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CONTRAÇÃO MUSCULAR: MUSCULATURA ESTRIADA ESQUELÉTICA MUSCULATURA LISA UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA FACULDADE DE AGRONOMIA E MEDICINA VETERINÁRIA • Ao contrário dos receptores sensoriais, musculos, em resposta a sinais elétricos, convertem energia química do ATP em energia mecanica para gerar movimento Características gerais dos músculos esqueléticos • Representam 40% do peso corporal • Associados ao esqueleto • Propriedade contrátil • Contração rápida e lenta • Metabolismo aeróbico/ anaeróbico MUSCULATURA ESTRIADA ESQUELÉTICA 1 A FIBRA MUSCULAR ESQUELÉTICA • Os músculos esqueléticos são formados por grande número de fibras multinucleadas, com cerca de 10 a 80 micrômetros de diâmetro. Na maioria dos músculos as fibras se estendem por todo seu comprimento e, exceto em 2% das fibras, cada uma delas é inervada em sua porção mediana por apenas uma fibra nervosa. A PLACA MIONEURAL • Membrana pré-sináptica e pós-sináptica • A acetilcolina é o neurotransmissor • Canais de Na+ ligando-dependentes (nicotínicos) iniciam o potencial, seguido por canais de Na+ voltagem-dependentes nas criptas pós- sinápticas. A placa mioneural A. Músculo Epimísio Tendão B. Fibra muscular Perimísio Fascículo muscular Sarcolema Retículo sarcoplasmático Mitocôndria C. Miofibrila - Cada músculo é formado por muitas unidades motoras; - A força exercida pelo músculo é definida pelo número de unidades motoras ativadas e pela intensidade de ativação. 1.1 Estruturas da fibra muscular • Sarcolema: membrana plasmática recoberta por polissacarídio e colágeno; na extremidade de cada fibra essa membrana se funde a uma fibra tendinosa, formando feixes que originam os tendões. • Miofibrilas: centenas a milhares em cada fibra muscular. Cada miofibrila contém filamentos de miosina e actina, ambos em estrutura helicoidal, alternando-se em camadas e formando o sarcômero (delimitado por discos Z). • Sarcoplasma: matriz líquida contendo miofibrilas e muito K+, Mg++, fosfato e enzimas, além de muitas mitocôndrias, paralelas às miofibrilas. • Sistema retículo sarcoplasmático RS - túbulos transversos (T): os túbulos T fazem a comunicação entre o exterior e a porção mais interna da fibra muscular; é uma continuidade da membrana plasmática e contém LEC em seu interior. O RS envolve o sarcômero como uma rede de túbulos, formando cisternas que se comunicam com os túbulos por pés juncionais; em seu interior há grandes concentrações de Ca++. ACOPLAMENTO ELETRO-MECÂNICO 1. Condução do PA pelo sarcolema 2. Despolarização dos Túbulos T 3. Abertura de Canais de Ca++ do retículo sarcoplasmático 4. Difusão de Ca++ 5. Aumento de [Ca++] no mioplasma 6. Inicio da contração muscular Para que servem os túbulos T? Os túbulos T conduzem a onda de despolarização até as cisternas do reticulo sarcoplasmático Então ... Estrutura das miofibrilas Estrutura das miofibrilas • Estriações • 1500 filamentos de miosina (espessos) • 3000 filamentos de actina (finas) – proteínas polimerizadas – contração muscular Estrutura das miofibrilas • Linhas Z (disco Z) – Define os limites do sarcômero • Sarcômero – unidade funcional do musculo esquelético – segmento da miofibrila situado entre dois discos Z; – mudanças de comprimento de acordo com a contração muscular; Cauda (haste) Pontes cruzadas Cauda Cabeça Sitio de ligação c/ actina ATPase da miosina Filamento de miosina Molécula de miosina Moléculas de actina Sítio de ligação das pontes cruzadas de miosina Cadeia de actina Filamento de actina Troponina Tropomiosina 1.2 Mecanismo da contração muscular por deslizamento a) As cadeias de miosina: Filamento helicoidal com 200 ou mais moléculas, cujas caudas estão arrumadas em feixes formando um corpo. Cada hélice possui várias “cabeças” que se projetam para fora do corpo; essas cabeças se ligam à F-actina no instante da contração. A cabeça tem atividade ATPásica, que lhe permite ATP e utilizar a energia para o processo contrátil. b) As cadeias de actina: A hélice de actina está associada com o complexo tropomiosina – troponina. A tropomiosina é filamentosa, e a troponina é composta por três moléculas menores, com afinidades pela actina ( I ), pela tropomiosina (T) e pelos íons Ca++ (C). A molécula C está