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Máquinas Hidráulicas Turbinas Hidráulicas Turbinas Hidráulicas Universidade Federal Fluminense Escola de Engenharia Máquinas Hidráulicas Turbinas Hidráulicas Universidade Federal Fluminense Centro Tecnológico Escola de Engenharia Departamento de Engenharia Mecânica Disciplina de Máquinas Hidráulicas Turbinas Hidráulicas Francis, Kaplan & Pelton Integrantes da equipe: Bruno César Tomaz de Matos Mat.: 109.40.011 Felipe do Carmo Amorim Mat.: 109.40.014 Fernando Soares Alves Mat.: 109.40.016 Gustavo Burmester Mat.: 511.970.058 Isabela Florindo Pinheiro Mat.: 109.40.023 Marcel Freitas de Souza Mat.: 109.40.031 Marcelo da Rocha Lopes Mat.: 109.40.032 Victor Capacia Mat.: 109.40.036 Turma A1 Professor orientador: Felipe Bastos de Freitas Rachid Niterói - RJ 1º Semestre de 2012 Máquinas Hidráulicas Turbinas Hidráulicas 2 Bruno César Tomaz de Matos Felipe do Carmo Amorim Fernando Soares Alves Gustavo Burmester Isabela Florindo Pinheiro Marcel Freitas de Souza Marcelo da Rocha Lopes Victor Capacia Turbinas – Francis, Kaplan & Pelton Trabalho Final da disciplina de Máquinas Hidráulicas. Palavras-chaves: Turbinas Francis Kaplan Pelton Princípio Operacional Usinas Hidrelétricas Orientador: Felipe Bastos de Freitas Rachid UFF – Escola de Engenharia Niterói - RJ 1º Semestre de 2012 Máquinas Hidráulicas Turbinas Hidráulicas 3 SUMÁRIO INTRODUÇÃO.......................................................................................................... 05 1. Máquina Hidráulica Motriz ou Turbina............................................................ 06 2. Partes principais de uma Turbina...................................................................... 09 2.1.Caixa Espiral................................................................................................... 09 2.2.Pré-distribuidor............................................................................................... 09 2.3.Distribuidor..................................................................................................... 09 2.4.Rotor e Eixo..................................................................................................... 09 2.5.Tubo de sucção.................................................................................................10 3. Classificação de turbinas hidráulicas..................................................................10 4. Projeto de Turbina para Usinas Hidrelétricas...................................................12 4.1.Barragens..........................................................................................................12 4.2.Comportas........................................................................................................ 12 4.3.Vertedouro........................................................................................................12 4.4.Casa de Máquinas.............................................................................................13 5. Turbinas Francis.................................................................................................. 14 5.1.História..............................................................................................................14 5.2.Características e Funcionamento.......................................................................14 5.3.Constituição Mecânica da Turbina Francis...................................................... 17 5.3.1. Rotor................................................................................................18 5.3.2. Distribuidor.....................................................................................19 5.4.Usina Itaipu.......................................................................................................20 5.5.Usina Hidrelétrica de Foz de Areia...................................................................22 5.6.Usina Hidrelétrica Tucuruí...............................................................................26 6. Turbinas Kaplan.................................................................................................. 30 6.1.História............................................................................................................. 31 6.2.Características e Funcionamento...................................................................... 31 6.3.Usinas Hidrelétricas..........................................................................................32 6.3.1. Usina Hidrelétrica de Jupiá..............................................................34 6.3.2. Barragem de Carrapatelo.................................................................36 6.3.3. Usina Hidrelétrica de Três Marias..................................................38 Máquinas Hidráulicas Turbinas Hidráulicas 4 7. Turbinas Pelton....................................................................................................40 7.1.História.............................................................................................................40 7.2.Princípios da Turbina.......................................................................................41 7.3.Componentes....................................................................................................45 7.3.1. Rotor...............................................................................................47 7.3.2. Distribuidor....................................................................................49 7.3.3. Defletor..........................................................................................50 7.4.Variações da Turbina Pelton de acordo com o nº de jatos..............................51 7.4.1. Turbina Pelton com um jato...........................................................51 7.4.2. Turbina Pelton com dois jatos........................................................52 7.4.3. Turbina Pelton com quatro jatos....................................................52 7.4.4. Turbina Pelton com cinco jatos......................................................53 7.4.5. Turbina Pelton com seis jatos.........................................................53 7.5.Vantagens..........................................................................................................54 7.6.Desvantagens.....................................................................................................54 7.7.Instalações da Turbina Pelton no Brasil............................................................54 7.7.1. Usina Hidrelétrica Governador Pedro Viriato Parigot de Souza.....54 7.7.2. Usina Hidrelétrica São Bernardo.....................................................55 7.7.3. Usina Hidrelétrica Cubatão 2..........................................................56 8. CONCLUSÃO...................................................................................................... 58 9. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS............................................................... 59 Máquinas Hidráulicas Turbinas Hidráulicas 5 INTRODUÇÃO Este trabalho foi desenvolvido como projeto final da disciplina de Máquinas Hidráulicas, tendo como professor orientador Felipe Bastos de Freitas Rachid. Seus autores são alunos do curso de graduação de Engenharia Mecânica, sendo eles: Bruno César Tomaz de Matos, Fernando Soares Alves, Felipedo Carmo Amorim, Gustavo Burmester, Isabela Florindo Pinheiro, Marcel Freitas de Souza, Marcelo da Rocha Lopes e Victor Capacia. O tema abordado para o trabalho final está relacionado com as turbinas hidráulicas e sua área de atuação tanto ao nível nacional quanto ao nível internacional. No presente trabalho, são expostos os mecanismos de funcionamento dos três tipos de turbinas (Francis, Kaplan e Pelton) assim como três exemplos de usinas hidrelétricas que cada uma delas e suas características técnicas. Para a disciplina de Máquinas Hidráulicas, o dimensionamento do nosso estudo para as Turbinas Hidráulicas constitui-se como etapa final para o desenvolvimento dos conhecimentos, conceitos e formulações apresentadas em mecânica dos fluidos, relacionando-os às máquinas de fluxo, sistemas e equipamentos utilizados no campo prático, facilitando a compreensão do funcionamento e análise do desempenho. Máquinas