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trabalho penal

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Alexsandro de Souza Santos
Ana Cléia Anjos
Comparação da Justiça Retributiva e Restaurativa
Abril de 2018
INTRODUÇÃO
O direito penal é acima de tudo responsável por manter a paz social e a coexistência pacífica na sociedade e não deveria ser uma forma dessocializadora, que por muitas vezes encerra por cometer as principais atrocidades contra os princípios fundamentais, como a dignidade da pessoa humana.
Desta forma o Estado acaba por reprimir o “mal” com uma pena repressiva que representa de certa forma um “mal”, aplicando irracionalmente uma punição que apenas serve para superlotar ainda mais os presídios e estabelecimentos de detenção e servem como formas imediatas da solução da criminalidade.
Dessa forma, o presente artigo tem como finalidade uma abordagem a cerca da justiça restaurativa, estabelecendo uma diferenciação desta em relação à justiça retributiva, que se constitui como sendo a principal forma do exercício do jus puniendi, por parte do Estado em relação aos indivíduos que cometem delitos, além de se discutir a possível inserção da utilização da justiça restaurativa no Brasil como forma alternativa à modalidade cerceadora de liberdade, que pouco contribui para a socialização do indivíduo e o torna propenso a praticar novos delitos.
JUSTIÇA RETRIBUTIVA X JUSTIÇA RESTAURATIVA
O presente caso, o direito penal sempre se pautou pelo critério da justiça retributiva, com o desenvolvimento da ciência penal e o engajamento de novas ideias mais ligadas as garantias e os direitos fundamentais, vem sendo construído um sistema penal e processual penal não preocupado somente com a punição mas também com a proteção do indivíduo dos abusos e excessos cometidos pelo Estado. A pena retributiva tem como principal finalidade a pacificação por meio da punição, embora seja difícil conciliar essas duas palavras em um sentido lógico já que pacificação e punição contrastam. Nesses termos ressalta Guilherme de Souza Nucci destaca:
“A Justiça Retributiva sempre foi o horizonte do Direito Penal e do Processo Penal. Desprezava-se, quase por completo, a avaliação da vítima do delito. Obrigava-se, quase sempre, a promoção da ação penal por órgãos estatais, buscando a punição do infrator. Levava-se às últimas consequências a consideração de bens indisponíveis, a ponto de quase tudo significar ofensa a interesse coletivo. Eliminavam-se, na órbita penal, a conciliação, a transação e, portanto, a mediação”.
Embora no estágio atual da humanidade seja quase impossível a extinção do crime, por outro lado é possível a aplicação de maneiras alternativas para a solução dos conflitos de ordem penal, de maneira mais humana, sem a humilhação imposta pelo sistema retributivo, se trata da justiça restaurativa.
A justiça restaurativa, se instala dessa forma busca uma mudança no enfoque supra mencionado, dessa forma, há um maior processo de conciliação e possivelmente até em um perdão recíproco.
O modelo restaurativo da ênfase no fato principal, que é o ato danoso, referentes aos prejuízos causados aos envolvidos: ofensor, vitima e sociedade, assim, nas possíveis hipóteses de solucionar o conflito.
Por sua vez, a justiça retributiva tem como característica fundamental retribuir o mal feito pelo agressor, a sua conduta repugnante, sem que haja qualquer forma de reparar o dano feito pelo ofensor, diante da vitima e sociedade, não havendo nenhum benéficos tratando-se das partes.
Dessa forma, destaca-se que a justiça restaurativa tem como um objetivo bem definido que é a reparação, havendo uma ideia de contraposição a todos pensamentos e princípios da justiça retributiva, que tem como finalidade a sanção punitiva.
A justiça retributiva tem como propósito o afastamento das partes envolvidas diretamente no litígio, determinando-se que haverá apenas uma forma processual, em que o poder judiciário interrogará ofensor sobre o delito cometido por ele, sem ao menos investigar ou ver necessidade dos motivos que levaram a cometer o delito, não tendo o ofensor uma reflexão sobre sua conduta, e nas consequências que trouxe na sua vida, ou na da outra parte, a ofendida. Nesses casos, no qual tem o processo como um instrumento de resolução, a vítima não tem quase nenhuma participação, geralmente atua apenas como uma testemunha, através de um assistente de acusação pois não pode participar diretamente do processo, já que não possui capacidade postulatória, isso nos delitos decorrentes da ação penal incondicionada.
