavendo prejuízo, serão nulas.Todavia, não demonstradoo prejuízo oriundo da inobservânciada forma, não há que se falar em invalidadeda citação ou da intimação. Art. 281. Anulado o ato, consideram-sede nenhum efeito todos os subsequentesque dele dependam, todavia, a nulidade deuma parte do ato não prejudicará as outrasque dela sejam independentes. Tendo em conta a necessidadede máximo aproveitamento e de máximaconservação dos atos processuais, inerentesa um sistema preocupado com a economiaprocessual (art.4, CPC),nosso Código colocalimites à expansão dos vícios do processocom o objetivo de salvar, o quanto possível, aatividade processual realizada regularmente. A projeção externada invalidade de determinado ato processual écontida pela técnica da invalidade decorrente,ao passo que a projeção interna, pela técnicada invalidade parcial. 20 Afim de que a decretaçãode invalidade de determinado ato processualnão importe na ineficácia de todos os demaisatos subsequentes, nossa legislação consideraapenas os atos posteriores que dependam doato nulo ineficazes. Para que se configure adependência exigida pelo legislador não basta amera coordenação entre os atos processuais doponto de vista cronológico, sendo indispensávelque exista efetiva subordinação de um ato aoutro, no sentido de que o ato inválido deve serconsiderado como indispensável para a realizaçãodos demais. É imprescindível que existaefetiva incompatibilidade entre a decretação deinvalidade e asubsistênciados atos subsequentes. Não havendo essa incompatibilidade,válidos e eficazes são os atos posteriores. Sendo o ato processual decomponível,é possível que qualquer partejuridicamente separável da parte nula sejaconsiderada válida. O que interessa paraaplicação da técnica da invalidade parcialé a autonomia de parcela do ato processual.Pense-se, por exemplo, no edital de citaçãoem que constou erroneamente um dos litisconsortesfacultativos passivos. Com o objetivode máximo aproveitamento da atividadeprocessual, é possível que determinado atodo processopraticado de maneira irregularpossa ser aproveitado. Se o vício do ato impedira produção de alguns de seus efeitos,os demais a que o ato processual se mostraridôneo a produzir são atendíveis. Art. 282. Ao pronunciar a nulidade, ojuiz declarará que atos são atingidos e ordenaráas providências necessárias a fim deque sejam repetidos ou retificados. § 1. O ato não será repetido nem suafalta será suprida quando não prejudicara parte. § 2. Quando puder decidir o mérito afavor da parte a quem aproveite a decretaçãoda nulidade, o juiz não a pronunciaránem mandará repetir o ato ou suprir-lhea falta. A decretação de nulidade dos atosprocessuais depende·de efetiva demonstraçãode prejuízo. A forma dos atos processuaisserve à segurança jurídica e à liberdade daspartes. Serve, nesse sentido, à observação deum processo justo (art. 5,LIV, CF). Quandopuder decidir de mérito a favor da parte a quemaproveite a decretação da invalidade, o juiznão a pronunciará, não mandará repetir ouretificar o ato, nem tampouco ordenará suprir-lhe a falta. Todo e qualquer vício processualé superável pela possibilidade de prolação desentença de mérito favorável à parte a quemaproveite a decretação de invalidade. CAPÍTULO IV - PROCESSO E PROCEDIMENTO. 4.1Definição. 21 Antigamente processo e procedimento eram avaliados como sendo a mesma coisa. Com o tempo e aprofundamentos jurídicos, Oscar Bulow publicou o livro "Teoria das Exceções Processuais" que marcou a distinção entre ambos. O Processo é instrumento utilizado para tornar efetivo um direito material (de conteúdo efetivo). O direito material gera direitos e obrigações, mas não se efetiva sozinho por isso há uma relação de instrumentalidade entre o direito processual e o direito material. "Processo é o método pelo qual se opera a jurisdição, com vistas à composição dos litígios. É instrumento de realização da justiça; é relação jurídica, portanto, é abstrato e finalístico". (ElpídioDonizetti). "Processo é o sistema de compor a lide em juízo através de uma relação jurídica vinculativa de direito público". (Humberto Teodoro