Hidráulicas Turbinas Hidráulicas 6 1. MÁQUINA HIDRÁULICA MOTRIZ OU TURBINA As turbinas hidráulicas são projetadas para transformar a energia mecânica (a energia de pressão e a energia cinética) de um fluxo de água, em potência de eixo. Atualmente são mais encontradas em usinas hidrelétricas, onde são acopladas a um gerador elétrico, o qual é conectado à rede de energia. Contudo também podem ser usadas para geração de energia em pequena escala, para as comunidades isoladas. As turbinas hidráulicas dividem-se entre quatro tipos principais: Pelton, Francis, Kaplan, Bulbo. Cada um destes tipos é adaptado para funcionar em usinas, como uma determinada faixa de altura de queda. As vazões volumétricas podem ser igualmente grandes em qualquer uma delas, mas a potência será proporcional ao produto da queda (H) e da vazão volumétrica (Q). Em todos os tipos há alguns princípios de funcionamento comuns. A água entra pela tomada de água, a montante da usina hidrelétrica que está num nível mais elevado, e é levada através de um conduto forçado até a entrada da turbina. Lá a água passa por uns sistemas de palhetas guias móveis, que controlam a vazão volumétrica fornecida à turbina. Para se aumentar a potência, as palhetas se abrem, para diminuir a potência elas se fecham. Após passar por este mecanismo, a água chega ao rotor da turbina. Nas turbinas Pelton, não há um sistema de palhetas móveis, e sim um bocal com uma agulha móvel, semelhante a uma válvula. O controle da vazão é feito por este dispositivo. Por transferência de quantidade de movimento parte da energia potencial dela, é transferida para o rotor na forma de torque e velocidade de rotação. Devido a isto a água na saída da turbina está a uma pressão pouco menor que a atmosférica, e bem menor do que a inicial. Após passar pelo rotor, um duto chamado tubo de sucção, conduz a água até a parte de jusante do rio, no nível mais baixo. As turbinas Pelton, têm um princípio um pouco diferente (impulsão), pois a pressão primeiro é transformada em energia cinética, em um bocal, onde o fluxo de água é acelerado até uma alta velocidade, e em seguida choca-se com as pás da turbina imprimindo-lhe rotação e torque. As turbinas hidráulicas podem ser montadas com o eixo no sentido vertical. Um mancal de escora suporta todo o peso das partes girantes da turbina e do gerador que é montado logo acima dela. Em PCH (Pequena Central Hidrelétrica) turbinas são fabricadas com eixo na horizontal. Máquinas Hidráulicas Turbinas Hidráulicas 7 Normalmente, devido ao seu alto custo e necessidade de serem instaladas em locais específicos, as turbinas hidráulicas são usadas apenas para gerar eletricidade. Por esta razão a velocidade de rotação é fixada num valor constante. A potência de uma turbina pode ser calculada pela seguinte expressão: 𝑃 = 𝜌𝑄𝐻𝑔𝜂 O índice η é a eficiência total da turbina. A eficiência é a fração da energia total da fonte de energia primária (no caso a água) que é convertida em energia útil (no caso potência de eixo). As principais causas da "perda" de energia nas turbinas são: ü Perdas hidráulicas: a água tem que deixar a turbina com alguma velocidade, e esta quantidade de energia cinética não pode ser aproveitada pela turbina. ü Perdas mecânicas: são originadas por atrito nas partes móveis da turbina e calor perdido pelo aquecimento dos mancais. Tipicamente turbinas modernas têm uma eficiência entre 85% e 99%, que varia conforme a vazão de água e a potência gerada. O gráfico abaixo mostra a relação Potência X Altura de queda dos 3 tipos de turbina hidráulica: Fonte:http://meusite.mackenzie.com.br/mellojr/Turbinas%20Hidr%E1ulicas/CAP%CDTULO%203REV.htm Máquinas Hidráulicas Turbinas Hidráulicas 8 O próximo gráfico demonstra as diferenças de altura e vazão entre os três principais tipos de turbina (Francis, Kaplan e Pelton), seguido de uma tabela demonstrativa: Fonte: http://www.hidroenergia.com.br/img/adequacao/12010-03-09-15-46-14.png Fonte: http://meusite.mackenzie.com.br/mellojr/Turbinas%20Hidr%E1ulicas/CAP%CDTULO%203REV.htm Máquinas Hidráulicas Turbinas Hidráulicas 9 2. PARTES DE UMA TURBINA Uma turbina é constituída basicamente por cinco partes: caixa espiral, pré- distribuidor, distribuidor, rotor e eixo, tubo de sucção. 2.1.Caixa espiral É uma tubulação de forma toroidal que envolve a região do rotor. Esta parte fica integrada à estrutura civil da usina, não sendo possível ser removida ou modificada. O objetivo é distribuir a água igualmente na entrada da turbina. É fabricada com chapas de aço carbono soldadas em segmentos. A caixa espiral conecta-se ao conduto forçado na secção de entrada, e ao pré-distribuidor na secção de saída. 2.2.Pré-distribuidor A finalidade do pré-distribuidor é direcionar a água para a entrada do distribuidor. É composta de dois anéis superiores, entre os quais são montados um conjunto de 18 a 24 palhetas fixas, com perfil hidrodinâmico de baixo arrasto, para não gerar perda de carga e não provocar turbulência no escoamento. É uma parte sem movimento, soldada à caixa espiral e fabricada com chapas ou placas de aço carbono. 2.3.Distribuidor O distribuidor é composto de uma série de 18 a 24 palhetas móveis, acionadas por um mecanismo hidráulico montado na tampa da turbina (sem contato com a água). Todas as palhetas tem o seu movimento conjugado, isto é, todas se movem ao mesmo tempo e de maneira igual. O acionamento é feito por um ou dois pistões hidráulicos que operam numa faixa de pressão de 20 bar nas mais antigas, até 140 bar nos modelos mais novos. O distribuidor controla a potência da turbina pois regula vazão da água. É um sistema que pode ser operado manualmente ou em modo automático, tornando o controle da turbina praticamente isento de interferência do operador. 2.4.Rotor e eixo O rotor da turbina é onde ocorre a conversão de energia hídrica em potência de eixo. Máquinas Hidráulicas Turbinas Hidráulicas 10 2.5.Tubo de sucção Duto de saída da água, geralmente com diâmetro final maior que o inicial, desacelera o fluxo da água após esta ter passado pela turbina, devolvendo-a ao rio parte jusante da casa de força. Fonte: http://ga.water.usgs.gov/edu/graphics/hydroturbine.jpg 3. CLASSIFICAÇÃO DE TURBINAS HIDRÁULICAS As turbinas hidráulicas são classificadas de acordo com o processo de conversão da energia hidráulica em energia mecânica como: ü Turbinas de Ação: Transformam energia cinética em energia mecânica à pressão constante, normalmente à pressão atmosférica. Exemplo: Turbinas Pelton.ü Turbinas de Reação: A água tem a pressão variando desde a entrada da turbina até a saída, havendo a seguinte conversão de energia: 𝐸𝑐𝑖𝑛é𝑡𝑖𝑐𝑎 → 𝐸𝑝𝑟𝑒𝑠𝑠ã𝑜 → 𝐸𝑚𝑒𝑐â𝑛𝑖𝑐𝑎 Máquinas Hidráulicas Turbinas Hidráulicas 11 Podem ser de dois tipos: Axial (fluxo da água é paralelo ao eixo do rotor) e Mista (fluxo na entrada do rotor é radial e após interagir com ele sofre um desvio e passa a ser axial na saída) Exemplo: Turbinas Francis, Turbinas Hélice, Bulbo e Kaplan. Turbina Pelton Fonte:http://www.cmchydro.es/images/turbina-pelton-1.jpg Turbina Francis Fonte: http://www.hidroenergia.com.br/img/francis/12010-03-09-15-39-27.png Turbina Kaplan Fonte: http://mw2.google.com/mw-panoramio/photos/medium/11793894.jpg Máquinas Hidráulicas Turbinas Hidráulicas 12 4. PROJETO DE TURBINA PARA USINAS HIDRELÉTRICAS O projeto de uma turbina hidráulica é específico para cada usina hidrelétrica. Isto se deve ao fato de que a seleção de uma turbina hidráulica é baseada na queda e vazão disponíveis no local onde a turbina será instalada, o que resultará em máquinas com rotações, diâmetros e potências diferentes, resultando em projetos quase que exclusivos para cada Usina. 4.1.Barragens São construídas, principalmente, para represar a água para captação e desvios, elevar o nível da água para aproveitamento elétrico e navegação, e regularizar as vazões e amortecimento de ondas de enchentes. A solução técnica para a escolha do tipo de barragem depende do relevo, da geologia e do clima do local. Fonte: http://1.bp.blogspot.com/-VLsgQcpsS7s/TcH0XqsYiQI/AAAAAAAAADQ/5WoBa5RYVn4/s1600/usina-itaipu-binacional.jpg 4.2.Comportas Permitem isolar a água do sistema final de produção da energia elétrica, tornando possíveis, por exemplo, trabalhos de manutenção. 