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Projeto sobre Angra III

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Angra 3
Diversificação da Matriz Energética Brasileira
Universidade Federal Fluminense
Escola de Engenharia
75
Universidade Federal Fluminense
Centro Tecnológico
Escola de Engenharia
Departamento de Engenharia Civil
Disciplina de Metodologia Científica Aplicada à Engenharia
Angra 3
Diversificação da Matriz Energética Brasileira 
Integrantes da equipe: 
Bruno César Tomaz de Matos
Mat.: 109.40.011
Fernando Soares Alves
Mat.: 109.40.016
Gabriel Vianna de Macedo
Mat.: 109.40.001
Isabela Florindo Pinheiro
Mat.: 109.40.023
João Victor Moura do Valle
Mat.: 109.40.026
Raphael José Elino da Silveira
Mat.: 109.40.009
Turma B1
Professoras orientadoras:
Maria Andréia de Jesus Sarmento
Lourdes Brazil
Niterói - RJ
2º Semestre de 2009
Angra 3
Diversificação da Matriz Energética Brasileira
Equipe: 
Bruno César Tomaz de Matos
Fernando Soares Alves
Gabriel Vianna de Macedo
Isabela Florindo Pinheiro
João Victor Moura do Valle
Raphael José Elino da Silveira
Angra 3
Trabalho submetido ao Departamento de Engenharia Civil, como parte dos requisitos necessários para aprovação na disciplina de Metodologia Cientifica.
Aprovado por:
Maria Andréia de Jesus Sarmento
Lourdes Brazil
Niterói - RJ
2º Semestre de 2009
Bruno César Tomaz de Matos
Fernando Soares Alves
Gabriel Vianna de Macedo
Isabela Florindo Pinheiro
João Victor Moura do Valle
Raphael José Elino da Silveira
Angra 3 - Diversificação da Matriz Energética Brasileira 
Trabalho de conclusão de disciplina de metodologia científica
Palavras-chaves: 
Energia Nuclear
Angra 3
Central Nuclear Almirante Álvaro Alberto
Orientadora:
Maria Andréia de Jesus Sarmento
UFF – Escola de Engenharia
Niterói - RJ
2º Semestre de 2009
AGRADECIMENTOS
Às nossas famílias que nos apóiam a cada estágio de nossas vidas.
A todos os nossos colegas de faculdade, pelo apoio, pela farra e por tudo mais.
Aos palestrantes e professores, por sua participação única e esforço exemplar durante nossa formação enquanto engenheiros.
Ao Diretor da Associação Brasileira de Energia Nuclear (ABEN), Edson Kuramoto, e a engenheira especialista em Planejamento Estratégico da Eletronuclear, Ruth Soares Alves, que cordialmente compartilharam de suas vastas experiências e orientações para a realização do trabalho. 
À nossa professora orientadora, Maria Andréia de Jesus Sarmento, que nos acompanhou e auxiliou nesse projeto de conclusão da disciplina de Metodologia Científica.
DEDICATÓRIA
Dedicamos este trabalho a todos os alunos, professores, palestrantes e funcionários da Universidade Federal Fluminense, que participaram direta ou indiretamente desta jornada de aprendizagem e descoberta. Também dedicamos este trabalho aos funcionários da Eletronuclear, órgão responsável pela criação e desenvolvimento da Central Nuclear de Angra dos Reis.
Resumo
O Brasil possui uma matriz de produção de energia elétrica bastante relevante em termos mundiais e a construção de Angra 3 torna-se crucial para o desenvolvimento nacional. O nosso trabalho buscou enfatizar as diversas etapas do processo de geração e distribuição da energia elétrica proveniente das centrais nucleares. Também buscou defender a utilização dessa energia para complementação da matriz enérgica brasileira.
No Capítulo 1, Origem da energia nuclear e casos, é discutida a distribuição de oferta de energia no mundo, a origem da energia nuclear e alguns acidentes envolvendo usinas nucleares. São mostradas também as vantagens da energia nuclear em comparação com outras fontes, como o combustível fóssil. Ainda, mostra-se o histórico com os principais acontecimentos no Brasil referente à energia nuclear, desde a criação do Conselho Nacional de Pesquisa (CNPq) até o reinício da construção da Usina de Angra III. Ao final deste capítulo, fala-se sobre usinas termoelétricas, como elas funcionam e que combustível utilizam. Foca também no ciclo de urânio e como uma usina nuclear gera energia elétrica.
O capítulo 2 do projeto final baseia-se tanto nas conseqüências positivas e negativas da utilização da energia nuclear. A construção de Angra 3 e outras usinas serão abordadas de forma imparcial indicando seu significado para o cenário brasileiro atual. Além disso, a formulação do capítulo 2 tem como objetivo desmistificar algumas das idéias em relação ao impacto da instalação de usinas nucleares no país.
No capítulo 3, é analisado o progresso atual da construção de Angra 3, assim como o cronograma até o ano de 2015. Além disso, são avaliados os programas de manutenção e preservação e como funciona a inspeção mensal e a de 24 meses. Ao final do capítulo, é abordado o Programa Nacional de Energia 2030 (PNE 2030) que prevê um crescimento do consumo de energia elétrica de 4,3% ao ano de 2005 a 2030.
EQUIPE:
Bruno César Tomaz de Matos, Fernando Soares Alves, Gabriel Vianna de Macedo, Isabela Florindo Pinheiro, João Victor Moura do Valle, Raphael José Elino da Silveira. Angra 3 – Subtítulo. Maria Andréia de Jesus Sarmento e Lourdes Brazil. UFF – Universidade Federal Fluminense. Departamento de Engenharia Civil, 2009. Trabalho da disciplina de Metodologia Científica.
Palavras-chave: Energia Nuclear
 Angra 3
 Central Nuclear Almirante Álvaro Alberto
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO.............................................................................................. 11 
1. 	Tecnologia Nuclear: Energia e Usinas...........................................................13
1.1	Origem da energia nuclear e casos.....................................................................13
1.2	Histórico da Energia Nuclear no Brasil..............................................................17
1.3	Geração de Energia: Combustível e Usinas........................................................21
2.	Conseqüências da energia nuclear no Brasil..................................................25
	Impacto ambiental...............................................................................................25
Localização e licenciamento das usinas..............................................................25
 Impactos Ambientais, Socioculturais e econômicos..........................................28
Tratamento de Rejeitos........................................................................................29
 Responsabilidade Social......................................................................................33
Assistência à população em caso de Acidente.....................................................35
 Vantagens em relação às outras fontes de energia..............................................36
Futuro do projeto...............................................................................................36
 Progresso atual.....................................................................................................36
Andamento do projeto.........................................................................................38
Acordos e previsões.............................................................................................38
 Programas de manutenção e preservação............................................................40
A importância e como funciona o programa.......................................................40
Paradas Programadas...........................................................................................42
Plano nacional de energia 2030...........................................................................43
Perspectiva de consumo elétrico..........................................................................43
Investimentos e recursos minerais disponíveis extensos.....................................46
4.	CONCLUSÃO....................................................................................................475.	REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.............................................................49
INTRODUÇÃO
Este trabalho foi desenvolvido como projeto final da disciplina de Metodologia Científica Aplicada à Engenharia, tendo como professoras orientadoras Maria Andréia de Jesus Sarmento e Lourdes Brazil. Seus autores são alunos do curso de graduação de Engenharia Mecânica, sendo eles: Bruno César Tomaz de Matos, Fernando Soares Alves, Gabriel Vianna de Macedo, Isabela Florindo Pinheiro, João Victor Moura do Valle, Raphael José Elino da Silveira.
O tema abordado para o projeto final é a construção de Angra 3 e seus benefícios para o futuro da Geração de Energia no Brasil. Este tema sem dúvida é muito polêmico, e na história já foi muito criticado por ambientalistas e radicais. Todavia, os acontecimentos climáticos mostraram a energia nuclear como uma fonte segura e limpa, tornando o projeto de Angra 3 e futuras instalações nucleares uma necessidade.
	O planejamento de expansão de energia elétrica para o país prevê um considerável aumento do consumo de eletricidade até 2015. Isso exigirá um grande aumento da oferta de energia. Quando começar o operar em 2014, Angra 3 contribuirá para atender a essa demanda e, também, para aumentar a participação das usinas térmicas na produção nacional. Essa diversificação na matriz energética dá maior confiabilidade do sistema elétrico do país, uma vez as usinas térmicas não dependem de fatores climáticos para regular sua produção.
	Angra 3 será terceira unidade da Central Nuclear Almirante Alberto (CNAA) localizada em Angra dos Reis, onde já estão em operação as usinas de Angra 1 e 2. Com a construção dessas usinas o Brasil conseguiu acumular experiência no desenvolvimento da tecnologia nuclear que foi de suma importância para o empreendimento de Angra 3.
	Em volta do projeto, discutem-se assuntos como a influencia de uma usina nuclear no meio ambiente, social e econômico. Entre os críticos a opinião de maior destaque esta relacionada aos impactos ambientais e os possíveis acidentes que essas usinas poderiam causar. Críticos mais radicais associam, quase que por dogma, a energia nuclear a erros e decisões errôneos na historia.
	Nosso trabalho tem como objetivo desmistificar alguns paradigmas e preconceitos concernentes a uma das mais promissoras fontes de energia do futuro. Portanto para assegurar o crescimento econômico do país, a visão acerca do tema deve ser tratada de forma clara e estatística, e não de forma passional.
1. TECNOLOGIA NUCLEAR: ENERGIA E USINAS
1. 1. Origem da Energia Nuclear e Casos
	Definir energia em si é realmente complicado. Cientistas divergem e convergem sobre o que ela é e como explicá-la precisamente e defini-la ao mesmo tempo. Sem ela não se vive, não há desenvolvimento e nem evolução. E embora essa discussão possa perdurar por muito tempo ainda, o que de fato já se sabe é como obtê-la e manipulá-la para se atingir o progresso.
