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Fundamentos da Pedagogia Fundamentos da Pedagogia Organizado por Universidade Luterana do Brasil Universidade Luterana do Brasil – ULBRA Canoas, RS 2018 Cármen Lúcia Rodrigues Cosme Luiz Chinazzo Graziela Macuglia Oyarzabal Hellen Callegari Cardia Lorenzoni Jaqueline de Menezes Rosa Lauraci Dondé da Silva Lisiane Gazola Santos Luciana Peixoto Cordeiro Maria Cleidia Klein Oliveira Marlene Terezinha Fernandes Simone Loureiro Brum Imperatore Simone Soares Echeveste Obra organizada pela Universidade Luterana do Brasil. Informamos que é de inteira responsabilidade dos autores a emissão de conceitos. Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida por qualquer meio ou forma sem prévia autorização da ULBRA. A violação dos direitos autorais é crime estabelecido na Lei nº 9.610/98 e punido pelo Artigo 184 do Código Penal. Dados técnicos do livro Diagramação: Marcelo Ferreira Revisão: Geórgia Marques Píppi A disciplina de Fundamentos da Pedagogia, que compõe o primeiro semestre do curso, objetiva trazer informações sobre a organização curricular, os princípios filosóficos e metodológicos; apresenta também as concepções basilares de estruturação e organização da matriz, o campo de atuação do pedagogo, a legislação pertinente das questões legais de normatização do curso de Pedagogia frente à legislação educacional bra- sileira, histórico dos cursos de Pedagogia, as normativas em relação à for- mação continuada, ao Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes (ENADE) e à gestão de carreira do pedagogo, dentre outros temas. No Capítulo 1 – Histórico do curso de Pedagogia e as principais con- cepções – são analisados os dados históricos de implantação do curso de Pedagogia no Brasil, a partir das leis, decretos e resoluções emanadas nos últimos anos. Traz também o cenário de formação docente no Brasil à luz das questões legais e de formação dos professores. Aprofunda um pouco mais os estudos em relação ao curso de Pedagogia ao explorar o Parecer CNE/CP n.º 5/2005 e a Resolução CNE/CP n.º 01/2006. Propõe também uma analogia entre o Memorial Descrito a partir da configuração dos da- dos históricos e legais do texto com o Memorial Descritivo Acadêmico que será solicitado ao final da disciplina. O Capítulo 2 – A pedagogia e o papel do pedagogo – apresenta as áreas nas quais o pedagogo vai atuar, a docência, a pesquisa e a gestão, além do perfil profissional desejado. Para tanto, serão também exploradas as habilidades necessárias a esse perfil profissional, em especial aquelas relativas à organização e à gestão de equipes, visto que esse profissional irá compor e liderar equipes, tanto em ambientes escolares como em am- bientes não escolares. Apresentação Apresentação v O Capítulo 3 – A formação do pedagogo: orientações legais e regu- latórias – discute sobre os documentos normativos, regulatórios e institu- cionais para a elaboração, o desenvolvimento e a avaliação do curso de graduação em Pedagogia. A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacio- nal, lei n.º 9.394/96, as Diretrizes Curriculares Nacionais, os indicadores nacionais de qualidade do Ensino Superior e demais documentos institu- cionais são apresentados e articulados à regulamentação e à avaliação do curso de Pedagogia. No Capítulo 4 – Histórico dos cursos de Pedagogia da ULBRA – apre- senta-se a origem e o desenvolvimento do curso de Pedagogia na Univer- sidade Luterana do Brasil. O Capítulo 5 – As áreas de atuação do pedagogo: ambientes escola- res e não escolares – apresenta uma visão geral das áreas de atuação do pedagogo, ou seja, das possibilidades de atuação nos diferentes espaços da sociedade, nos ambientes formais e não formais de educação. O Capítulo 6 – A organização curricular do curso de Pedagogia da ULBRA – apresenta a organização do currículo escrito do curso, as concep- ções basilares institucionais e do próprio curso a partir de eixos temáticos estruturantes na formação do educador pesquisador. O Capítulo 7 - O processo de formação do educador pesquisador – aborda aspectos relacionados à trilha percorrida pelos acadêmicos do curso de Pedagogia que vivenciarão momentos nos quais se identificarão como discentes, pesquisadores e docentes, na busca de uma gestão res- ponsável da sua autoformação acadêmica. No Capítulo 8, as autoras exploram o papel da pesquisa, extensão e curricularização da extensão na formação do pedagogo, argumentando sobre a prática da pesquisa e as múltiplas vivências da extensão como uma oportunidade de reflexão acerca da realidade em que está inserido. No Capítulo 9, os autores apresentam a descrição, organização e sistematização dos quatro estágios do curso de Pedagogia, ressaltando as experiências nos estágios como possibilidades de vivência prática, de vi Apresentação formação profissional em um processo de colaboração interinstitucional envolvendo a universidade, as escolas e os mais diversos ambientes edu- cativos. O Capítulo 10 – Planejamento e gestão de carreiras – apresenta uma reflexão sobre a preparação do adolescente/jovem para a vida, mais espe- cialmente, para o mundo do trabalho. São apresentados aspectos impor- tantes sobre o projeto de vida com enfoque no pessoal, mas, principalmen- te, na orientação profissional. 1 Histórico do curso de Pedagogia e as principais concepções ..1 2 A pedagogia e o papel do pedagogo ..................................16 3 Documentos legais (normativos). A formação do pedagogo e suas áreas de atuação ............41 4 O curso de Pedagogia da ULBRA .........................................71 5 As áreas de atuação do pedagogo: ambientes escolares e não escolares ...................................................93 6 A estrutura curricular organizada por eixos de formação ...111 7 O processo de formação do pedagogo ..............................137 8 O papel da pesquisa, extensão e curricularização da extensão na formação do pedagogo .................................152 9 Os estágios na formação do Pedagogo .............................176 10 Planejamento e gestão de carreiras ..................................196 Sumário Marlene Fernandes1 Capítulo 1 Histórico do curso de Pedagogia e as principais concepções 1 Graduada em Pedagogia/UNISINOS. Especialista em Administração e Planejamen- to para Docentes. Mestre em Educação/ULBRA. Professora da ULBRA Canoas/RS. 2 Fundamentos da Pedagogia Introdução A estrutura e a organização do primeiro capítulo do livro da disciplina de Fundamentos da Pedagogia propõem revisitar, mesmo que sucintamente, os dados históricos de desenvolvi- mento do curso de Pedagogia no Brasil, a partir das leis, decre- tos e resoluções emanadas nos últimos anos. Trazem, também, o cenário de formação docente no Brasil à luz das questões legais e de formação dos professores. Aprofundam um pouco mais os estudos em relação ao curso de Pedagogia ao explo- rarem o Parecer CNE/CP n.º 5/2005 e a Resolução CNE/CP n.º 01/2006. Para este estudo, propomos a sua reflexão sobre as etapas do Memorial Descritivo, criando a configuração e a descrição dos dados analogamente ao Memorial Descritivo Acadêmico que será solicitado ao final da disciplina. 1 O cenário de formação docente no Brasil Considerando os dados históricos da realidade educacional brasileira, que se constituem em grande parte por questões le- gais de normatização, faremos uso dos registros históricos do Parecer CNE/CP n.º 5/2005, que originou as Diretrizes Cur- riculares Nacionais do curso de Pedagogia. Para essa breve releitura dos dados, propomos uma analogia dos fatos através de um Memorial Descritivo que, nesta situação, objetiva uma reflexão sobre a trajetória do curso de Pedagogia no Brasil a Capítulo 1 Histórico do curso de Pedagogia eas principais ... 3 partir da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LD- BEN) – Lei 9.394/96. O Memorial Descritivo é um recurso amplamente utiliza- do na descrição de fatos importantes da trajetória acadêmica, profissional, intelectual e artística de uma pessoa e objetiva uma reflexão sobre os fatos mais relevantes avaliando cada etapa dessa experiência. Assim, neste capítulo, estamos pro- pondo essa analogia, exemplificando através desse exercício a construção do Memorial Descritivo Acadêmico, que será so- licitado aos alunos ingressantes ao final desta disciplina. O Memorial Descritivo, que propomos em relação a este capítu- lo, será organizado contendo os seguintes itens: histórico do curso de Pedagogia; um olhar sobre a legislação e a formação de professores e; por fim, as atividades discursivas de revisão e parecer analítico do aluno em relação ao capítulo estudado. 1ª etapa memorial descritivo O Memorial Descritivo desta etapa consiste na apresentação dos dados históricos do curso de Pedagogia. No Material Descritivo Acadêmico, esta etapa consiste na apresentação breve da história acadêmica como aluno do ensino médio. 2 O curso de Pedagogia: breve histórico Considerando a legislação que normatiza o sistema educacio- nal, constata-se que o curso de Pedagogia tem, atualmente, no Parecer CNE/CP n.º 05/2005 e na Resolução CNE/CP n.º 01/2006, a normatização da formação do pedagogo. Para 4 Fundamentos da Pedagogia exemplificar o histórico do curso de Pedagogia e a legislação que regulamentou o seu funcionamento no país, serão regis- trados excertos do Parecer CNE/CP n.