4.3.Vertedouro Em hidráulica, vertedouro é um canal artificial executado com a finalidade de conduzir seguramente a água através de uma barreira, que geralmente é uma barragem, ou ele é destinado a auxiliar na medição da vazão de um dado fluxo de água. O excesso de água acumulada em um reservatório de uma barragem, de uma usina hidrelétrica, água essa que não é aproveitada na geração de energia elétrica, deve ser drenada pelo vertedouro. Máquinas Hidráulicas Turbinas Hidráulicas 13 4.4.Casa de máquinas Prédio onde estão instados os geradores de energia elétrica e suas respectivas turbinas, bem como os seus auxiliares como bomba de óleo, compressor, e etc. Fonte: http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/8/8a/Walchenseewerk_Pelton_120.jpg Máquinas Hidráulicas Turbinas Hidráulicas 14 5. TURBINA FRANCIS 5.1.História A turbina Francis foi idealizada em 1849, tendo o nome do seu inventor, sendo que a primeira turbina foi construída pela firma J. M. Voith em 1873, passando desde então por aperfeiçoamentos constantes, como a utilização das pás diretrizes, também chamadas de pás Fink (SARRETE, I. Lana, 1956). Tem sido aplicada largamente, pelo fato das suas características cobrirem um grande campo de rotação específica. Atualmente se constroem para grandes aproveitamentos, podendo ultrapassar a potência unitária de 750 MW. As turbinas construídas entre 1930 a 1950 não possuíam rendimentos superiores a 85%, hoje ultrapassam a 92% para grandes máquinas. Turbina Francis de 100HP (em azul) Fonte: http://www.alterima.com.br/index.asp?InCdSecao=35 5.2.Características e Funcionamento Nas turbinas de impulso, a alta pressão do conduto forçado se transforma em quantidade de movimento ,de modo que não ocorre queda de pressão na turbina. Na turbina de reação, por outro lado, uma parte da queda de pressão ocorre no injetor e o Máquinas Hidráulicas Turbinas Hidráulicas 15 restante se dá na própria turbina. Consequentemente a água ocupa completamente a cavidade ocupada pelo rotor e, ao fluir por ela transfere tanto energia de pressão quanto energia cinética às pás do rotor. Como todas as pás da turbina são envolvidas nesse processo de transferência de energia o diâmetro de uma turbina de reação é menor do que de uma turbina de impulso de capacidade equivalente. A maior parte das turbinas de reação em uso corrente é do tipo de fluxo radial, conhecidas como turbinas Francis. Na mesma, a água sob pressão entra em um condutor em espiral - “Caracol” - que circunda as pás móveis e flui através das pás fixas na direção radial para o interior da turbina. A água então passa pelo rotor no sentido descendente, exercendo pressão sobre as pás móveis, desta forma acionando o rotor da turbina. O gerador é normalmente acionado pelo próprio eixo da turbina. Encontram-se turbinas de reação tanto de eixo horizontal quanto de eixo vertical, porém este é muito mais comum. O projeto de turbinas Francis é bastante versátil, sendo aplicável a instalações com altura de queda de menos de 10 m até cerca de 250 m. Arranjo típico de uma turbina Francis de eixo vertical Fonte: http://www.infoescola.com/fisica/como-funciona-uma-hidreletrica/ O controle para uma turbina de reação é exercido sob a forma de aletas-guia móveis, chamadas coletivamente de distribuidor, por onde a água flui antes de alcançar o rotor da turbina.A posição do rotor pode fazer com que a água tenha uma velocidade Máquinas Hidráulicas Turbinas Hidráulicas 16 tangencial, quando passa pelo rotor da turbina. Nesta posição, que corresponde normalmente a 80-90% da abertura total, o rotor opera em sua eficiência máxima. Em qualquer outra parte do distribuidor, uma parte da energia é perdida devido a uma angulação menos eficiente do fluxo de água. Por mais bem projetado que seja o distribuidor, não é incomum que ocorram vazamentos na posição completamente fechada, já que o mesmo está sujeito a uma pressão integral do conduto forçado. Por esta razão uma válvula de fechamento é frequentemente instalada a montante da turbina para permitir o desligamento total da unidade. O duto de sucção é uma parte integral e importante da turbina de reação e tem duas finalidades: permite que o rotor da turbina fique acima do nível de descarga e reduz a velocidade de descarga de modo a reduzir as perdas de energia cinética. Na figura anterior, o duto de sucção é o tubo encurvado a 90o abaixo do rotor da turbina. A importância do duto de sucção torna-se evidente quando se considera a energia da água que deixa o rotor. Em alguns projetos, esta energia pode ser cerca de 50% da energia total disponível. Sem o duto de sucção, esta energia cinética seria perdida. Contudo, com o duto de sucção completamente vedado ao ar, forma-se um vácuo parcial devido à alta velocidade da água. Esta baixa pressão tende a aumentar a queda de pressão, nas pás do rotor aumentando assim a eficiência global da turbina. O controle de velocidade de uma turbina de reação é feito através da alteração da posição do distribuidor. As comportas do distribuidor são defletidas simultaneamente através da rotação de um ‘’anel de comando ‘’ na qual cada comporta está articulada. A força necessária para movimentar esse conjunto é considerável ,sendo usualmente necessário o uso de servo-motores para este fim. Um segundo dispositivo de controle usado em turbinas de reação é o regulador de pressão ou válvula de alívio, que é uma válvula acionada pelo anel de comando do distribuidor. Se há uma rejeição brusca de carga e o distribuidor é fechado muito rapidamente em resposta ao comando do regulador de velocidade, o regulador de pressão é aberto rapidamente.Isto evita a ocorrência do golpe de aríete (variações de pressão decorrente de variações da vazão) contra o distribuidor. O regulador de pressão em seguida fecha lentamente para levar a água ao repouso de forma gradual. Máquinas Hidráulicas Turbinas Hidráulicas 17 5.3.Constituição Mecânica da Turbina Francis Em essência e como em qualquer outra turbina,a turbina Francis também é constituída basicamente por duas peças principais: - O rotor: órgão giratório sobre o qual age a água a qual foi conduzida a ele pelo distribuidor. - O distribuidor: órgão fixo, constituído de pás ( móveis em torno de seu eixo) que formam canais, através dos quais se conduz a vazão turbinada para o rotor. Nas duas peças principais da turbina Francis, se soma ainda caixa espiral ou voluta (que circunda o distribuidor) à qual compete a tarefa de recolher a vazão e encaminhá-la ao distribuidor. Esquemático em corte da turbina Francis – eixo vertical Fonte: Apostila de Centrais Elétricas Puc Minas-2000 Máquinas Hidráulicas Turbinas Hidráulicas 18 Turbina Francis,principais partes Fonte: Apostila de Centrais Elétricas Puc Minas-2000 5.3.1. O Rotor: De acordo com a constituição física, encontraremos três tipos de rotores Francis: Lento (pás aproximadamente retas), Rápido (pás bem encurvadas) e Normal ( situação intermediária). Tipos de rotores: lento,normal e rápido Fonte: http://pt.scribd.com/doc/19707548/maquinas-hidraulicas Essa tendência de construir rotores mais velozes ( com velocidades específicas cada vez mais altas ) chegou ao ponto da construção de rotores do tipo Francis extra- rápidos ( Ns = 450 rpm). Máquinas Hidráulicas Turbinas Hidráulicas 19 Tipos de rotores: lento,normal , rápido e ultra-rápido Fonte: Apostila de máquinas de fluxo Prof. Dr. Emílio Carlos Nelli Silva- Escola Politécnica da USP Mecanicamente e independente do seu tipo o rotor Francis é constituído por uma série de pás normalmente fundidas conjuntamente (rotores menores) ou separadamente e depois soldadas (rotores maiores) ao cubo do rotor, formando um todo,por onde a água penetra radialmente incidindo sobre suas pás e saindo na direção preponderantemente axial. Quanto ao material comumente utilizado na fabricação dos rotores Francis, é comum o emprego de: aço inoxidável ou aço doce, aço fundido ou bronze. O aço tem a vantagem de ter seus defeitos de fundição ou desgaste corrigidos por soldas elétricas. Quando as condições justificam o custo, emprega-se o rotor fundido em aço inoxidável, com porcentagem de 12-14% de cromo. Esta liga apresenta grande resistência à corrosão cavital e à erosão comum. 