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Zonação de Ambientes Aquáticos O ambiente aquático apresenta certas características que lhe conferem peculiaridades tais como: a) Alta capacidade para solubilização de compostos orgânicos e inorgânicos, possibilitando que os organismos, especialmente os autotróficos, possam absorver nutrientes por toda superfície do corpo. Zonação de ambientes aquáticos CARACTERISTICAS DO MEIO AQUÁTICO Zonação de ambientes aquáticos CARACTERISTICAS DO MEIO AQUÁTICO b) Gradientes verticais que se tornam evidentes através da distribuição desigual da luz, nutrientes, temperatura e gases (e.g., oxigênio dissolvido e gás carbônico). Distribuição desigual destas variáveis no ambiente aquático tem grandes consequências na distribuição dos organismos. Heterogeneidade de habitats c) O baixo teor de sais dissolvidos típico de ambientes de água doce faz com que a maioria dos organismos que habitam estes ambientes seja hipertônica em relação ao meio. Adaptações para manter o equilíbrio osmótico d) adaptações morfológicas e fisiológicas para reduzir o efeito da resistência da água. A água é 775 vezes mais densa do que o ar. Zonação de ambientes aquáticos CARACTERISTICAS DO MEIO AQUÁTICO Os compartimentos de um lago: • Região litorânea • Região limnética ou pelágica • Região bentônica (profunda) • Interface água-ar Zonação de ambientes aquáticos PRINCIPAIS COMPARTIMENTOS Zonação de ambientes aquáticos PRINCIPAIS COMPARTIMENTOS • interface água-ar Zonação de ambientes aquáticos PRINCIPAIS COMPARTIMENTOS • interface água-ar Zona litoral Zona limnética Zooplâncton fitoplâncton nêuston Perifíton nécton Macrófitas bentos • Contato direto com o ecossistema terrestre • Compartimento considerado uma região de transição (ecótono) entre o ecossistema terrestre e o aquãtico. • compartimento com grande número de habitats Zonação de ambientes aquáticos Região Litorânea Zonação de ambientes aquáticos Região Litorânea Relação entre a distância da margem e o número de espécies, mostrando que as margens das lagoas são ecótonos. Zonação de ambientes aquáticos Região Litorânea Distância da margem (m) S 0 2 4 6 8 10 0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 110 Grande número de cadeias alimentares • herbivoria - biomassa vegetal viva • Detritos - biomassa morta (necromassa) Pode-se considerar esta última como a principal responsável pelo fluxo de energia neste compartimento invertebrados aquáticos Dentre estes, destacam-se várias espécies de oligoquetas, moluscos, crustáceos e insetos. Estes últimos desempenham papel mais relevante na cadeia de detritos na fase larvar. Zonação de ambientes aquáticos Região Litorânea Coletor-catador filtrador predadores raspador Zonação de ambientes aquáticos Região Litorânea INVERTEBRADOS AQUÁTICOS • Deve-se ressaltar que em muitos ecossistemas lacustres a região litorânea é pouco desenvolvida ou mesmo ausente, como é o caso da maioria dos lagos de origem vulcânica e represas. • A região litorânea subdivide-se em eulitoral e sublitoral. Zonação de ambientes aquáticos Região Litorânea Zonação de ambientes aquáticos Região Litorânea sublitoral eulitoral • É encontrada em quase todos os ecossistemas aquáticos. • Suas comunidades características são o plâncton e o nécton. • A comunidade planctônica é constituída por bactérias, algas uni e pluricelulares (fitoplâncton) e invertebrados (zooplâncton). Zonação de ambientes aquáticos Região Limnética ou Pelágica Zonação de ambientes aquáticos Região Litorânea eulitoral Região Limnética ou Pelágica sublitoral • Alguns invertebrados, como os crustáceos, são capazes de nadar ativamente, fato este que os auxilia significativamente na realização de migrações verticais. • Certamente a alta viscosidade da água desempenhou importante