	 Controlar a energia proveniente da natureza não é nenhuma novidade para homem. Desde a “descoberta” do fogo na era das cavernas até a utilização do potencial energético contido nos núcleos dos átomos, o ser humano tem atingido o progresso ao longo da historia fazendo uso da natureza e, conseqüentemente, da sua energia.
	Atualmente as tecnologias energéticas fazem uso de diferentes fontes para sua transformação em energia elétrica. Hoje em dia, a geração de energia elétrica no mundo é predominantemente por queima de combustível fóssil. Durante algum tempo esse tipo de tecnologia não se mostrou tão impactante, mas com as mudanças climáticas causadas principalmente pelo efeito estufa, a visão sobre os combustíveis fósseis e conseqüências por ele trazidas mudou significativamente. 
O gráfico acima mostra a estrutura da oferta de energia no mundo em 2004. Predominando com 80,3 %, estão o petróleo e seus derivados, gás natural e o carvão mineral, combustível que tem como principal resíduo o dióxido de carbono (CO2). O gás carbônico tem sido o principal vilão no agravamento do efeito estufa.
Felizmente muitas alternativas já têm sido investigadas para geração de energia elétrica. No Brasil, por exemplo, a geração de energia por queima de combustíveis fósseis corresponde a cerca de 2 %. No maior país da América latina, a geração é majoritariamente por recursos hidroelétricos. Todavia o país também investe em inúmeras outras fontes de energia como a eólica, os biocombustíveis e a nuclear, por exemplo.
Sem dúvida a energia nuclear é mais polêmica e a que mais sofre com o preconceito. Com um passado cheio de escolhas que marcaram sua história, fica difícil muitas vezes mostrar como a geração de energia elétrica nas termonucleares é segura e extremamente eficiente e promissora. Mas, o que exatamente é feito com a energia e a tecnologia nuclear atualmente?
 	Para responder essa pergunta pode-se primeiro traçar a origem dos estudos da energia nuclear e como ela foi utilizada na história. Essencialmente, a energia nuclear é a proveniente dos núcleos dos átomos. A idéia se baseou no princípio da equivalência de energia e massa, observado primeiramente por Albert Einstein, no qual a transformação de massa em energia ocorria em reações nucleares. Mais tarde, em 1938, os cientistas Otto Hahn e Fritz Straßmann descobririam em Berlim-1938, a famosa reação de fissão nuclear.
Acima está um esquema de uma reação de fissão nuclear. Em uma fissão nuclear, basicamente tem-se um elemento pesado relativamente instável que é bombardeado com um nêutron. Tornando-se finalmente instável, ele se rompe em “pedaços menores”, que na verdade são isótopos de elementos conhecidos da tabela periódica, liberando energia. Muito comumente é utilizado urânio 235 em uma reação fissão, e como resultado pode se obter o bário e criptônio mais um nêutron.
	A energia nuclear tornou-se tão polêmica devido aos acontecimentos marcantes ocorridos no século passado. Após os estudos e as pesquisas desenvolvidas na área, os EUA desenvolveu o projeto Manhattan que tinha por objetivo construir armas com tecnologia nuclear. O resultado foram as bombas atômicas, que foram jogadas nas cidades de Hiroshima e Nagasaki no fim da Segunda Guerra Mundial. As bombas tiveram tamanho poder destrutivo que 140 mil pessoas foram instantaneamente “evaporadas”. E por algumas décadas, devido à alta radiação na região acumulada, desenvolveu muitas doenças como câncer e má formação de fetos. 
	
	Outro caso famoso foi a acidente na usina de Chernobyl, na Ucrânia, na época antiga União Soviética (URSS). No contexto histórico a dicotomia capitalismo versus socialismo gerava uma competição tão intensa entre as super potências do mundo até então, que ganância por muitas vezes ficava acima da razão. A usina tinha sido destaque da URSS em geração de energia na área nuclear e sua reputação simplesmente não poderia ser perdida. Operando de forma imprudente em uma usina em que o projeto do reator não contempla a instalação do conceito de defesa em profundidade (envolvendo barreiras de segurança de concreto e aço), o acidente foi um erro humano e de projeto. Mal operado, o reator explodiu, espalhando radiação por milhares de quilômetros na Europa. 
	De fato muitos aspectos sobre Chernobyl não são devidamente explicados. Primeiramente em um reator de fissão é preciso que se freie a reação, caso contrário o reator esquentaria tanto que fundiria. Nos reatores atuais existem várias maneiras de se conseguir isso. O tipo predominante no mundo é o PWR (Pressurized Water Reactor) em que se utiliza água para fazê-lo. Já o reator utilizado na usina de Chernobyl era russo RBMK (em russo reaktor bolshoy moshchnosti kanalniy, ou em inglês High Power Channel-type Reactor) em que o moderador era grafite, ou seja, carbono. Carbono, oxigênio e calor usualmente levam a combustão, pressurizada em reator em estado de emergência, levou a explosão. 
Já com os reatores PWR, usados em Angra I e II e em mais 262 usinas, isso jamaisocorreria. Simplesmente não há como água entrar em combustão. Na pior das hipóteses o reator fundiria, mas não haveria vazamento para meio externo devido às barreiras de contenção, não se mostrando uma ameaça nem para meio ambiente e nem para as pessoas imediatamente próximas, como em Three Mile Island nos EUA em 1979, em que um dos reatores fundiu, perdendo-se uma das usinas. Ninguém nem o meio ambiente foi contaminado no acidente.
 Histórico da Energia Nuclear no Brasil
O interesse do Brasil em energia nuclear já data meio século. No final da década de 1940, já se discutia fortemente o assunto devido às pesquisas que estavam sendo realizadas na área. Em muitos outros países a energia nuclear já se mostrava como uma forte fonte alternativa para geração de energia elétrica. Um breve resumo histórico da energia nuclear no Brasil segue abaixo.
	BREVE RESUMO HISTÓRICO DA ENERGIA NUCLEAR NO BRASIL
1951 – Criação do Conselho Nacional de Pesquisa CNPq 
1956 – Criação da Comissão Nacional de Energia Nuclear – CNEN 
1957 – Entra em operação o primeiro reator nuclear de pesquisas no Brasil. Reator IEA-R1 em São Paulo 
1958 – Programa de metas de Juscelino Kubitschek incluía central nuclear pioneira de 10 MWe 
1960 – Criação do Ministério de Minas e Energia 
1962 – Institucionalização da ELETROBRAS 
1963 – Plano trienal do Governo João Goulart previa operação comercial de central nuclear em 1980 
1967 – Presidente Costa e Silva anuncia uso da nucleoeletricidade 
1970 – Furnas Centrais Elétricas assina contrato “turn-key” com a Westinghouse para construir a central nuclear Angra I de 626 Mwe 
1971 – Criada a Companhia Brasileira de Tecnologia Nuclear (CBTN) para projetar e construir instalações do ciclo do combustível nuclear 
1974 – Criada a Nuclebras, sucessora da CBTN para implantar um programa de referência de 10.200 Mwe nucleares até 1990 
1974 – Autorizada a construção de Angra II 
1975 – Assinatura do acordo Brasil-Alemanha como apoio tecnológico ao programa nuclear de referência 
1975 – Autorizada a construção de Angra III 
1983 – Iniciada a operação de Angra I 
1987 – Presidência da República anuncia domínio do ciclo do combustível nuclear através do programa autônomo de desenvolvimento nuclear 
1988 – Promulgação da nova constituição do Brasil – Energia nuclear somente para fins pacíficos e mediante aprovação do congresso nacional 
1988 – Criação da INB – Indústrias Nucleares do Brasil, em substituição à Nuclebras 
1994 – Governo autoriza a transferência de recursos financeiros e financiamentos de Angra III para Angra II 
2000 – Iniciada a operação de Angra II 
2007 – Conselho Nacional de Política Energética autoriza retomada de Angra III 
2008 – Constituição do Conselho de Desenvolvimento do Programa Nuclear Brasileiro – presidente da república e onze ministros 
2009 – Reinício da construção da Usina Nuclear Angra III 
(fonte: Energia Nuclear - Riscos ou Oportunidades? A Experiência Brasileira, por José Augusto Perrotta. Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares – IPEN/CNEN-SP, Brasil)
Tudo começou na década de 50 com a criação do Conselho Nacional de Pesquisa (CNPq), com o intuito de apoiar a formação de recursos humanos para pesquisa, e, devido a influência do pós-guerra, era concedida uma bolsa maior para os campos das ciências básicas ligadas á Física, especialmente estudos relacionados a energia atômica. Em 1956, o CNPq passou por uma reestruturação em razão da criação da Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN), que no início era vinculado com a presidência, mas quatro anos depois passou para o Ministério de Minas e Energia (MME), que tinha como meta apresentar as medidas julgadas necessárias à orientação da política geral da energia atômica.
Foi em 25 de janeiro de 1958, em São Paulo, o presidente Juscelino Kubitschek inaugurava oficialmente o primeiro reator nuclear do Brasil e da América Latina, construído pela empresa norte-americana Babcock & Wilcox .O complexo que recebeu o nome de IEA-R1 não tinha como objetivo gerar energia. Seu maquinário era utilizado para pesquisas nas áreas da radioatividade e para a fabricação de produtos médicos por exemplo. O reator funciona como “uma bomba controlada” que faz gerar em certos materiais efeitos radioativos. O dispositivo permite controlar o processo de fissão nuclear.
Em 1960 foi criado o MME, cabendo a ele planificar a exploração dos recursos minerais e energéticos do Brasil. Pouco tempo depois, em 1962, foi aprovada a criação da Eletrobrás, empresa disciplinadora de aplicações dos recursos federais, empreendimentos em energia elétrica que promove e adéqua a política energética para a nação. 
