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aula 04 fatos e atos juridicos prescricao e decadencia

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CURSO REGULAR DE DIREITO CIVIL PARA CONCURSOS 
AULA 04: FATOS JURÍDICOS (1ª Parte) = PRESCRIÇÃO E DECADÊNCIA 
Prof. Lauro Escobar 
www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 1 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
AULA 04 
 
= FATOS JURÍDICOS – 1ª PARTE = 
 
 
Professor Lauro Escobar 
 
www.pontodosconcursos.com.br 
 
 
 
 
CURSO REGULAR DE DIREITO CIVIL PARA CONCURSOS 
AULA 04: FATOS JURÍDICOS (1ª Parte) = PRESCRIÇÃO E DECADÊNCIA 
Prof. Lauro Escobar 
www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 2 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Temas que serão abordados nesta aula  FATOS E ATOS JURÍDICOS 
(1ª Parte). Fatos Jurídicos. Classificação. Aquisição. Resguardo. Modificação. 
Extinção de Direitos. Fato Natural. Atos Jurídicos. Conceito. Classificação. 
Aquisição. Resguardo. Modificação. Extinção de Direitos. Fato Natural. Prescrição. 
Conceito. Disposições gerais. Efeitos. Causas que impedem, suspendem e 
interrompem a prescrição. Prazos prescricionais. Decadência. Conceito. 
Disposições gerais. Espécies de decadência. Efeitos. Prazos decadenciais. 
Legislação a ser consultada  Código Civil: arts. 189 até 211. 
 
Sumário 
 
Introdução ....................................................................................... 03 
Classificação Geral dos Fatos ............................................................ 08 
Prescrição e Decadência como Fato Jurídico ..................................... 11 
PRESCRIÇÃO .................................................................................... 12 
 Disposições Gerais ...................................................................... 15 
 Causas Impeditivas e Suspensivas .............................................. 21 
 Causas Interruptivas .................................................................. 25 
 Prazos Prescricionais .................................................................. 28 
 Ações Imprescritíveis ................................................................. 31 
DECADÊNCIA ................................................................................... 33 
 Espécies de Decadência .............................................................. 35 
 Prazos Decadenciais ................................................................... 37 
Quadro Comparativo: Prescrição e Decadência ................................. 41 
Aula 04 
Fatos Jurídicos – 1ª Parte 
Prescrição e Decadência 
 