5.3.2. O Distribuidor: Para as turbinas Francis,assim como para qualquer outra turbina de reação,o distribuidor empregado é o tipo Fink. Máquinas Hidráulicas Turbinas Hidráulicas 20 5.4.Usina Itaipu Fonte: http://blogdaelianegomes.blogspot.com.br/2009/11/usina-hidreletrica-de-itaipu.html A Usina Hidrelétrica de Itaipu (Guarani: Itaipu, Espanhol: Itaipú), é uma usina hidrelétrica binacional localizada sobre o Rio Paraná, na fronteira entre Brasil e Paraguai. Construída por ambos os países no período de 1975 a 1982, Itaipu é hoje a maior usina geradora de energia do mundo. Seu nome, que na língua guarani significa "a pedra que canta", fazia referência à uma pequena ilha que havia perto da construção. Com seu lago perfazendo uma área de 1350 km², indo de Foz do Iguaçu, no Brasil, e Ciudad del Este, no Paraguai, até Guaíra e Salto del Guairá, 150 km ao norte, além de suas 20 unidades geradoras de 700 MW cada, Itaipu tem uma potência de geração de 14.000 MW. No ano de 2008, a usina atingiu seu recorde de produção, com 94,68 bilhões de quilowatts-hora (kWh), fornecendo 90% da energia consumida pelo Paraguai e 19% da energia consumida pelo Brasil. Cálculos para perguntas: Ø O fator de produtibilidade de Itaipu é igual a 1,0647 MW/m3/s; Ø O rendimento do conjunto turbina gerador é de 92%; Ø A potência nominal de cada turbina é de 700 MW, Vazão nominal de cada turbina: Máquinas Hidráulicas Turbinas Hidráulicas 21 Portanto, a vazão nominal por turbina será de aproximadamente: Por sua vez, a queda nominal será dada por: Cálculo da velocidade específica: “Define-se como rotação específica, ou ainda velocidade específica, o número de rotações por minuto de uma turbina unidade, tomada como padrão da turbina dada, e que representa todas as que lhe forem geometricamente semelhantes, desenvolvendo a potência de P = 1 HP, sob uma queda Hu = 1 m.”. Em função da vazão: n! = n. 𝑄!/!𝐻!!/! n! = 90,9. (657,5)!/!(118)!/! n! = 65,1 • Queda hidráulica: Queda Bruta Normal: 118 m. • Vazão: Vazão Nominal Unitária: 657 m³/s A vazão máxima do vertedouro de Itaipu (62,2 mil metros cúbicos por segundo). • Número de Turbinas: Existem 20 unidades geradoras, sendo dez na frequência da rede elétrica paraguaia (50 Hz) e dez na frequência da rede elétrica brasileira (60 Hz). • Rotação: 90,9/92,3 RPM. Máquinas Hidráulicas Turbinas Hidráulicas 22 • Potência de instalação: As unidades de 50 Hz têm potência nominal de 823,6 MVA, fator de potência de 0,85 e peso de 3.343 toneladas. As unidades de 60 Hz têm potência nominal de 737,0 MVA, fator de potência de 0,95 e peso de 3.242 toneladas. • Velocidade Específica: 230 m/s • Localização: Localizada no Rio Paraná, na fronteira entre o Brasil e o Paraguai. 5.5.Usina Hidrelétrica de Foz do Areia Fonte: http://m.albernaz.sites.uol.com.br/principaisusinas.htm A Usina Hidrelétrica de Foz do Areia é uma usina brasileira do estado do Paraná. O projeto hidrelétrico Foz do Areia foi implantado com dois objetivos de igual importância. O primeiro corresponde à criação de um grande reservatório regulador de vazões a montante dos demais projetos executados no rio Iguaçu. E o segundo, ao de geração de energia elétrica com potência instalada de 2.500 MW. No local do projeto a bacia drenada é de 29.800 km² e a vazão média natural e de 544 m³/s. O projeto inclui uma barragem de enroscamento compactado, impermeabilizada por face de concreto. Esta solução foi imposta pela falta no local de argila que pudesse ser usada como núcleo, e também porque o regime pluvial não permitia um cronograma de construção flexível se fosse adotado o uso de argila, uma vez que o avanço das escavações e a construção da parte de enroscamento ficariam dependentes do avanço do núcleo de argila. Máquinas Hidráulicas Turbinas Hidráulicas 23 O vertedouro está localizado na margem esquerda e a Casa de Força e suas obras de adução e saída estão localizadas na margem direita. Para construir a barragem, o rio foi desviado por meio de túneis de desvio e enredadeiras. O vertedouro é do tipo de superfície, controlado por quatro comportas. A subestação e do tipo abrigada, compacta, isolamento SF 6, próxima da Casa de Força. Além dessas obras foram construídos acampamentos, pontes, aeroporto e estradas de acesso. • Reservatório: Nível máximo operacional 774,0 m; Nível máximo excepcional 745,5 m; Nível mínimo operacional 698,0 m; Volume total 8.300.000.000 m³ Volume útil 5.600.000.000 m³ Comprimento aproximado 100 km Área inundada 167 km² • Canal de Fuga Nível máximo normal 607,0 m Nível máximo excepcional 617,5 m Nível médio normal 605,0 m Nível mínimo normal 602,0 m • Barragem principal Enrolamento compactado com face de concreto Altura máxima 160m Comprimento da crista 828 m Largura da crista 12 m Largura máxima na fundação 400 m Volume total do enrolamento 13.340.000 m³ Volume total de concreto 81.150 m³ • Vertedouro Tipo de superfície controlado por comportas; estrutura de concreto armado com crista, pilares, ponte, canal e defletor. Comprimento total 400 m Altura máxima acima da fundação 30 m Máquinas Hidráulicas Turbinas Hidráulicas 24 Largura de cada comporta 14,5 m Quantidade de comportas 4 Altura de cada comporta 18.5 m Capacidade máxima de descarga 11.000 m³/s • Canal de adução Comprimento 400 m Largura do fundo 90 m Tomada de água Estrutura de concreto armado apoiada em rocha Comprimento 108 m Altura máxima 70 m • Comportas: - tipo plana - quantidade 4 - dimensões 7,4 x 7,4 m • Casa de força: Tipo semi-abrigada Potencia máxima: - instalação inicial: 4 unidades de 418,5 MW 1.674,0 MW - instalação final: 6 unidades de 418,5 MW. 2.511,0 MW Capacidade máxima da ponte rolante 800 ton. Capacidade da ponte auxiliar 50 ton. • Subestação Tipo externa, blindada, isolamento SF 6 Tensão máxima de operação 550 kV Nível básico de isolamento 1.550 kV Corrente nominal 3.000 A Quantidade de disjuntores 10 Capacidade de interrupção 50 k A Quantidade de transformadores monofásicos 19 Máquinas Hidráulicas Turbinas Hidráulicas 25 Potência de cada transformador 155 kVA Tensão 16,5 - 552/ V3 kV • Turbinas: Tipo Francis, eixo vertical Potência máxima 585.000 CV Queda nominal 120 m Queda máxima 135 m Vazão nominal 304 m³/s Vazão máxima 349 m³/s Velocidade sincrona 126 rpm • Rotor: - Diâmetro máximo 6.024 mm - Altura 2.615 mm - Peso 120 ton - Velocidade específica: 3071 • Geradores Tipo Umbrella, trifásico Potência nominal 415.000 kVA Elevação de temperatura acima de 40 °C ambiente 80 °C Fator de potência 0,9 Tensão nominal 16,5 kV Freqüência 60 Hz Máquinas Hidráulicas Turbinas Hidráulicas 26 5.6.Usina Hidrelétrica Tucuruí Fonte: http://ucel.eln.gov.br/portal/reg_tucurui_hidre.php • Localização Rio Tocantins, Estado do Pará, à 300 km em linha reta de Belém. • Capacidade instalada 1ª ETAPA 12 UNIDADES 350 MW MAIS 2 UNIDADES AUXILIARES DE 20 MW= 4275MW, 2a ETAPA 11 UNIDADES DE 375 MW= 4125MW. • Dados hidrológicos Área de drenagem do rio Tocantins 758 000 Km² Vazão máxima registrada 68 400 m³/s Descarga de projeto para desvio 56 000 m³/s Descarga de projeto do vertedouro 100 000 m³/s Descarga limite 110 000 m³/s • Reservatório NA máximo normal 74m NA máximo maximorum 75,3m NA mínimo operacional 51,6m Cota da crista 78m Área inundada no NA máximo normal 3007km2 Volume total acumulado (cota 72m) 45.500hm3 Volume total acumulado (cota 74m) 50.275hm3 Volume útil 35.320hm3 Máquinas Hidráulicas Turbinas Hidráulicas 27 Cota de coroamento das estruturas 77,578,0m Queda líquida nominal 60,8m. • Tomada d'água e Casa de Força Primeira etapa Tipo de tomada d'água Incorporada à barragem Tipos de casas de força Abrigada Comprimento da tomada d'água 366m Comprimento da casa de força 375m Comprimento da casa de força incluído área de montagem 530m Número de comportas planas 12 Diâmetro do conduto 10,40m • Tomada d'água e Casa de Força Segunda etapa Tipo de tomada d'água Incorporada à barragem Tipos de casas de força Abrigada Comprimento da tomada d'água 353m Comprimento da casa de força 353m Número de comportas planas 12 Diâmetro do conduto 11,40m • Turbinas dos Grupos Principais Tipo Francis • Quantidade na 1ª etapa 12 Potência máxima exigida 350MW Capacidade para queda nominal 316MW Capacidade para queda mínima 250MW Rotação nominal 81,8rpm Descarga turbina para queda nominal 576m³/s Queda normal 60,80m Diâmetro rotor 8,10m Engolimento nominal 575m³/s • Quantidade na 2ª etapa 11 Potência máxima exigida 375MW Rotação nominal 81,8rpm Queda nominal 61,7m Máquinas Hidráulicas Turbinas Hidráulicas 28 Diâmetro do rotor 8,46m Engolimento nominal 679m³/s • Turbinas