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Cessão de Crédito: Conceitos e Regras

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DIREITO DAS OBRIGAÇÕES
Arts. 286 a 303 do CC/2002.
TÍTULO II
Da Transmissão das Obrigações
CAPÍTULO I
Da Cessão de Crédito
Art. 286. O credor pode ceder o seu crédito, se a isso não se opuser a natureza da obrigação, a lei, ou a convenção com o devedor; a cláusula proibitiva da cessão não poderá ser oposta ao cessionário de boa-fé, se não constar do instrumento da obrigação.
“Cessão de crédito. A cessão de crédito é um negócio jurídico bilateral, gratuito ou oneroso, pelo qual o credor de uma obrigação (cedente) transfere, no todo ou em parte, a terceiro (cessionário), independentemente do consenso do devedor (cedido), sua posição na relação obrigacional, com todos os acessórios e garantias, salvo disposição em contrário, sem que se opere a extinção do vínculo obrigacional [...].”
“Objeto da cessão de crédito. Qualquer crédito poderá ser cedido, conste ou não de um título, esteja vencido ou por vencer, se a isso não se opuser: a) a natureza da obrigação, pois é obvio que serão incedíveis os créditos oriundos dos direitos personalíssimos; b) a lei, visto que não serão cedíveis, p. ex., o direito da preferência (art. 520, CC), o crédito já penhorado (art. 298, CC) etc.; c) a convenção com o devedor, pois não poderão ser cedidos os créditos quando as partes ajustaram a sua intransmissibilidade (pacto de non cedendo).” [...] (DINIZ, 2002, p. 237-238)
Art. 286
“Cessão de crédito: O conceito mais objetivo, da doutrina brasileira, desse instituto nos foi legado por Orlando Gomes: ‘é o negócio pelo qual o credor transfere a terceiro sua posição na relação obrigacional’ [...].”
“O art. 286 versa sobre o objeto da cessão, fazendo alusão aos créditos que não podem ser cedidos, quer seja pela própria natureza da obrigação, como é o caso da pensão alimentícia, quer seja por disposição expressa em lei, a exemplo dos créditos já penhorados, ou ainda por convenção com o devedor, ou seja, quando as partes ajustarem ser o crédito inalienável. A cessão pode ser total ou parcial.” (RÉGIS in FIUZA, 2002, p. 269)
Art. 287. Salvo disposição em contrário, na cessão de um crédito abrangem-se todos os seus acessórios.
“Extensão do objeto da cessão. Se não houver estipulação em contrário, além do direito à prestação principal, transmitir-se-ão ao cessionário todos os acessórios do crédito, ou seja, os direitos pessoais [ex.: aval e fiança] e os reais [ex.: hipoteca, penhor] de garantia, os direitos de preferência, a cláusula penal etc. [...].” (DINIZ, 2002, p. 238)
Art. 287
“A regra geral é [...] a de que o acessório tem o mesmo destino do principal [...] a não ser que as partes convencionem o contrário.” (RÉGIS in FIUZA, 2002, p. 270)
Art. 288. É ineficaz, em relação a terceiros, a transmissão de um crédito, se não celebrar-se mediante instrumento público, ou instrumento particular revestido das solenidades do § 1o do art. 654.
“Forma da cessão. Não se exige forma específica para que se efetue a cessão de crédito; logo esta se configura como um negócio não solene ou consensual, por independer de forma determinada, bastando a simples declaração de vontade do cedente e do cessionário.”
“Eficácia “erga omnes”. Para que a cessão de crédito possa valer perante terceiros deverá ser celebrada mediante instrumento público ou particular, revestido das solenidades do art. 654, § 1°, do Código Civil.” (DINIZ, 2002, p. 238)
Art. 288
Para a cessão de crédito “[...] basta que o instrumento particular contenha a indicação do lugar em que foi passado, a qualificação das partes, o objetivo e a extensão da cessão. Não há mais a exigência de que seja subscrito por duas testemunhas e posteriormente registrado em cartório. Deve ser elogiada a redução das formalidades de instrumentalização da cessão, em tudo condizente com a necessidade de agilização das transações civis e comerciais imposta pelos dias atuais.”
