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PORTIFÓLIO PRODUÇÃO CONSUMO E DESCARTE RESPONSÁVEL

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Centro Universitário Internacional Uninter
PRODUÇÃO, CONSUMO E DESCARTE RESPONSÁVEL: REFLEXÃO HISTÓRICA E SUAS IMPLICAÇÕES FUTURAS.
DÉBORA DA SILVA - RU: 1238684 – TURMA: 2015/05
Curso: Licenciatura em Matemática
UTA: Cálculo e Geometria - Fase I
Tutora: Kamila Luana
Centro Associado: Polo Uninter de Piracicaba
RESUMO
O desenvolvimento científico e tecnológico tem contribuído com a produção de bens de consumo, onde o descarte tornou-se inevitável. A geração de uma demanda desenfreada por produtos manufaturados está comprometendo seriamente os ecossistemas terrestres. Os recursos naturais estão cada vez mais escassos e a natureza não mais está absorvendo a poluição, com a degradação da água, do solo e do ar. Os sistemas de produção atuais utilizam duas fontes principais de recursos: a matéria prima, indispensável ao processo produtivo, sendo ela transformada em produto final; a energia, responsável para que essa transformação ocorra. Esses sistemas utilizam constantemente substâncias nocivas e poluentes no decorrer do processo de produção, assim como recursos finitos em vastas quantidades, e em ritmo acelerado. A sociedade em geral, integra, corrobora e intensifica essa cultura do consumismo. Na busca incessante por novidades, acaba se distanciando da lucidez, visto que não adquire os produtos pelas funções primárias que possuem, gerando com isso o descarte e demandando cada vez mais os recursos ambientais.
Palavras chaves: Produção. Consumo. Descarte responsável.
INTRODUÇÃO 
O desenvolvimento científico e tecnológico conduziu ao crescimento industrial, facilitando cada vez mais a fabricação de produtos. A evolução tecnológica e o modelo capitalista de produção tem permitido o incremento de renda na sociedade, os quais direcionam o consumidor ao acesso de uma maior quantidade de produtos. Para induzir a sociedade ao consumo, as empresas fazem seus apelos de marketing agressivos e sedutores, criando carências e desejos (materiais e simbólicos) incessantemente. Os indivíduos passam a ser reconhecidos, avaliados e julgados por aquilo que consomem, aquilo que vestem, calçam ou pelo carro que exibem em público. O próprio indivíduo passa a se auto-avaliar pelo que tem e pelo que consome, manifestando a forma como vê o mundo, uma conexão entre valores éticos, escolhas políticas, visões sobre a natureza e comportamentos relacionados às atividades de consumo (INSTITUTO BRASILEIRO DE DEFESA DO CONSUMIDOR, 2005). Neste sentido, os padrões de consumo se massificam apelados pelo modismo como forma de afirmação social, onde os indivíduos perdem suas características individuais e passam a fazer parte da massa de consumidores. Sob a ótica ambiental, a sociedade do consumo induz a demanda de recursos naturais, e de despejo de dejetos, ameaçando a vida no planeta. Os recursos naturais acabam sendo utilizados como se fossem infinitos, e não há qualquer preocupação com os impactos das atividades realizadas. O presente artigo tem por objetivo contribuir para ampliar a discussão e a reflexão crítica acerca da conjuntura do desenvolvimento cientifico e tecnológico; a sua ligação com a industrialização dos bens de consumo e a consequente demanda por recursos da natureza. Busca-se mostrar o marco histórico da industrialização provocada pelas duas grandes guerras mundiais; a posterior guerra fria; o surgimento dos blocos econômicos; as tecnologias e suas consequências ecológicas; a globalização e os apelos econômicos, com uma produção em massa, conduzindo ao consumismo desenfreado e gerando grandes danos ambientais.