CURSO REGULAR DE DIREITO CIVIL PARA CONCURSOS 
AULA 04: FATOS JURÍDICOS (1ª Parte) = PRESCRIÇÃO E DECADÊNCIA 
Prof. Lauro Escobar 
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RESUMO ESQUEMÁTICO DA AULA ..................................................... 42 
Bibliografia Básica ........................................................................... 46 
EXERCÍCIOS COMENTADOS (FCC) .................................................... 46 
EXERCÍCIOS COMENTADOS (CESPE) ................................................ 74 
INTRODUÇÃO 
Como vimos, uma RELAÇÃO JURÍDICA é formada por três elementos: 
 Elemento Subjetivo: são as pessoas envolvidas; os sujeitos de direito e suas 
relações. O sujeito ativo é o titular do direito oriundo da relação. O sujeito 
passivo é aquele sobre o qual recai um dever decorrente da obrigação 
assumida pela relação e que deve respeitar o direito do sujeito ativo. 
 Elemento Objetivo: é o objeto do direito; o bem jurídico pretendido pelo 
sujeito ativo. Divide-se em objeto imediato, que é a prestação (a obrigação 
de dar, fazer ou não fazer) e objeto mediato (o bem em si: móvel ou imóvel, 
divisível ou indivisivel, fungível ou infungível, etc.). 
 Elemento Imaterial: é o vínculo que se estabelece entre os sujeitos e os 
bens. Este é o FATO JURÍDICO. É o fato propulsor idôneo à produção de 
consequências jurídicas. Será o ponto desta e da próxima aula. Vejamos. 
Toda relação jurídica possui um ciclo vital: nasce, se desenvolve, pode ser 
conservada, modificada ou transferida e se extingue. Há sempre um fato que 
antecede o surgimento de um direito subjetivo. 
FATO, portanto, é uma ocorrência, um evento, um acontecimento. 
O tema “Fatos, Atos e Negócios Jurídicos” deve ser visto bem devagar. Por 
isso, o desmembramos em duas aulas. Esta primeira é introdutória. Costumo fazer 
isso também nas aulas presenciais. Primeiro dou essa parte teórica. Os alunos, de 
uma forma geral, não gostam muito dessa primeira parte do tema. Mas ela é 
imprescindível. Por isso vou tentar torná-la mais agradável... Falaremos hoje 
sobre alguns conceitos, classificações, e, principalmente da prescrição e da 
decadência. Na realidade este será o ponto central da aula. Depois, na próxima 
aula, passaremos para uma parte mais dinâmica, onde veremos o Negócio 
Jurídico e seus elementos constitutivos, além da ineficácia (nulidade e 
anulabilidade) do Negócio Jurídico. 
Comecemos, então. 
Como dissemos, fato é um acontecimento. No entanto, os fatos podem 
ser classificados. Há fatos que não interessam ao Direito. A doutrina os chama de 
“fatos comuns, meramente materiais ou ajurídicos”. São os acontecimentos 
naturais ou as condutas humanas, cuja ocorrência não traz o potencial de 
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AULA 04: FATOS JURÍDICOS (1ª Parte) = PRESCRIÇÃO E DECADÊNCIA 
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repercutir na ordem jurídica. Exemplo: quando uma pessoa passeia por um jardim, 
está praticando um fato comum, que não sofre a incidência do direito. Porém, se 
essa pessoa que está passeando comprar um saco de pipocas, alugar uma bicicleta 
ou pisar sobre o gramado, causando danos à vegetação ou mesmo alimentar os 
animais em um zoológico (condutas consideradas como proibidas), tais fatos 
passarão a interessar ao direito, causado repercussões. Portanto, para que um 
acontecimento seja considerado como fato jurídico é necessário que esse 
acontecimento, de alguma forma, cause algum reflexo no âmbito do Direito. 
Seja este reflexo lícito ou ilícito. Observem a seguinte classificação: 
FATO: qualquer ocorrência ou acontecimento. 
 Fato Comum: ação humana ou fato da natureza que não interessa ao 
Direito (por isso, não será objeto do nosso estudo). 
 Fato Jurídico (em sentido amplo – lato sensu): Fato + Direito. É o fato 
qualificado pelo Direito. Ou seja, é o acontecimento natural ou humano ao 
qual o Direito atribui efeitos e relevância jurídica. Ex.: um contrato de 
locação é um fato jurídico (na verdade ele é mais do que isso; é um negócio 
jurídico), pois tanto o locador, como o locatário assumem compromissos e 
ficam vinculados um ao outro. Deste vínculo surgem efeitos, ou seja, 
reflexos no campo do Direito (direitos e deveres para ambas as partes). 
Vamos agora conceituar os fatos jurídicos: 
Acontecimentos previstos em norma de direito, em razão dos quais 
nascem, se modificam, subsistem e se extinguem as relações jurídicas. 
 Para efeito de memorização dos elementos do fato jurídico, costumo usar 
a expressão A.R.M.E. (Aquisição, Resguardo, Modificação e Extinção) de Direitos. 
Vejamos: 
AQUISIÇÃO DE DIREITO  É a conjunção (união) dos direitos com seu titular. 
Ocorre a aquisição de um direito com a incorporação do patrimônio à 
personalidade do titular. Dessa forma, surge a propriedade quando o bem se 
subordina a seu titular. Ex.: quando eu acho um livro abandonado (e não perdido) 
ou quando eu compro um automóvel de um amigo, eu me torno proprietário 
destes bens; adquiri direitos sobre eles. Os direitos podem ser adquiridos de 
forma: 
a) Originária: o direito nasce no momento em que o titular se apossa ou seapropria de um bem de maneira direta, sem a participação de outra pessoa; não 
há qualquer relação com o titular anterior ou mesmo que tivesse, não há uma 
transmissão pelo seu titular. Ex.: pescar um peixe em alto-mar, achar uma coisa 
abandonada, usucapir um terreno, etc. 
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b) Derivada: ocorre quando há uma transferência ou transmissão do 
direito de propriedade (sucessão), existindo uma relação jurídica entre o titular 
anterior (sucedido) e o atual (sucessor). Ex.: quando eu vendo um carro ou uma 
casa a propriedade do bem passa de uma pessoa para outra, daí ser considerada 
como derivada; outro exemplo é a aquisição de direitos pelos herdeiros. 
Lembrando que o direito é adquirido com todas as qualidades e defeitos do título 
anterior. 
A aquisição ainda pode ser classificada em: 
c) Gratuita: quando não há uma contraprestação na aquisição; só o 
adquirente aufere vantagem. Ex.: pessoa recebe um bem por doação; neste caso 
não há contraprestação (o mesmo ocorre quando se recebe uma herança). 
d) Onerosa: quando há uma contraprestação na aquisição; há benefícios 
recíprocos. Ex.: pessoa adquire o bem por meio de uma compra  se por um lado 
a pessoa recebeu o bem, por outro lado ela teve que parar por ele, havendo uma 
contraprestação na aquisição (o mesmo ocorre na troca e na locação). 
RESGUARDO DE DIREITOS (proteção, conservação ou defesa)  São atos 
praticados pela pessoa que servem para proteger os seus direitos. Ou seja, o 
titular de um direito deve praticar atos conservatórios preventivos (garantindo 
seu direito contra eventual e futura violação) ou repressivos (são os que visam 
restaurar eventual direito violado). Costuma-se dizer que não pode haver direito 
subjetivo sem a correspondente proteção. 
Exemplo: Direito de Retenção. Uma pessoa possui uma casa (o bem não é dela, 
mas ela está na posse de boa-fé, ou seja, acredita que a casa seja sua). Esse 
possuidor realiza benfeitorias necessárias (conserto dos alicerces ou do telhado) 
ou úteis (construção de garagem). Posteriormente o real proprietário move uma 
ação contra o possuidor de boa-fé e ganha a ação. O possuidor deve ir embora, 
sair da casa e devolvê-la. No entanto, como realizou benfeitorias, deve ser 
indenizado por elas. Se a outra parte não indenizar, o possuidor pode reter o 
bem (a casa) até que seja indenizada pelas benfeitorias (art. 1.219, CC). Outros 
exemplos: arresto (que é a apreensão judicial de coisa litigiosa ou de bens para 
a segurança da dívida; o que se quer é que se assegure o pagamento da dívida); 
sequestro (que é o depósito judicial da coisa litigiosa para garantia do direito sobre 
a coisa; o que se quer é a preservação da própria coisa); protesto, etc. A defesa 
pode ser: 
a) Extrajudicial: são hipóteses de defesa de direitos sem ser necessário 
ingressar em juízo. Ex.: quando se estabelece uma cláusula penal (multa) em um 
contrato o que se quer na verdade é estabelecer uma garantia para o cumprimento 
deste contrato. Outros exemplos: o sinal (também chamado de arras) que é um 
adiantamento da quantia que será paga também para garantir o cumprimento da 
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obrigação; a fiança, que serve para garantir o pagamento da dívida (se o devedor 
principal não pagar a dívida, o credor poderá acionar o fiador), etc. 
b) Judicial: são as ações judiciais para proteção de direitos. Recorre-se à 
autoridade judicial competente para restabelecer um direito já violado ou para 
proteger um direito ameaçado. Lembrando que para a propositura de uma ação 
judicial é necessário ter um interesse legítimo (econômico ou moral). Ex.: 
Mandado de Segurança (que visa proteger um direito líquido e certo); Interdito 
Proibitório (que é uma ação possessória, que visa proteger uma pessoa de 
eventuais ameaças a sua posse), etc. 
 Lembrem-se do brocardo: “A todo DIREITO corresponde uma AÇÃO 
que o assegura”. Se houver ameaça ou violação a um direito subjetivo, este será 
protegido por meio de uma ação judicial (art. 5°, XXXV, CF/88 “a lei não excluirá 
da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça de direito”). Imaginem o 
seguinte exemplo: sabemos que “todo cidadão tem o direito de ir, vir e 
permanecer”. Esse é um Direito que temos; dizemos que este é um direito 
material. Agora... e se uma autoridade policial diz que você está preso em 
flagrante, sem ter um motivo plausível para esta prisão? É o famoso “teje preso”. 
O que você faria?? Com certeza você entraria com um Habeas Corpus!!! Ora, o 
Habeas Corpus é uma Ação. Assim, nós temos um Direito (no caso o direito de 
locomoção, de ir, vir e permanecer)! Violado este Direito, surge a Ação (no caso 
o Habeas Corpus)! Prevê o art. 5°, LXVIII, CF/88: “conceder-se-á habeas-corpus 
sempre que alguém sofrer ou se achar ameaçado de sofrer violência ou coação 
em sua liberdade de locomoção, por ilegalidade ou abuso de poder”. 
O mesmo pode ocorrer com uma propriedade. Eu comprei um sítio. Paguei 
por ele. Tenho a escritura e o registro. Portanto é meu, eu tenho direito de 
propriedade. Mas alguém invadiu a minha propriedade. O que eu posso fazer? 
Com certeza entrarei com uma ação... no caso Ação Reivindicatória. Portanto, 
voltando e reforçando a ideia... “a todo direito corresponde uma ação”. 
AÇÃO é o meio que o titular do direito dispõe para obter a atuação do 
Poder Judiciário, no sentido de solucionar litígios relativos a interesses jurídicos 
(art. 17, CPC/2015  “Para postular em juízo é necessário ter interesse e 
legitimidade” – neste sentido a Súmula 409 do Supremo Tribunal Federal). 
Sabemos que no Brasil nós não podemos fazer “justiça pelas próprias 
mãos”, sob pena até de cometermos um crime (exercício arbitrário das próprias 
razões – art. 345, Código Penal). Se uma pessoa me deve seis meses de aluguel 
eu não posso ir até sua casa, lhe dar uns ‘tabefes’ e exigir o pagamento devido ou 
simplesmente colocá-la no ‘olho da rua’. Não! O correto é ingressar com uma ação 
de despejo por falta de pagamento e requerer também o pagamento dos aluguéis 
atrasados. No entanto, admite-se, excepcionalmente, a autodefesa ou 
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autotutela de um direito, como no caso da legítima defesa da posse (art. 1.210, 
§1°, CC), do penhor legal, etc. 
MODIFICAÇAO DE DIREITOS (transformação)  Os direitos podem sofrer 
modificações relativas ao seu conteúdo (objeto) ou a seus titulares (pessoas), sem 
que haja alteração em sua substância. A modificação do direito pode: 
a) Objetiva: diz respeito ao conteúdo ou objeto da relação jurídica. Pode ser 
qualitativa, quando um direito se converte em outra espécie (o credor de uma 
saca de feijão aceita o equivalente em dinheiro; uma pessoa está devendo uma 
quantia em dinheiro e o credor aceita um terreno em substituição) ou 
quantitativa, quando diz respeito ao volume do objeto. 
b) Subjetiva: substituição da titularidade do direito, ou seja, de uma das 
pessoas (sujeito ativo ou passivo) envolvidas na obrigação, podendo ser inter 
vivos (contrato) ou causa mortis. Ex.: testamento – morrendo o titular de um 
direito este se transmite aos seus sucessores. Outros exemplos: desapropriação, 
venda de um bem, etc. Alguns autores afirmam que a transmissão dos direitosseria um quinto elemento do Fato Jurídico. Obs.: há direitos que não comportam 
modificação no sujeito por serem personalíssimos (também chamados de 
intuitu personae). 
EXTINÇÃO DE DIREITOS  quando sobrevém uma causa que elimina os seus 
elementos essenciais. Notem que o perecimento deve ser total. Se for parcial, o 
direito persiste sobre o remanescente desta parte. Se a extinção puder ser 
atribuída a alguém, este será o responsável pelos prejuízos, devendo ressarci-los. 
Vejamos os principais exemplos de extinção dos direitos (entre outros): 
 Perecimento do objeto (ex.: anel que cai em um rio profundo e é levado pela 
correnteza) ou perda das qualidades essenciais do objeto (ex.: campo de 
plantação que é invadido pelo mar). 
 Renúncia: quando o titular de um direito, dele se despoja, sem transferi-lo a 
quem quer que seja; ele abre mão de um direito que teria (ex.: renúncia à 
herança). 
 Abandono (ou derrelição): intenção do titular de se desfazer da coisa não 
querendo ser mais seu dono (ex.: jogar um par de sapatos velho no lixo). 
 Alienação: que é o ato de transferir o objeto de um patrimônio a outro, de 
forma onerosa (compra e venda) ou gratuita (doação). 
 Falecimento do titular, sendo direito personalíssimo, e por isso, intransferível. 
 Confusão: numa só pessoa se reúnem as qualidades de credor e devedor. 
 Prescrição ou Decadência: será o tema desta aula de forma 
pormenorizada. 
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Bem... com isso encerramos esta parte introdutória sobre os elementos 
do fato jurídico. Vejamos agora a CLASSIFICAÇÃO GERAL DOS FATOS 
JURÍDICOS. O quadro abaixo nos dará uma visão geral sobre o tema. 
 
