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1 Estreptococos - Cocos Gram + - Catalase – - Não formadores de esporos; Não móveis - Fazem parte da microbiota do homem Classificação Tipo de Hemólise - Alfa hemolíticos (α)– S. pneumoniae, S. viridans Hemólise parcial - Beta hemolíticos (β) – S. pyogenes, S. agalactiae Hemólise total - Ausência de hemólise (γ) Classificação de Lancefield Através das características asntigênicas do carboidrato C na parede celular. GRUPO A à S. pyogenes GRUPO B à S. agalactiae GRUPO C à S. dysgalactiae GRUPO D à S. Bovis S. equinus (não enterococos) S. faecalis, S. faecium (enterococos) S. viridans S. pneumoniae 1. Streptococcus pyogenes Grupo A de Lancefield β-Hemolítico - 90% das infecções causadas por estreptococos - Colonização: nasofaringe e pele - Transmissão: aerossóis e contato direto Fatores de Virulência - Proteína M: (imunogênico) Resiste à destruição fagocítica em sangue humano fresco - Cápsula (ácido hialurônico): dificulta a fagocitose, formação de colônias (aparência mucoide) - Estreptolisina S e O: toxinas que causam lesão das membranas celulares, responsáveis pela hemólise - Estreptoquinase (fibrolisina) - DNAses - Hialuronidase - Exotoxina Pirogênica: (superantígeno) responsável pela Síndrome do Choque Tóxico, pela Fasciíte Necrotizante e pelo exantema da Escarlatina. A. Angina (Faringoamigdalite) Estreptocócica Forma clínica mais comum, principalmente em crianças de idade escolar e adolescentes de ambos os sexos. Rara em menores de 3 anos (manifestam com febre, mal estar e linfadenopatia, sem faringite) PI: 12 a 24 horas Transmissão: contato com outro indivíduo portador por gotículas respiratórias Quadro clínico: - Amígdalas edemaciadas e hiperemiadas - Exsudatos (placas purulentas) - Adenite satélite (linfonodos cervicais anteriores) - Febre e odinofagia Complicações Supurativas: - Abcessos, linfadenite cervical supurativa, otite, sinusite, meningite, abcesso cerebral Tornam-se incomuns com o uso disseminado de antibiótico para a maioria dos casos sintomáticos. Complicações Não-Supurativas: - Febre Reumática e Glomerulonefrite Pós- Estreptocócica A prevenção das complicações depende da erradicação da bactéria da faringe, e não simplesmente da resolução dos sintomas, exigindo 10 dias de tratamento com Penicilina. Diagnósticos Diferenciais: amigdalite viral, mononucleose infecciosa, difteria, angina de Plaut Vincente. O diagnóstico de faringite estreptocócica com base nos achados clínicos não é confiável. Diagnóstico: - Padrão-ouro: Cultura de amostras da orofaringe - Alternativos: Kit diagnóstico rápido Tratamento: AMOXICILINA (Penicilinas Orais) Alergia: uma cefalosporina de 1ª geração (CEFALEXINA) AZITROMICINA (Macrolídeos) É uma alternativa. Custo mais elevado, mas maior tolerabilidade gastrointestinal e ciclo de tratamento de 5 dias 2 B. Escarlatina Faringite acompanhada de exantema característico. Quadro clínico: - Faringoamigdalite - Exantema Escarlatiniforme: micromáculas róseas confluentes que aparecem inicialmente no tórax e disseminam-se para acometer os membros, poupando as palmas das mãos e planta dos pés. - Sinal de Filatov: palidez perioral - Sinal de Pastia: presença de faixas mais escuras com petéquias e equimoses em regiões de prega cutânea e articulações. Linhas de Pastia (acentuação do exantema nas pregas cutâneas). - Língua em Framboesa: papilas linguais hipertrofiadas sobre fundo eritematoso Complicações: - Comprometimento intenso do estado geral - Insuficiência Cardíaca, renal e respiratória - Icterícia - Coagulação intravascular disseminada Diagnósticos Diferenciais: sarampo e outros exantemas virais, Doença de Kawasaki, Síndrome do Choque Tóxico e reações alérgicas sistêmicas. Tratamento: PENICILINA C. Erisipela É um tipo de celulite. Aparência eritematosa brilhante da pele acometida, que forma elevação nitidamente demarcada da pele normal circundante. Quadro clínico: - Área eritematosa, quente, edemaciada e dolorosa - Bordas elevadas que separam nitidamente a pele normal - Pele com textura de “casca de laranja” (acometimento dos vasos linfáticos superficiais) - Adenomegalia satélite - Febre, calafrios, cefaléia, astenia - Mais comuns em MMII, podendo ocorrer em outros lugares, como na área malar da face - Depois de um episódio, não é incomum ter recorrência no mesmo local, algumas vezes, anos mais tarde. Fatores Predisponentes: qualquer causa que gere uma solução de continuidade na integridade da pele (diabetes, obstrução linfática, micose interdigital, hanseníase). Diagnósticos Diferenciais: celulite, TVP, erisipela de Rosembach (Erysipelothrix rhusiopathiae) D. Celulite Inflamação da pele e tecido celular subcutâneo. Quadro clínico: - Lesão menos intensamente eritematosa - Pode desaparecer gradualmente na pele adjacente - Ou o paciente pode aparecer levemente enfermo - Tende a se desenvolver em locais anatômicos, cuja drenagem linfática normal foi interrompida. Diferenças com a Erisipela: - Superfície lisa, sem demarcação de limites nítidos separando-a da pele normal OBS: suspeitar de celulite estafilocócica se surgir ao redor de ferida ou úlcera. E. Impetigo e Ectima Acomete principalmente crianças. Impetigo (piodermite): Lesão superficial da pele - Lesões eritemato-bolhosas com formação de pústulas e crostas - Lesões em geral indolores e os pacientes não parecem enfermos Pápula vermelha à lesões vesiculosas à lesões pustulosas que se rompem e coalescem à crostas (semelhantes a favo de mel) - Manifestações sistêmicas são incomuns - Ocorre principalmente na face (ao redor da boa e nariz) ou nos membros - Os estafilos podem aparecer mais tarde como flora colonizadora secundária Ectima: Formação de pequena placa eritematosa sobre a qual se instala uma vesícula ou pústula que evoluem para úlcera e crosta. Pode ser acompanhada de adenomegalia satélite e febre. Tratamento: CEFALOSPORINA DE 1ª GERAÇÃO F. Fasciíte Necrozante e Miosite Fasciíte: Acomete a fáscia superficial e/ou fáscia profunda que revestem os músculos de um membro ou tronco. As fontes de infecção são a pele, a flora intestinal ou uma fonte entérica oculta (como abcesso diverticular ou apendicular). Início dos sintomas é agudo, com dor e hipersensibilidade intensa no local, mal estar, febre, calafrios e aparência toxêmica (evolui para forma fulminante em associação a toxicidade sistêmica grave, bacteriana e alta taxa de mortalidade. Miosite:mais comumente devido a infecção pelo S. aureus. Apresentação subaguda. Tratamento: Combinação de antibióticos ou antibióticos de largo expectro 3 G. Síndrome do Choque Tóxico Alto índice de letalidade. Mortalidade > 30%. Exotoxina Pirogênica A e várias outras exotoxinas atuam como superantígenos, deflagrando a liberação de citocinas inflamatórias dos linfócitos T. Porta de Entrada: histerectomia, parto vaginal, cirurgias ortopédicas, mamoplastia Quadro clínico: - Febre, hipotensão, comprometimento renal, Síndrome do desconforto respiratório - Infecção grave de tecidos moles (miosite, fasciíte necrozante e celulite) associada à choque, SARA, insuficiência renal, coagulopatia, comprometimento hepático, exantema eritematoso generalizado que pode sofrer descamação. - A maioria dos pacientes apresenta bacteremia Tratamento em UTI: - Tratamento de suporte agressivo (reanimação com líquido, pressores e ventilação mecânica) - Tratamento antimicrobiano - Nos casos com fasciíte: debridamento cirúrgico Tratamento: CLINDAMICINA + CEFTRIAXONE AZTREONAN, CIPROFLOXACINA OU AMINOGLICOSÍDEO Antibióticos de largo espectro AMPICILINA + SULBACTAN PIPERACILINA + TAZOBACTAN MEROPENEM H. Complicações Tardias Não Supurativas Glomerulonefrite Difusa Aguda: - Crianças de 3 a 7 anos - Deposição renal de imunocomplexos - Pode ser secundária a infecções de orofaringe (após cerca de 6 a 10 dias) ou infecções cutâneas (após cerca de 3 semanas) *Febre Reumática* - Crianças entre 5 e 15 anos - Relacionadas à faringite e amigdalite e