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17/04/2018 AVA UNINOVE https://ava.uninove.br/seu/AVA/topico/container_impressao.php 1/8 Principais microrganismos em toxinfecção alimentar DIFERENCIAR INTOXICAÇÃO E INFECÇÃO ALIMENTAR E CONHECER OS PRINCIPAIS AGENTES DE INTOXICAÇÃO ALIMENTAR. AUTOR(A): PROF. KARINE GARGIONI AUTOR(A): PROF. MAURILIO FERNANDES DOS SANTOS As doenças adquiridas através da ingestãoo de alimentos são comumente divididas em dois grandes grupos: intoxicação alimentar e infecção alimentar. Intoxicação alimentar Ocorre quando o microorganismo patogênico secreta uma toxina durante o crescimento no alimento. A ingestão do alimento que contém a toxina pode desencadear o quadro clínico típico de intoxicação alimentar. A toxina irá atuar em determinados alvos, tais como o trato gastrointestinal ou o sistema nervoso. Os sintomas de intoxicação variam desde crises de vômitos e diarréia a comprometimento das funções musculares como no caso do botulismo. Infecção alimentar A Infecção alimentar ocorre quando o indivíduo ingere alimentos contendo o microrganismo patogênico em concentrações que alcançam a dose infecciosa mínima (DIM) ou seja o número de microrganismos necessário para causar a doença em humanos. Quando o alimento é ingerido, o microrganismo atua diretamente sobre as células do epitélio intestinal. Em alguns casos, os micróbios infectam a superfície do intestino; em outros, eles invadem o intestino e outras estruturas do corpo. A maioria das infecções alimentares resultam num certo grau de diarreia e desconforto abdominal. A infecção alimentar também pode ser acompanhada de uma intoxicação, caso o microrganismo seja produtor de toxinas. A dose infecciosa mínima pode variar de acordo com o patógeno, como por exemplo, em torno de 10 células para algumas espécies de Shigella e Escherichia coli enterohemorrágica ou 10 células em alguns casos como na infecção por S. aureus. 5 01 / 07 17/04/2018 AVA UNINOVE https://ava.uninove.br/seu/AVA/topico/container_impressao.php 2/8 Alguns fatores podem contribuir para o aumento da incidência das doenças de origem alimentar. Esses fatores podem ser atribuídos ao alimento ou ao consumidor: O estado imunológico do hospedeiro. Os mecanismos de virulência do patógeno, ou seja sua capacidade de colonizar, invadir ou secretar toxinas em um tecido alvo. A dose infectante ou número de organismos patogénicos que foram ingeridos juntamente com o alimento. A produção de alimentos processados em larga escala. O transporte do alimento em longas distâncias sem o devido acondicionamento. A disposição para venda em supermercados sem o devido controle da temperatura. O que se segue é uma lista de patógenos e agentes infecciosos encontrados em alimentos e que são preocupantes para a saúde pública. A lista não é exaustiva, mas contém a maioria dos agentes patogênicos de origem alimentar encontrados em carne, aves e produtos processados contendo ovos como matéria- prima. BACTÉRIAS Bacillus cereus Brucella spp Campylobacter spp Clostridium botulinum Clostridium perfringens Escherichia coli enterohemorrágica O157:H7 e outras produtoras da toxina de Shiga Listeria monocytogenes Salmonella spp Shigella spp Staphylococcus aureus Yersinia enterocolitica VÍRUS Hepatite A e D Norovírus Rotavírus PARASITAS E PROTOZOÁRIOS 02 / 07 17/04/2018 AVA UNINOVE https://ava.uninove.br/seu/AVA/topico/container_impressao.php 3/8 Taenia spp Trichinella spp Toxoplasma spp Sarcocystis spp Giardia spp AGENTES DE INTOXICAÇÃO ALIMENTAR As toxinas são proteínas produzidas por alguns microrganismos e são capazes de causar a doença quando entram em contato com as células do tecido alvo, após a ingestão de um alimento ou quando são produzidas durante o processo infeccioso. Existe uma variedade de toxinas e estas podem variar quanto a gravidade do quadro clínico gerado e quanto ao tecido alvo no organismo humano. O alvo de ação dessas toxinas pode ser uma das formas de classificá-las: Enterotoxinas Toxinas que afetam o trato gastrointestinal, causando vômitos, diarréia, desconforto e dor abdominal. Neurotoxinas Afetam o sistema nervoso, causando tontura, visão turva ou dupla, dificuldade ou incapacidade de deglutir, fraqueza da musculatura esquelética, rigidez ou paralisia flácida da musculatura. Dependendo da bactérias que produtora da toxina, esta pode ser um subproduto do processo de esporulação ou um subproduto do metabolismo celular normal. Toxinas que já estão presentes no alimento são chamadas de "toxinas pré-formadas". Algumas toxinas são extremamente resistentes ao calor e podem representar um perigo mesmo quando o alimento for devidamente preparado. Bactérias produtoras de toxina incluem S. aureus, B. cereus, C. botulinum