CLASSIFICAÇÃO GERAL DOS FATOS 
 
A) FATO COMUM  Acontecimento sem repercussão no Direito. 
B) FATO JURÍDICO  Acontecimento natural ou humano ao qual o Direito atribui 
efeitos (A.R.M.E.). Fato + Direito. Também chamado de Fato Jurídico em Sentido 
Amplo. 
I. FATO JURÍDICO NATURAL (Fato Jurídico em Sentido Estrito ou Stricto 
Sensu)  é o acontecimento natural (independe da vontade do sujeito de 
direito), mas que decorrem efeitos. Divide-se: 
1. Ordinários: são os que normalmente podem acontecer (previsíveis): 
nascimento, morte (por causas naturais), implemento de certa idade (16, 
18, 21, 35, 70 anos), aluvião (art. 1.250, CC), avulsão (art. 1.251, CC), 
decurso de tempo (como a prescrição, a decadência, a usucapião), etc. 
Todos estes fatos produzem efeitos jurídicos relevantes. 
2. Extraordinários: são os que ocorrem de forma inesperada 
(imprevisíveis). Exemplos clássicos: “caso fortuito” ou “força maior”. Têm 
importância ao direito por excluírem, como regra, a responsabilidade: 
destruição de bens móveis e imóveis em virtude de uma tempestade, 
desabamento de prédios em virtude de um terremoto, incêndio de uma 
fábrica em razão de um raio, naufrágio de um navio em virtude de um 
maremoto, tsunami, etc. 
II. FATO JURÍDICO HUMANO (ou simplesmente ATO)  é o acontecimento 
que conta com a participação humana. Abrange tanto os atos lícitos como os 
ilícitos. Veremos este tema na próxima aula, de forma mais detalhada. Por 
enquanto, é importante que se saiba: 
1) ATO LÍCITO também chamado de ato jurídico em sentido amplo (lato 
sensu) ou ato jurídico voluntário, previsto no art. 185, CC)  praticado em 
conformidade com a ordem jurídica: 
a) ATO JURÍDICO EM SENTIDO ESTRITO (stricto sensu): há a 
participação humana, voluntária, consciente e lícita. No entanto, os efeitos 
são impostos pela lei e não pela vontade das partes interessadas, não 
havendo regulamentação da autonomia privada. Não há liberdade de 
escolha nos efeitos jurídicos produzidos, pois estes são automaticamente 
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conferidos pela lei. Também é chamado de “ato não-negocial”. Assim, a 
vontade é importante formação do ato, mas não quanto à produção dos 
efeitos deste ato, uma vez que decorrem da lei. Exemplos mais comuns: 
reconhecimento de filho, fixação de domicílio, emancipação voluntária feita 
pelos pais, abandono (derrelição), ocupação, percepção de frutos de uma 
árvore, confissão, atos de comunicação processual, como a notificação, etc. 
b) NEGÓCIO JURÍDICO: há um comportamento humano e os efeitos 
desse comportamento são ditados pela própria manifestação de vontade; 
os efeitos são desejados pelas partes. Há, portanto, autonomia 
privada; autorregulação de interesses particulares, em maior ou menor 
grau. As partes podem definir os efeitos que vão ocorrer em função da 
conduta praticada. Exemplos mais comuns: contratos e testamentos. 
2) ATO ILÍCITO (ou involuntário): é o praticado em desacordo com a 
ordem jurídica (arts. 186 e 187, CC). Na realidade, muitas vezes a conduta 
é voluntária e consciente, havendo a transgressão a um dever jurídico. 
No entanto, a doutrina costuma chamar esses atos de involuntários porque 
os efeitos da sua prática é que são involuntários (ou seja, impostos 
pela lei). A consequência da prática do ato ilícito é o surgimento do dever 
de reparar o dano causado. Ao invés de criarem um direito, criam 
deveres e obrigações. Reforçando: quando se fala em fato jurídico 
involuntário, não é a conduta que é involuntária, mas sim os efeitos 
decorrentes dessa conduta. O ato ilícito pode atuar nas seguintes áreas do 
Direito: 
a) Penal: violação de um dever tipificado como crime, pressupondo 
um prejuízo causado à sociedade; desrespeitado, compromete-se a ordem 
social (norma de ordem pública); a sanção é pessoal, ou seja, é a pessoa 
do infrator imputável que irá responder pela conduta (não se transmite a 
responsabilidade a terceiros). 
b) Administrativo: violação de um dever que se tem para com a 
administração; a sanção também é pessoal. 
c) Civil: violação de um dever contratual ou legal, pressupondo um 
dano a terceiro; a sanção é patrimonial, ou seja, atinge o patrimônio do 
lesante (como regra). 
 Costuma-se dizer que enquanto o ato lícito é fonte de direito, o ato ilícito é 
fonte de responsabilidade (obrigações). 
 Observações 
01) Parte da doutrina considera que o ato ilícito se enquadra na noção de 
ato jurídico. Daí alguns editais de concurso estabelecem: “Ato Jurídico: ato lícito 
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e ilícito”. Porém a doutrina majoritária discorda. Para ela, se ato jurídico é toda 
ação humana lícita, o ato ilícito seria reservado para uma categoria própria, não 
podendo ser enquadrado como ato jurídico. Podemos concluir: o ato ilícito é um 
fato jurídico (humano), porém não é um ato jurídico. 
02) Parte da doutrina também se refere ao “ato-fato jurídico”. Não há 
previsão dessa categoria no atual Código Civil, ficando tudo no plano 
doutrinário. Seria uma categoria intermediária entre o ato da natureza e o 
fato do homem. Ocorre nas situações em que um ser humano pratica uma conduta 
lícita, sendo que esta gera uma consequência jurídica, ainda que a pessoa não 
tenha vontade que esse efeito se concretize. Trata-se do evento que, embora 
oriundo de uma conduta humana, produz efeitos na órbita jurídica, 
independentemente da vontade de os produzir (não há necessidade da vontade 
humana para a produção de efeitos). Os exemplos clássicos disso são o de uma 
criança de 10 anosque compra um doce em uma padaria ou de um louco que 
pinta um quadro que se torna uma obra de arte (ele se torna proprietário da obra 
sem ter a intenção para tanto). Em ambos os casos não há uma vontade 
direcionada à celebração de um contrato de consumo. 
Feitas essas observações vamos analisar os itens do quadro acima. O 
primeiro deles é o Fato Jurídico Natural. A doutrina também o chama de fato 
jurídico em sentido estrito ou fato jurídico stricto sensu. São expressões 
sinônimas, mas que costumam cair e confundem... 
Fato Natural é o acontecimento natural (independe da vontade 
humana) do qual decorrem efeitos jurídicos, criando, modificando ou 
extinguindo direitos. Como vimos, podem ser classificados em: 
1. Ordinários  São aqueles que normalmente ocorrem; são previsíveis. 
Pergunto: o que há de mais certo em nossa vida? – A morte! Ela ocorrerá 
independente de nossa vontade! E trará uma série de consequências jurídicas. Se 
por um lado a morte extingue a personalidade de uma pessoa, por outro lado cria 
inúmeros direitos e obrigações para os sucessores do falecido. Portanto a morte é 
o exemplo clássico de fato natural. Lógico que estou falando da morte por causas 
naturais (costumo brincar: “a morte morrida”). Pois um homicídio (brincando 
ainda: “a morte matada”) é crime, e, portanto, ato ilícito. Outros exemplos de fato 
jurídico natural ordinário: o nascimento (início da personalidade), a maioridade 
(cessação da incapacidade), o decurso de tempo que juridicamente se apresente 
sob a forma de prazo (intervalo de dois termos), a usucapião (matéria que 
pertence ao Direito das Coisas), além da prescrição e da decadência, etc. Estes 
últimos temas são importantíssimos e serão analisados de forma autônoma, ainda 
nesta aula. 
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2. Extraordinários  São causas ligadas ao caso fortuito ou à força maior, 
onde se configura uma imprevisibilidade e inevitabilidade do evento, além da 
ausência de culpa pelo ocorrido. Não há uma unanimidade dos autores para se 
conceituar e diferenciar tais institutos. Para alguns, caso fortuito seria um evento 
da natureza, imprevisível e inevitável (ex.: uma tempestade, um terremoto, um 
tsunami, etc.). Já força maior é o que decorre de uma atuação humana 
imprevisível e inevitável interferindo no ato (ex.: uma greve). Para outros o 
conceito é exatamente o inverso. Para outros ainda, o caso fortuito decorre de 
uma causa desconhecida (ex.: explosão de uma caldeira em uma usina) e na força 
maior conhece-se a causa, que é fato da natureza (ex.: raio que provoca um 
incêndio). Outros autores tratam ambos os termos como sinônimos. Sílvio Venosa 
assim leciona: “caso fortuito e força maior são situações invencíveis, que refogem 
às forças humanas, ou às forças do devedor, impedindo e impossibilitando o 
cumprimento da obrigação”. Geralmente costuma cair nas provas (especialmente 
em Direito Civil) as expressões “caso fortuito” ou “força maior” e não a situação 
propriamente dita. E quando cai a situação (ex.: um terremoto), basta o aluno 
saber classificá-la o fato como “fato jurídico natural (ou fato jurídico em sentido 
estrito – stricto sensu) extraordinário”. 
 
PRESCRIÇÃO E DECADÊNCIA COMO FATO JURÍDICO 
 
As obrigações jurídicas não são eternas. Se eu empresto determinada 
quantia em dinheiro a uma pessoa eu não posso ficar cobrando esta dívida a vida 
inteira. Eu tenho um prazo determinado para exigir o cumprimento da 
obrigação; se não cobrar dentro deste prazo não poderei mais fazê-lo. Assim, para 
que haja uma tranquilidade na ordem jurídica, fundada na necessidade de 
estabilidade social, da certeza do direito e de que as relações jurídicas não se 
prorrogam indefinidamente, surgiram os institutos da prescrição e da decadência. 
No entanto, como veremos mais adiante, alguns direitos são imprescritíveis (ex.: 
direito de reconhecimento de paternidade, direito ao nome, alimentos, etc.). 
Assim, o decurso do tempo, aliado a inércia do titular do direito, faz com 
que a situação de afronta ao direito prevaleça sobre o próprio direito. Ex.: o credor 
de uma dívida em dinheiro, que não recebeu o que lhe é devido, tem o direito de 
ajuizar uma ação para cobrar esta dívida. Mas se ele deixa de ajuizar a ação 
cabível, após certo tempo, perde o direito de fazê-lo, consolidando-se uma 
situação contrária a seus interesses, mas que ocorreu por sua própria culpa; por 
sua desídia. Há um brocardo em latim, muito conhecido, que diz: dormientibus 
non succurrit jus (o direito não socorre aos que dormem). 
O fundamento primordial dessa proteção a situações consolidadas no 
tempo (ainda que contrárias ao direito de alguém) é a paz social. Assim, impede-
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se que esta paz seja perturbada, a qualquer tempo, por quem se sinta lesado em 
algum direito. Ora, se o próprio interessado não cuidou de defender seus direitos 
no tempo estabelecido em lei, vamos interpretar esta conduta como uma 
“renúncia ao direito”, pois ele aceitou de forma inerte a afronta que lhe foi feita. 
Não se trata de achar este instituto justo ou injusto. Não é esta a preocupação da 
lei. O que se busca é uma questão de segurança jurídica, de tranquilidade e paz 
social. Ninguém se veria seguro em seus direitos, se a qualquer tempo pudesse 
vê-los na contingência de serem contestados por fatos ocorridos há muito tempo. 
 Elementos comuns da prescrição e decadência. Os dois institutos são 
causas extintivas decorrentes do não exercício de um direito em determinado 
prazo. Requisitos: a) inércia do titular do direito; b) decurso de tempo para 
o exercício desse direito. 
 Atenção  Embora o Direito Civil trace as regras gerais sobre prescrição e 
decadência, este tema é comum a todas as matérias do Direito. O Direito Penal, 
Administrativo, Tributário, Comercial, Trabalhista... todas elas tratam do assunto. 
Lógico que cada matéria possui as suas peculiaridades. Vamos dar o enfoque 
apenas sob a ótica do Direito Civil. Se cair uma questão sobre esse tema, 
observem bem em sua prova, qual ramo do Direito está sendo abordado. Reforço: 
o que vamos falar aqui se refere ao Direito Civil (embora muita coisa possa ser 
aproveitada por outras matérias). 
 Curiosidade (já vi isso cair isto em alguns concursos recentes...) 
O Código Civil anterior não mencionava a expressão decadência. Para ele tudo era 
prescrição. Ele possuía um artigo que dizia: “Prescreve... ” e elencava uma série 
de situações. Era a doutrina que analisando item por item daquela relação dizia o 
que era prescrição e o que era decadência. Mas mesmo assim, não havia um 
consenso sobre todos os temas. Resumindo: era uma bagunça... atualmente a 
matéria está mais fácil. O Código diz exatamente o que é prescrição e o que é 
decadência. Ele conceitua ambos os institutos. E menciona as situações e os 
prazos de um e outro caso. Além disso, ainda existem alguns “macetes de 
concurso” que facilitam a diferenciação. Vou mencioná-los mais adiante. 
 