não à infecções cutâneas - Patogenia: Ação indireta do S. pyogenes, produtos extracelulares dele, resposta imune Diagnóstico Clínico: Critérios de Jones (2 maiores ou 1 maior + 2 menores) + evidência de infecção estreptocócica anterior MAIORES Cardite, poliartrite migratória, coréia de Sydenham, nódulos subcutâneos, eritema marginado MENORES Febre, artralgia, intervalo PR prolongado (ECG), aumento de reagentes de fase aguda. Tratamento: PENICILINA + AAS Profilaxia: PENICILINA G BEN (1,2 milhões U/mês) 2. Streptococcus agalactiae Grupo B de Lancefield β-Hemolítico Doença Precoce: - Recém nascidos com menos de 7 dias (idade 20h no início da doença) - A infecção é adquirida durante o nascimento ou pouco antes a partir do trato vaginal materno colonizado. - Prematuridade e fatores de risco maternos (trabalho de parto prolongado, complicações obstétricas e febre materna) estão envolvidos - Insuficiência respiratória, letargia, hipotensão - Sepse e meningite (mais comuns), pneumonia Tratamento: PENICILINA G + AMPICILINA + GENTAMICINA Doença Tardia: - Crianças de 7 dias a 3 meses (pode ser adquirido no meio do parto ou durante o contato posterior com mãe colonizada, enfermagem ou outra fonte) - Meningite (mais comum) e sepse, artrite séptica, osteomielite, celulite facial. - Conjuntivite, endocardite, otite, peritonite, abcessos (raros) Tratamento: PENICILINA G CRISTALINA Puerpério: - Febre periparto: (mais comum) algumas vezes acompanhada de sinais e sintomas de endometrite e corioamnionite (como distensão abdominal e hipersensibilidade uterina ou dos anexos), artrite séptica, pneumonia, meningite e sepse. Em pessoas idosas ou com doenças de base (como DM ou neoplasias malignas) - celulite e infecções de tecidos moles, endocardite, artrite séptica, meningite 3. Estreptococos do grupo viridans α-Hemolítico - Mais de 30% dos casos de endocardite, principalmente por S. mutans, S. sanguis, S. gordonii, S. sobrinus, S. salivarius. - Várias espécies fazem parte da flora oral normal (estreita associação com dentes e gengiva) - S. mutans à contribui para a cárie Endocardite Subaguda: pessoas com lesões pré- existentes em válvulas cardíacas, próteses valvares. Causada por bacteremia transitória. Sepse em Neutropênicos: a bacteremia ocorre com frequência em neutropênicos, particularmente após transplante de medula óssea ou altas doses de quimioterapia. Podem desenvolver uma síndrome de sepse com febre alta e choque. Tratamento: (de modo presuntivo) VANCOMICINA 4 4. Streptococcus bovis Grupo D de Lancefield não enterococos - Endocardite subaguda - Bacteremia: indício de tumor maligno de cólon - Está frequentemente associada a neoplasias do TGI (carcinoma ou pólipo) e com outras lesões intestinais. Tratamento: PENICILINA 5. Streptococcus faecalis e S. faecium Grupo D de Lancefield Enterococos Infecção urinária: - Cistite, pielonefrite, prostatite, abcesso perinefrético - Principalmente idosos - Secundária a cateterismo vesical e procedimentos urológicos Endocardite: - 10% a 20% dos casos de endocardite (principalmente S. faecalis) - Caráter subagudo Sepse: - Principais portas de entrada: trato intestinal, vias urinárias, vias biliares Tratamento: PEN CRISTALINA + GENTAMICINA AMPICILINA + GENTAMICINA VANCOMICINA, DAPTOMICINA, LINEZOLIDA Endocardite Infecciosa Processo infecciosos da superfície endotelial do coração que acomete preferencialmente as válvulas cardíacas, mas pode ocorrer defeitos do septo cardíaco, cordoalhas tendíneas e parede do endocárdio. Classificação: HISTÓRIA NATURAL Aguda ou subaguda CONDIÇÕES CLÍNICAS PREDISPONENTES Válvulas nativas Valvas protéticas Usuários de droga endovenosa Endocardites hospitalares Fatores de Risco: Alterações estruturais cardíacas, condições que podem gerar bacteremia. I. Endocardite de Valvas Nativas - Valvas mais frequentes: Aórtica e Mitral (tricúspide à predomínio em usuários de drogas EV) - Pacientes com doença cardíaca predisponente ou qualquer alteração que predisponha alteração do fluxo sanguíneo no coração. - Etiologia: Estreptococos do grupo viridans, Enterococos, S. bovis, S. pneumoniae (EI aguda), S. aureus (EI aguda), Grupo HACEK (Haemophilus spp., Actinobacillus actinomycetemcomitans, Cardiobacte- rium hominis, Eikenella corrodens e Kingela kingae), fungos (Aspergillus spp, Candida spp), outras causas: Coxiella burnetti, Bartonella spp, Mycoplasma spp , Legionella spp e Clamydias psittaci. II. Patogênese - Ruptura do endotélio - Formação de coágulo composto por fibrina, fibronectina, plaquetas e proteínas plasmáticas - Colonização bacteriana do coágulo - Ativação de monócitos com produção de fatores de ativação tecidual e citocinas que ativam a cascata de coagulação, estimulam adesão plaquetária e ativação de células endoteliais vizinhas III. Diagnóstico Anamnese: febre, astenia, história de infecção cutâneaou manipulação dentária, valvulopatia, uso de drogas endovenosas Exame Físico: sopro, esplenomegalia, ferimentos na pele (porta de entrada), estado dos dentes, petéquias conjuntivais, sinais de embolização periférica ou fenômenos imunológicos: - Manchas de Janeway: hemorragias vasculares consequentes à fenômenos embólicos - Nódulos de Osler: nódulos subcutâneos, dolorosos, decorrente de deposição de imunocomplexos. - Manchas de Roth: hemorragia retiniana classicamente oval com parte central pálida Laboratório: Hemoculturas, éé PCR e VHS EAS à proteinúria ECO: vegetação, abcesso, rotura de cordoalha Padrão-Ouro: Exame direto Histopatológico e Microbiológico da Vegetação 5 IV. Critérios de Duke Critério Patológico: Microorganismo demonstrado por cultura ou por análise histopatológica de vegetação, abcesso ou êmbolo séptico. Critérios Clínicos: 2 critérios maiores ou 1 critério maior + 3 menores ou 5 critérios menores MAIORES 1. Hemocultura + com MO típicos para EI em duas amostras separadas 2. Evidência de envolvimento endocárdico a) ECO compatível com EI (vegetação, abcesso, deiscência de prótese) b) Nova regurgitação valvar MENORES 1. Condição predisponente 2. Febre 3. Fenômeno valvar 4. Fenômeno embólico 5. Hemocultura + sem preencher os critérios maiores ou evidência sorológica de MO compatível com EI. V. Tratamento Empírico EI aguda: PEN CRISTALINA + OXACILINA + GENTAMICINA VANCOMICINA + RIFAMPICINA + GENTAMICINA (prótese valvar) Empírico EI subaguda PEN CRISTALINA + GENTAMICINA Estreptococos viridans e S. bovis PEN CRISTALINA + GENTAMICINA Enterococos PEN CRISTALINA (AMPICILINA OU VANCOMICINA) + GENTAMICINA HACEK CEFTRIAXONE Estafilococos OXACILINA + GENTAMICINA VANCOMICINA + GENTAMICINA (associa-se com RIFAMPICINA em caso de prótese) V. Tratamento Indicações cirúrgicas - Insuficiência cardíaca - Extensão perivalvar da infecção: abcesso, fístula, ruptura valvar - Embolizações recorrentes - Prótese valvar - Microorganismo de difícil tratamento Profilaxia AMOXICILINA (2g) CLINDAMICINA ou AZITROMICINA (opções) Indicações de Profilaxia - Condições cardíacas associadas à EI - Procedimentos invasivos 6. Streptococcus pneumoniae α-Hemolítico - Diplococo gram + - Colonizam a nasofaringe e orofaringe - Transmissão por gotículas, mais comum no inverno - Infecções por contiguidade: otite média, sinusite, pneumonia - Infecções por disseminação hematogênica: meningite e raramente endocardite, artrite e peritonite Fatores de virulência: cápsula, pneumolisina, autolisina, PspA, proteína ligada à colina, Hialuronidase, protease IgA, neuroaminidase. I. Pneumonia - Causada principalmente pelos sorotipos 1, 2 e 3 - Aspiração de secreções da naso e orofaringe Pneumonia Lobar: - Febre, tosse com expectoração purulenta, taquicardia, taquipnéia, dor torácica vintilatório- dependente - Derrame pleural: 50% dos casos - Complicações: atelectasia, empiema, abcesso, pericardite, artrite séptica Tratamento: PENICILINA, MACROLÍDEOS, FLUOROQUINOLONAS II. Outras Meningite - um dos agentes mais comuns de meningite. Muitas vezes se instala secundária a uma otite