Júnior) "Processo é a sucessão de atos vinculados pelo objetivo comum da atuação da vontade da lei e procedendo ordenadamente para a consecução desse objetivo". (Chiovenda) "Processo é uma seqüência de atos interdependentes vinculando o Juiz e as partes com uma série de direitos e obrigações a fim de solucionar as lides, os conflitos ou litígios intersubjetivos, para alcançar o objetivo final, a coisa julgada". ( Pinto Ferreira) "Processo é o complexo de atos coordenados, tendentes ao exercício da função jurisdicional". ( Moacyr Amaral) O processo passou então a ser o meio, o instrumento através do qual se obtém a prestação jurisdicional, o caminho formado por atos processuais que obedecem uma regra e que vão culminar em uma sentença. Já o procedimento é a forma como os atos processuais são ordenados para atingir sua finalidade. "Procedimento é o modus operandi do processo". (Carreira Alvim) "Procedimento é a exteriorização do processo, é o rito ou o andamento do processo, o modo como se encadeiam os atos processuais." (Pinto Ferreira) "Procedimento é o meio extrínseco pelo qual se instaura, desenvolve-se e termina o processo; é a manifestação extrínseca deste, a sua realidade fenomenológica perceptível."( Araújo Cintra, Ada Pellegrini Grinover e Cândido Rangel Dinamarco) 22 Assim, é uma sucessão de atos coordenados a partir da iniciativa da parte e direcionada a um provimento. É o modo como os atos processuais se manifestam e desenvolvem para revelar o processo. Já o procedimento configurou-se como o modo em que se executa estes atos processuais. 4.2. Classificação Do Processo O Processo segundo o novo CPC agora se classificam em: Processo de Conhecimento e Cumprimento de Sentença e Processo de Execução. 4.2.1.Processo De Conhecimento. No Processo de conhecimento ocorre a necessidade das partes de levar ao conhecimento do juiz, os fatos e fundamentos jurídicos, para que ele possa substituir por um ato seu a vontade de uma das partes, ou seja impõe a decisão a respeito do caso trazido a sua apreciação. O cumprimento de sentença é o ato de executar uma determinação judicial exteriorizada em sentença, é uma fase e não tem autonomia. Fases do processo de conhecimento: Segue desde a petição inicial até o momento da sentença:I – Fase postulatória: – Petição inicial – Citação – Resposta do réu II – Fase ordinatória Vai organizar o processo, sanear o processo (como diz Humberto Teodoro), ele essa fase verifica o conteúdo das provas bem como irregularidades no processo visando corrigi-las, dependendo do conteúdo das provas, o processo pode acabar nessa fase. III – Instrutória 23 Ela é destinada a produção de provas como a pericial, oral e eventualmente inspeção judicial que é feita pelo próprio juiz. IV – Decisória Essa fase é a decisão da sentença. 4.2.2Processo De Execução O Processo de execução se dá quando já se possui um título executivo judicial (Ex: o acordo extrajudicial, de qualquer natureza, homologado judicialmente e a sentença estrangeira, homologada pelo Superior Tribunal de Justiça) ou extrajudicial (nota promissória e o cheque). Execução é o meio pelo qual alguém é levado a juízo para solver uma obrigação que tenha sido imposta por lei ou por uma decisão judicial. O Novo CPC extingue o processo cautelar, sendo que os provimentos de urgência, com risco de dano irreparável e de difícil reparação, serão regrados pela TUTELA PROVISÓRIA, compreendida em tutela de URGÊNCIA e tutela de EVIDÊNCIA, regradas a partir do art. 294. 4.3. Classificação Do Procedimento O procedimento é dividido em dois tipos de procedimento, o procedimento comum e procedimento especial. Com o novo processo civil, deixou de existir o procedimento sumário e temos apenas o procedimento comum ordinário. Com a extinção do procedimento sumário os processos atualmente previstos no art. 275, II (procedimento sumario do CPC de 1973) serão de competência do juizado especial, art. 1.063 NCPC. O procedimento especial divide-se em de jurisdição contenciosa (arts. 890 a 1071, do CPC) e voluntária (arts. 1103 a 1210, do CPC). Por fim, observe que no processo civil não existe o procedimento sumaríssimo, esse procedimento é do processo Penal e da justiça do trabalho. 