 
I. PRESCRIÇÃO 
(arts 189 a 206, CC) 
 
DIREITO SUBJETIVO é a faculdade que o ordenamento reconhece a 
alguém de exigir de outrem determinado comportamento. Representa a estrutura 
da relação poder-dever, em que o poder de uma das partes corresponde ao dever 
da outra. A infração deste dever resulta (nas relações jurídicas patrimoniais) um 
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dano para o titular do direito subjetivo. Por isso, todo direito subjetivo deve 
(ou deveria) ser protegido por uma ação. No momento em que este direito é 
violado surge a possibilidade de se exigir do devedor uma ação ou omissão, que 
permite a composição do dano ocorrido. A doutrina chama este direito de exigir 
de pretensão. 
Pretensão é o bem jurídico que uma pessoa deseja alcançar por meio da 
via judicial, uma vez que a obrigação não foi satisfeita de forma extrajudicial; ou 
seja, é o poder de exigir de outrem, coercitivamente, o cumprimento de um dever 
jurídico. A pretensão é deduzida em juízo por meio de uma ação (que é o 
instrumento para se exigir a pretensão). Violado um direito nasce para o seu titular 
a pretensão. A partir daí surge a possibilidade de se fazer valer em juízo este 
direito violado e também se inicia a contagem do prazo prescricional. Portanto, o 
prazo prescricional se inicia no momento em que o direito é violado... e morre no 
último dia do prazo prescricional. Havendo violação ao direito e o titular deste 
permanecer inerte, a consequência será a perda da pretensão. 
Não confundir pretensão (possibilidade conferida ao credor de exigir do 
devedor o cumprimento da prestação) com direito de ação (direito de pedir ao 
Estado a prestação de sua atividade jurisdicional analisando o caso concreto). O 
que a prescrição extingue é a pretensão (e não a ação), que surge exatamente 
quando o direito material subjetivo é violado, porque, nesse momento, pode o 
sujeito exigir coercitivamente o cumprimento de certo dever jurídico. Já o direito 
de ação não está sujeito à prescrição, pois qualquer pessoa pode, a qualquer 
tempo, sentindo necessidade de tutela jurisdicional, recorrer ao Estado em busca 
de Justiça. 
 DIRETO AO PONTO Prescrição é a perda da pretensão do titular de 
um direito subjetivo, em virtude de sua inércia durante um prazo 
determinado previsto em lei. 
Reforçando: o que caracteriza a prescrição é que ela extingue uma pretensão 
alegável em juízo por meio de uma ação, mas não o direito propriamente dito. 
Trata-se de uma sanção aplicada a pessoa que foi negligente, pois não fez valer 
seu direito no prazo adequado, operando-se tanto em relação às pessoas naturais 
(físicas), como em relação às jurídicas. Portanto, a prescrição tem por objeto 
direitos patrimoniais e disponíveis (como exemplo as obrigações), não 
abrangendo os direitos de personalidade, os relacionados ao estado da pessoa e 
os direitos de família (que são imprescritíveis, conforme veremos adiante). Assim, 
a prescrição se por um lado extinguir determinada situação jurídica, por outro lado 
consolida relações que se prolongaram no tempo sem reclamação. 
 A quem a prescrição favorece? Ao devedor que não pagou seu débito e não 
foi acionado em tempo oportuno para fazê-lo! 
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 A quem a prescrição prejudica? Ao credor que ao ter o direito violado, pois 
o devedor não pagou a dívida, ficou inerte e não o acionou judicialmente dentro 
do prazo fixado em lei! 
Requisitos da Prescrição: a) violação de um direito e nascimento da 
pretensão (possibilidade de se ingressar com uma ação); b) inércia do titular do 
direito violado; c) continuidade desta inércia durante prazo fixado em lei (decurso 
de tempo); d) inexistência de impedimentos ou causas suspensivas ou 
interruptivas do prazo. 
Embora esta expressão seja bem técnica, precisamos mencioná-la, pois 
muitos concursos a exigem. Trata-se da actio nata. Isto é, não pode correr a 
prescrição enquanto não nascer a ação possível de ser ajuizada pela violação do 
direito. 
Vamos agora dar um exemplo completo 
Digamos que eu tenha emprestado certa quantia em dinheiro a uma pessoa, 
estabelecendo prazo de 06 (seis) meses para que a importância seja devolvida. A 
partir do momento em que eu empresto o dinheiro, surge o direito ao crédito. 
Se o devedor pagar a dívida dentro do prazo estabelecido a obrigação se extingue 
pelo seu cumprimento. Mas se ele não me pagar no prazo, haverá a violação ao 
direito de crédito. Neste momento “nasce” a pretensão (actio nata), que é a 
possibilidade de se exigir judicialmente o direito que foi violado. A partir daí eu já 
posso ingressar com uma ação pleiteando meu direito. Mas nada é eterno... eu 
tenho um prazo estabelecido na lei para fazer valer meu direito. Devo exercer 
o direito dentro desse prazo, pois se assim eu não fizer, inicia-se a contagem do 
prazo prescricional. Se eu entrar com a ação dentro do prazo, eu exerci meu 
direito. Mas... e se eu não ingressar com a ação dentro do prazo? – Ora, a minha 
pretensão de ver o crédito satisfeito prescreveu... Eu não posso mais entrar com 
a ação. Na realidade eu até “posso” entrar com a ação... mas esta ação está fadada 
ao fracasso, pois basta que a outra parte alegue (e mesmo que não alegue o juiz 
poderá reconhecer de ofício) que a ação será extinta! E eu ainda deverei suportar 
todos os encargos da ação (custas processuais, honorários advocatícios de ambas 
as partes, etc.). Com a prescrição eu perco o instrumento jurídico para fazer valer 
meu direito. Agora eu pergunto... e se o devedor pagar espontaneamente a dívida 
que estava prescrita? O pagamento valeu? E o devedor, percebendo que a dívida 
estava prescrita, pode se arrepender do pagamento que fez e pedir a devolução 
do dinheiro? Resposta: de fato, a dívida estava prescrita, mas a pessoa que pagou 
não pode mais pedir de volta o dinheiro. Se ela pagar espontaneamente a dívida 
prescrita, este pagamento valeu! E por quê? –Porque o direito material (que é o 
meu direito ao crédito, que nasceu no dia em que eu fiz o empréstimo) ainda 
existia. Ele não foi extinto pela prescrição. A pessoa ainda estava me devendo. A 
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prescrição atingiu apenas a pretensão; com a prescrição eu perdi o instrumento 
judicial para cobrar a dívida. E não o direito ao crédito. Com a prescrição perde-
se apenas o direito à pretensão (consequentemente não há mais ação para 
exercer o direito em juízo). Mas o direito em si (o direito ao crédito) ainda se 
mantém intacto (embora sem proteção jurídica). Portanto a pessoa pagou algo 
que existia, valendo este pagamento, mesmo que a ação esteja prescrita, não se 
podendo pedir a devolução da quantia paga. 
Aliás, dívida prescrita é um excelente exemplo de obrigação natural, 
isto é, de uma obrigação sem proteção judicial, pois não pode ser exigida pelo 
credor e o devedor só paga se quiser; mas, pagando, não pode pedir a restituição 
do valor desembolsado. O art. 882, CC assim prevê: “Não se pode repetir o que 
se pagou para solver dívida prescrita ou cumprir obrigação judicialmente 
inexigível” (lembrando que repetir, em sentido jurídico, significa pedir de volta). 
 Vamos recordar. A prescrição não serve para proteger o lesante. Trata-se 
de uma punição ao próprio lesado por sua inércia. Baseia-se no interesse social 
de pacificação das demandas. Ela extingue a pretensão. Extinta a pretensão 
perde-se o direito de ajuizar a ação, ou seja, perde-se o direito de resolver a 
pendência judicialmente. Todavia, o direito em si (o direito material, o direito 
propriamente dito) permanece incólume, só que sem proteção jurídica para 
solucioná-lo. 
DISPOSIÇÕESGERAIS SOBRE A PRESCRIÇÃO 
Vejamos cada item do Código Civil de forma pormenorizada: 
EXCEÇÃO (art. 190, CC) 
Determina o Código Civil: “A exceção prescreve no mesmo prazo em 
que a pretensão” (art. 190, CC). Inicialmente cabe um esclarecimento quanto a 
esta frase, em especial àqueles que não têm formação jurídica. A expressão 
“exceção” possui basicamente dois sentidos. De uma forma geral significa 
aquilo que foge à regra; que não se inclui em determinada situação; dá uma ideia 
de ressalva, de reserva, de exclusão. No entanto, na técnica jurídica o vocábulo 
significa outra coisa: indica uma forma de defesa realizada por uma das partes 
(em geral o réu) em um processo para opor-se a um direito do adversário. 
Substitua no texto legal a expressão exceção por defesa... veja como ficou mais 
fácil! 
O autor de uma ação deduz uma pretensão (exigindo do réu o cumprimento 
de um dever jurídico). E o réu pode se defender por meio de uma exceção. Muitas 
vezes esta defesa é indireta, pois o réu, sem negar categoricamente o fato alegado 
pelo autor, alega outro fato ou direito com o objetivo de elidir ou paralisar a ação 
proposta. Exemplos: o autor ingressa com uma ação (deduzindo uma pretensão: 
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cobrando uma dívida) e o réu alega como defesa que já foi processado, sendo que 
a ação foi julgada improcedente por aquele mesmo fato (neste caso falamos em 
exceção de coisa julgada); ou alega que já há uma ação pendente sobre o mesmo 
assunto (exceção de litispendência); ou que aquele juízo é incompetente para 
apreciar este tipo de questionamentos (exceção de incompetência); ou que ele 
não é parte legítima no processo (exceção de ilegitimidade processual); etc. 
Outro exemplo: “A” possui um crédito contra “B”, mas este se encontra 
prescrito. Portanto “A” não pode exigir de “B” o pagamento da dívida. Ocorre que 
“B” ingressou contra “A” uma ação cobrando este por outra dívida. Pergunta-se: 
“A” pode se defender alegando a compensação desta dívida com a outra da qual 
é credor, mas se encontra prescrita? Resposta: Não! Ora, se está prescrita a 
pretensão (o crédito de “A” contra “B”), prescrita também está a defesa (exceção), 