média, sinusite e mastoidite. - Pessoas vítimas de TCE Tratamento: VANCOMICINA + CEFTRIAXONE + DEXAMETASONA Otite média e Sinusite 6 II. Outras Sepse e Endocardite - Principalmente em esplenectomizados e neutropênicos, asplenia, síndrome nefrótica - Bacteremia primátia ou secundária Tratamento VANCOMICINA + CEFTRIAXONE III . Exames Complementares *Exame direto à Bacterioscopia (Gram +) *Cultura Pesquisa de antígenos ASLO, anti-DNAse, anti-hialuronidase à Febre Reumática Exames Inespecíficos - Leucograma com leucocitose - Eosinofilia (escarlatina) - Aumento de PCR e VHS - Exames de imagem Profilaxias Vacina anti-pneumocócica conjugadas (PCV7, PCV10, PCV13) Estafilococos - Cocos Gram + - Agrupados em cacho (“cacho de uva”) - Grande importância como patógenos humanos (comunitário/hospitalar) - 3 espécies principais patogênicas S. aureus à coagulase + S. epidermidis à coagulase – S. saprophyticus à coagulase – - Amplo espectro de infecções - S. aureus se localiza habitualmente em narina anterior - Transmissão por contato Fatores de Virulência Enzimas: lise celular e destruição tecidual. São secretadas pela bactéria Coagulase, hialuronidases, nucleases, lipases Toxinas: (algumas cepas) 1. Hemolisinas (lisam principalmente glóbulos vermelhos), Leucocidinas (lisam principalmente os leucócitos – PMN e Mø) 2. Leucocidina Panton-Valentine: produzida por 2% dos S. aureus (Ca-MRSA) 3. Enterotoxinas: responsáveis pela diarréia estafilocócica (gastroenterite estafilocócica) 4. Toxina esfoliativa: síndrome da pele escaldada 5. Toxina do Choque Tóxico: SST Outros: 1. Superantígenos: ativação inespecífica de célula T) 2. Cápsula: proteção de todos os mecanismos imunes, opsonização, fixação do complemento 3. Biofilme: (S. epidermidis) microambiente formado por bactérias e produtos mucopolissacarídeos da própria bactéria, emaranhado de matriz extracelular com células bacterianas (ATB não tem acesso) e o material, como a prótese, não é vascularizado, dificultando ainda mais. Resistência Penicilina: por penicilinase (nunca usar) Oxacilina (MRSA): por alteração do sítio de ação dos beta-lactâmicos (alterações das Proteínas Ligadoras de Penicilina, PBPs). As PBPs são enzimas importantes na síntese da parede bacteriana. A presença da enzima alterada leva a baixa afinidade da Oxacilina pelo local de ligação na parede celular com consequente inatividade. Vancomicina (VRSA) Linezolida: a partir de 2008 O tratamento empírico depende do momento - Hoje há predomínio dos resistentes à Penicilina, raramente, Ca-MRSA - Comunitária: Oxacilina ou Cefalosporina de 1ª geração (ainda não precisa ser ATB contra MRSA) 7 Princípios Gerais de Tratamento de Estafilococos1. Abordagem cirúrgica sempre que houver coleções Faz-se ATB antes da drenagem para evitar uma sepse grave/choque séptico 2. Medidas gerais de higiene são importantes para foco cutâneo 3. Retirada ou troca de dispositivos ou implantes, quando estiverem envolvidos com a infecção 4. Antibioticoterapia (considerar foco, avaliar gravidade, escolher melhor via de administração, possibilidade de MRSA) Antibióticos OXACILINA e gerações posteriores de penicilina (a partir da Isoxazolilpenicilina) - Droga de escolha para tratamento venoso CEFALOSPORINAS Todas têm ação anti-estafilocócicas, mas dá- se preferencia as de primeira geração. Nas próximas, vai se ganhando espectro para gram –, de forma que a 4º geração abrange apenas gram –. - Primeira: Cefazolina (EV), Cefalexina (VO) - Segunda: Cefuroxine (VO/EV) à gram – - Terceira: Ceftriaxona (EV), Ceftazidina - Quarta: Cefepime (única com ação contra bactérias hospitalares não SDL) *Se o germe é produtor de ESBL (beta-lactamase de espectro estendido) à Não usar Penicilina nem Cefalosporinas MACROLÍDEOS Claritromicina, Azitromicina, Eritromicina CLINDAMICINA Ação contra Staphylococcus, Streptococcus e anaeróbios. Não age em gram –. RIFAMPICINA Ação anti-estafilocócica, mas nunca isolada. É a que melhor consegue penetrar no biofilme bacteriano (associação de tratamento em infecção de próteses). Antibióticos: Ação contra MRSA GLICOPEPTÍDEOS Vancomicina (atravessa a barreira hematoencefálica) e Teicoplanina (não penetra no SNC) LINEZOLIDA Novos: - Daptomicina: lipopepetídeo. Não usar em acometimento pulmonar (é inativada pelo surfactante), mas concentra bem no sangue. - Tigeciclina: glicilciclina. Amplitude maior, inclusive gram –. Atinge concentração no sangue muito pequena. Muito lipofílica, vai direto para os tecidos. Antibióticos: Ação contra MRSA SULFAMETOXAZOL + TRIMETOPRIM (BACTRIM) Droga de escolha para Ca-MRSA (tem sensibilidade a Clindamicina, Macrolídeos e Bactrim) AMINOPENICILINAS Como a Amoxicilina, são ativas contra estafilos somente quando associadas a um inibidor de beta- lactamase (Clavulanato) à Clavulim CARBAPENÊMICOS - Imipenem (gram +) e Meropenem (gram –) à Hospitalares e comunitárias - Ertapenem à não tem ação contra cianobacter e pseudomonas. Boa para tratar bactérias ESBL QUINOLONAS - Respiratórias: Levofloxacina e Norfloxacina - Ciprofloxacinas: partes moles, abdominais, urinárias. Não tem boa ação anti-estafilo - Amoxifloxacina: boa ação 1. Infecções Cutâneas FOLICULITE Infecção do folículo piloso, lesões eritemato- pustulosas com o folículo no centro. Tratamento: higiene local, compressa morna FURÚNCULO Iniciado no folículo e glândula sebácea, coleçãoo de pus, acomete tecido subcutâneo. Não deve ser espremido, pois pode causar bacteremia. Tratamento: compressa morna, Cefalexina (VO, 7 dias) se estiver BEG ou Oxacilina (IV, 10 a 14 dias) se prostado e taquicárdico (infecção grave) CURBÚNCULO (ANTRAZ) Conjunto de furúnculos coalescentes, furúnculos próximos com múltiplos orifícios de drenagem, infecção mais profunda. Não muito comum. Tratamento: Cefalexina (VO) ou Cefazolina/Oxacilina (VO) por 10 a 14 dias. HIDRADENITE Infecção das glândulas sudoríparas. Tratamento: Compressa morna, Cefalexina (7 dias) e drenagem. CELULITE Infecção profunda da pele, acometendo TCSC, tecido adiposo subcutâneo. Eritema de limites mal definidos e sem elevação. Tratamento: Cefazolina/Oxacilina (IV/VO, 10 a 14 dias). Quando há acometimento de áreas extensas, do estado geral ou da face à IV IMPETIGO Múltiplas lesões eritemato-pustulosas, que evoluem para crostas melicéricas (crostas seropurulentas), relacionado à higiene. Há autoinoculação. Muito contagiosa. Tratamento: Cefalexina (VO, 7 dias) e higiene local HORDÉOLO Infecção da pálpebra adjacente a um cílio. Tratamento: Calor e higiene local (pode precisar de drenagem, antibiótico) 8 2. Pneumonia Correspondem a 10% das PNM comunitárias (criança, doença estrutural, usuários de drogas, pós- influenza – raro em adultos sadios) e 20% das PNM nosocomiais associadas à ventilação mecânica (atentar para MRSA). Múltiplos focos, bilateral, frequente envolvimento pleural. Complicações frequentes de bacteremia. Patogênese, geralmente, de origem hematogênica (normalmente é por aspiração no TRS), por isso espera-se múltiplos focos espalhados pelo pulmão. Infecção necrozante: frequentemente evolui com cavitações, abcessos pulmonares e complicações pleurais (empiema), pneumatoceles. Febre, prostração, dispnéia, dor torácica, tosse produtiva (chama menos atenção). - S. aureus, Klebisiella pneumoniae, S. pneumoniae à principais causadoras de pneumonia destrutivas (cavitações e abcessos). Complicações: abcesso, empiema, piopneumotórax Tratamento: OXACILINA (10 a 14 dias) 3. Empiema Complicação de pneumonia ou de procedimento, cirurgia ou trauma. Diagnóstico: LDH > 1000 Glicose < 40 (ou < ½ do sangue) pH < 7,2 Leucócitos > 1500 Microbiologia: bacterioscopia/cultura Tratamento: OXACILINA (EV, 4 semanas) Drenagem cirúrgica 4. Infecção de Corrente Sanguínea Bactéria no sangue sem outro foco infeccioso. Comunitária: geralmente foco infeccioso cutâneo (ou apenas porta de entrada); uso de drogas EV Nosocomial: relacionada a procedimentos ou a cateter (principal: estafilo coagulase –) (SNC) - 60% S. epidermidis Quadro clínico: febre alta, toxemia, petéquias, sepse à sepse grave à choque séptico. Disseminação hematogênica para sítios diversos. Estafilococos no sangue à ECG obrigatoriamente, dada a facilidade da bactéria se implantar em uma válvula cardíaca. Descartar endocardite. Conduta: ATB por 14 dias OXACILINA (MSSA) VANCOMICINA ou DAPTOMICINA (MRSA ou SNC) Retirada do foco de infecção Sempre descartar Endocardite 5. Endocardite Infecciosa Infecção do endocárdio (aguda ou crônica), geralmente na valva, mas pode na parede cardíaca. 