4.3.1. Procedimento comum ordinário Nesse procedimento, são realizados atos de cognição (conhecimento), que é a análise feita pelo juiz dos autos. É aplicado como regra a todos os processos. 24 Depois de 2006, houve a junção do conhecimento com a execução, diminuindo um pouco a carga processual, aproveitando o mesmo processo para já executar dar o direito ao pleiteante.Por conta dessa junção de atos de natureza diversa, a doutrina passou a chamar de processo de natureza sincrética. Sincretismo é a junção desses atos. O procedimento ordinário tem características de ser: – Padrão – Por ser o procedimento modelo para todos os outros; – Completo – é o mais completo, possui todos os passos de forma a dar maior segurança processual; – Subsidiario – Serve de subsídio para todos os outros procedimentos. 4.3.2 Procedimentos Especiais Os procedimentos especiais, que compõe o processo de conhecimento no Novo CPC estão distribuídos entre os procedimentos especiais de jurisdição contenciosa, do art. 539 ao 718, e procedimentos de jurisdição voluntária, do art. 719 a 770. Veremos a seguir os procedimentos que foram criados e os que foram extintos, e algumas mudanças pontuais, nos procedimentos que tem disciplina no CPC vigente, e que permanecem no Novo CPC. 4.3.2.1 - Jurisdição Contenciosa Vale lembrar a jurisdição Contenciosa é aquela em que se verifica o conflito, o litígio (assim, efetivamente há lide – conflito de interesses pretensão qualificado pela resistência). Exemplo de ações que marcham segundo o procedimento especial: - Da Ação De Consignação Em Pagamento - Da Ação De Exigir Contas - Das Ações Possessórias Ações excluídas no Novo CPC: As seguintes ações constantes do atual Código de Processo Civil, foram excluídas no texto da Lei 13.105/2015, a saber: Ação de depósito, prevista no art. 901; Ação de Anulação e Substituição de Títulos ao Portador, art. 907; 25 Ação de Nunciação de Obra Nova, art. 934; Ação de usucapião de Terras Particulares, art. 941; Vendas a Crédito com Reserva de Domínio, art. 1070. Os direitos protegidos pelas ações excluídas, poderão ser resguardados ou protegidos, por meio de ações que seguirão o procedimento comum previsto no Novo CPC, com a possibilidade de utilização das tutelas provisórias, cabíveis em cada caso concreto, para proteção de situações de urgência, em que se demonstre o risco de dano irreparável e de difícil reparação. Jurisdição contenciosa: novas ações incluídas no Novo CPC Enumeramos a seguir as novas ações incluídas no novo diploma processual: Ação de EXIGIR CONTAS, prevista nos artigos 550 a 553, e que substitui a Ação de Prestação de Contas, prevista no atual CPC, no art. 914. Ação de DISSOLUÇÃO PARCIAL DA SOCIEDADE, prevista no artigo 599, e que tem por objeto a resolução da sociedade empresária contratual ou simples em relação ao sócio falecido, excluído ou que exerceu o direito de retirada ou recesso; a apuração dos haveres do sócio falecido, excluído ou que exerceu o direito de retirada ou recesso; ou tão somente a resolução ou a apuração de haveres. Ação de OPOSIÇÃO, prevista no artigo 682, e que no atual CPC, é tratado como modalidade de intervenção de terceiro, conforme os artigos 56 a 61. Ações de FAMÍLIA, ganham destaque especial no Novo CPC, a partir do artigo 693 e que têm por objeto os processos contenciosos de divórcio, separação, reconhecimento e extinção de união estável, guarda, visitação e filiação. 