º 5/2005 por apresentar a legislação e os fatores sociais, educacionais e políticos que influenciaram as reformas educacionais ao longo dos tempos. No Brasil, o curso de Pedagogia, ao longo de sua história, teve definido como seu objeto de estudo e finalidade precípuos os processos educativos em es- colas e em outros ambientes, sobremaneira a educação de crianças nos anos iniciais de escolarização, além da gestão educacional. Merece ser salientado que, nas primeiras propostas para este curso, a ele se atribuiu o “estudo da forma de ensinar”. Regulamentado pela primeira vez, nos termos do Decreto- -Lei n.º 1.190/1939, foi definido como lugar de formação de “técnicos em educação”. Estes eram, à época, professores primários que realizavam estudos superiores em Pedagogia para, mediante concurso, assumirem funções de administração, planejamento de currículos, orientação a professores, inspeção de escolas, avaliação do desempenho dos alunos e dos docentes, de pesquisa e desenvolvimento tecnológico da educação, no Ministério da Educação, nas secretarias dos estados e dos municípios. A padronização do curso de Pedago- gia, em 1939, é decorrente da concepção normativa da época, que alinhava todas as licenciaturas ao denominado “esquema 3+1”, pelo qual era feita a formação de bacharéis nas diversas áreas das Ciências Humanas, Sociais, Naturais, Letras, Artes, Matemática, Física, Química. Seguindo este esquema, o curso de Pedagogia 2 oferecia o título de bacharel a quem cursasse três anos de estudos em conteúdos específicos da área, quais sejam fundamentos e teo- rias educacionais; e o título de licenciado que permitia atuar como professor, aos que, tendo concluído o bacharelado, cursassem mais um ano de estudos, dedicados à Didática e à Prática de Ensino. O então curso de Pedagogia disso- ciava o campo da ciência Pedagogia, do conteúdo da Didática, abordando- -os em cursos distintos e tratando-os separadamente. Ressalta-se, ainda, que aos licenciados em Pedagogia também era concedido o registro para lecionar Matemática, História, Geografia e Estudos Sociais, no primeiro ciclo do ensino secundário. A dicotomia entre bacharelado e licenciatura levava a entender que no bacharelado se formava o pedagogo que poderia atuar como técnico em educação e, na licenciatura, formava-se o professor que iria lecionar as matérias pedagógicas do Curso Normal de nível secundário, quer no primeiro ciclo, o ginasial - normal rural, ou no segundo. (Parecer CNE/CP n.º 5/2005) Em 1961 é aprovada a primeira Lei de Diretrizes e Bases n.º 4.024/61 e o Parecer CFE n.º 251/62, que mantém o Capítulo 1 Histórico do curso de Pedagogia e as principais ... 5 esquema 3+1 para o curso de Pedagogia, fixando o currículo mínimo do curso de bacharelado em Pedagogia, composto por sete disciplinas indicadas pelo Conselho Federal Educa- ção (CFE) e mais duas escolhidas pelas instituições. Já a li- cenciatura em Pedagogia, regulamentada pelo Parecer CFE n.º 292/1962, previa o estudo de três disciplinas: Psicologia da Educação, Elementos de Administração Escolar, Didática e Prática de Ensino, esta última em forma de Estágio Supervisio- nado. Mantinha-se, assim, a dualidade, bacharelado e licen- ciatura em Pedagogia. Em 1968 é aprovada a Lei da Reforma Universitária n.º 5.540/68, que facultava à graduação em Pedagogia a ofer- ta de habilitações: supervisão, orientação, administração e inspeção educacional, assim como outras especialidades ne- cessárias ao desenvolvimento nacional e às peculiaridades do mercado de trabalho. A partir dessa prerrogativa da lei em oferecer outras especialidades, a Universidade Luterana do Brasil (ULBRA) foi pioneira ao aprovar a Pedagogia Empresa- rial como uma habilitação do curso de Pedagogia. Em 1969, o Parecer CFE n° 252 e a Resolução CFE n.º 2, que dispunham so- bre a organização e o funcionamento do curso de Pedagogia, indicavam como finalidade do curso preparar profissionais da educação assegurando possibi- lidade de obtenção do título de especialista, mediante complementação de estudos. A Resolução CFE n.º 2/1969 determinava que a formação de profes- sores para o ensino normal e de especialistas para as atividades de orientação, administração, supervisão e inspeção, fosse feita no curso de graduação em Pedagogia, de que resultava o grau de licenciado. (Parecer CNE/CP n.º 5/2005) Atentas às exigências do momento histórico, já no início da década de 1980, várias universidades efetuaram reformas curriculares, de modo a formar, no curso de Pedagogia, pro- 6 Fundamentos da Pedagogia fessores para atuarem na educação pré-escolar e nas séries iniciais do Ensino de 1º Grau. Como sempre, no centro das preocupações e das decisões, estavam os processos de ensi- nar, aprender, além do de gerir escolas. O curso de Pedago- gia, desde então, vai amalgamando experiências de formação inicial e continuada de docentes, para trabalhar tanto com crianças quanto com jovens e adultos. (PARECER CNE/CP n.º 5/2005). 2ª etapa Memorial Descritivo O Memorial Descritivo desta etapa consiste na revisão das questões legais sobre a formação de professores no Brasil e a orga- nização do curso de Pedagogia. No Material Descritivo Acadêmico, esta etapa consiste na descrição da escolha pelo curso de Pe- dagogia, especificando razões, motivos, justificativas, sentimentos pessoais e profissionais. 3 Um olhar sobre a legislação e a formação de professores A organização dos dados, abordada neste capítulo, traz resu- midamente a legislação aprovada a partir da Lei 9.394/96 e as normatizações legais para a formação de professores. O Quadro 1 exemplifica as legislações aprovadas sobre a for- mação de professores, em especial na educação infantil e nos anos iniciais do ensino fundamental, assim como em cursos de Educação Profissional para o Magistério e para o exercício de atividades que exijam formação pedagógica e estudo de política e gestão educacionais. Capítulo 1 Histórico do curso de Pedagogia e as principais ... 7 Quadro 1 Legislação da formação de professores a partir da LDBEN/96 Legislação Artigos / descrição Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Lei n.º 9.394/96)Arts. 3º, inciso VII, 9º, 13, 43, 61, 62, 64, 65 e 67 Plano Nacional de Educa- ção (Lei n.º 10.172/2001) Item IV, Magistério na Educação Básica, que define as diretrizes, os objetivos e metas, relativas à formação profissional inicial para docentes da Educação Básica. Parecer CNE/CP n.º 9/2001 Define as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Formação de Professores da Educação Básica, em nível superior, curso de licenciatura, de gra- duação plena. Parecer CNE/CP n.º 27/2001 Dá nova redação ao item 3.6, alínea “c”, do Parecer CNE/CP n° 9/2001, que dispõe sobre as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Forma- ção de Professores da Educação Básica, em nível superior, curso de licenciatura, de graduação plena. Resolução CNE/CP n.º 1/2002 Institui Diretrizes Curriculares Nacionais para a Formação de Professores da Educação Básica, em nível superior, curso de licenciatura, de gra- duação plena. Resolução CNE/CP n.º 2/2002 Institui a duração e a carga horária dos cursos de licenciatura, de graduação plena, de for- mação de professores da Educação Básica, em nível superior. Fonte: Parecer CNE/CP n.º 5/2005. A aprovação da LDBEN n.º 9.394/96 estabelece em quais níveis acontecerá a formação de professores, alterando o es- quema “3+1” e delegando aos cursos de licenciatura o com- promisso com a formação de docentes da educação básica: Art. 62. A formação de docentes para atuar na educação básica far-se-á em nível superior, em curso de licenciatura 8 Fundamentos da Pedagogia plena, admitida, como formação mínima para o exercício do magistério na educação infantil e nos cinco primeiros anos do ensino fundamental, a oferecida em nível mé- dio, na modalidade normal. (Redação dada pela lei n.º 13.415, de 2017) A partir das legislações elencadas no quadro preceden- te que normatizam a formação de professores no país, prin- cipalmente com a aprovação da Resolução CNNE/CP n.º 01/2002, que instituiu as diretrizes curriculares nacionais para a formação de professores da educação básica, os cursos de graduação passam a ser legislados por resoluções próprias para atender as especificidades de cada área de formação. O Quadro 2 apresenta a legislação que normatiza o curso de Pedagogia em todo o país evidenciando as preocupações com os processos de ensinar, aprender e de gestão dos am- bientes escolares e não escolares, além das decisões quanto à formação inicial e continuada dos docentes, para trabalhar tanto com crianças quanto com jovens e adultos. Quadro 2 Legislação que normatiza a formação do pedagogo Parecer CNE/CP n.º 5/2005 Define as Diretrizes Curriculares Nacio- nais para o curso de Pedagogia. Resolução CNE/CP n.º 1, de 15 de maio de 2006 Institui Diretrizes Curriculares Nacionais para o Curso de Graduação em Peda- gogia, licenciatura. Fonte: www.mec.gov.br/diretrizes. No ano de 2015 é aprovada a Resolução CNE/CP n.º 2, de 1º de julho de 2015, que define as Diretrizes Curriculares Nacionais para a formação inicial em nível superior (cursos de Capítulo 1 Histórico do curso de Pedagogia e as principais ... 9 licenciatura, cursos de formação pedagógica para graduados e cursos de segunda licenciatura) e para a formação continua- da, normatizando também a formação do pedagogo. Devido à abrangência da Resolução CNE/CP n.