relacionada com o mecanismo de liberação do sítio de ligação da actina com as cabeças de miosina, no momento em que a ligação troponina-Ca++ permite o “descobrimento” desse sítio pelo deslocamento da tropomiosina. c) Interação entre miosina, filamentos de actina e Ca++ O filamento isolado de actina se fixa fortemente à miosina na presença de Mg++ e ATP, então acredita-se que os sítios ativos do filamento de actina normal estejam inibidos ou recobertos pelo complexo troponina- tropomiosina. • A hipótese para o papel do Ca++ é que sua reação com a troponina C inicie uma alteração conformacional do complexo, expondo sítios ativos da actina e, com essa exposição, as cabeças das pontes cruzadas dos filamentos de miosina são atraídas por esses sítios ativados da actina, ocorrendo a contração. Etapas contração muscular • PA nervo motor (placas musculares); • Secreção acetilcolina; • Ligação Ach aos receptores nicotínicos (canais Na+ “ligante” dependentes) na membrana da fibra muscular; • Abertura canais de Na+ voltagem dependentes; • PA na fibra muscular; • Passagem do PA pelos Tubulos T; • Liberação Ca+ retículo sarcoplasmático no sarcoplasma; • Ca+ permite ligação actina e miosina – contração; • Ca+ são bombeados de volta para o retículo sarcoplasmático; • Relaxamento muscular . Durante a contração, ciclos de ligação e movimento das pontes cruzadas puxam os filamentos de actina para o centro do sarcômero levando ao encurtamento dos sarcômeros Mecanismo da contração muscular Mecanismo de deslizamento dos filamentos Teoria da “cremalheira”(walk-along), “ir para adiante”, filamento deslizante • Liberação de Ca+ no sarcoplasma e mudança conformacional da tropomiosina; • Quando a cabeça de miosina se fixa ao sítio ativo da actina, ocorrem alterações de forças intramoleculares entre a cabeça e o braço da ponte cruzada, e a primeira se inclina em direção ao segundo, causando desligamento do sítio de fixação, porém o filamento de actina já foi deslocado em direção ao centro do filamento de miosina. • Quando a cabeça retorna a sua posição perpendicular normal, se liga ao sítio ativo subsequente do filamento de actina, e o processo ocorre novamente, cada vez aproximando mais os filamentos de actina. • Provavelmente, cada ponte cruzada atua independentemente das demais, então quanto maior o número de pontes cruzadas em contato com o filamento de actina, maior será a força da contração. Contração muscular 1.3 Eventos químicos durante movimentação das cabeças de miosina • Antes da contração, as cabeças das pontes cruzadas fixam ATP; a atividade ATPásica faz a clivagem*, deixando os produtos ADP e Pi presos à cabeça, • Quando o efeito inibitório do complexo troponina-tropomiosina é desfeito pelo Ca++, os sítios ativos do filamento de actina se descobrem e as cabeças de miosina se fixam a eles, • A fixação das pontes aos sítios da actina causa alteração conformacional, inclinação e consequente movimento de tensão, que puxa a actina; a energia para o movimento é a energia armazenada pela alteração conformacional da cabeça, quando foi clivado o ATP, • Depois de inclinada, a cabeça libera o ADP e o Pi, permitindo nova fixaçãoe ATP; essa nova fixação promove a liberação da cabeça do seu sítio na actina, • Após esse desligamento, a nova molécula de ATP é clivada e a energia novamente “engatilha” a cabeça e volta a sua posição perpendicular, para que se inicie novo ciclo de tensão. Padrão operacional da “cremalheira” Complexo de miosina Hélice de actina ... com ativação ATPásica Tropomiosina Troponina • A remoção do Ca+ é a chave para o relaxamento muscular – Bombas Ca+ ATP dependentes retornam o Ca+ de volta para o retículo sarcoplasmático continuamente; – Também no interior do RS existe a proteína calsequestrina, que fixa Ca++ em grande quantidade, facilitando o armazenamento; – Quando o PA cessa, o Ca+ é recaptado para o interior do reticulo sarcoplasmático e mitocôndrias; – Sem Ca+ associado a troponina, a tropomiosina volta a sua conformação original bloqueando os sítios de ligação da actina; – A contração cessa e os filamentos de actina deslizam passivamente de volta para a posição original de relaxamento. Rigor mortis 1.4 O grau de sobreposição dos filamentos de actina e de miosina e seus efeitos sobre a tensão de