que no caso se daria com a compensação. Assim, se o direito não pode ser alegado 
como modalidade de ataque (pretensão), também não poderá ser invocado como 
meio de defesa (exceção: no caso a compensação). 
 Resumindo: o que o art. 190, CC quer dizer é que o prazo dado para a 
manifestação do contradireito (que é a exceção ou a defesa) é exatamente o 
mesmo que a lei estipula para que o titular da ação exerça sua pretensão. Por isso 
costuma-se dizer que “a exceção (defesa) nasce com o exercício da pretensão”. 
RENÚNCIA (art. 191, CC) 
Renúncia é um ato unilateral, produzindo efeitos sem necessidade da 
manifestação de vontade da outra parte. Uma dívida está prescrita. O credor não 
tem mais como cobrar a dívida judicialmente. Mesmo assim o devedor pode 
renunciar a esta prescrição. Dispõe a lei que esta renúncia pode ser expressa 
ou tácita, e só valerá, sendo feita sem prejuízo de terceiro, depois que a 
prescrição se consumar. Apesar de pequeno, este dispositivo é muito 
importante, cai muito nas provas e exames, além de trazer diversas consequências 
jurídicas. Vamos por partes. 
Inicialmente nosso Código não admite a renúncia prévia ou 
antecipada. Ou seja, o devedor não pode renunciar à prescrição antes dela 
ocorrer, até porque, não se pode renunciar algo que ainda não temos ou que ainda 
não existe. Ex.: Digamos que eu seja um credor. O devedor não pagou o que deve. 
Eu tenho um prazo para entrar com a ação. Mas eu não entrei com a ação no 
prazo legal. Portanto ocorreu a prescrição. Mas, mesmo prescrita a dívida, o 
devedor pode pagar o que deve. E se ele assim proceder (pagando a dívida após 
o prazo prescricional) estará renunciando à prescrição. Portanto a renúncia é um 
ato do devedor. No entanto o devedor somente pode renunciar à prescrição após 
a consumação desta. Enquanto o prazo prescricional estiver fluindo, o devedor 
não pode renunciar ela. Isto para não destruir a sua eficácia prática. Se assim não 
fosse o credor poderia inserir uma cláusula abusiva em um contrato. Ex.: o credor 
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insere no contrato uma cláusula em que o devedor renuncia (isto é, desiste do 
direito de alegar) de forma antecipada, eventual e futura prescrição. A lei proíbe 
esta conduta. Caso contrário qualquer credor poderia colocar uma cláusula no 
contrato de que o seu direito permaneceria válido e eficaz até o momento que ele, 
credor, desejasse e eventualmente ingressasse com a ação judicial. Ou seja, 
poderia propor a ação quando quisesse. 
Outra coisa: não pode haver renúncia à prescrição quando esta for em 
prejuízo de terceiros. Ex.: A deve a B e C determinada quantia (duas dívidas 
autônomas). Em relação a B a dívida está prescrita. Resta então A pagar C. No 
entanto A renuncia a prescrição em relação a B e paga sua dívida em relação a 
ele. A seguir alega que não tem mais dinheiro para pagar C. Ora, a dívida estava 
prescrita. B não tinha mais como cobrar a dívida. E A ao pagar B, renunciou à 
prescrição, mas prejudicou os direitos de C. Portanto esta conduta não é 
permitida. Trata-se de uma evidente fraude contra credores, sendo que C pode 
anular a renúncia e pedir a entrega do dinheiro para si. 
A renúncia pode ser classificada em: 
a) Expressa: o prescribente (pessoa a quem a prescrição aproveitaria; o 
devedor) abre mão do direito de forma explícita. Ex.: devedor redige um 
documento por escrito abrindo mão da prescrição; como isso possibilita-se ao 
credor acionar o devedor exigindo o crédito que estaria prescrito. 
b) Tácita: o interessado pratica determinado ato incompatível com a 
prescrição. O exemplo clássico é o próprio pagamento da dívida prescrita. Se eu 
pago uma dívida que está prescrita, eu estou renunciando tacitamente à 
prescrição. Outro exemplo é o requerimento que o devedor faz de “parcelamento 
do débito”; com esta conduta ele demonstra que quer pagar a dívida prescrita, 
embora em prestações. 
 Cuidado com as expressões usadas pelos examinadores (todas 
erradas): “não pode haver renúncia à prescrição”; “a renúncia só pode ser 
expressa”; “só pode ser tácita”; “pode ser expressa ou tácita e ocorrer antes de 
sua consumação”, etc. 
ALEGAÇÃO (art. 193, CC) 
A prescrição pode ser alegada em qualquer fase do processo, mesmo 
em grau de recurso pela parte a que aproveita, ou seja, pela parte interessada 
com a sua declaração. Uma ação geralmente é interposta perante um Juiz singular 
(primeira instância), seguindo um trâmite processual. A prescrição pode ser 
alegada em qualquer momento deste trâmite: na contestação, na audiência de 
oitiva de testemunhas, nos debates, no julgamento, etc. Após a sentença do Juiz, 
as partes podem recorrer da decisão. O processo então será encaminhado para 
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um Tribunal, que é o órgão de segunda instância. Também no Tribunal a prescrição 
pode ser arguida. 
 Atenção  A doutrina aponta que não é cabível a alegação de prescrição na 
fase de liquidação em processo de execução, nem em fase de liquidação da 
sentença. Ou seja, o processode conhecimento já se findou. Agora somente 
vamos executar o que ficou decidido anteriormente. Segundo a doutrina, não tem 
cabimento alegar a prescrição somente no momento em se vai executar o que já 
foi exaustivamente debatido. Também se tem entendido que embora o art. 193 
diga que a prescrição possa ser alegada “em qualquer grau de jurisdição”, ela não 
poderia ser alegada, pela primeira vez, perante o Superior Tribunal de Justiça 
(STJ) e o Supremo Tribunal Federal (STF), pois estes Tribunais são considerados 
como instâncias especiais e extraordinárias. Eles somente poderiam conhecer 
de recursos nos quais tenha havido prévio debate da matéria em outras 
instâncias (chamamos isso de pré-questionamento). 
EFEITOS ESSENCIAIS DA PRESCRIÇÃO 
 Um contrato não pode conter cláusula declarando que um direito é 
imprescritível. Só a lei pode fazê-lo e mesmo assim em circunstâncias muito 
especiais, conforme veremos. 
 Os prazos prescricionais não podem ser alterados pelos particulares, 
ainda que haja um acordo de vontades entre eles (art. 192, CC), seja para 
reduzi-los, aumentá-los ou mesmo suprimi-los, uma vez que se trata de 
matéria de ordem pública. Não existe prazo prescricional convencional. 
Todos os prazos prescricionais são legais. É a lei que determina em que 
prazo determinada pretensão prescreve (veremos esses prazos mais 
adiante), impedindo que eles sejam alterados. 
 Prescrevendo o principal, prescrevem todos os acessórios. 
 Antes de consumada é irrenunciável: não se pode renunciar a prescrição 
que ainda não ocorreu. 
 Os relativamente incapazes (art. 4°, CC) (art. 4°, CC) e as pessoas jurídicas 
têm direito a ação regressiva contra os seus assistentes ou representantes 
legais que derem causa à prescrição, ou não a alegarem oportunamente (art. 
195, CC). Ex.: foi nomeado um curador para um rapaz com 16 anos 
(relativamente incapaz), sendo que ele possuía um crédito vencido. O curador 
(assistente legal) sabe disso, não ingressa com a ação para cobrar o crédito 
e ocorre a prescrição. Em relação ao crédito, nada mais pode ser feito; está 
prescrito. Mas posteriormente o rapaz poderá acionar o curador em razão de 
sua não-alegação do direito. Trata-se de mais uma forma de se proteger e 
preservar o patrimônio de incapazes ou das empresas. Entende a doutrina 
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que a responsabilidade é subjetiva (é necessária a prova do dolo ou da 
negligência do agente). 
 Suspensa a prescrição em favor de um credor solidário, somente se 
suspenderá a prescrição em favor dos demais se a obrigação for indivisível. 
Ex.: Antônio se comprometeu a entregar um cavalo de raça para Bernardo e 
Carlos de forma solidária. Assim, eles são credores solidários de um bem 
indivisível (o cavalo). Se por algum motivo o prazo prescricional for suspenso 
em relação a Bernardo, este prazo, por força de lei (art. 201, CC), também 
ficará suspenso em relação a Carlos, pois a obrigação além de solidária é 
indivisível. No entanto, se a obrigação for divisível (dinheiro) a prescrição 
somente ficará suspensa em relação a Bernardo, correndo normalmente em 
relação ao outro credor. Falarei um pouco mais sobre este assunto mais 
adiante. 
Cuidado Todos os efeitos citados acima têm uma grande incidência em 
concursos públicos!!! 
Pessoas a quem aproveita 
A prescrição pode ser alegada e aproveita tanto às pessoas físicas como às 
jurídicas. A prescrição iniciada contra uma pessoa continua a correr contra seu 
sucessor (art. 196, CC), a título universal (herança) ou singular (legado). Ex.: 
Antônio tem um direito de ação em face de Bernardo. Digamos que o prazo 
prescricional é de dez anos. Passados sete anos Antônio não ingressou com a ação 
e faleceu. Neste caso Carlos, herdeiro de Antônio, disporá apenas do prazo faltante 
para exercer a pretensão (ou seja, três anos). O prazo não parou em razão da 
morte de Antônio. Ou seja, a morte não interrompe e nem suspende o prazo 
prescricional, que continua a fluir normalmente contra os sucessores. 
No entanto... (como não podia deixar de ser...) há uma exceção a essa 
regra: na hipótese em que o sucessor é absolutamente incapaz. Neste caso a 
prescrição não corre (fica impedida ou suspensa, como veremos adiante). 
Aproveitando o exemplo acima: Antônio faleceu e Carlos, seu único filho, tem 12 
anos de idade. Neste caso a morte de Antônio fará com que o prazo prescricional 
fique paralisado (suspenso) e somente se reiniciará quando Carlos completar 16 
anos (pois passa a ser relativamente incapaz). 
Finalmente em relação a este tópico: prescrevendo o direito principal, 
prescrevem também os acessórios. Exemplo: se a dívida principal prescreveu, com 
ela prescreveu também a multa contratual (trata-se da aplicação da regra, que 
aqui também se aplica, de que “os acessórios acompanham o principal"). 
 
