Buscar

Evolução do Direito do Trabalho

Prévia do material em texto

DIREITO	DO	TRABALHO	I	
	
	
 
 
PROFESSOR JOÃO LUÍS PRIÁTICO SAPUCAIA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
BRASÍLIA – DF 
2017.2	 
	
DIREITO	DO	TRABALHO	I		
1. EMENTA:		
Evolução	História	do	Direito	do	Trabalho.	Denominação.	Conceito.	Divisões	da	Matéria.	Autonomia	do	Direito	
do	Trabalho.	Posição	Enciclopédica	do	Direito	do	Trabalho.	Relações	do	Direito	do	Trabalho	com	os	demais	
ramos	do	Direito.	Relações	do	Direito	do	Trabalho	com	áreas.	Fontes	do	Direito	do	Trabalho.	Aplicação	das	
Normas	do	Direito	do	Trabalho.	Princípios	do	Direito	do	Trabalho.	Direito	Internacional	do	Trabalho.	Contrato	
Individual	de	Trabalho.	Contrato	de	Trabalho.	Empregado.	Terceirização.	Empregador.	Poder	de	Direção	do	
Empregador.	Remuneração.	Equiparação	Salarial.	Alteração	do	Contrato	de	Trabalho.	Interrupção	e	Suspensão	
do	Contrato	de	Trabalho.	Cessação	do	Contrato	de	Trabalho.	Assistência	na	Rescisão	do	Contrato	de	Trabalho.	
Aviso	Prévio.	Estabilidade.	Indenização.	FGTS.	
	
2. OBJETIVOS:	
Geral:	
Reconhecer	a	importância	do	ensino	do	Direito	para	a	compreensão	das	relações	jurídico-sociais,	habilitando	
o	acadêmico	a	um	aprendizado	com	formação	humanística.	
Específicos:	
1	-	Habilitar	 o	 acadêmico	 para	 ler,	 compreender	 e	 elaborar	 textos,	 atos	 e	documentos	jurídicos	normativos	
utilizando	as	normas	técnico-jurídicas;	
2	-	Utilizar	corretamente	a	terminologia	jurídica	da	Ciência	do	Direito,	compreendendo	a	relação	dos	conceitos	
jurídicos.	
3	-	Habilitar	o	acadêmico	na	aplicação	da	moderna	hermenêutica	dos	princípios	e	dos	direitos	fundamentais,	
com	o	objetivo	na	constitucionalização	do	Direito;	
4	-	Compreender	a	relação	dos	conceitos	jurídicos;	
5	-	Proporcionar	o	exercício	de	uma	praxis	jurídica	ligada	à	complexidade	do	contexto	atual,	numa	perspectiva	
interdisciplinar;	
5	-	Promover	a	extensão	aberta	à	população	visando	a	difusão	e	integração	do	conteúdo	teórico	ao	prático.	
6	 -	Apresentar	visão	crítica	e	multidisciplinar	das	relações	trabalhistas,	máxime	no	tocante	aos	princípios	e	
fontes	do	direito	material	do	trabalho,	à	relação	de	emprego	e	ao	contrato	de	trabalho	à	luz	das	repercussões	
da	 Emenda	 Constitucional	 45/04,	 ao	 salário,	 abrangendo	 seus	 componentes	 e	 distinguindo-o,	
conceitualmente,	de	remuneração,	à	jornada	de	trabalho,	à	extinção	do	contrato	de	trabalho,	bem	como	às	
questões	trabalhistas	que	estão	na	ordem	do	dia,	tais	como	flexibilização,	dano	moral	e	trabalho	escravo,	todos	
relacionados	à	materialização	dos	direitos	fundamentais.	
	
3. UNIDADES	E	CONTEÚDOS:	
UNIDADE	 DIDÁTICA	 I	 -	 EVOLUÇÃO	 HISTÓRIA	 DO	 DIREITO	 DO	 TRABALHO:	 O	 Trabalho	 Humano	 no	 Tempo.	
Surgimento	do	Direito	do	Trabalho.	Evolução	do	Direito	do	Trabalho	no	Brasil	e	no	Mundo.	
UNIDADE	DIDÁTICA	 II	 -	 CONCEITO,	 FONTES,	 PRINCÍPIOS	APLICÁVEIS	 AO	DIREITO	DO	 TRABALHO:	 Conceito,	
Autonomia	e	Natureza	 Jurídica	do	Direito	do	Trabalho.	Princípios	Gerais	do	Direito	do	Trabalho.	Fontes	do	
Direito	do	Trabalho.		Interpretação	e	Aplicação	das	Normas	Trabalhistas.		
UNIDADE	DIDÁTICA	III	-	RELAÇÕES	DO	DIREITO	DO	TRABALHO	COM	OS	DEMAIS	RAMOS	DO	DIREITO:	A	relação	
do	Direito	do	Trabalho	com	o	Direito	Constitucional,	Direito	Administrativo,	Direito	Penal,	Direito	Tributário,	
Direito	Empresarial,	Direito	Previdenciário	e	o	Direito	Administrativo.	
UNIDADE	 DIDÁTICA	 IV	 -	 NORMAS	 PERTINENTES	 AOS	 CONTRATOS	 DE	 TRABALHO:	 Relação	 de	 Trabalho	 X	
Relação	 de	 Emprego.	 Distinção	 entre	 Atividade	 e	 Trabalho.	 Requisitos	 e	 Elementos	 Caracterizadores	 da	
Relação	de	Emprego.	O	Poder	de	Direção	do	Empregador.	O	Regulamento	da	Empresa.	Conceito	e	Natureza	
Jurídica	do	Contrato	de	Trabalho.	Características	do	Contrato	de	Trabalho.	Contratos	de	Prazo	Determinado.	
Alterações	 do	 Contrato	 de	 Trabalho.	 Suspensão	 e	 Interrupção	 do	 Contrato	 de	 Trabalho.	 6.	 Extinção	 dos	
Contratos	 de	 Trabalho.	 Aviso	 Prévio.	 Distinção	 entre	 Salário	 e	 Remuneração.	 Salário	 in	 itineri	 e	 Salário	 in	
natura.	Parcelas	Salariais	e	Adicionais.	Equiparação	Salarial.	
	