contração • No ponto onde os filamentos de actina estão afastados das extremidades dos filamentos de miosina não há qualquer tensão. • À medida em que o sarcômero se encurta e o filamento de actina começa a se sobrepor ao de miosina, a tensão aumenta progressivamente até o ponto em que a actina se sobrepõe a todas as pontes cruzadas da miosina, mas ainda não atingiu o meio desse filamento. • O grau máximo de tensão é obtido com um comprimento sarcomérico no qual os filamentos de actina começam a se sobrepor (2 micrômetros). • Quando o comprimento do sarcômero diminui ainda mais, a força de contração diminui; nesse ponto os dois discos Z entram em contato com os filamentos de miosina. • Quanto maior for então o número de pontes cruzadas tracionando o filamento de actina, maior será a tensão. O desempenho mecânico da contração depende do comprimento inicial do músculo a partir do qual a contração é iniciada 1.5 Acoplamento excitação-contração • Quase tudo o que se aplica à produção e propagação dos potenciais de ação nas fibras nervosas se aplica - menos por diferenças quantitativas- às fibras musculares esqueléticas; essas diferenças são: • Potencial de repouso de -80 a -90 mV, • Duração do potencial de ação de 1 a 5 ms (cerca de 5 vezes mais prolongada que nas fibras mielinizadas calibrosas), • Velocidade de condução de 3 a 5 m/s ( cerca de 1/18 da velocidade de fibras nervosas mielinizadas calibrosas, que excitam o músculo). • • A propagação de potencial de ação para o interior das fibras ocorre por meio do sistema de túbulos transversos ( túbulos T), que atravessam toda a espessura, de um lado a outro, da fibra muscular. • O potencial de ação dos túbulos faz com que o RS libere Ca++ para a contração; Os túbulos geram um fluxo de corrente através dos pés juncionais das cisternas do RS, causando a rápida abertura dos canais de Ca++, e esses são liberados no sarcoplasma que banha as miofibrilas. Gráfico do potencial de ação na fibra muscular e conseqüente contração 1.6 Características da contração muscular • Eficiência: a energia consumida no trabalho muscular é de menos de 20 a 25%, o restante sendo convertida em calor. • Contração isométrica: não demanda alto grau de deslizamento entre as miofibrilas, e o músculo não se encurta durante a contração. Contrações que produzem postura ou erguem peso. • Contração isotônica: o músculo se encurta durante a contração, com a tensão permanecendo constante; aqui ocorre o deslocamento de uma carga, devendo haver primeiro uma aceleração. Locomoção. • Na contração isotônica o músculo realiza trabalho externo, gastando então uma quantidade bem maior de energia. A contração na maioria dos músculos do corpo é uma mistura dos dois tipos. CONTRAÇÃO ISOTÔNICA CONTRAÇÃO ISOMÉTRICA A contração muscular proporciona desenvolvimento de força mecânica ou tensão. Essa força causa movimento ou se opõe a uma carga (peso). 1.7 Tipos de fibras musculares As fibras musculares podem ser divididas de acordo com suas características bioquímicas: • Fibras musculares rápidas (tipo II, brancas): – fibras grandes, retículos sarcoplasmático extenso, muitas enzimas glicolíticas, menor suprimento sanguíneo, menor quantidade de mitocôndrias – mecanismo oxidativo secundário, pouca mioglobina (músculos brancos) – contração rápida, muita força (variáveis de acordo com a espécie) – subdivisão: IIa (maior capacidade oxidativa) e IIb 1.7 Tipos de fibras musculares • Fibras musculares lentas (tipo I, vermelhas): – fibras menores, inervação fibras pequenas, maior aporte sanguíneo, maior número de mitocôndrias, maior quantidade de mioglobina (armazenamento de O2) – produzem menos força, contração lenta, maior tempo de resistência A maioria dos músculos apresenta proporção determinada de fibras vermelhas e brancas. Músculos que não podem se fatigar como aqueles ligados à respiração, possuem maior proporção de fibras vermelhas; a musculatura do vôo (peitoral) dos pássaros é constituída em grande parte por fibras musculares brancas em aves que não sustentam o vôo por muito tempo (frangos), ao contrário de aves migratórias. Fibras brancas Fibras vermelhas • Princípio do tamanho – recrutamento ordenado • a ordem de recrutamento das unidades motoras é determinada pelo tamanho dos corpos celulares dos