30% são causadas por S. aureus (EI aguda, até 6 semanas, pois é muito virulento e agressivo) Quadro Clínico: febre, prostração (queda do estado geral), mialgia, sopros, fenômenos embólicos e vasculares, disfunção valvar, esplenomegalia. Complicações: Cardíacas (destruição valvar, abcesso, rotura de cordoalha, rotura de músculo papilar, ICC, BAV, arritmias), Embólicas (cérebro, baço, rim, fígado, pele, osso, pulmão), Imunomediadas (glomerulonefrite, meningite asséptica, artrite, aneurisma micótico). Diagnóstico: - Anemia, leucocitose (desvio à esquerda), éé VHS, é PCR. *Endocardite, infecções osteoarticulares e doenças autoimunes elevam muito o VHS e PCR. - Hemoculturas, urinocultura, hemograma, ECO, Rx de tórax, ECG, TC de abdome e de crânio (se tiver sintomas - ECO transtorácico (primeira escolha), mas se ele não detectar e houver suspeita, faz-se o transesofágico. I. Critérios de Duke Critérios Clínicos: 2 critérios maiores ou 1 critério maior + 3 menores ou 5 critérios menores MAIORES 1. Hemoculturas positivas (pelo menos 3 amostraspositivas com intervalo de 1h ou 2 amostras com intervalo de 12h) com microorganismos típicos isolados em 2 amostras. 2. Ecocardiograma com massa intracardíaca oscilante (vegetação), abcesso ou deiscência de valva protética. 3. Regurgitação valvar de início recente MENORES 1. Lesão predisponente ou uso de drogas EV 2. Febre ≥ 38ºC 3. Fenômenos vasculares (embolizaçãoo arterial, infarto visceral, HIC, hemorragia conjuntival, manchas de Janeway) 4. Fenômenos imunológicos (GN, nódulos de Osler, manchas de Roth, FR+) 5. Achados microbiológicos ou ecocardiográficos que não configurem critério maior II. Tratamento OXACILINA (6 semanas) VANCOMICINA (nefrotóxica) ou DAPTOMICINA (MRSA) Associados a GENTAMICINA nos primeiros 3 a 5 dias 9 III. Avaliar Abordagem Cirúrgica - Persistência de hemoculturas positivas após 2 semanas de tratamento - Mais de um fenômeno embólico ou um para SNC - Complicações mecânicas valvares - Abcesso - ICC refratária - Endocardite de valva protética (quase sempre cirurgia) - Endocardite fúngica - Tamanho e aspecto da valva 6. Osteomielite - Não debilita muito o estado geral, destruição local - Hematogênica, contiguidade ou inoculação direta - Aguda ou crônica, associada ou não a prótese - Dor e outros sinais inflamatórios locais, fistulização (pode haver febre) - Aumento importante de VHS e PCR; leucocitose com desvio à esquerda Diagnóstico: Clínico Radiológico: Rx, TC, RMN, Cintigrafia Microbiológico: hemocultura, cultura de fragmento ósseo Tratamento: difícil devido à má penetração óssea OXACILINA Aguda: 6 semanas (mínimo 4 semanas IV) Crônica: 6 meses (mínimo 6 semanas IV) 7. Artrite Séptica - Pus no espaço articular. Exige obrigatoriamente desbridamento cirúrgico. - Hematogênica, contiguidade ou inoculação direta - Dor sinais inflamatórios, limitação de movimento (bloqueio) e derrame articular Diagnóstico: Clínico Punção articular: > 50.000 PMN, exame direto e cultura Tratamento: 4 semanas OXACILINA (ou VANCOMICINA se MRSA) Pelo menos 2 a 3 semanas IV Debridamento cirúrgico 8. Pericardite Abafamento de bulhas, atrito pericárdico, aumento de silhueta, turgência jugular, hipotensão, choque cardiogênico. Geralmente surge como complicação de um quadro séptico. ECG: supra de ST em todas as derivações, inversão T Diagnóstico: pericardiocentese Tratamento: OXACILINA e Drenagem 8. Sistema Nervoso Central Origem de procedimentos neurocirúrgicos, trauma, contiguidade (sinusite, otite, osteomielite), bacteremia, embolização séptica. Meningite, abcesso, empiema. Tratamento: venoso (SNC e olho sempre) Abcesso: 6 a 8 semanas Empiema: 4 a 8 semanas Drenagem cirúrgica (contraindicado em caso de risco de sequela ou abcesso pequeno) 9. Gastroenterite Estafilocócica Ingestão de toxina pré-formada em alimentos expostos (ar ambiente) e não-refrigerados. A enterotoxina causa aumento da peristalse, causando uma diarréia intensa 2 a 6 horas após a ingestão. Vômitos, dor abdominal, sem sintomas sistêmicos (estado geral preservado). O diagnóstico é clínico, pois a bactéria não é encontrada. Tratamento: hidratação e sintomáticos (suporte) 10. Síndrome da Pele Escaldada Mais comum em neonatos e crianças menores de 5 anos. O estafilococos produz toxina esfoliativa. Febre e eritema generalizado à bolhas à descamação (Sinal de Nikolsky) à exulceração. Diagnóstico clínico e isolamento de S. aureus (nasofaringe ou pele) Tratamento: OXACILINA (14 dias) Manejo clínico de grande queimado, Profilaxia do tétano, Analgesia, Hidratação vigorosa por veia profunda, Suporte nutricional, Profilaxia hemorragia digestiva, Cuidados locais (limpeza, pomada anti- bacteriana, debridamento se necessário) 11. Síndrome do Choque Tóxico Febre alta de início súbito, vômito e/ou diarréia profusa de início súbito, prostração, cefaléia, mialgia intensa, hiperemia de mucosas (conjuntivite, faringite, vaginite, glossite), eritema cutâneo difuso com descamação posteriormente (em 7 a 10 dias), confusão mental, alteração do nível de consciência, hipotensão arterial. Quadro semelhante à sepse grave e até choque séptico. Aumento de transaminases, bilirrubinas e escórias nitrogenadas. Tampão vaginal não trocado com frequência. Infecções cirúrgicas de pele, foco anão debelado com cepa produtora de toxina do choque tóxico. Tratamento: OXACILINA (10 a 14 dias) VANCOMICINA (caso grave ou hospitalar) Retirada do foco e suporte 10 Outras infecções Infecção de ferida operatória, abcessos viscerais, piomiosite, endoftalmite, mastite, prostatite, espondilodiscite, meningite, ITU (S. saprophyticus). Fatores de Risco para MRSA 1. Internação hospitalar nos últimos 6 meses 2. Uso de drogas endovenosas 3. Uso de antibióticos nos últimos 6 meses 4. “Homecare” ou institucionalização, asilo, manicômio 5. Hemodiálise ou diálise peritoneal 6. Contactantes de pacientes sabidamente colonizados Medicamentos: VANCOMICINA, TEICOPLANINA ou LINEZOLIDA Ca-MRSA Surgimento de MRSA na comunidade, em pessoas hígidas, sem fatores de risco. Infecção cutânea em 75% dos casos (35% MRSA hospitalar). Perfil de sensibilidade diferente do MRSA hospitalar. Produz a toxina Panton-Valentine (destruição de leucócitos e tecidos próximos, necrose, abcessos). Opções de Tratamento: BACTRIM, CLINDAMICINA, DOXICICLINA QUINOLONAS Antibiograma Oxacilina é muito superior em eficácia do que a Vancomicina ou Teicoplanina. O espectro de ação não tem nada a ver com a potencia microbiológica da droga. Quando se administra Vancomicina empiricamente e, depois da cultura, observa-se sensibilidade a Oxacilina, deve-se trocar o tratamento na hora. Deve-se escolher sempre o antibiótico de menor espectro que atinge a bactéria desejada. Genes de Resistência SCCMec: segmentos de resistência MRSA: gene MecA à síntese de PBP2a SCCMec I e II à Ha-MRSA SCCMec IV à Ca-MRSA (Ha e Ca genes diferentes) Descolinização Paciente não tem mais risco para infecção e está indo para casa. - Banho com CLOREXIDINA degermante por 7 dias - Mupirocin: aplicação nas narinas por 7 dias Lembrando... MSSA à sensível a OXACILINA ou CEFALEXINA Ha-MRSA à Glicopeptídeo ou LINEZOLIDA Ca-MRSA à Quinolona AIDS Fisiopatologia e Patogenia: - São multifatoriais e polifásicos - infecção e destruição direta de células TCD4 pelo HIV - culmina na hiperativação e exaustão do sistema imune (sistema Fas), levando à senescência replicativa e morte por apoptosede TCD4 Soroconversão: 3 a 12 semanas após a infecção Momento em que os anticorpos específicos para HIV começam a ser produzidos pelo organismo. Janela Imunológica: aproximadamente, 1 semana Período em que todos os marcadores virais ainda são indetectáveis. Diagnóstico: 1. Primeira Amostra (triagem) à ELISA Se positivo... 