 
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Declaração de Ofício (ex officio) 
Indagação Importante: um Juiz, no curso de uma ação judicial, pode 
reconhecer a prescrição, mesmo que a outra parte não tenha alegado, ou seja, 
mesmo que não tenha sido provocado para decidir a respeito? Ex.: digamos que 
uma eventual pretensão já esteja prescrita. Eu tenho ciência deste fato, mas, 
assumindo o risco, ingresso com a ação judicial mesmo assim... A outra parte não 
alega a prescrição (dizemos na gíria que ela “engoliu barriga” ou “comeu bola”). 
O Juiz percebe que ocorreu a prescrição. Pergunto: pode o Juiz reconhecer a 
prescrição sem que a mesma tenha sido alegada (chamamos isso de declaração 
ex officio)? 
A lei era taxativa no sentido de que o Juiz não podia suprir de ofício a 
alegação de prescrição, salvo se favorecesse a pessoa absolutamente incapaz. 
Era o que dispunha o art. 194, CC. No entanto a Lei n° 11.280 de 16 de fevereiro 
de 2006 revogou o art. 194, CC e alterou o dispositivo do anterior CPC a 
respeito. Ocorre que a redação do CPC/2015 assim dispõe sobre o tema: 
Art. 332, §1°: “O juiz também poderá julgar liminarmente improcedente o pedido 
se verificar, desde logo, a ocorrência de decadência ou de prescrição”. No entanto, 
estabelece o parágrafo único do art. 487: “Ressalvada a hipótese do §1° do 
art. 332, a prescrição e a decadência não serão reconhecidas sem que antes seja 
dada às partes oportunidade de manifestar-se”. 
Concluindo: atualmente o Juiz pode reconhecer a prescrição (e também a 
decadência) independentemente de requerimento da outra parte liminarmente 
(logo que a demanda foi proposta). No entanto, sendo a outra parte citada e 
instaurada a relação processual o juiz somente poderá reconhecer a prescrição e 
a decadência depois de dar às partes oportunidade para manifestação. 
Requisitos para se reconhecer a prescrição 
 Pretensão a ser exercida: a pretensão nasce com a violação de um direito. 
 Inércia do titular desta pretensão: não exercício do direito. 
 Decurso de prazo: continuidade da inércia durante certo lapso de tempo 
fixado em lei. 
 Ausência de algum fato ou ato a que a lei confira eficácia impeditiva, 
suspensiva ou interruptiva de curso prescricional, conforme veremos logo 
adiante. 
Causas Impeditivas, Suspensivas e Interruptivas da Prescrição 
Como vimos, violado o direito subjetivo surge a pretensão. E a partir daí 
começa a correr o prazo prescricional para se ingressar com a ação adequada. No 
entanto a lei prevê situações em que o prazo sequerinicia seu fluxo, ainda que já 
surgida a pretensão (são as causas impeditivas) ou que suspendem o curso da 
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prescrição já iniciada (causas suspensivas) ou fazem com que o prazo seja 
reiniciado (causas interruptivas). 
A relação das hipóteses impeditivas, suspensivas e interruptivas é 
taxativa. Ou seja, as causas estão expressamente previstas na lei, não se 
podendo fazer uma “interpretação extensiva”. Estas causas só podem ser 
estabelecidas por lei (trata-se de norma de ordem pública). Vejamos cada uma 
das situações previstas no Código Civil. 
 
CAUSAS IMPEDITIVAS E SUSPENSIVAS 
(arts. 197, 198 E 199, CC) 
 
A expressão “não corre a prescrição” (prevista nos artigos 197, 198, 199 
e 200, CC) indica uma causa impeditiva ou suspensiva do prazo prescricional. 
A diferença entre impedimento e suspensão é sutil. Ambas possuem o mesmo 
regime jurídico. Porém se diferenciam: 
 Causas impeditivas são circunstâncias que impedem que o curso 
prescricional se inicie, em razão do estado de uma pessoa individual ou 
familiar (atendendo a razões de confiança, amizade, parentesco e de ordem 
moral). A contagem do prazo não se inicia enquanto durar a impossibilidade 
jurídica do impedimento. Ou seja, se o prazo ainda não começou a fluir a 
causa ou obstáculo impede que ele comece. 
 Causas suspensivas são circunstâncias que paralisam temporariamente 
o prazo prescricional que já estava em curso, sem prejuízo do tempo já 
decorrido. O prazo prescricional vinha fluindo normalmente, sendo que 
ocorreu um fato que o fez paralisar. Neste momento a contagem do prazo 
fica suspensa. Superado esse fato, o prazo prescricional volta a correr de 
onde parou, aproveitando-se e computando-se o prazo já decorrido antes do 
fato. 
 Resumindo: nas causas impeditivas o prazo nem começou a contar; nas 
causas suspensiva o prazo começou a fluir, mas parou, voltando a contagem 
quando cessar o motivo da “parada”. 
Impedimento do Prazo Prescricional 
ANOS 
IMPEDIMENTO 1º 2º 3º 4º 5º 
O prazo somente começa a fluir após a cessação da circunstância que 
impede que o curso prescricional se inicie. 
 