neurônios motores. – fibras I -> IIa -> IIb – diâmetro do axônio neuronal, corpo celular, número de fibras musculares inervadas, capacidade oxidativa, capacidade glicolítica, tempo de contração, produção de força Os músculos alternam sua força de contração variando o número de unidades motoras ativas ou a taxa de ativação da unidade motora - Unidade motora = neurônio motor α + fibra muscular extrafusal - Relação entre o tipo de fibra muscular, número de fibras inervadas e o tamanho do neurônio motor - Unidades motoras pequenas - Unidades motoras grandes - Agrupamento de neurônio motor do músculo dentro do SNC - R e c r u t a m e n t o ( s o m a t ó r i o ) espacial - Somatório espacial RECRUTAMENTO DE UNIDADES MOTORAS 1.8 Os sistemas metabólicos do músculo em exercício • Sistema do fosfatogênio: a fonte básica da contração é o ATP, cuja quantidade nos músculos, no entanto, só é suficiente para manter a potência muscular máxima por alguns segundos; a fosfocreatina tem ligação fosfato mais rica em energia do que as do ATP, e regenera este após sua clivagem, • Sistema do glicogênio-ácido lático: o glicogênio é decomposto em glicose e libera ATP na glicólise, em um metabolismo anaeróbico; como não há oxigênio suficiente, o ác. pirúvico é transformado em ácido lático (a maior parte é transformada novamente em glicose, principalmente no fígado), • Sistema aeróbico (metabolismo oxidativo): oxida nutrientes alimentares nas mitocôndrias para obtenção de energia (glicose, ácidos graxos e aminoácidos) – 95% da energia muscular. • Funções ATP – bombeamento Ca+, bombeamento Na+/K+, processo de contração muscular 1.9 Tetania e fadiga muscular A somação das contrações musculares individuais ocorre de duas formas: • Aumento de unidades motoras que se contraem ao mesmo tempo (somação espacial, de unidades motoras múltiplas), • Aumento da rapidez de contração de unidades motoras distintas (somação temporal, por frequência). • Quando a frequência de estimulação é cada vez maior, o graude contração aumenta de modo crescente; nas frequências mais altas de estimulação as contrações sucessivas se fundem, e se estabelece o estado de tetanização ( a menor frequência para a sua produção é a frequência crítica). • O nível dos íons Ca++ livres nas miofibrilas permanece acima daquele necessário para a ativação do processo contrátil, quando há um estado contínuo e prolongado de ativação, representando estímulo ininterrupto para a manutenção da contração. • A fadiga muscular resulta, principalmente, da incapacidade dos processos contráteis e metabólicos das fibras musculares de produzir a mesma quantidade de trabalho, conforme aumenta a depleção do glicogênio muscular. Abalos Isolados Somação Mecânica Fenômeno de escada Tétano incompleto Tétano completo A força de contração pode ser aumentada, aumentando-se a freqüência dos potenciais de ação (PA), a duração do estimulo e recrutando cada vez mais fibras do músculo em atividade. • Músculos mantêm um tônus durante o repouso – Impulsos nervosos emitidos a partir da medula espinhal em baixa frequência – Controlado pela resposta gerado pelos fusos musculares – A perda do tônus muscular leva a atrofia do grupo muscular • Tipos de movimento – Flexor • Redução do ângulo da articulação – Extensor • Aumento ângulo da articulação – Abdutores • Movem o membro para longe do plano médio – Adutores • Movem o membro para próximo do plano médio – Ex. Bíceps flexor e o tríceps extensor Musculatura estriada esquelética . Movimentação dos membros; . Articulações têm músculos em em ambos os lados para diminuir (flexão) ou aumentar (extensão) seu ângulo; . Sistema de alavancas com o esqueleto; “Os músculos são a maneira pela qual o sistema nervoso coreografa a contração de grupos de células musculares para realizar uma série impressionante de movimentos corporais” Sistema musculoesquelético • Antagonismo grupos flexores e extensores • Principais correlações clínicas – Miastenia gravis • Ação imunomediada contra receptores de Ach na placa mioneural; – Botulismo • Toxina Clostridium botulinum bloqueia a liberação de Ach na placa mioneural causando paralisia de NMI; • Fraqueza, tremores, decubito, reflexos ausentes ou diminuidos, tônus língua reduzido • (Videos) 5-2 botulismo; 5-3 ao 5-8 miastenia (pg.98 descrição) • Principais correlações clínicas – Tétano • Toxina Clostridium tetani; • Atinge medula espinhal através de nervos periféricos. Bloqueia interneurônios inibitórios, liberando musculos extensores da inibição causando tetania; • Marcha rígida, orelhas eretas, cauda elevada e contração dos músculos faciais; A FIBRA MUSCULAR LISA 1 A FIBRA MUSCULAR LISA • Não apresenta estriações; • Importante no funcionamento de muitos órgãos: • intestinos • bexiga • ureteres • vasos sanguíneos • vias respiratórias • útero • ductos deferentes • íris e partes ciliares do olho 1 A FIBRA MUSCULAR LISA • A fibra muscular lisa possui diâmetro variando de 2 a 5 micrômetros e comprimento de 20 a 500 micrômetros, contrastando com as fibras esqueléticas que têm diâmetro em média 20 vezes maior e comprimento milhares de vezes maior; essas células só possuem um núcleo. • A célula muscular lisa contém tanto filamentos de actina quanto de miosina, com capacidade de contração (ativada por Ca++ e com energia do ATP), porém com uma disposição diferenciada relativa à da célula estriada. • Os filamentos de actina ficam presos ao corpos densos, que estão dispostos tanto no interior da célula quanto fixados à membrana celular; são ligados entre si por proteínas estruturais, e corpos densos em diferentes células também podem estar interligados (pontes proteicas intercelulares); através dessas pontes a força de contração é transmitida à célula seguinte. Não formam miofibrilas ou estriações (liso). • Os filamentos de miosina são em menor número, estando entre os feixes de actina; têm diâmetro pelo menos duas vezes maior que o da actina. Estrutura física do músculo liso A fibra da parte superior esquerda apresenta feixes de filamentos de actina que se irradiam de “corpos densos”. A fibra na parte inferior desta figura e o detalhe à direita demonstram as interrelações ente os filamentos de miosina e actina 2 TIPOS DE MÚSCULOS LISOS 2.1 Músculo liso multiunitário • É formado por fibras distintas independentes inervadas por terminações do sistema nervoso autônomo; são recobertas por “membrana basal”, com mistura de fibrilas de colágeno e de glicoproteínas, que isolam uma fibra da outra. • São controladas principalmente por sinais nervosos. Como exemplos de músculo multiunitário podem ser citados as fibras lisas do músculo ciliar no olho, a íris, os músculos piloeretores. 2.2 Músculo liso de uma só unidade • É referente a um agrupamento de centenas a milhões de fibras musculares, que se contraem em conjunto. • São auto-excitáveis, apresentam atividade elétrica espontânea e portanto não requerem estímulo nervoso para ser estimulada, mas podem ser moduladas pelo SNA; • Estão agregados em capas ou feixes, com membranas celulares aderidas entre si por múltiplos pontos (gap junctions), que facilitam a transferência de estímulo entre as células; além disso existem junções abertas que permitem o fluxo de íons entre células, com divergência de potencial de ação, permitindo que todas se contraiam ao mesmo tempo. • É também chamado de músculo sincicial ou músculo liso visceral, pois é encontrado na parede da maioria das vísceras do corpo. • São encontradas nas visceras (intestinos, bexiga, estômago, útero...) e vasos sanguineos. Musculatura lisa intestinal Músculo liso multiunitário Músculo liso de uma só unidade 3 A CONTRAÇÃO DO MÚSCULO LISO • A maioria dos músculos lisos se contrai de uma forma tônica, prolongada, durando de horas até dias. A velocidade de ligação das pontes cruzadas à actina é de 1/10 a 1/300 da frequência do músculo esquelético (muito mais lenta). • A fração de tempo da fixação das pontes aos filamentos actina, porém, é muito maior no músculo liso (fator determinante da força de contração). Provavelmente, porque há uma atividade ATPásica bem menor, com a degradação do ATP -fornecedora de energia- diminuída, e com a lentificação consequente do ciclo. • Maior tempo de duração para completar um ciclo de ligação das pontes ao filamento de actina com posterior desprendimento (demora para começar a contração, “trava”); • Essa economia de energia pelo músculo liso gera uma economia global, já que intestinos, bexiga, vesícula biliar e outras vísceras devem manter contração muscular tônica durante todo o tempo. 