“A Lei n. 6.015/73, entretanto, continua a exigir o registro (art. 129) do instrumento de cessão apenas como requisito para oponibilidade do ato frente a terceiros e não como requisito de validade da própria cessão inter partes.” (RÉGIS in FIUZA, 2002, p. 272)
Art. 289. O cessionário de crédito hipotecário tem o direito de fazer averbar a cessão no registro do imóvel.
“Cessionário de crédito hipotecário. O cessionário de crédito hipotecário terá o direito de fazer averbar a cessão à margem do registro do imóvel, para assegurar os direitos transferidos pela cessão.” (DINIZ, 2002, p. 239)
Art. 289
“A cessão de crédito garantida por hipoteca abrange a garantia (art. 287), e por se tratar de crédito real imobiliário, é de toda conveniência para o cessionário que se proceda à averbação da cessão ao lado do registro da hipoteca.” [...] (RÉGIS in FIUZA, 2002, p. 272)
Art. 290. A cessão do crédito não tem eficácia em relação ao devedor, senão quando a este notificada; mas por notificado se tem o devedor que, em escrito público ou particular, se declarou ciente da cessão feita.
“Notificação do devedor. A formalidade do registro de instrumento particular será desnecessária em relação ao devedor-cedido, embora relativamente a ele a lei exija a realização da notificação judicial ou extrajudicial com o intuito de lhe dar ciência da cessão, evitando que pague ao credor primitivo. Deverá o devedor notificado da cessão pagar ao cessionário, sob pena de arcar com as conseqüências oriundas do pagamento feito indevidamente.” (DINIZ, 2002, p. 239)
Art. 290
“[...] ‘pode a cessão ser notificada por via judicial, como também particular, ou ainda revestir a modalidade da notificação presumida, que assim se considera a que resulta de qualquer escrito público ou particular, no qual o devedor manifesta a sua ciência [...].” Enquanto não notificada, a cessão não é oponível ao devedor. (RÉGIS in FIUZA, 2002, p. 273)
Art. 291. Ocorrendo várias cessões do mesmo crédito, prevalece a que se completar com a tradição do título do crédito cedido.
“Pluralidade de cessões do mesmo crédito. Se o cedente, maliciosamente, fizer cessão do mesmo crédito a vários cessionários, prevalecerá a cessão que tiver sido completada com a entrega do título referente ao crédito cedido. O devedor, não notificado das várias cessões do mesmo crédito, desobrigar-se-á pagando àquele cessionário que mostrar, com o instrumento da cessão, o título da obrigação transmitida.” (DINIZ, 2002, p. 239)
Art. 291
“Ocorrendo pluralidade de cessões, cujo título representativo seja da essência do crédito, como se dá nas obrigações cambiais, não há maiores problemas. O devedor deve pagar a quem se apresenta como portador do instrumento.” [...] (RÉGIS in FIUZA, 2002, p. 274)
Art. 292. Fica desobrigado o devedor que, antes de ter conhecimento da cessão, paga ao credor primitivo, ou que, no caso de mais de uma cessão notificada, paga ao cessionário que lhe apresenta, com o título de cessão, o da obrigação cedida; quando o crédito constar de escritura pública, prevalecerá a prioridade da notificação.
“Prazo para a notificação da cessão de crédito. Como não há prazo previsto em lei para a notificação da cessão ao devedor, deverá ser feita antes do pagamento de débito sob pena de ver o devedor exonerado da obrigação ao pagar ao credor primitivo, de modo que o cessionário nenhuma ação terá contra o devedor não notificado, mas sim contra o cedente. Se o devedor for notificado a tempo, vinculado estará ao cessionário, devendo pagar a dívida a ele, e, se porventura mais de uma cessão for notificada, deverá pagar ao cessionário que lhe apresentar, com o título da cessão, o da obrigação cedida, e quando o crédito constar de escritura pública, prevalecerá a prioridade de notificação.” (DINIZ, 2002, p. 239-240)
Art. 292
“Se o devedor não foi notificado da cessão, deve pagar ao credor primitivo. Se foi notificado mais de uma vez, deve pagar a quem apresentar o título da obrigação cedida, salvo se a obrigação constar de escritura pública, hipótese em que prevalecerá a anterioridade da notificação.” (RÉGIS in FIUZA, 2002,p. 274-275)
Art. 293. Independentemente do conhecimento da cessão pelo devedor, pode o cessionário exercer os atos conservatórios do direito cedido.