2. Primeira Amostra à Western-Blot 2. Segunda Amostra à ELISA Outros: Testes rápidos, pesquisa de antígeno p24, cultura de células mononucleares periféricas para isolamento de HIV PCR-RNA: monitoramento do paciente HIV positivo e dever ser feito a cada 4 a 6 meses. < 10.000 cópias de RNA/mL à baixo risco 10.000-100.000 à risco moderado de progressão > 100.000 à alto risco PCR-DNA: utilizado para diagnóstico em crianças com risco de transmissão vertical (realizado ao nascer e 6 meses depois). I. Fase Aguda Síndrome da Soroconversão ou Retroviral Aguda - 3 a 6 semanas - Alta viremia - Síndrome flu-like, mononucleose-like - Poliadenomegalia, hepatoesplenomegalia, febre baixa, faringite, diarréia, exantema, lesões cutâneas II. Síndrome da Imunodeficiência Humana - 6 a 10 anos - Astenia, febre inexplicada, queda de cabelo, onicomicoses, xerodermia, prurigo, perda ponderal, diarréia crônica, anorexia, dermatite seborreica, molusco contagioso, infecções recorrentes, candidíase oral. 11 III. Diagnóstico de AIDS O sistema baseia-se em três contagens de TCD4 e em três categorias clínicas. É firmado em qualquer indivíduo infectado pelo HIV com contagens de células abaixo de 200/mcL, bem como em qualquer paciente HIV positivo que apresente uma das doenças definidoras de AIDS. IV. Doenças Oportunistas 1. Candidíase Apresentações principais: oral e genital (precoces) e esofageana (CD4 < 200 cel/mm3). Sendo a esofageana uma doença definidora de AIDS. Diagnóstico: - Placas esbranquiçadas na mucosa oral - EDA à esofágica - Candidíase oral com odinofagia à pode ser esofageana (já inicia o tratamento sem precisar fazer EDA) Tratamento: Candidíase Oral sem odinofagia e pouco extensa NISTATINA (Bochecho, 7 dias) Candidíase Esofágica e extensa FLUCONAZOL (VO/IV, 14 dias) 2. Herpes Simplex 1 e 2 Lesões comuns mucocutâneos não são definidoras, mas esofagite herpética (úlceras rasas), meningoencefalite, ceratite e retinite são definidoras de AIDS. Diagnóstico: - Lesão ocular à exame oftalmológico, fundo de olho - Meningoencefalite à punção de líquor com características virais (proteína e glicose normais, celularidade < 500 e predomínio de mononucleares), PCR do líquor - RNM: hipersinal/hiperintensidade no lobo temporal - Esofagite Herpética à EDA (úlceras rasas) Tratamento: ACICLOVIR (VO/EV) VALACICLOVIR (VO, mais cara) Não-definidoras à VO, 7 dias Definidoras à EV, 14 a 21 dias 3. Herpes Zooster Lesões vesiculares com líquido claro, evolui para crostas, transmissíveis por via aérea e por contato. A forma localizada é muito mais frequente em pacientes HIV+ do que em indivíduos imunocompetentes. Podem apresentar a forma disseminada. Diagnóstico: - Lesões de pele - Meningoencefálico à punção liquórica e PCR Tratamento: ACICLOVIR (VO/EV) VALACICLOVIR (VO, mais cara) Lesões cutâneas à VO, 7 a 10 dias Em órgãos nobres à EV, até 21 dias Infecção Bacteriana Secundária (estafilo, estrepto) OXACILINA (EV) CEFALEXINA (casos mais brandos) 4. Citomegalovírus São definidoras de AIDS as infecções fora do fígado e dos órgãos linfóides secundários (nesses locais, tem-se Mononucleose), como lesões oculares, no TGI e no SNC (CD4 < 100 cel/mm3). Rinite, esofagite, colite, meningoencefalite, pneumonite. Diagnóstico: - Fundo de olho - EDA, colonoscopia - Punção liquórica com PCR - Biópsia do sítio acometido Tratamento: GANCICLOVIR (VO) VALGANCICLOVIR (VO) 14 a 21 dias Manter o tratamento profilático até que o CD4 se mantenha maior que 100 cel/mm3 sustentado por 3 meses 5. Isosporíase e Criptosporisiose Protozoários, parasitas intestinais, que frequentemente causam diarréia crônica em pacientes com AIDS. Diarréia crônica, líquida, profusa, dor abdominal, consupção (deficiência de absorção). Tende a ocorrer com TCD4 < 100 cel/mm3. Diagnóstico: - Pesquisa de Oocistos nas fezes (solicitar no exame parasitológico de fezes) Tratamento: Isosporidíase BACTRIM (14 idas) Criptosporidiose (Recuperar o Sistema Imune) ARV + AZITROMICINA 12 6. Neurotoxoplasmose Déficits focais, cefaléia, crise convulsiva, redução do nível de consciência, paresia localizada, paralisia facial central, déficits sensitivos e motores. Pode ocorrer febre, sinais de HIC. Costuma ocorrer com CD4 < 100 cel/mm3. Diagnóstico: - Clínica - TC à Lesão hipodensa com captação anelar de contraste e edema perilesional - Biópsia (se não responder a terapia) - Punção liquórica é contraindicada em pacientes com sianis focais e lesões que produzem efeito de massa, risco de herniação transtentorial. Tratamento: SULFADIAZINA + PRIMETAMINA + ÁCIDO FOLÍNICO 4 semanas, depois é mantida uma profilaxia secundária até recuperaçãoo (CD4 > 200 por 6 meses) Uso de corticóides apenas se houver lesão com efeito de massa significativo ou edema cerebral. Deve ser interrompido assim que possível. 7. Leucoencefalopatia Multifocal Progressiva Déficits focais, cefaléia, crise convulsiva, redução do nível de consciência. Lesão neoplásica da substância branca causada pelo vírus JC, oncogênico. Caracterizada por áreas desmielinizadas multifocais, bilaterais e assimétricas. Tipicamente as lesões não captam contraste e não produzem efeito de massa. Diagnóstico: - Padrão-ouro à RNM - Biópsia Tratamento: TARV 8. Pneumocistose Ocorre em geral com CD4 < 200 cel/mm3. Quadro respiratório arrastado, febre, emagrecimento e tosse seca ou pouco produtiva, dispnéia, ausculta respiratória normal, pode haver dor retroesternal típica que piora ao inspirar (em pontada ou ardência). Diagnóstico: - Clínica, hipoxemia, infiltrado radiológico - Lactato-desidrogenase elevada - Diagnóstico específico com pesquisa de fungo no lavado broncovesicular - PCR Tratamento: BACTRIM Doses altas por 3 semanas seguido de manutenção Ventilação mecânica Corticóides 9. Criptococose Meníngea Ocorre com CD4 < 100 cel/mm3. Fungo leveduriforme que penetra pelas vias aéreas, causa uma primo-infecção pulmonar inicial, mas o principal sítio é o SNC. Febre, cefaléia, rigidez de nuca, alteração do nível de consciência,paralisia de NC (III, IV, VI). Diagnóstico: - Exame direto à punção liquórica (tinta nanquim) - Cultura do líquor - Aglutinação no Látex Tratamento: 2 primeiras semanas ANFOTERICINA B + FLUCONAZOL 8 semanas (altas doses) FLUCONAZOL Manutenção 10. Linfoma Perda ponderal, febre, sudorese noturna, sintomas relacionados ao sítio acometido. Os mais comuns são Difuso de Grandes Células, Linfoma de Burkitt (pequenas células) e Primário do SNC. Diagnóstico: - TC e biópsia Tratamento: Quimioterapia OBS: deve-se evitar o uso de corticóides empírico na Neutotoxoplasmose para não mascarar um linfoma. No edema cerebral, prefere-se manitol. 