	Graças ao avanço do conhecimento brasileiro na área nuclear durante a década de 1960, foi no início da década de 1970 que o país teve sua primeira usina contratada que seria construída na área agora conhecida como Central Nuclear Almirante Álvaro Alberto (CNAA), localizada especificamente às margens da rodovia Rio-Santos, na praia de Itaorna, aproximadamente a meio caminho entre os centros dos municípios de Angra dos Reis e Paraty, no Estado do Rio de Janeiro. Angra I, de fabricação da americana Westinghouse, localizou-se na área entre os três principais centros consumidores da época: Belo Horizonte, Rio de Janeiro e São Paulo. Angra I é detentora de uma área de 33.646,51 m² e teve um custo bruto de construção e de instalações, atribuído à Eletronuclear, de R$1.468.310.000,00 de acordo o Diário Oficial do Estado do Rio de Janeiro. Sendo sua potência utilizada para consumo próprio igual á 30MWe e gera uma potência de 657MWe. Em 2007, foi feita uma pesquisa e considerando-se o consumo médio do Estado do Rio de Janeiro (2000kwh/habitantes/ano), a usina atendeu a cerca de 1,4 milhão de habitantes nesse ano (8,3% do consumo de eletricidade do RJ).
Na mesma década da construção de Angra I, foi feito o programa de cooperação Brasil-Alemanha, que tinha como meta a construção de oito usinas e transferência progressiva de tecnologia no ciclo do combustível e da tecnologia das centrais elétricas. Porém, com os acontecimentos na década de oitenta envolvendo usinas nucleares e a estagnação econômica do país, o programa foi sendo gradativamente interrompido e a usina de Angra II só foi ficar pronta e pode operar em 2000. Angra 2 ocupa uma área se 93.802,74 m² e opera, assim como Angra 1, com um reator PWR (Power water reactor), sendo que sua potência nominal é de 1.350MWe e consume 75MWe. A unidade 2, sozinha, poderia atender ao consumo de uma região metropolitana do tamanho de Curitiba, com dois milhões de habitantes, pois possui o maior gerador elétrico do Hemisfério Sul. De acordo com o Diário Oficial do Estado do Rio de Janeiro, em 2007, o custo bruto de suas instalações, atribuído à Eletronuclear, foi de R$5.108.960.000,00, sendo que o valor gasto ma compra foi de R$3.950.091. Na mesma pesquisa feita em 2007, considerando o consumo médio do Rio de Janeiro (2.000kWh/hab/ano), Angra 2 atendeu cerca de 4,8 milhões de habitantes, 2% do consumo de eletricidade no RJ.
No final da década de1970, das instalações do ciclo do combustível, só restou a Fábrica de Elementos Combustíveis (FEC), hoje parte das Indústrias Nucleares do Brasil (INB), fabricante dos elementos combustíveis das usinas nucleares brasileiras. 
Apesar do ritmo na área ter diminuído no Brasil, a década de 1980 foi bastante significativa para o país. Foi desenvolvido o enriquecimento isotópico e estabelecida a base técnica para o desenvolvimento de uma planta nuclear de potência para propulsão naval. Com isso, foi possível se estabelecer na INB a base industrial do ciclo do combustível para atendimento das centrais nucleares brasileiras atuais e futuras. 
Para o Brasil, o setor nuclear tem papel importantíssimo na matriz energética do país. Somente de forma integrada o país terá uma base sólida para o seu desenvolvimento. A expectativa é que a área de energia nuclear cresça muito ainda mais no Brasil, dada a riqueza do solo nacional e do eficiente trabalho feitoaté então. E atualmente a terceira usina da central nuclear de Angra dos Reis, Angra III, conseguiu as licenças necessárias para voltar a sua construção e prevê estar operando comercialmente em 2015.
 Geração de Energia: Combustível e Usinas
As usinas nucleares são termoelétricas assim como as usinas que produzem energia elétrica a partir da queima de combustíveis fósseis. A diferença é que este calor provém das reações de fissão nuclear dentro do reator. Mas ambas utilizam o calor para transformar água em vapor (energia térmica) para girar uma turbina (energia mecânica) que está associada a um gerador (energia elétrica). Abaixo segue um esquema de uma termoelétrica geração à partir de carvão mineral. 
Já o combustível utilizado em uma usina nuclear para geração de energia é o urânio. Desde sua extração do meio ambiente até a sua utilização dentro do reator, o urânio passa por um ciclo, o ciclo de produção do urânio. Primeiramente ele é extraído na forma de minério nas minas na etapa de mineração. A partir do minério é feito o concentrado de urânio (U3O8), conhecido como Yellow Cake. Na próxima etapa, o urânio é convertido em hexafluereto de urânio (UF6), para transformar o yellow cake (sólido) em gás. Dessa forma o urânio está apto a próxima etapa: o enriquecimento. No enriquecimento, o gás é posto em um centrifugador para separar o urânio 238 de seu isótopo mais físsil, o urânio 235. Como na natureza é encontrado cerca de 0.7%, esse processo é importante para se conseguir 4% deste isótopo na mistura. Após o enriquecimento, o UF6 é transformado em dióxido de urânio (UO2), retornando o urânio ao estado sólido na forma de pó. Este pó é então arrumado em pastilhas, que ficam em “varetas” organizadas no elemento combustível. Uma vez que aprovados nos rigorosos testes de segurança, os elementos combustíveis são postos dentro do reator.
	
Com o combustível apto para as reações, a usina pode começar a gerar energia. Dentro do reator, a geração de energia começa com a fissão dos átomos de urânio. É essa fissão que gera calor para aquecer a água do sistema primário. Esse calor é passado ao Gerador de Vapor, que aquece a água do sistema secundário, transformando-a em vapor. Usando a energia mecânica do vapor, a turbina é movimentada, esse vapor passa pelo condensador, onde é resfriado pela água do mar (sistema terciário) e retorna ao Gerador de Vapor. O gerador elétrico associado ao eixo da turbina produz eletricidade para abastecer a rede de energia elétrica. Em momento algum as águas dos sistemas primário, secundário e terciário entram em contato. O único impacto causado a água que volta para mar (sistema terciário) é um acréscimo em sua temperatura, que é freqüentemente fiscalizada pelo IBAMA.
CONSEQUÊNCIAS DA ENERGIA NUCLEAR NO BRASIL
2. 1. Impacto ambiental
2.1.1 Localização e licenciamento das usinas 
Em relação às usinas nucleares, existem alguns aspectos que devem ser analisados para a escolha definitiva da localização onde irão funcionar as centrais nucleares. Como o fator ambiental se mostra extremamente importante, a seleção de sítios para novas usinas nucleares é rigorosa e prescrevem pesquisas e análises em relação á questão da saúde, da segurança e do meio ambiente. Outros aspectos são analisados no processo de seleção e, para a consideração de sítios potenciais dentro de uma região de interesse, a ótica empresarial não deve ser excluída, por mais significante que seja a questão ambiental.
Dentro das questões de saúde, segurança e ambientais, temos estudos de geologia, sismologia, movimento vibratório do solo, falhas geológicas, estabilidade do solo, suprimento de água, temperatura ambiente, inundações, ventos, entre outros. A análise destas condições previne a existência de algum acidente que possa a afetar a região aos arredores da usina. Lado ao lado, o projeto também deve se justificar economicamente viável. Por isso, etapas e situações de construção, transporte de equipamentos e combustível, engenharia, custos, mercado consumidor e outros, podem eliminar áreas viáveis ecologicamente, mas,ao mesmo tempo, incompatíveis com o aspecto socioeconômico. Um ponto que se encontra dentro deste aspecto é a distância em relação aos grandes centros consumidores de eletricidade, pois perdas de energia ocorrem na transmissão, e quanto maior a distância percorrida, maior é a perda de energia. Por isso, se um sítio for mal localizado, existiriam custos adicionais de operação devido ao fato de haver taxas sobre o uso do sistema de transmissão que são proporcionais a distância.
 Fonte: Seminário Internacional de Biocombustíveis e Energia Nuclear 2008
Escolhida a área, torna-se necessário, para qualquer instalação de um empreendimento, não só para a nuclear, obter o Licenciamento Ambiental emitido pelo IBAMA. De acordo com a legislação ambiental estabelecida em 1986 pelo Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA), dependem de licenciamento ambiental a construção, instalação, ampliação e funcionamento de estabelecimentos e atividades que utilizem recursos ambientais, considerados efetiva ou potencialmente poluidores, ou ainda capazes de causar degradação ambiental. O Licenciamento possui 3 fases distintas: Licença Prévia (LP), concedida na fase preliminar do planejamento do empreendimento ou atividade aprovando sua localização e concepção, atestando a viabilidade ambiental e estabelecendo os requisitos básicos e condicionantes a serem atendidos nas próximas fases de sua implementação; Licença de Instalação (LI), autoriza a instalação do empreendimento de acordo com as especificações constamtes dos planos, programas e projetos aprovados, incluindo as medidas de controle ambiental e demais condicionantes, da qual constituem motivo determinante; Licença de Operação (LO), autoriza a operação da atividade, após a verificação do efetivo cumprimento do que consta das licenças anteriores, com as medidas de controle ambiental e condicionantes determinados para a operação. 
No caso de Angra 3, dois documentos foram submetidos como requisito para obtenção do licenciamento ambiental: o amplo Estudo de Impacto Ambiental (EIA) e o Relatório de Impacto no Meio Ambiente (RIMA). Os dois documentos identificam possíveis impactos ambientais, socioculturais e econômicos que possam resultar da instalação do empreendimento, e propõem medidas para amenizar estes impactos.