“Atos conservatórios do direito cedido. O cessionário pode, independentemente do conhecimento da cessão pelo devedor, exercer atos para conservar o direito cedido. Tal ocorre porque o cessionário tem os mesmos direitos do credor a quem substitui na obrigação, com todos os seus acessórios, vantagens e ônus.” (DINIZ, 2002, p. 240)
Art. 293
“A notificação do devedor é requisito de eficácia do ato, quanto a ele, devedor. Mas não impede o cessionário de investir em todos os direitos relativos ao crédito cedido, podendo não só praticar os atos conservatórios, mas todos os demais atos inerentes ao domínio, inclusive ceder o crédito a outrem. A cessão de crédito produz efeitos imediatamente nas relações entre cedentes e cessionário. Assim todas as prerrogativas que eram do cedente passam de logo ao cessionário. Apenas a eficácia do ato frente ao devedor é que fica dependente da notificação.” (RÉGIS in FIUZA, 2002, p. 275)
Art. 294. O devedor pode opor ao cessionário as exceções que lhe competirem, bem como as que, no momento em que veio a ter conhecimento da cessão, tinha contra o cedente.
“Direito de opor exceções. O devedor cedido não perderá, com a cessão de crédito, as exceções [defesas] que lhe competirem no instante da notificação da cessão, podendo opô-las tanto ao cessionário como ao cedente. Assim sendo, as defesas que teria o devedor no momento em que veio a ter ciência da cessão poderão ser opostas ao credor primitivo e ao cessionário.” (DINIZ, 2002, p. 240)
Art. 294
[...] “O crédito é transferido com as mesmas características que possuía à época da cessão, não podendo o cedente, por óbvio, transferir mais direito do que tenha. O cessionário passa a ter os mesmos direitos do cedente, incluindo bônus e ônus. Sendo assim, poderá o devedor opor contra o cessionário todas as formas de defesa de que dispunha contra o cedente, ao tempo em que teve conhecimento da cessão.”
“[...] o devedor só poderá alegar contra o cessionário as defesas que tenha contra o cedente à época da cessão, jamais as incorporadas posteriormente. Já as defesas pessoais, suas, contra o cessionário, poderão ser alegadas a qualquer tempo.” (RÉGIS in FIUZA, 2002, p. 275-276)
Art. 295. Na cessão por título oneroso, o cedente, ainda que não se responsabilize, fica responsável ao cessionário pela existência do crédito ao tempo em que lhe cedeu; a mesma responsabilidade lhe cabe nas cessões por título gratuito, se tiver procedido de má-fé.
“Responsabilidade do cedente pela existência do crédito. A cessão produz efeitos entre as partes, ou seja, entre cedente e cessionário. O cedente, independentemente de declaração expressa, assumirá a responsabilidade perante o cessionário pela existência do crédito ao tempo em que lho cedeu, se se tratar de cessão por título oneroso, ou de cessão por título gratuito, se procedeu de má-fé. Se o cedente cedeu onerosa ou gratuitamente, de má-fé, um título nulo ou inexistente, deverá ressarcir todos os prejuízos causados [...].” (DINIZ, 2002, p. 240)
Art. 295
“Nas cessões onerosas, o cedente sempre será responsável pela existência do crédito, mesmo na ausência de convenção a esse respeito (garantia de direito). Importante ressaltar que não se trata apenas de existência material do crédito, mas a existência em condições de permitir ao adquirente desse crédito o exercício dos direitos de credor, vale dizer, a viabilidade do exercício da cessão. O crédito cedido, mesmo existente, pode, por exemplo, ser de difícil ou impossível cobrança, o que não se confunde com a solvência do devedor (garantia de fato), em que o cedente só responderá quando previsto no contrato (v. art. 296 deste Código).”
“Nas cessões gratuitas (doação, legado etc.), o cedente só será responsabilizado, inclusive pela existência do crédito, se tiver agido de má-fé.” (RÉGIS in FIUZA, 2002, p. 277)
Art. 296. Salvo estipulação em contrário, o cedente não responde pela solvência do devedor.
