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A LEI PENAL NO TEMPO EXTINÇÃO DA NORMA pelo decurso do tempo em que devesse vigorar (no caso das disposições transitórias); pela obtenção do escopo a que se houvesse proposto; e, pela eliminação do pressuposto que a houvesse gerado. Normalmente, porém, a norma penal se extingue pela “ABOLITIO CRIMINIS”, que poderá ser total (ab-rogação) ou parcial (derrogação). Revogada a lei penal, de forma expressa ou tácita (quando a lei se mostra em todo ou em parte incompatível com a velha), o crime resta excluído da tipologia contida na Parte Especial. Com a revogação, cessam de imediato os efeitos penais (não civis) da condenação. Art. 2º. C.P. - LEI ULTERIOR MAIS BENÉFICA A lei posterior, se de algum modo beneficiar o réu, retroagirá, transitada ou não em julgado a sentença penal condenatória (Art. 2º do C.P.). Na sistemática anterior do C.P. de 1940, antes da reforma de 1984, introduzida pelas Lei 7209 e 7210, a ”lex mitior” só teria aplicação se o fato não houvesse transitado em julgado. As formas mais benéficas que se pode perceber são as seguintes: o limite máximo da pena vem a ser reduzido, ou então o mínimo, quando o máximo permaneça inalterado; o fato é retirado do rol dos crimes para ser incluído nas contravenções; quando a nova lei passa a admitir a forma tentada, anteriormente rejeitada; se reconhecida determinada causa de licitude para o fato; passa-se a subordinar a persecução do fato à representação do ofendido; ou, são restabelecidas atenuantes genéricas. Mesmo a lei, em período de “vacatio”, não deixa de ser lei posterior, devendo ser aplicada desde logo. Também “lex intermedia”, entrada em vigor após a comissão do fato e ab-rogada no momento do julgamento, terá aplicação desde que mais favorável ao réu. PRINCÍPIOS NORTEADORES: A sucessão das leis penais se regula por dois princípios genéricos: o da irretroatividade da lei incriminadora; e, o da retroatividade da lei benéfica. Art. 3º., C.P. - LEI EXCEPCIONAL OU TEMPORÁRIA EXCEPCIONAL - quando promulgada para satisfazer e enquanto persistir situação anormal (terremoto, inundação, epidemia, guerra etc). Remediada a situação excepcional, deixa de vigorar a norma, que tem sua duração condicionada ao protraimento da situação normal. TEMPORÁRIA – é a norma cuja vigência é previamente fixada pelo legislador. Findo o período para o qual foi promulgada, deixa de existir, sem necessidade de uma nova lei ab-rogatória. Ambas são promulgadas para regulamentar situações contingentes e transeuntes. A lei excepcional ou temporária, de eficácia transitória, dispõem de ULTRATIVIDADE. Vale dizer, continuam a regulamentar fatos ocorridos durante sua vigência. Constituem, porém, exceção à regra estabelecida no Art. 2º., já que a lei mais benéfica não altera a aplicação da lei excepcional ou temporária, dado o mencionado efeito da ultratividade. Art. 4º. C.P. - TEMPO DO CRIME O C.P. adotou a teoria da ATIVIDADE, segundo a qual “considera-se praticado o crime no momento da ação ou omissão, ainda que outro seja o momento do resultado” (Art. 4º C.P.). A importância da definição da definição do tempo do crime tem a ver, por exemplo, com a definição da norma penal a ser aplicada, no reconhecimento ou não da menoridade do réu etc. assim, suponha-se que uma pessoa com idade de 17 anos, 11 meses e 29 dias efetue disparo contra alguém, que morre apenas uma semana depois. Ora, o homicídio só se consumou com a morte (quando o agente já possui 18 anos), mas o agente não poderá ser punido criminalmente, pois, nos termos do Art. 4º, considera-se praticado o delito no momento da ação (quando o agente ainda era menor de idade). no crime de homicídio, doloso a pena é aumentada de 1/3, se a vítima for menor de 14 anos. Suponha-se, assim, que o agente efetue um disparo contra uma pessoa de 13 anos, 11 meses e 29 dias, que vem a falecer depois de já haver completado os 14 anos mencionados pela lei. Será aplicável o aumento da pena. A LEI PENAL NO ESPAÇO ART. 5º C.P. - TERRITORIALIDADE Há