dos Grupos Auxiliares Número 2 Tipo Francis Capacidade Nominal 20 mw Queda nominal 60,80m Rotação 327,27 rpm Engulimento nominal 39,50 m³/s Velocidade específica: 4881 • Níveis d'água de Jusante NA máximo excepcional 24,5m NA máximo normal (12 turbins operando) 6,8m NA mínimo normal (3 turbinasoperando) 3,96m • Barramento (1ª Etapa) Altura máxima 95m Cota crista 78m • Comprimentos Barramento final no eixo 8 005m Estruturas de concreto 1 190m Eclusa (cabeça de montante emconcreto) 244m Barragens de terra/enrocamento e diques 6 571m • Volumes Estruturas de concreto 6.247.237m3 Eclusa (cabeça de montante em concreto) 0,4x106m3 Barragens de terra/enrocamento e diques 80.864.890m3 Escavações 50.223.118m3 • Vertedouro Tipo salto de esqui,comportas de segmento Comprimento 580m Altura máxima 86,5m Número de comportas de 20 x 21m 23 Máquinas Hidráulicas Turbinas Hidráulicas 29 Número de adufas de desvio de 6,5 x 13m 40 Capacidade de descarga 110.000m3/s • Barragens de Terra e de Enrocamento e Diques Barragens da margem esquerda 18,8x106m3 Barragens do canal do rio e da margem direita 33,2x106m3 Diques 2,4 x106m3 • Barragem de Gravidade primeira etapa e Área de Montagem Comprimento dos blocos de gravidade 120m Comprimento da área de montagem 120m • Principais volumes de obra da Segunda etapa Escavações comuns 4.209440m3 Escavações em rocha 2.233.100m3 Concreto CCV 1.359.483m3 Concreto CCR 199.317m3 Máquinas Hidráulicas Turbinas Hidráulicas 30 6. TURBINA KAPLAN As turbinas Kaplan são um tipo de turbinas desenvolvidas em torno de 1915 pelo engenheiro austríaco Viktor Kaplan (1.876-1.934), que têm dois ou mais lâminas cuja inclinação é ajustável, parece uma hélice marinha. Este tipo de turbina podem ter portões para controlar o fluxo para as lâminas. As Turbinas Kaplan são adequadas em situações onde há uma grande quantidade de descarga. Lâminas ajustáveis permitem alta eficiência, mesmo em uma queda parcial de carga. Em compensação, a eficiência diminui devido à variação de cargas. Como resultado dos desenvolvimentos recentes, a gama de aplicações de turbinas Kaplan tem aumentado consideravelmente. Tendo sido aplicadas, por exemplo, para explorar muitas fontes de energia hidráulica anteriormente restritas por razões econômicas e ambientais. As lâminas ajustáveis adicionaram complexidade na construção de uma turbina Kaplan. O mecanismo de lâminas consiste de uma cabeça de óleo de comprimido, uma válvula de borboleta, e um eixo de operar as lâminas. Fonte:http://2.bp.blogspot.com/_ir9_2W_lPqs/TCe6HRGzSlI/AAAAAAAAADg/CjLWMnt0ffA/s1600/Turbina+Kaplan.jpg Máquinas Hidráulicas Turbinas Hidráulicas 31 6.1.História O engenheiro austríaco Victor Kaplan (1876-1934) professor da Universidade Técnica de Brno, após estudos teóricos e experimentos, desenvolve em 1912 um tipo novo de turbina axial com rotor em forma de hélice. Este rotor possuía um sistema de orientação em suas pás, possibilitando sua regulagem independente. Atualmente este rotor é aplicado principalmente nas turbinas Tubulares "S". O mecanismo que permite variar o ângulo de inclinação das pás conforme adescarga, sem variação notável do rendimento, fica alojado no próprio corpo do rotor com o formato de uma ogiva, e controlado pelo regulador de velocidade. Este atributo permite que possa se manter constante o rendimento da turbina, mesmo com a variação do volume da água. O sistema apresentado por Victor Kaplan causou sensação em 1912, mesmo que inicialmente estivesse coberto de desconfiança pelos fabricantes, que a julgavam impossível de ser feita. Entretanto as vantagens do alto rendimento em quedas médias e baixas com alto volume de água, e o crescente numero de unidades instaladas com sucesso, fizeram com que as turbinas Kaplan se tornassem uma ótima opção para as Pequenas Centrais Hidrelétricas, e fundamentais para o desenvolvimento do mercado energético mundial. 6.2.Características e Funcionamento A única diferença entre as turbinas Kaplan e a Francis é o rotor. Este assemelha-se a um propulsor de navio (similar a uma hélice) com duas a seis pás móveis. Um sistema de êmbolo e manivelas montado dentro do cubo do rotor é responsável pela variação do ângulo de inclinação das pás. O óleo é injetado por um sistema de bombeamento localizado fora da turbina, e conduzido até o rotor por um conjunto de tubulações rotativas que passam por dentro do eixo. Máquinas Hidráulicas Turbinas Hidráulicas 32 O acionamento das pás é acoplado ao das palhetas do distribuidor, de modo que para uma determinada abertura do distribuidor, corresponde um determinado valor de inclinação das pás do rotor. As Turbinas Kaplan também apresentam uma curva de rendimento "plana" garantindo bom rendimento em uma ampla faixa de operação. Elas são as mais indicadas para baixas quedas (3 a 35 metros) e grandes vazões. Podem ser do tipo: ü Turbina Kaplan "Vertical", com caixa espiral em aço ou semi-espiral em concreto; ü Turbina Kaplan tubular "S" de montante, de jusante ou ainda inclinadas; ü Turbina Kaplan em configuração "Bulbo Tubular". Podem ser produzidas com potências individuais até 15 MW com simples regulação (pás do rotor fixa, em "hélice"), ou de dupla regulação (pás do distribuidor e do rotor reguláveis), o que lhes garante uma excelente curva de rendimento. Fonte: http:/pessoal.utfpr.edu.br/honorato/.../IntroducaoMaquinasHidraulicas.pdf 6.3.Usinas Hidrelétricas Em instalações de baixa queda, a casa de força é integrada às obras de tomada d'água ou localizada a uma pequena distância. As turbinas são do tipo Kaplan ou Hélice, com baixa velocidade (entre 70 e 350 rpm). As obras civis podem ser reduzidas pelo uso de grupos axiais do tipo bulbo e o custo dos geradores também pode ser reduzido, com o uso de multiplicadores de velocidade. Máquinas Hidráulicas Turbinas Hidráulicas 33 Fonte: http://www.hacker.ind.br/produtos_turbinas_kaplan_turbinas.php Fonte: www.kaplan.com/.../kaplan_FactSheet.pdf Máquinas Hidráulicas Turbinas Hidráulicas 34 6.3.1. Usina Hidrelétrica de Jupiá Fonte:http://1.bp.blogspot.com/_UB8YieMGDg/S_3cjVdreI/AAAAAAAAAWE/u3aJA5QvWCo/s1600/IMG_3220.jpg No Brasil, um exemplo típico de aproveitamento hidrelétrico de baixa queda é o da Usina Hidrelétrica de Jupiá. Situada sobre o Rio Paraná, na intersecção com o Rio Sucuriú, no ponto chamado Jupiá, entre as cidades de Três Lagoas (Mato Grosso do Sul) e Castilho (São Paulo), a Usina Hidrelétrica Engenheiro Sousa Dias é a terceira maior usina hidrelétrica do Brasil. A construção da Usina do Jupiá, como também é chamada, foi iniciada na primeira metade da década de 1960 pelo governador Adhemar Pereira de Barros, e finalizada no ano de 1974, utilizando tecnologia inteiramente brasileira. Apesar de ter sido um projeto desenvolvido durante a ditadura militar, período marcado por obras faraônicas, a Usina Hidrelétrica Engenheiro Sousa Dias é relativamente eficaz em termos da área alagada e da destruição ambiental causada e da eletricidade ali produzida. Entre as três maiores usinas hidrelétricas do Brasil, em termos de eficiência perde somente para a maior, a Usina hidrelétrica de Itaipu, e ultrapassa a Usina hidrelétrica de Ilha Solteira. A usina possui 14 unidades geradoras (turbinas Kaplan), com potência instalada total de 1.551,2 MW. Tem, também, dois grupos turbina-gerador para serviço auxiliar, com potência instalada de 4.750 kW em cada grupo. Sua barragem tem 5.495 m de Máquinas Hidráulicas Turbinas Hidráulicas 35 comprimento e seu reservatório tem 330 km². Além disso, a Usina hidrelétrica Engenheiro Sousa Dias tem a seu dispôr uma eclusa que permite a navegação do Rio Paraná, além da integração hidroviária com o Rio Tietê. Em fevereiro de 2010 o Sistema de Gerenciamento da Organização foi avaliado pelo Bureau Veritas Certification e encontrado em conformidade com os requisitos da Norma ISO 9001:2008 no seguinte escopo de fornecimento: Geração de Energia Elétrica em 138 e 440 kV na Usina Hidrelétrica Eng. Souza Dias (Jupiá). Fonte: http://www.cesp.com.br/portalCesp/portal.nsf/V03.02/Empresa_UsinaJupia_Dados?OpenDocument Fonte: http://www.3lagoas.com.br/turismo/fotos/usina-hidreletrica-de-jupia-tres-lagoas-ms-a8082.jpg Máquinas Hidráulicas Turbinas Hidráulicas 36 6.3.2. Barragem de Carrapatelo Fonte: http://www.baixotamega.pt/PageGen.aspx?WMCM_PaginaId=27524&catId=28291&pId=30309 A Barragem de