O EIA e o RIMA de Angra 3 foram submetidos ao IBAMA em maio de 2005. Após a análise destes documentos, o IBAMA promoveu 8 Audiências Públicas Oficiais nos municípios de Angra dos Reis. Paralelamente, a Eletronuclear realizou 17 apresentações preliminares onde o objetivo era discutir o empreendimento de Angra 3 e os seus benefícios para a comunidade. No dia 23 de julho de 2008, a Licença Prévia Ambiental da Usina Angra 3 foi expedida pelo IBAMA. Para a segunda licença, a Licença de Instalação, a Eletronuclear teve que atender 60 condicionantes que estão dentro do Plano de Cumprimento das Condicionantes e Exigências relativas ao Licenciamento Ambiental, junto com as imposições da Licença Prévia. O atendimento às condicionantes foi aprovado e no dia 5 de março de 2009, foi expedida pelo IBAMA a Licença de Instalação. A terceira e última etapa, a Licença de Operação, deverá exigir de a empresa Eletronuclear cumprir todas as exigências que vêm sendo formuladas pelo órgão licenciador no tocante à análise que está sendo efetuada no Relatório de Análise de segurança. 
Fonte: Seminário “O Empreendimento Angra 3”
Além da Licença Ambiental do IBAMA, Angra 3 já conseguiu a licença de uso do solo, expedida no dia 24 de julho de 2009 pela Prefeitura de Angra dos Reis, que determinou compensações socioambientais que incluem um período de 6 anos de investimentos da Eletronuclear e possui uma abrangência na infra-estrutura e saneamento básico da cidade, junto com investimentos em educação, saúde, cultura, etc. 
Já para a retomada das obras de Angra 3 também será necessária a obtenção da Licençade Construção junto à Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN). Toda a documentação já foi submetida a CNEN e a licença parcial de construção já foi expedida no dia 09 de março de 2009, mas a Licença de Construção, que permite o prosseguimento das obras, foi prevista para novembro de 2009 e tornou-se uma realidade. 
2.1.2 Impactos Ambientais, Socioculturais e econômicos 
As usinas nucleares, não obstante de outras usinas de geração de energia, produzem algumas modificações nas áreas onde instaladas, mas isso nem sempre reflete uma situação prejudicial ao meio ambiente. Utilizamos para relacionar estas modificações o termo impacto ambiental, expressão esta que muitas vezes ganha uma conotação negativa pela visão de alguns membros da sociedade. 
 Fonte: http://areaseg.com/vote2/html/usina1.jpg (Acesso: 01/12/2009)
Como a Eletronuclear seguiu a risca as exigências propostas pelo IBAMA, poucos são os impactos provocados pelas usinas nucleares. Como as usinas ocupam áreas relativamente pequenas (3,5Km², no caso da Central Nuclear de Angra, que abriga três usinas) e ficam próximas aos centros consumidores, dispensa-se a construção de longas linhas de transmissão que além de significar uma vantagem econômica também evita impactos associados a construção de linhas de transmissão. 
Um dos impactos que ocorrem durante a geração de energia dentro da usina e que não proporciona nenhum mal ao meio ambiente, mas que é chamado de impacto ambiental, pois ocasiona uma mudança no ambiente em torno da usina, é o aumento da temperatura do mar apenas nos arredores das instalações nucleares. Esse impacto é causado pelo fato de que a água do mar é utilizada para resfriar o condensador no processo de geração de energia. Esta água não entra em contato com o condensador em si, mas ela volta para o mar com um aumento de 5º C em relação ao seu estado inicial. Mesmo sendo uma mudança no ambiente, o aumento de temperatura é totalmente controlado pela instituição da Eletronuclear e é limitado pelo IBAMA, que não enxergou isso como um problema grave para o funcionamento da usina nem para a degradação do meio ambiente. O que se tem observado é que o aumento de temperatura atraiu outros tipos de peixes que se proliferaram na região assim como o crescimento de algas que servem de alimento para essa nova demanda de peixes na área. Toda essa mudança é controlada e em torno da usina há diversos medidores tanto de radiação como de temperatura, caso haja alguma alteração brusca no ambiente, ela é detectada e a usina pára temporariamente suas atividades até a apuração correta dos fatos e a investigação do que realmente aconteceu para ocasionar o impacto. 
2.1.3 Tratamento de Rejeitos
Outro assunto que se mostra muito polemico na visão dos críticos da energia nuclear é a questão do tratamento dos rejeitos nucleares. Com o objetivo de mostrar que as preocupações em relação ao armazenamento de rejeitos são exageradas, todo um estudo é desenvolvido e tecnologias são criadas para melhorar a eficiência e a segurança do armazenamento de rejeitos.
	Os rejeitos radioativos são classificados em três categorias de acordo com o nível de radioatividade: os de baixa, média e alta atividades. Também há uma classificação em relação a meia-vida dos elementos radioativos dos mesmos para se ter uma idéia de quanto é a duração da atividade radioativa do rejeito, ou seja, há aqueles de longa duração e de curta duração.
 Fonte: Palestra “Considerações sobre depósitos finais de rejeitos”.
Esta divisão existe para que cada tipo de rejeito seja tratado de uma forma especial melhorando assim o tratamento e armazenamento dos rejeitos. No caso dos de baixa e de média radioatividade, que compreendem ferramentas e materiais que sofreram contaminação durante a operação da usina (vestimentas, filtros, plásticos, papéis, barris, caixas de metal etc), eles são compactados para facilitar a deposição. Os tipos mais comuns de deposição para rejeitos de baixa ou média irradiação são os de Borehole e Near Surface. Já o caso dos rejeitos de alta radioatividade, que constitui os elementos combustíveis irradiados após a operação de geração de energia elétrica, eles tem atividade de vida longa e, como geram grandes quantidades de energia, necessitam de serem armazenados em instalações chamadas de piscinas de resfriamento de combustível por no mínimo 10 anos. Estas piscinas, diferente de como muitas pessoas pensam, não indicam que os rejeitos serão mantidos em áreas de céu aberto onde há risco de vazamento, muito pelo contrario, as piscinas estão localizadas junto das centrais nucleares e estão contidas dentro de prédios com varias camadas de proteção, por isso o termo existente entre os técnicos “defesa em profundidade”, onde o risco de ocorrência de acidente é muito remoto, devido, principalmente, à forma como os rejeitos são acondicionados. Os rejeitos são mantidos na forma sólida, armazenados em recipiente qualificados pela CNEN e, finalmente, são estocados em um depósito confinado evitando qualquer exposição às pessoas ou ao meio ambiente. Mesmo com uma chance pequena de alguma coisa dar errado, ainda há analises de segurança, procedimentos e cálculos matemáticos para estudar todas as possibilidades de acidente. Então é feito todo um estudo para evitar impactos ambientais como vazamentos para o meio ambiente ou para lençóis freáticos subterrâneos. 
Ainda em relação aos rejeitos de alta radioatividade, existem tecnologias que permitem o reprocessamento e reutilização dos combustíveis descarregados do reator para gerar ainda mais energia. Essa tecnologia visa a separação do material físsil e fértil, principalmente plutônio e urânio, dos produtos de fissão, para que seja utilizado novamente como combustível e assim diminui o volume de rejeitos nas instalações de armazenamento (Angra 3 terá uma capacidade de 1084 elementos combustíveis guardados nas piscinas). No Brasil, ainda não existem técnicas de reprocessamento dos combustíveis usados, mas tudo depende de ações governamentais para explorar esta possibilidade, que deverão ocorrer até o término da vida útil das usinas, ou seja, num período de 20 a 50 anos. 
Em Angra 3, durante os primeiros anos de operação, os resíduos ficarão armazenados no interior da própria Usina como acontece no caso de Angra 2. Depois serão transferidos para Depósitos Iniciais de Rejeitos Radioativos do Centro de Gerenciamento de Rejeitos (CGR) e, futuramente, transferidos para um depósito definitivo. No caso dos rejeitos de baixa atividade nos depósitos iniciais, ou seja, luvas, sapatos, vestimentas, mascaras e ferramentas contaminadas, elas podem, após o decaimento do nível de radiação, ser promovidas a resíduos industriais e ser liberados como lixo comum, pois não apresentam mais riscos. A contabilização isotópica dos embalados de rejeitos de baixa e média radioatividades será feita no Prédio de Monitoração que funcionará como um laboratório de análises para julgar a caracterização dos materiais radioativos e onde será avaliado se o rejeito pode ou não ser considerado como lixo industrial sem radiação. Haverá três depósitos iniciais que ocuparão respectivamente uma área de 949 m2. (Áreas de estocagem mais intermediária), 1178m2 e 917 (Áreas de estocagem mais descarregamento). O esgotamento da capacidade de armazenamento nos depósitos iniciais se dará em 2020, quando, segundo o planejamento da 	CNEN e da Eletronuclear, o depósito definitivo de rejeitos radioativos já estará implantado.
 
Depósitos Near Surface
Fonte: Palestra “Considerações sobre depósitos finais de rejeitos”.
 
Piscina de armazenamento de combustível usado de Angra 2
 
Fonte:
 Palestra “Considerações sobre depósitos finais de rejeitos”.
2.2. Responsabilidade Social
A Eletronuclear, consciente de seus deveres em relação à população, criou diversosprogramas para atender a comunidade me torno da Central Nuclear Almirante Álvaro Alberto (CNAAA). Para isso, houve uma mudança no comportamento da instituição que passou a ter mais transparência, fornecendo mais informações a população a respeito do que ocorre dentro das usinas. 
	A Empresa, não só cumprindo os compromissos oficiais assumidos no EIA e no RIMA, também executa projetos e atividades voltadas para os campos da saúde, educação, meio ambiente e infra-estrutura com a cooperação das prefeituras municipais de Angra dos Reis, Paraty e Rio Claro, buscando contribuir com o desenvolvimento humano e a igualdade social da população da região. Para desempenhar o papel de empresa cidadã e reafirmar seu comprometimento socioambiental, a Eletronuclear investe em ações de combate à fome e à miséria, geração de trabalho e renda e melhoria na infra-estrutura, o que vem estimulando investimentos contínuos nos municípios com a construção de creches, conservação de estradas, restauração do patrimônio histórico, aparelhamento dos órgãos de segurança (defesa civil, corpo de bombeiros e polícias), compra de remédios e equipamentos hospitalares, valorização da cultura regional, entre outros. 