MARCO HISTÓRICO DA INDUSTRIALIZAÇÃO
A Revolução Industrial com seu inicio na segunda metade do século XVIII na Inglaterra, foi considerada como o marco que desencadeou de fato a formação da sociedade de consumo. A era do progresso industrial possibilitou a transformação de todos os setores da vida humana. O crescimento populacional e o acelerado êxodo rural determinaram o aparecimento das grandes cidades industriais: Londres e Paris, que em 1880 já contavam, respectivamente, com 4 e 3 milhões de habitantes. Esses grandes aglomerados humanos originaram os mais variados problemas de urbanização: abastecimento de água, canalização de esgotos, criação e fornecimento de mercadorias, modernização de estradas, fornecimento de iluminação, fundação de escolas e construção de habitações (PORTAL BRASIL, 2006). Evidentemente que se observado o tempo de existência do homem no planeta Terra, gera perplexidade o avanço e a extensão dos danos ambientais gerados a partir do desenvolvimento dos grandes processos industriais, verificados no curso da primeira (1914/18) e segunda grande guerra mundial (1939/45). Novamente, Pietrocolla (1986), e ainda, analisando acerca do modo de vida das sociedades primitivas, observa-se que nessas, era produzido o necessário à sobrevivência e às suas Vivências: Revista Eletrônica de Extensão do URI ISSN 1809-1636 Vivências. Vol.8, N.14: p.192-199, Maio/2012 194 limitadas necessidades. Apesar de reconhecer que isso não as isenta de problemas, constata que “a contínua luta pelo domínio da natureza levou ao aperfeiçoamento da tecnologia, cujas etapas mais significativas geraram diferentes modalidades de organização das condições de trabalho e de vida”.
Os processos de fabricação em larga escala geraram uma corrida atrás de minérios, requereram energias e redirecionaram os níveis de consumo da produção mundial. O que se nota no curso histórico desse processo, de relação do homem com a natureza, é que, após o término da segunda grande guerra mundial, em 1945, ocorre um represamento de forças e a divisão do mundo em dois grandes blocos de influências, de um lado a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS) e sua área de dominação, e de outro os Estados Unidos da América (EUA), gerando, assim, a chamada Guerra Fria. De acordo com Prates (2005) a URSS representava o lado comunista e dizia lutar pelo socialismo e já os EUA representava o lado capitalista e dizia defender o mundo livre. É importante situar esse contexto, porque, é justamente a partir do fim desse quadro polarizado em nível mundial (que se observou de 1945 até a metade da década de 80) que começa a assim chamada globalização da economia mundial e, com ela, um aumento nos níveis de consumo em termos planetários nunca vistos anteriormente. Prates (2005) justifica essa passagem quando enfatiza que com o refluxo da guerra fria surgiu uma redefinição industrial que passou pela produção de bens e utilidades da vida em larga escala. Esses bens de consumo duráveis e não duráveis passaram a dar a tônica do cenário mundial.