	 	
UD	I	–	EVOLUÇÃO	HISTÓRICA	DO	DIREITO	DO	TRABALHO		
S	U	M	Á	R	I	O	
1.	EVOLUÇÃO	HISTÓRICA	DO	TRABALHO	HUMANO	
2.	EVOLUÇÃO	INTERNACIONAL	DO	DIREITO	DO	TRABALHO		
3.	EVOLUÇÃO	DO	DIREITO	DO	TRABALHO	NO	BRASIL	
	
1. EVOLUÇÃO	HISTÓRICA	DO	TRABALHO	HUMANO	
1ª	FASE	–	ESCRAVIDÃO	
O	 vocábulo	 trabalho,	 em	 sua	 origem,	 foi	 carregado	de	 um	 sentido	 de	 castigo.	
Desde	o	início	da	história	da	humanidade	que	o	homem	precisou	buscar	no	trabalho	a	
sua	própria	subsistência.	
Na	própria	Bíblia,	no	Antigo	Testamento,	o	trabalho	já	foi	considerado	como	um	
castigo	imposto	por	Deus	a	Adão,	em	razão	de	sua	desobediência	ao	provar	da	árvore	da	
sabedoria,	comendo	o	fruto	proibido.	
O	vocábulo	trabalho	vem	do	latim	–	TRIPALIUM,	uma	espécie	de	instrumento	de	
tortura	de	três	paus	ou	uma	canga	que	pesava	sobre	os	animais,	quando	utilizados	para	
arar	a	terra.		
Já	a	expressão	italiana	lavoro	e	a	inglesa	labour	derivam	de	labor,	que	em	latim	
significa	dor,	sofrimento,	esforço,	fadiga,	atividade	penosa.		
Em	grego,	o	correspondente	de	 trabalho	era	ponos,	que	deu	origem	a	palavra	
pena.	Sob	a	égide	do	direito	do	Trabalho,	o	foco	é	a	relação	de	trabalho	subordinado,	em	
torno	do	qual	gravita	a	maioria	de	seus	institutos.	
De	 Plácido	 e	 Silva	 (2009)	 conceitua	 trabalho	 como	 “...	 todo	 esforço	 físico,	 ou	
mesmo	intelectual,	na	intenção	de	realizar	ou	fazer	qualquer	coisa”.		
Ao	conceituar	o	trabalho	sob	o	aspecto	econômico	pode-se	afirmar	que	o	mesmo	
consiste	 em	 toda	 atividade	 humana	 destinada	 à	 produção	 de	 um	 bem	 ou	 serviço.	 A	
evolução	histórica	do	 trabalho	humano	através	dos	séculos	vem	desde	a	antiguidade,	
com	o	trabalho	escravo	existente	na	Grécia	antiga	e	no	Império	Romano.	
Se	 por	 um	 lado	 o	 trabalho	 sempre	 esteve	 associado	 à	 ideia	 de	 sofrimento,	
também	sempre	foi	essencial	ao	atendimento	das	necessidades	absolutas	do	homem.	
Assim,	o	homem	passou	a	explorar	o	seu	semelhante	por	intermédio	da	escravidão.	
A	 primeira	 forma	 de	 trabalho	 foi	 a	 escravidão,	 que	 decorreu	 das	 guerras	 de	
conquistas,	 onde	 os	 povos	 vencidos	 tornavam-se	 escravos	 e	 propriedade	 dos	
vencedores.	 O	 escravo	 era	 considerado	 um	 objeto,	 não	 possuindo	 qualquer	 tipo	 de	
direito.	Seu	trabalho	perdurava	no	tempo	indefinidamente	enquanto	ele	se	mantivesse	
vivo	ou	na	condição	de	escravo.	
Os	escravos	eram	os	povos	vencidos	nas	batalhas.	A	escravidão	era	vista	como	
uma	 situação	 justa	 e	 necessária.	 Os	 escravos	 não	 tinham	 o	 reconhecimento	 da	 sua	
personalidade	 jurídica,	 equiparavam-se	 a	 um	 objeto	 qualquer,	 não	 tendo	 direitos	 ou	
liberdades,	 são	 obrigados	 a	 trabalhar,	 sem	 qualquer	 garantia,	 sem	 receber	 qualquer	
salário.	O	trabalho	não	era	dignificante	para	o	homem,	representava	punição,	submissão.		
Na	 Grécia,	 Platão	 e	 Aristóteles	 entendiam	 que	 o	 trabalho	 tinha	 um	 sentido	
pejorativo,	 pois	 envolvia	 apenas	 a	 força	 física.	 O	 trabalho	 não	 tinha	 o	 significado	 de	
realização	pessoal.		
Em	Roma,	o	trabalho	era	considerado	algo	desonroso	executado	pelos	escravos.	
No	entanto,	algumas	pessoas	se	dispunham	a	locar	suas	energias	ou	o	resultado	de	seu	
trabalho,	em	troca	de	pagamento,	sendo	essa	situação	regulada	pela	locatio	conductio:	
	
locatio	conductio	rei	à	era	o	arrendamento	de	uma	coisa.	
locatio	conductio	operarum	à	os	serviços	prestados	eram	pagos.	
locatio	conductio	operis	à	entrega	de	obra	mediante	pagamento.	
	
O	primeiro	grande	golpe	à	escravidão	foi	a	Revolução	Francesa,	que,	em	1789,	a	
proclamou	indigna.	Em	1857,	a	escravidão	foi	proscrita	oficialmente	dos	territórios	sob	o	
domínio	da	Inglaterra.	No	Brasil	a	escravidão	foi	abolida	tardiamente,	pela	Lei	Áurea,	em	
13	 de	 maio	 de	 1888,	 porém,	 nos	 dias	 dehoje,	 ainda	 acontecem	 alguns	 casos	 de	
escravidão,	sobretudo	em	alguns	países	da	África	e	da	Ásia.	O	Código	Penal	prevê	como	
crime	o	ato	de	reduzir	alguém	à	condição	análoga	de	escravo	(art.	149).		
2ª	FASE	–	SERVIDÃO	
No	 fim	da	 Idade	Antiga,	nos	últimos	anos	dos	 Impérios	Romano	e	Bizantino,	o	
homem	adotou	o	regime	de	colonato,	ou	seja,	a	predominância	do	trabalho	agrário,	em	
que	o	camponês	retira	da	terra	a	sua	subsistência,	porém	fica	sujeito	aos	tributos	que	
lhes	são	exigidos	pelo	proprietário	da	terra.	Na	Idade	Média	surge	o	regime	da	servidão	
à	gleba,	ou	seja,	os	trabalhadores	que	cultivavam	as	terras	em	troca	de	proteção	militar,	
que	estavam	ligados	a	um	senhor,	proprietário	de	extensas	áreas.		
Era	o	início	do	regime	feudal	e	o	trabalho	migrava	da	escravidão	para	a	servidão	
e	 a	 terra	 era	 a	 grande	 produtora	 de	 riquezas	 e	 o	 servo	 era	 a	 mão-de-obra	 a	 ser	
apropriada.	O	feudalismo	vigorou	na	Europa	entre	os	séculos	X	e	XIII,	caracterizou-se	por	
ser	um	regime	pelo	qual	alguém	se	tornava	vassalo	(servo)	de	um	senhor,	em	troca	de	
proteção	e	do	sustento.	A	condição	de	servo	era	hereditária,	passava	de	pai	para	filho.		
	