Devido a projetos de Voluntariado, em 2005, a Eletronuclear recebeu o Selo de Responsabilidade Social do CREA/RJ com o projeto Gravação de Livros para Cegos e, em 2007, com o projeto POMAR – Povoamento Marinho da Baía da Ilha Grande.
Além de projetos sociais, a Eletronuclear realiza palestras para a população com o objetivo de ampliar os conhecimentos sobre Energia Nuclear e a contribuição de Angra 3 para o desenvolvimento da região. Ainda com o objetivo de disseminar informações sobre o Programa Nuclear no Brasil, a empresa criou diversas ferramentas, como o guia de pronta resposta, com a finalidade de uniformizar o posicionamento da instituição sobre questões mais discutidas, como o reinício da construção da Usina de Angra 3 e a previsão de novas centrais nucleares. Com isso, houve também uma mudança nas atitudes da mídia, que agora procura sempre buscar a opinião dos técnicos e funcionários de Angra 1 e 2 com o objetivo de ganhar credibilidade e expor sempre todos os ângulos em relação aos acontecimentos que ocorrem nas usinas nucleares de Angra. 
 Laboratório de monitoramento ambiental 
Fonte: Relatório da Eletronuclear de Sustentabilidade 2008
 Equipe realiza atividades de monitoramento ambiental.
Fonte: Relatório da Eletronuclear de Sustentabilidade 2008
Assistência à população em caso de Acidente
Não diferente da classificação dos rejeitos, é feito uma classificação em relação aos possíveis acidentes que podem ocorrer nas usinas nucleares devido a falhas nos sistemas de segurança ou contaminação do meio ambiente: Acidente sem Risco Importante Fora da Área da Instalação (nível 4); Acidente com Risco Fora da Área da Instalação (nível 5); Acidente Sério (nível 6) e Acidente Grave (nível 7). Cada classificação tem como objetivo criar meios de controlar a situação e tomar as medidas necessárias pra a segurança da população em torno da Usina. Um evento nível 5, que corresponde a uma liberação externa limitada de material radioativo, mas requerendo a implantação parcial de contramedidas planejadas de segurança, é considerado acidente de risco moderado para a área externa à usina. Já para eventos de nível 6 e 7, medidas amplas são providenciadas, uma delas é o Plano de Emergência para a comunidade em torno das usinas. 
O Plano de Emergência envolve a atuação de outros órgãos além das instalações das centrais nucleares. As ações desse plano, que são coordenadas pela Defesa Civil do Estado do Rio de Janeiro, sob supervisão geral do Órgão Central do Sistema de Proteção ao Programa Nuclear Brasileiro (SIPRON) e a supervisão técnica da CNEN, envolvem a participação das seguintes organizações: Exército, Marinha, Aeronáutica, Agência Brasileira de Inteligência (ABIn), Departamento Nacional de Infra-estrutura de Transportes (DNIT), Polícia Rodoviária Federal (PRF), Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro, Defesa Civil de Angra dos Reis, Defesa Civil de Paraty, empresa de eletricidade e empresa de transporte urbano da região, além de secretarias estaduais e municipais. 
Mesmo existindo dentro das usinas de Angra sistemas de desligamento de forma segura e um conjunto de barreiras que diminui drasticamente as chances de liberação de radioatividade, a Eletronuclear elaborou o Plano de Emergencia Local (PEL), que consiste em normas e regras para amenizar os problemas caso ocorra uma emergência nuclear. 
Em cada mês de outubro de cada ano, é realizada uma simulação de um acidente nuclear. Durante esta simulação, é feito um ensaio e um treinamento de funcionários para o tratamento de pessoas expostas a radiação e a evacuação da população nas CNAAA. O objetivo desta operação é planejar todos os passos durante a situação de emergência radiológica e acostumar as pessoas das comunidades aos arredores da usina a tomarem as decisões corretas, evitando maiores problemas. 
	
2.3. Vantagens da Energia Nuclear
Diferente como o que pensam vários críticos da energia nuclear, as instituições ligadas às usinas nucleares não buscam exclusividade para a geração de energia no país, muito pelo contrario, instituições como a Eletronuclear e a ABEN visam utilizar a energia nuclear para diversificar a matriz elétrica brasileira, junto com a geração de energia por outras fontes de energia alternativas. Mas mesmo com o objetivo de complementar o cenário elétrico do Brasil, a energia nuclear de Angra 3 irá produzir certas vantagens em relação aos outras fontes de energia. Além de produzir mais energia, Angra 3 significará um avanço na tecnologia nuclear do país que possuem diversas outras aplicações como na área de medicina, como por exemplo, na radioterapia, radio fármacos e outros procedimentos médicos realizados todos os dias. 
A construção de Angra 3 também significará mais emprego e geração de renda, com a estimativa de 9000 empregos diretos e 15000 indiretos durante a construção. Angra 3 trará mais segurança e confiabilidade ao sistema elétrico da região Sudeste e diferente de usinas que utilizam combustível fóssil para a queima de energia, as usinas nucleares não contribuem para o efeito estufa, tema que está sendo amplamente discutido para a reunião sobre mudanças climáticas em Copenhague, na Dinamarca. 
FUTURO DO PROJETO
3.1. Progresso atual
A usina de angra 3 teve sua construção parada por falta de recursos governamentais e pela pressão que havia contra energia nuclear devido ao acontecimento em Chernobyl. Após a decisão da retomada da construção da usina de Angra 3, o governo começou a se movimentar para mostrar os benefícios desse projeto e conseguir manter o cronograma que foi criado para o Programa de Aceleração do Crescimento e o Plano Nacional de Energia 2030.
Fonte: www.eletronuclear.gov.br
Angra 3 será uma usina quase gêmea de Angra 2, e por isso grande parte do que foi utilizado em Angra 2 será utilizado também em Angra 3. Porém, como Angra 3 será construda sobre rochas diferentemente de Angra 2, e como utilizará um Sistema de Instrumentação e Controle digital, Angra 3 não será uma cópia fiel de Angra 2 que se utiliza de controle analógico.
3.1.1. Andamento do projeto
Estima-se que aproximadamente 30% do projeto final já esteja adiantado, já que vários componentes do projeto de engenharia e de documentos técnicos que foram utilizados em Angra 2 serão utilizados em Angra 3. Além disso, grande parte dos equipamentos já foram comprados entre os anos de 1977 e 1979, antes da paralisação das obras em 1986. Sendo esses os principais componentes mecânicos da usina.
Com o Plano de Aceleração do Crescimento (PAC), o programa nuclear brasileiro tornou-se uma peça importante para o crescimento da economia do país devido a sua alta capacidade de geração de energia. Com a aprovação da retomada da construção da usina de Angra 3, os contratos foram revistos, com reavaliação dos custos, revisão do estudo deviabilidade e apreciação legal dos contratos
Desde a época da paralisação das obras Angra 3, mesmo antes de ser construída, já gastou US$ 20 milhões por ano para a manutenção de seu canteiro de obras e preservação de seus equipamentos - estimados em US$ 750 milhões - já comprados antes desse recesso.
No dia 14 de setembro de 2009 a Eletronuclear assinou um aditivo contratual com a construtora Andrade Gutierrez para retomada da construção civil de Angra 3. Com esse contrato há uma renegociação para a redução de R$ 120 milhões no preço global das obras.
A previsão é de que as obras se iniciem em Dezembro de 2009 com a concretagem da laje de fundação do reator nuclear e que em 66 meses a usina esteja pronta para operação comercial. O orçamento para a conclusão da obra é de R$ 8,4 bilhões.
3.1.2. Acordos e previsões
	Para os próximos anos o Brasil estará investindo no crescimento e diversificação da matriz energética, ao mesmo tempo em que a mão de obra especializada atual está envelhecendo. Com o início das obras do PAC e para evitar a perda do capital intelectual e experiência existente dentro das empresas, a maioria das empresas do Brasil ligada à energia necessitará de um grande aumento e uma extensa renovação em sua mão de obra atual. Com isso, espera-se que, para os próximos anos, o mercado de trabalho brasileiro aumente sua demanda principalmente para mão de obra especializada. 
Muitos dos equipamentos mecânicos e elétricos, além dos serviços de engenharia serão revistos. A tendência é de preparar a futura geração de mão de obra com o conhecimento necessário, e tentar passar a experiência adquirida por funcionários mais antigos, para que não haja perda do capital humano.
Com o início da construção da usina de Angra 3, serão gerados muitos investimentos para a área de Angra dos Reis e para a economia do Brasil, que tem na energia nuclear uma grande oportunidade. Cerca e R$1,4 bilhão será gasto com equipamentos produzidos pela indústria Nacional. O resto dos equipamentos que não forem produzidos no Brasil será provido pela empresa franco-alemã Areva que trabalha com fornecimento de soluções para a geração, transmissão e distribuição de energia livre de CO2 e com a qual se mantém um acordo comercial.
 	Os investimentos para a construção da nova usina virão em grande parte do governo como subsídio para o novo plano de energia, pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). No entanto, espera-se que uma boa parte dos investimentos - cerca de 30% do valor total - venha por parte de empréstimos de bancos privados, que já vêm mostrando interesse no assunto.
	 	
Programas de Manutenção e Preservação
3.2.1. A importância e como funciona o programa
 A construção de Angra 3 foi interrompida em 1986 e durante todo esse tempo foi preciso conservar o que já se tinha feito através de um programa de manutenção e preservação. Essa manutenção, infelizmente, tem um alto custo e é de suma importância para a preservação dos equipamentos que aguardam entrar em operação em perfeito estado.
