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O PAPEL DA ERGONOMIA NO DESIGN DE INTERIORES

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O PAPEL DA ERGONOMIA NO DESIGN DE INTERIORES 
Beatriz Chimenthi, Liane Flemming 
Este artigo busca destacar a importância da aplicabilidade das técnicas ergonômicas 
no que se refere ao design de interiores. A ergonomia será apresentada como ciência 
relevante no processo de concepção dos projetos, comparada com técnicas 
sistêmicas do design de interiores. 
Introdução 
No universo dos projetos para espaços de funções diversificadas existem três 
profissionais responsáveis pela qualidade do ambiente construído: o arquiteto, o 
designer de interiores e o ergonomista. Definir o papel e o momento deles atuarem no 
projeto é uma questão que deve ser estudada com cautela. 
O design está em todo lugar. Talvez por isso seja tão difícil encontrar uma definição 
específica. O design de interiores está presente numa ampla tipologia de ambientes: 
de um evento cultural até hospitais e aeroportos. Seu objetivo principal está na busca 
do conforto e do fácil deslocamento dos espaços. Provavelmente, não existirá uma 
definição absoluta que agrade a todos, mas tentar achar pelo menos uma mais precisa 
pode ajudar até mesmo aos profissionais a entender suas responsabilidades (DAVIS, 
2005). 
Esse trabalho busca definir as principais atribuições desses profissionais e como essa 
interseção de funções funciona durante a concepção de um projeto. A partir da 
experiência da autora em parceria com uma equipe de ergonomistas em projetos de 
design de interiores serão apresentados dois estudos de caso. 
O primeiro, o projeto da redação de um jornal diário no Rio de Janeiro - RJ e o 
segundo, o projeto de uma sala de controle de uma indústria em Vitória – ES. 
Temática central 
A ergonomia é um campo de atuação em amplo crescimento e engloba diversos 
ramos de atividades, com objetivo comum que é o conforto de usuários. Segundo 
GRANDJEAN (1998) trata-se de uma ciência interdisciplinar. Compreende a fisiologia 
e a psicologia do trabalho, bem como a antropometria é a sociedade no trabalho. Seu 
objetivo prático é a adaptação do posto de trabalho, dos instrumentos, das máquinas, 
dos horários, do meio ambiente às exigências do homem. A realização de tais 
objetivos, a nível industrial, propicia uma facilidade do trabalho e um rendimento do 
esforço humano. 
Pode ser classificada em três categorias distintas: ergonomia cognitiva, organizacional 
e física. A ergonomia cognitiva atua na percepção, memória e resposta motora do ser 
humano. Isto inclui o estudo da carga mental de trabalho, desempenho especializado, 
interação homem-computador, stress e treinamento relacionado a projetos envolvendo 
seres humanos e sistemas. A ergonomia organizacional refere-se principalmente a 
otimização dos sistemas sócio-técnicos, incluindo suas estruturas organizacionais e 
políticas. Os tópicos relevantes incluem comunicações, projeto e organização temporal 
do trabalho, projeto participativo, novos paradigmas do trabalho, cultura 
organizacional, organizações em rede, tele-trabalho e gestão da qualidade. 
Finalmente, a ergonomia física está relacionada com as características da anatomia 
humana, antropometria, fisiologia e biomecânica em sua relação à atividade física. 
Seus tópicos incluem o estudo da postura no trabalho, manuseio de materiais, 
movimentos repetitivos (LER), distúrbios músculo-esqueletais relacionados ao 
trabalho, segurança e saúde. 
A ergonomia se propõe a desenvolver novos métodos, adquirir competência em 
negociação e desenvolver uma rede de interação com setores de empresas e seus 
fornecedores. Tudo isto em prol de sua participação na evolução do trabalho. 
Atualmente, esta ciência vem sendo considerada uma poderosa ferramenta diferencial 
tanto na concepção dos produtos, como na otimização dos ambientes como um todo. 