Carrapatelo está localizada no Rio Douro, na fronteira dos distritos do Porto, e Viseu, respectivamente nos municípios de Marco de Canaveses e Cinfães, em Portugal. A construção da Barragem do Carrapatelo foi iniciada em 1965 e terminada em 1972. Foi o primeiro empreendimento hidroelétrico a ser construído no troço nacional do Rio Douro e, dos cinco aproveitamentos do Douro Nacional, é o que dispõe de maior queda, 36 m. É uma barragem do tipo Gravidade, aligeirada por meio de uma grande galeria circular junto à fundação. Sobre a zona de Betão situa-se o descarregador principal, controlado por 6 grandes comportas segmento, com um vão de 26m e uma altura de 15.4 m, ancoradas por potentes cabos pré-esforçados aos betões dos pilares e está dimensionado para um caudal máximo de 22000 m³. Duas destas comportas têm instalados Volets que servem de descarga auxiliar para o descarregamento de pequenos caudais de cheia, até um máximo de 250 m³/s. Em correspondência com dois blocos com pilar, na metade esquerda da barragem, existem duas descargas de fundo, blindadas, de secção quadrada, que podem ser utilizadas num eventual esvaziamento Máquinas Hidráulicas Turbinas Hidráulicas 37 da albufeira. A barragem tem uma altura de 57m e um comprimento de coroamento de 400 m. A Altura da Queda Útil Nominal é de 31m. A superfície inundada da albufeira é 952 ha. A central, com uma nave principal de dimensões 95x24x26,5m, dispõe de 3 grupos Geradores, alimentados por circuitos hidráulicos independentes, equipados cada um com turbina do tipo Kaplan, de eixo vertical de 62.518 kW, acoplada a alternador trifásico de 67 MVA. Os transformadoresprincipais encontram-se no edifício da central. O aproveitamento tem uma produção média de 870,6 GWh por ano. Tem ainda uma eclusa de navegação, que foi a primeira a ser construída em Portugal para navegação interior. Conjuntamente com as eclusas dos aproveitamentos hidroelétricos do Pocinho, Valeira, Régua e Crestuma-Lever, permite transformar o Rio Douro numa via navegável de características internacionais. As suas dimensões, 12,1 m de largura e 85 m de comprimento útil garantem a passagem de barcos até à capacidade máxima de cerca de 1 500 toneladas.LOCALIZAÇÃO DADOS GERAIS Distrito - Porto Concelho - Marco de Canavezes Local - Mourilho Bacia Hidrográfica - Douro Linha de Água - Rio Douro Promotor - CPPE, Cª. Portuguesa de Produção de Electricidade, SA Dono de Obra (RSB) - CPPE Projectista - Hidro Eléctrica do Douro Construtor - ETABRIPOL Ano de Projecto - 1964 Ano de Conclusão - 1972 CARACTERÍSTICAS HIDROLÓGICAS CARACTERÍSTICAS DA ALBUFEIRA Área da Bacia Hidrográfica - 92050 km2 Precipitação média anual - 582 mm Caudal integral médio anual - 5610300 x 1000 m3 Caudal de cheia - 22000 m3/s Período de retorno - 1000 anos Área inundada ao NPA - 9520 x 1000m2 Capacidade total - 148400 x 1000m3 Capacidade útil - 9000 x 1000m3 Nível de pleno armazenamento (NPA) - 46,5 m CARACTERÍSTICAS DA BARRAGEM DESCARREGADOR DE CHEIAS Betão - Gravidade Altura acima da fundação - 57 m Cota do coroamento - 55 m Comprimento do coroamento - 400 m Fundação - Granito Volume de betão - 190 x 1000 m3 Localização - No corpo da barragem Tipo de controlo - Controlado Tipo de descarregador - Sobre a barragem Cota da crista da soleira - 31,8 m Desenvolvimento da soleira - 156 m Comportas - 6 Dissipação de energia - Bacia de dissipação DESCARGA DE FUNDO CENTRAL HIDROELÉCTRICA Localização - Talvegue Tipo - Através da barragem Secção da conduta - 2x7,4=4,8 m² Controlo a montante - Não Controlo a jusante - Sim Dissipação de energia - Bacia de dissipação Tipo de central - Contígua à barragem Nº de grupos instalados - 3 Tipo de grupos - Kaplan Potência total Instalada - 201 MW Energia produzida em ano médio - 870,6 GWh Fonte: http://cnpgb.inag.pt/gr_barragens/gbportugal/FICHAS/Carrapateloficha.htm Máquinas Hidráulicas Turbinas Hidráulicas 38 6.3.3 Usina Hidrelétrica de Três Marias Fonte: http://www.aneel.gov.br/aplicacoes/consulta_publica/documentos/NT_ONS-051_Revis%C3%A3o%201.pdf A Usina Hidrelétrica de Três Marias, inaugurada em 1962. A barragem, que tem 2.700 metros de comprimento e forma um reservatório de 21 bilhões de metros cúbicos de água, a 2.221 km acima da foz do rio, foi construída com recursos da Comissão do Vale do São Francisco - CVSF, é administrada pela Cemig, é considerada de grande importância para o Brasil. A energia gerada pela usina é entregue ao Sistema Interligado Nacional - SIN, sendo que a sua operação é coordenada pelo Operador Nacional do Sistema. Localizada na parte central de Minas Gerais, compreende os municípios de São Gonçalo do Abaeté, Felixlândia, Morada Nova de Minas, Paineiras, Pompéu, Martinho Campos e Abaeté além de Três Marias tendo partes de seus municípios alagados e formando o Circuito Turístico do Lago de Três Marias. Fornece 80% da energia consumida na região norte de Minas Gerais. A Origem do nome A origem do nome Três Marias gera dúvidas até hoje. Máquinas Hidráulicas Turbinas Hidráulicas 39 Fonte: http://www.aneel.gov.br/aplicacoes/consulta_publica/documentos/NT_ONS-051_Revis%C3%A3o%201.pdf Localização: Três Marias – MG Rio: São Francisco Início de operação: 1962 Potência instalada (MW): 396,00 Nº de unidades geradoras: 6 Comprimento total da barragem (m): 3.250,00 Altura máxima da barragem (m): 56,90 Volume útil do reservatório (m): 15,278 bilhões Nível de água mínimo/máximo operativo (m): 549.2 a 572.5 m Fonte: http://www.cemig.com.br/_layouts/usinas/wp_usinas_interna.asp?codigo=42 Máquinas Hidráulicas Turbinas Hidráulicas 40 7. TURBINA PELTON A turbina Pelton é uma turbina hidráulica de ação, isto é, funciona à pressão atmosférica. É constituída por uma roda e um ou mais injetores, cuja função é transformar a energia de pressão do escoamento em energia cinética, orientando esse mesmo escoamento para a roda. É mais adequada para grandes quedas úteis (entre os 350 m até 1100 m). Este modelo de turbina opera com velocidades de rotação maiores que as outras, e apresenta o rotor com características bastante distintas. Os jatos de água provenientes dos injetores ao colidirem com as pás do rotor (em forma de dupla colher) geram o impulso que faz com que a roda se mova. 7.1.História Allan Lester Pelton nasceu em 5 de Setembro de 1829 em Vermilion, Ohio. Com idade de 20 anos, em 1850, foi para a Califórnia, EUA, como resultado da corrida do ouro em expansão. Em 1864 tornou-se dono de um moinho em Camptonville, Yuba County, CA, EUA. O primeiro rotor que Pelton colocou em funcionamento foi usado para fazer funcionar a máquina de costura de sua esposa, Sra. W.G. Grooves em Camptonville. Este rotor protótipo ainda pode ser visto em uma espécie de museu em Camptonville, Califórnia, EUA. Ele fundou então a Allan Machine Shop and Foundry em Nevada City. Rotores de vários tipos e tamanhos foram feitos e testados. Pelton recebeu a primeira patente em 1880, e dentro de 15 anos, seus rotores foram usados em usinas ao redor do mundo todo. O sucesso foi tanto que a empresa mudou no ano de 1898 suas instalações para San Francisco sob o nome de Pelton Water Wheel Company. Mais tarde Pelton vendeu seus direitos para outras empresas, onde ainda permanecia como engenheiro consultor. Mais tarde se aposentou em Oakland. Máquinas Hidráulicas Turbinas Hidráulicas 41 Figura da patente original Pelton (Outubro de 1880) Fonte: http://www.cerpch.unifei.edu.br/sp/pelton.php 7.2.Princípios da turbina A turbina Pelton apresenta um modo de operação simples: um rotor em forma de anel é dotado de conchas, que são arrastadas sob a ação de um fluxo tangencial de água, proporcionado por um bocal injetor. O injetor é normalmente dotado de uma agulha para regulagem. Turbinas práticas podem ter mais de um injetor. O formato das conchas desvia o fluxo para uma direção quase oposta à direção original, resultando em uma variação de momento linear e, por consequência, em uma força tangencial que aciona o rotor. As conchas têm cavidades duplas para distribuir igualmente o fluxo para cada lado, de modo que os esforços axiais se anulam. A própria forma construtiva permite deduzir que é uma turbina adequada para altas pressões de água e vazões relativamente baixas. É considerada uma das mais eficientes. A Figura a seguir dá o esquema básico de operação da turbina Pelton: água sai de um bocal