Para se ter uma idéia, para preservar Angra 3 é feita uma manutenção da condição atual da obra paralisada, que inclui a estocagem e preservação dos equipamentos já adquiridos, a feitura de seguros para esses materiais, visitas no local para inspeções periódicas, a manutenção do canteiro de obras e uma estrutura empresarial voltada tanto para essas atividades quanto para a retomada das obras. Esse trabalho para a conservação da condição atual da obra custa entorno de 20 milhões por ano.
Os componentes mecânicos principais para o funcionamento da usina já foram comprados, como os da chamada “ilha nuclear”, que são: o vaso de pressão do reator; Gerador de Vapor; pressurizador; bombas principais de refrigeração; suportes de componentes e outros; equipamentos do grupo turbo-gerador e importantes componentes mecânicos; e equipamentos de processo do circuito convencional. Mesmo tendo sido comprados entre 1977 e 1979, e sendo a maioria deles recebidos em 1984, esses equipamentos não são obsoletos, pois apresentam os mesmos projetos de engenharia e os mesmos métodos fabris e construtivos que aqueles em operação nas usinas alemãs mais recentemente construídas, por esse motivo, a proteção desses componentes já adquiridos se faz extremamente necessária. 
Para a proteção dos equipamentos, eles são embalados em folhas de alumínio, selados a vácuo e com um controle de umidade. Os tanques de pressão são conservados com gás inerte. Já os materiais estocados são revestidos com uma película protetora periodicamente. Assim sendo feita, os equipamentos de Angra 3 se encontram em perfeito estado de uma operação segura e confiável.
O Programa de Manutenção e Preservação funciona com uma inspeção mensal da Usina e outra de vinte e quatro meses, onde são feitas as tarefas de manutenção como, por exemplo: a substituição de proteções, de desumidificadores e graxas de óleos quando se mostra necessário entre outras coisas. Porém, dentro desse programa existem outras tarefas e assuntos tão importantes para a conservação quanto as já citadas acima, que são: uma engenharia voltada para a segurança industrial, proteção contra incêndios, manutenção da documentação da usina, inspeção e controle dos equipamentos, inspeções e auditorias independentes, e logicamente, os meios materiais e humanos para realizar as tarefas.
Logicamente, ainda restam muitos equipamentos a serem comprados para a usina de Angra 3. Estes componentes serão adquiridos no mercado nacional e internacional. No mercado internacional os equipamentos são, entre outros, a máquina de recarga de combustível, as barras de controle para o reator, cabos especiais de instrumentação e controle, material de tubulação e tanques para o grupo turbo-gerador, equipamentos de processo e, principalmente, o novo sistema de instrumentação e controle digital, o que mais diferencia Angra 3 de Angra 2. Já no mercado nacional serão adquiridos componentes mecânicos, como: vasos e tanques, trocadores de calor e equipamentos de processo; pontes rolantes, pórticos e guindastes, suportes especiais e revestimentos, equipamentos rotativos, bombas e válvulas, tubos e peças especiais ferríticas, isolamento térmico, sistemas de ventilação e de proteção contra incêndio; e equipamentos elétricos (transformadores, painéis elétricos, bandejas de cabos e suportes de montagem, cabos elétricos de força, baterias e materiais diversos).
O custo estimado para a aquisição desses equipamentos e materiais é de EUR 362 milhões para os internacionais e de R$ 1,3 bilhão para os nacionais.
3.2.2. 	Paradas programadas
 Devido à duração do combustível nuclear, é feita a parada programada da usina para o reabastecimento da mesma a cada 12 meses. Aproveita-se essa parada para se fazer a manutenção que não pode ser feita quando a usina está em operação normal. O reabastecimento é feito através da troca de parte dos elementos combustíveis do reator nuclear.
 O reator e o conjunto turbogerador são desligados, primeiramente. Em seguida os elementos combustíveis usados são retirados e substituídos por novos. Os equipamentos que necessitam estar em funcionamento durante a operação da usina são submetidos à inspeção e manutenção durante a recarga.
 A parada para reabastecimento produz um impacto muito pequeno para o Sistema Integrado Nacional, pois mesmo parando por 45 dias, uma usina nuclear tem um fator de carga de 85%, que é a relação da energia efetiva produzida pela usina, durante um determinado período, e a energia que teria sido produzida se a usina tivesse operado com sua potência nominal durante o mesmo período.
 Na parada para o reabastecimento da usina nuclear, o combustível usado é levado à piscina de combustível usado, que está localizada no mesmo edifício que o poço onde fica o combustível novo, o edifício do reator.
 Para o transporte do combustível são necessárias licenças da CNEN, do Ibama e da Fundação Estadual de Engenhariade Meio Ambiente (Feema). A proteção física é feita pela Secretaria de Segurança Pública do Estado do Rio de Janeiro, que convoca a Polícia Militar. Também há o apoio da Polícia Rodoviária Federal. O Comando Militar do Leste fica de sobreaviso. A Casa Militar e a Polícia Federal (no Rio de Janeiro) são informadas. 
3.3. Plano Nacional de Energia 2030
3.3.1. Perspectiva de consumo elétrico
O Plano Nacional de Energia 2030 (PNE 2030) procurou estudar os diversos tipos de energia produzidos no nosso país e assim fazer projeções em cima deles para um planejamento de longo prazo. Angra 3 se enquadra perfeitamente nesse plano, pois servirá para aumentar a demanda de energia elétrica no futuro. Como é de conhecimento de todos que, logicamente, o consumo de energia elétrica tende a aumentar nos próximos anos, é preciso saber como e o quanto ele crescerá e criar alternativas para conseguir suprir essa nova demanda.
Existe uma metodologia usada no PNE 2030 para se fazer a projeção da demanda e do consumo final de energia elétrica no Brasil para os próximos anos, e ela foi feita a partir do Modelo Integrado de Planejamento Energético - MIPE. São estudados os cenários econômicos, demográfico e outras premissas para se fazer a projeção final de consumo elétrico.
 No cenário econômico são estudados os cenários internacionais, nacionais, a taxa de crescimento do PIB, a estrutura do PIB e a estrutura da indústria. No cenário demográfico são estudados a taxa de crescimento demográfico, os habitantes por domicílio, o número de domicílios, a taxa de urbanização e a regionalização. As outras premissas usadas para elaborar essa projeção são: a caracterização do uso da energia, os indicadores de consumo de energia, as hipóteses de conservação, a substituição de energéticos, a posse e uso de equipamentos, a evolução da frota de veículos e os cenários tecnológicos.
A partir desses estudos é possível criar modelos de quantificação onde são feitas as projeções preliminares que são regulamentadas pelos parâmetros de controle.
Os parâmetros de controle são baseados pelas principais premissas de controle que levam em consideração a elasticidade do consumo de energia e do consumo de eletricidade, a intensidade energética e elétrica, o consumo per capita de energia e de eletricidade e assim são feitas comparações com outros países.
Com as projeções preliminares bem definidas chegam-se, finalmente, as projeções finais de consumo elétrico. Logicamente, a metodologia para a projeção da demanda elétrica é muito mais complexa do que o que foi explicado acima, porém não serão aprofundados todos os processos dela. 
Como não se pode garantir muita coisa em relação ao futuro econômico de longo prazo de lugar algum, foram criados 3 cenários econômicos para o mundo. São eles: o Mundo Uno, voando em céu de brigadeiro; o Arquipélago, redefinindo as fronteiras; e a Ilha, trilhando sob cabo de guerra. 
fonte: Seminário BioEn e Nuclear
A partir desses cenários mundiais, criaram-se dois possíveis cenários nacionais em relação cada um deles eles, que estabelecem as administrações das forças e fraquezas do país como sendo eficazes ou pouco eficazes. Por exemplo, se o mundo economicamente estiver como em Mundo Uno (A), o Brasil pode estar na crista da onda (A1) ou perdendo a onda (A2), ou seja, sendo eficaz ou pouco eficaz. Fazendo o mesmo para o resto, se o mundo estiver como em Arquipélago (B), o Brasil pode estar surfando na marola (B1) ou no pedalinho (B2), e se o mundo estiver como em a Ilha (C), o Brasil pode estar nadando contra a corrente (C1) ou em náufrago (C2). 
Para esse estudo, foram consideradas apenas as situações de A1, B1, B2 e C2. Resumindo o quadro geral desses cenários nacionais, podemos dizer que: em A1 o país potencializa suas forças, reduz fraquezas e aproveita o ótimo cenário mundial; em B1 o cenário mundial é bom e o país se reforça e reduz fraquezas; em B2 o cenário mundial é bom, mas o país tem dificuldades em administrar forças e fraquezas; e em C2 o país tem dificuldades em administrar forças e fraquezas e o cenário mundial é ruim.
Primeiramente, apresentaremos as projeções do crescimento econômico de 2005 a 2030 em cada cenário. Em A1 o mundo cresceria 3,8% e Brasil 5,1% ao ano; em B1 e B2 o mundo cresceria 3,0% e o Brasil 4,1% e 3,2% ao ano, respectivamente; já em C2 o mundo e o Brasil cresceriam 2,2% ao ano.
Em seguida, também levaremos em conta a projeção do crescimento da população brasileira antes de mostrarmos a do consumo final de energia elétrica. Nessa projeção não são considerados os possíveis cenários econômicos. Nela estima-se que o Brasil terá um aumento de 28,62%, cerca de 53.082.000 pessoas a mais na sua população desde 2005 a 2030, passando de 185.472.700 para 238.554.700.