4.3.2.2- Jurisdição Voluntária: A jurisdição voluntária (ou graciosa), também denominada de administração pública de interesses privados é aquela em que não existe uma lide, ou seja, não há conflito de interesses entre duas pessoas, mas apenas um negócio jurídico, com a efetiva presença do juiz. Portanto, para a validade de determinados atos da vida haverá a necessidade de participação de um órgão público. Sem dúvida é uma limitação à autonomia e liberdade dos indivíduos – justificada pelo interesse social naquele ato em específico. O que pode ser requerido pelo Novo CPC 26 Os procedimentos de jurisdição voluntária estão disciplinados a partir do artigo 719, com as disposições gerais. No artigo 725, prevê o rol de situações que podem ser processadas: I – emancipação; II – sub-rogação; III – alienação, arrendamento ou oneração de bens de crianças ou adolescentes, de órfãos e de interditos; IV – alienação, locação e administração da coisa comum; V – alienação de quinhão em coisa comum; VI – extinção de usufruto, quando não decorrer da morte do usufrutuário, do termo da sua duração ou da consolidação, e de fideicomisso, quando decorrer de renúncia ou quando ocorrer antes do evento que caracterizar a condição resolutória; VII – expedição de alvará judicial; VIII – homologação de autocomposição extrajudicial, de qualquer natureza ou valor. Jurisdição Voluntária: novas ações incluídas Notificação e interpelação, que no atual cpc é procedimento cautelar típico, nominativo, e no novo cpc passa a ser procedimento especial de jurisdição voluntária (art. 726). Divórcio, separação consensual, extinção de união estável e alteração do regime de bens do matrimônio, se processarão de acordo com art. 731 a 734, ampliando a possibilidade do procedimento, restrito no atual cpc, no art. 1.120, para a separação consensual. CAPÍTULO VI -DA FORMAÇÃO, DA SUSPENSÃO E DA EXTINÇÃO DO PROCESSO 6.1.Da Formação do Processo Art. 312. Considera-se proposta a ação quando a petição inicial for protocolada, todavia, a propositura da ação só produzquanto ao réu os efeitos mencionados no art.240 depois que for validamente citado. 27 O processo civil começa por iniciativa da parte,por meio da propositura da ação (art. 2, CPC). O processo é formado no exato momento em que a demanda é exercida em juízo,a partir daí o processo existe, ou seja, o processo não tem a sua existência condicionada à citação do réu ou ao seu comparecimento. Considera-se proposta ação no momento em que é registrada e distribuída (art. 284, CPC) esse é o significado do protocolada no art. 312, CPC. O momento de propositura da ação também é o momento em que se opera a prevenção (art. 59, CPC). A litispendência, a litigiosidade da coisa e, em sendo o caso, a constituição em mora só se operam em relação ao demandado após validamente citado, ainda que a citação tenha sido determinada por juiz absolutamente incompetente (art.240, CPC). A interrupção da prescrição retroage à data da propositura da ação, embora operada pelo despacho que ordena a citação (art. 240, § 1. CPC). A possibilidade de atentado contra o estado da lide pelo réu também depende da sua citação (art. 77, VI, CPC), não bastando a simples propositura da ação. 6.2. Da Suspensão do Processo Art. 313. Suspende-se o processo: I - pela morte ou pela perda da capacidadeprocessual de qualquer das partes,de seu representante legal ou de seu procurador; II - pela convenção das partes; III - pela arguição de impedimento oude suspeição; IV- pela admissão de incidente de resoluçãode demandas repetitivas; V - quando a sentença de mérito: a) depender do julgamento de outracausa ou da declaração de existência ou deinexistência de relação jurídica que constituao objeto principal de outro processopendente; b) tiver de ser proferida somente após averificação de determinado fato ou a produçãode certa prova, requisitada a outrojuízo; VI - por motivo de força maior; VII-quando se discutir em juízo questãodecorrente de acidentes e fatos da navegaçãode competência do Tribunal Marítimo; VIII- nos demais casos que este Códigoregula. § 1. Na hipótese do inciso I, o juiz suspenderáo processo, nos termos do art. 689. § 2. Não ajuizada ação de habilitação,ao tomar conhecimento da morte, o juizdeterminará a suspensão do processo eobservará o seguinte: I -falecido o réu, ordenará a intimaçãodo autor para que promova a citação dorespectivo espólio, de quem for o sucessorou, se for o caso, dos herdeiros, no prazoque designar, de no mínimo 2 (dois) e nomáximo 6 (seis) meses; II -falecido o autor e sendo transmissívelo direito em litígio, determinará aintimação de seu espólio, de quem for osucessor ou, se for o caso, dos herdeiros,pelos meios de divulgação que 28 