3ª	FASE	–	CORPORAÇÕES	DE	OFÍCIO	
Com	 o	 surgimento	 das	 cidades	 independente	 dos	 regimes	 de	 feudos,	 que	
aumentou	a	migração	do	homem	para	essas	localidades,	o	regime	da	servidão	sofre	duro	
impacto	surgindo,	assim,	uma	nova	forma	de	organização	do	trabalho,	as	corporações	de	
ofício.	 Estas	 tinham	 por	 objetivo	 estabelecer	 uma	 estrutura	 hierárquica,	 regular	 a	
capacidade	produtiva	e	regulamentar	a	técnica	de	produção.		
As	corporações	de	ofício	apresentavam	três	personagens:	mestres,	companheiros	
e	 aprendizes.	 Aprendizes	 trabalhavam	 a	 partir	 dos	 12	 anos	 e	 ficavam	 sob	 a	
responsabilidade	 dos	 mestres	 que	 podiam	 impor-lhes	 castigos	 físicos.	 Se	 o	 aprendiz	
superasse	as	dificuldades	dos	ensinamentos,	passava	ao	grau	de	companheiro.	Este	só	
passava	a	mestre	 se	 fosse	aprovado	em	exame	de	obra-mestra.	Também	passavam	à	
condição	de	mestre	àqueles	que	casassem	com	a	viúva	do	mestre	ou	com	sua	filha.		
Nesta	época	os	 trabalhadores	passaram	a	 tem	um	pouco	mais	de	 liberdade.	A	
jornada	de	trabalho	era	muito	longa,	chegando	até	a	18	horas	no	verão,	porém	muitas	
vezes	terminava	ao	pôr-do-sol,	apenas	por	questão	de	qualidade	do	trabalho	e	não	para	
proteger	 o	 trabalhador.	 Com	 a	 invenção	 do	 lampião	 a	 gás,	 em	 1792,	 introduziu-se	 o	
trabalho	noturno	e	a	jornada	diária	passou	a	durar	entre	12	a	14	horas.	
Com	 a	 Revolução	 Francesa,	 em	 1789,	 interessava	 à	 nova	 classe	 política	 –	 a	
burguesia	–	que	houvesse	mão-de-obra	abundante	e	livre	para	a	respectiva	contratação,	
dessa	maneira,	as	corporações	de	ofício	 foram	suprimidas,	definitivamente,	em	1791,	
pois	 foram	 consideradas	 incompatíveis	 com	o	 ideal	 de	 liberdade	 daquele	movimento	
social.	 Apesar	 de	 sua	 estrutura	 hierarquizada	 em	 três	 níveis	 estratificados	 (mestres,	
companheiros	e	aprendizes,	as	corporações	de	ofício	representavam	alguma	proteção	ao	
trabalhador,	bem	como	a	garantia	de	um	trabalho).	Com	a	proibição	das	corporações	de	
ofício,	o	que	se	viu	foi	a	degradação	do	ser	humano,	pois,	em	face	da	ampla	liberdade	
contratual,	sem	qualquer	tipo	de	proteção,	sujeitou-se	ao	trabalho	paga	a	preço	vil	e	em	
condições	subumanas,	com	exploração	das	mulheres	e	crianças.	
4ª	FASE	REVOLUÇÃO	INDUSTRIAL	–	SURGIMENTO	DO	DIREITO	DO	TRABALHO	
A	quarta	e	mais	importante	fase	da	evolução	do	trabalho	humano	desenvolveu-
se	a	partir	da	Revolução	Industrial.	O	liberalismo	do	século	XVIII	pregava	um	Estado	alheio	
à	 área	 econômica.	 Por	 outro	 lado,	 a	 revolução	 industrial	 acabou	 transformando	 o	
trabalho	 em	 emprego.	Os	 trabalhadores,	 de	maneira	 geral,	 passaram	 a	 trabalhar	 por	
salários,	com	vínculo	de	subordinação	aos	seus	empregadores.	
Com	 o	 surgimento	 da	 máquina	 à	 vapor	 e	 dos	 novos	 métodos	 de	 produção	
agrícola,	 além	 da	 substituição	 do	 trabalho	manual	 pelo	 trabalho	 com	 a	 utilização	 de	
máquinas,	 o	 desemprego	 passou	 a	 aumentar.	 Antes	 da	 Revolução	 Industrial,	 o	
capitalismo	era	essencialmente	comercial,	envolvendo	atividades	e	bens	decorrentes	de	
relações	comerciais	nas	áreas	terrestres,	marítimas	ou	colonial.	A	partir	do	Sec.	XVIII,	com	
a	exploração	de	atividades	industriais,	surge	um	novo	tipo	de	capitalismo,	chamado	de	
capitalismo	industrial.	
				A	Revolução	 Industrial	 compreende	o	conjunto	das	 transformações	 técnicas,	
sociais	e	econômicas	que	surgiram	na	Inglaterra	no	final	do	Sec.	XVIII	e	início	do	Sec.	XIX	
que	 posteriormente	 irradiou-se	 pela	 Europa	 e	 Estados	 Unidos.	 Caracterizou-se	 pela	
produção	em	massa,	e	pelo	acúmulo	de	capitais,	além	de	um	crescente	desemprego	dado	
a	produção	industrial	realizada	pelo	incremento	das	máquinas	que	substituiu	o	trabalho	
humano.	As	principais	consequências	da	Revolução	Industrial	foram:	
					
a.	Os	avanços	e	as	inovações	tecnológicas	trouxeram	mudanças	estruturais	nas	
relações	de	trabalho	com	a	divisão	social	e	material	do	trabalho	humano.	
				b.	Aumento	quantitativo	do	rendimento	do	trabalho	humano.	
				c.	Interação	entre	a	ciência	e	a	tecnologia	que	passou	a	ser	indispensável	ao	
desenvolvimento	humano.	
				d.	 Utilização	 de	 novas	 fontes	 de	 energia	 decorrentes	 da	 utilização	 da	
máquina	à	vapor,	fazendo	alavancar	novas	técnicas	de	produção.	
				e.	 Incremento	 de	 trabalhadores,	 gerando	 divisão	 e	 especialização	 do	
trabalho.	
				f.	 Necessidade	 de	 imobilização	 de	 capitais	 para	 aquisição	 de	 máquinas,	
gerando	um	incremento	do	comércio	livre	e	na	divisão	internacional	do	trabalho.	
				g.	 O	 crescimento	 demográfico	 acentuado	 gerou	 aumento	 do	 número	 de	
trabalhadores	 industriais,	 em	 detrimento	 dos	 trabalhadores	 do	 campo,	 ocasionando	 os	
problemas	 urbanos	 e	 diminuição	 da	 população	 agrária,	 com	 a	 emigração	 internas	 para	 as	
grandes	cidades	e	fez	surgir	uma	nova	classe	social	o	proletariado	urbano	industrial.	
				h.	O	trabalhador	passou	a	sujeitar-se	a	uma	série	de	regras	trabalhistas,	com	
excessiva	jornada	diária	de	trabalho,	gerando	a	exploração	desumana	do	trabalho	do	menor	e	
das	mulheres,	escassez	dos	postos	de	trabalho	e	más	condições	laborais.	
	