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Suspensão do Prazo Prescricional 
 Ano Ano 
1º 2º 3º 
Prazo 
4º 5º 
 Fluxo de prazo 
prescricional de 05 anos, 
onde já decorreram 03 anos. 
Suspenso 
 Cessada a 
suspensão, o prazo 
retoma seu fluxo 
pelo saldo (no caso 
são mais 02 anos). 
NÃO CORRE A PRESCRIÇÃO: 
 Entre os cônjuges na constância da sociedade conjugal (art. 197, I, CC). 
Observem que dependendo do momento em que a dívida venceu pode ser 
hipótese de impedimento ou de suspensão do prazo. Ex.: uma mulher 
empresta determinada quantia a seu namorado. Antes do vencimento da 
dívida credora e devedor se casam (não importa saber qual o regime de bens 
adotado pelo casal). O prazo prescricional sequer se inicia, pois não corre 
prescrição na constância do casamento. É hipótese de impedimento. Se o 
marido não pagar a dívida e eles se separarem a mulher teria (ao menos em 
tese) o direito de cobrar a dívida. No entanto se a dívida venceu antes do 
casamento, o prazo prescricional já se iniciou, começou a correr... Após isso, 
sem que haja o pagamento da dívida, credora e devedor se casam. Neste 
momento o prazo fica suspenso. Se eles se separarem o prazo prescricional 
voltará a fluir pelo tempo que ainda resta. Enunciado 296 da IV Jornada de 
Direito Civil do CJF: “Não corre prescrição entre os companheiros, na 
constância da união estável”. 
 Entre ascendentes e descendentes durante o poder familiar (art. 197, 
II, CC). Exemplo: vamos supor que um casal se divorciou, sendo que eles 
tinham um filho com oito anos; a guarda do menor ficou com a mãe e o pai foi 
obrigado, por sentença judicial, a prestar pensão alimentícia mensal a seu 
filho. Ocorre que o pai nunca cumpriu a obrigação. A prescrição somente terá 
início quando o filho completar 18 anos (fim do poder familiar), pouco 
importando se o pai ou a mãe contraíram novas núpcias. 
Observação: há uma polêmica se a prescrição corre entre avós e netos, pois 
a lei foi genérica (“ascendentes e descendentes”). Não há dúvidas de que avós e 
netos estão numa relação de parentesco em linha reta. O avô é ascendente do 
neto, e, consequentemente, o neto é descendente do avô. Ocorre que o dispositivo 
legal também exige que haja uma relação de “poder familiar”. Como somente há 
poder familiar entre pais e filhos (art. 1.630, CC) entende-se que entre avô e neto 
pode correr a prescrição. E mesmo que se tratasse de tratasse de pais e filhos, 
não haveria causa de impedimento ou suspensão da fluência do prazo prescricional 
caso houvesse sido afastado o poder familiar (ex.: procedimento judicial de 
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destituição, maioridade, etc.). Neste sentido já caiu uma questão elaborada pelo 
CESPE (Advogado SERPRO – 2013). 
 Entre tutelados ou curatelados e seus tutores e curadores, durante a 
tutela ou curatela (art. 197, III, CC). É a mesma justificativa em relação ao 
menor e seus pais. Protege-se, assim, o interesse do incapaz quanto à falta de 
zelo de seus representantes legais (tutores e curadores). 
 Contra os incapazes de que trata o art. 3°, CC (art. 198, I, CC). Ex.: vamos 
imaginar que uma pessoa que é credora de outra, faleça. O de cujus (falecido) 
deixou um filho que tem oito anos de idade. Essa criança nem ao menos sabe 
de seus direitos e que têm créditos a receber. Por isso, para protegê-la, o CC 
determina que não corre prescrição contra ela, pois é absolutamente incapaz. 
Aguarda-se, assim, que complete 16 anos (e seja relativamente incapaz); 
somente a partir daí o fluxo do prazo prescricional terá início. No entanto a 
prescrição pode correr “a favor” dos absolutamente incapazes. Ex.: quando o 
incapaz é o devedor e o credor não o aciona no tempo certo; neste caso opera-
se a prescrição, pois ela foi favorável ao incapaz. 
 Resumindo: 
a) Prescrição contra absolutamente incapazes  não corre. 
b) Prescrição contra relativamente incapazes  corre normalmente. 
c) Prescrição a favor de incapazes (absoluta ou relativamente)  corre 
normalmente. 
 Contra os ausentes do País em serviço público da União, dos Estados, 
ou dos Municípios (art. 198, II, CC). 
 Contra os que se acharem servindo nas Forças Armadas, em tempo de 
guerra (art. 198, III, CC). 
 Pendendo condição suspensiva (art. 199, I, CC): acompanhem o 
desenvolvimento lógico neste exemplo: eu lhe darei um carro se você passar 
no concurso (condição suspensiva). Enquanto você não passar no concurso, 
isto é, enquanto a condição não for realizada, você não adquire o direito. Se 
não houve a aquisição do direito, ainda não há uma ação para proteger o 
direito. E se não há uma ação que se possa exercitar o prazo prescricional não 
se inicia. 
 Não estando vencido o prazo (art. 199, II, CC). Trata-se do mesmo princípio 
do item anterior. Se o prazo de uma dívida ainda não venceu, ainda não se 
pode exigir o seu pagamento. E se ainda não se pode exigi-lo o prazo 
prescricional também não pode ter início. 
 Pendendo ação de evicção (art. 199, III, CC), suspende-se também a 
prescrição em andamento.Evicção é a perda da propriedade para terceiro em 
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virtude de ato jurídico anterior e de sentença judicial. Exemplo: há um litígio 
para se saber quem é o proprietário de um imóvel. Enquanto não resolvido 
este litígio definitivamente, o prazo prescricional não pode ter início. Mais uma 
vez trata-se do princípio da actio nata (a prescrição não corre enquanto não 
nascer a ação possível de ser ajuizada). 
 Quando a ação se originar de fato que deva ser apurado no juízo 
criminal não correrá a prescrição antes da respectiva sentença 
definitiva (art. 200, CC). Ex.: foi instaurado um processo criminal em que A 
é acusado de matar B. A alega que não matou (negativa de autoria). Neste 
caso a decisão criminal irá influir no Direito Civil. Em regra, há independência 
entre as esferas criminal, civil e administrativa (art. 935, CC). Mas em algumas 
situações (ex.: a existência ou não do fato delituoso e a negativa de autoria), 
a decisão criminal faz coisa julgada no cível. Portanto, deve-se aguardar o 
desfecho do processo criminal. Somente depois que a questão for resolvida no 
Juízo Criminal (decisão final com trânsito em julgado), apontando a autoria e 
a materialidade do delito é que se inicia o prazo prescricional. No nosso 
exemplo: aguarda-se a sentença criminal. Se A for condenado criminalmente, 
a partir desta condenação inicia-se o prazo de prescrição para que os familiares 
de B ingressem com eventual ação de reparação de danos pela prática do ato 
ilícito no Juízo Cível. 
Vejamos agora um exemplo prático em relação aos efeitos da 
suspensão da prescrição: imaginem um direito qualquer, cujo prazo 
prescricional previsto na lei seja de cinco anos. Passaram-se três anos e a pessoa 
não entrou com a ação judicial adequada. Após esse período (três anos), surge 
uma causa suspensiva da prescrição. A partir deste momento o prazo fica 
paralisado, suspenso. Durante o período em que o prazo esteve parado, ele não é 
computado. Posteriormente a circunstância que fez com que o prazo fosse 
suspenso, deixou de existir. O prazo volta a correr. O credor tem direito de 
ingressar com a ação de cobrança. Mas só pelo prazo que resta. No exemplo dado 
só restam dois anos. Ou seja: cinco anos (prazo inicial) menos três anos (prazo 
que já havia ocorrido), é igual a dois anos (o que ainda resta). Assim, é esse o 
prazo que resta para se ingressar com a ação, antes do prazo fatal da prescrição. 
O prazo volta a correr contado da data em que havia parado. 
 Observação Importante 
Vamos reforçar e aprofundar um tema já visto, mas que é muito 
importante. Quando um examinador deseja tornar a prova mais difícil, utiliza o 
dispositivo previsto no art. 201, CC: “Suspensa a prescrição em favor de um dos 
credores solidários, só aproveitam os outros se a obrigação for indivisível”. 
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Se uma obrigação tiver credores solidários (ou seja, duas ou mais 
pessoas são credoras de outra e qualquer desses credores pode exigir do devedor 
a prestação por inteiro), mas o objeto é divisível (ex.: dinheiro) e ocorreu uma 
causa de suspensão de prescrição para apenas um dos credores, a prescrição 
ficará suspensa apenas em relação este credor (ou seja, em relação aos demais 
credores o prazo continua a correr normalmente). Exemplo: três pessoas são 
credoras de uma quarta de uma importância em dinheiro. Um dos credores se 
tornou absolutamente incapaz. Neste caso o prazo prescricional somente não corre 
(fica suspenso) contra o incapaz, correndo normalmente contra os demais, pois a 
obrigação de entregar dinheiro é divisível. 
Por outro lado, se a obrigação solidária for indivisível, uma vez suspensa a 
prescrição em favor de um dos credores, tal suspensão aproveitará (será 
estendida) aos demais credores. Exemplo: dois credores, sendo que um tem 13 
anos (absolutamente incapaz) têm direito de receber um cavalo puro-sangue 
reprodutor (obrigação indivisível). Neste caso o prazo prescricional somente 
começará a fluir para todos quando o incapaz completar 16 anos (pois a partir daí 
ele deixa de ser absolutamente incapaz). Isso porque, sendo o direito indivisível, 
a prescrição também fica “indivisível” (aproveita a todos). 
 Resumindo: 
Suspensa a prescrição para um dos credores solidários: 
a) Obrigação divisível (ex.: dinheiro)  a suspensão não se estende aos 
demais credores e continua a correr normalmente para eles. 
b) Obrigação indivisível (ex.: cavalo)  a suspensão se estende aos demais 
credores; o prazo prescricional fica paralisado para todos. 
 
CAUSAS INTERRUPTIVAS 
(arts. 202 a 204, CC) 
 
São circunstâncias que impedem o fluxo normal do prazo prescricional, 
inutilizando o tempo já decorrido, de modo que o prazo recomeça a correr 
a partir da data do ato que o interrompeu, ou seja, o período já decorrido é 
inutilizado e o prazo volta a correr novamente por inteiro. A contagem recomeça 
do zero. Exemplo: o prazo prescricional é de cinco anos. Após três anos de fluência 
de prazo foi o mesmo interrompido. Este prazo recomeça do zero. A parte tem 
mais cinco anos para entrar com a ação apropriada. O efeito é instantâneo: o 
prazo recomeça a correr da data do ato que a interrompeu, ou do último ato do 
processo para a interromper. 
 