MEIO AMBIENTE E GLOBALIZAÇÃO
Conjunturalmente a globalização é muito antiga, mas veio acentuar-se com a desagregação da União Soviética, com o fim do período de polaridade, com a formação de grandes espaços comerciais internacionais, onde vale citar o Espaço Comum Europeu, Bloco dos Tigres Asiáticos, NAFTA, MERCOSUL, adoção de liberdade de barreiras alfandegárias, portos livres de consumo, unificação de legislação, tudo, com vistas a facilitar o comércio entre os povos (PRATES, 2005). É relevante frisar, ademais, que esses mecanismos de política internacional que facilitaram o comércio entre os povos dos diferentes países foram facilitados pela emergência de uma revolução científica e tecnológica, com incríveis avanços na telemática, robótica, informática. A combinação desses fatores, livre mercado, domínio de processos industriais aperfeiçoados pelo amplo domínio tecnológico, fez com que muitos países avançassem no filão industrial tecnológico, onde a China, Taiwan, Japão, Malásia, dentre outros, constituem-se notórios exemplos (PRATES, 2005). Está havendo claramente uma redistribuição das funções econômicas no mundo. Um mesmo produto final é feito com materiais, peças e componentes produzidos em várias partes do planeta. Produzem-se os componentes onde os custos são mais adequados. E os fatores que implicam os custos de produção incluem as exigências ambientaisdo país em que está instalada a fábrica. Este fato tem provocado em muitos casos um processo de "migração" industrial. Indústrias são rapidamente montadas em locais onde fatores como disponibilidade de mão de obra, salários, impostos, facilidades de transporte e exigências ambientais, entre outros, permitem a otimização de custos. Como a produção de componentes é feita em escala global, alimentando indústrias de montagem em várias partes do mundo, pequenas variações de custos produzem, no final, notáveis resultados financeiros (PEREIRA, 2005). A explosão industrial dos anos 90 e 2000 em diante vieram acompanhadas de outras exigências. O próprio avanço da medicina contribuiu para o crescimento da população mundial, hoje em torno de 6 bilhões e 250 milhões de pessoas. Essa população mundial tem - evidentemente - demandas, a começar com a alimentar, e isso tem exigido uma agricultura cada vez mais competitiva, fomentada pelo plantio, pelo uso de pesticidas e produtos agrários, assim como pela mecanização crescente. Decorrem dessas demandas agrárias necessidades industriais cada vez maiores (PRATES, 2005). Da Revolução Industrial até a Globalização mundial da economia assistimos a inúmeros prejuízos ao meio ambiente, não somente pela imprudência quanto às emissões de gases e resíduos que poluíram drasticamente o ar e rios, mas também por super explorar os recursos naturais sem preocupar-se com as consequências futuras, ocasionando a transformação radical de paisagens originais em aniquilados espaços vazios. Como se nota, os prejuízos vão além, e ultrapassam barreiras temporais. Pode-se observar que um dos piores resquícios desse modelo perdura na cultura das sociedades atuais: a concepção predatória em relação à natureza. Para o homem pós-moderno, os bens e serviços gerados pelo ambiente devem ser utilizados gratuitamente, sem ônus para quem os usufrui. Essa mentalidade egoísta ampliou-se ao longo das gerações, gerando alienação generalizada das sociedades que se tornaram alvos fáceis de um modelo capitalista que venera bens conspícuos, ou seja, a cultura do consumismo.
APELO COMERCIAL E CARACTERIZAÇÃO DE CONSUMO
O comportamento consumista tornou-se prática habitual em todas as nações do mundo, sejam elas consideradas desenvolvidas ou em desenvolvimento. É claro que existem diferenças entre a qualidade dos bens consumidos pelas distintas classes sociais. Em tese, o jeans é acessível a todos, mas será mesmo que a qualidade, o desenho e a marca são as mesmas? “Patrão e empregado Vivências: Revista Eletrônica de Extensão da URI ISSN 1809-1636 Vivências. Vol.8, N.14: p.192-199, Maio/2012 196 frequentam a escola. Mas será que foi uma escola do mesmo nível com o mesmo equipamento e pessoal?” (PIETROCOLLA, 1986, p. 35). Apesar dessas diferenças percebidas nos padrões de consumos mundiais, todos, de uma maneira ou de outra, acabam contribuindo para manutenção e fortalecimento do sistema capitalista, que tem como maiores aliados a publicidade e a propaganda. Dessa forma, o homem incentivado pelas propagandas publicitárias, na busca infinita por realização pessoal, passa a desejar diversos produtos supérfluos, seja por motivos de status, maior praticidade ou, simplesmente, curiosidade em vê-los funcionando. O apelo comercial que propõe o quanto é importante possuir determinado objeto, ludibria e faz com que o público expectador convença-se da extrema indispensabilidade do produto. Isso ocorre porque a atual sociedade de consumo não possui instrumental para romper com a condição de mero consumidor e refletir acerca das reais intenções da publicidade. Essa questão pode ser evidenciada nas propagandas de carros, onde o sujeito com o novo carro, geralmente lançamento, demonstra ser mais sorridente, mais realizado, mais poderoso que os demais. Já o vizinho, que não possui um carro como tal, apenas observa a felicidade do outro e inveja a condição do possuidor do veículo. Situações como essa se repetem em inúmeros outros produtos, desde liquidificadores que já separam o suco das sementes, passando por celulares multifuncionais, televisores de LCD ou de plasma, geladeiras modernas com chopeiras acopladas à porta, computadores de última geração até a aquisição de carros tão sofisticados que estacionam automaticamente e possuem até capacidade de auto dirigirem-se. Além do mais, as publicidades deixam clara a importância do imediatismo da compra, que deve ser realizada ainda hoje, sob pena de ser excluído do grupo dos possuidores. Para a indústria é indispensável que os consumidores adquiram produtos recém-lançados, exatamente para que, dentro de pouco tempo, esse possa ser substituído por outro mais moderno, garantindo a continuidade do sistema.