	
2. EVOLUÇÃO	INTERNACIONAL	DO	DIREITO	DO	TRABALHO		
1ª	FASE	–	FINAL	DO	SEC	XVIII	ATÉ	O	MANIFESTO	COMUNISTA	DE	1848		
A	partir	da	Revolução	 Industrial,	 com	o	surgimento	do	 trabalho	assalariado,	as	
bases	do	regime	jurídico,	pelo	prisma	liberal	repousam	na	liberdade	para	contratar	e	na	
autonomia	plena	da	vontade.	Porém,	a	realidade	histórica	demonstrou	que	o	ideal	liberal	
era	insuficiente	para	evitar	a	exploração	desumana	do	trabalhador,	daí	a	necessidade	de	
se	editar	normas,	regulamentos	e	regramentos	que	norteassem	as	relações	trabalhistas	
e	protegessem	o	trabalhador,	embrionárias	do	Direito	do	Trabalho,	que	elegeu	como	valor	
a	proteção	à	dignidade	do	ser	humano	e,	como	fato,	a	desigualdade	concreta	entre	o	
proletariado	em	face	do	regime	capitalista,	objetivando	a	equiparação	jurídica	do	capital	
e	do	trabalho.	
Os	 trabalhadores	 começaram	 a	 se	 reunir	 para	 reivindicar	 melhores	 salários;	
diminuir	as	excessivas	jornadas	de	trabalho,	que	chegavam	a	16	horas	diárias	e	limitar	a	
exploração	dos	menores	e	mulheres	que	ocupavam	postos	de	trabalho	por	salários	mais	
baixos.	 No	 início	 o	 patrão	 era	 o	 proprietário	 das	 máquinas,	 detendo	 os	 meios	 de	
produção,	exercia	o	poder	de	mando	em	relação	ao	trabalhador,	caracterizando	assim	a	
desigualdade	 na	 relação	 trabalhista	 e	 o	 desemprego	 em	 massa	 que	 causava	
conturbações	sociais.		
Por	isso	mesmo,	o	Estado	passou	a	intervir	nas	relações	de	trabalho,	conferindo	
uma	 maiorproteção	 jurídica	 e	 econômica	 ao	 trabalhador,	 surgindo	 daí	 as	 primeiras	
normas	 jurídicas	 trabalhistas.	O	 trabalho	 se	 dividiu	 e	 passou	 a	 ser	mais	 organizado	 e	
estruturado.	Nessa	primeira	fase	ainda	não	se	tem	um	Direito	do	Trabalho	sistematizado.	
As	leis	são	dispersas	e	apresentavam	um	conteúdo	proibitivo,	não	dispondo	de	direitos	
aos	 trabalhadores.	 Ainda	 não	 havia	 uma	 pressão	 operária	 significativa	 e	 os	
acontecimentos	que	mereceram	destaque	nos	principais	países	foram	os	seguintes:	
INGLATERRA		
Em	 1790,	 com	 o	 surgimento	 da	 máquina	 a	 vapor,	 aumentou	 o	 número	 de	
trabalhadores	 desempregados.	 Em	 1802,	 a	 Lei	 de	 Peel,	 deu	 mais	 amparo	 aos	
trabalhadores	menores,	proibiu	o	trabalho	noturno	de	menores	e	 limitando	a	 jornada	
diária	de	trabalho	para	12	horas.	O	trabalho	não	poderia	iniciar	antes	das	6	horas	e	nem	
prosseguir	após	às	21H.	Em	1819,	foi	aprovada	uma	lei	proibindo	o	trabalho	de	menores	
de	9	anos.	Em	1847,	a	jornada	de	trabalho	foi	fixada	em	dez	horas	diárias.	
FRANÇA		
Em	 1791,	 a	 Lei	 Chapelier,	 que	 extinguiu	 as	 corporações	 de	 ofício,	 inclusive	
proibindo-se	a	coligação	de	empresários	e	trabalhadores.		
Em	1830,	eclode	revolução	operária	em	Lyon,	em	função	do	salário	mínimo.		
Em	1839,	aprovada	lei	proibindo	o	trabalho	de	menores	de	9	anos	e	fixada	jornada	
de	 trabalho	para	 os	menores	 de	 16	 anos	 em	10	horas	 diária.	 Em	1848,	 a	 jornada	de	
trabalho	foi	fixada	em	10	horas	diárias,	sendo	11	horas	em	Paris.		
SUÍCA		
Em	1833	fundou-se	a	primeira	associação	operária.	Em	1848,	Karl	Max	e	Friedrich	
Engels,	editam	a	obra	o	Manifesto	Comunista,	marcando	o	final	desse	período.	
	