papel na evolução da comunidade planctônica. • Pode-se considerar a capacidade de flutuação na água como a principal condição para a existência do plâncton. Zonação de ambientes aquáticos Região Limnética ou Pelágica dia... noite... Zona eufótica Zona afótica Interface sedimento-água FOTOTAXIA NEGATIVA!!! PREDAÇÃO!!! O2 Migração vertical de larvas de Chaoborus sp. Hipoxia hipolímnio Coluna d’água Compartimento sedimentar O2 • Para flutuar, o plâncton deveria ter densidade igual à da água. • Contudo, a densidade da maioria destes organismos e superior a esta • Assim, a flutuação do plâncton especialmente do fitoplâncton é, na realidade, um afundamento vagaroso, exceção feita aos organismos com movimentos próprios Zonação de ambientes aquáticos Região Limnética ou Pelágica • Outra comunidade típica da região pelágica é o nécton, que ao contrário do plâncton, possui movimentos próprios • Por isso pode ser freqüentemente encontrado na região profunda. • Em lagos, esta comunidade é formada quase que exclusivamente por peixes Zonação de ambientes aquáticos Região Limnética ou Pelágica • Esta região é caracterizada pela ausência de organismos fotoautotróficos. • caracterizada pela não penetração de luz e por ser uma região totalmente dependente da produção de matéria orgânica na região litorânea e limnética. Zonação de ambientes aquáticos Região Profunda Zona eufótica Zona afótica ponto de compensação (1% luz incidente) Produção primária líquida respiração da comunidade • Sua comunidade, a bentônica, é formada principalmente por invertebrados aquáticos como: Oligoquetas, crustáceos, moluscos, larvas de insetos • A diversidade e a densidade populacional dos organismos bentônicos depende, em primeiro lugar, da quantidade de alimento disponível e da concentração de oxigênio da água Zonação de ambientes aquáticos Região Profunda Esta região do lago é habitada por duas comunidades: a do nêuston e a do plêuston. A existência destas comunidades se deve à tensão superficial da água Nêuston - formada por organismos microscópicos como bactérias, fungos e algas Zonação de ambientes aquáticos lnterface Água-Ar Plêuston - plantas superiores e animais como, por exemplo, aguapé, alface d’água e inúmeros pequenos animais como larvas de Culex (Diptera), que permanecem penduradas verticalmente na película superficial, perfurando-a e obtendo ar atmosférico para sua respiração. Outros organismos como Hydrometra (Coleoptera) e Gerris (Hemiptera), Padura aquática (Thysanura), andam sobre a película que compreende a interface água-ar. Entre os crustáceos, uma espécie de cladócero é encontrada frequentemente pendurado na película superficial Zonação de ambientes aquáticos lnterface Água-Ar REGIÃO LITORÂNEA REGIÃO LIMNÉTICA REGIÃO PROFUNDA INTERFACE ÁGUA-AR ‘ - eulitoral - sub-litoral plêuston nêuston Principais Compartimentos e Suas Comunidades necton bentos plâncton A energia solar, principal fonte de energia para a superfície terrestre Os comprimentos de onda de maior interesse ecológico abrangem as faixas do ultravioleta, do visível e do infravermelho. Destas, a faixa visível assume maior importância dado a sua participação no processofotossintético. A faixa visível compreende as ondas eletromagnéticas situadas entre 400 e 740 nm Zonação de ambientes aquáticos Luz Por ser aproximadamente a faixa do espectro visível ao olho humano é denominada genericamente de luz. Em ecologia vegetal, denominada de radiação fotossinteticamente ativa (RFA) Ao atravessar a atmosfera terrestre, parte da radiação solar é absorvida ou refletida nas partículas de poeira, gases e vapor d’água, resultando em uma radiação difusa. Zonação de ambientes aquáticos Luz A radiação que incide diretamente na atmosfera constitui-se na principal fonte de energia para os