Em contraposição, a justiça restaurativa traz um processo inverso do comum, tendo as partes uma forma autônoma de se expressar seus pensamentos e de se posicionar diante do outro, decorrente ao decurso balanceado.
Nota-se que ambas as justiças tem o seu modo de desenvolvimento sendo muito bem expostas e diferenças entre elas, observando-se que abrange conteúdo diferente, tendo a justiça retributiva à forma de delito uma infração da norma, que com sua consumação atinge a responsabilidade individual do agente, nela destaca-se o sistema penal como sua forma de controle, absolvido para que caso ocorra essa conduta, as partes que nesse caso do processo será o ofensor ou agente que provocou a conduta ilícita, sendo que o procedimento adequado utilizado nessas hipóteses de acontecimento é o adversário, pois ela tange finalidade dos elementos que possa produzir provas sobre o crime em si cometido, estabelece culpa sobre ocorrido, isso por meio do judiciário aquele que é revestido desse poder que tem capacidade, e por fim aplicar as penas decorrentes ao delito que ele foi responsabilizado, o tempo dessa justiça é relatado ao passado o que já foi ocorrido e será julgado diante a justiça.
No âmbito da justiça restaurativa tem-se a formalidade do delito, o conflito de pessoas que em face disso tentam uma chance de regeneração após o ocorrido procurando uma possibilidade de reparação e perdão, ofensor acaba tendo uma responsabilidade jurídica individual e social, é que nesse caso ele tem que reparar o que fez diante da circunstância do delito e defronte a comunidade. É possível de ser verificado o sistema penal em prol da comunidade como um controle, assim sendo, tendo uma visão mais ampla, alcançando o direito penal e a comunidade, as partes envolvidas nessa parte do processo será ofensor aquele que praticou a conduta ilícita, a vítima que sofreu essa conduta e a comunidade. Busca-se a finalidade da resolução do conflito, tentando amenizar o que foi praticado por ele, assumindo as suas responsabilidades, ou seja responder pelo o que fez ilegalmente, e por fim buscar reparar os danos, fazendo com a vítima não introduza aquele medo na sua vida, dessa forma, tenta executar toda as necessidades que a vítima tem para superar. Já o tempo é baseado no futuro já que a função dele é tentar redimir com a vítima, para que possa viver em paz, e não ter mais esse trauma.
Assim métodos restaurativos têm se tornado cada vez mais recorrentes e apresentam em certos casos mais eficientes que a justiça proveniente de sentença judicial.
CONCLUSÃO
Assim é possível concluir que a justiça restaurativa consiste numa forma alternativa válida em relação à justiça retributiva.
Contudo deve haver uma ponderação de sua aplicação no Brasil, já que em crimes de alto teor ofensivo se torna impensável a aplicação da justiça restaurativa, como é o caso dos crimes de estupro, homicídio, tráfico de drogas, entre outros. Sendo possível pensar nesta forma de justiça em casos de crimes de menor potencial ofensivo como é o caso de crimes contra a propriedade.
Nenhuma solução em favor desta ou daquela Justiça (retributiva ou restaurativa) pode ser absoluta. Se a retribuição, como pilar exclusivo do
Direito Penal e do Processo Penal, não se manteve, não será a migração completa para a restauração que proporcionará a tão almejada situação de equilíbrio.
 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BARBOSA, Vicente Kretchetoff. Um novo conceito de justiça: A justiça restaurativa. Web Artigos. Disponível em: < http://www.webartigos.com/artigos/um-novo-conceito-de-justicaajustica-restaurativa/131027/#ixzz43U4q5Gwm>Acesso em: 20 de março de 2016. 
BECCARIA, Cesare. Dos delitos e das penas. São Paulo: Martin Claret, 2007.
CRUZ, Rafaela Alban. "Justiça restaurativa: um novo modelo de justiça criminal". Tribuna Virtual. Disponível em Acesso em 19 de março de 2016.

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