O ergonomista atua provocando a demanda e definindo cada vez mais seus serviços 
junto a outros profissionais, de maneira a garantir sua participação desde o início do 
projeto de novas situações de trabalho. A entrada da ergonomia após a formalização 
do projeto é restrita e sem grandes resultados, uma vez que sua atuação se resume a 
uma consultoria ou fornecimento de dados sobre a atividade no trabalho. 
Infelizmente no Brasil, a ergonomia não aparece como ferramenta importante na 
concepção dos projetos, mas como recurso posterior, e mesmo assim, é muito pouco 
aplicada em áreas como o design de interiores. 
Segundo FILHO (2004), o uso dos conhecimentos da ergonomia encontra-se hoje no 
Brasil mais difundido e com numerosos exemplos nos setores industriais. Sua 
aplicação propicia facilidade do trabalho e rendimento do esforço humano. Está ligada 
à organização do trabalho, destacando-se em diversos setores dos sistemas de 
produção, como por exemplo, nos objetivos de racionalização do trabalho para 
aumento de produtividade; na segurança, visando à prevenção de acidentes de 
trabalho; na organização de linhas de produção, ambientes e postos de trabalho, 
correção de equipamentos de uso individual e geral, entre outros. 
O design de interiores é um campo de atuação bastante visado atualmente, e engloba 
conhecimentos muito específicos a tudo que se refere ao espaço interno de uma 
edificação. Alguns cursos ainda oferecem a disciplina paisagismo em sua grade 
curricular1, dando oportunidade do aluno intervir também em ambientes externos de 
pequena escala. 
Assim como o paisagismo, a ergonomia também é uma das disciplinas oferecidas nos 
cursos de design de interiores. Desta forma, são apresentados os principais 
conhecimentos das técnicas ergonômicas na concepção de um projeto conforme as 
necessidades de seus usuários. Durante a formulação de um layout de um ambiente, 
por exemplo, a ergonomia garante excelentes resultados no que diz respeito a 
luminotécnica, cor, design de móveis, conforto térmico, ou seja, todos os fatores a 
serem considerados num projeto de interiores. 
A funcionalidade do layout está ligada à organização dos componentes no interior do 
espaço, de forma a gerar uma melhor praticidade funcional. Isto se dá basicamente 
através da mais lógica organização do espaço. Um espaço mal projetado pode 
prejudicar o cotidiano dos usuários na medida que dificulta passagens, atrasa tarefas, 
ocupa mais espaço ou faz com que o espaço pareça menor. 
O conforto ambiental considera as condições naturais e/ou artificiais que concorrem 
para a segurança, comodidade, bem estar e a própria saúde dos usuários. É 
proporcionado por meios artificiais (exaustão, ar-condicionado) e considera condições 
ergonomicamente adequadas de climatização. Tudo isso envolve sistemas de 
iluminação, ventilação natural, exaustão, refrigeração, calefação, sistemas de proteção 
acústica e térmica, sempre de acordo com as funções de cada espaço. 
A iluminação é um fator relevante. Ambientes mal iluminados muitas vezes parecem 
menores, prejudicam a visão e criam áreas de sombra desconfortáveis. Já ambientes 
exageradamente iluminados, também causam desconforto em função da reflexão 
excessiva. O grande desafio é chegar a um projeto de iluminação equilibrado. 
A acústica (níveis sonoros, fontes de ruídos e conversas indesejadas) também é um 
ponto relevante. A taxa de reverberação sendo elevada acarreta com o tempo, 
problemas como stress e perda auditiva. A garantia de um bom projeto de acústica é 
que a comunicação entre os usuários seja feita de forma clara e segura. 
A seguir, será apresentada de que forma a ergonomia pode ser inserida num sistema 
de produção de um projeto, neste caso em design de interiores. 
A ocasião da contribuição ergonômica 
Segundo WISNER (1997), a contribuição ergonômica pode ser classificada em: 
ergonomia de concepção, correção e de conscientização. 