TEMPO DE VIDA ÚTIL
O conceito de ciclo de vida de um produto surge em função do mercado dos consumidores e dos concorrentes que estão em constante mudança. 
A vida útil dos produtos torna-se cada vez mais curta, e nem poderia ser diferente, pois há uma união entre a obsolescência planejada e a criação de demandas artificiais no capitalismo. É a obsolescência planejada simbólica, que induz a ilusão de que a vida útil do produto esgotou-se, mesmo que ele ainda esteja em perfeitas condições de uso. Hoje, mesmo que um determinado produto ainda esteja dentro do prazo de sua vida útil, do ponto de vista funcional, simbolicamente já está ultrapassado. A moda e a propaganda provocam um verdadeiro desvio da função primária dos produtos. Ocorre que a obsolescência planejada e a descartabilidade são hoje elementos vitais para o modo de produção capitalista, por isso encontram-se presentes tanto no plano material como no simbólico (LAYRARGUES, 2002, p.184).
Essa parece ser a lógica do mercado. Produzir em grande escala e com matéria-prima de menor qualidade, justamente para que este bem tenha um ciclo de uso menor. Ao contrário da época em que uma lâmina de barbear era tão durável que era passada de geração a geração, atualmente, a estratégia é produzir bens que se tornam obsoletos em um tempo pré-determinado. Televisões, DVDs, celulares, eletrodomésticos em geral, todos são fabricados para durar poucos anos, e, quando avariados devem ser substituídos por outros, mais modernos. A etapa do conserto se torna inviáveis Vivências: Revista Eletrônica de Extensão da URI ISSN 1809-1636 Vivências. Vol.8, N.14: p.192-199, Maio/2012 197 por dois motivos: a) as peças destes não mais podem ser encontradas para substituírem as originais; e b) quando as peças ainda existem são tão caras que se prefere a compra de um novo produto. Tais colocações podem ser reforçadas por meio das palavras de Durning (1992) quando evidencia que, em 1950, os eletrodomésticos fabricados eram significativamente mais duradouros que os atuais, visto que aqueles além de mais reforçados, no caso de danos possuíam possibilidade certeira de reparação. E assim, o modelo capitalista perpetua suas escalas de produção e incentivo ao consumismo exagerado, sem importar-se com os resíduos gerados, com os materiais que são descartados diariamente e sem responsabilizar-se pelas consequências desastrosas ao ambiente.