várias teorias utilizadas para fixar o âmbito de aplicação da norma penal a fatos cometidos no Brasil: Princípio da TERRITORIALIDADE – a lei penal só tem aplicação no território do Estado que a editou. Pouco importando a nacionalidade do sujeito ativo ou passivo. Princípio da TERITORIALIDADE ABSOLUTA – só a lei nacional é aplicável a fatos cometidos em seu território. Princípio da TERRITORIALIDADE TEMPERADA – a lei nacional se aplica aos fatos praticados em seu território, mas, excepcionalmente, permite-se a aplicação da lei estrangeira, quando assim estabelecer algum tratado ou convenção internacional. Foi este o princípio adotado pelo Art. 5º do C.P.. Entende-se por território nacional, todo o espaço em que o Estado exerce sua soberania: solo, rios, lagos, mares interiores, baías, faixa do mar exterior ao longo da costa (12 milhas) e espaço aéreo. ART. 6º C.P. - LUGAR DO CRIME Teoria da UBIQUIDADE – o lugar do crime é tanto o da conduta quanto o do resultado (adotada pelo Código Penal); e, Teoria do RESULTADO – adota como regra para fixação da competência a que estabelece ser competente o foro (a comarca) na qual o crime se consumou (Art. 70 CPP). ART. 7º C.P. - EXTRATERRITORIALIDADE CONCEITO – é a possibilidade de aplicação da lei penal brasileira a fatos criminosos ocorridos no exterior. PRINCÍPIOS NORTEADORES: Princípio da NACIONALIDADE ATIVA – aplica-se a lei nacional do autor do crime, qualquer que tenha sido o local da infração. Princípio da NACIONALIDADE PASSIVA – aplica-se a lei nacional do autor do crime quando o fato delituoso for praticado contra bem jurídico de seu próprio Estado ou contra pessoa de sua nacionalidade. Princípio da DEFESA REAL – prevalece a lei referente à nacionalidade do bem jurídico lesado, qualquer que tenha sido o local da infração ou a nacionalidade do autor do delito. Princípio da JUSTIÇA UNIVERSAL – todo o Estado tem o direito de punir qualquer crime, seja qual for a nacionalidade do sujeito ativo e passivo, e o local da infração, desde que o agente esteja dentro de seu território (que tenha voltado a seu país, por exemplo). Princípio da REPRESENTAÇÃO – a lei nacional é aplicável aos crimes no estrangeiro em aeronaves e embarcações privadas, desde que não julgados no local do crime. A extraterritorialidade pode ser incondicionada (quando a lei brasileira é aplicada a fatos ocorridos no exterior, sem que sejam exigidas condições) ou condicionada (quando a aplicação da lei pátria a fatos ocorridos fora de nosso território depende da existência de certos requisitos). ART. 8º C.P. - PENA CUMPRIDA NO ESTRANGEIRO Caso a pena imposta no Brasil a uma determinada prática delitiva seja mais severa do que aquela aplicada em algum outro país estrangeiro, no qual, em razão da condenação pelo mesmo fato, o agente tenha cumprido a reprimenda, a deslocar-se de lá para cá depois de extinta a punibilidade naquele Estado, deverá cumprir no nosso país, o tempo de pena que restar, considerada a pena total, dela descontado o tempo de pena que cumpriu no exterior. Se as penas forem iguais, ou se a pena aplicada no país estrangeiro superar a nossa em quantidade, nada mais deverá ser cumprido aqui no Brasil. ART. 9º C.P. - EFICÁCIA DE SENTENÇA ESTRANGEIRA A homologação a que se refere o legislador penal compete ao Superior Tribunal Justiça (S.T.J.) e só será possível quando a aplicação da lei brasileira produzir os mesmos efeitos da lei estrangeira. Os Arts. 787 a 790 do CPP regulamentam o tema. ART. 10 C.P. – CONTAGEM DE PRAZO A forma de contagem de prazos penais está regulada pelo Art. 10 do CP, que determina que o dia do começo inclui-se no cômputo do prazo. Assim, se uma pena começa a ser cumprida às 23:30 h., os 30 minutos restantes serão contados como sendo o 1º dia. O prazo penal distingue-se do processual, pois, neste, exclui-se o 1º dia da contagem, conforme estabelece o Art. 798, § 1º, do CPP. Assim, se o réu é intimado da sentença no dia 1º. de abril, o prazo para recorrer começa a fluir apenas no dia 2 (se for diaútil). Caso não