A primeira ocorredurante a fase inicial do ambiente. Requer um conhecimento 
profundo do programa visto que todas as decisões são tomadas em função de 
situações hipotéticas. Para um melhor conhecimento da situação inicial podem ser 
utilizadas metodologias sistêmicas de avaliação como a avaliação pós-ocupação 
(APO).2 
Já a ergonomia de correção é aplicada em situações previamente existentes. Muitas 
vezes deixa de ser feita em sua totalidade, gerando resultados insatisfatórios em 
função dos custos elevados para sua aplicação. 
A terceira, ergonomia de conscientização, ocorre em função das alterações sofridas 
pelo ambiente através de reformas, manutenção, etc. Sua importância é essencial 
para o correto funcionamento das fases anteriores. 
Considerando a ergonomia de concepção a mais importante dentre as demais, serão 
apresentados dois estudos de caso onde esta foi aplicada com sucesso. 
Objetivando a concepção de projetos são estudadas à partir da metodologia 
ergonômica (estudo da situação existente), as atividades do trabalho a ser projetado. 
É detalhado todo o processo de tratamento das informações, assim como avaliadas as 
interações entre os vários profissionais, e o nível de cooperação necessário dentro do 
processo de trabalho. Estes dados são o ponto central do estudo ergonômico e 
servem de base para o desenvolvimento de todos os projetos que se seguiram à este. 
Os usuários participam ativamente da concepção do projeto, à partir de críticas e 
sugestões dos anteprojetos e maquetes. 
O design de interiores com a sua metodologia realiza o levantamento de dados 
(normas, levantamento físico, estudo de funções e áreas necessárias) para o 
desenvolvimento do projeto simultaneamente ao estudo de ergonomia. 
Projeto da redação de um jornal diário no Rio de Janeiro 
O projeto da redação foi desenvolvido através do trabalho conjunto de ergonomistas, 
arquitetos e outros profissionais, utilizando uma metodologia de projeto, que 
contempla a consideração do trabalho humano na concepção de ambientes de 
trabalho. O projeto ergonômico foi incorporado no processo projetual e teve por 
finalidade definir conceitualmente o trabalho, estabelecendo referências para sua 
evolução, gerando subsídios para o projeto do ambiente físico, softwares, 
planejamento da organização do trabalho. 
Durante a fase de concepção do projeto, as funções do ergonomista e do designer de 
interiores foram divididas por etapas. 
Numa primeira fase, a equipe de ergonomia foi responsável pelas especificações dos 
parâmetros a serem desenvolvidos, ou seja, um estudo relativo a organização do 
trabalho de uma redação de jornal. 
Concomitantemente, os designers de interiores ficaram responsáveis por toda a parte 
de especificações de materiais de acabamento e pelo processo de criação e layout do 
espaço em questão. 
Concluídas essas etapas, as equipes se uniram na gestão, conceituação e idealização 
do projeto, desenhos e maquete. 
A seguir, houve uma nova separação das equipes. Os ergonomistas ficaram 
responsáveis pelo estudo do mobiliário, adaptações ao trabalho e interação humana, 
enquanto que os designers de interiores pelo enfoque do todo, espaço e a 
coordenação dos projetos de instalações. 
O sucesso deste projeto se deve a introdução de conceitos ergonômicos na 
adequação dos ambientes às atividades de trabalho. É através do projeto e concepção 
do trabalho humano que se define o ambiente. O projeto teve como base à 
cooperação humana que é fundamental em uma redação para um trabalho de 
qualidade. 
Este projeto recebeu a menção honrosa na premiação anual do IAB (Instituto dos 
Arquitetos do Brasil) em 2000. A parceria ergonomista-designer de interiores foi 
considerada positiva, principalmente em função da satisfação dos clientes observada 
no interesse de apresentar o resultado em diversos eventos internacionais. 
Projeto de uma sala de controle de uma indústria em Vitória – ES. 
Neste caso, houve um posicionamento diferenciado de funções, o designer de 
interiores ficou subordinado ao ergonomista, visto que este último detinha o 
conhecimento de todas as especificidades do ambiente a ser projetado. 
O projeto de uma sala de controle configura-se como um grande salão, o qual abriga 
postos de trabalho com inúmeros monitores para o controle e visores, onde o processo 
industrial pode ser controlado. Próximo a esse salão estão os ambientes de apoio, 
como o de lazer e serviços dos controladores. 