Essa parece ser a lógica do mercado. Produzir em grande escala e com matéria-prima de menor qualidade, justamente para que este bem tenha um ciclo de uso menor. Ao contrário da época em que uma lâmina de barbear era tão durável que era passada de geração a geração, atualmente, a estratégia é produzir bens que se tornam obsoletos em um tempo pré-determinado. Televisões, DVDs, celulares, eletrodomésticos em geral, todos são fabricados para durar poucos anos, e, quando avariados devem ser substituídos por outros, mais modernos. A etapa do conserto se torna inviável por dois motivos: a) as peças destes não mais podem ser encontradas para substituírem as originais; e b) quando as peças ainda existem são tão caras que se prefere a compra de um novo produto. Tais colocações podem ser reforçadas por meio das palavras de Durning (1992) quando evidencia que, em 1950, os eletrodomésticos fabricados eram significativamentemais duradouros que os atuais, visto que aqueles além de mais reforçados, no caso de danos possuíam possibilidade certeira de reparação. E assim, o modelo capitalista perpetua suas escalas de produção e incentivo ao consumismo exagerado, sem importar-se com os resíduos gerados, com os materiais que são descartados diariamente e sem responsabilizar-se pelas consequências desastrosas ao ambiente.
DESCARTE
A sociedade em geral, integra, corrobora e intensifica essa cultura do consumismo. Na busca incessante por novidades, acaba se distanciando da lucidez, visto que não adquire os produtos pelas funções primárias que possuem. Como exemplo, cita-se o aparelho celular, não mais adquirido se este não possuir diversas outras funcionalidades que não somente tornar possível a comunicação. No entanto, esse desejo em busca de constante realização individual, incentivado pela mídia diariamente, somente contribui para a ampliação dos problemas, na medida em que aumenta as disparidades entre os que possuem condições de acesso a bens conspícuos e aqueles que sequer possuem acesso aos bens de consumo vitais. A busca desenfreada por novidade, faz com que muitos produtos sejam descartados, embora o recicle seja possível, mais energia advinda da natureza é necessária. A partir da década de 1980, um novo tipo de componente, quando descartado inadequadamente, tornou-se prejudicial ao meio ambiente: o lixo eletrônico. São computadores, telefones celulares, televisores e outros tantos aparelhos e componentes que, por falta de destino apropriado, são incinerados, depositados em aterros sanitários ou até mesmo em lixões. Além de ocupar muito espaço, peças e componentes eletrônicos são feitos de metais pesados, apresentando toxicidade para a saúde humana e quando não são adequadamente manejados, os resíduos contaminam o solo, as águas e o ar (INSTITUTO BRASILEIRO DE DEFESA DO CONSUMIDOR, 2005). A sociedade moderna acabou rompendo com os ciclos da natureza, extraindo mais e mais matérias primas, e com isso fazendo crescer montanhas de lixo. E como todo esse rejeito não retorna ao ciclo natural, transforma-se em novas matérias-primas, podendo se tornar uma perigosa fonte de contaminação para o meio ambiente e/ou de doenças.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
 
Por meio da pesquisa, foi possível perceber que a partir da Revolução Industrial o ser humano conquistou tecnologia cada vez mais poderosa, trazendo intrinsecamente valores antropocêntricos, consumistas, fragmentados e por consequência destrutiva ambientalmente. A qualidade e a quantidade da intervenção do ser humano sobre a natureza por meio dessa tecnologia assumiram parâmetros atuais com grandes impactos ambientais. Nesse sentido, o avanço científico e tecnológico desse período histórico ocasionou um grande aumento populacional sobre o planeta, refletindo a dominação da espécie humana sobre as demais, assumindo uma postura destrutiva nas relações com a natureza e com a própria espécie. Insatisfação, compulsão, criação de novas necessidades, desejo de obtenção de lucro são os pilares para a construção e desenvolvimento da sociedade de consumo. Quanto maior for à posse de bens de um indivíduo, maior será seu prestígio social.
Os indivíduos são obrigados a consumir bens que se tornam obsoletos antes do tempo, já que cada vez mais se tornam funcionalmente inúteis logo após saírem das fábricas. Esse é o problema do consumismo, uma questão eminentemente cultural, relacionada à incessante insatisfação com a função primária dos objetos em si. O aumento populacional aliado ao consumo desenfreado têm gerado problemas em grande escala que se tornam cada vez mais críticos, ameaçando a viabilidade de toda espécie de vida sobre a Terra. Esse contexto iminente faz parte de todo um sistema, desencadeado por uma lógica de funcionamento que necessita ser repensada para uma mudança urgente e global.