11. Tuberculose Em sítio extrapulmonar é sugestivo de imunodeficiência primária. O mais comum é o ganglionar. Pode ocorrer no TGI, fígado, baço, medula óssea, SNC, olho, pele, testículo, rim pericárdio. A tuberculose disseminada se apresenta com poliadenomegalia, hepatoesplenomegalia e frequentemente acometimento medular, causando pancitopenia, acompanhada de febre. Diagnóstico: - Rx de Tórax à infiltrados em lobos superiores e cavitação ou linfadenomegalia mediastinal (CD4 < 200 cel/mm3) - Pesquisa de BAAR no escarro (3 amostras – coleta matinal) Tratamento: RIPE (6 meses) Rifampicina, Isoniazida, Pirazinamida e Etambutol 13 12. Micobacteriose Atípica Mycobacterium avium Simula tuberculose atípica, se manifestando com febre arrastada, perda ponderal, adenomegalia, pancitopenia, hepatoesplenomegalia, quadros pulmonares e intestinais (cólon, colite). CD4 < 50 cel/mm3. Diagnóstico: - Colonoscopia, biópsia e cultura Tratamento: CLARITROMICINA + ETAMBUTOL + RIFAMPICINA 6 meses 13. Histoplasmose Disseminada Histoplasma capsulatum Parecida com tuberculose disseminada e a micobacteriose atípica. Ocorre com CD4 < 200 cel/mm3. Lesão pulmonar, com infiltrado reticulonodular, hepatoesplenomegalia, adenomegalia, pancitopenia, pneumonite, febre arrastada e perda ponderal. Diagnóstico: - Sorologias, pesquisas de fungos (forma de leme) no levado broncoalveolar (pesquisa direta ou cultura) e biópsia do sítio acometido. Tratamento: ANFOTERICINA B (2 semanas) ITROCONAZOL (12 meses) Manutenção 14. Sarcoma de Kaposi Vírus HHV-8 Qualquer sítio corporal, na pele se manifesta como lesão cutânea violácea. Diagnóstico: - Clínico e biópsia Tratamento: Quimioterapia e TARV Profilaxia das Infecções Oportunistas Requerem Profilaxia Primária Toxoplasmose à BACTRIM (200 cel/mm3) Pneumocistose à BACTRIM (100 cel/mm3) MAC à AZITROMICINA (50 cel/mm3) Requerem Profilaxia Secundária Toxoplasmose à SULFADIAZINA + PRIMETAMINA Pneumocistose à BACTRIM MAC à AZITROMICINA Criptococose à FLUCONAZOL CMV à GANCICLOVIR Histoplasmose à ITRACONAZOL Vacinação do Paciente HIV+ 1. Pneumococo 2. Hepatite B 3. Hepatite A 4. dT 5. Gripe V. Tratamento Recomenda-se iniciar TARV para todos os indivíduos soropositivos com CD4 < 500. Em qualquer CD4, o tratamento está indicado em caso de doença definidora. Se CD4 < 200, além do TARV, iniciar profilaxia para IOs. Carga Viral: Principal parâmetro após início de tratamento Seu principal objetivo é poupar o sistema imune do desgaste gerado pela hiperativação. 1. Inibidores da Transcriptase Reversa Análogos de Nucleosídeos 1. Zidovudina (AZT) à Anemia, neutropenia, miopatia, granulocitopenia, cefaleias 2. Lamevudina (3TC) à Droga bem tolerada. Pancreatite, cefaleias, perda adiposa, exacerbações de Hepatite B à suspensão. 3. Abacavir (ABC) à Reações de hipersensibilidade (febre, sintomas respiratórios, mal estar gastrointestinal e erupção cutânea) e cefaleias 4. Didanosina (ddI) à Neuropatia periférica, pancreatite, acidose lática 5. Estavudina (d4T) à Neuropatia periférica, pancreatite, lipodistrofia, acidose lática, dislipidemia 6. Tenofovir (TDF) à Insuficiência renal, astenia, cefaleias, osteopenia, exacerbações de hepatite B à suspensão. Todos causam acidose lática por toxicidade mitocondrial, mas os principais são d4T E ddI. 2. Inibidores da Transcriptase Reversa Não- Análogos de Nucleosídeos 1. Nevirapina (NVP) à Hepatotoxicidade, erupção cutânea (incluindo Síndrome de Stevens-Johnson). Droga preferida para gestantes. 2. Efavirenz (EFV) à Alterações psiquiátricas, vertigem, insônia, sonolência, sonhos incomuns, erupção teratogênica (incluindo a Síndrome de Steven-Johnson), hepatotoxicidade. Contra-indicado em gestantes (teratogênico). 3. Entricitabina (FTC) à Erupções cutâneas, fotossensibilidade, cefaleia, exacerbações da Hepatite B à suspensão. 14 3. Inibidores de Protease 1. Ritonavir (RTV) à Gosto amargo na boca, parestesias periorais, dislipidemias, hepatotoxicidade. 2. Saquinavir (SQV) à Distúrbios gastrointestinais 3. Amprenavir (APV) à Erupção cutânea 4. Lopinavir (LPV) à Dislipidemia, hepatotoxicidade 5. Fosamprenavir (FPV) à Erupção cutânea, dislipidemia, hepatotoxicidade 6. Darunavir (DNV) à Erupção cutânea 7. Atazanavir (ATV) à Icterícia (BI), hiperbilirrubinemia assintomática, parestesias periféricas, prolongamento do intervalo PR 8. Indinavir (IDV) à Icterícia (BI) e nefrolitíase. Todos podem causar lipodistrofia, DM tipo 2, dislipidemias, diarréia, e hepatite. 4. Inibidores de Fusão Impede a ligação da molécula de gp120 com o CD4 1. Enfurvirtida (T-20) à Reação cutânea no local da injeção subcutânea 5. Inibidores de Correceptor (CCR5) Só inibem a ligação com o CCR5, atuando apenas em cepas M-trópicas. Deve-se antes fazer um teste de tropismo para saber se é M ou T-trópica. 1. Maraviroc 2. Vicriviroc 6. Inibidor de Integrase Viral Só inibem a ligação com o CCR5, atuando apenas em cepas M-trópicas. Deve-se antes fazer um teste de tropismo para saber se é M ou T-trópica. 1. Raltegravir VI. TARV Inicialmente 2 ITRAN + (ITRNAN ou IP) AZT + 3TC + EFV TDF NVP ddI LPV/r (Kaletra) ATV/r Observações: 1. AZT é incompatível com d4T 2. Os IPs devem preferencialmente ser usados associados a uma subdose de Ritonavir, para ocorrer potencialização farmacocinética (representado por “/r”) 3. Rifampicina é incompatível com quase todos os IPs e NVP Esquemas recomendados para RIPE AZT +3TC + EFV AZT + 3TC + ABV AZT + 3TC + SQV/r Multifalhado, resistência ao EFV e com BK à trocar Rifampicina por Estreptomicina (tratamento de 1 ano) VII. Barreira Genética O vírus adquire resistência às drogas de acordo comas mutações que vão se acumulando no genoma desse vírus. Quanto maior a replicação, maior a chance de surgirem cepas mutantes, pois a transcriptase reversa falha demais. As drogas que requerem menos mutações para que o vírus se torne resistente a elas, são drogas de baixa barreira genética. Drogas de baixa barreira genética devem ser priorizadas nas fases iniciais de tratamento, nos primeiros esquemas, a fim de preservar as drogas de alta barreira. A 3TC tem uma barreira genética baixa, basta uma única mutação, como a M184V (substituição de uma metionina por uma valina na posição 184), para que o vírus se torne resistente à droga. Porém, essa mutação traz um custo replicativo muito grande, o que faz com que valha a pena manter a 3TC no esquema, a fim de exercer uma pressão seletiva para que essa mutação seja mantida, para que a cepa dominante seja a mutante e não a selvagem (que não sofreu mutação). Assim, essa cepa vai se replicando mal, sendo bem controlada pelos outros medicamentos do esquema. VIII. Acompanhamento do TARV 1. Hemograma 2. Contagem de CD4+ 3. Carga Viral 4. TGO/TGP 5. Função Renal (uréia e creatinina) 6. EAS 7. Dosagem de lipídeos 8. Glicemia de Jejum IX. Falha Terapêutica Ocorre quando o medicamento não passa a funcionar mais. Ocorre em três níveis: 1. Falha Virológica: o medicamento não consegue mais conter a replicação viral a) CV > 400 cp/mL após 6 meses de TARV b) CV > 50 cp/mL após 12 meses de TARV c) Rebote de CV > 400 cp/mL (em exames repetidos) para quem já esteve indetectável (< 50 cp/mL) 2. Falha Imunológica: Redução maior de 25% na contagem absoluta de linfócitos TCD4+ 3. Falha Clínica: Ocorrência de infecções ou neoplasias oportunistas (quando associada a falha virológica) Sempre investigar outras causas de aumento de CV, como infecções intercorrentes, vacinação (colher exames após 2 meses da aplicação da vacina) e não adesão adequada. 15 X. Genotipagem É o exame que sequencia o genoma viral para conferir se há alguma mutação que confere resistência a cada droga específica. Os critérios para solicitação de fenotipagem são: 1. Falha virológica confirmada 2. CV com pelo menos 2000 cp/mL (para possibilitar a amplificação) 3. Uso regular de TARV (para manter a cepa mutante como dominante). O paciente que não aderiu ao TARV pode trazer genotipagem branca. XI. Síndrome de Reconstituição Imune Manifestações clínicas que ocorrem a partir da reconstituição da imunidade celular do paciente. Nesse contexto, algumas doenças que podem estar clinicamente inaparentes no inicio do tratamento se exteriorizam quando você reconstitui a resposta imune celular. Ela acontece no período de início do tratamento. As doenças mais frequentes são: 1. Herpes Zooster 2. CMV 3. M. tuberculosis 4. MAC 5. Cryptococcus neoformans (Meningite criptocócica) 6. PCP (Peneumocistose) Conduta: manter o TARV e tratar a doença. Em situações que comprometam mais o indivíduo, usar corticóide para conter a reação inflamatória exagerada. XII. Observação Em pacientes diagnosticados com HIV por intermédio de doença oportunista, primeiro deve-se tratar a doença e estabilizar o quadro agudo. Depois inicia-se o TARV. Isso para evitar que a síndrome de reconstituição imune agrave o quadro da doença, ou que ocorra outras que estavam obscuras. Deve-se também esperar para diminuir o número de medicamentos administrados ao paciente, para evitar a sobreposição de efeitos colaterais. Pacientes que já faziam uso de TARV e apareceram com doença oportunista, mantém o TARV. Paciente que estava em uso de TARV, abandonou e iniciou quadro de DO, deve-se reiniciar o TARV (mesmo esquema) após o tratamento da doença. XIII. Doenças Definidoras de AIDS Candidíase Esofágica; Esofagite, Meningoencefalite, ceratite e retinite Herpéticas; Citomegalovirose (lesões oculares, SNC, TGI); Neurotoxoplasmose; Neurocriptococose; Tuberculose Disseminada; Linfomas; Histoplasmose; Sarcoma de Kaposi; MAC. Antibioticoterapia de Infecções Comunitárias 1. Colher material para cultura e exame direto antes de iniciar o tratamento. Iniciar tratamento empírico. Depois de chegar o resultado da cultura, deve-se ajustar o tratamento. 