injetor com velocidade c1 e atinge uma concha, que, por sua vez, tem uma Máquinas Hidráulicas Turbinas Hidráulicas 42 (1) (2) (3) velocidade cc. Desde que a concha tenha dimensões pequenas em relação ao rotor, essa velocidade pode ser considerada constante em toda a concha. Usando a relação básica do movimento circular uniforme, c! = ω R Onde ω é a velocidade angular do rotor. Fonte : http://www.mspc.eng.br/fldetc/fld_turb_10.shtml Observar que, teoricamente, toda a queda de pressão ocorre no injetor e a operação ocorre apenas pelo desvio da direção do fluxo, o que caracteriza um tipo de puro impulso. Usando a equação de Bernoulli e um coeficiente de perda: c! = K! 2 P / ρ Onde, c1: velocidade da água na saída do injetor. Kf: coeficiente para perda por atrito no injetor. p: pressão da água na entrada do injetor. ρ: massa específica da água. Com a equação da continuidade dos fluidos, a vazão de massa é: 𝑚 = K! ρ S c! Onde, Máquinas Hidráulicas Turbinas Hidráulicas 43 (4) (5) (6) Kc: coeficiente de contração do jato na saída do injetor. S: área da seção transversal na saída do injetor. Substituindo o valor da velocidade dado em (2), a vazão de massaé: 𝑚 = Kd S 2 p ρ Onde, Kd = Kf Kc = coeficiente de descarga. Em cálculos com água, é comum a referência da pressão em termos de altura H. Assim, das equações anteriores, a pressão pode ser calculada por: p = ρ g H Onde g é aceleração da gravidade. Conforme já dito, as conchas têm cavidade dupla para anular os esforços axiais. Portanto, a análise de velocidades pode ser feita para apenas um lado da concha porque o outro é simétrico. Se o jato com velocidade c1 alcança a concha cuja velocidade é cc conforme (a) da figura a seguir, tem-se a velocidade c1c do jato em relação à concha indicada vetorialmente em (b) da figura. Para o resultado final, precisa-se apenas dos componentes x (c1x no caso de c1) das velocidades porque no sentido y (axial neste caso) os momentos se anulam. Fonte : http://www.mspc.eng.br/fldetc/fld_turb_10.shtml Em termos vetoriais, ocorre no ponto 1: c1 = cc + c1c Máquinas Hidráulicas Turbinas Hidráulicas 44 (7) (8) (9) (10) No ponto 2, a água sai da concha com uma velocidade c2c relativa à mesma. Essa velocidade faz um ângulo φ com a horizontal e, se desconsiderado o atrito, deve ter módulo igual à velocidade relativa de entrada c1c. Na prática deve existir um coeficiente de perda por atrito na concha Kfc. Assim, c2c = Kfc c1c A relação vetorial das velocidades em 2 é similar à do ponto 1: c2 = cc + c2c Onde c2 é a velocidade absoluta de saída do jato. Nesse ponto os vetores não estão alinhados e o resultado gráfico pode ser visto em (c) da Figura. Também em (c) da figura, nota-se que a diferença final de velocidades ao longo de x é: Δcx = c1x − c2x = c1c − c2c cos φ Substituindo c2c pelo valor em (7) e c1c pelo valor retirado de (6), chega-se ao resultado: Δcx = (c1 − cc) (1 − Kfc cos φ) Então, o produto dessa variação de velocidade pela vazão de massa dá a força atuante na concha. E o produto dessa força pela velocidade tangencial da concha cc dá a potência líquida da máquina: PL = 𝑚cc (c1 − cc) (1 − Kfc cos φ) Repetem-se a seguir as descrições dos parâmetros. PL potência líquida. vazão de massa da água. cc velocidade tangencial da concha. c1 velocidade do jato na saída do injetor. Kfc coeficiente de perda por atrito na concha. φ ângulo de saída do jato da concha. Mantidos os demais parâmetros constantes, analisa-se a variação da potência PL com a velocidade tangencial da concha cc. Conforme igualdade anterior (10) é Máquinas Hidráulicas Turbinas Hidráulicas 45 (11) claramente uma função do segundo grau e a curva tem forma de parábola como pode ser vista no gráfico. Fonte : http://www.mspc.eng.br/fldetc/fld_turb_10.shtml Notar a coerência com a prática: se o rotor não gira (cc = 0), a potência é nula. Se a velocidade da concha é maior ou igual à velocidade do jato (c1), não há impacto e a potência é também nula. A simetria permite deduzir que a potência máxima ocorre com: cc = c1 / 2 Outra confirmação prática é dada pelo termo (1 − Kfc cos φ) da mesma igualdade (#F.1#): supondo por simplicidade Kfc = 1, ele tem seu valor máximo (= 2) se φ = 180º, ou seja, a potência é máxima se o jato é desviado na direção oposta (inviável na prática). Se φ = 0º (significando uma concha plana, paralela ao fluxo), não há desvio e a potência é nula. 7.3.Componentes Segundo a norma NBR 6445, a turbina Pelton pode ser divida nas seguintes partes: Ø Componentes principais: 1 – Rotor 2 – Distribuidor 3 – Defletor Ø Demais componentes: 4 – mancais de escora 5 – condutos de distribuição 6 – agulha 7 – acionamentos do defletor Máquinas Hidráulicas Turbinas Hidráulicas 46 8 – anéis de regulação 9 – anteparos para jato Fonte: http://en.wikipedia.org/Pelton_wheel Fonte: HIDALGO, Erick. Modelo para diagnose de falhas em regulador de velocidade de turbinas hidráulicas. Dissertação (mestrado em Engenharia). Máquinas Hidráulicas Turbinas Hidráulicas 47 Fonte: http://www.pxlseals.com/site_br/index.php/turbine-pelton/ 7.3.1. Rotor É constituído de uma série de conchas ou cubas, dispostas simetricamente em relação ao plano médio do disco, preso este ao eixo por meio de chavetas. As conchas ou cubas são meras superfícies desviantes, onde se processa a transformação da energia cinética em trabalho mecânico cedido ao rotor. As conchas podem ser fundidas separadamente e fixadas ao disco por meio de parafusos ou podem ser fundidas conjuntamente com o disco. Em relação a tais processos de construção, pode-se dizer: Ø Conjunto fundido em uma única peça Vantagem: distribuição de tensões mais uniformes no disco. Desvantagem: fundição e usinagem posterior mais difícil. Máquinas Hidráulicas Turbinas Hidráulicas 48 Ø Disco e conchas fundidos separadamente Vantagens: fundição mais fácil, com usinagem mais fácil e precisa. Desvantagem: transmissão localizada de esforço, abreviando a vida útil da máquina. Como detalhes mais importantes de construção das conchas, podemos salientar: Ø Um septo central que bifurca o jato incidente contra a concha, repartindo-o, com o que se consegue um perfeito equilíbrio de forças. Ø Uma chanfratura ou reentrância na parte central da concha, cuja finalidade é desviar a saída do jato sem que o mesmo possa incidir contra o costado da concha anterior, o que se ocorrer produz uma ação de frenagem, diminuindo o rendimento da turbina. Quanto ao material empregado na construção das conchas, é comum o uso do bronze para pequenas turbinas e de ferro ou aço para grandes turbinas. Em relação à usinagem do interior das conchas, deve a mesma ser muito cuidadosa, uma vez que tanto o septo como a chanfratura originam formas com quinas vivas e sujeitas a intensa erosão. Fonte: http://www.hisa.com.br/produtos/turbina-pelton Máquinas Hidráulicas Turbinas Hidráulicas 49 Fonte:http://www.capture3d.com/Images/Applications/turbines-3DmeasureFig4big.jpg 7.3.2. Distribuidor No caso das turbinas Pelton, o distribuidor, normalmente o distribuidor usado é do tipo Doble e é também chamado de injetor ou simplesmente, bocal. Ele constitui a parte terminal da tubulação forrada e tem como principais finalidades a regulagem da vazão e a formação de um ajto d’água compactam que incide sobre as conchas, com o mínimo de dispersão. A instalação pode utilizar um jato único ou então jatos múltiplos, sendo que os jatos múltiplos surgiram acompanhando a tendência existente de aumentar a velocidade específica. Para tal, torna-se necessário conseguir uma perfeita adesão dos filetes entre si e com a agulha, parte componente do injetor que tem a finalidade de deslocar-se axialmente a fim de aumentar ou diminuir a seção de saída do jato, o que possibilita a regulagem da vazão. Essencialmente, o injetor é constituído de um bocal, dentro do qual se desloca axialmente a agulha presa a uma haste, sendo um servo-motor responsável pela translação do conjunto haste-agulha. Além da translação feita pelo servo-motor, pode o injetor possuir um sistema manual tipo volante, capaz de permitir o mesmo efeito. Máquinas Hidráulicas Turbinas Hidráulicas 50 Fonte : http://www.rijeza.com.br/aplicacoes/agulha-de-turbina-pelton Fonte : http://www.canyonhydro.com/micro/microoptions.html 7.3.3. Defletor Um acessório especial do distribuidor é o defletor de jato, cuja finalidade pode ser assim