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DELEGADO CIVIL – CRIMINOLOGIA www.cursoforum.com.br CRIMINOLOGIA Capítulo 1 Introdução à Criminologia 1.1. Conceito De acordo com a conceituação doutrinária clássica, a criminologia é a ciência autônoma, de natureza empírica e interdisciplinar, voltada ao estudo do crime, do delinquente, da vítima e do controle social do comportamento criminoso. - Criminologia x Direito Penal: A criminologia almeja a obtenção de dados e demonstrações de fatos relacionados ao crime, ao criminoso e a criminalidade em geral; O direito penal se caracteriza por ser um conjunto de normas jurídicas voltadas à determinação de infrações penais e suas respectivas sanções. 1.2. Objetos de Estudo A criminologia tem por objetos de estudo: o crime, o criminoso, a vítima e o controle social do delito. a) O Crime: é o primeiro objeto de estudo da criminologia. A criminologia concebe o crime como fenômeno humano geral, sendo algo a ser desvendado e compreendido. b) O Criminoso: é o segundo objeto de estudo da criminologia. Destaca-se que para cada corrente teórica o criminoso é tratado de forma diferente. A criminologia não pretende o estudo do crime como ilícito penal, mas sim o estudo da sua natureza, das suas origens e do seu processo de realização e contenção, como fato humano e de índole social. DELEGADO CIVIL – CRIMINOLOGIA www.cursoforum.com.br Corrente Clássica: o homem nasce bom por natureza, e o criminoso é tido como aquele que optou pelo caminho do mal, embora lhe fosse possível o respeito às disposições legais. Corrente Positivista: o livre arbítrio é um mito, e o homem não tem a faculdade de optar entre o caminho do bem ou do mal. Corrente Correicionalista: o criminoso é visto como um ser inferior, inapto ao convívio na sociedade, sendo incapaz, assim, de dirigir a sua própria vida. Corrente Marxista: o criminoso é tratado como vítima do processo econômico de exploração do homem pelo homem. c) A Vítima: é o terceiro objeto de estudo da criminologia. Salienta-se que a vítima recebeu um tratamento diversificado ao longo das construções históricas da criminologia. O tratamento diversificado identifica-se a partir de três concepções especiais: Primeiro Momento: iniciado desde os primórdios da civilização até a Alta Idade Média, no qual a vítima era dotada de um papel relevante na configuração do delito. Esta fase ficou conhecida como “vítima de ouro”. Segundo Momento: iniciado no final da Idade Média e perdurou até o início do período moderno, no qual a vítima passou por um período de neutralização, ou seja, a vítima deixa de ter um papel relevante na configuração do delito. A pena se torna uma garantia de ordem coletiva e não mais de natureza particular. Terceiro Momento: iniciado no período moderno e vigente até hoje, no qual a vítima passou por um processo de revalorização no âmbito jurídico-penal. A partir desse momento que surgiu o estudo da vitomologia. d) Controle social do delito: é o conjunto de mecanismos e de sanções sociais que almejam submeter o indivíduo aos modelos sociais comunitários. Nessa perspectiva, dispõe-se a respeito dos controles formais e informais da criminalidade: DELEGADO CIVIL – CRIMINOLOGIA www.cursoforum.com.br Controles Formais: são aqueles atribuídos ao Estado repressivo, com a legitimidade do ius puniendi. Controles Informais: são aqueles atribuídos à família, a igreja, amigos, ou até mesmo aos sistemas paralelos de repressão, a exemplo das milícias particulares. Aplicação Prática – Questão de Concurso 1.3. Funções A criminologia desempenha as seguintes funções: Informar à sociedade e aos poderes públicos a respeito do crime, o delinquente, a vítima e o controle social, de forma a reunir um núcleo de conhecimentos que permita a compreensão, no plano científico, do problema criminal, prevenindo e intervindo de forma positiva e eficaz no delinquente; Servir como central de informações a respeito do delito, fonte dinâmica de informações; Procurar critérios e soluções para as problemáticas sociais relacionadas com a criminalidade; (Ano 2015 Banca: VUNESP Órgão: PC-CE Prova: Delegado de Polícia) Os objetos de estudo da moderna criminologia estão divididos em a) três vertentes: justiça criminal, delinquente e vítima. b) três vertentes: política criminal, delito e delinquente. c) três vertentes: política criminal, delinquente e pena. d) quatro vertentes: delito, delinquente, justiça criminal e pena. e) quatro vertentes: delito, delinquente, vítima e controle social. R: Alternativa E R: Alternativa C DELEGADO CIVIL – CRIMINOLOGIA www.cursoforum.com.br Formular impecáveis modelos explicativos sobre o comportamento criminal; e Atuar na prevenção, de forma eficaz, das infrações penais. Aplicação Prática – Questão de Concurso Capítulo 2 Escolas Criminológicas (Ano 2017 Banca: CESPE Órgão: PC-GO Prova: Delegado de Polícia) A respeito do conceito e das funções da criminologia, assinale a opção correta. a) A criminologia tem como objetivo estudar os deliquentes, a fim de estabelecer os melhores passos para sua ressocialização. A política criminal, ao contrário, tem funções mais relacionadas à prevenção do crime. b) A finalidade da criminologia em face do direito penal é de promover a eliminação do crime. c) A determinação da etimologia do crime é uma das finalidades da criminologia. d) A criminologia é a ciência que, entre outros aspectos, estuda as causas e as concausas da criminalidade e da periculosidade preparatória da criminalidade. e) A criminologia é orientada pela política criminal na prevenção especial e direta dos crimes socialmente relevantes, mediante intervenção nas manifestações e nos efeitos graves desses crimes para determinados indivíduos e famílias. R: Alternativa D R: Alternativa C DELEGADO CIVIL – CRIMINOLOGIA www.cursoforum.com.br 2.1. Introdução No decorrer da história, várias teorias buscaram estudar o crime e o criminoso, as quais resultaram verdadeiras correntes doutrinárias inseridas na criminologia, denominadas “escolas criminológicas”. Dentre estas, destaca-se três em especial: a ESCOLA CLÁSSICA; ESCOLA POSITIVSTA e as ESCOLAS PÓS-POSITIVISTAS. 2.2. Escola Clássica Há o entendimento de que durante todo o período da Antiguidade Clássica e da Idade Média ainda não era possível falar-se em criminologia como ciência, visto que não havia construções sólidas ou teorias para delimitação dos objetos por ela disciplinados. Deste modo, é comum afirmar que a criminologia nasceu do pensamento iluminista, no século XVIII com os ensaios científicos de BARUCH SPINOZA (1632-1677), JOHN LOCKE (1632-1704), PIERRE BAYE (1647-1706), ISAAC NEWTON (1643-1727), VOLTARIE (1694-1778), MONTESQUIEU (1689-1755), e acabou resultando na Revolução Francesa posteriormente. Os ideais iluministas acabaram influenciando os doutrinadores que se dedicavam ao estudo do crime e do criminoso à época, dentre os quais se destaca CESARE BONESANE, conhecido como “MARQUÊS DE BECCARIA”, tendo escrito a obra “Dos Delitos e das Penas”. BECCARIA pregava que as arbitrariedades se insurgiram aos interesses do bem público e da sociedade, motivo pelo qual as penas deveriam ser mais justas, moderadase humanizadas. Os iluministas tinham o entendimento que os seres humanos possuíam plenas condições de melhorar o mundo, mediante o livre exercício das capacidades e do engajamento político-social de todos. DELEGADO CIVIL – CRIMINOLOGIA www.cursoforum.com.br Os clássicos, que se baseavam no método abstrato e dedutivo partiam do pressuposto que a responsabilidade penal do criminoso se fundava sempre em sua responsabilidade moral, e tinha sustento no livre arbítrio. Importante: o livre arbítrio era concebido como inerente ao ser humano, de modo que o criminoso seria aquele indivíduo que teve a faculdade de optar o caminho correto, do bem, mas optou pelo caminho do mal, por isso poderia ser moralmente responsabilizado por suas más escolhas. 