As questões ecológicas e ambientais perpassam pelo despertar de uma nova cultura, cultura essa que tem se revelado um tanto utópica e distante, pois requer uma mudança de postura que abra espaço para a qualidade e uma vida sustentável. Por essa razão, a estratégia de mudança passa pelo processo educativo, pois é uma ferramenta poderosa, capaz de gerar um senso crítico e ampliar a visão para que novas escolhas sejam estabelecidas. Fornecer elementos para que se pense e reflita é o objetivo deste processo educativo, levando o indivíduo a aprender a escolher com consciência. Neste sentido, o consumo consciente ou sustentável torna-se bem mais aberto, indo além da economia, dos direitos do consumidor e da reciclagem de lixo. Não é uma postura reativa, mas leva o consumidor a se identificar como um protagonista dentro desse amplo contexto social, político e cultural. Conforme Aron Belinky apud BEZERRA (2006), “O consumidor tem poder; pode e deve usá-lo em benefício de uma sociedade mais sustentável. Ele parte da forma básica do cidadão consumidor para se tornar um consumidor cidadão”. A aquisição dessa nova postura ocasiona uma nova ética para a humanidade com alterações dos atuais valores sociais - um dos principais postulados da Educação Ambiental. Essa nova ética passa, entre outros pontos, pela criação de uma sociedade justa onde o equilíbrio social, com a eliminação da miséria em um extremo e a riqueza consumista em outro, é indispensável para um desenvolvimento sustentável, tanto no nível interno de uma nação quanto no nível planetário. Dessa forma, confirma-se um conhecido lema ecológico, o de “agir localmente e pensar globalmente”. Mas há que se considerar que esse agir e esse pensar não são separados, mas constituem a práxis da Educação Ambiental, que atua conscientemente na globalidade que existe em cada local e em cada indivíduo. A ação local e/ou individual agem sincronicamente no global, superando a separação entre o local e o global, entre o indivíduo e a natureza, alcançando uma consciência planetária que não é apenas compreender, mas também se sentir e agir integrado a esta relação: ser humano/natureza; adquirindo, assim, uma cidadania planetária. Portanto, as reflexões e discussões levantadas por meio deste trabalho servem de base para próximas investigações e são importantes na consolidação de novas pesquisas relacionadas ao atual modelo de consumo inserido na sociedade moderna globalizada.
REFERÊNCIAS
BEZZERA, M. R. Consumo Consciente: Questão de Escolha. Caderno Viva - Diário do Nordeste, 2006. Disponível em: http://www.terrazul.m2014.net/spip.php?article238. Acesso em: 24 out. 2010.
CASTRO, A. C. F.; OLIVEIRA, E. B.O.; RAIMUNDINI, S. L.; STRUMIELLO, L. D. P. Desenvolvimento Sustentável e as Implicações da Produção Mais Limpa: um estudo de caso no setor moveleiro. Contexto, Porto Alegre, v. 9, n. 16, p. 1-12, jul. 2009.
GUIMARÃES, M. Educação Ambiental em Meios Diferenciados. Monografia de Especialização em Ciências Ambientais, Rio de Janeiro, UFRRJ, 1992.
INSTITUTO BRASILEIRO DE DEFESA DO CONSUMIDOR. Consumo sustentável: Manual de educação. Brasília: Consumers International/MMA/MEC/IDEC, 2005. 160p.
PNUMA - Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente. A Produção mais Limpa e o Consumo Sustentável na América Latina e Caribe. São Paulo: Governo do Estado de São, 2005.
RENSI, F.; SCHENINI, P. C. Gestão da Produção mais Limpa. In: III SEGeT - Simpósio de Excelência em Gestão e Tecnologia, Resende/RJ. Anais do Simpósio de Excelência em Gestão e Tecnologia, Resende/RJ: AEDB - Associação Educacional Dom Bosco, p. 1-12, 2006.
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