2. Posologia e tempo de uso mais curto possível 3. Farmacodinâmica: Antibióticos de concentração dependente: quanto maior a concentração do fármaco (acima da MIC), maior sua eficácia. Faz uma grande dose única diária. Tem efeito pós-antibiótico (ainda tem efeito na replicação bacteriana mesmo abaixo da MIC). Ex: Fluoroquinolonas, Aminoglicídeos, Metronidazol Antibióticos tempo dependentes: depende de quanto tempo ele fica acima do MIC. Eles se beneficiam mais com o uso de várias doses dele por dia. Ex: Betalactâmicos (em geral), Glicopeptídeos 1. β-Lactâmicos à Penicilinas Inibição da síntese de parede celular através da ligação com as PBP (proteínas ligadoras de Penicilina) que ficam nos peptídeoglicanos (muito grande nas gram + e fina nas gram –). PENICILINA G Cristalina (EV), Procaína (IM), Benzatina (IM) Cocos gram+: Estreptococos (S. pyogenes 100% sensível) Bacilos gram+: Corynebacterium diphtheriae, Bacillus anthracis, Listeria monocytogenes Cocos gram-: N. gonorrhoeae Espiroquetas: Treponema pallidum (Benzatina) Anaeróbio: Clostridium tetani (Cristalina) Cristalina à SNC Benzatina = Benzetacil OXACILINA (Penicilina Anti-estafilocócica) Infecções de pele: Estafilococos (S. aureus MSSA) Não atua em cocos gram- e Enterococos AMPICILINA (VO/EV) e AMOXICILINA (Aminopenicilinas) Estreptococos, Estafilococos, C.diphtheriae, L. monocytogenes, Enterococos, ( Shigella, Salmonela, E. coli. : estão muito resistentes), H. influenzae, N. meningitidis, N. gonorrhoeae e etc ESBL à são Enterobactérias que produzem um tipo de betalactamase de espectro estendido que as deixa resistentes à maioria dos antibióticos, só será sensível a Piperacilina + Tazobactam, Carbapenêmicos (Imipenen, Ertapenem). AmpC à é um outro tipo de betalactamase que deixa a bactéria extremamente resistente, muitas vezes sensível só aos Carbapenêmicos. 16 2. β-Lactâmicos à Inibidores de β-Lactamase Os inibidores de β-lactamase inibem a ação das β-lactamases. Associação com Penicilinas. AMOXICILINA + ÁCIDO CLAVULÂNICO Clavulim Estreptococos, Estafilococos sensíveis à oxacilina, Enterococos faecalis sensíveis à ampicilina, Haemophylus influenzae, bactérias anaeróbias, enterobactérias gram- (K. pneumoniae, E.coli, Proteus sp, produtores de betalactamase). Não atuam em Pseudomonas aeruginosae Acinetobacter baumanii. Não concentram no líquor. AMPICILINA + SULBACTAM Primeira escolha para Acinetobacter baumanii, sendo reservado para essa infecção. TICARCILINA + ÁCIDO CLAVULÂNICO (Timentin) (Penicilina Anti-estafilocócica) Espectro maior contra Enterobactérias produtoras de betalactamase (exceto AmpC). Atuam contra P. aeruginosa e Acianobacter spp sensíveis à Ticarcilina. PIPERACILINA + TAZOBACTAM (Tazocim) (Aminopenicilinas) Espectro do Clavulim, pegando Enterobactérias gram- produtoras de betalactamase (exceto AmpC) – infecções abdominais, urinárias em paciente com cateter - e atuam contra P. aeruginosa e Acinetobacter spp. 3. β-Lactâmicos àCefalosporinas Inibição da síntese da parede celular através da ligação com as PBP. Cefalexina (VO), Cefalotina e Cefazolina (IM/EV) 1ª Geração Cocos gram positivos: Estreptococos não-enterococos, Estafilococos não MRSA. Gram negativos: E. coli, Proteus spp, Klebsiella spp. Cefalexina: muito usado em infecção de pele, última opção pra infecção urinária Cefaclor, Cefuroxima, Cefoxitina 2ª Geração Cefuroxima e Cefaclor: Gram positivos e mais amplo contra gram negativos. Sem atividade contra anaeróbios. Usados em infecção de vias aéreas superiores (sinusite, otite). Cefaclor: Usado como alternativa em infecção urinária Cefoxitina: Gram negativos (exceto Enterobacter cloacae e P. aeruginosas. Excelente ação contra anaeróbios, porém induz muita resistência. Não se usa muito. 3. β-Lactâmicos àCefalosporinas Inibição da síntese da parede celular através da ligação com as PBP. CEFTRIAXONE (EV) 3ª Geração sem ação Anti-pseudomonas Em relação às 1ª e 2ª gerações: Igual ação contra Gram positivos. Maior espectro contra gram negativos. Excelente concentração em SNC. Não tem ação contra germes atípicos e contra anaeróbios. CEFTAZIDIMA (EV) 3ª Geração com ação Anti-pseudomonas Em relação às 1ª e 2ª gerações: Menor potência contra gram positivos, maior espectro contra gram negativos. Ação antipseudomonas. Excelente concentração em SNC. CEFEPIME (EV) 4ª Geração Em relação às 1ª e 2ª gerações: Igual potência contra gram positivos, maior espectro contra gram negativos. Ação antipseudomonas. Excelente concentração em SNC. Nenhuma Cefalosporina atua contra produtores de ESBL 4. β-Lactâmicos à Carbapenêmicos e Monobactâ- micos MEROPENEM, IMIPENEM, ERTAPENEM Carbapenêmicos Meropenem e Imipenem: Excelente ação contra gram negativos, incluindo produtores de ESBL e AmpC; Pseudomonas spp e Acinetobacter spp; Gram positivos e anaeróbios (exceto C. difficile). Não atua contra atípicos, Enterococcus faecium, VRE (Enterococcus resistente à vancomicina), MRSA, Stenotrophomonas maltophilia (bactéria oportunista muito comum em infecção de paciente com prótese respiratória em CTI). Imipenem induz mais convulsão como efeito adverso do que Meropenen, existem Pseudomonas mais resistentes à Imipenem e sensíveis a Meropenen. Ertapenem: Não atuam em Pseudomonas spp e Acinetobacter spp. AZTREONAM Monobactâmico Bactérias gram negativas aeróbias exclusivamente. Boa indicação para infecção urinária. 17 5. Macrolídeos e Lincosamidas Inibem a síntese proteica através da ligaçãoo ao 50s do ribossomo, impedindo a transferência de aminoácido do RNAt ao peptídeo. ERITROMICINA, AZITROMICINA, CLARITROMICINA Macrolídeos Eritromicina - Cocos gram positivos: Estreptococos, Estafilococos sensíveis à oxacilina; - Bacilos gram positivos: C. diphtheriae(difteria), Listeria spp; - Gram negativos: Haemophylus influenzae , Bordetella pertussis (coqueluche), N. meningitidis, N. gonorrhae(penicilina é melhor); - Bactérias anaeróbias: só Clostridium tetani; - Bactérias atípicas (principal indicação!): Chlamydia, Mycoplasma, Legionella. Claritromicina: idem eritromicina. Além disso, tem atividade contra H. pylori e Micobacterioses atípicas (em conjunto com Rifampicina). Não indicada nos tratamentos do tétano e da difteria. Azitromicina: idem claritromicina (exceto H. pylori). Atividade contra T. Pallidum (Sífilis, apesar do tratamento de escolha ser Penicilina, é alternativa pra paciente alérgico). Principal indicação pra pneumonia comunitária leve! CLINDAMICINA Lincosamidas Estreptococos, Estafilococos e anaeróbios, não pega gram negativos. Outros: P. falciparum, T. Gondii (como alternativa pra Bactrim). Boa indicação: infecção de pele, úlcera. 6. Quinolonas Atuam no DNA bacteriano. Inibem a DNA girase. NORFLOXACINA CIPROFLOXACINA OFLOXACINA 2ª Geração Ciprofloxacina Gram negativos: Haemophylus influenzae, N. meningitidis, N. gonorrhae, Enterobactérias (E. coli, Proteus spp, Klebsiella spp...), P. aeruginosa, Acinetobacter spp. Gram positivos: Estafilococos. Atípicos e anaeróbios: não atua. Fluoroquinolonas (Quinolonas antiestreptocócicas): Usadas pra infecções de vias aéreas superiores(Pneumonia!!!) 