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Caderno de Criminologia - CURSO FORUM

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DELEGADO CIVIL – CRIMINOLOGIA 
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CRIMINOLOGIA 
 
Capítulo 1 Introdução à Criminologia 
 
1.1. Conceito 
De acordo com a conceituação doutrinária clássica, a criminologia é a ciência 
autônoma, de natureza empírica e interdisciplinar, voltada ao estudo do crime, do 
delinquente, da vítima e do controle social do comportamento criminoso. 
 
 
 
 
- Criminologia x Direito Penal: 
 A criminologia almeja a obtenção de dados e demonstrações de fatos 
relacionados ao crime, ao criminoso e a criminalidade em geral; 
 O direito penal se caracteriza por ser um conjunto de normas jurídicas voltadas 
à determinação de infrações penais e suas respectivas sanções. 
 
1.2. Objetos de Estudo 
A criminologia tem por objetos de estudo: o crime, o criminoso, a vítima e o 
controle social do delito. 
a) O Crime: é o primeiro objeto de estudo da criminologia. A criminologia concebe o 
crime como fenômeno humano geral, sendo algo a ser desvendado e compreendido. 
b) O Criminoso: é o segundo objeto de estudo da criminologia. Destaca-se que para cada 
corrente teórica o criminoso é tratado de forma diferente. 
A criminologia não pretende o estudo do crime como ilícito penal, mas sim o estudo 
da sua natureza, das suas origens e do seu processo de realização e contenção, como 
fato humano e de índole social. 
 
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 Corrente Clássica: o homem nasce bom por natureza, e o criminoso é tido como 
aquele que optou pelo caminho do mal, embora lhe fosse possível o respeito às 
disposições legais. 
 Corrente Positivista: o livre arbítrio é um mito, e o homem não tem a faculdade 
de optar entre o caminho do bem ou do mal. 
 Corrente Correicionalista: o criminoso é visto como um ser inferior, inapto ao 
convívio na sociedade, sendo incapaz, assim, de dirigir a sua própria vida. 
 Corrente Marxista: o criminoso é tratado como vítima do processo econômico 
de exploração do homem pelo homem. 
 
c) A Vítima: é o terceiro objeto de estudo da criminologia. Salienta-se que a vítima 
recebeu um tratamento diversificado ao longo das construções históricas da 
criminologia. 
O tratamento diversificado identifica-se a partir de três concepções especiais: 
 Primeiro Momento: iniciado desde os primórdios da civilização até a Alta Idade 
Média, no qual a vítima era dotada de um papel relevante na configuração do 
delito. Esta fase ficou conhecida como “vítima de ouro”. 
 Segundo Momento: iniciado no final da Idade Média e perdurou até o início do 
período moderno, no qual a vítima passou por um período de neutralização, ou 
seja, a vítima deixa de ter um papel relevante na configuração do delito. A pena 
se torna uma garantia de ordem coletiva e não mais de natureza particular. 
 Terceiro Momento: iniciado no período moderno e vigente até hoje, no qual a 
vítima passou por um processo de revalorização no âmbito jurídico-penal. A 
partir desse momento que surgiu o estudo da vitomologia. 
 
d) Controle social do delito: é o conjunto de mecanismos e de sanções sociais que 
almejam submeter o indivíduo aos modelos sociais comunitários. Nessa perspectiva, 
dispõe-se a respeito dos controles formais e informais da criminalidade: 
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 Controles Formais: são aqueles atribuídos ao Estado repressivo, com a 
legitimidade do ius puniendi. 
 Controles Informais: são aqueles atribuídos à família, a igreja, amigos, ou até 
mesmo aos sistemas paralelos de repressão, a exemplo das milícias particulares. 
 
Aplicação Prática – Questão de Concurso 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
1.3. Funções 
A criminologia desempenha as seguintes funções: 
 Informar à sociedade e aos poderes públicos a respeito do crime, o delinquente, 
a vítima e o controle social, de forma a reunir um núcleo de conhecimentos que 
permita a compreensão, no plano científico, do problema criminal, prevenindo 
e intervindo de forma positiva e eficaz no delinquente; 
 Servir como central de informações a respeito do delito, fonte dinâmica de 
informações; 
 Procurar critérios e soluções para as problemáticas sociais relacionadas com a 
criminalidade; 
(Ano 2015 Banca: VUNESP Órgão: PC-CE Prova: Delegado de Polícia) 
 
Os objetos de estudo da moderna criminologia estão divididos em 
a) três vertentes: justiça criminal, delinquente e vítima. 
b) três vertentes: política criminal, delito e delinquente. 
c) três vertentes: política criminal, delinquente e pena. 
d) quatro vertentes: delito, delinquente, justiça criminal e pena. 
e) quatro vertentes: delito, delinquente, vítima e controle social. 
 