“Cessão “pro solvendo”. O cedente não responderá pela solvência do devedor, salvo estipulação em contrário, pois o cedente, em regra, apenas assume uma obrigação de garantia de existência do crédito, nada tendo a ver com as possibilidades econômicas do devedor. Na cessão pro solvendo, não se extingue imediatamente o débito, mas apenas se e na medida em que o crédito cedido for efetivamente cobrado. Logo, tal cessão se dá tão-somente para facilitar a realização do crédito por parte do cessionário, o cedente correrá o risco da insolvência do devedor cedido, mesmo existindo crédito que lhe seja pertencente no momento da cessão. Já na cessão pro soluto haverá plena quitação do débito do cedente para com o cessionário, operando-se a transferência do crédito, que inclui a exoneração do cedente.” (DINIZ, 2002, p. 241)
Art. 296
“Não está o cedente, em regra, obrigado pela liquidação do crédito, salvo se tiver agido de má-fé, como se dá nos casos em que, já sabendo da insolvência do devedor, afirma o contrário, induzindo o cessionário a celebrar um negócio que lhe será prejudicial. Nada impede, porém, que as partes venham a consignar expressamente essa responsabilidade. É o que a doutrina chama de garantia simplesmente de fato, vale dizer, a responsabilidade pela solvabilidade do devedor.” (RÉGIS in FIUZA, 2002, p. 277)
Art. 297. O cedente, responsável ao cessionário pela solvência do devedor, não responde por mais do que daquele recebeu, com os respectivos juros; mas tem de ressarcir-lhe as despesas da cessão e as que o cessionário houver feito com a cobrança.
“Responsabilidade pela solvência do devedor na cessão “pro solvendo”. A responsabilidade do cedente pela solvência do devedor, na cessão pro solvendo, não poderá ir além do montante que o cessionário recebeu ao tempo da cessão, com os respectivos juros, acrescidos das despesas da cessão e das que houverem sido feitas com a cobrança promovida contra o devedor insolvente. O cessionário não poderá pleitear qualquer indenização a título de perdas e danos pelo fato de ser o devedor cedido insolvente.” (DINIZ, 2002, p. 241)
Art. 297
“Enquanto na garantia de direito (art. 295) o cedente será responsável pelo valor total da dívida cedida, na chamada garantia de fato, denominação que a doutrina usa para se referir à responsabilidade do cedente pela solvência do devedor, aquele só responderá pelo que recebeu do cessionário e não pelo total da dívida cedida. Deve, no entanto, fazer retornar o cessionário à situação anterior à celebração da cessão, devolvendo-lhe o que houver gasto, tentando cobrar a dívida do devedor insolvente.” (RÉGIS in FIUZA, 2002, p. 278)
Art. 298. O crédito, uma vez penhorado, não pode mais ser transferido pelo credor que tiver conhecimento da penhora; mas o devedor que o pagar, não tendo notificação dela, fica exonerado, subsistindo somente contra o credor os direitos de terceiro.
“Penhora e cessão de crédito. A penhora vincula o crédito ao pagamento de débito do exeqüente; logo, o crédito, objeto da penhora, não mais fará parte do patrimônio do executado, que, por isso, não mais poderá ser cedido, sob pena de fraude à execução. O credor ciente da penhora de seu crédito estará impedido de transferi-lo a outrem. Se o devedor, por não ter sido notificado da penhora, vier a pagar a dívida ao credor primitivo, liberar-se-á do vínculo obrigacional, subsistindo somente contra o credor os direitos de terceiro.” (DINIZ, 2002, p. 241)
Art. 298
“A penhora, ao vincular o crédito ao processo de execução, faz com que ele saia da esfera de disponibilidade do credor, que, por essa razão, não pode mais transferi-lo a terceiro. Se, ainda assim, proceder o credor à cessão do crédito penhorado, podem ocorrer três hipóteses distintas: a) se o devedor não houver sido notificado da cessão e desconhecida a penhora, paga validamente ao cedente; b) se notificado da cessão e desconhece a penhora,paga validamente ao cessionário, cabendo ao exeqüente buscar o seu crédito, indiferentemente das mãos do cedente ou do cessionário, uma vez que a cessão operada entre eles não tem eficácia frente à execução; c) se o devedor sabia da penhora, não poderia mais pagar ao cedente ou ao cessionário. Se o fizesse, estaria sujeito a pagar novamente.” (RÉGIS in FIUZA, 2002, p. 278-279)
CAPÍTULO II
Da Assunção de Dívida
Art. 299. É facultado a terceiro assumir a obrigação do devedor, com o consentimento expresso do credor, ficando exonerado o devedor primitivo, salvo se aquele, ao tempo da assunção, era insolvente e o credor o ignorava.