Para este caso especifico, o designer de interiores ficou responsável pela parte 
estética do ambiente, especificando os materiais de acabamento e as cores a serem 
utilizadas, já que o ergonomista era responsável por toda parte funcional e técnica do 
projeto. 
O resultado foi um espaço funcional e esteticamente agradável, garantindo satisfação 
dos usuários e aumento da produtividade. 
Conclusão 
A ergonomia vem aos poucos ganhando importância como ferramenta fundamental 
para o design de interiores e pode trabalhar desde a formalização das idéias 
preliminares até o produto final, ou seja, na negociação do escopo do contrato, estudo 
preliminar, detalhamento do projeto, tomadas de orçamentos, acompanhamento da 
execução do projeto, avaliação pós-ocupação. 
Nesses estudos de casos acima apresentados, a parceria ergonomia-designer de 
interiores colaborou para a conceituação do trabalho futuro no processo de 
automação, para o conforto ambiental, funcionalidade do layout, criação de novas 
áreas, estética dos ambientes e concepção do mobiliário. Os ergonomistas também 
atuaram na especificação dos materiais, nos ajustes dos desenhos de execução, na 
redução dos custos e na negociação com as outras equipes de projeto. 
Para a garantia de resultados eficazes, é importante ressaltar o papel da ergonomia 
desde a concepção preliminar de um projeto. O Ergonomista pode e deve participar do 
anteprojeto junto com o Design de Interiores, de maneira a garantir boas condições 
para o trabalho humano. 
Neste trabalho, alguns fatores foram determinantes do sucesso, que devem aqui ser 
mencionados: a abrangência do contrato (que contemplava do projeto a sua 
implantação); a afinidade entre as pessoas da própria equipe de projeto e o bom 
relacionamento de todas as equipes. 
1 O curso de Design de interiores da Escola de Design da Universidade Veiga de 
Almeida possui em sua grade curricular as disciplinas paisagismo I e II. 
2 “A APO é uma das metodologias correntes de avaliação de desempenho de 
ambientes construídos. Difere de outras metodologias... pois mesmo resgatando como 
subsídios de análises a memória da produção do edifício, prioriza aspectos de uso, 
operação e manutenção, considerando essencial o ponto de vista dos usuários, in 
loco.” (ORNSTEIN, 1992 p.12) 
Bibliografia 
CUIABANO, Ana Maria, SADIBA, Anis F., SANTOS, Venétia. Análise ergonômica do 
trabalho. Rio de Janeiro: Itsemap do Brasil, 1994 
DAVIS, Gary. About: Ergonomics. The Design Council Disponível em: 
http://www.designcouncil.org.uk. Acesso em: abril de 2005 
DUL, J. et WEERDMEESTER B. Ergonomia prática. São Paulo: Edgar Blucher, 
1995. 
FILHO, João Gomes. ergonomia do objeto: sistema técnico de leitura 
ergonômica. São Paulo: Escrituras editora, 2003. 
___________________. Gestalt do objeto: sistema de leitura visual da forma. 
2a edição. Reimpressão. São Paulo: escrituras, 2000. 
GRADNJEAN, Etienne. Manual de ergonomia: adaptando o trabalho ao 
homem. Porto Alegre: Artes médicas sul, 1998. 
IIDA, Itiro. Ergonomia, projeto e produção. São Paulo: Edgard Blucher, 1990. 
MORAES, Anamaria; MONT’ALVÃO, Cláudia. Ergonomia: conceitos e 
aplicações. Rio de Janeiro: 2AB, 1998. 
ORNSTEIN, Sheila. Avaliação Pós-ocupação do Ambiente Construído.São Paulo: 
Studio Nobel, 1992. 
RYBCZYNSKI, Witold. Casa: pequena história de uma idéia. Rio de Janeiro: 
Record, 2002. 
http://ergonomiaemcasa.blogspot.com.br/2005/05/o-papel-da-ergonomia-no-design-de.html

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