definida, quando o rotor tende a disparar, devidoao seu desacoplamento do gerador, motivado por algum defeito da rede (curto-circuito ou uma descarga elétrica que retira a carga da linha), imediatamente o servo-motor é acionado provocando o avanço da agulha no bocal, a fim de reduzir e cortar o jato d’água. Todavia, tal avanço é lento (cerca de 20 a 40 segundos), espaço de tempo suficiente para que a turbina atinja uma velocidade perigosa e superior à velocidade crítica de giro do eixo (velocidade de disparo). Tal manobra de fechamento não pode, inclusive, ser feita mais rapidamente ao perigo do golpe de aríete na tubulação de chegada. O defletor é então, o dispositivo usado para retirar a carga motora da turbina. Ele fica entre o bocal e a roda, evitando que o jato atinja as conchas durante o período de fechamento da agulha. A distância entre o defletor e a roda deve ser a estritamente necessária para que o defletor possa ser introduzido e exercer sua ação. Máquinas Hidráulicas Turbinas Hidráulicas 51 Quanto ao acabamento superficial e interno do distribuidor Doble, cumpre ressaltar que o mesmo deve ser o melhor possível, para evitar que o mau acabamento facilite o aparecimento da cavitação originada pela alta velocidade do jato d’água. Fonte: Apostila de Centrais Elétricas – PUC- Minas 7.4.Variações da turbina Pelton de acordo com o número de jatos Dependendo da potência que se queira gerar por meio da turbina podem ser acionados até seis injetores simultaneamente. O número normal de injetores varia de dois a seis, igualmente espaçados angularmente para garantir um balanceamento dinâmico do rotor. 7.4.1. Turbina Pelton de um jato Fonte:http://forum.outerspace.terra.com.br/showthread.php%3Ft%3D256621%26page%3D Máquinas Hidráulicas Turbinas Hidráulicas 52 7.4.2. Turbina Pelton de dois jatos Fonte:http://www.newmillshydro.com/images/uploads/2c9bcee270f55276729f6abbc45d939b.jpg?phpMyAdmin=8U KUdmG0HJLJ99jfT3YSvcBzNdd 7.4.3. Turbina Pelton de quatro jatos Fonte: http://web.tiscali.it/vanni_38/idra20.htm Máquinas Hidráulicas Turbinas Hidráulicas 53 7.4.4. Turbina Pelton de cinco jatos Fonte: Turbina Pelton de Bieudron 7.4.5. Turbina Pelton de seis jatos Fonte:http://www.cerpch.unifei.edu.br/pelton.php Máquinas Hidráulicas Turbinas Hidráulicas 54 7.5.Vantagens A turbina Pelton é utilizada em quedas de grande altura e com pequenas vazões, apresentam outras características como facilidade de manutenção e facilidade de reduzir as sobrepressões nas tubagens. Elas têm eficiência constante dentro de uma ampla gama de condições de operação. Limites extremos de aplicação de turbinas Pelton Parâmetro hidráulico Potência Maior altura de queda: Usina Reissek (Áustria) H = 1767 m 22,8 MW Maior potência: Usina Sellrain Silz (Áustria) H = 1237 m 260 MW Fonte: Apostila Máquina de Fluxos – Escola Politécnica da USP 7.6.Desvantagens Um dos maiores problemas destas turbinas, devido à alta velocidade com que a água se choca com o rotor, é a erosão provocada pelo efeito abrasivo da areia misturada com a água, comum em rios de montanhas. As turbinas pelton, devido à possibilidade de acionamento independente nos diferentes bocais, têm uma curva geral de eficiência plana, que lhe garante bom desempenho em diversas condições de operação. 7.7.Instalações da Turbina Pelton no Brasil Encontram-se no Brasil várias centrais hidrelétricas, principalmente no campo das pequenas centrais, funcionando com esse tipo de turbina, porém o número é bastante reduzido quando comparado com as tradicionais Francis e Kaplan. 7.7.1. Usina Hidrelétrica Governador Pedro Viriato Parigot de Souza A Usina Hidrelétrica Governador Pedro Viriato Parigot de Souza possui a potência de 260 MW, e está situada no município de Antonina. Seu reservatório está localizado na Rodovia BR-116 (trecho Curitiba - São Paulo), no município de Campina Grande do Sul, a 50 km de Curitiba. Ela funciona com 4 turbinas tipo Pelton (Queda bruta normal: 754 m). Máquinas Hidráulicas Turbinas Hidráulicas 55 A usina, inicialmente conhecida como Capivari-Cachoeira, recebeu seu nome em homenagem ao Governador Pedro Viriato Parigot de Souza, que liderou o Paraná entre 1971 e 1973, e foi, também, presidente da Copel. A Usina Parigot de Souza entrou em operação em outubro de 1970, tendo sido inaugurada oficialmente em 26 de Janeiro de 1971, quando entrou em operação comercial. Ela é a maior central subterrânea do sul do país. Ficha Técnica: • Turbinas Pelton: 4 un. • Rotação: 514 rpm • Diâmetro do conduto forçado: 3 m • Velocidade da água: 426 km/h • Queda Bruta Normal: 754 m 7.7.2. Usina Hidrelétrica São Bernardo O lago da CEMIG atualmente (construída pela CISME - Companhia SulMineira de Eletricidade, encampada pela CEMIG por volta de 1970) era apenas um riacho da Fazenda do Sr. José Serpa. O lago foi construído inicialmente para servir à uma turbina do tipo "pelton" ligada a uma tubulação de aproximadamente 1m de diâmetro. Passado alguns anos foi ampliado elevando-se o nível inicial do vertedouro e instalando mais uma tubulação do mesmo diâmetro, então servindo a 2 turbinas instaladas no mesmo local no "Pé" da serra em Piranguçu . A energia gerada era enviada para Itajubá, Piranguçu e Vila Maria, posteriormente servindo também a Campos do Jordão. A barragem tem um comprimento total de 140 e altura máxima de 6 m. O volume útil do reservatório de 400.000 m³. Usina Hidrelétrica Governador Pedro Viriato Parigot de Souza Fonte: http://www.copel.com Máquinas Hidráulicas Turbinas Hidráulicas 56 Fonte: CEMIG 7.7.3. Usina Hidrelétrica Cubatão 2 O complexo Henry Borden, localizado no sopé da Serra do Mar, em Cubatão, é composto por duas usinas de alta queda (720m), denominadas de Externa e Subterrânea, com 14 grupos de geradores acionados por turbinas Pelton (turbina essa específica para altas quedas, diferente da maioria das hidroelétricas, como Itaipu, que utilizam turbinas Francis), perfazendo uma capacidade instalada de 889MW, para uma vazão de 157m³/s. O fornecimento de água é feito mudando o curso natural das águas da bacia do alto Tietê, que corre para o interior, para descer a Serra do Mar. As águas do Rio Pinheiros, na cidade de São Paulo, eram bombeadas para a Represa Billings que por sua vez deságua águas por túneis abertos na serra até a usina em Cubatão, Baixada Santista. Complexo Henry Borden Fonte: http://www.polisaber.org.br/site/?p=1548 Máquinas Hidráulicas Turbinas Hidráulicas 57 A mais antiga das usinas possui oito condutos forçados externos e uma casa de força convencional. A primeira unidade foi inaugurada em 1926, as demais instaladas até 1950, num total de oito grupo geradores, com capacidade instalada de 469MW. Cada gerador é movido por duas turbinas tipo Pelton, acionadas pelas águas conduzidas do Reservatório do Rio das Pedras que atingem a Casa de Válvulas onde, após passarem por duas válvulas borboletas através de condutos forçados, descem a encosta atingindo as suas respectivas turbinas, perfazendo uma distância de aproximadamente 1.500 m. Fonte: Eletropaulo Máquinas Hidráulicas Turbinas Hidráulicas 58 8. CONCLUSÕES Máquinas Hidráulicas TurbinasHidráulicas 59 9. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS v Acesso: 18 de junho de 2012. http://www.cesp.com.br/portalCesp/portal.nsf/V03.02/Empresa_UsinaJupia_Da dos?OpenDocument v Acesso: 14 de junho de 2012. http://pt.wikipedia.org/wiki/Turbina_Kaplan v Acesso: 18 de junho de 2012. http://www.portalpch.com.br/index.php?option=com_content&task=view&id=2 18 v Acesso: 26 de junho de 2012. http://www.hacker.ind.br/produtos_turbinas_kaplan_turbinas.php v Acesso: 26 de junho de 2012. http://www.aneel.gov.br/aplicacoes/atlas/energia_hidraulica/4_4.htm v Apostila de Centrais Elétricas Puc Minas-2000 v Apostila de máquinas de fluxo Prof. Dr. Emílio Carlos Nelli Silva- Escola Politécnica da USP v Apostila de turbinas hidráulicas e condutos forçados- Antonio Simões Costa – Março 2003 v Acesso: 22 de junho de 2012. http://cidadedetucurui.com/INICIO/USINA_HIDRELETRICA_TUCURUI/USI NA_HIDRELETRICA_TUCURUI.htm v Acesso: 18 de junho de 2012. http://www.copel.com/hpcopel/root/nivel2.jsp?endereco=%2Fhpcopel%2Froot %2Fpagcopel2.nsf%2F044b34faa7cc1143032570bd0059aa29%2Fe307f2c9b2ed c56303257412004fdb91 Máquinas Hidráulicas Turbinas Hidráulicas 60
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