2ª	FASE	–	DO	MANIFESTO	COMUNISTA	DE	1848	ATÉ	1919		
Essa	 fase	 ficou	 marcada	 por	 uma	 intensa	 pressão	 operária	 e	 inúmeros	
movimentos	grevistas.	O	avanço	do	capitalismo	e	da	exploração	desmesurada	da	força	
de	trabalho	levou	à	organização	e	à	luta	dos	trabalhadores,	levando	a	sistematização	do	
Direito	do	Trabalho.	
Nesta	fase	surgiram	as	leis	de	proteção	ao	trabalho	que	asseguraram:	(a)	limitação	
da	liberdade	contratual;	(b)	surgimento	da	administração	pública	do	trabalho;	(c)	criação	
de	uma	jurisdição	especializada	e	(d)	reconhecimento	do	poder	de	determinação	coletiva	
das	condições	de	trabalho	(autonomia	coletiva	privada),	deixando-se	de	se	punir	a	greve.	
O	marco	final	dessa	fase	ocorre	com	o	término	da	1ª	Guerra	Mundial	e	a	celebração	do	
Tratado	de	Versalhes,	com	o	qual	criou-se	a	Organização	Internacional	do	Trabalho.	Os	
principais	acontecimentos	que	mereceram	destaque	nos	países	do	mundo	foram:	
FRANÇA	
Em	1848,	a	Europa	foi	sacudida	por	uma	série	de	revoluções	de	cunho	liberal,	que	
aspiravam	 a	 grandes	 transformações	 políticas,	 econômicas	 e	 sociais.	 A	 revolução	
irrompeu	 inicialmente	na	 França	onde	 adeptos	do	 sufrágio universal	 e	 uma	minoria	
socialista	derrubaram	a	monarquia de julho	e	criaram	a	2ª	República.	
Em	 1864	 foi	 reconhecido	 o	 direito	 de	 greve	 e,	 em	 1876,	 foi	 realizado	 o	 1º	
Congresso	Operário,	quatro	anos	mais	tarde	foi	fundado	o	Partido	Operário.	Em	1889,	no	
Congresso	 Internacional	 dos	 Trabalhadores,	 fixou-se	 a	 jornada	 de	 8	 horas	 diárias	
(somente	votada	por	lei	em	1919)	e	instituído	o	dia	1º	de	maio	como	o	Dia	do	Trabalho.	
INGLATERRA	
Na	cidade	de	Liverpool	adotou-se	 jornada	de	oito	horas	de	trabalho.	Em	1897,	
estabeleceu-se	legislação	sobre	acidentes	no	trabalho.	Desenvolvimento	do	sindicalismo	
de	 lutas	de	classes,	entre	1912	e	1919.	Em	1914,	o	Partido	Trabalhista	propõe	que	as	
questões	 proletárias	 sejam	 solucionadas	 por	 intermédio	 de	 entendimento	 entre	 as	
partes.	Fixação	da	arbitragem	obrigatória	durante	a	guerra,	em	1915.		
ITÁLIA	
Em	1891,	divulgação	da	Encíclica	Rerum	Novarum,	pelo	Papa	Leão	XIII,	abordando	
a	temática	do	trabalho	segundo	a	visão	da	Igreja.	Abordava	uma	reação	contra	o	sistema	
de	danos	e	injustiças	que	pesavam	sobre	o	trabalho	dos	homens.	
ALEMANHA	
Em	1890,	foi	realizada	a	Conferência	Internacional	de	proteção	ao	operário.	
Promulgação	da	Constituição	de	Weimar,	em	1919,	que	tratava	de	uma	série	de	
matérias	de	direito	social,	entre	outras:	(a)	trabalho	sob	a	proteção	estatal;	(b)	garantia	
quanto	à	liberdade	de	associação;	(c)	sistematização	do	Direito	do	Trabalho.	
ESTADOS	UNIDOS	
Em	1º	de	maio	de	1886,	em	Chicago,	foram	organizadas	greves	e	manifestações	
por	garantias	e	melhorias	 laborais	 (redução	da	 jornada	de	13	para	8	horas).	A	polícia	
entrou	 em	 choque	 com	os	manifestantes	 e	 uma	pessoa	 não	 identificada	 lançou	 uma	
bomba	contra	a	multidão,	matando	quatro	manifestantes	e	 três	policiais.	Oito	 líderes	
trabalhistas	 foram	 presos	 e	 julgados	 responsáveis.	 Um	 suicidou-se	 na	 prisão,	 quatro	
foram	enforcados	e	três	libertados	depois	de	sete	anos	de	prisão.	
RÚSSIA	
Eclosão	das	primeiras	lutas	operárias,	em	1904	e	promulgação	da	Constituição	de	
1905	e	ocorrência	de	uma	greve	geral.	Em	1917,	ocorre	a	Revolução	Comunista.	
MÉXICO	
A	 Carta	 de	 1917	 inicia	 o	 processo	mundial	 relativo	 à	 constitucionalização	 das	
normas	de	proteção	ao	trabalho.	Estabelecia	jornada	de	8	horas,	proibição	de	trabalho	
de	menores	de	12	anos,	limitação	da	jornada	dos	menores	de	16	anos	a	6	horas,	jornada	
noturna	máxima	de	7	horas,	descanso	semanal,	proteção	à	maternidade,	salário	mínimo,	
direito	de	sindicalização	e	de	greve,	indenização	de	dispensa,	seguro	social	e	proteção	
contra	acidentes	do	trabalho.	
3ª	FASE	–	DE	1919	ATÉ	OS	DIAS	ATUAIS	
O	 marco	 inicial	 desse	 período	 é	 a	 celebração	 do	 Tratado	 de	 Versalhes	 que	
preconizava	nove	princípios	gerais	relativos	à	regularização	do	trabalho.	
O	 início	 dessa	 fase	 caracterizou-se	 por	 uma	 maior	 intervenção	 estatal,	 como	
forma	 de	 elaboração	 de	 um	 regulamento	 das	 relações	 de	 trabalho,	 visando	 à	
harmonização	do	TRABALHO	X	CAPITAL.	O	Estado	disciplinou	diversas	normas	tais	como	
o	trabalho	das	mulheres	e	dos	menores,	a	jornada	de	trabalho,	a	segurança	e	a	medicina	
no	trabalho,	os	salários	e	os	mecanismos	para	controle	dos	conflitos	trabalhistas.	
Atualmente,	 ocorrem	 os	 seguintes	 fenômenos	 na	 sociedade	 capitalista:	 (a)	
implementos	 de	 processos	 informatizados	 de	 produção;	 (b)	 avanços	 no	 campo	 da	
engenharia	genética	e	das	telecomunicações;	(c)	surgimento	de	blocos	econômicos	e	de	
áreas	de	livre	comércio,	com	o	incremento	das	relações	comerciais	internacionais	e	(d)	
aumento	da	interdependência	dos	mercados	mundiais.	
A	 intervenção	 estatal	 e	 a	 organização	 dos	 trabalhadores	 foram	 elementos	
essenciais	 para	 o	 surgimento	 e	 desenvolvimento	 do	 Direito	 do	 Trabalho.	 No	 mundo	
moderno,	com	as	alterações	que	vem	sofrendo	a	sociedade	capitalista	contemporânea,	
o	 Direito	 do	 Trabalho	 vem	 sofrendo	 mudanças	 que	 exigem	 a	 adoção	 de	 novos	
mecanismos	visando	a	uma	maior	flexibilização	das	normas	trabalhistas.	
A	 nova	 realidade	 econômica	 gera	 várias	 críticas	 quanto	 ao	 modelo	 de	
intervencionismo	estatal.	O	mundo	estatal	rígido	de	proteção	é	insuficiente	para	a	tutela	
do	 trabalhador,	 em	 face	 das	 novas	 técnicas	 de	 trabalho.	 Qualquer	 que	 seja	 o	 novo	
modelo	sugerido	para	o	Direito	do	Trabalho,	é	imperioso	que	a	dignidade	do	trabalhador	
seja	 mantida,	 como	 meio	 de	 se	 evitar	 o	 retorno	 a	 uma	 situação	 degradante	 do	 ser	
humano.	Os	principais	fatos	que	mereceram	destaque	nos	países	do	mundo	foram:	
ITÁLIA	
Ocupação	de	usinas	siderúrgicas	por	grevistas,	em	agosto	de	1920	e	eclosão	de	
greves	gerais	em	1922	e	1969.	Proibição	de	greves	e	início	do	corporativismo,	criação	do	
sindicato	único,	em	1926	e	com	a	ruptura	em	1949.	Edição	da	Carta	del	Lavoro,	em	1927.	
FRANÇA	
Grevegeral	em	1934	com	uma	série	de	conflitos	e	vítimas.	Em	1936,	celebração	
do	acordo	de	Martignon,	a	respeito	das	convenções	coletivas,	em	1936.	Greve	geral	em	
Paris,	1952	e	dos	funcionários	públicos,	em	1959,	e	em	toda	a	França	em	1968.	
ALEMANHA	
Realização	da	greve	geral	nacional	de	1920,	com	grande	crise	econômica	gerando	
mais	de	5.500.000	desempregados.	Nomeação	de	Hitler	 como	chanceler	e	avanço	do	
nazismo.	
INGLATERRA	
Greve	nos	transportes,	em	1926	e	proibição	das	greves,	em	1929.	Adoção	de	nova	
lei	de	greves,	em	1971	e	eclosão	de	greves	nos	serviços	públicos,	em	1972/73.	
	