reputar maisadequados, para que manifestem interessena sucessão processual e promovam arespectiva habilitação no prazo designado,sob pena de extinção do processo sem resoluçãode mérito. § 3. No caso de morte do procuradorde qualquer das partes, ainda que iniciadaa audiência de instrução e julgamento, ojuiz determinará que a parte constitua novomandatário, no prazo de 15 (quinze) dias,ao final do qual extinguirá o processo semresolução de mérito, se o autor não nomearnovo mandatário, ou ordenará o prosseguimentodo processo à revelia do réu, sefalecido o procurador deste. § 4. O prazo de suspensão do processonunca poderá exceder 1 (um) ano nas hipótesesdo inciso V e 6 (seis) meses naquelaprevista no inciso II. § 5. O juiz determinará o prosseguimentodo processo assim que esgotadosos prazos previstos no§ 4. Se da a suspensão do processo quando se o coloca emestado de espera, quando por determinadoperíodo de tempo cessa a fluência que lhe éinerente. No direito brasileiro não existemcasos de interrupção do processo, apenas desuspensão. A suspensão pode ser própria ouimprópria: essa ocorre quando apenas parcelado processo resta suspensa (o que ocorre, porexemplo, quando é arguido o impedimento oua suspeição do juiz), enquanto aquela requerpara sua configuração a suspensão de todo oprocesso. O rol não é taxativo, eventuais atos processuais praticados entre a causa suspensiva e a efetiva suspensão doprocesso são, a princípio, ineficazes. 6.2.1. Morte ou perda da capacidade processual da parte. Se houve a morte da parte, suspender-se-á o processo para habilitação de seus sucessores (arts. 687/692,CPC). Há necessidade de suspensão do processo independentemente da fase ou instância em que o processo se encontre (arts. 313, § 1., e 689, CPC). Todavia, se o direito, a pretensão ou a ação é intransmissível, então amorte da parte dá lugar à extinção do processo (art. 485, IX, CPC). A extinção da pessoa jurídica equivale, para efeitos processuais, à morte da pessoa física. A superveniência da incapacidade processual da parte suspende o processo a fim de que intervenha no processo o seu representante legal. No art. 313, I, CPC, a suspensão do processo tem por objetivogarantir a observância do processo justo para as partese seus sucessores (art. 5, LIV, CF). Desta maneira, não havendo qualquer violação desse direito fundamental, ainda que não tenha se dado a suspensão do processo, são existentes, válidos e eficazes os atos processuaisnele praticados. Se não for ajuizada a ação de habilitação,ao tornar conhecimento da morte,o juiz determinará a suspensão do processo eobservará o seguinte: I -falecido o 29 réu, ordenaráa intimação do autor para que promovaa citação do respectivo espólio, de que foro sucessor ou, se for o caso, dos herdeiros, noprazo que designar, no mínimo 2 (dois) e nomáximo 6 (seis) meses; II- falecido o autore sendo transmissível o direito em litígio, determinaráa intimação de seu espólio, de quemforo sucessor ou, se for o caso, dos herdeiros,pelos meios de divulgação que reputar maisadequados, para que manifestem interesse nasucessão processual e promovam a respectivahabilitação no prazo designado, sob pena deextinção do processo sem resolução de mérito. A parte que não tem capacidade para estarem juízo deve atuar no processo com representantelegal (art. 71, CPC). Sobrevindo amorte ou a perda da capacidade processual deseu representante, tem o juiz de suspender oprocesso para regularização de sua capacidade. A morte ou aperda da capacidade processual do procuradorda parte suspende o processoainda queiniciada a audiência de instrução e julgamento. O magistrado determinará que a parte constituanovo mandatário, no prazo de 15 (quinze)dias, ao final do qual extinguirá o processosem resolução de mérito, se o autor não nomearnovo mandatário, ou ordenará o prosseguimentodo processo à revelia do réu (ou,conforme o caso, apenas independentementeda regularização de sua representação), sefalecido o seu procurador. 