2.3. Escola Positivista O positivismo na criminologia surge em meados do século XIX, representado por GARÓFALO, LOMBROSO e FERRI, em posição crítica e alternativa à concepção clássica até então prevalecente. Segundo os positivistas todos os fenômenos poderiam ser entendidos, teorizados e comprovados na experiência prática. Deste modo, as ideias do livre-arbítrio e responsabilidade moral dos indivíduos foram abandonadas, passando-se a conceber um firme determinismo nas ações humanas. O positivismo criminológico buscou a aplicabilidade dos métodos e o paradigma das ciências naturais ao estudo da sociedade, partindo-se da premissa que a superioridade científica de seus métodos seria mais eficaz para a proteção da sociedade da criminalidade. - Principais Características: Para os positivistas todos se encontravam sujeitos à lei da causalidade, e os atos humanos eram tidos como consequências internas ou externas, independentemente da vontade do indivíduo. DELEGADO CIVIL – CRIMINOLOGIA www.cursoforum.com.br a) Método indutivo e empirismo: pauta-se na crença de que a ciência teria a capacidade de diagnosticar as causas do delito e realizar prognósticos para políticas preventivas. b) Determinismo do comportamento: implica a rejeição da concepção do livre arbítrio dos indivíduos. A conduta desviante sendo sintomática de causas relacionadas ao sujeito. c) Pretensão de neutralidade do observador: aplicabilidade de premissas próprias das ciências naturais às ciências sociais. - Expoentes da Escola Positivista Italiana: a) CESARE LOMBROSO (1835-1909): médico e estudioso da frenologia e fisionomia, que se propõe a sistematizar e ordenar a antropologia criminal. Consagrou-se pela obra “L`Uomo delinquente” (O homem delinquente), na qual desenvolveu uma análise dos criminosos e dos delitos cometidos, considerando-os fruto do atavismo, herança genética da idade primitiva e selvagem dos homens. Dessa forma, Lombroso elaborou um tipo antropológico unitário, facilmente notado por suas características físicas e psíquicas: o “criminoso nato”. - Críticas: Lombroso sofreu diversas críticas, notadamente por acreditar na possibilidade de se descobrir uma causa biológica para o fenômeno criminal. Aplicação Prática – Questão de Concurso (Ano 2014 Banca: VUNESP Órgão: PC-SP Prova: Delegado de Polícia) A obra O homem delinquente, publicada em 1876, foi escrita por a) Cesare Lombroso. b) Enrico Ferri. c) Rafael Garófalo. d) Cesare Bonesana. e) Adolphe Quetelet. DELEGADO CIVIL – CRIMINOLOGIA www.cursoforum.com.br b) ENRICO FERRI (1856-1929): na sua obra “Sociologia Criminale” (Sociologia Criminal) conferiu importância não apenas aos fatores biológicos, como também aos mesológicos e sociológicos na etiologia da criminalidade. Também desenvolveu a denominada “Lei de Saturação Criminal”, na qual constatou que as condições sociais influenciam nos crimes cometidos. De acordo com FERRI as três causas possíveis de um delito (trinômio causal) são as seguintes: a) Fatores biológicos (herança e constituição); b) Fatores físicos (influencia do clima); e c) Fatores sociais (referentes às condições ambientais em que o indivíduo estava engajado). 2.4. Escolas Pós-Positivistas Após o abandono das teorias de matriz antropológico-etiológica, uma nova fase na criminologia nasce de dois eventos marcantes: em primeiro lugar, ao surgimento da A criminologia aplicada de FERRI fundava-se na ideia de periculosidade, ao prever “medidas de defesa social” correspondentes a cada tipo de autor. DELEGADO CIVIL – CRIMINOLOGIA www.cursoforum.com.br sociologia criminal americana; em segundo lugar, a consolidação da criminologia socialista. A percepção do crime e da criminalidade com base nos princípios do marxismo- leninismo conferiu nova feição às temáticas da criminologia, inaugurando-se um novo momento teórico – o pós-positivismo. A partir deste momento ocorre uma verdadeira ruptura de paradigmas, tendo em vista que a atenção transmudou-se da figura do criminoso individualmente considerado, e passou a focar no fato criminoso por si, enquanto ato biossocial. Em outras palavras, o estudo focado em pequenos grupos de indivíduos passou por uma ampliação, na qual são estudados os fatores que levam a sociedade, em geral, a praticar ou não um crime. Destaca-se que com o aparecimento das teorias socialistas da criminalidade, as