Parágrafo único. Qualquer das partes pode assinar prazo ao credor para que consinta na assunção da dívida, interpretando-se o seu silêncio como recusa.
Assunção de dívida [ou cessão de débito]. A “assunção de dívida é um negócio bilateral, pelo qual o devedor, com anuência expressa do credor, transfere a um terceiro os encargos obrigacionais, de modo que este assume sua posição na relação obrigacional, substituindo-o.”
Concordância expressa do credor. A assunção de dívida “requer consentimento expresso do credor, uma vez que a pessoa do devedor é importante, visto que o valor do crédito dependerá da sua solvência ou idoneidade patrimonial, de forma que não seria conveniente ao credor de pessoa solvente vê-la substituída por outra com menos possibilidade de resgatar a dívida. Exonerado ficará, então, o devedor primitivo, exceto se aquele, ao tempo da assunção, era insolvente e o credor o ignorava.”
“Prazo para o consentimento. Pode-se estipular prazo ao credor para que anua na cessão do débito, interpretando seu silêncio como recusa.” (DINIZ, 2002, p. 242)
Art. 299
“Assunção de dívida: [...] Diz-se do negócio jurídico bilateral pelo qual um terceiro, estranho à relação obrigacional, assume a posição de devedor, responsabilizando-se pela dívida, sem extinção da obrigação, que subsiste com os seus acessórios. Ou seja, é a sucessão a título singular do pólo passivo da obrigação, permanecendo intacto o débito originário [...].” (RÉGIS in FIUZA, 2002, p. 279-280)
“Objeto: Seu objeto podem ser todas as dívidas, presentes e futuras, aí incluídos os deveres secundários do devedor, a exemplo da atualização monetária e dos juros de mora. Nos casos de transferência de estabelecimento comercial, o novo Código disciplina a assunção do passivo nos arts. 1.145 e 1.146 [...].” (RÉGIS in FIUZA, 2002, p. 280-281)
“Espécies: [...] a assunção de dívida pode operacionalizar-se de duas formas distintas: a) forma de expromissão, caracterizada pelo contrato entre credor e um terceiro, que assume a posição de novo devedor, sem necessidade de comparecimento do antigo devedor; e b) forma de delegação, caracterizada pelo acordo entre o devedor originário e o terceiro que vai assumir a dívida, cuja validade depende da aquiescência do credor. As duas modalidades podem, ainda, possuir efeitos liberatórios ou cumulativos. Na assunção liberatória ocorre a liberação do primitivo devedor. Na cumulativa, dá-se o ingresso do terceiro no pólo passivo da obrigação, sem que ocorra a liberação do antigo devedor, que permanece na relação, com liame de solidariedade com o novo.” [...]
“O art. 299, ora em comento, não dispôs sobre as modalidades de assunção, pois sua intenção parece referir-se apenas à segunda modalidade de assunção de dívida (forma delegatória), no qual o consentimento expresso do credor constitui requisito de eficácia do ato. [...] O artigo também se omitiu de mencionar os efeitos da assunção delegatória antes do assentimento do credor, além de se abster completamente de tratar de assunção cumulativa.”
“O artigo exige, ainda, que a aceitação do credor seja expressa, não admitindo, em regra, a aceitação tácita, que ocorre, como observa Orlando Gomes, ‘quando o credor, sem reserva de espécie alguma, recebe parte da dívida ou consente a prática de outro ato que faça supor ter o terceiro a qualidade de devedor’ [...]. O novo Código, no entanto, admite em um único caso a aceitação tácita, na hipótese de inação do credor, prevista no art. 303 [...].” (RÉGIS in FIUZA, 2002, p. 281-282)
Art. 300. Salvo assentimento expresso do devedor primitivo, consideram-se extintas, a partir da assunção da dívida, as garantias especiais por ele originariamente dadas ao credor.
“Extinção de garantias. A partir da [assunção da dívida] somente se houver anuência expressa do devedor originário ter-se-á a extinção das garantias especiais (penhor, hipoteca etc.) por ele dadas ao credor.” (DINIZ, 2002, p. 242)
Art. 300
As garantias especiais (fiança, aval, hipoteca...) “só subsistirão se houver concordância expressa do devedor primitivo e, em alguns casos, também do terceiro que houver prestado a garantia. Isso porque várias das garantias prestadas por terceiros só poderão subsistir com a ressalva destes. [...]”