R: Alternativa E 
 
 
 
 
 
 
 
 
R: Alternativa C 
 
 
 
 
 
 
 
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 Formular impecáveis modelos explicativos sobre o comportamento criminal; e 
 Atuar na prevenção, de forma eficaz, das infrações penais. 
 
Aplicação Prática – Questão de Concurso 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Capítulo 2 Escolas Criminológicas 
 
(Ano 2017 Banca: CESPE Órgão: PC-GO Prova: Delegado de Polícia) 
A respeito do conceito e das funções da criminologia, assinale a opção correta. 
a) A criminologia tem como objetivo estudar os deliquentes, a fim de estabelecer os melhores 
passos para sua ressocialização. A política criminal, ao contrário, tem funções mais relacionadas 
à prevenção do crime. 
b) A finalidade da criminologia em face do direito penal é de promover a eliminação do crime. 
c) A determinação da etimologia do crime é uma das finalidades da criminologia. 
d) A criminologia é a ciência que, entre outros aspectos, estuda as causas e as concausas da 
criminalidade e da periculosidade preparatória da criminalidade. 
e) A criminologia é orientada pela política criminal na prevenção especial e direta dos crimes 
socialmente relevantes, mediante intervenção nas manifestações e nos efeitos graves desses 
crimes para determinados indivíduos e famílias. 
 
R: Alternativa D 
 
 
 
 
 
 
 
 
R: Alternativa C 
 
 
 
 
 
 
 
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2.1. Introdução 
No decorrer da história, várias teorias buscaram estudar o crime e o criminoso, 
as quais resultaram verdadeiras correntes doutrinárias inseridas na criminologia, 
denominadas “escolas criminológicas”. 
Dentre estas, destaca-se três em especial: a ESCOLA CLÁSSICA; ESCOLA 
POSITIVSTA e as ESCOLAS PÓS-POSITIVISTAS. 
 
2.2. Escola Clássica 
Há o entendimento de que durante todo o período da Antiguidade Clássica e da 
Idade Média ainda não era possível falar-se em criminologia como ciência, visto que não 
havia construções sólidas ou teorias para delimitação dos objetos por ela disciplinados. 
Deste modo, é comum afirmar que a criminologia nasceu do pensamento 
iluminista, no século XVIII com os ensaios científicos de BARUCH SPINOZA (1632-1677), 
JOHN LOCKE (1632-1704), PIERRE BAYE (1647-1706), ISAAC NEWTON (1643-1727), 
VOLTARIE (1694-1778), MONTESQUIEU (1689-1755), e acabou resultando na Revolução 
Francesa posteriormente. 
 
 
 
 
Os ideais iluministas acabaram influenciando os doutrinadores que se dedicavam 
ao estudo do crime e do criminoso à época, dentre os quais se destaca CESARE 
BONESANE, conhecido como “MARQUÊS DE BECCARIA”, tendo escrito a obra “Dos 
Delitos e das Penas”. 
 
 
BECCARIA pregava que as arbitrariedades se insurgiram aos interesses do bem 
público e da sociedade, motivo pelo qual as penas deveriam ser mais justas, 
moderadase humanizadas. 
 
Os iluministas tinham o entendimento que os seres humanos possuíam plenas 
condições de melhorar o mundo, mediante o livre exercício das capacidades e do 
engajamento político-social de todos. 
 
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Os clássicos, que se baseavam no método abstrato e dedutivo partiam do 
pressuposto que a responsabilidade penal do criminoso se fundava sempre em sua 
responsabilidade moral, e tinha sustento no livre arbítrio. 
Importante: o livre arbítrio era concebido como inerente ao ser humano, de modo que 
o criminoso seria aquele indivíduo que teve a faculdade de optar o caminho correto, do 
bem, mas optou pelo caminho do mal, por isso poderia ser moralmente 
responsabilizado por suas más escolhas. 
 