3.	EVOLUÇÃO	DO	DIREITO	DO	TRABALHO	NO	BRASIL	
A	evolução	do	Direito	do	Trabalho	no	Brasil	pode	ser	dividida	em	três	fases:		
(a)	da	Independência	-	1822	até	a	Abolição	da	Escravatura	-	1888;		
(b)	da	Abolição	da	Escravatura	-	1888	até	a	Revolução	de	1930;		
(c)	da	Revolução	de	1930	até	os	dias	atuais	
	
1ª	Fase:	da	Independência	até	a	Abolição	da	Escravatura	
O	primeiro	período	foi	marcado	pelo	trabalho	escravo,	o	que	não	contribuiu	para	
o	desenvolvimento	da	legislação	trabalhista.	À	época	vigia	a	Constituição	de	1824	que	
consagrava	a	filosofia	liberal	da	revolução	francesa	assegurando	a	liberdade	de	trabalho,	
porém,	sem	tratar	dos	direitos	sociais	do	trabalhador.	Nossa	primeira	Carta	proibiu	as	
corporações	de	ofício.		
2ª	Fase:	da	Abolição	da	Escravatura	até	a	Revolução	de	1930		
A	Constituição	de	1891	reconheceu	a	liberdade	de	associação	de	forma	genérica.	
As	modificações	ocorridas	na	Europa	decorrentes	da	1ª	Guerra	Mundial	e	o	surgimento	
da	Organização	 Internacional	 do	 Trabalho	 -	 OIT,	 em	 1919,	 incentivaram	 a	 criação	 de	
normas	trabalhistas	no	país.	
3ª	Fase:	da	Revolução	de	1930	até	os	dias	atuais		
Getúlio	 Vargas	 iniciou	 a	 formação	 de	 uma	 política	 trabalhista	 em	 1930,	
culminando	com	a	edição	da	Consolidação	das	Leis	do	Trabalho	–	CLT,	em	1°	de	maio	de	
1943,	editada	pelo	Decreto-lei	n°	5.452.	
O	Ministério	do	Trabalho,	Indústria	e	Comércio	foi	criado	em	1930,	passando	a	
expedir	decretos	sobre	profissões,	trabalhos	das	mulheres	(1932),	salário	mínimo	(1936),	
Justiça	do	Trabalho	(1939),	etc.	
A	 Constituição	 de	 1934	 é	 a	 primeira	 a	 tratar	 especificamente	 do	 Direito	 do	
Trabalho.	 Instituiu	 a	 Justiça	 do	 Trabalho	 no	 Brasil,	 porém	 ainda	 era	 um	 órgão	 sem	
autonomia	e	subordinado	ao	Poder	Executivo.	
Garantia	a	 liberdade	sindical,	 isonomia	salarial,	salário	mínimo,	 jornada	de	oito	
horas	de	trabalho,	proteção	do	trabalho	das	mulheres	e	menores,	 repouso	semanal	e	
férias	anuais	remuneradas.	
A	Constituição	de	1937,	marca	uma	fase	intervencionista	do	Estado,	tinha	cunho	
eminentemente	 corporativista,	 inspirada	 na	 Carta	 del	 Lavoro	 Italiana,	 de	 1927	 e	 na	
Constituição	 polonesa.	 Instituiu	 o	 sindicato	 único,	 vinculado	 ao	 Estado	 e	 exercendo	
funções	delegadas	de	poder	público,	podendo	haver	intervenção	do	Estado.	A	greve	e	o	
lockout	 foram	 considerados	 recursos	 antissociais,	 nocivos	 ao	 trabalho	 e	 ao	 capital	 e	
incompatível	com	os	interesses	da	produção	nacional.	
A	Constituição	de	1946	é	considerada	uma	Carta	democrática,	rompendo	com	o	
corporativismo	da	Carta	anterior	e,	pela	primeira	vez,	subordinou	a	Justiça	do	Trabalho	
ao	Poder	Judiciário.	Nela	foram	inseridos	os	direitos	de	participação	nos	lucros,	o	repou-
so	semanal	remunerado,	a	estabilidade	de	emprego	e	o	direito	de	greve,	entre	outros.	
Nesse	período	surgiram	outras	leis	ordinárias	que	regulavam	direitos	trabalhistas:	
-	Lei	605/49	à	repouso	semanal	remunerado.	
-	Lei	4.090/62	à	13°	salário.	
-	Lei	4.266/63	à	salário	família.		
A	Carta	de	1967	manteve	os	direitos	trabalhistas	das	Constituições	anteriores.		
No	âmbito	da	legislação	ordinária	destacaram-se:	
-	Lei	5.889/73	à	Trabalhador	rural.	
-	 Lei	 5.859/72	à	 Trabalho	 dos	 empregados	 domésticos	 (revogada	 pela	 Lei	
Complementar	150/2015).	
-	Lei	6.019/74	à	Trabalhador	temporário	(alterada	pela	Lei	13.429/2017	–	Lei	da	
Terceirização.	
A	Constituição	de	1988	trata	os	direitos	trabalhistas	nos	arts.	7°	a	11,	incluídos	no	
Capítulo	II	–	Dos	Direitos	Sociais,	do	Título	II	–	Dos	Direitos	e	Garantias	Fundamentais,	ao	
passo	que	nas	Cartas	anteriores	os	direitos	trabalhistas	sempre	eram	inseridos	no	âmbito	
da	ordem	econômica	e	social.	O	art.	7°	da	CF	trata	de	direitos	individuais	e	tutelares	do	
trabalho.		
	