e Clostridium perfringens. Staphylococcus aureus Motivo de preocupação em produtos alimentícios processados (industrializados), prontos para serem consumidos, tanto em supermercados quanto em bares e restaurantes, o Staphylococcus aureus é um coco Gram-positivo, que apresenta-se arranjado em forma de cachos na coloração de Gram. É anaeróbios facultativo, imóvel e não produz esporos. Capaz de realizar respiração aeróbia ou fermentação produzindo ácido láctico. Pode crescer em temperaturas que variam entre 7 a 45 °C e uma temperatura ótima de crescimento de 37 °C. Resiste a uma faixa de pH entre 4,2 a 9,3, e em concentrações de sal que podem chegar a 25%. É resistente à secagem, além disso, capaz de produzir enterotoxinas em alimentos contendo baixo índice de umidade. 03 / 07 17/04/2018 AVA UNINOVE https://ava.uninove.br/seu/AVA/topico/container_impressao.php 4/8 O S. aureus é membro da microbiota normal e está associado com membranas e mucosas (nariz e garganta), pele e cabelo de humanos e animais saudáveis. Também está presente em feridas infectadas. Esse microrganismo pode facilmente se espalhar através do ar pela tosse e espirros e pode contaminar a carnes a partir da pele do animal ou de outros tecidos durante o abate (especialmente durante a evisceração). A presença desse microrganismo não é uma grande preocupação nos alimentos crus, mas torna-se um problema quando micróbios competitivos são removidos por cozimento ou inibidos por altos níveis de sal, pois pode crescer abundantemente mesmo nessa condição. Enterotoxinas Toxinas que afetam o trato gastrointestinal, causando vômitos, diarréia, desconforto e dor abdominal. Neurotoxinas Afetam o sistema nervoso, causando tontura, visão turva ou dupla, dificuldade ou incapacidade de deglutir, fraqueza da musculatura esquelética, rigidez ou paralisia flácida da musculatura. Dependendo da bactéria produtora da toxina, esta pode ser um subproduto do processo de esporulação ou um subproduto do metabolismo celular normal. Toxinas que já estão presentes no alimento são chamadas de "toxinas pré-formadas". Algumas toxinas são extremamente resistentes ao calor e podem representar um perigo mesmo quando o alimento for devidamente preparado. Bactérias produtoras de toxina incluem S. aureus, B. cereus, C. botulinum e Clostridium perfringens. A Intoxicação alimentar por estafilococos é causada pelo consumo de uma enterotoxina termoestável produzida como um subproduto durante o crescimento de algumas cepas. A produção de toxina requer um crescimento considerável da bactéria, normalmente 100.000 UFC/g ou mL de carne ou outro alimento. O microrganismo é facilmente destruído pelo calor, mas a toxina é termoestável, por isso, as contagens totais de S. aureus não podem indicar se a toxina está presente no alimento. Clostridium botulinum O C. botulinum é outra bactéria Gram positiva que causa preocupação para a indústria de alimentos e para a saúde pública. A sua presença é preocupante em alimentos enlatados e fermentados.Esse microrganismo é um anaeróbio restrito, por isso só pode crescer na ausência de oxigênio. Sob condições adequadas, as formas vegetativas podem produzir esporos estáveis ao calor, portanto capazes de sobreviver em alimentos que foram processados de forma inadequada. 04 / 07 17/04/2018 AVA UNINOVE https://ava.uninove.br/seu/AVA/topico/container_impressao.php 5/8 Esta bactéria produz uma potente neurotoxina, a qual é formada durante o crescimento celular vegetativo. A doença é causada pela ingestão de alimentos contendo a neurotoxina, uma toxina termolábil que pode ser destruída se aquecida a 80 °C durante 10 minutos no mínimo. Alimentos com um pH 4,6 ou superior pode facilitar o crescimento e consequentemente a produção da toxina. Podemos apontar vários motivos que justificam a preocupação com a presença desse microrganismo nos alimentos processados, principalmente enlatados, entre eles: Pode produzir uma neurotoxina potente quando em pleno crescimento das formas vegetativas. Pode ser isolado a partir do solo ou da água praticamente em qualquer parte do mundo. É um dos patogénos, contaminante de alimentos, que apresenta maior resistência devido à sua capacidade de produzir esporos resistentes ao calor. Alimentos enlatados ou envasados a vácuo fornecem o ambiente anaeróbico favorável para crescimento do organismo quando o mesmo não foi destruído ou eliminado durante o processo de envase do alimento. Clostridium perfrigens C. perfringens é um bastonete Gram positivo, anaeróbio ou microaerófilo. Pode estar presente nos alimentos sob duas formas, as células vegetativas e os esporos. A doença é causada quando as células vegetativas são ingeridas. As condições ambientais no corpo humano fazem