6.2.2. Convenção das partes. Suspende-se o processo acordo das partes. Não é necessário que as partes exponham qualquer razão para suspensão do processo por convenção. São possíveis sucessivas suspensões do processo por convenção das partes, desde que observado o prazo máximo total de 6 (seis) meses (art.313, § 4., CPC). O prazo de 6 (seis) meses é o prazo máximo em que se permite, pois não deve prevalecer a autonomia individual em detrimento da rápida solução do litígio. Esgotado o prazo, o juiz determinará o prosseguimento do processo. 6.2.3. Impedimento e suspeição. Arguido o impedimento ou de suspeição,suspende-se o processo até que o seu exame,vale dizer, até o seu efetivo julgamento. Nãoé necessário o trânsito em julgado da decisãoque acolhe ou rejeita a alegação. 6.2.4. Demandas repetitivas. Acolhido o incidente de resolução de demandas repetitivas, tem-se quesuspender os processos que versam sobre idêntica controvérsia (arts. 313, IV, e 982, I, CPC). Durante o período de suspensão, eventual pedido de tutela de urgência nos 30 processos suspensos deverá ser dirigido ao juízo onde tramita o processo suspenso (art. 982, § 2 , CPC). 6.2.5. Sentença de mérito. Quando a sentença de mérito depender da resolução de questão prejudicial externa (art. 313, V, a, CPC) ou da verificação de determinada alegação de fato ou da produção de prova requisitada a outro juízo (arts. 313, V, b e 377, CPC), suspender-se-á o processo. Trata-se de providência que visa a evitar decisões colidentes (alínea "a") e bem instruir o feito (alínea "b"). A questão prejudicial é uma questão prévia cuja resolução influencia no teor da resolução da questão subordinada.Já se decidiu, por exemplo, que existe prejudicialidade externa entre a ação rescisória e a execução e/ou efetivação da decisão rescindenda. A suspensão do processo por prejudicialidade ou no interesse da prova não pode exceder nunca a 1 (um) ano. 6.2.6. Força maior. Suspende-se quando caracterizada essa pela inevitabilidade e irresistibilidade do evento. A suspensão do processo por força maior tem a sua duração condicionada à duração do acontecimento inevitável e irresistível. 6.2.7. Tribunal marítimo O art.313,VII, CPC, acena que a discussão em juízo decorrente de acidentes e fatos da navegação em juízo de competência do Tribunal Marítimo suspende o processo. O Tribunal Marítimo não é jurisdicional e suas decisões não vinculam o PoderJudiciário, que pode controlá-las pela cláusula da inafastabilidade da jurisdição(art. 5, XXXV, CF). Assim, não há qualquerrazão para afastar o conhecimento dequestões concernentes a acidentes e fatos danavegação do Poder Judiciário, mesmo que por pouco tempo. Art. 314. Durante a suspensão é vedadopraticar qualquer ato processual,podendo o juiz, todavia, determinar a realizaçãode atos urgentes a fim de evitar danoirreparável, salvo no caso de arguição deimpedimento e de suspeição. Os atos processuais praticados em período de suspensão são ineficazes. A suspensão do processo não suspende a incidência de atualização monetária e não veda a prática de atos urgentes. O requisito para realização do ato é a iminência ou a 31 efetiva prática de ato ilícito pela parte ou a possibilidade de ocorrência de dano irreparável à parte. Art. 315. Se o conhecimento do mérito depender de verificação da existência de fato delituoso, o juiz podedeterminar a suspensão do processo até que se pronuncie a justiça criminal. § 1. Se a ação penal não for proposta no prazo de 3 (três) meses, contado da intimação do ato de suspensão, cessará o efeito desse, incumbindo ao juiz cível examinar incidentemente a questão prévia. § 2. Proposta a ação penal, o processo ficará suspenso pelo prazo máximo de 1 (um) ano, ao final do qual aplicar-se-á o disposto na parte final do§ 1. Haverá prejudicialidade quando a decisão do juízo penal pode influenciar no conteúdo a respeito da decisão da jurisdição civil trata-se de faculdade judicial e o prazo máximo é de suspensão é de 1 (um) ano (art. 315, § 2.CPC). Eventual decisão judicial civil sobre a questão prejudicial penal não vincula o juízo criminal. Julgandoconveniente o sobrestamento do juízo civil enão havendo ação penal proposta, tem essa deser exercida dentro do prazo de 3 (três) meses,contado a partir do primeiro dia útil após aintimação da decisão de suspensão do processo.Não exercida, cessará o sobrestamento dofeito, tendo o juízo civil de decidir a questãopenal prejudicial, sobre a qual evidentementenão se formaria coisa julgada (art. 5 03, § 1.III,CPC). 