3.1 A regulação da contração pelo cálcio 1. Influxo de Ca2+ extracelular (e cavéolas); – canais de Ca2+ dependentes de voltagem (propagam o PA e contribuem na contração) – impulso nervoso, hormônios, estímulo mecânico, estímulo químico 2. Ca2+ se liga à calmodulina 3. Complexo calmodulina/Ca2+ ativa a miosina quinase 4. Miosina quinase fosforila cadeia leve miosina 5. Miosina fosforilada tem mais afinidade por actina 6. Movimento das pontes de miosina e deslocamento do filamento de actina (altas [Ca2+]) – contração muscular 7. Redução na [Ca2+] intracelular 8. A separação da ligação actina/miosina é feita pela miosina fosfatase, que cliva o fosfato da miosina (relaxamento muscular) 3.1 A regulação da contração pelo cálcio • A contração da musculatura lisa, não obstante as variações, tem um tempo de desenvolvimento totalaté o relaxamento cerca de 30 vezes mais prolongado que a duração do abalo muscular no músculo esquelético. • Essa demora é resultado provavelmente da demorada fixação e liberação das pontes cruzadas. No início da contração, também, o mecanismo de acoplação-contração em resposta aos íons Ca2+ é bem mais lento, pois o mecanismo de desencadeamento é diferente: • O músculo liso não contém troponina, • O músculo liso contém grandes quantidades de calmodulina que: (1) fixa os íons Ca++; (2) o complexo calmodulina-Ca2+ ativa a miosinaquinase (enzima fosforilativa); (3) ocorre fosforilação de uma das cadeias leves da cabeça de miosina -cadeia reguladora -, havendo fixação ao filamento de actina e prosseguimento do ciclo, que provoca a contração muscular. • Quando a concentração de Ca2+ cai a valores críticos é necessária a ação da miosina fosfatase, que cliva o fosfato da cadeia leve; os ciclos são interrompidos e cessa a contração. • O tempo necessário para o relaxamento muscular é determinado então, em grande parte, pela quantidade de miosina fosfatase ativa na célula. • Retículo sarcoplasmático rudimentar, o Ca2+ se difunde por meio do líquido extracelular (entrada lenta no interior das células), depois são bombeados para fora da célula (bombas lentas); • As membranas têm canais de cálcio ativadas por hormônios (contração muscular na ausência de PA) Fibra muscular lisa 3.4 Mecanismo para a manutenção prolongada da contração • Depois de desenvolvida sua contração total, o grau de ativação do músculo liso é reduzido a um nível muito mais baixo que o inicial, embora seja mantida a força total de contração. A energia necessária é de cerca de 1/300 da energia para manter contração contínua na musculatura esquelética. • Esse efeito ocorre pelo mecanismo de trinco (trava), relacionado à fixação prolongada das pontes cruzadas. Tem a vantagem de manter contração tônica prolongada com mínimo consumo de energia e, o sinal excitatório necessário, seja neural ou hormonal, também é reduzido. • Uma característica importante do músculo liso, em órgãos ocos, a capacidade de quase retornar à força de contração original logo após ter sido encurtado ou estirado; esse fenômeno é chamado relaxamento por estresse (rearranjo das pontes cruzadas após a lenta liberação das pontes cruzadas). Ex. Preenchimento da bexiga. 3.5 Controle neural e hormonal da contração do músculo liso • A membrana do músculo liso possui muitos tipos diferentes de proteínas receptoras capazes de desencadear o processo contrátil; outros tipos inibem a contração desse músculo, o que também o diferencia do esquelético. • As junções neuromusculares (inervação pelas fibras nervosas autonômicas) geralmente não fazem contato direto, formando as junções difusas, secretando substâncias transmissoras no líquido intersticial, para difusão. Além disso, as fibras nervosas, com frequência, só inervam a camada mais externa; quando há muitas camadas, a excitação passa por meio de condução do potencial e ação ou pela difusão do transmissor. • Os axônios que inervam a musculatura lisa possuem numerosas varicosidades (ao invés de placas motoras), onde estão contidas vesículas com substância neurotransmissora. Contém acetilcolina ou norepinefrina ( as vesículas da placa motora do músculo estriado só contém acetilcolina). Excitação ou inibição da fibra. • Em alguns casos (especialmente no músculo liso multiunitário) há contato direto das varicosidades com a membrana da fibra muscular, com período latente de contração muito mais breve que o de fibras estimuladas por junção difusa. 