pesquisas se dividiram em dois grupos distintos, com base na forma pela qual os estudiosos vislumbram a composição da sociedade, se consensual ou conflitiva. Assim, a partir de tal divisão surgem as: “TEORIAS DO CONSENSO” e as “TEORIAS DO CONFLITO”. - Teorias do Consenso: Segundo os seus teóricos, a finalidade da sociedade só é alcançada quando houver um perfeito funcionamento das suas instituições, de forma que os indivíduos compartilhem os objetivos que lhes sejam comuns, com a aceitação de todas as normatizações impostas em determinada época. Destacam-se as seguintes teorias: a) A Escola de Chicago (1930): Desenvolveu-se a partir das construções teóricas de ROBERT PARK e ERNEST BURGUESS, que defendiam a observação do indivíduo em seu habitat natural, sendo conhecido como “método da observação participante”, no qual eram observados em DELEGADO CIVIL – CRIMINOLOGIA www.cursoforum.com.br um local específico os fenômenos criminais a partir das condições que a própria sociedade local fornecia ao observador. Esta escola criminológica visualizava o crime como um fenômeno intrinsicamente relacionado a uma determinada região. Por exemplo, os “ghettos” nos Estados Unidos. Chegaram à conclusão que as metrópoles são geratrizes da criminalidade, notadamente em razão dos seguintes fatores: os controles sociais informais não funcionais, em especial nos dias modernos nos quais os indivíduos possuem vínculos familiares e sociais mais reduzidos; os grupos familiares se deterioram nas grandes cidades; há uma proximidade tentadora aos centros comerciais, dentre outros. b) Teoria da associação diferencial (1924): Desenvolveu-se a partir das construções sociológicas de EDWIN SUTHERLAND, o qual buscou observar a criminalidade não mais baseada nos crimes classificados como comuns, mas sim em um determinado modelo de comportamento desviante que necessitava de conhecimento especializado, assim como a inclinação de alguns indivíduos para tirar vantagem de oportunidades para usá-las de formas desviantes. Em resumo, defendia-se que a complexidade dos crimes, conjugada a seus efeitos difusos na sociedade, a tolerância das autoridades e à impunidade usual, gerariam as condições ideais para a delinquência do indivíduo.Destacou-se, portanto, nesta teoria o estudo da relação entre a ocupação de um determinado espaço urbano e a criminalidade. Destaca-se que, segundo essa teoria, o homem seria capaz de aprender a conduta desviante e associar-se a ela. DELEGADO CIVIL – CRIMINOLOGIA www.cursoforum.com.br c) Teoria da Anomia (1938): Desenvolveu-se a partir dos seus doutrinadores expoentes EMILE DURHEIM e ROBERT MERTON, os quais pregavam que a anomia se caracterizava por ser uma situação social em que falta coesão e ordem, notadamente no tocante a normas e valores. Segundo a teoria, se a norma for definida de forma abstrata, ambígua, ou então se ela for arbitrária e ocasional, esta norma gerará o isolamento e a autonomia dos indivíduos, de maneira que as pessoas se identificariam mais com os seus próprios interesses, do que com os interesses de índole coletiva. Esse contexto resultaria na situação de ausência de normas. d) Teoria da Subcultura Delinquente (1950): Desenvolveu-se pelo sociólogo ALBERT K. COHEN, a partir da sua obra “DELIQUENT BOYS”. Esta teoria defende a existência de três ideias fundamentais: o caráter pluralista e atomização da ordem social; a cobertura normativa da conduta desviada; e a semelhança estrutural, em sua origem, do comportamento regular e irregular. - Teorias do Conflito Social: Segundo os seus teóricos, a unidade e a ordem na sociedade se fundam na força e na coerção, com a dominação de determinados indivíduos e a sujeição de outros. Destacam-se as seguintes teorias: a) Teoria do Labeling Approuch ou Teoria do Etiquetamento (1960): Desenvolveu-se no início por HOWARD BECKER e ERVING GOFFMAN, os quais sustentavam que a criminalidade não deveria ser interpretada como a qualidade de DELEGADO CIVIL – CRIMINOLOGIA www.cursoforum.com.br determinada conduta, mas sim como o resultado de um processo por meio do qual se