º 02/2015, que altera a composição da carga horária total dos cursos de formação de professores, o total de horas destinadas às ati- vidades práticas e de estágio curricular, assim como as horas de atividades teórico-práticas de aprofundamento em áreas específicas de interesse dos estudantes, o campo de atuação do professor também é ampliado, de acordo com o artigo 2º: Art. 2º As Diretrizes Curriculares Nacionais para a Forma- ção Inicial e Continuada em Nível Superior de Profissio- nais do Magistério para a Educação Básica aplicam-se à formação de professores para o exercício da docência na educação infantil, no ensino fundamental, no ensino médio e nas respectivas modalidades de educação (Edu- cação de Jovens e Adultos, Educação Especial, Educação Profissional e Tecnológica, Educação do Campo, Educa- ção Escolar Indígena, Educação a Distância e Educação Escolar Quilombola), nas diferentes áreas do conheci- mento e com integração entre elas, podendo abranger um campo específico e/ou interdisciplinar. Dessa forma, os cursos de licenciatura no país passam a (re)organizar a matriz curricular atendendo às solicitações le- gais de adequação dos critérios exigidos pela resolução, prin- cipalmente em relação à carga horária total. Nos capítulos subsequentes deste livro, esses aspectos serão retomados com 10 Fundamentos da Pedagogia estudo mais detalhado da legislação em relação à formação do pedagogo. Cabe destacar que a readequação dos cursos de licencia- tura atende precipuamente o que determina o artigo 3º da referida resolução, quanto ao campo de atuação dos profes- sores: Art. 3º A formação inicial e a formação continuada des- tinam-se, respectivamente, à preparação e ao desenvol- vimento de profissionais para funções de magistério na educação básica em suas etapas – educação infantil, en- sino fundamental, ensino médio – e modalidades – edu- cação de jovens e adultos, educação especial, educação profissional e técnica de nível médio, educação escolar indígena, educação do campo, educação escolar quilom- bola e educação a distância – a partir de compreensão ampla e contextualizada de educação e educação esco- lar, visando assegurar a produção e difusão de conheci- mentos de determinada área e a participação na elabora- ção e implementação do projeto político-pedagógico da instituição, na perspectiva de garantir, com qualidade, os direitos e os objetivos de aprendizagem e o seu desenvol- vimento, a gestão democrática e a avaliação institucional. Capítulo 1 Histórico do curso de Pedagogia e as principais ... 11 A formação dos profissionais da educação, no curso de Pedagogia, passou a constituir, reconhecidamente, um dos requisitos para o desenvolvimento da Educação Básica no País. Enfatiza-se ainda que grande parte dos cursos de Pedagogia, hoje, tem como objetivo central a formação de profissionais capazes de exercer a docência na Educa- ção Infantil, nos anos iniciais do Ensino Fundamental, nas disciplinas pedagógicas para a formação de professores, assim como para a participação no planejamento, gestão e avaliação de estabelecimentos de ensino, de sistemas educativos escolares, bem como organização e desenvolvimento de programas não escolares. Os movimentos sociais também têm insistido em demonstrar a existência de uma demanda ainda pouco atendida, no sentido de que os estudantes de Pedagogia sejam também formados para garantir a educação, com vistas à inclu- são plena, dos segmentos historicamente excluídos dos direitos sociais, culturais, econômicos, políticos. (Parecer CNE/CP n.º 05/2005) À guisa de conclusão deste capítulo, destaca-se que as fi- nalidades do curso de Pedagogia abrangem integradamente a docência, a participação na gestão e avaliação de sistemas e instituições de ensino em geral, a elaboração, a execução, o acompanhamento de programas e as atividades educativas. Na organização do curso de Pedagogia, dever-se-á observar as áreas de conhecimento subsidiárias da formação de educa- dores, a pluralidade de ideias e de concepções pedagógicas, as diferentes concepções teóricas e metodológicas próprias da Pedagogia, que se estruturam com base na docência da edu- cação infantil e dos anos iniciais do ensino fundamental. 12 Fundamentos da Pedagogia Recapitulando O capítulo introdutório da disciplina de Fundamentos da Pe- dagogia apresentou os dados históricos sobre a legislação que normatiza a formação de professores no país, com referênciaao histórico do curso de Pedagogia e a legislação pertinen- te. Nesse contexto houve o estudo do Parecer CNE/CP n.º 5/2005 e da Resolução CNE/CP n.º 01/2006 buscando a compreensão dos processos de formação dos professores e a organização do trabalho pedagógico que instigue o licencian- do em Pedagogia a assumir seu papel na sociedade. Cabe destacar que a Resolução CNE/CP n.º 2/2015 que define as Diretrizes Curriculares Nacionais para a formação inicial em nível superior (cursos de licenciatura, cursos de formação pe- dagógica para graduados e cursos de segunda licenciatura), devido à sua relevância para a formação do pedagogo, será estudada nos capítulos subsequentes. Referências BRASIL. Conselho Nacional de Educação. Resolução n.º 2, de 01 de julho de 2015. Define as Diretrizes Curriculares Na- cionais para a formação inicial em nível superior (cursos de licenciatura, cursos de formação pedagógica para gradu- ados e cursos de segunda licenciatura) e para a formação continuada. Brasília: CNE, 2015. Capítulo 1 Histórico do curso de Pedagogia e as principais ... 13 BRASIL. Conselho Nacional de Educação. Resolução n.º 1, de 15 de maio de 2006. Diretrizes Curriculares Nacionais para os cursos de Pedagogia. Brasília: CNE, 2006. BRASIL. Conselho Nacional de Educação. Parecer CNE/CP n.º 5/2005. Define as Diretrizes Curriculares Nacionais para o curso de Pedagogia. 3ª etapa Memorial Descritivo O Memorial Descritivo desta etapa consiste na revisão dos conceitos abordados no desen- volvimento do capítulo, através de atividades de reflexão. No Material Descritivo Acadêmico, esta etapa consiste no relato das expectativas em relação ao curso quanto à formação em Pedago- gia, em relação às disciplinas e às áreas de atuação do pedagogo. Atividades O objetivo das atividades propostas a seguir é revisitar as re- soluções e pareceres estudados neste capítulo, buscando iden- tificar os aspectos relevantes que orientam a formulação das referidas legislações. Orientamos que as respostas das ativida- des discursivas propostas sejam registradas nos materiais de estudo de cada aluno. Estas produções serão retomadas nas avaliações da disciplina. 1) Acessar a Resolução CNE/CP n.º 01/2006 - Institui Dire- trizes Curriculares Nacionais para o Curso de Graduação em Pedagogia, licenciatura no site: www.mec.gov.br/dire- trizes ou consultar a biblioteca virtual. Leia atentamente o 14 Fundamentos da Pedagogia art. 5º e destaque as competências do aluno egresso da Pedagogia. 2) Acessar o Art. 6º, da mesma resolução da tarefa 1, e ela- borar um quadro que descreva a estrutura do curso de Pedagogia, nos três tópicos: Estrutura curso de Pedagogia Descrever os elementos de cada núcleo I – Núcleo de estudos básicos. II - Núcleo de aprofundamento e diversificação de estudos. III - Núcleo de estudos integra- dores. 3) Acessar o Parecer CNE/CP n.º 05/2005, que define as Di- retrizes Curriculares Nacionais para o curso de Pedagogia no site: WWW.mec.gov.br/diretrizes ou consultar a biblio- teca virtual. Registrar os objetivos do curso de Pedagogia. 4) Acessar no mesmo parecer da tarefa 1, o Perfil do Licen- ciado em Pedagogia e elaborar um texto com os principais conceitos. 4ª etapa Memorial Descritivo O Memorial Descritivo desta etapa consiste na revisão dos conceitos abordados no desen- volvimento do capítulo, através de atividades de reflexão. No Material Descritivo Acadêmico, esta etapa representa um momento de reflexão sobre a escolha pelo curso de Pedagogia refletindo sobre as projeções realizadas no memorial em estreita articulação com o percurso de formação do pedagogo pretendida. Capítulo 1 Histórico do curso de Pedagogia e as principais ... 15 5) Elabore um texto descrevendo a importância das legis- lações estudadas no Capítulo 1 para a compreensão da história do curso de Pedagogia, tanto nas questões legais quanto no significado que o curso assume na formação de professores. Maria Cleidia Klein Oliveira1 Capítulo 2 A pedagogia e o papel do pedagogo 1 Graduada em Pedagogia. Especialista em Administração e Formação de Recur- sos Humanos. Mestre em Educação. Professora da ULBRA Canoas/RS. Capítulo 2 A pedagogia e o papel do pedagogo 17 Introdução Para que possa consolidar a escolha da sua profissão, é im- portante que você conheça as suas áreas de atuação, compre- enda o perfil profissional que ela se propõe a formar e as prin- cipais atividades que irão compor o dia a dia dessa profissão. Veremos que o pedagogo irá atuar em três frentes básicas: a docência, a pesquisa e a gestão. Nesse contexto, torna-se imperativo conhecer também as habilidades necessárias a esse perfil profissional, em especial àquelas relativas à organização e à gestão de pessoas, visto que esse profissional irá compor e liderar equipes, tanto em ambientes escolares como em am- bientes não escolares. 1 Quem é o pedagogo? O que é a pedagogia? De acordo com uma definição do dicionário, “pedagogo é o profissional ou especialista em pedagogia; o que estuda e apli- ca a arte de educar”. (PEDAGOGO, 2017). Temos, aqui, uma definição bastante abrangente e que empodera esse profissio- nal, diferente de sua designação inicial histórica, do grego pai- dagogus, que designava o escravo responsável pela condução das crianças para a escola na Grécia Antiga. Na etimologia, paidos significa criança e agoge significa conduzir. Assim, pela análise etimológica, temos que o pedagogo é aquele que con- duz a criança ao conhecimento. 