2.3. Escola Positivista 
O positivismo na criminologia surge em meados do século XIX, representado por 
GARÓFALO, LOMBROSO e FERRI, em posição crítica e alternativa à concepção clássica 
até então prevalecente. 
Segundo os positivistas todos os fenômenos poderiam ser entendidos, 
teorizados e comprovados na experiência prática. Deste modo, as ideias do livre-arbítrio 
e responsabilidade moral dos indivíduos foram abandonadas, passando-se a conceber 
um firme determinismo nas ações humanas. 
 
 
 
O positivismo criminológico buscou a aplicabilidade dos métodos e o paradigma 
das ciências naturais ao estudo da sociedade, partindo-se da premissa que a 
superioridade científica de seus métodos seria mais eficaz para a proteção da sociedade 
da criminalidade. 
 
- Principais Características: 
Para os positivistas todos se encontravam sujeitos à lei da causalidade, e os atos 
humanos eram tidos como consequências internas ou externas, independentemente 
da vontade do indivíduo. 
 
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a) Método indutivo e empirismo: pauta-se na crença de que a ciência teria a capacidade 
de diagnosticar as causas do delito e realizar prognósticos para políticas preventivas. 
b) Determinismo do comportamento: implica a rejeição da concepção do livre arbítrio 
dos indivíduos. A conduta desviante sendo sintomática de causas relacionadas ao 
sujeito. 
c) Pretensão de neutralidade do observador: aplicabilidade de premissas próprias das 
ciências naturais às ciências sociais. 
 
- Expoentes da Escola Positivista Italiana: 
a) CESARE LOMBROSO (1835-1909): médico e estudioso da frenologia e fisionomia, que 
se propõe a sistematizar e ordenar a antropologia criminal. Consagrou-se pela obra 
“L`Uomo delinquente” (O homem delinquente), na qual desenvolveu uma análise dos 
criminosos e dos delitos cometidos, considerando-os fruto do atavismo, herança 
genética da idade primitiva e selvagem dos homens. 
Dessa forma, Lombroso elaborou um tipo antropológico unitário, facilmente 
notado por suas características físicas e psíquicas: o “criminoso nato”. 
- Críticas: 
Lombroso sofreu diversas críticas, notadamente por acreditar na possibilidade 
de se descobrir uma causa biológica para o fenômeno criminal. 
 
 
Aplicação Prática – Questão de Concurso 
 
 
 
 
(Ano 2014 Banca: VUNESP Órgão: PC-SP Prova: Delegado de Polícia) 
A obra O homem delinquente, publicada em 1876, foi escrita por 
a) Cesare Lombroso. 
b) Enrico Ferri. 
c) Rafael Garófalo. 
d) Cesare Bonesana. 
e) Adolphe Quetelet. 
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b) ENRICO FERRI (1856-1929): na sua obra “Sociologia Criminale” (Sociologia Criminal) 
conferiu importância não apenas aos fatores biológicos, como também aos mesológicos 
e sociológicos na etiologia da criminalidade. Também desenvolveu a denominada “Lei 
de Saturação Criminal”, na qual constatou que as condições sociais influenciam nos 
crimes cometidos. 
De acordo com FERRI as três causas possíveis de um delito (trinômio causal) são 
as seguintes: 
a) Fatores biológicos (herança e constituição); 
b) Fatores físicos (influencia do clima); e 
c) Fatores sociais (referentes às condições ambientais em que o indivíduo estava 
engajado). 
 
 
 
 
2.4. Escolas Pós-Positivistas 
Após o abandono das teorias de matriz antropológico-etiológica, uma nova fase 
na criminologia nasce de dois eventos marcantes: em primeiro lugar, ao surgimento da 
A criminologia aplicada de FERRI fundava-se na ideia de periculosidade, ao prever 
“medidas de defesa social” correspondentes a cada tipo de autor. 
 
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sociologia criminal americana; em segundo lugar, a consolidação da criminologia 
socialista. 
A percepção do crime e da criminalidade com base nos princípios do marxismo-
leninismo conferiu nova feição às temáticas da criminologia, inaugurando-se um novo 
momento teórico – o pós-positivismo. 
A partir deste momento ocorre uma verdadeira ruptura de paradigmas, tendo 
em vista que a atenção transmudou-se da figura do criminoso individualmente 
considerado, e passou a focar no fato criminoso por si, enquanto ato biossocial. Em 
outras palavras, o estudo focado em pequenos grupos de indivíduos passou por uma 
ampliação, na qual são estudados os fatores que levam a sociedade, em geral, a praticar 
ou não um crime. 
Destaca-se que com o aparecimento das teorias socialistas da criminalidade, as 
pesquisas se dividiram em dois grupos distintos, com base na forma pela qual os 
estudiosos vislumbram a composição da sociedade, se consensual ou conflitiva. Assim, 
a partir de tal divisão surgem as: “TEORIAS DO CONSENSO” e as “TEORIAS DO 
CONFLITO”. 
 