6.3. Extinção Do Processo Art. 316. A extinção do processo dar-se-á por sentença. A sentença, porém, pode ou não extinguir o processo. Quando a tutela jurisdicional postulada é autossuficiente (declaratória ou constitutiva), a prolação da sentença é suficiente para satisfazer a parte. Nesse caso o encerramento da atividade de conhecimento desenvolvida pelo juiz coincide com a extinção do processo. No entanto, se a tutela jurisdicional postulada depende de outra medida (condenatória, mandamental ou executiva), a prolação da sentença não basta para satisfazer o direito da parte: é preciso cumprir a sentença para tanto (art. 513, CPC), ou seja, aprolação da sentença de mérito transitada em julgado não extingue o processo, que segue sua marcha através da fase cumprimento de sentença, que visa viabilizar a efetiva tutela do direito com a adoção de técnicas executivas capazes de levar ao execução da decisãojudicial. Art. 317. Antes de proferir decisão semresolução de mérito, o juiz deverá concederà parte oportunidade para, se possível,corrigir o vício. 32 Com o novo CPC há o dever judicial de colaboração a fim de queo processo possa ser extinto por "decisãode mérito justa e efetiva" (art. 6, CPC),então é necessário que se evite a prolação desentenças puramente processuais, por isso antes de extinguir o processoou não conhecer de determinado recursoou mesmo de determinada manifestação daparte ao longo do processo sem examinaro seu mérito, tem o juiz de viabilizar àparte oportunidade para, querendo, sanaro defeito capaz de comprometer a efetivaanálise do direito material afirmado emjuízo. Capítulo VI -DA PETIÇÃO INICIAL 6.1. Disposições Gerais A petição inicial é o instrumento processual que inaugura o processo jurídico, levando ao Poder Judiciário os fatos constitutivos do direito, também chamados de causa de pedir, os fundamentos jurídicos e o pedido. A peça exordial é um pressuposto processual de existência, pois o autor precisa provocar o Poder Judiciário para receber uma tutela jurisdicional e é também um pressuposto processual de validade, pois exige que ela siga os requisitos formais, previsto no CPC, garantindo que a ação se desenvolva. Deve ser feita de forma escrita, em regra, datada e assinada por advogado, detento de capacidade postulatória. Só não será necessário procurar em casos excepcionais como no jus postulandi nos juizados especiais (lei 9.099.95), alem da possibilidade de defesa oral. 6.2. Requisitos da petição inicial Art. 319. A petição inicial indicará: I - o juízo a que é dirigida; II - os nomes, os prenomes, o estado civil, a existência de união estável, a profissão, o número de inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas ou no Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica, o endereço eletrônico, o domicílio e a residência do autor e do réu; III - o fato e os fundamentos jurídicos do pedido; IV - o pedido com as suas especificações; V- o valor da causa; VI- as provas com que o autor pretende demonstrar a verdade dos fatos alegados; VII- a opção do autor pela realização ou não de audiência de conciliação ou demediação. § 1.° Caso não disponha das informações previstas no inciso II, poderá o autor, na petição inicial, requerer ao juiz diligências necessárias a sua obtenção. § 2. A petição inicial não será indeferida se, a despeito da falta de informações a que se refere o inciso II, for possível a citação do réu. 33 § 3. A petição inicial não será indeferida pelo não atendimento ao disposto no inciso II deste artigo se a obtenção de tais informações tornar impossível ou excessivamente oneroso o acesso à justiça. Na aferiçãodo preenchimento dos requisitos da petiçãoinicial, recomenda a jurisprudência que, sem escapar ao regramento que disciplina o nossosistema processual, o julgador não pode estarrigorosamente apegado
Compartilhar