ecossistemas aquáticos continentais. Da radiação que atinge a superfície da água, parte penetra e parte é refletida, voltando à atmosfera. A quantidade de radiação refletida depende das condições da superfície da água (plana ou ondulada) e principalmente do ângulo de incidência da radiação sobre esta Zonação de ambientes aquáticos Luz Ao penetrar na coluna d’água, a radiação é submetida a profundas alterações, tanto na sua intensidade quanto na qualidade espectral. • concentração de material dissolvido • concentração de material em suspensão. Zonação de ambientes aquáticos Luz A atenuação da radiação geralmente ocorre de maneira diferenciada entre a região litorânea e a limnética. Região litorânea: tendência ao acúmulo de maior quantidade de material inorgânico e orgânico em suspensão, de origem alóctone. Os componentes biológicos mais importantes na atenuação da radiação na região litorânea são as macrófitas aquáticas. Estas comunidades podem atenuar a radiação a níveis tão elevados, que o crescimento do fitoplâncton nesta região do lago pode ser quase nulo. Zonação de ambientes aquáticos Luz A porção iluminada da coluna d’água pode variar desde alguns centímetros, até dezenas de metros. Esta região de coluna d’água é denominada zona eufótica e sua extensão depende, principalmente, da capacidade do meio em atenuar a radiação subaquática. O limite inferior da zona eufótica é geralmente assumido como sendo aquela profundidade onde a intensidade da radiação corresponde a 1% daquela que atinge a superfície Zonação de ambientes aquáticos ZONA EUFÓTICA E TRANSPARÊNCIA DA ÁGUA Esta profundidade da coluna d’água é também chamada de “ponto de compensação”, uma vez que nesta região a produção primária liquida é aproximadamente igual à respiração das comunidades. Zonação de ambientes aquáticos ZONA EUFÓTICA E TRANSPARÊNCIA DA ÁGUA Zonação de ambientes aquáticos Luz Zonação de ambientes aquáticos Luz Entrada de energia em um lago Radiação Incidente Zona Eufótica Zona Afótica Radiação Refletida 86 % 1% Turbidez da água é a medida de sua capacidade em dispersar a radiação. Os principais responsáveis pela turbidez da água (também pela dispersão da radiação) são principalmente as partículas suspensas (bactérias, fitoplâncton, detritos orgânicos e inorgânicos) Compostos dissolvidos. Estes são responsáveis pela cor verdadeira da água e o material em suspensão pela cor aparente. DISPERSÃO, ATENUAÇÃO DA RADIAÇÃO E DA TRANSPARÊNCIA DA ÁGUA Avaliação da Dispersão A atenuação é avaliada por meio da medida da redução da radiação com a profundidade na coluna da água. A medida da radiação subaquática e consequentemente de sua atenuação, pode ser feita através de medidores que avaliam a radiação incidente por unidade de área e de tempo. DISPERSÃO, ATENUAÇÃO DA RADIAÇÃO E DA TRANSPARÊNCIA DA ÁGUA Avaliação da Atenuação A transparência da água pode ser considerada o oposto da turbidez. Sua avaliação de maneira mais simples é feita através de um disco branco de 20 a 30cm de diâmetro, denominado disco de Secchi. Este disco foi introduzido em estudos limnológicos pelo padre italiano Angelo Secchi, em 1886. A profundidade de desaparecimento do disco de Secchi é inversamente proporcional à quantidade de compostos orgânicos e inorgânicos no caminho ótico DISPERSÃO, ATENUAÇÃO DA RADIAÇÃO E DA TRANSPARÊNCIA DA ÁGUA Avaliação da Transparencia Em outras palavras, a profundidade de desaparecimento do disco de Secchi corresponde àquela profundidade na qual a radiação de 400-740 nm refletida do disco não é mais sensível ao olho humano A profundidade obtida (em metros) é denominada transparência do disco de Secchi. DISPERSÃO, ATENUAÇÃO DA RADIAÇÃO E DA TRANSPARÊNCIA DA ÁGUA Avaliação da Transparencia Os melhores resultados são obtidos quando se mergulha o disco