6. Quinolonas Atuam no DNA bacteriano. Inibem a DNA girase. LEVOFLOXACINA 3ª Geração Em relação a ciprofloxacina: ação semelhante para enterobactérias, pior para P. aeruginosa, Melhor para gram positivos (ação antipneumocócica) e atípicos. MOXIFLOXACINA, GATIFLOXACINA 4ª Geração Ação semelhante à ciprofloxacina para enterobactérias, porém pior para Pseudomonas spp. Melhor do que Levofloxacina para atípicos e gram positivos(Pneumonia!). 7. Tetraciclinas Inibem a síntese proteica através da ligação ao 30s do ribossomo, impedindo a fixação do RNAt. Bacteriostático. TETRACICLINA e DOXICICLINA - Cocos gram positivos: Estreptococos, Estafilococos (resistência frequente) - Gram negativos: Haemophylus influenzae , N. meningitidis, N. gonorrhae; - Bactérias atípicas: Chlamydia, Mycoplasma, Legionella - Outros: Ricketsias, Cólera, Brucelose, Malária por P. falciparum, profilaxia de leptospirose (época de enchentes) e malária (pros viajantes). 8. Sulfonamidas Inibe a síntese proteica. SULFAMETOXAZOL + TRIMETOPRIM (BACTRIM) SULFADIAZINA, DAPSONA Infecção urinária, Enterobactérias, S. maltophilia, Burkolderia cepacea (germe oportunista de paciente muito tempo em prótese ventilatória, CTI, altamente resistentes, mas sensíveis ao Bactrim) , Salmonelose (resistência), L. monocytogenes, Toxoplasmose (Sulfadiazina + Pirimetamina), Isospora belli (diarréia difícil de tratar em pacientes HIV positivos, responde bem ao Bactrim), Pneumocistose (HIV positivo), Nocardiose(Bactrim), Paracoccidioidomicose (micose sistêmica, Bactrim), Cólera (opção), Hanseníase (Dapsona). 189. Aminoglicosídeos Inibem síntese proteica. GENTAMICINA, AMICACINA, NEOMICINA, ESTREPTOMICINA Gram negativos: Haemophylus influenzae , N. meningitidis, N. gonorrhae; associado a outros antibióticos para o tratamento de endocardite bacteriana, osteomielite, infecções abdominais e infecções de pele polimicrobianas. Gentamicina e amicacina: são excelentes contra gram negativos, só que o grande problema é que eles são extremamente tóxicos, causam muita nefrotoxicidade e ototoxicidade, cada vez tem se usado menos. Se usa muito pra endocardite associada à Oxacilina ou à Penicilina, porque tem uma ação sinérgica. Osteomielite. É concentração dependente, endovenoso. 10. Glicopeptídeos e Linezolida Inibem síntese proteica. VANCOMICINA e TEICOPLAMINA Reservada para MRSA e infecções por Enterococos à Ampicilina. LINEZOLIDA Reservada para VISA (Estafilo resistente à Vancomicina) e VRE (Enterococos resistente à Vancomicina). Antibioticoterapia de Infecções Hospitalares Infecção Hospitalar É aquela que se inicia a partir de 72 horas após a admissão hospitalar (literatura nacional) ou a partir de 48 horas (literatura mundial). Se for associada a algum procedimento invasivo, independe do tempo. 1. A presença de dispositivos protéticos aumenta a chance de Staphylococcus coagulase negativo (principalmente S. epidermidis, principal patógeno relacionado à infecção endovascular com cateter). 1. Pneumonia Hospitalar Precoce, se iniciada até o 4º dia da admissão (48 a 96 horas) à considera-se os mesmos germes da comunitária, trantando-se com Clavulanato + Azitromicina. Ventilação mecânica aumenta de 6 a 20 vezes as chances de desenvolver pneumonia hospitalar). Prevenção Cabeceira elevada (pelo menos 30º), aspiração de vias aéreas superiores (para evitar acúmulo de secreção), manter o cuff insuflado na pressão correta, higiene oral com Clorexidina, controle glicêmico, higienização das mãos dos profissionais de saúde. Diagnóstico Colher material de vias aéreas, se paciente intubado ou traqueostomizado, com suspeita de infecção respiratória . Colher hemocultura. Critérios a serem Considerados 1. Troca gasosa à queda da relação PAO2 (aferida na gasometria) e FTO2 (oferecida ao paciente no respirador). Demonstra piora da troca gasosa a nível alveolar. 2. Secreção purulenta/excessiva 3. Febre 4. Leucometria 5. Rx de tórax 6. Achado microbiológico Tratamento: 8 a 14 dias Enterobactérias hospitalares Pseudomonas sp. Acinetobacter sp. CEFEPIME (Sem broncoaspiração, sem ventilação, BEG) PIPERACILINA + TAZOBACTAM (Aeróbios à broncoaspiração; ESBL em BEG) MEROPENEM (ESBL grave) •Associar Glicopeptídeo se suspeita-se de MRSA à PNM grave necrotizante, isolamento na cultura, perfil da unidade, ventilação mecânica prolongada (> 2 sem) 19 1a. Tratamento Empírico Iniciado Com melhora após 24 a 48 horas Ajustar esquema de acordo com culturas. Se negativas, avaliar se há outra explicação para a melhora. Sem melhora após 48 a 72 horas Rever culturas, pensar em patógenos não contemplados pelo tratamento inicial, considerar outro diagnóstico, avaliar complicações. OBS: germes integrantes da microbiota normal que não causam infecção respiratória: Estafilococos coagulase-negativo, Estreptococos do grupo viridans, Neisseria spp., Corynebacterium spp. 2. Infecção do Trato Urinário Relacionada a Catéter 35 a 40% das infecções hospitalares. Mais de 80% associadas a catéter vesical (só deve ser deixado se houver necessidade). A maior parte das culturas de urina positivas no paciente caracterizado representa apenas colonização. Risco de Infecção Tempo de permanência do catéter, sexo feminino, doença de base (imunossupressão, DM, IR), obstrução do trato urinário, obstrução de catéter, manipulação inadequada do catéter, tipo de sistema utilizado (aberto ou fechado). 1. Aberto à favorece muito a ocorrência de infecção urinária e quase não é usado. 2 a 4 dias após a instalação 100% dos pacientes estão com bacteriúria. 2. Fechado à Leva 30 dias para 100% dos pacientes estarem com bacteriúria. Indicações de Tratamento de Bacteriúria Assintomática Não deve ser tratada, salvo indicações muito precisas. 1. Pré-operatório de procedimentos urológicos 2. Gestantes 3. Transplantado renal (6 meses pós-transplante) 4. Cirurgias com instalação de próteses (?): 7 dias de ATB antes da cirurgia. Diagnóstico Manifestações clínicas indicativas de infecção. EAS não tem valor diagnóstico. Deve-se colher urina para bacterioscopia e cultura (se cateter estiver há mais de 14 dias, trocá-lo antes) 1. Urinocultura > 103 CFU/mL à pode haver ITU. Avaliar paciente para julgar se o foco é urinário. 2. Bacterioscopia positiva à indica bacteriúria > 105 3. Hemocultura à se tiver manifestações sistêmicas 2a. Tratamento ITU Baixa Mulher à 3 a 7 dias Homem à 7 dias (Não há comprometimento sistêmico, disúria, polaciúria e dor suprapúbica. Manifestações locais e BEG) ITU Alta à 10 a 14 dias Manifestações sistêmicas (febre, prostração, alteração do nível de consciência, hipotensão, Sinal de Giordano. ITU Complicada Baixa à 7 dias Alta à 10 a 14 dias Catéter vesical, bexiga neurogênica, DM, ITU de repetição ou gestação. Tratamento Gram negativos hospitalares (Enterobactérias) AMINOGLICOSÍDEOS CEFEPIME Não-ESBL PIPERACILINA + TAZOBACTAM Catéter, ESBL, Pseudomonas CARBAPENÊMICOS POLIMIXINA B Acinetobacter, Pseudomonas pan-resistentes *Tigecilina não concentra bem na urina. 3. Infecções de Corrente Sanguínea (ICS) Bacteremia ou sepse, sem foco primário identificável. Considerar como suspeito o catéter vascular, se este estiver presente. A positividade de hemoculturas decorrente de infecções em outros sítios recebe denominação de acordo com o sítio primário. Germes mais Comuns 1.Staphylococcus coagulase negativos, principalmente S. epidermidis 2. Gram-negativos hospitalares (E. Coli, Enterobacter) Menos comuns: 3. Candida sp.p, Enterococs, S. aureus Diagnóstico Hemoculturas (colhida antes de tirar o catéter) Cultura da ponta do catéter Conduta 1. Se paciente instável, iniciar tratamento empírico: Glicopeptídeo + ATB para gram-negativo VANCOMICINA/TEICOPLANINA + CEFEPIME/MEROPENEM 2. Sangue e catéter negativos à procurar outro foco 3. Sangue positivo (catéter +/-) à ICS relacionada a catéter (a não ser que haja outro foco) 4. Sangue negativo e catéter positivo (colonizado) à se for S. aureus, tratar por 7 dias. Se for outros, monitorar. 20
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