Art.	7º	São	direitos	dos	trabalhadores	urbanos	e	rurais,	além	de	outros	que	
visem	à	melhoria	de	sua	condição	social:	
	 I	 -	 relação	de	emprego	protegida	contra	despedida	arbitrária	ou	 sem	 justa	
causa,	 nos	 termos	 de	 lei	 complementar,	 que	 preverá	 indenização	
compensatória,	dentre	outros	direitos;	
II	-	seguro-desemprego,	em	caso	de	desemprego	involuntário;	
III	-	fundo	de	garantia	do	tempo	de	serviço;	
IV	-	salário	mínimo,	fixado	em	lei,	nacionalmente	unificado,	capaz	de	atender	
a	 suas	 necessidades	 vitais	 básicas	 e	 às	 de	 sua	 família	 com	 moradia,	
alimentação,	 educação,	 saúde,	 lazer,	 vestuário,	 higiene,	 transporte	 e	
previdência	 social,	 com	 reajustes	 periódicos	 que	 lhe	 preservem	 o	 poder	
aquisitivo,	sendo	vedada	sua	vinculação	para	qualquer	fim;	
V	-	piso	salarial	proporcional	à	extensão	e	à	complexidade	do	trabalho;	
VI	 -	 irredutibilidade	 do	 salário,	 salvo	 o	 disposto	 em	 convenção	 ou	 acordo	
coletivo;	
VII	 -	 garantia	 de	 salário,	 nunca	 inferior	 ao	mínimo,	 para	 os	 que	 percebem	
remuneração	variável;	
VIII	-	décimo	terceiro	salário	com	base	na	remuneração	integral	ou	no	valor	da	
aposentadoria;	
IX	-	remuneração	do	trabalho	noturno	superior	à	do	diurno;	
X	-	proteção	do	salário	na	forma	da	lei,	constituindo	crime	sua	retenção	dolosa;	
XI	-	participação	nos	lucros,	ou	resultados,	desvinculada	da	remuneração,	e,	
excepcionalmente,	participação	na	gestão	da	empresa,	conforme	definido	em	
lei;	
XII	-	salário-família	para	os	seus	dependentes;	
XII	 -	 salário-família	 pago	 em	 razão	 do	 dependente	 do	 trabalhador	 de	 baixa	
renda	nos	termos	da	lei;		(Redação dada pela Emenda nº 20, de 1998)	
XIII	-	duração	do	trabalho	normal	não	superior	a	oito	horas	diárias	e	quarenta	
e	 quatro	 semanais,	 facultada	 a	 compensação	 de	 horários	 e	 a	 redução	 da	
jornada,	mediante	acordo	ou	convenção	coletiva	de	trabalho;		(vide Decreto-
Lei nº 5.452, de 1943)	
XIV	-	jornada	de	seis	horas	para	o	trabalho	realizado	em	turnos	ininterruptos	
de	revezamento,	salvo	negociação	coletiva;	
XV	-	repouso	semanal	remunerado,	preferencialmente	aos	domingos;	
XVI	 -	 remuneração	 do	 serviço	 extraordinário	 superior,	 no	 mínimo,	 em	
cinquenta	por	cento	à	do	normal;		(Vide Del 5.452, art. 59 § 1º)	
XVII	-	gozo	de	férias	anuais	remuneradas	com,	pelo	menos,	um	terço	a	mais	
do	que	o	salário	normal;	
XVIII	-	licença	à	gestante,	sem	prejuízo	do	emprego	e	do	salário,	com	a	duração	
de	cento	e	vinte	dias;	
XIX	-	licença-paternidade,	nos	termos	fixados	em	lei;	
XX	 -	 proteção	 do	 mercado	 de	 trabalho	 da	 mulher,	 mediante	 incentivos	
específicos,	nos	termos	da	lei;	
XXI	-	aviso	prévio	proporcional	ao	tempo	de	serviço,	sendo	no	mínimo	de	trinta	
dias,	nos	termos	da	lei;	
XXII	-	redução	dos	riscos	inerentes	ao	trabalho,	por	meio	de	normas	de	saúde,	
higiene	e	segurança;	
XXIII	 -	 adicional	 de	 remuneração	 para	 as	 atividades	 penosas,	 insalubres	 ou	
perigosas,	na	forma	da	lei;	
XXIV	-	aposentadoria;	
XXV	 -	assistência	gratuita	aos	 filhos	e	dependentes	desde	o	nascimento	até	
seis	anos	de	idade	em	creches	e	pré-escolas;	
XXV	-	assistência	gratuita	aos	filhos	e	dependentes	desde	o	nascimento	até	5	
(cinco)	anos	de	 idade	em	creches	e	pré-escolas;	 	 	 	 	 	 	 	 	 	 (Redação dada pela 
Emenda Constitucional nº 53, de 2006)	
XXVI	-	reconhecimento	das	convenções	e	acordos	coletivos	de	trabalho;	
XXVII	-	proteção	em	faceda	automação,	na	forma	da	lei;	
XXVIII	 -	 seguro	 contra	 acidentes	 de	 trabalho,	 a	 cargo	 do	 empregador,	 sem	
excluir	a	 indenização	a	que	este	está	obrigado,	quando	incorrer	em	dolo	ou	
culpa;	
XXIX	-	ação,	quanto	a	créditos	resultantes	das	relações	de	trabalho,	com	prazo	
prescricional	de:	
a)	 cinco	 anos	 para	 o	 trabalhador	 urbano,	 até	 o	 limite	 de	 dois	 anos	 após	 a	
extinção	 do	 contrato;		
b)	até	dois	anos	após	a	extinção	do	contrato,	para	o	trabalhador	rural;	
XXIX	 -	 ação,	 quanto	 aos	 créditos	 resultantes	 das	 relações	 de	 trabalho,	 com	
prazo	prescricional	de	cinco	anos	para	os	trabalhadores	urbanos	e	rurais,	até	
o	limite	de	dois	anos	após	a	extinção	do	contrato	de	trabalho;												(Redação 
dada pela Emenda Constitucional nº 28, de 25/05/2000)	
a)	 (Revogada).	 (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 28, de 
25/05/2000)	
b)	 (Revogada).	 (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 28, de 
25/05/2000)	
XXX	-	proibição	de	diferença	de	salários,	de	exercício	de	funções	e	de	critério	
de	admissão	por	motivo	de	sexo,	idade,	cor	ou	estado	civil;	
XXXI	-	proibição	de	qualquer	discriminação	no	tocante	a	salário	e	critérios	de	
admissão	do	trabalhador	portador	de	deficiência;	
XXXII	-	proibição	de	distinção	entre	trabalho	manual,	técnico	e	intelectual	ou	
entre	os	profissionais	respectivos;	
XXXIII	-	proibição	de	trabalho	noturno,	perigoso	ou	insalubre	aos	menores	de	
dezoito	e	de	qualquer	trabalho	a	menores	de	quatorze	anos,	salvo	na	condição	
de	aprendiz;		
XXXIII	 -	proibição	de	 trabalho	noturno,	perigoso	ou	 insalubre	a	menores	de	
dezoito	 e	 de	 qualquer	 trabalho	 a	 menores	 de	 dezesseis	 anos,	 salvo	 na	
condição	de	aprendiz,	a	partir	de	quatorze	anos;	 	 	 	 	 	 	 	 	 	(Redação dada pela 
Emenda Constitucional nº 20, de 1998)	
	XXXIV	-	igualdade	de	direitos	entre	o	trabalhador	com	vínculo	empregatício	
permanente	e	o	trabalhador	avulso	
	Parágrafo	único.	São	assegurados	à	categoria	dos	trabalhadores	domésticos	
os	direitos	previstos	nos	incisos	IV,	VI,	VIII,	XV,	XVII,	XVIII,	XIX,	XXI	e	XXIV,	bem	
como	a	sua	integração	à	previdência	social.	
Parágrafo	único.	São	assegurados	à	categoria	dos	trabalhadores	domésticos	os	
direitos	previstos	nos	incisos	IV,	VI,	VII,	VIII,	X,	XIII,	XV,	XVI,	XVII,	XVIII,	XIX,	XXI,	
XXII,	XXIV,	XXVI,	XXX,	XXXI	e	XXXIII	e,	atendidas	as	condições	estabelecidas	em	
lei	 e	 observada	 a	 simplificação	 do	 cumprimento	 das	 obrigações	 tributárias,	
principais	 e	 acessórias,	 decorrentes	 da	 relação	 de	 trabalho	 e	 suas	
peculiaridades,	os	previstos	nos	incisos	I,	II,	III,	IX,	XII,	XXV	e	XXVIII,	bem	como	
a	 sua	 integração	à	previdência	 social.	 	 	 	 	 	 	 	 	 	 	 	 (Redação dada pela Emenda 
Constitucional nº 72, de 2013)	
O	art.	8°	versa	sobre	o	sindicato	e	suas	 relações.	O	art.	9°	especifica	as	 regras	
sobre	a	greve.	O	art.	10	determina	disposição	sobre	a	participação	dos	trabalhadores	em	
colegiados.		
O	art.	11	menciona	que	nas	empresas	com	mais	de	200	empregados	é	assegurada	
a	 eleição	 de	 um	 representante	 dos	 trabalhadores	 para	 entendimentos	 com	 o	
empregador.	
Quanto	 a	 esse	 último	 dispositivo	 constitucional	 a	 Lei	 13.467/2017,	 trouxe	
inovações,	estabelecendo	um	colegiado	de,	no	mínimo	3	e	no	máximo	7	membro	como	
representantes	dos	empregados	na	empresa,	in	verbis:	
	