“Já as garantias reais prestadas pelo próprio devedor originário não são atingidas pela assunção. Vale dizer, continuam válidas, a não ser que o credor abra mão delas expressamente.”
“O artigo [é omisso] no tocante aos acessórios da dívida.” (RÉGIS in FIUZA, 2002, p. 283)
Art. 301. Se a substituição do devedor vier a ser anulada, restaura-se o débito, com todas as suas garantias, salvo as garantias prestadas por terceiros, exceto se este conhecia o vício que inquinava a obrigação.
“Efeito da anulação da substituição do devedor. Se anulada for a substituição do devedor, ter-se-á a restauração da dívida, com todas as suas garantias, exceto as prestadas por terceiro, a não ser que ele tivesse conhecimento do vício que maculava a obrigação.” (DINIZ, 2002, p. 243)
Art. 301
“Se o contrato de assunção vier a ser anulado, ocorre o renascimento da obrigação para o devedor originário, com todos os seus privilégios e garantias, salvo as que tiverem sido prestadas por terceiro. E a razão dessa regra é bastante simples: se a substituição do devedor não ocasiona alteração na relação obrigacional, que permanece intacta, com todos os seus acessórios, também se mantém inalterada a obrigação se a substituição é invalidada, retornando o primitivo devedor ao pólo passivo. Entretanto, as garantias especiais prestadas por terceiros, e que haviam sido exoneradas pela assunção, não podem ser restauradas, em prejuízo do terceiro, salvo se este tinha conhecimento do defeito jurídico que viria pôr fim à assunção. Trata-se, aqui, de simples aplicação do princípio da boa-fé.” (RÉGIS in FIUZA, 2002, p. 284)
Art. 302. O novo devedor não pode opor ao credor as exceções pessoais que competiam ao devedor primitivo.
“Exceções pessoais. O novo devedor não poderá opor ao credor as defesas pessoais (incapacidade, vício de consentimento etc.) que eram cabíveis ao devedor primitivo.” (DINIZ, 2002, p. 243)
Art. 302
“Aquele que assume a posição do devedor na relação obrigacional só pode alegar contra o credor as defesas decorrentes do vínculo anterior existente entre credor e primitivo devedor, não lhe cabendo invocar as defesas pessoais que derivem das relações existentes entre ele, o novo devedor, e o primitivo devedor, ou entre este e o credor. Não pode alegar, por exemplo, o direito de compensação que possuía o primitivo devedor em face do credor.” (RÉGIS in FIUZA, 2002, p. 284-285)
Art. 303. O adquirente de imóvel hipotecado pode tomar a seu cargo o pagamento do crédito garantido; se o credor, notificado, não impugnar em trinta dias a transferência do débito, entender-se-á dado o assentimento.
“Adquirente de imóvel hipotecado [na assunção de dívida]. Quem vier a adquirir imóvel hipotecado pode assumir o pagamento do crédito garantido.”
“Falta de impugnação da transferência do débito. Se o credor notificado da assunção da dívida não vier a impugná-la dentro de trinta dias, sua inércia no escoamento do prazo deverá ser entendida como se aquele assentimento tivesse sido dado.” (DINIZ, 2002, p. 243)
Art. 303
“O dispositivo, excetuando a regra geral de que o consentimentodo credor há de ser expresso, admite a hipótese de concordância tácita do credor hipotecário que, notificado da assunção, não a impugna no prazo de trinta dias. [...] Se a assunção do débito pelo terceiro adquirente do imóvel possibilita a permanência da garantia real, pouca ou nenhuma diferença fará ao credor se o devedor será A ou B. Daí a mitigação da exigência de que o consentimento do credor seja expresso, sobretudo nessas hipóteses em que a garantia é superior ao débito.” (RÉGIS in FIUZA, 2002, p. 285-286)
REFERÊNCIAS
DINIZ, Maria Helena. Código civil anotado. 8. ed. atual. São Paulo: Saraiva, 2002.
RÉGIS, Mário Luiz Delgado In: FIUZA, Ricardo. Novo código civil comentado. São Paulo: Saraiva, 2002.
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