atribui essa qualidade, denotando um verdadeiro processo de estigmatização. Importante registrar que dentro dessa teoria coexistiram duas perspectivas: uma radical e outra moderada. A visão radical destacava a função constitutiva ou criadora da criminalidade exercida pelo controle social, segundo a qual o crime era visto como uma etiqueta que a polícia, os promotores e os juízes colocavam sobre o infrator, independentemente da sua conduta ou merecimento. A visão moderada sustentava que somente se poderia declarar que a justiça penal se integrava na mecânica do controle social geral da conduta tida por desviada. b) Teorias críticas (1970): Também conhecida como “teoria radical”, sendo desenvolvida em total oposição aos ideais da criminologia clássica e positiva. Teve grande influência pela doutrina marxista, em virtude de conceber que o processo de criminalização de determinadas condutas guarda relação com a disciplina da mão de obra no interesse do capital e com a contenção dos movimentos sociais. Segundo tal teoria, a construção do crime depende unicamente do modo de produção capitalista, e que a lei penal, por seu turno, deriva e justifica essa concepção. Baseia-se, portanto, na famosa relação: cárcere e fábrica. De acordo com a teoria, o crime é uma decorrência das interações psicossociais do indivíduo e dos diversos processos sociais. DELEGADO CIVIL – CRIMINOLOGIA www.cursoforum.com.br Aplicação Prática – Questão de Concurso Capítulo 3 Vitimologia 3.1. Conceito (Ano 2016 Banca: CESPE Órgão: PC-PE Prova: Delegado de Polícia) Acerca dos modelos teóricos explicativos do crime, oriundos das teorias específicas que, na evolução da história, buscaram entender o comportamento humano propulsor do crime, assinale a opção correta. a) O modelo positivista analisa os fatores criminológicos sob a concepção do delinquente como indivíduo racional e livre, que opta pelo crime em virtude de decisão baseada em critérios subjetivos. b) O objeto de estudo da criminologia é a culpabilidade, considerada em sentido amplo; já o direito penal se importa com a periculosidade na pesquisa etiológica do crime. c) A criminologia clássica atribui o comportamento criminal a fatores biológicos, psicológicos e sociais como determinantes desse comportamento, com paradigma etiológico na análise causal-explicativa do delito. d) Entre os modelos teóricos explicativos da criminologia, o conceito definitorial de delito afirma que, segundo a teoria do labeling approach, o delito carece de consistência material, sendo um processo de reação social, arbitrário e discriminatório de seleção do comportamento desviado. e) O modelo teórico de opção racional estuda a conduta criminosa a partir das causas que impulsionaram a decisão delitiva, com ênfase na observância da relevância causal etiológica do delito. R: Alternativa D R: Alternativa C DELEGADO CIVIL – CRIMINOLOGIA www.cursoforum.com.br É o ramo da criminologia voltado para o estudo do comportamento da vítima do crime, por meio da avaliação das causas e dos efeitos da ação criminosa sobre a vítima, bem como a respeito do incremento do risco de ocorrência do crime. 3.2. Processo de Vitimização De acordo com a doutrina, o processo de vitimização se subdivide em três: a) vitimização primária; b) vitimização secundária; e c) vitimização terciária. a) Vitimização Primária: é provocada pela conduta delituosa que atinge diretamente a vítima. b) Vitimização Secundária: é provocada pelo próprio Estado, atrelada ao ônus da burocracia, na apuração e no solucionamento do ato delituoso. c) Vitimização Terciária: é provocada pelo contato da vítima com o seu círculo social. Aplicação Prática – Questão de Concurso Tem por objetivos três perspectivas: 1ª) analisar e compreender a extensão do problema que envolve a vítima de um delito; 2ª) explicar as causas de vitimização; e 3ª) desenvolver um sistema capaz de diminuir a vitimização e prestar assistência às vítimas. (Ano 2015 Banca: VUNESP Órgão: PC-CE Prova: Delegado de Polícia) Quando a vítima, em decorrência do crime sofrido, não encontra amparo adequado por