- Teorias do Consenso: 
Segundo os seus teóricos, a finalidade da sociedade só é alcançada quando 
houver um perfeito funcionamento das suas instituições, de forma que os indivíduos 
compartilhem os objetivos que lhes sejam comuns, com a aceitação de todas as 
normatizações impostas em determinada época. 
Destacam-se as seguintes teorias: 
a) A Escola de Chicago (1930): 
Desenvolveu-se a partir das construções teóricas de ROBERT PARK e ERNEST 
BURGUESS, que defendiam a observação do indivíduo em seu habitat natural, sendo 
conhecido como “método da observação participante”, no qual eram observados em 
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um local específico os fenômenos criminais a partir das condições que a própria 
sociedade local fornecia ao observador. 
Esta escola criminológica visualizava o crime como um fenômeno 
intrinsicamente relacionado a uma determinada região. Por exemplo, os “ghettos” nos 
Estados Unidos. 
Chegaram à conclusão que as metrópoles são geratrizes da criminalidade, 
notadamente em razão dos seguintes fatores: os controles sociais informais não 
funcionais, em especial nos dias modernos nos quais os indivíduos possuem vínculos 
familiares e sociais mais reduzidos; os grupos familiares se deterioram nas grandes 
cidades; há uma proximidade tentadora aos centros comerciais, dentre outros. 
 
 
 
b) Teoria da associação diferencial (1924): 
Desenvolveu-se a partir das construções sociológicas de EDWIN SUTHERLAND, o 
qual buscou observar a criminalidade não mais baseada nos crimes classificados como 
comuns, mas sim em um determinado modelo de comportamento desviante que 
necessitava de conhecimento especializado, assim como a inclinação de alguns 
indivíduos para tirar vantagem de oportunidades para usá-las de formas desviantes. 
 
 
 
Em resumo, defendia-se que a complexidade dos crimes, conjugada a seus 
efeitos difusos na sociedade, a tolerância das autoridades e à impunidade usual, 
gerariam as condições ideais para a delinquência do indivíduo.Destacou-se, portanto, nesta teoria o estudo da relação entre a ocupação de um 
determinado espaço urbano e a criminalidade. 
 
Destaca-se que, segundo essa teoria, o homem seria capaz de aprender a conduta 
desviante e associar-se a ela. 
 
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c) Teoria da Anomia (1938): 
Desenvolveu-se a partir dos seus doutrinadores expoentes EMILE DURHEIM e 
ROBERT MERTON, os quais pregavam que a anomia se caracterizava por ser uma 
situação social em que falta coesão e ordem, notadamente no tocante a normas e 
valores. 
Segundo a teoria, se a norma for definida de forma abstrata, ambígua, ou então 
se ela for arbitrária e ocasional, esta norma gerará o isolamento e a autonomia dos 
indivíduos, de maneira que as pessoas se identificariam mais com os seus próprios 
interesses, do que com os interesses de índole coletiva. Esse contexto resultaria na 
situação de ausência de normas. 
 
d) Teoria da Subcultura Delinquente (1950): 
Desenvolveu-se pelo sociólogo ALBERT K. COHEN, a partir da sua obra 
“DELIQUENT BOYS”. 
Esta teoria defende a existência de três ideias fundamentais: o caráter pluralista 
e atomização da ordem social; a cobertura normativa da conduta desviada; e a 
semelhança estrutural, em sua origem, do comportamento regular e irregular. 
 
- Teorias do Conflito Social: 
Segundo os seus teóricos, a unidade e a ordem na sociedade se fundam na força 
e na coerção, com a dominação de determinados indivíduos e a sujeição de outros. 
Destacam-se as seguintes teorias: 
a) Teoria do Labeling Approuch ou Teoria do Etiquetamento (1960): 
Desenvolveu-se no início por HOWARD BECKER e ERVING GOFFMAN, os quais 
sustentavam que a criminalidade não deveria ser interpretada como a qualidade de 
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determinada conduta, mas sim como o resultado de um processo por meio do qual se 
atribui essa qualidade, denotando um verdadeiro processo de estigmatização. 
 