18 Fundamentos da Pedagogia Analisando-se as Diretrizes Curriculares Nacionais – DCNs, do curso de Pedagogia, observa-se que essas diretrizes preve- em, em seu artigo quarto, que o curso de Licenciatura em Pedagogia destina-se ... à formação de professores para exercer funções de magistério na Educação Infantil e nos anos iniciais do Ensino Fundamental, nos cursos de Ensino Médio, na modalidade Normal, de Educação Profissional na área de serviços e apoio escolar e em outras áreas nas quais sejam previstos conhecimentos pedagógicos. (BRASIL, 2006, Art. 4.º) Pode-se depreender, a partir da definição do perfil de formação preconizado pelas DCNs, que o pedagogo é um profissional da área da educação que atuará na docência, nos níveis da educação infantil e dos anos iniciais do ensino fundamental, na formação de professores em nível médio, e também na área de serviços e apoio escolar, indicando uma ampla área de abrangência para esse profissional. Essa área se amplifica ainda mais no parágrafo único do artigo quarto: As atividades docentes também compreendem participa- ção na organização e gestão de sistemas e instituições de ensino, englobando: I - planejamento, execução, coordenação, acompanha- mento e avaliação de tarefas próprias do setor da edu- cação; Capítulo 2 A pedagogia e o papel do pedagogo 19 II - planejamento, execução, coordenação, acompanha- mento e avaliação de projetos e experiências educativas não escolares; III - produção e difusão do conhecimento científico-tec- nológico do campo educacional, em contextos escolares e não escolares. (BRASIL, 2006, Art. 4.º). Com essa abrangência de atuação, o pedagogo possui à sua frente um campo de trabalho muito amplo, seja no setor público, privado, em instituições escolares, sistemas de ensino e também em inúmeros espaços não escolares. Em uma ótica mais objetiva, pode-se afirmar que O pedagogo é o educador responsável pela educação infantil, dos anos iniciais, da formação de professores e de profissionais de apoio escolar no ensino médio e também pela gestão de sis- temas e atividades de ensino, em ambientes escolares e também em ambientes não escolares. Você deve ter percebido que a amplitude do campo deatuação desse profissional indica muitos desafios em termos de conhecimento teórico e prático no campo da educação. E é objetivando o enfrentamento desses desafios que o curso de Pedagogia foi concebido e estruturado. E o que dizer então da ciência que forma esse profissional? A Pedagogia? 20 Fundamentos da Pedagogia A Pedagogia é a ciência da educação que estuda como o sujei- to aprende e, as estratégias mais adequadas para as diferentes situações de ensino e aprendizagem, buscando obter os melho- res resultados em cada uma delas. Você perceberá, ao longo de sua formação, que muitos conhecimentos serão necessários para dar conta desse perfil, e que precisará construir muitas competências profissionais e relacionais para obter sucesso em sua profissão. 2 Os papéis a serem desempenhados pelo pedagogo Como vimos, o pedagogo atua em docência na educação in- fantil, nos anos iniciais e na formação de professores, e tam- bém na gestão de atividades de ensino em espaços escolares e também em espaços não escolares. Vamos explorar um pouco mais os diferentes papéis a serem desempenhados nessas áre- as de atuação. Capítulo 2 A pedagogia e o papel do pedagogo 21 Figura 1 Papéis exercidos pelo pedagogo. Fonte: imagem do autor. 2.1 O pedagogo como docente As atividades de docência implicam no planejamento, execu- ção e avaliação de atividades educativas de acordo com as características de cada faixa etária dos educandos, nível de ensino e condições socioculturais específicas de cada realida- de educacional. Na docência da educação infantil, o pedagogo é o pro- fissional que recebe a criança no ambiente educativo desde a primeira infância, sendo responsável por um período essencial da educação dela, onde sua atuação extrapola o âmbito do cuidado, pois deve “compreender, cuidar e educar crianças de zero a cinco anos, de forma a contribuir, para o seu desenvolvi- mento nas dimensões, entre outras, física, psicológica, intelec- tual, social”. (BRASIL, 2006, Art. 5.º). 22 Fundamentos da Pedagogia No âmbito do ensino fundamental, o pedagogo atua junto às crianças matriculadas nos anos iniciais, no en- sino regular, ou na educação de jovens e adultos – EJA, buscando “fortalecer o desenvolvimento e as aprendiza- gens de crianças do Ensino Fundamental, assim como daqueles que não tiveram oportunidade de escolarização na idade própria”. (BRASIL, 2006, Art. 5.º). Para que isso ocorra, irá “ensinar Língua Portuguesa, Mate- mática, Ciências, História, Geografia, Artes, Educação Física, de forma interdisciplinar e adequada às diferentes fases do de- senvolvimento humano”. (BRASIL, 2006, Art. 5.º). As atividades de docência poderão ainda ser realizadas junto aos cursos normais de ensino médio (também conheci- dos como magistério), ou em cursos de ensino médio na área de apoio escolar. Para exercer as atividades de docência, você precisará lan- çar mão de inúmeros conhecimentos, que lhe permitam tran- sitar em diferentes realidades, compreender as necessidades educativas dos sujeitos observando a sua diversidade e avaliar as metodologias e instrumentos a serem utilizados em cada situação. A partir desses insumos será possível planejar as ati- vidades docentes, tendo em mente que “planejar é antecipar mentalmente uma ação a ser realizada e agir de acordo com o previsto; é buscar fazer algo incrível, essencialmente humano: o real ser comandado pelo ideal”. (VASCONCELLOS, 2010, p. 35). É preciso observar, no entanto, que “o planejamento só tem sentido se o sujeito coloca-se em uma perspectiva de mu- Capítulo 2 A pedagogia e o papel do pedagogo 23 dança. ” (VASCONCELOS, 2010, p. 38). Ou seja, planeja-se para mudar uma realidade, melhorar uma condição, construir algo, atingir crescimento. 2.2 O pedagogo como pesquisador Você perceberá rapidamente que um educador é um pesqui- sador por imposição do ofício. As atividades docentes apre- sentam inúmeras oportunidades de investigação, que levam o educador a ...realizar pesquisas que proporcionem conhecimentos, entre outros: sobre alunos e alunas e a realidade socio- cultural em que estes desenvolvem suas experiências não escolares; sobre processos de ensinar e de aprender, em diferentes meios ambiental-ecológicos; sobre propostas curriculares; e sobre organização do trabalho educativo e práticas pedagógicas. (BRASIL, 2006, Art. 5.º) Para sua atividade investigativa será necessário, também, “utilizar, com propriedade, instrumentos próprios para cons- trução de conhecimentos pedagógicos e científicos” (BRASIL, 2006, Art. 5.º). A ação investigativa lhe permitirá uma atuação focada em cada realidade com a qual se deparar, oferecendo maiores possibilidades de sucesso na sua atividade docente e, consequentemente, no desempenho de seus alunos. O trabalho diário do professor exige observação perma- nente, diagnóstico de perfis, verificação do alcance de obje- tivos, criação de hipóteses, elaboração de possíveis respostas às hipóteses elaboradas, aplicação de estratégias, verificação do alcance de resultados e, de acordo com esses, reiniciar a 24 Fundamentos da Pedagogia trajetória de observação e das etapas subsequentes. Nóvoa (1992, p. 13) ressalta que “a formação não se constrói por acumulação (de cursos, de conhecimento ou de técnicas), mas sim através de um trabalho de reflexividade crítica sobre as práticas e de (re)construção permanente de uma identidade pessoal”. Ou seja, a prática docente exige um exercício per- manente de reflexão-ação-reflexão. Segundo Alarcão (2003), os professores reflexivos têm como base a capacidade de pensamento, reflexão e criati- vidade. Trata-se de uma atitude de abertura, antes de tudo, pois o trabalho docente exige a busca constante de soluções para problemas que surgem de forma imprevista no cotidiano da profissão, e também para aqueles que se apresentam roti- neiramente e com os quais, por vezes, acabamos nos acostu- mando. Schön (1992, p. 82) apresenta algumas premissas que le- vam à atitude reflexiva: Se o professor quiser familiarizar-se com esse tipo de sa- ber, tem de lhe prestar tenção, ser curioso, ouvi-lo, sur- preender-se, e atuar como uma espécie de detetive que procura descobrir as razões que levam as crianças a di- zer certas coisas. Esse tipo de professor esforça-se por ir ao encontro do aluno e entender o seu próprio processo de conhecimento, ajudando-o a articular o seu conheci- mento-na-ação que exige do professor uma capacidade de individualizar, isto é, de prestar atenção a um aluno, mesmo em uma turma de trinta, tendo a noção do seu grau de compreensão e das suas dificuldades. Capítulo 2 A pedagogia e o papel do pedagogo 25 Enfim, a prática cotidiana de sala de aula exige atitude investigativa, busca de estratégias e verificação de resultados, criando uma dinâmica bastante diversificada e rica de oportu- nidades de aprendizado também para o professor. 2.3 O pedagogo como gestor No campo da gestão, o pedagogo poderá: XII - participar da gestão das instituições contribuindo para elaboração, implementação, coordenação, acom- panhamento e avaliação do projeto pedagógico; XIII - participar da gestão das instituições planejando, executando, acompanhando e avaliando projetos e pro- gramas educacionais, em ambientes escolares e não es- colares. (BRASIL, 2006, Art. 5.º) Nesse âmbito, as atividades exigirão um perfil capaz de compreender os diferentes tipos de organizações e de iden- tificar as estratégias que viabilizem “desenvolver trabalho em equipe, estabelecendo diálogo entre a área educacional e as demais áreas do conhecimento” (BRASIL, 2006, Art. 5.