4.POTENCIAIS DE MEMBRANA E DE AÇÃO NA MUSCULATURA LISA • O potencial de repouso da musculatura lisa é de -50 a -60 milivolts. • O potencial de ação ocorre de forma similar ao do músculo estriado no músculo liso visceral, podendo ser de duas formas distintas: • potenciais em ponta, que podem ser provocados por estimulação elétrica, hormônios, neurotransmissores ou gerados pela própria fibra muscular (musc. unitários). Duram poucos milissegundos. • potenciais de ação em platô, início similar ao pontencial em ponta, mas a repolarização é retardada (1 seg.) = maior tempo de contração. • Existem muito mais canais de Ca++ do que de Na+ na membrana do músculo liso, sendo que o Ca++ é o principal responsável pela geração do potencial de ação; esses canais são muito mais lentos para se abrirem que os canais de Na+, justificando os lentos potenciais de ação. • O Ca++ não só gera o potencial de ação como atua na contração do músculo liso. Potenciais de membrana no músculo liso intestinal: A.PA típico Potenciais em Ponta, B. Potenciais em ponta repetitivos sobre ondas lentas C. Despolarização Total. Esses padrões de potencial ocorrem em diferentes condições fisiológicas do tratogastrintestinal. * Os potenciais em ponta podem ser gerados sobre ondas lentas (ondas marcapasso), que são expontâneas em alguns tipos de musculatura lisa (músculos auto-excitatórios), provavelmente derivadas de ritmicidade de condutância dos canais iônicos ou maior ou menor ativação da bomba de Na+. • O músculo visceral pode ser excitado por estiramento, gerando potenciais espontâneos, já que o estiramento diminui a eletronegatividade do potencial de membrana (observado em vasos sanguineos). • Isso permite que um órgão oco excessivamente estirado se contraia de modo automático, podendo gerar, por exemplo, uma onda peristáltica. • O músculo liso multiunitário pode se despolarizar sem potenciais de ação, que não são gerados devido as fibras serem muito pequenas; neste caso, a própria substância transmissora se propaga por condução elétrica direta por toda a fibra, produzindo contração muscular. 4.1 Contração do músculo liso por fatores teciduais locais • O músculo liso é altamente contrátil, respondendo a alterações do líquido intersticial circundante; um exemplo é a falta de oxigênio, excesso de dióxido de carbono e da concentração de íons hidrogênio provocando vasodilatação, pois influencia a fibra muscular lisa do vaso. 4.2 Excitação ou inibição causada por hormônios • Alguns importantes hormônios transportados pelo sangue e que influenciam a contração muscular - desde que existam receptores - são a vasopressina, norepinefrina, epinefrina, acetilcolina, angiotensina, ocitocina, serotonina e histamina. Músculo liso Músculo estriado esq. Excitação Excitação Aumento da [Ca2+] intracelular (principalmente do fluído extracelular) Aumento da [Ca2+] intracelular (totalmente do RS intracelular) Série de eventos bioquímicos Reposicionamento físico da troponina e tropomiosina Fosforilação das pontes cruzadas da miosina Exposição dos sítos de ligação nos filamentos de actina Ligação da actina e miosina nas pontes cuzadas Ligação da actina e miosina nas pontes cuzadas Contração Contração Musculatura estriada esquelética x musculatura lisa Característica Músculo est. esquelético Músculo liso Fibra muscular (disposição actina/ miosina) Longa, grossa, multinucleada, miofibrilas, tubulos T, RS desenvolvido Curta, delgada, uninucleada, corpos densos, cavéolas, ausência tubulos T e miofibrilas Inervação SNC Sistema motor (voluntário), placa motora, acetilcolina Sistema autônomo, junções difusas (varicosidades), acetilcolina ou norepinefrina Contração Rápida, curta, muito gasto de energia Lenta, prolongada (“trinco”), pouco gasto de energia Estímulo Potencial de ação NM PA, hormônios, mecânico PA e PM - 90mV, potenciais em ponta, Na+ -50 a -60mV, potenciais em ponta, potenciais em platô, ondas, Ca+ Órgãos Membros (movimento) Visceras(função autônoma) Mecanismo molecular da contração Actina/miosina/troponina/ tropomiosina/Ca+ (RS) Actina/miosina/calmodulina/ Ca+ (extracelular)
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