Art.	510-A.	Nas	empresas	com	mais	de	duzentos	empregados,	é	assegurada	a	
eleição	de	uma	comissão	para	representá-los,	com	a	finalidade	de	promover-
lhes	o	entendimento	direto	com	os	empregadores.		
§1o	A	comissão	será	composta:		
I	 -	nas	empresas	com	mais	de	duzentos	e	até	três	mil	empregados,	por	três	
membros;		
II	-	nas	empresas	com	mais	de	três	mil	e	até	cinco	mil	empregados,	por	cinco	
membros;		
III	-	nas	empresas	com	mais	de	cinco	mil	empregados,	por	sete	membros.		
§	 2o	 No	 caso	 de	 a	 empresa	 possuir	 empregados	 em	 vários	 Estados	 da	
Federação	e	no	Distrito	Federal,	será	assegurada	a	eleição	de	uma	comissão	
de	 representantes	 dos	 empregados	 por	 Estado	 ou	 no	 Distrito	 Federal,	 na	
mesma	forma	estabelecida	no	§	1o	deste	artigo.	
Art.	510-B.	A	comissão	de	representantes	dos	empregados	terá	as	seguintes		
atribuições:		
I	-	representar	os	empregados	perante	a	administração	da	empresa;		
II	-	aprimorar	o	relacionamento	entre	a	empresa	e	seus	empregados	com	base	
nos	princípios	da	boa-fé	e	do	respeito	mútuo;		
III	-	promover	o	diálogo	e	o	entendimento	no	ambiente	de	trabalho	com	o	fim	
de	prevenir	conflitos;		
IV	-	buscar	soluções	para	os	conflitos	decorrentes	da	relação	de	trabalho,	de	
forma	 rápida	 e	 eficaz,	 visando	 à	 efetiva	 aplicação	 das	 normas	 legais	 e	
contratuais;		
V	 -	 assegurar	 tratamento	 justo	 e	 imparcial	 aos	 empregados,	 impedindo	
qualquer	forma	de	discriminação	por	motivo	de	sexo,	idade,	religião,	opinião	
política	ou	atuação	sindical;		
VI	-	encaminhar	reivindicações	específicas	dos	empregados	de	seu	âmbito	de	
representação;		
VII	 -	acompanhar	o	cumprimento	das	 leis	 trabalhistas,	previdenciárias	e	das	
convenções	coletivas	e	acordos	coletivos	de	trabalho.		
§	 1o	 As	 decisões	 da	 comissão	 de	 representantes	 dos	 empregados	 serão	
sempre	colegiadas,	observada	a	maioria	simples.		
§2o	A	comissão	organizará	sua	atuação	de	forma	independente.	
Art.	510-C.	A	eleição	será	convocada,	com	antecedência	mínima	de	trinta	dias,	
contados	do	término	do	mandato	anterior,	por	meio	de	edital	que	deverá	ser	
fixado	na	empresa,	com	ampla	publicidade,	para	inscrição	de	candidatura.		
§	1o	Será	formada	comissão	eleitoral,	 integrada	por	cinco	empregados,	não	
candidatos,	para	a	organização	e	o	acompanhamento	do	processo	eleitoral,	
vedada	a	interferência	da	empresa	e	do	sindicato	da	categoria.		
§	2o	Os	empregados	da	empresa	poderão	candidatar-se,	exceto	aqueles	com	
contrato	de	trabalho	por	prazo	determinado,	com	contrato	suspenso	ou	que	
estejam	em	período	de	aviso	prévio,	ainda	que	indenizado.		
§	3o	Serão	eleitos	membros	da	comissão	de	representantes	dos	empregados	
os	 candidatos	 mais	 votados,	 em	 votação	 secreta,	 vedado	 o	 voto	 por	
representação.		
§4o	 Acomissãotomarápossenoprimeirodiaútilseguinteàeleiçãoouaotérmino	
do	mandato	anterior.		
§	5o	Se	não	houver	candidatos	suficientes,	a	comissão	de	representantes	dos	
empregados	 poderá	 ser	 formada	 com	 número	 de	 membros	 inferior	 ao	
previsto	no	art.	510-	A	desta	Consolidação.		
§	6o	Se	não	houver	registro	de	candidatura,	será	lavrada	ata	e	convocada	nova	
eleição	no	prazo	de	um	ano.	
Art.	 510-D.	 O	 mandato	 dos	 membros	 da	 comissão	 de	 representantes	 dos	
empregados	será	de	um	ano.		
§	 1o	 O	 membro	 que	 houver	 exercido	 a	 função	 de	 representante	 dos	
empregados	 na	 comissão	 não	 poderá	 ser	 candidato	 nos	 dois	 períodos	
subsequentes.		
§	2o	O	mandato	de	membro	de	comissão	de	representantes	dos	empregados	
não	 implica	 suspensão	 ou	 interrupção	 do	 contrato	 de	 trabalho,	 devendo	 o	
empregado	permanecer	no	exercício	de	suas	funções.		
§	3o	Desde	o	registro	da	candidatura	até	um	ano	após	o	fim	do	mandato,	o	
membro	da	comissão	de	representantes	dos	empregados	não	poderá	sofrer	
despedida	arbitrária,	entendendo-se	como	tal	a	que	não	se	fundar	em	motivo	
disciplinar,	técnico,	econômico	ou	financeiro.		
§	4o	Os	documentos	referentes	ao	processo	eleitoral	devem	ser	emitidos	em	
duas	vias,	as	quais	permanecerão	sob	a	guarda	dos	empregados	e	da	empresa	
pelo	prazo	de	cinco	anos,	à	disposição	para	consulta	de	qualquer	trabalhador	
interessado,	do	Ministério	Público	do	Trabalho	e	do	Ministério	do	Trabalho.

Continue navegando