 
 
Importante registrar que dentro dessa teoria coexistiram duas perspectivas: uma 
radical e outra moderada. 
 A visão radical destacava a função constitutiva ou criadora da criminalidade 
exercida pelo controle social, segundo a qual o crime era visto como uma 
etiqueta que a polícia, os promotores e os juízes colocavam sobre o infrator, 
independentemente da sua conduta ou merecimento. 
 
 A visão moderada sustentava que somente se poderia declarar que a justiça 
penal se integrava na mecânica do controle social geral da conduta tida por 
desviada. 
 
b) Teorias críticas (1970): 
Também conhecida como “teoria radical”, sendo desenvolvida em total 
oposição aos ideais da criminologia clássica e positiva. Teve grande influência pela 
doutrina marxista, em virtude de conceber que o processo de criminalização de 
determinadas condutas guarda relação com a disciplina da mão de obra no interesse do 
capital e com a contenção dos movimentos sociais. 
Segundo tal teoria, a construção do crime depende unicamente do modo de 
produção capitalista, e que a lei penal, por seu turno, deriva e justifica essa concepção. 
Baseia-se, portanto, na famosa relação: cárcere e fábrica. 
 
 
 
De acordo com a teoria, o crime é uma decorrência das interações psicossociais do 
indivíduo e dos diversos processos sociais. 
 
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Aplicação Prática – Questão de Concurso 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Capítulo 3 Vitimologia 
 
 
3.1. Conceito 
(Ano 2016 Banca: CESPE Órgão: PC-PE Prova: Delegado de Polícia) 
Acerca dos modelos teóricos explicativos do crime, oriundos das teorias específicas que, na 
evolução da história, buscaram entender o comportamento humano propulsor do crime, 
assinale a opção correta. 
a) O modelo positivista analisa os fatores criminológicos sob a concepção do delinquente como 
indivíduo racional e livre, que opta pelo crime em virtude de decisão baseada em critérios 
subjetivos. 
b) O objeto de estudo da criminologia é a culpabilidade, considerada em sentido amplo; já o 
direito penal se importa com a periculosidade na pesquisa etiológica do crime. 
c) A criminologia clássica atribui o comportamento criminal a fatores biológicos, psicológicos e 
sociais como determinantes desse comportamento, com paradigma etiológico na análise 
causal-explicativa do delito. 
d) Entre os modelos teóricos explicativos da criminologia, o conceito definitorial de delito afirma 
que, segundo a teoria do labeling approach, o delito carece de consistência material, sendo um 
processo de reação social, arbitrário e discriminatório de seleção do comportamento desviado. 
e) O modelo teórico de opção racional estuda a conduta criminosa a partir das causas que 
impulsionaram a decisão delitiva, com ênfase na observância da relevância causal etiológica do 
delito. 
 
R: Alternativa D 
 
 
 
 
 
 
 
 
R: Alternativa C 
 
 
 
 
 
 
 
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É o ramo da criminologia voltado para o estudo do comportamento da vítima do 
crime, por meio da avaliação das causas e dos efeitos da ação criminosa sobre a vítima, 
bem como a respeito do incremento do risco de ocorrência do crime. 
 
 
 
 
3.2. Processo de Vitimização 
De acordo com a doutrina, o processo de vitimização se subdivide em três: a) 
vitimização primária; b) vitimização secundária; e c) vitimização terciária. 
a) Vitimização Primária: é provocada pela conduta delituosa que atinge diretamente a 
vítima. 
b) Vitimização Secundária: é provocada pelo próprio Estado, atrelada ao ônus da 
burocracia, na apuração e no solucionamento do ato delituoso. 
c) Vitimização Terciária: é provocada pelo contato da vítima com o seu círculo social. 
 
 
 
 
 
Aplicação Prática – Questão de Concurso 
 
 
 
 
Tem por objetivos três perspectivas: 1ª) analisar e compreender a extensão do 
problema que envolve a vítima de um delito; 2ª) explicar as causas de vitimização; 
e 3ª) desenvolver um sistema capaz de diminuir a vitimização e prestar assistência 
às vítimas. 
 