parte dos órgãos oficiais do Estado, durante o processo de registro e apuração do crime, como, por exemplo, o mau atendimento por um policial, levando a vítima a se sentir como um “objeto” do direito e não como sujeito de direitos, caracteriza a) vitimização estatal ou oficial. b) vitimização secundária. c) vitimização terciária. DELEGADO CIVIL – CRIMINOLOGIA www.cursoforum.com.br 3.3. Fases da Vitimologia - Primeira fase: a “vítima de ouro”: Operou-se desde o início do processo civilizatório até a Idade Média, no qual a vítima desempenhava uma função bastante relevante na origem do crime, sob as balizas da lógica da vingança privada - “olho por olho, dente por dente”. - Segunda fase: “período de latência”: Desenvolveu-se ao término da Idade Média, a partir do início dos Estados modernos, na qual a vítima transmuda-se para uma fase de completa neutralização. - Terceira fase: “revalorização da vítima”: Neste momento, a vítima, novamente, passa a ocupar o lugar de destaque no desvendamento do crime. Destaca-se que neste momento a sanção penal ganhou nova visão, qual seja, a pena passou a ser um instrumento de garantia para a ordem coletiva e não mais para a proteção da vítima. DELEGADO CIVIL – CRIMINOLOGIAwww.cursoforum.com.br Cabe ressaltar, em exemplificações, os seguintes institutos: a necessidade de representação do ofendido nas hipóteses de ação penal pública condicionada; a necessidade de oferecer queixa-crime nos casos de ação penal de titularidade privada; a possibilidade de realização dos institutos despenalizadores, tal como a composição civil dos danos no âmbito das infrações penais de menor potencial ofensivo, dentre outros. Capítulo 4 Penologia 4.1. Conceito DELEGADO CIVIL – CRIMINOLOGIA www.cursoforum.com.br A sanção penal representa um dos objetos de estudo da Criminologia, dotada de abordagem própria e de forma individualizada. 4.2. Teorias da Pena Ao longo da história, diversas propostas foram elaboradas para justificar a existência e legitimar a aplicabilidade da pena. Nesse sentido, desenvolveram-se as seguintes teorias: a) Teorias Absolutas: de acordo com os seus defensores, a pena serve como um instrumento de retribuição ao crime. Ela releva a ideia de expiação, de reparação, de compensação do mal que é um crime. Essas teorias sofreram diversas críticas, notadamente, em virtude da perspectiva de que a pena figura como um imperativo categórico, que acaba não traduzindo a verdade função da pena. b) Teorias Relativas: de acordo com os seus defensores, a pena serve como um instrumento de prevenção delitiva. Nesta concepção, passou-se a questionar a pena baseada unicamente na ideia de retribuição, e o argumento principal era o que ela estaria carente de um fim social. A pena é voltada exclusivamente para castigar o agente que infringiu uma norma penal. A pena é um instrumento de política criminal estabelecida para atuar no mundo real. DELEGADO CIVIL – CRIMINOLOGIA www.cursoforum.com.br - A prevenção é vista sob duas perspectivas: a) Prevenção Geral: a pena é concebida como instrumento de política criminal destinada a atuar sobre a coletividade. A prevenção geral pode ser identificada sob duas vertentes: Prevenção Geral Negativa: fins de intimidação; Prevenção Geral Positiva: fins de integração. b) Prevenção Especial: a pena é vislumbrada como instrumento de atuação preventiva sobre o infrator, com o objetivo de evitar o cometimento de novas infrações no futuro. A prevenção especial pode ser identificada sob duas vertentes: Prevenção Especial Negativa: fins de neutralização; Prevenção Especial Positiva: fins de ressocialização. c) Teorias Mistas: também conhecidas como “Teorias Unificadoras”. Elas almejaram a conciliação entre as teorias vistas anteriormente, através de uma pena preventiva, com a ideia da justa retribuição; ou então, de uma pena retributiva, na qual se busca adotar a ideologia da prevenção. O ordenamento jurídico brasileiro adotou a Teoria Mista no artigo 59 do CP, segundo o qual a pena serve para “reprimir e prevenir crimes”.
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