Por último, depois de se projetar o crescimento econômico e populacional e através de outras projeções não importantes para este trabalho foi possível estimar a perspectiva de consumo final de energia elétrica no país nos quatro possíveis cenários econômicos. Estima-se que em 2030 considerando o cenário A1 o consumo final será de 1.243,8 TWh, uma taxa média de crescimento de 5,1% ao ano. Em B1, a projeção é de 1.044,3 TWh com taxa média crescimento de 4,3% ao ano. Em B2, a projeção é de 941,2 TWh com taxa de crescimento de 3,9% ao ano. Finalmente em C2, a estimativa é de 847,0 TWh com taxa de crescimento de 3,5% ao ano. Porém, como o cenário macroeconômico tende a ficar entre B1 e B2, a taxa media de crescimento de consumo final de energia elétrica que o PNE 2030 estabeleceu foi de 4,0% ao ano até 2030.
Devido ao futuro esgotamento da capacidade de produção das hidrelétricas e também a uma maior diversificação da produção de energia elétrica no Brasil, o investimento em energia nuclear para produção de energia elétrica aumentará, como admite o PNE 2030 ao mostrar a evolução da demanda total de urânio no país, que passará de 455 t em 2005 para 1.646 t em 2030.
3.3.2. Investimentos e recursos minerais disponíveis extensos
Com o significativo aumento do consumo de energia elétrica que é previsto para o futuro, e com a preocupação existente sobre o agravamento do efeito estufa o mundo está se voltando para a energia nuclear como uma possível saída. Apesar do medo nuclear que existe devido ao acontecimento em Chernobyl, o Brasil está retomando seu programa nuclear.
Com a construção de Angra 3, as usinas nucleares do Brasil irão produzir 80% da energia elétrica total consumida no Rio de Janeiro, mas para que o PNE 2030 ocorra com sucesso é preciso que outras quatro novas centrais nucleares sejam construídas, duas no Nordeste e duas no Sudeste.
O Brasil já possui tecnologia para ser auto-suficiente em todo o processo da criação de energia nuclear, além disso, o Brasil possui em seu território uma extensa riqueza mineral, assim encontra uma motivação a mais para expandir sua tecnologia nuclear. Mesmo sem conhecer toda a sua capacidade na produção de minerais, o Brasil já é o sexto do mundo na produção de Urânio. Estima-se que no futuro, a reserva de Urânio Brasileira possa se comparar a reserva descoberta recentemente do Pré-Sal.
Conclusão
Ao final desta dissertação, o grupo convergiu para opinião final de que, para o crescimento dentro dos parâmetros a serem seguidos de acordo com o desenvolvimento sustentável, a energia nuclear é uma opção confiável e eficiente para atender a demanda energética nacional. Ao contrario das demais usinas termoelétricas, uma usina nuclear não emite dióxido de carbono (CO2) resultante de combustão de combustíveis fósseis, não contribuindo para agravamento do efeito estufa, conhecido como aquecimento global. É claro que também há impactos causados por uma usina nuclear, contudo se comparados com demais usinas é significativamente menos agressivo para meio ambiente.
	De acordo com o Plano Nacional Energético 2030 (PNE), está previsto a construção de mais 4 usinas nucleares no território nacional, evidenciando a importância das centrais nucleares para suprir as necessidades energéticasbrasileiras. Além disso, a previsão é de que em futuro próximo a demanda por energia vai ser tamanha que escolher depender de uma ou outra fonte não poderá ser uma opção. Atualmente, o Brasil depende principalmente de fontes hidroelétricas, com cerca de 90% da geração de energia elétrica nacional. Todavia, são poucas as áreas restantes com potencial para esse tipo de geração e muitas estão protegidas pelo IBAMA, como é o caso da Amazônia. E ademais, para construção dessas usinas é preciso uma normalmente uma área enorme, causando grande impacto.
	Já uma usina nuclear, do porte de Angra 3, requer uma área bem menor e não é limitada geograficamente, podendo ser instalada perto dos grandes centros consumidores, o que provoca impacto ambiental reduzido. Além disso, a utilização da tecnologia nuclear não se limita só a geração de energia elétrica, mas também está ligada a uma série de tratamentos farmacológicos, esterilização de materiais hospitalares e conservação de alimentos, contribuindo para expandir o leque da utilização da energia nuclear para o bem comum. 
Por enquanto o Brasil ainda não detém todas as etapas da geração da energia nuclear, mas já possui tecnologia para ser auto-suficiente. Como se relatou, o Brasil tem dimensões continentais e seu território não foi inteiramente prospectado. Mesmo assim, o Brasil já é o sexto do mundo na produção de Urânio e, com exploração completa do solo nacional, estima-se que a reserva de Urânio brasileira venha a se tornar a segunda maior reserva do mundo. Essa perspectiva poderia ser comparada a reserva descoberta recentemente do Pré-Sal.
	Baseando nisso, a construção de Angra 3 merece uma posição de destaque como um investimento nacional. Como futuros engenheiros mecânicos, percebemos que se não houver perspectiva no futuro da Energia Nuclear no país, todo o programa construído desde a década de 50 poderá ser abandonado. 
	
Referências Bibliográficas
Nova Enciclopédia Barsa – São Paulo: Encyclopaedia Britannica do Brasil Publicações, 2000. Volume 5, p. 398-402
ELETRONUCLEAR – Eletrobrás Termonuclear S.A
Disponível em: http://www.eletronuclear.gov.br/inicio/index.php
Acesso em: 29 de outubro de 2009
Superinteressante Edição 241 – O vilão virou herói
Disponível em: http://super.abril.com.br/revista/241/materia_revista_240343.shtml?pagina=1
Acesso em: 29 de outubro de 2009
SOARES, Ruth. Panorama da energia nuclear no mundo. Edição de Outubro 2009, Eletronuclear.
CASTRO, Nivalde J.; BRUNI, Pedro Paulo Ballarin. A Dinâmica da Oferta e Demanda de Energia Elétrica no Brasil em 2005-2006.
ELETRONUCLEAR. Angra 3 - Relatório Progresso Mensal. Edição de outubro 2009
LEAL, Marco Aurélio. Palestra sobre Depósito de Rejeitos – CNEN. 
SOARES, Ruth. Eletronuclear - Relatorio de Sustentabilidade. Edição 2008
Plano Nacional de Energia 2030 / Ministério de Minas e Energia; colaboração Empresa de Pesquisa Energética. Brasília: MME : EPE, 2007.
GUIMARAES, Leonam. Palestra “Programa Nuclear Brasileiro”. Seminário Internacional de Biocombustíveis e Energia Nuclear.
Ministrada em: 04 de setembro de 2009
TRANJAN FILHO, Alfredo. Palestra “Visão estratégica 2009 a 2034 discutida junto ao Conselho de Desenvolvimento do Programa Nuclear Brasileiro”
Ministrada em: Setembro 2009
KURAMOTO, Edson. Palestra “Os desafios para o desenvolvimento da Energia Nuclear no Brasil”
Ministrada:13/11/2009
 
ANEXOS
ANEXO I
Entrevista na Eletronuclear com:
Ruth Soares Alves – Engenheira Elétrica - Gerência de Planejamento Estratégico
Edson Kuramoto – Diretor da ABEN (Associação Brasileira de Energia Nuclear)
RUTH SOARES: Relatório de Sustentabilidade da Eletronuclear trata como a empresa se comporta diante da sociedade. Sustentabilidade é um tripé: é preciso da parte econômico-financeira, da parte social e da parte de meio ambiente. O relatório é um documento oficial da empresa e [um documento] público.
NOSSO GRUPO: Que tipo assistência vocês dão à comunidade aos arredores das usinas? E como Angra 3 se comportaria em uma emergência?
RUTH SOARES: Nós temos o Plano de Emergência Local. É um plano que visa minimizar os problemas em caso de uma emergência nuclear, ou seja, um acidente que tenha algum tipo de liberação de radiação para o meio exterior da Usina. Vamos supor que aconteça uma coisa dessas, o que não é esperado, pois fazemos de tudo para que não aconteça, mas, por precaução, temos que ter um plano de contingência. O Plano tem uma série de normas e regras e não é apenas um plano da empresa [Eletronuclear], é um plano da policia militar, junto com o governo federal e junto com os bombeiros. Essas instituições têm projetos de como evacuar a população se for necessário. É uma série de coisas arrumadas, escritas, definidas e é treinado todo ano. Há um treinamento geral de evacuação todo dia 10 de outubro de cada ano. Todo dia 10 de cada mês durante o ano, há um treinamento de sirene para as pessoas se habituarem à situação.
NOSSO GRUPO: Como seria feito este principal treinamento feito todo ano?
RUTH SOARES: Teve um treinamento de plano de emergência agora no dia 10 de outubro, mês passado. Tudo fica planejado e há um ensaio. Há o complemento no treinamento de pessoas para fingirem que estão feridas, há a ação dos bombeiros que levam as pessoas para locais seguros, ou seja, tudo é feito como se fosse um acidente de verdade. As pessoas todas se reúnem nos pontos de encontro. Então vem os ônibus para pegarem as pessoas. É um treinamento como se fosse a mais pura verdade. Tem helicóptero, todos os carros de bombeiro, ambulância. Tem tudo como se fosse de verdade. Porque estamos fazendo isso? Nós estamos acostumando as pessoas a tomarem as atitudes corretas se ocorrer alguma coisa.
NOSSO GRUPO: Se precisasse evacuar a população? Para onde as pessoas iriam?
RUTH SOARES: Foram feitos contratos entre as prefeituras e a empresa. A Eletronuclear construiu centros de ginástica e de exercícios como campos de futebol na cidade de Angra dos Reis. Nós fizemos com as prefeituras. Nós criamos centros para acolher a população se for necessário. Isso já foi feito, está pronto. No início, quando nós estávamos fazendo estes centros esportivos, as pessoas achavam um absurdo o que a empresa estava fazendo, gastando dinheiro em centros esportivos. Nós estávamos gastando dinheiro para que se precisássemos, teríamos para onde levar as pessoas. 
NOSSO GRUPO: Então tudo isso é justificável?
RUTH SOARES: Sim, É um investimento necessário.
NOSSO GRUPO: Que tipo assistência vocês dão à comunidade aos arredores das usinas?
