RESENHA (TRABALHO FACU..)

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RESENHA CRÍTICA
Um estudo do preconceito na perspectiva das representações sociais: análise da influência de um discurso justificador da discriminação no preconceito racial. 
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É um artigo que apresenta o resultado de um experimento realizado com uma amostra composta por 120 estudantes universitários, com idades variando entre 19 e 30 anos, todos os participantes tem um único cenário, uma gerente de uma loja de cosméticos em um Shopping Center precisava contratar uma jovem moça para integrar o quadro de vendedoras da loja, quando chega a fase final do processo seletivo que visa a contratação de uma funcionária, duas moças são finalistas, uma branca e uma negra, ambas preenchem todos os requisitos para a vaga, no momento da contratação a gerente opta pela moça branca, discriminado a moça negra.
A pesquisa propõe discutir as novas formas de manifestação do preconceito racial, considerando os avanços no marco jurídico regulatório que proíbe e responsabiliza penalmente aqueles que manifestarem explicitamente comportamentos discriminatórios racial. Entretanto, os autores observam que ao passo que se constata uma diminuição do preconceito explícito, verifica-se um crescimento na manifestação das formas de preconceito encoberto, ou implícito. E, é a partir dessa constatação que os autores buscam mensurar a presença do preconceito moderno, o qual para eles, é o resultado dos discursos ideológicos justificantes.
 Existem duas formas de preconceito, a clássica, onde os comportamentos preconceituosos acontecem de forma explícita sem nenhum impedimento e o novo, nesta forma de expressão, o preconceito é implícito, velado, a norma é observada, não há infração às normas legais as quais impõe sansões penais. São criadas portanto, estratégias para perpetuar o racismo driblando a lei, fazendo uso de discursos ideológicos justificantes, os quais acomodam e camuflam o racismo sem no entanto haja qualquer infração a lei. 
E o que é digno de observação é que os discurso ideológicos que sustentam as manifestações encobertas do racismo declaram estarem firmados por valores igualitários, mas os donos destes discursos se posicionam abertamente contra políticas sociais que estão em harmonia com valores de igualdade. Neste sentido, a pergunta norteadora da análise proposta é: de que forma o discurso justificador tem contribuído para a expressão do preconceito moderno? É uma pergunta que vai nortear as discussões propostas e que considero muito importante na medida que consegue mensurar o preconceito sentido, e que, nesta forma de manifestação a legislação não consegue penalizar.
A análise é feita através da perspectiva das representações sociais. Podemos apontar como razões para tal escolha, a possibilidade de se conhecer o imaginário social, ou seja, o senso comum. Além da representação social ser capaz de mensurar a maneira como o homem interpreta e dá significado a realidade. Estas razões fazem da perspectiva das representações sociais um meio eficaz de aferir o preconceito racial, até mesmo diante de manifestações implícitas, assim como é possível observar a influência de um discurso justificador sobre as manifestações de preconceito. Podemos emprestar como exemplo a situação colocada para os estudantes do experimento, onde a escolha do grupo de estudantes que tive acesso ao discurso justificador, se posiciona pela contratação da moça branca, enquanto o grupo de estudantes que não tive acesso ao discurso justificador afirma não ter preferência pela cor da pele para a contratação.
Na contramão das novas teorias que explicam o racismo por meio de processos psicológicos de internalização ou acomodação às normas anti racistas, no texto estudado, os autores analisam o preconceito à luz das representações sociais, em uma tentativa de compreender as expressões atuais do racismo, essas expressões são resultantes das novas teorias do senso comum, fabricadas pelos grupos sociais, como conseqüência do estabelecimento de suas relações de poder, atuando na essência das relações raciais. Portanto, o preconceito não decorre de características individuais, mas acima de tudo é o resultado do estabelecimento de relações de poder.
Naturalmente, os autores criticam a definição de preconceito que se assenta sobre as causas psicológicas, para eles explicar “o preconceito através da dinâmica da personalidade do indivíduo, [...] é negligenciar fatores situacionais e socioeconômicos que, na maioria das vezes, são muito poderosos em determinar esse fenômeno”. (PEREIRA; TORRES e ALMEIDA, 2003. p. 97). 
Vale ressaltar a importância do trabalho ao propor a compreensão do preconceito racial na perspectiva das representações sociais, concordo com a observação dos autores. Destaco a coragem e ousadia dos autores, ao negar as definições atuais, que definem o preconceito como características psicológicas, sendo que o artigo é de Psicologia Social, o comum seria confirmar a perspectiva psicológica e não nega-la. Neste sentido, a análise proposta quebra a visão hegemônica de preconceito racial. Ao afirmar que são as “representações ideológicas que justificam processos discriminatórios contra grupos minoritários”. 
Uma dessas representações pode ser observada na negação do preconceito individual e a responsabilização da sociedade pela existência do preconceito, sob essa perspectiva o preconceito é de responsabilidade abstrato, materializando-se como discurso ideológico, o qual mascara as práticas discriminatórias e ainda permite que discursos justificantes de racismo sejam construídas, ou reformatadas. Práticas discriminatórias aqui, vai além do que conceito apresentado na Aula 4 do módulo: Introdução à Psicologia, onde discriminação é compreendida como um ou mais atos inadequados contra alguém ou um grupo, ressalta-se que a discriminações pode ser apresentar das formas mais encobertas possíveis. 
A visão que os autores do artigo criticam corresponde a que aprendemos na aula 4 da disciplina de e Psicologia do Desenvolvimento Humano, e que explica o preconceito dessa maneira: [...] “são atitudes que transmitem sentimentos negativos sobre uma pessoa ou grupo com base no estereótipo. Há muitas teorias sobre o surgimento do preconceito que estão relacionadas a frustrações que são transformadas em raiva, outra teoria irá relacionar à personalidade autoritária, e outras, relacionam com a conformação.” (Rota de Aprendizagem 1. Aula 4 – Introdução à Psicologia, p. 5).