º). Ou seja, o pedagogo é o interlocutor entre as diferentes áreas, de forma a assegurar que os conceitos pedagógicos sejam apli- cados nas diferentes situaçõese ambientes nos quais o proces- so de ensino-aprendizagem esteja acontecendo. Para que possa transitar nesses diferentes espaços e com- por equipes multidisciplinares, precisará desenvolver habilida- des de gestão e de trabalho em equipe, com destaque para a comunicação, a liderança e a assertividade. 26 Fundamentos da Pedagogia 3 Desenvolvendo habilidades de gestão Você deve estar se perguntando: e como é que se desenvolvem essas habilidades de gestão? Certamente não é uma pergunta fácil de responder. Afinal, estamos o tempo todo em contato com diferentes pessoas, que nos apresentam demandas diver- sas a partir de diferentes motivações, fazendo uso de diferentes linguagens e com diferentes intenções e objetivos. Mas é jus- tamente toda essa riqueza de variáveis das interações que nos permite ter diferentes experiências e desenvolver habilidades de gestão e de relacionamento interpessoal. O desempenho social refere-se à emissão de um com- portamento ou sequência de comportamentos em uma situação social qualquer. Já o termo habilidades sociais refere-se à existência de diferentes classes de comporta- mentos sociais no repertório do indivíduo para lidar de maneira adequada com as demandas das situações in- terpessoais. (DEL PRETTE & DEL PRETTE, 2010, p. 31) Vamos explorar um pouco mais esse tema a partir de um modelo de habilidades sociais, proposto por Del Prette e Del Prette (2010). As categorias que compõem as habilidades so- ciais são: interação, comportamento pró-social e habilidades sociocognitivas (DEL PRETTE & DEL PRETTE, 2013). Os autores organizaram uma taxonomia contendo sete grupos de habili- dades sociais, a serem desenvolvidas em um treinamento de habilidades sociais. Capítulo 2 A pedagogia e o papel do pedagogo 27 Figura 2 Taxonomia das habilidades sociais. (DEL PRETTE & DEL PRETTE, 2010) Como este modelo indica, a nosso ver, habilidades essen- ciais ao bom desempenho de um educador/gestor, iremos ex- plorar a sua importância no âmbito de atuação do pedagogo. a. Habilidades de automonitoramento – segundo Del Prette & Del Prette, essa é “uma habilidade metacogni- tiva e afetivo-comportamental pela qual a pessoa ob- serva, descreve, interpreta e regula seus pensamentos, sentimentos e comportamentos em situações sociais” (2010, p. 62). A exemplo da tríade ação-reflexão- -ação, essa habilidade permite ao indivíduo regular seus comportamentos, a partir de uma reflexão sobre os impactos desses nas suas relações sociais. “Eu me conheço por meio das minhas relações com o outro que me fornece feedback e balizamento para minha consciência.” (TONET et al., 2011, p. 27) b. Habilidades sociais de comunicação – para Del Prette & Del Prette essas habilidades contemplam: “fa- zer e responder perguntas, pedir feedback, gratificar/ 28 Fundamentos da Pedagogia elogiar, dar feedback, iniciar, manter e encerrar conver- sação” (2010, p. 60). A comunicação é, sem dúvida, uma das mais importantes habilidades a serem de- senvolvidas por qualquer profissional, principalmente pelo educador. Vamos partir do pressuposto de que a comunicação se origina do latim “communis” e sig- nifica tornar algo comum. Ou seja, a comunicação ocorre quando o que se quer dizer é compreendido pela pessoa para quem se diz. Mas isso nem sempre acontece. Observe que a comunicação envolve vários elementos, conforme a figura a seguir: Figura 3 Elementos do processo de comunicação. O emissor é a pessoa que fala, que emite a mensagem. O receptor é a pessoa que recebe a mensagem. A mensagem é o que se quer dizer, o conteúdo. O meio é o canal utilizado para a comunicação. Pode ser a fala, a escrita, os gestos. O resultado da comunicação é o entendimento do receptor. Você já deve ter tido a experiência de não ter sido bem interpretado ou compreendido em uma situação de comunica- ção, não é mesmo? Isso ocorre porque a compreensão pode ser afetada por inúmeros fatores, conhecidos como ruídos ou barreiras de comunicação, que interferem no entendimento da mensagem. As barreiras de comunicação mais comuns ocor- rem quando as pessoas já possuem um juízo de valor prévio Capítulo 2 A pedagogia e o papel do pedagogo 29 em função do emissor ou do conteúdo da mensagem, quando selecionam apenas uma parte do conteúdo da comunicação, quando a linguagem utilizada não é compreensível para o re- ceptor, quando há uma grande diferença de status entre os interlocutores ou quando há sobrecarga de informações. Para evitar que as barreiras ocorram, é preciso comunicar com clareza, objetividade, utilizando a linguagem adequada ao receptor, repetir os conceitos principais e, principalmente, fazer uso do feedback. O feedback é um termo emprestado da física, que significa retroalimentação. Consiste do momento em que o receptor indica ao emissor o que compreendeu da mensagem, de forma a assegurar que a comunicação ocorreu de forma efetiva. Outro aspecto importante a ser observado por um bom co- municador é que a linguagem corporal desempenha um papel determinante na comunicação. Ou seja, a postura do corpo, o nível de tensão ou relaxamento, a utilização de muitos movi- mentos ou a inércia total, a ausência ou presença do contato visual, as expressões faciais, todos esses elementos compõem o conjunto da comunicação, e podem tanto reforçar como invalidar uma mensagem. c. Habilidades sociais de civilidade – estas habilidades consistem em “dizer por favor, agradecer, apresentar- -se, cumprimentar, despedir-se” (DEL PRETTE & DEL PRETTE, 2010, p. 60). No trabalho docente, essas habilidades são potencializadas em função do caráter exemplar do educador para com seus educandos. 30 Fundamentos da Pedagogia d. Habilidades Sociais Assertivas, Direito e Cidada- nia – Neste tópico, Del Prette & Del Prette apresentam: manifestar opinião, concordar, discordar, fazer, acusar e rejeitar pedidos, desculpar-se, admitir falhas, interagir com autoridade, estabelecer relacionamento afetivo e/ ou sexual, encerrar relacionamento, expressar raiva/de- sagrado e pedir mudança de comportamento e lidar com críticas. (2010, p. 60) A assertividade pode ser definida como a capacidade de defender os próprios pontos de vista ou interesses, mantendo o respeito com os interesses e pontos de vista dos outros. É uma característica imprescindível a um gestor de sucesso, pois implica em agir quando deve agir, sem, no entanto, descuidar do respeito necessário às pessoas com as quais se relaciona. Existem diferentes formas de se comportar frente a situa- ções que exigem um posicionamento pessoal. Um compor- tamento passivo é aquele no qual a pessoa abre mão de de- fender seus direitos e pontos de vista, evitando o confronto. O comportamento agressivo é aquele em que o indivíduo busca o confronto direto, de forma bruta e sem consideração com o outro. No comportamento manipulativo, também conhecido como passivo-agressivo, o enfrentamento é feito de forma dis- simulada, sem confronto direto. Já o comportamento assertivo faz o enfrentamento, mas de forma respeitosa e franca, bus- cando o entendimento. Capítulo 2 A pedagogia e o papel do pedagogo 31 Figura 4 Tipos de comportamento. O comportamento assertivo deve ser expresso por meio de contato visual, com linguagem apropriada, tom de voz neutro e uma postura adequada. O esforço deve se concentrar na busca do entendimento, da compreensão mútua e da satisfa- ção pessoal. e. Habilidades sociais empáticas – estas habilidades consistem, segundo os autores, em parafrasear, refletir sentimentos e expressar apoio. Nessa ótica, represen- tam a capacidade de compreender a perspectiva do outro e oferecer apoio empático. Isso reforça os la- ços entre as pessoas, oferece estímulo à comunicação efetiva e cria identidade cultural. “Aprender formas de saber,de fazer ou de sentir como outros é ter formas culturais comuns com eles.” (SACRISTÁN, 2001, p. 138) f. Habilidades sociais de trabalho – Neste campo, Del Prette & Del Prette elencam: “coordenar grupos, falar em público, resolver problemas, tomar decisões e me- diar conflitos, habilidades sociais educativas” (2010, p. 60). Vamos explorar neste item a questão da lide- rança, que pode ser definida como a influência que 32 Fundamentos da Pedagogia uma pessoa exerce sobre as demais para o alcance de objetivos. A liderança envolve basicamente quatro ele- mentos: um líder, os liderados, a tarefa e a situação. O líder é a pessoa que exerce a liderança, normalmente o responsável pelo grupo. Os liderados são os demais componentes do grupo. A tarefa é o que deve ser feito pelo grupo. A situação é a forma como as coisas são organizadas para a realização da tarefa. Dentro da lógica da liderança, o líder é a pessoa que organiza os membros de um grupo para a execução de uma tarefa, a partir de sua influência, para o alcance de resultados. Figura 5 Elementos da liderança. Os líderes podem exercer sua liderança de diferentes for- mas para condução do grupo ao alcance dos objetivos: demo- crática – é a liderança que conduz o grupo a partir do diálogo e do consenso, tomando decisões com o grupo; autocrática – é a liderança que centraliza as decisões e define o que o grupo deverá fazer e como deverá fazer, exercendo uma influência de mando e obediência; paternalista – é um tipo de liderança que conduz os liderados de uma forma autocrática, mas ao mesmo tempo tratando-os como um pai, negociando benefícios e pu- nições com os membros do grupo; permissiva – é um tipo de liderança mais ausente, onde o líder não atua diretamente na condução dos liderados, deixando-os mais soltos. Capítulo 2 A pedagogia e o papel do pedagogo 33 Figura 6 Tipos de liderança. Você deve estar se perguntando: mas quem é o líder? Como se chega à liderança? Na verdade, existem diferentes formas de influência junto a um grupo. Em algumas, quando o líder ocupa um cargo de destaque, a liderança se dá em decorrên- cia desse. É o caso dos professores, diretores e dos chefes em geral. As pessoas se submetem ao líder em função do cargo que ele ocupa. Mas ocorrem também outras formações, em que os líderes despontam pelas suas características pessoais, assumindo destaque em uma determinada situação. Isso pode se dar em função de um conhecimento específico, de carisma, de uma experiência prévia, de possuir relações com pessoas poderosas ou mesmo pelo acesso privilegiado a uma informa- ção. Isso significa que a liderança pode se alternar entre as pessoas quando estão à frente de diferentes tarefas, grupos ou situações, caracterizando a liderança situacional. g. Habilidades sociais de expressão de sentimento positivo – estas habilidades refletem a capacidade de fazer amizades, expressar solidariedade e cultivar afe- tos; expressam as emoções e os sentimentos de aproxi- mação com o outro, com as demandas afetivas e com a necessária interação com outras pessoas. “O apego entre os indivíduos baseia-se também na compreensão da necessidade de sua complementaridade para rea- 34 Fundamentos da Pedagogia lizar aquilo que, por si sós, não poderiam alcançar.” (SACRISTÁN, 2002, p. 131). As habilidades sociais contribuem para uma melhor per- formance social e também profissional. Você certamente en- contrará oportunidades de desenvolver essas habilidades ao longo de sua formação e também das suas experiências pro- fissionais. Parafraseando Alarcão: “Professor: conhece a tua profissão e conhece-te a ti mesmo como professor para te as- sumires como profissional de ensino”. (1996, p. 180). Fica o desafio: pedagogo, conhece a tua profissão e conhece-te a ti mesmo como educador para te assumires como profissional da educação. Recapitulando Vimos neste capítulo que a pedagogia é a ciência da educa- ção que estuda como as pessoas aprendem e quais as me- lhores estratégias de ensino-aprendizagem para cada situação educativa. O conceito evoluiu desde a Grécia antiga, quando o pedagogo era o escravo encarregado de levar as crianças à escola. O perfil de formação do pedagogo abrande a atuação na docência da educação infantil, dos anos iniciais do ensino fundamental, dos cursos normais e de formação de profissio- nais de apoio escolar de ensino médio e também da gestão de ambientes escolares e não escolares. O trabalho do peda- gogo engloba a docência, a pesquisa e a gestão. No âmbito docente, o pedagogo atua na educação infantil e nos anos iniciais do ensino fundamental, incluindo educação de jovens Capítulo 2 A pedagogia e o papel do pedagogo 35 e adultos. A atividade docente exige diagnóstico, planejamen- to e execução de atividades de ensino e aprendizagem. Na pesquisa, o pedagogo se depara com a necessidade perma- nente de busca de soluções para os problemas que desafiam o cotidiano da ação docente. A prática reflexiva proporciona a possibilidade de exercício da tríade ação-reflexão-ação, que permite que as práticas docentes sejam permanentemente revi- sadas, questionadas e melhoradas. A gestão é uma atribuição presente no trabalho do pedagogo, exigindo o desenvolvimen- to de habilidades que permitam compor e liderar equipes. O modelo de taxonomia de habilidades sociais de Del Prette & Del Prette sugere que sejam desenvolvidas habilidades de au- tomonitoramento, de comunicação, de civilidade, assertivas, de direito e cidadania, empáticas, de trabalho e de expressão de sentimento positivo. Referências ALARCÃO, Isabel. Professores reflexivos em uma escola reflexiva. São Paulo: Cortez Editora, 2003. ALARCÃO, I. (org.). Formação reflexiva de professores: es- tratégias de supervisão. Porto: Porto Editora LDA, 1996. DEL PRETTE, Almir; DEL PRETTE, Zilda A. P. Del. Psicologia das relações interpessoais: vivências para o trabalho em grupo. 8. ed. Rio de Janeiro: Vozes, 2010. 36 Fundamentos da Pedagogia DEL PRETTE, Zilda A. P.; DEL PRETTE, Almir. Psicologia das habilidades sociais: diversidade teórica e suas implica- ções. 3. ed. Rio de Janeiro: Vozes, 2013. PEDAGOGO. Dicionário on-line de português. Disponível em: <https://www.dicio.com.br/pedagogo/>. Acesso em: 26 jul. 2017. MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO. Resolução CNE/CP 1/2006. Diário Oficial da União, Brasília, 16 de maio de 2006, Seção 1, p. 11. Disponível em: <http://portal.mec.gov. br/cne/arquivos/pdf/rcp01_06.pdf>. Acesso em: 26 jul. 2017. NÓVOA, A. Formação de Professores e profissão docente. In: Nóvoa (org.). Os professores e a sua formação. Lisboa: Dom Quixote, 1992. SCHÖN, D. A. Formar professores como profissionais reflexi- vos. In: Nóvoa (org.) Os professores e a sua formação. Lisboa: Dom Quixote 1992. TONET, Helena et al. Desenvolvimento de equipes. 2. ed. Rio de Janeiro: Editora FGV, 2011. Atividades 1) O pedagogo possui um campo próprio de atuação pro- fissional, definido pelas Diretrizes Curriculares Nacionais – DCNs do curso de Pedagogia. Identifique, dentre as afir- Capítulo 2 A pedagogia e o papel do pedagogo 37 mativas que seguem, aquela que apresenta alguns desses campos de atuação. a) ( ) Docência na educação infantil e no ensino superior. b) ( ) Docência nos anos finais do ensino fundamental e no curso médio normal. c) ( ) Docência nos anos iniciais e finais do ensino funda- mental. d) ( ) Docência na educação infantil e nos anos finais do ensino médio. e) ( ) Docência na educação infantil e nos anos iniciais do ensino fundamental. 2) Entre os papéis a serem desempenhados pelo pedagogo em sua atuação profissional está o de pesquisador. Avalie as afirmações que seguem a respeito desse papel: I. Implica em uma atitude permanente de investigação e busca de respostaspara os problemas educacionais. II. Leva ao alcance de respostas definitivas para as de- mandas educacionais. III. Estabelece parâmetros de avaliação a partir da formu- lação de hipóteses. IV. Exige uma atitude reflexiva que leva à ação e a uma nova reflexão. V. Constitui de forma natural a atividade docente. É correto apenas o que se afirma em: 38 Fundamentos da Pedagogia a) ( ) I e II. b) ( ) I, II e IV. c) ( ) I e III. d) ( ) I, IV e V. e) ( ) I e V. 3) O feedback é um mecanismo para se evitar ruídos na co- municação. Porque: Permite que o emissor indique ao receptor a sua com- preensão sobre a mensagem, a fim de certificar-se do seu entendimento. Sobre estas duas afirmativas é possível afirmar que: a) ( ) As duas são verdadeiras e não possuem relação entre si. b) ( ) A primeira é uma afirmativa verdadeira e a segunda é falsa. c) ( ) A primeira é uma afirmativa falsa e a segunda é verdadeira. d) ( ) As duas afirmativas são verdadeiras e a segunda é uma justificativa da primeira. e) ( ) As duas são falsas. 4) No campo da gestão, o pedagogo poderá: Capítulo 2 A pedagogia e o papel do pedagogo 39 XII - participar da gestão das instituições contribuindo para elaboração, implementação, coordenação, acompanhamento e avaliação do ____________ ______________; XIII - participar da gestão das instituições planejando, exe- cutando, acompanhando e avaliando projetos e pro- gramas educacionais, em ambientes __________ e _____________. (Resolução CNE/CP 1/2006. Art. 5º). As palavras que completam corretamente essas lacunas, são: a) ( ) projeto, pedagógico, escolares, não escolares. b) ( ) planejamento, estratégico, escolares, não escolares. c) ( ) projeto, estratégico, educativos, institucionais. d) ( ) planejamento, pedagógico, educativos, não escola- res. e) ( ) projeto, estratégico, escolares, não escolares. 5) Associe as duas colunas, relacionando as habilidades so- ciais com o comportamento que equivale à sua manifesta- ção: 1. HS de comunicação ( ) encerrar relacionamentos 2. HS assertivas ( ) fazer amizade 3. HS de civilidade ( ) coordenar grupos 40 Fundamentos da Pedagogia 4. HS de expressão de sentimento positivo ( ) pedir feedback 5. HS profissionais ( ) cumpri mentar A sequência correta dessa associação é: a) ( ) (1), (2), (4), (5), (3) b) ( ) (2), (4), (5), (1), (3) c) ( ) (3), (2), (5), (1), (4) d) ( ) (5), (2), (4), (1), (3) e) ( ) (4), (3), (1), (5), (2) Cármen Lúcia Rodrigues1 Graziela Macuglia Oyarzabal2 Jaqueline de Menezes Rosa3 Capítulo 3 Documentos legais (normativos). A formação do pedagogo e suas áreas de atuação 1 Mestre em Educação. Professora da ULBRA Canoas/RS. 2 Doutora em Educação. Professora da ULBRA Canoas/RS. 3 Mestre em Educação. Professora da ULBRA Canoas/RS. 42 Fundamentos da Pedagogia Introdução Este capítulo aborda os documentos normativos, regulatórios e institucionais para a elaboração, o desenvolvimento e a ava- liação do curso de graduação em Pedagogia. Inicialmente, será contextualizado o curso em relação às questões legais, sobretudo a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, lei n.º 9.394/96, às Diretrizes Curriculares Nacionais e demais documentos institucionais. Em seguida, tratar-se-á da regula- mentação e da avaliação do curso de Pedagogia, conforme os indicadores nacionais de qualidade do ensino superior. Por fim, destaca-se a importância dos diferentes atores nesse pro- cesso de formação de professores em nível superior. 1 Contexto normativo e regulatório do curso de Pedagogia Você está cursando Pedagogia e neste capítulo conhecerá como se organiza um curso nessa área. Serão todos os cursos de Pedagogia iguais? Para responder a essa questão, temos que nos deter a questões legais. O primeiro documento a ser consultado é a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDBEN). A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, n.