seja, será automaticamente deslocado para o primeiro dia útil subsequente. Diversamente, os prazos penais são improrrogáveis. Assim, se o prazo termina em um sábado, domingo ou feriado, estará ele encerrado naquele dia. Ao contrário, os prazos processuais prorrogam-se até o 1º dia útil subsequente. ART. 11 C.P. – FRAÇÕES NÃO COMPUTÁVEIS DA PENA Se uma pessoa for condenada a 20 dias de detenção e o juiz reduzir a pena de 2/3 (em razão da tentativa, por exemplo), o resultado final seria um dízimo (6,66). Dessa forma, nos termos do dispositivo acima mencionado, o juiz aplicará pena de 6 dias de detenção. Suponha-se, por outro lado, que o juiz fixe a pena em 10 dias-multa e, que tenha de reduzi-la em 2/3, em face da tentativa. A pena final deverá ser de 3 dias-multa. Após o trânsito em julgado da sentença condenatória, os autos irão para o contador para a devida atualização do valor. Caso o montante final não seja um número inteiro, deverão ser desprezados os centavos. Ex.: R$-55,14 (o condenado deverá pagar R$-55,00). ART.12 C.P. – LEGISLAÇÃO ESPECIAL Este dispositivo consagra a aplicação subsidiária das normas gerais do direito penal à legislação especial, desde que lá não se trate o tema de forma diferente. Ex.: o Art. 14, II, do CP, que trata do instituto TENTATIVA, aplica-se aos crimes previstos na parte especial do Código Penal e àqueles previstos na legislação extravagante, mas é vedado especificamente nas contravenções penais, porque o Art. 4º da Lei 3688/1941 declara, em um ato imperativo do legislador, que não é punível a tentativa de contravenção. JURISPRUDÊNCIA TRF-1 - APELAÇÃO CRIMINAL ACR 17184 GO 2003.35.00.017184-8 (TRF-1) Data de publicação: 27/03/2009 Ementa: PENAL.CONTRABANDO. ART. 334 DO CÓDIGO PENAL. JULGAMENTO ANTECIPADO. LEI Nº 11.719/08, ALTERAÇÃO NO ART. 397 DO CPP PELA LEI Nº 11.719 /08. NÃO APLICAÇÃO. REGRAS DE DIREITO INTERTEMPORAL NO DIREITO PROCESSUAL PENAL.ART. 2º DO CPP . CRIME DE CONTRABANDO. MOMENTO DA CONSUMAÇÃO. SENTENÇA ANULADA. 1.No Direito Processual Penal a norma geral de Direito intertemporal é expressa pelo princípio tempus regit actum, previstonoart. 2º do CPP , segundo o qual "a lei processual penal aplicar-se á desde logo sem prejuízo da validade dos atos realizados sob a vigência da lei anterior". 2. A recentemente alteração do art. 397 do CPP , que se deu com a entrada em vigor da Lei nº 11.719/08, permitindo ao magistrado, após a resposta do acusado, a absolvição sumária do réu, quando se verificar que o fato narrado evidentemente não constitui crime (art. 397 , inc. III do CPP ), somente é aplicável para os julgados proferidos após o início da vigência do referido dispositivo legal, não se aplicando, assim, ao presente julgado. 3. O crime de contrabando se consuma no instante em que a mercadoria proibida ingressa no território nacional, conforme preceitua o artigo 334 do Código Penal, aplicando-se à espécie, no que se refere às normas de aplicação da lei penal no espaço, o artigo 6º do mesmo diploma legal, segundo o qual "considera-se praticado o crime no lugar em que ocorreu a ação ou omissão, no todo ou em parte, bem como onde se produziu ou deveria produzir-se o resultado". 4. Apelação provida, anulando-se a sentença. TJ-SC - Recurso de Agravo RECAGRAV 181606 SC 2009.018160-6 (TJ-SC) Data de publicação: 10/07/2009 Ementa: EXECUÇÃO PENAL. RECURSO DE AGRAVO.LEI PENAL NO TEMPO. APLICAÇÃO DO ART. 33 , § 4º , DA LEI 11.343 /06. CAUSA ESPECIAL DE DIMINUIÇÃO DE PENA. RETROATIVIDADE DA NORMA DE DIREITO MATERIAL MAIS BENÉFICA. DOCUMENTOS COMPROBATÓRIOS NÃO JUNTADOS. EXIGÊNCIA PREVISTANOART. 587 E SEU PARÁGRAFO ÚNICO DO CÓDIGO DE PROCESSOPENAL. NÃO CONHECIMENTO. "O traslado será extraído, conferido e concertado no prazo de 5 (cinco) dias, e dele constarão sempre a decisão recorrida, a certidão de sua intimação, se por outra forma não for possível verificar-se a oportunidade do recurso, e o termo de interposição" (art. 587, parágrafo único, do Código de Processo Penal).
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