(Ano 2015 Banca: VUNESP Órgão: PC-CE Prova: Delegado de Polícia) 
Quando a vítima, em decorrência do crime sofrido, não encontra amparo adequado por 
parte dos órgãos oficiais do Estado, durante o processo de registro e apuração do crime, 
como, por exemplo, o mau atendimento por um policial, levando a vítima a se sentir como 
um “objeto” do direito e não como sujeito de direitos, caracteriza 
a) vitimização estatal ou oficial. 
b) vitimização secundária. 
c) vitimização terciária. 
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3.3. Fases da Vitimologia 
- Primeira fase: a “vítima de ouro”: 
Operou-se desde o início do processo civilizatório até a Idade Média, no qual a 
vítima desempenhava uma função bastante relevante na origem do crime, sob as balizas 
da lógica da vingança privada - “olho por olho, dente por dente”. 
- Segunda fase: “período de latência”: 
Desenvolveu-se ao término da Idade Média, a partir do início dos Estados 
modernos, na qual a vítima transmuda-se para uma fase de completa neutralização. 
 
 
 
 
- Terceira fase: “revalorização da vítima”: 
Neste momento, a vítima, novamente, passa a ocupar o lugar de destaque no 
desvendamento do crime. 
Destaca-se que neste momento a sanção penal ganhou nova visão, qual seja, a pena 
passou a ser um instrumento de garantia para a ordem coletiva e não mais para a 
proteção da vítima. 
 
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 Cabe ressaltar, em exemplificações, os seguintes institutos: a necessidade de 
representação do ofendido nas hipóteses de ação penal pública condicionada; a 
necessidade de oferecer queixa-crime nos casos de ação penal de titularidade privada; 
a possibilidade de realização dos institutos despenalizadores, tal como a composição 
civil dos danos no âmbito das infrações penais de menor potencial ofensivo, dentre 
outros. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Capítulo 4 Penologia 
 
4.1. Conceito 
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A sanção penal representa um dos objetos de estudo da Criminologia, dotada de 
abordagem própria e de forma individualizada. 
 
4.2. Teorias da Pena 
Ao longo da história, diversas propostas foram elaboradas para justificar a 
existência e legitimar a aplicabilidade da pena. 
Nesse sentido, desenvolveram-se as seguintes teorias: 
a) Teorias Absolutas: de acordo com os seus defensores, a pena serve como um 
instrumento de retribuição ao crime. Ela releva a ideia de expiação, de reparação, de 
compensação do mal que é um crime. 
 
 
 
Essas teorias sofreram diversas críticas, notadamente, em virtude da perspectiva 
de que a pena figura como um imperativo categórico, que acaba não traduzindo a 
verdade função da pena. 
 
b) Teorias Relativas: de acordo com os seus defensores, a pena serve como um 
instrumento de prevenção delitiva. 
 
 
Nesta concepção, passou-se a questionar a pena baseada unicamente na ideia de 
retribuição, e o argumento principal era o que ela estaria carente de um fim social. 
 
A pena é voltada exclusivamente para castigar o agente que infringiu uma norma penal. 
 
A pena é um instrumento de política criminal estabelecida para atuar no mundo real. 
 
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- A prevenção é vista sob duas perspectivas: 
a) Prevenção Geral: a pena é concebida como instrumento de política criminal destinada 
a atuar sobre a coletividade. A prevenção geral pode ser identificada sob duas vertentes: 
 Prevenção Geral Negativa: fins de intimidação; 
 Prevenção Geral Positiva: fins de integração. 
 
b) Prevenção Especial: a pena é vislumbrada como instrumento de atuação preventiva 
sobre o infrator, com o objetivo de evitar o cometimento de novas infrações no futuro. A 
prevenção especial pode ser identificada sob duas vertentes: 
 Prevenção Especial Negativa: fins de neutralização; 
 Prevenção Especial Positiva: fins de ressocialização. 
 
c) Teorias Mistas: também conhecidas como “Teorias Unificadoras”. Elas almejaram a 
conciliação entre as teorias vistas anteriormente, através de uma pena preventiva, com a 
ideia da justa retribuição; ou então, de uma pena retributiva, na qual se busca adotar a 
ideologia da prevenção. 
 
 
 
 
 
 
O ordenamento jurídico brasileiro adotou a Teoria Mista no artigo 59 do CP, segundo 
o qual a pena serve para “reprimir e prevenir crimes”.

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