º 9.394, promulgada em 20 de dezembro de 1996, após um longo período de discussão e tramitação na Câmara de Depu- tados e no Senado Federal, estabelece os princípios e fins da Capítulo 3 Documentos legais (normativos). A formação ... 43 educação nacional, assim como as diretrizes para os diferentes níveis e modalidades da educação e ensino. Estabelece, ainda, como deve ocorrer a formação dos profissionais da educação. No artigo 53, da referida Lei, podemos observar que é oportunizado às Instituições de Ensino Superior construir seus cursos de graduação: Art. 53. No exercício de sua autonomia, são assegura- das às universidades, sem prejuízo de outras, as seguin- tes atribuições: I – criar, organizar e extinguir, em sua sede, cursos e pro- gramas de educação superior previstos nesta lei, obede- cendo às normas gerais da União e, quando for o caso, do respectivo sistema de ensino; II – fixar os currículos dos seus cursos e programas, ob- servadas as diretrizes gerais pertinentes; III – estabelecer planos, programas e projetos de pesqui- sa científica, produção artística e atividades de extensão; IV – fixar o número de vagas de acordo com a capacida- de institucional e as exigências do seu meio; V – elaborar e reformar os seus estatutos e regimentos em consonância com as normas gerais atinentes; VI – conferir graus, diplomas e outros títulos; [...] A LDBEN define, também, quem são os profissionais da educação: 44 Fundamentos da Pedagogia Art. 61. Consideram-se profissionais da educação esco- lar básica os que, nela estando em efetivo exercício e tendo sido formados em cursos reconhecidos, são: (Re- dação dada pela Lei n.º 12.014, de 2009) I – professores habilitados em nível médio ou superior para a docência na educação infantil e nos ensinos fun- damental e médio; (Redação dada pela Lei n.º 12.014, de 2009) II – trabalhadores em educação portadores de diploma de pedagogia, com habilitação em administração, pla- nejamento, supervisão, inspeção e orientação educacio- nal, bem como com títulos de mestrado ou doutorado nas mesmas áreas; (Redação dada pela Lei n.º 12.014, de 2009) III – trabalhadores em educação, portadores de diplo- ma de curso técnico ou superior em área pedagógica ou afim; (Incluído pela Lei n.º 12.014, de 2009) III - trabalhadores em educação, portadores de diplo- ma de curso técnico ou superior em área pedagógica ou afim; (Redação dada pela Medida Provisória n.º 746, de 2016) IV - profissionais com notório saber reconhecido pelos respectivos sistemas de ensino, para ministrar conteúdos de áreas afins à sua formação ou experiência profissio- nal, atestados por titulação específica ou prática de ensi- no em unidades educacionais da rede pública ou priva- da ou das corporações privadas em que tenham atuado, Capítulo 3 Documentos legais (normativos). A formação ... 45 exclusivamente para atender ao inciso V do caput do art. 36; (Incluído pela Lei n.º 13.415, de 2017) V - profissionais graduados que tenham feito comple- mentação pedagógica, conforme disposto pelo Conse- lho Nacional de Educação. (Incluído pela Lei n.º 13.415, de 2017) Chama a atenção que desde 2006 foram feitas várias al- terações na LDB como um todo, mas em especial quanto à organização da educação básica e aos profissionais da edu- cação. A maior controvérsia, talvez, esteja no acréscimo do inciso IV, ao reconhecer o notório saber e carecer de uma nor- matização específica para a definição de tal prática. A Educação Superior no Brasil vem se constituindo em um fenômeno crescente. Dados estatísticos (INEP, 2006) sugerem a acelerada expansão desse nível de ensino nas últimas dé- cadas, principalmente nos últimos vinte anos. Com o intuito de promover o desenvolvimento dos objetivos dessaetapa de ensino, orientar a expansão da oferta e a qualidade dessas ins- tituições, foram introduzidos diferentes mecanismos de acom- panhamento e avaliação. Exemplo disso é o estabelecimento da Lei n.º 10.861, de 14 de abril de 2004. Trata-se da institui- ção do Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior (Sinaes), “com o objetivo de assegurar o processo nacional de avaliação das instituições de educação superior, dos cursos de graduação e do desempenho acadêmico de seus estudantes” (BRASIL, 2017, art.1º). A partir do exposto, concluímos que as Instituições de Ensi- no Superior (IES) possuem autonomia para organizar os currí- 46 Fundamentos da Pedagogia culos de seus cursos, sendo assim, os cursos de Pedagogia não são todos iguais. Cada IES organiza seus cursos de acordo com alguns princípios e definições. A lei do SINAES traz uma série de ações que regulamentam os processos de gestão das universidades e instituições de educação superior. Destaca- -se entre os principais pontos da Lei e dos instrumentos que dela surgem, o viés regulador, sistematizado em diretrizes, que orientam o planejamento e os processos decisórios das insti- tuições (PINTO, 2015). Se cada instituição tem autonomia para estabelecer os cur- rículos de um curso de Pedagogia e deve respeitar algumas recomendações, podemos concluir que essas recomendações que nortearão o curso serão oriundas tanto da gestão adminis- trativa da IES como de Normativas Nacionais. No que se refere à gestão administrativa da IES, temos dois documentos importantes que norteiam esse processo. Falamos do Plano de Desenvolvimento Institucional (PDI) e do Projeto Pedagógico Institucional (PPI). O Plano de Desenvolvimento Institucional (PDI) é conside- rado o fio condutor de uma Instituição de Ensino Superior; trata-se de um planejamento estratégico da instituição, no qual esta define suas metas para atingir sua Missão e Visão. É no PDI que a instituição explicita suas ações nas dimensões de Gestão, Infraestrutura, Avaliação, Desenvolvimento e Aca- dêmica. Por ser um documento tão importante, esse deve ser construído, desenvolvido e avaliado por toda a comunidade acadêmica. Capítulo 3 Documentos legais (normativos). A formação ... 47 O atual PDI da ULBRA, por exemplo, foi construído através de consulta pública e Seminários realizados no ano de 2016. As contribuições de alunos, professores, gestores, colaborado- res e comunidade acadêmica foram o conteúdo que resultou no texto que você pode ler acessando os Documentos Institu- cionais no Autoatendimento do site institucional. Nessa leitura você descobrirá que a Missão da ULBRA é: ser comunidade de aprendizagem eficaz e inovadora. Também conhecerá a visão, a finalidade, os princípios e os valores institucionais destaca- dos no quadro abaixo: Figura 1 Missão, Visão, Finalidade, Princípios e Valores. Fonte: Plano de Desenvolvimento Institucional ULBRA (2017 a 2022). 48 Fundamentos da Pedagogia O Projeto Pedagógico Institucional (PPI) abordará o com- promisso político da instituição através de sua proposta pe- dagógica. No PPI, encontramos a definição de como a IES constrói seu fazer pedagógico alinhado às suas concepções basilares. É nesse documento que estão descritos a metodolo- gia, a avaliação e os princípios que regem os cursos de gradu- ação e pós-graduação dessa instituição. Esse documento, alinhado aos princípios estratégicos, for- talece a identidade confessional da instituição e o seu compro- misso social e comunitário. Por conseguinte, o fazer pedagógi- co da ULBRA fundamenta-se na mobilização das competências, de valores e na construção dos saberes, bem como nas habi- lidades e atitudes necessárias ao exercício ético e democrático da cidadania e à atuação profissional qualificada, buscando a consonância entre os princípios da Universidade e regulatórios à luz das Diretrizes Curriculares Nacionais. E, compreendendo o objetivo da formação acadêmica, contempladas nos Docu- mentos Institucionais, o trabalho pedagógico busca a cons- trução de uma aprendizagem significativa e transformadora pautada no protagonismo e na autonomia acadêmica. Nessa perspectiva, as DCNs, como normativa nacional que orienta o planejamento curricular do curso de Pedagogia, in- serem-se como documento norteador para o desenvolvimento de processos de aprendizagem voltados ao perfil profissional em articulação aos preceitos e identidade institucional. Nesse documento, verificamos as orientações de carga horária, es- trutura, perfil profissional do egresso e atividades obrigatórias que um currículo de um curso deve garantir para uma forma- ção de qualidade e equidade. Capítulo 3 Documentos legais (normativos). A formação ... 49 No caso de um curso de Pedagogia, deve ser observado tanto as DCNs do curso, como as DCNs de formação de pro- fessores. As DCNs do curso de Pedagogia vigente, Resolução CNE n.