com que as células vegetativas passem a produzir esporos. A toxina, sensível ao calor, é produzida no trato gastrointestinal durante o processo de esporulação (enterotoxina) e age diretamente nas células epiteliais intestinais, causando alteração da permeabilidade e secreção de fluídos. C. perfringens é classificado em cinco tipos toxigênicos, de A a E, dependendo da toxina produzida, no entanto, apenas os tipos A e C são comumente incriminados como causadores de infecções em humanos, sendo o tipo A o principal causador de toxinfecções alimentares. Para que a doença se estabeleça é necessário consumir um grande número de células vegetativas. A cepa produtora da toxina tipo A pode causar uma intoxicação alimentar clássica que se caracteriza por dores abdominais agudas, diarréia, náuseas e febre, em alguns casos vômitos. A cepa produtora das toxina tipo C pode causar uma intoxicação necrótica, porém rara. Os sintomas incluem, dores abdominais agudas e intensas, diarréia sanguinolenta, vômitos e inflamação necrótica do intestino delgado, frequentemente fatal. Bacillus cereus 05 / 07 17/04/2018 AVA UNINOVE https://ava.uninove.br/seu/AVA/topico/container_impressao.php 6/8 É um bacilo Gram positivo, anaeróbio facultativo, encontrado em vários ambientes, sendo o solo seu reservatório natural. A presença desse bacilo ou de seus esporos em alimentos é bastante frequente, justamente devido às propriedades de resistência dos esporos. Esse microrganismo pode ser isolado a partir de produtos crus e processado, como arroz, condimentos, vegetais, preparações cárneas e laticínios. Está associado a duas doenças transmitidas por alimentos, denominadas de “síndrome emética” e “síndrome diarreica”. A enterotoxina é produzida durante a fase logarítmica de crescimento, sendo a dose infectante entre 10 a 10 UFC/g do alimento. Na síndrome diarreica, caracterizada por diarreia intensa, dores abdominais, náuseas e vômitos, os principais alimentos envolvidos são vegetais crus e cozidos, carnes, pescado, leite, massas, entre outros. Na síndrome emética, caracterizada por vômitos, náuseas e mal estar geral, os principais alimentos envolvidos são farináceos contendo cereais, principalmente arroz. ATIVIDADE FINAL A doença microbiana se estabelece como consequência da colonização ou invasão do micróbio ou substâncias que este produz (toxinas) durante a colonização dos hospedeiros humanos, animais ou vegetais. Há ainda aquelas associadas com a ingestão de toxinas produzidas por bactérias que colonizaram o alimento. Doenças bacterianas provocadas por toxinas são chamadas de intoxicação alimentar. A respeito das definições e patógenos apontados o texto, assinale a alternativa incorreta: 6 9 06 / 07 17/04/2018 AVA UNINOVE https://ava.uninove.br/seu/AVA/topico/container_impressao.php 7/8 A. As toxinas são proteínas produzidas por alguns microrganismos e são capazes de causar a doença quando entram em contato com as células do tecido alvo, após a ingestão de um alimento ou quando são produzidas durante o processo infeccioso. B. A Infecção alimentar ocorre quando o indivíduo ingere alimentos contendo o microrganismo patogênico em concentrações que alcançam a dose infecciosa mínima (DIM) ou seja o número de microrganismos necessário para causar a doença em humanos. C. A Intoxicação alimentar por estafilococos é causada pelo consumo de uma enterotoxina termolábel produzida como um subproduto durante o crescimento de algumas cepas. D. O C. botulinum é uma bactéria produz uma potente neurotoxina, a qual é formada durante o crescimento celular vegetativo. A doença é causada pela ingestão de alimentos contendo a neurotoxina, uma toxina termolábil. REFERÊNCIA FORSYTHE, Stephen J. Microbiologia da segurança alimentar. Trad. Maria carolina Minardi Guimarães e Cristina Leonhardt – Porto Alegre: Artmed, p 216, 211, 2002. FRANCO, B. D. G. M; LANDGRAF, M. M. T. D. Microbiologia dos Alimentos. São Paulo, Ed. Atheneu, p27-171, 2005. SILVA , N. da. Manual de métodos de análise microbiológica de alimentos. Amstalden, V.C. São Paulo : Livraria Varela,1997, p31, 1997. CASE (https://ava.uninove.br/seu/SEU0294/preview_cont.php#), Christine L.; FUNKE, Berdell R.; TORTORA, Gerard J. Microbiologia, 10 Ed. Artmed, 2012. FRANÇOIS, Bourdichon et al. Food fermentations: Microorganisms with technological beneficial (https://ava.uninove.br/seu/SEU0294/preview_cont.php#) use. International Journal of Food Microbiology, Vol. 154, 3, 15, p. 87 - 97, 2012. OLIVEIRA, et. al. Avaliação do padrão coliformes a45ºCe comparação da eficiência das técnicas dos tubos múltiplos e Petrifilm EC na detecção de coliformes totais e Escherichia coli EMALIMENTOS. Ciênc. Tecnol. 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