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 Suspensão X Interrupção  
A grande diferença ente suspensão e interrupção da prescrição é que na 
suspensão o prazo é temporariamente paralisado, de forma que superado o fato 
suspensivo, a prescrição continua a correr computando-se o tempo que já tinha 
decorrido (recomeça a correr pelo tempo faltante). Já na interrupção a causa 
interruptiva faz com que o prazo já iniciado seja desconsiderado, começando a ser 
contado de novo desde o início. 
Outra coisa: Na interrupção, em regra, exige-se um comportamento 
ativo, uma provocação do credor (ex.: protesto ou notificação judicial). Já na 
suspensão exige-se apenas a ocorrência de um fato previsto na lei; ocorrido este, 
o prazo prescricional é suspenso de forma automática. 
São causas que INTERROMPEM a prescrição (art. 202, CC): 
 Despacho do Juiz, mesmo incompetente, que determinar a citação, se 
o interessado a promover no prazo e na forma da lei processual. Aqui é 
necessário fazer uma conexão com o novo Código de Processo Civil: Art. 240: 
A citação válida, ainda quando ordenada por juízo incompetente, induz 
litispendência, torna litigiosa a coisa e constitui em mora o devedor, ressalvado 
o disposto nos arts. 397 e 398 da Lei n° 10.406/2002 (Código Civil). §1° A 
interrupção da prescrição, operada pelo despacho que ordena a 
citação, ainda que proferido por juízo incompetente, retroagirá à data 
de propositura da ação. §4° O efeito retroativo a que se refere o §1° aplica-
se à decadência e aos demais prazos extintivos previstos em lei. 
 Protesto judicial (trata-se de uma ação judicial, na verdade uma medida 
cautelar prevista no CPC) ou protesto cambial (ou seja, o protesto 
extrajudicial de um título de crédito como o protesto de um cheque, de uma 
nota promissória ou de uma duplicata). Ambas as situações se destinam a 
prevenir responsabilidade, ressalvar e conservar direitos ou manifestar 
qualquer intençãode modo formal. Tais providências refletem um 
comportamento ativo do credor, demonstrando a sua intenção de agir, de ver 
seu crédito pago, constituindo o devedor em mora e interrompendo a 
prescrição. 
 A apresentação do título de crédito em juízo de inventário, ou em 
concurso de devedores. A habilitação do credor em inventário, na falência ou 
nos autos de insolvência civil, constitui comportamento que também 
demonstra a intenção do credor em interromper a prescrição. 
 Qualquer ato judicial que constitua em mora o devedor. Mora é o 
retardamento no cumprimento de uma obrigação. Assim, “constituir o devedor 
em mora” é um ato do credor fixando a responsabilidade do devedor no 
retardamento da obrigação. Ex.: interpelação judicial, notificação judicial, 
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ações cautelares de uma forma geral, etc. Cuidado: a notificação extrajudicial 
(feita por Cartórios – Ofícios de Registro de Títulos e Documentos) não 
interrompe o prazo prescricional. 
 Qualquer ato inequívoco ainda que extrajudicial, que importe 
reconhecimento do direito do devedor. Ex.: pagamento de uma parcela do 
débito, pedido de prorrogação de prazo para pagamento da dívida, etc. (nesta 
hipótese não há uma atividade do credor, mas sim do devedor). 
 Atenção  No Direito Civil a interrupção da prescrição só pode ocorrer 
uma única vez (art. 202, CC). Tal restrição é benéfica, evitando inúmeras 
interrupções abusivas, a má-fé e o adiamento da solução das pendências. 
Exemplo prático de uma hipótese de interrupção do prazo de prescrição: 
imaginem novamente um direito qualquer, cujo prazo prescricional seja de cinco 
anos. Passaram-se três anos e a pessoa não entrou com a ação judicial. Após esse 
prazo, surge uma causa interruptiva da prescrição (ex.: credor ingressa com uma 
notificação ou protesta um título de crédito). Neste caso o prazo “zera”, ou seja, 
volta à estaca zero. O prazo reinicia o seu curso. A pessoa tinha cinco anos para 
exercer o direito. Passaram-se três e não exerceu. Com a interrupção devolve-se 
o prazo de cinco anos para ingressar com a ação principal. Observem o quadro 
abaixo: 
 Interrupção do Prazo Prescricional 
 Ano Ano 
1º 2º 3º 1º 2º 3º 4º 5º 
 Fluxo de um prazo 
prescricional de 05 
anos, onde já 
decorreram 03 anos. 
Prazo 
Interrompido 
 Interrompido, o prazo fluirá 
por mais 05 anos; inicia-se 
novamente, mas por apenas 
uma vez mais. 
Quem pode promover a interrupção da prescrição? 
Nos termos do art. 203, CC, a interrupção da prescrição poderá ser 
promovida pelo próprio titular do direito e também por aqueles que tenham algum 
interesse jurídico (ainda que não sejam credores diretos). Assim, têm 
legitimidade para o ato: 
 O próprio titular do direito. 
 Quem legalmente o represente (ex.: assistentes dos relativamente incapazes, 
mandatários, representantes da pessoa jurídica, etc.). 
 Terceiros que tenham legítimo interesse (ex.: credor, herdeiro, fiador ou 
avalista da pessoa que tem crédito a receber e que está em via de prescrição, 
etc.). 
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Reflexos da interrupção da prescrição (art. 204, CC) 
Eis outro dispositivo que os examinadores gostam para complicar um 
pouco... Em princípio a interrupção da prescrição beneficia apenas quem a 
promove. Assim, em regra, no caso de pluralidade de credores, o fato de um 
credor promover a interrupção, tal fato beneficiará apenas quem alegou a 
interrupção, não se estendendo aos demais credores. Da mesma forma, como 
regra, se houver a pluralidade de devedores e o credor interrompeu a prescrição 
em relação a apenas um deles, este fato prejudicial não será estendido aos demais 
devedores. No entanto há exceções: 
 Se for obrigação solidária (passiva ou ativa) a interrupção efetuada contra 
um devedor atingirá (prejudicando) os demais; e a interrupção aberta por um 
dos credores atingirá (beneficiando) os demais. Isto porque na solidariedade 
os vários credores são considerados com um só credor e, da mesma forma, 
todos os devedores são considerados como um só devedor. 
 A interrupção operada contra um dos herdeiros do devedor solidário não 
prejudicará os outros herdeiros, a menos quando se tratar de obrigação 
indivisível (ex.: entrega de um cavalo). Isto porque a solidariedade não se 
transmite aos herdeiros, salvo se a obrigação for indivisível. 
 Finalmente, se um credor interrompe a prescrição contra o devedor de uma 
obrigação principal (ex.: locação), interrompe-se, também, eventual prazo 
prescricional contra o devedor da obrigação acessória (ex.: fiança). Lembrem-
se mais uma vez da regra: “o acessório segue o principal”. 
PRAZOS PRESCRICIONAIS 
Prazo prescricional é o espaço de tempo que decorre entre seu termo inicial 
e final. O art. 205, CC optou por um critério simplificado de 10 anos para o prazo 
prescricional geral, tanto para as ações pessoais como para as reais, salvo 
quando a lei não lhe haja fixado prazo menor. Assim, para sabermos em quanto 
tempo prescreve uma determinada ação, devemos proceder da seguinte forma: 
primeiramente verificamos se a ação que desejamos propor está prevista em 
algum dos parágrafos do art. 206, CC. Se encontrarmos a situação prevista em 
algum dispositivo, o prazo é o nele determinado expressamente. Porém, se 
analisamos todas as situações legais e não encontramos a ação que desejamos 
propor aplica-se a regra geral de 10 anos do art. 205, CC. Assim, temos duas 
espécies de prazo: 
 Ordinário (ou comum): 10 (dez) anos em ações pessoais (ex.: uma ação 
de cobrança que envolve duas pessoas: credor e devedor) ou reais (ex.: uma 
ação que envolve posse, propriedade, hipoteca, etc.), alusivas ao patrimônio 
do titular da pretensão. Art. 205, CC: “A prescrição corre em dez anos, 
quando a lei não lhe haja fixado prazo menor”. 
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 Especial: são prazos mais exíguos (de um a cinco anos), pois há uma 
presunção de que é conveniente reduzir o prazo geral para possibilitar o 
exercício de certos direitos de forma a evitar que acontecimentos do passado 
remoto possam ainda ser questionados. Estão previstos no art. 206 e todos 
os seus parágrafos do CC. A diferença dos prazos repousa em uma valoração 
feita pelo legislador, bem como em condições pessoais dos titulares das 
pretensões. Não se discute se eles são longos ou curtos; são fixados pela 
lei, que é a única fonte deles em nosso sistema. 
Destacamos como mais importantes (somente pelo fato de que há maior 
incidência em concursos públicos): 
 02 (dois) anos: pretensão para haver prestações alimentares, a partir da 
data em que se vencerem. É a única hipótese que prescreve em dois anos. 
Observação Importante: É interessante deixar claro que o direito aos 
alimentos é imprescritível (a fome reclama urgência!). O direito não cessa 
pelo seu não exercício. A qualquer tempo, surgindo a necessidade, eles 
poderão ser pleiteados. O que se opera é a prescrição em relação aos valores 
dos alimentos vencidos, ou seja, as prestações alimentares fixadas 
judicialmente e não pagas e nem exigidas no prazo legal. Lembrando, 
também, que o não pagamento da pensão alimentícia fixada em sentença 
judicial

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