º 1, de 15 de maio de 2006, definem o perfil do peda- gogo voltado: Art. 4º [...] à formação de professores para exercer fun- ções de magistério na Educação Infantil e nos anos ini- ciais do Ensino Fundamental, nos cursos de Ensino Mé- dio, na modalidade Normal, de Educação Profissional na área de serviços e apoio escolar e em outras áreas nas quais sejam previstos conhecimentos pedagógicos. Parágrafo único. As atividades docentes também com- preendem participação na organização e gestão de sis- temas e instituições de ensino, englobando: I - planejamento, execução, coordenação, acompanha- mento e avaliação de tarefas próprias do setor da Edu- cação; II - planejamento, execução, coordenação, acompanha- mento e avaliação de projetos e experiências educativas não escolares; III - produção e difusão do conhecimento científico-tec- nológico do campo educacional, em contextos escolares e não escolares. A origem do curso de Pedagogia no Brasil está marcada pela formação dual realizada do bacharel, formando técnicos para atuação no Ministério da Educação, e do licenciado, vi- sando a atuação no Curso Normal (formação de professores 50 Fundamentos da Pedagogia no nível médio) a partir do final da década de 1930. Em 1969 é abolida a distinção entre bacharéis e licenciados no curso de Pedagogia, passando a ser a formação exclusiva como um curso de licenciatura. Entretanto, inicia a oferta de habilita- ções, ou seja, da formação de especialistas para a supervisão, a orientação, a administração e a inspeção escolar, entre ou- tras possibilidades, e, alternativamente, também para a do- cência nos primeiros anos do ensino fundamental (SCHEIBE, AGUIAR, 1999). O rompimento desse modelo acontece após 1996, com a nova LDB, passando a formação dos especialis- tas a ser feita em nível de pós-graduação. Podemos dizer que hoje o pedagogo possui uma forma- ção para ser um professor polivalente, ou seja, para atuar na educação infantil e nas disciplinas básicas dos anos iniciais. Além da docência, sua formação também está voltada para a gestão educacional e atuação em espaços não escolares (PIMENTA et al., 2017). Mas, além de orientar-se por diretrizes específicas, o curso de Pedagogia, ao ser construído, também precisa contemplar as diretrizes comuns aos demais cursos de licenciaturas. No ano de 2015, foram publicadas as atuais DCNs para a formação de professores, Resolução CNE n.º 2, de 1º de julho de 2015: Art. 2º As Diretrizes Curriculares Nacionais para a Forma- ção Inicial e Continuada em Nível Superior de Profissio- nais do Magistério para a Educação Básica aplicam-se à formação de professores para o exercício da docência na educação infantil, no ensino fundamental, no ensino mé- Capítulo 3 Documentos legais (normativos). A formação ... 51 dio e nas respectivas modalidades de educação (Educa- ção de Jovens e Adultos, Educação Especial, EducaçãoProfissional e Tecnológica, Educação do Campo, Educa- ção Escolar Indígena, Educação a Distância e Educação Escolar Quilombola), nas diferentes áreas do conheci- mento e com integração entre elas, podendo abranger um campo específico e/ou interdisciplinar. Essa resolução busca estabelecer uma identidade nacional enquanto formação de professores, através de princípios de sólida formação teórica e interdisciplinar, trabalho coletivo e gestão democrática, entendendo a docência como ação edu- cativa que contribui para a construção da cidadania e demo- cracia. Observa-se ainda que, além de definir os princípios da for- mação de professores, a Resolução CNE n.º 2/2015 implica também na estrutura de um curso de Pedagogia: § 2º As instituições de ensino superior devem conceber a formação inicial e continuada dos profissionais do ma- gistério da educação básica na perspectiva do atendi- mento às políticas públicas de educação, às Diretrizes Curriculares Nacionais, ao padrão de qualidade e ao Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior (Sinaes), manifestando organicidade entre o seu Plano de Desenvolvimento Institucional (PDI), seu Projeto Pe- dagógico Institucional (PPI) e seu Projeto Pedagógico de Curso (PPC) como expressão de uma política articulada à educação básica, suas políticas e diretrizes. (BRASIL, 2015, art. 1º) 52 Fundamentos da Pedagogia Compreende-se que um curso de Pedagogia deve articular o estabelecido nas suas Diretrizes Curriculares Nacionais com o Plano de Desenvolvimento e Projeto Pedagógico de sua ins- tituição. Essa articulação resultará no Projeto Pedagógico de Curso (PPC). O PPC compreende a intenção e o diferencial na formação de seus discentes. Contempla os objetivos, perfil de egresso, metodologia, avaliação, atividades de extensão, pesquisa e ensino. Para a concretização de um perfil de profissional, o curso estabelece um rol de competências a serem atingidas através das diferentes abordagens temáticas desenvolvidas ao longo do curso em suas disciplinas. O curso de Pedagogia da ULBRA tem como objetivo geral formar profissionais pedagogos, fundamentados em conheci- mentos, competências, habilidades e atitudes para atuarem na docência e na gestão da educação infantil e dos anos ini- ciais do ensino fundamental, nos componentes curriculares de cunho pedagógico do curso Normal, na gestão escolar e múl- tiplos espaços educativos, formais e não formais, de atuação do pedagogo. Agora você já sabe que os cursos de Pedagogia não são iguais e qual é o perfil desejado para a sua formação na UL- BRA. Entretanto, como já mencionado, os cursos de Pedago- gia, assim como os demais, passam por um processo de regu- lamentação para atingir índices de qualidade. Capítulo 3 Documentos legais (normativos). A formação ... 53 2 Processos de avaliação do curso de Pedagogia Para observar os preceitos da melhoria da qualidade da edu- cação superior e permanente eficácia institucional e efetivida- de acadêmica e social, o Sinaes operacionaliza-se por meio de três processos: 1) Avaliações in loco; 2) Enade e 3) Produ- ção de Indicadores de Qualidade. A integração desses processos e os instrumentos de infor- mação, como o censo e o cadastro, têm o objetivo de melho- rar o mérito e o valor das instituições, áreas, cursos e progra- mas, nas dimensões de ensino, pesquisa, extensão, gestão e formação, além de promover a responsabilidade social das instituições, respeitando sua identidade e a autonomia. 2.1 Avaliações in loco As avaliações in loco são as avaliações realizadas por Comis- sões de especialistas designadas pelo Inep4 de forma presen- cial nas Instituições de Ensino Superior. Constituem-se como momento de interlocução entre os participantes do processo avaliativo, a partir da observação direta das situações reais ve- rificadas, bem como das intenções declaradas nos documen- tos institucionais previamente examinados. Tais procedimentos de verificação e de avaliação in loco, segundo Manual de Ve- rificação in loco das condições institucionais (BRASIL, 2002), 4 O Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) é uma autarquia federal vinculada ao Ministério da Educação (MEC), que subsidia a formulação de políticas educacionais em prol da qualidade e do desenvolvimento. 54 Fundamentos da Pedagogia cumprem a missão de garantir para a sociedade a permanente melhoria da qualidade dos cursos e das instituições. Existem duas avaliações in loco: a Avaliação de Cursos e a Avaliação Institucional. a. Avaliação de Curso: trata da avaliação realizada no âmbito de cada curso de graduação, de forma perió- dica desde o processo de autorização e seu funciona- mento. Os cursos de educação superior passam por três tipos de avaliação in loco: Autorização Avaliação para autorização de abertura de um curso. Dinamizada por dois avaliado- res, designados pelo Inep através de sorteio entre os cadastrados no Banco Nacional de Avaliadores (BASis), seguem parâmetros de um documento orientador que destacam três dimensões a serem avaliadas quanto à adequação ao projeto proposto pelo curso: a organização didático-pedagógica; o corpo docente e técnico-administrativo e as instala- ções físicas. Reconhecimento Avaliação para reconhecimento: a partir do momento que a primeira turma do curso novo entra na segunda metade do curso, a instituição deve solicitar seu reconhecimento. Trata-se da segunda avaliação para verificar se foi cumprido o projeto apresentado para autorização. Essa avaliação também é feita segundo instrumento próprio e por comissão de dois avaliadores do BASis. É avaliado o desenvolvimento das mesmas dimensões do processo de autorização: a organização didático-pedagógica, o corpo docente, dis- cente, técnico-administrativo e as instalações físicas. Capítulo 3 Documentos legais (normativos). A formação ... 55 Renovação de reconhecimento Avaliação que permite o acompanhamento periódico do desenvolvimento do curso, de acordo com o Ciclo do Sinaes, ou seja, a cada três anos. Mediante os resultados do Conceito Preliminar do Curso (CPC), concei- to no qual explicaremos a seguir (item Ena- de), aqueles cursos que tiverem conceito pre- liminar insatisfatório1, ou seja, com conceito 1 ou 2, necessitam ser avaliados in loco por comissão de avaliadores. Os cursos que não fazem Enade, obrigatoriamente terão visita in loco para esse ato autorizado. b. Avaliação Institucional: trata da avaliação da institui- ção, com vistas a identificar o seu perfil e o significado de sua atuação, por meio de suas atividades, cursos, programas, projetos e setores, considerando as dife- rentes dimensões institucionais dispostas no art. 3º da Lei n.° 10.861: I – a missão e o plano de desenvolvimento institucional; II – a política para o ensino, a pesquisa, a pós-graduação e a extensão; III – a responsabilidade social da institui- ção; IV – a comunicação com a sociedade; V – as políti- cas de pessoal, as carreiras do corpo docente e do corpo técnico-administrativo; VI – a organização e a gestão da instituição; VII – a infraestrutura física; VIII – o planeja- mento e a avaliação; X – a sustentabilidade financeira. A Avaliação Institucional divide-se em duas modalidades: 56 Fundamentos da Pedagogia Avaliação interna A avaliação interna ou autoavaliação é coor- denada pela Comissão Própria de Avaliação (CPA) de cada instituição e orientada pelas diretrizes e roteiro da autoavaliação institu- cional. A CPA é instituída em cada institui- ção, de acordo com o artigo 11 da Lei n.º 10.861/2004, assegurada a participação de todos os segmentos da comunidade universi- tária e da sociedade civil organizada, tendo como atribuições conduzir os processos de avaliação internos da instituição, bem como
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