RUTH SOARES: A Eletronuclear, ciente das suas obrigações sócio-ambientais, tem um hospital na região que foi originalmente feito para atender seus funcionários. Quando ela [Eletronuclear] se colocou neste lugar, não tinha nada, não tinha onde hospedar seus trabalhadores. Então foram feitas vilas residenciais que estão hoje sendo amplamente utilizadas. [Mostrando as fotos]. Estas são as fotos. Estas são as vilas residenciais onde moram os empregados da Eletronuclear em Angra. 
NOSSO GRUPO: Vocês têm algum equipamento especial para vítimas a radiação dentro destes hospitais?
RUTH SOARES: Nem tanto, porque a radiação varia muito em relação à quantidade. O trabalhador do reator trabalha num lugar extremamente radioativo, mas ele está todo protegido. Com roupa especial, ele tem um equipamento chamado docimetro, que é um equipamento sensível a radiação. Então, ele vai marcando. Se entrarmos na área mais controlada, temos que ter um docimentro. Vai que você leva uma dose. Se levarmos uma dose, temos que saber quanto foi esta dose, temos que medir. Porque tem uma série de procedimentos a serem tomados de acordo com o tipo de dose que a pessoa recebe. Não se espera uma grande liberação em caso nenhum. Usina não explode. Antes que alguém pergunte: e Chernobyl? Chernobyl é outra coisa. Chernobyl não é igual à Angra, primeiro ponto. Chernobyltinha um reator RBMK, moderado a grafite e Angra 2 tem um [reator] pwr (Power water reactor) moderado a água. Nós temos outras questões que chamamos de defesa em profundidade, onde são varias camadas de proteção. Primeiro, temos o elemento-combustível numa vareta, que fica dentro de um elemento grande que está dentro de um reator, que está refrigerado, que tem uma parede de aço, que tem uma parede de concreto, que tem outro prédio de concreto em volta. Isso são várias barreiras. Para tirar alguma coisa de lá de dentro, temos que passar por todas essas barreiras. Isso dificulta enormemente. É o que a gente chama de defesa em profundidade. Então há a pergunta: o calor pode derreter as barreiras? Tudo é possível. Mas a possibilidade, o valor do risco é de 10-6, ou seja, é um dividido por 106. A chance de isso ocorrer é muito pequena. Fora isso a gente faz análises de segurança, que são procedimentos e cálculos matemáticos pesados que proponham todas as possibilidades de acidente. O que pode acontecer dentro de uma sala da usina que seja um acidente? A gente faz rotulações de acidentes. Se algum tubo da usina romper? Então a gente faz um cálculo. Se um dos cabos que liga o tubo arrebentar? Então tiramos o cabo elétrico dali e fazemos uma proteção para ele. O tubo não rompeu, mas se romper, tudo estará protegido.
NOSSO GRUPO: Tem toda uma matriz de risco?
RUTH SOARES: Tem uma enorme. É uma coisa muito interessante, meu marido Mário Alves é um especialista nisso. Ele trabalha com análise de segurança dos reatores nucleares.
[Mostrando uma foto de uma Usina da Alemanha (ISAR-2)]
NOSSO GRUPO: Este acordo com a Alemanha é de criar 8 usinas?
RUTH SOARES: Este acordo FOI de criar oito usinas nucleares em 1975. O acordo continua valendo, mas o Brasil não criará oito usinas por enquanto. Ainda vale, mas tem que alguém pagar.
Nós pretendemos continuar. Nós temos previsão de acordo com o Plano Nacional de energia elétrica para o Brasil até 2030. Nós temos uma previsão de construir pelo menos mais quatro usinas nucleares além de Angra 3.
NOSSO GRUPO: E a Alemanha ainda participará?
RUTH SOARES: A Alemanha vai participar como todo mundo porque ela vai entrar na concorrência internacional.
NOSSO GRUPO: Pretende construir mais usinas em Angra dos Reis?
RUTH SOARES: Não, em Angra não. Em Angra cabe talvez mais uma mas eu não acho provável. A gente coloca usinas nucleares de acordo com determinados critérios. Um dos critérios é ter consumidor. Onde você não tem como gerar outras fontes de energia, você tem que colocar uma [usina] nuclear ou outra térmica qualquer. Depende também da reserva das fontes de energia. Nós tivemos problemas de suprimento de gás há algum tempo. O Brasil não é um grande detentor de reserva de gás. Nosso gás vem da Bolívia. Se o Evo Morales decidir que vai “fechar a torneirinha”, ele fecha. E ele já fez isso. Como eu trabalho com planejamento estratégico, minha função é enxergar o mundo.
NOSSO GRUPO: Há menos de um mês para reunião sobre mudanças climáticas em Copenhague, na Dinamarca, muito tem se debatido em relação às emissões de gases de efeito estufa e maneiras de reduzi-las. O Brasil ainda não possui metas claras para a redução das emissões de CO2. Você considera a expansão da Energia Nuclear uma das soluções para suprir a demanda energética no Brasil sem emitir dióxido de carbono e outros poluentes na atmosfera? 
RUTH SOARES: Na verdade saiu uma notícia hoje [13/11/2009], mas o Brasil vai guardar até o último minuto para fazer algum tipo de suspense. Saiu hoje no jornal que o Brasil pretende propor uma redução de 40% nas suas emissões.
EDSON KURAMOTO: O Protocolo de Kyoto não nos atingirá até 2012. Em 2012, vai ter uma revisão do Protocolo de Kyoto. Esta [reunião] de Copenhague seria mais ou menos uma prévia do que vai acontecer na revisão do Protocolo de Kyoto em 2012. Na reunião de 2012, a pressão dos países desenvolvidos é incluir os países emergentes, no caso, China, Brasil e Índia, para contribuir na redução de emissões, porque eles acham que esses países também contribuíram para as emissões de 1950 para cá. Então, é claro que essa pressão vai trazer pelo menos o Brasil para se posicionar em relação à redução de emissões, 40% é que o país está propondo e é muita coisa. Só para terem uma idéia, os leilões que estão ocorrendo atualmente de energia. Só na área de energia, vai ocorrer um aumento de 30% das emissões porque as usinas que estão ganhando os leilões atualmente são usinas de óleo, combustível fóssil e gás. E eles estão ganhando inclusive das hidrelétricas, então, com esse tipo de leilão, está previsto em 2015 um aumento de 30% só na área de geração de energia.
RUTH SOARES: Fala-se muito da geração de energia, mas a matriz elétrica brasileira é muito limpa, porque nós temos na geração mais de 90% em hidráulica. Talvez tenhamos que justificar a vocês o que é a diferença entre a capacidade instalada e geração. Capacidade instalada é o dado de placa do motor da usina, aquilo que está previsto ele gerar. E a geração é quantas horas ele rodou com aquele dado de placa. Este produto irá te dizer os megawatts/hora. A geração brasileira é tão limpa que a emissão de carbono no Brasil por geração elétrica é 2%. O problema maior são florestas queimadas. Esse é o grande problema, seguido pelo transporte. Só que o transporte no Brasil está tudo ficando duflex. Por exemplo, eu só ponho álcool no meu carro não por uma questão de preço. O álcool é muito suave para as questões climáticas.
EDSON KURAMOTO: O álcool está em quase 40% dos meios de transportes.
RUTH SOARES: Bem entendido que o álcool brasileiro é muito melhor do que o álcool de qualquer outro país. Melhor, pois a gente usa cana de açúcar que é muito mais eficiente. Conseguir-se-ia melhorar muito as emissões no mundo.
EDSON KURAMOTO: Mas isso de certa forma vai ter um impacto. A partir de 2025 (PNE 2030), reduz-se praticamente nosso potencial hidráulico aproveitável. Ele não acabará, mas ficará muito limitado, pois a partir daí, os aproveitamentos hidráulicos praticamente vão ser focalizados no norte do país. E no norte do país está a Floresta Amazônica, onde se percebe uma dificuldade em se conseguir licenciamento ambiental. Reduzindo as que estão sendo licenciadas atualmente no norte, elas têm uma capacidade de reserva muito pequena, como as barragens em Itaipu. Até que não é um bom exemplo, pois ela funciona a base de fio d’água. A barragem é muito grande.
NOSSO GRUPO: Mas tem queda d’água.
RUTH SOARES: Exatamente. Então você tem um lago gigantesco e uma catástrofe ambiental.
EDSON KURAMOTO: Lá tem essa característica de relevo, Lá as quedas são pequenas. Então qualquer hidrelétrica que se conclua daqui para frente vai ocupar uma área muito grande de área inundada. Tanto que as usinas Santo Antônio e Giral são usinas a fio d’água. Até 1980, a gente tinha reservatórios com a cota muito alta, ou seja, uma capacidade de armazenar água muito grande. E de 1980 para cá, a gente nota que os reservatórios passaram a armazenar menos água e com isso a grande vantagem das hidrelétricas pro sistema interligado se torna o armazenamento de energia. De 1980 para cá, aumentou-se a potência instalada das hidrelétricas e a capacidade de armazenar água praticamente ficou constante. 
RUTH SOARES: Há monte de usinas, mas não há estoque de água para tocar a usina se tiver um período seco.
EDSON KURAMOTO: Então está a grande vantagem. Quando os ciclos de chuvas das regiões eram diferentes, então teria condições de armazenar água para suprir a energia na região se o reservatório tivesse em baixa [produtividade]. Então praticamente essa vantagem desaparece com esse novo perfil.
RUTH SOARES: Com usinas a fio d’água, não há como guardar água.
EDSON KURAMOTO: Uma coisa interessante é que os ambientalistas defendem que as PCH’s (pequenas centrais hidrelétricas) seriam a melhor solução por ter um impacto ambiental menor. A OMS tem um estudo que mostra que a potência instalada por área inundada das PCH’s é menor que grandes barragens,

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