de Secchi entre o período de 10:00h e 14:00h. A utilização do disco de Secchi em Limnologia é muitas vezes criticada. No entanto, considerando sua simplicidade de utilização, custo reduzido, facilidade de transporte e, sobretudo, o número de informações que se pode extrair partir dos valores de profundidade do disco de Secchi, além do fato de por ser ainda utilizado quase universalmente, possibilitando comparações um instrumento indispensável em estudos limnológicos. DISPERSÃO, ATENUAÇÃO DA RADIAÇÃO E DA TRANSPARÊNCIA DA ÁGUA Avaliação da Transparencia A profundidade do disco de Secchi pode, na ausência de equipamentos adequados, ser também utilizada na avaliação da extensão da zona eufótica. Multiplica-se o valor da profundidade do disco de Secchi pelo fator 2,7. O valor obtido é admitido como correspondente a 1% da radiação da superfície. Além do fator 2,7, outros fatores têm sido utilizados: 3,0 (COLE. 1975); No Brasil, o fator 3 é o mais frequentemente utilizado pelos limnólogos DISPERSÃO, ATENUAÇÃO DA RADIAÇÃO E DA TRANSPARÊNCIA DA ÁGUA Avaliação da Transparencia A radiação de comprimento de onda maior que 740 nm (principalmente o vermelho e o infravermelho) é fortemente absorvida nas primeiras camadas da coluna d’água Ao ser absorvida, esta radiação se transforma em energia calorífica e, segundo SAUBERER (1962), já no primeiro metro, de 50 a 60% da radiação que chega à superfície de um lago são transformados em calor. A Instabilidade e Estabilidade Térmica dos Corpos D ‘Água Absorção de radiação nos corpos d’água: após primeiro metro de profundidade deveria ocorrer queda brusca de temperatura. Este fenômeno, no entanto, não ocorre, principalmente porque o vento, promovendo a turbulência da água, produz a redistribuição do calor por toda a massa d’água. Este processo só se efetivará se a energia do vento for superior à resistência oferecida pelas diferentes camadas de água à sua mistura. A Instabilidade e Estabilidade Térmica dos Corpos D ‘Água Quando diferenças de temperatura geram camadas d’água com diferentes densidades: cria-se uma condição de estabilidade térmica. No ecossistema aquático: ocorre a chamada estratificação térmica. Os estratos formados frequentemente estão diferenciados física, química e biologicamente. A Instabilidade e Estabilidade Térmica dos Corpos D ‘Água A Instabilidade e Estabilidade Térmica dos Corpos D ‘Água Os padrões de estratificação da coluna d’água são muito variáveis, mesmo em ecossistemas localizados numa mesma região, porque além dos fatores climatológicos, fatores inerentes ao próprio ecossistema como, por exemplo, a sua morfometria têm importante papel Estratificação Térmica dos Ecossistemas Aquáticos Continentais a) Regiões de Clima Temperado Nos lagos de clima temperado (noinicio da primavera): ocorrência da homotermia. Ocorrência da destruição da camada de gelo do inverno. Água abaixo da camada congelada se mistura àquela do gelo derretido, promovendo a circulação total da massa. Esta se chama circulação primaveril. Esta circulação é mais eficaz em lagos rasos do que em lagos profundos. Estratificação Térmica dos Ecossistemas Aquáticos Continentais Estratificação Térmica dos Ecossistemas Aquáticos Continentais INVERNO PRIMAVERA VERÃO OUTONO b) Regiões de Clima Tropical Em lagos de regiões tropicais, os fenômenos de estratificação da massa d’água ocorrem de maneira diferenciada daqueles de regiões temperadas. Nestes lagos, o mais comum é a ocorrência de estratificação e desestratificação diária ou estratificação durante a primavera, verão e outono, com desestratificação no inverno. Estratificação Térmica dos Ecossistemas Aquáticos Continentais 29 28 26 23 Estratificação em Lagos Epilíminio Metalíminio Hipolíminio 21
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