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Desenvolvimento pré-natal Prof: Ms. Ana Carolina P. Soares A fecundação ocorre no momento em que um espermatozoide de um homem penetra em um óvulo de uma mulher para formar um único ovo ou zigoto e, então, inicia-se o processo de reprodução celular. As mudanças que ocorrem da fertilização ao nascimento constituem o desenvolvimento pré-natal. INFLUÊNCIAS DO PERÍODO PRÉ E PERINATAL NO DESENVOLVIMENTO HEREDITARIEDADE X AMBIENTE Cientistas que estudam a hereditariedade, realizam uma diferenciação no fator genético: genótipo, que é considerado um conjunto de informações específicas contidas nos genes de determinado indivíduo; fenótipo, que é considerado um produto de três fatores (genótipo, influências ambientais desde a concepção e a interação do genótipo com o ambiente). GESTAÇÃO Período de modificações fisiológicas, anatômicas, psicológicas e sociais à mulher e à família; Diversos fatores envolvidos para a manutenção da gestação; Adaptações do organismo materno; Alta velocidade de crescimento fetal; Maior vulnerabilidade mãe-filho.. Durante a vida intra-uterina, o indivíduo poder receber a influência de vários fatores que determinarão o curso do seu desenvolvimento ao longo de toda a vida, sendo alguns deles: a idade e dieta da grávida, o uso abusivo de drogas e medicamentos, infecções, traumas etc... De uma forma geral, o período pré-natal tem um significado psicológico, social e biológico quer para a criança, quer para a família. Este afeta a criança mesmo antes do seu nascimento. • Feto é ativo na barriga (percebe luz e som, procura novas posições, prova novos sabores através da alimentação da mãe etc). Além disso brinca com o cordão umbilical, dá cambalhotas, suga etc formação dos sentidos e afetos. • A partir do 4 º mês ouve a voz da mãe (padrões de choro semelhantes à entonação materna) • Mães que cantam- bebês com inclinação para a música, reconhecimento de melodias. Joanna Wilheim • Vida afetiva do feto; • Feto sente tudo o que acontece com a mãe por meio de sinais fisiológicos como aumento da frequência cardíaca e liberação de hormônios transmitidos através da placenta; • Conexão emocional mãe- bebê (mãe acalma, conversa e acaricia o bebê quando está mais agitado) Períodos do desenvolvimento pré-natal 1. Período germinal 2. Período embrionário 3. Período fetal 1. Período Germinal • Após a fecundação, o zigoto cresce rapidamente por meio da divisão celular. O zigoto divide-se em duas células, em seguida estas se convertem em quatro, depois em oito e assim sucessivamente. • Às vezes o zigoto se separa em dois blocos, que originam dois gêmeos idênticos. Os gêmeos fraternos são criados quando dois óvulos são liberados e cada um é fertilizado por um espermatozoide diferente. • Ao mesmo tempo em que se divide e cresce, o zigoto desce pela trompa rumo ao útero. Antes de completar uma semana, o zigoto chega ao útero. Ele penetra na parede uterina e estabelece conexões com os vasos sanguíneos da mãe, esse processo é chamado de implantação. Como resultado da reprodução celular, forma-se uma esfera oca (blastocisto), cujas células internas logo darão origem ao embrião, enquanto as externas formarão as estruturas que sustentam, nutrem e protegem o bebê. 2. Estágio ou período embrionário Ocorre da terceira à oitava semana aproximadamente. Esse estágio começa quando a implantação está completa; nesse momento, o zigoto passa a ser chamado de embrião. No estágio embrionário, as várias estruturas de sustentação são formadas e todos os principais sistemas de órgãos são definidos pelo menos de forma rudimentar. A capa externa do blastocisto transforma-se em uma membrana protetora que, com os tecidos uterinos, formará a placenta, cuja função é permitir a passagem de substâncias nutritivas, agir como órgão de excreção, produzir a oxigenação fetal e, além disso, agir como uma glândula de secreção interna produtora de hormônios. O cordão umbilical, que se forma nesse período, faz a comunicação entre o embrião e a placenta. Forma-se também o saco amniótico, que envolve e protege o embrião (GRIFFA; MORENO, 2001). Esse é considerado um período crítico, quer dizer, é um período de alta vulnerabilidade às influências do ambiente pré-natal. Quase todos os defeitos congênitos de desenvolvimento ocorrem durante o primeiro trimestre de gravidez. Segundo Papalia, Olds e Feldman (2006), três em cada quatro abortos espontâneos ocorrem no primeiro trimestre. Período crítico é um período de tempo durante o desenvolvimento em que o organismo é especialmente responsivo a um evento específico. A mesma estimulação em outros momentos do desenvolvimento tem pouco ou nenhum efeito. 3. Estágio ou período fetal • Ocorre por volta da oitava semana da gestação até o nascimento. Os órgãos formados no período anterior agora se diferenciam e se desenvolvem em termos anatômicos e funcionais, pode-se dizer que nessa fase há “os toques de acabamento”, ou seja, é um momento de crescimento e refinamento de todos os sistemas. • Há o aparecimento das primeiras células ósseas e um crescimento muito rápido, de tal forma que se torna possível perceber os movimentos fetais. • De acordo com a descrição anterior, pode-se perceber que o desenvolvimento pré-natal apresenta certa regularidade e previsibilidade, uma vez que as mudanças aparentemente seguem uma ordem fixa com intervalos fixos de tempo. No entanto, cumpre ressaltar que essa sequência não é imune às modificações ou influências externas. Fatores gerais de risco podem ter efeitos sobre o desenvolvimento pré-natal, tais como: a nutrição, a idade, o estresse e a atividade física da mãe. Influência materna no desenvolvimento pré-natal Fatores gerais de risco que podem ter efeitos sobre o desenvolvimento: 1) Nutrição da mãe: a mãe é a única fonte de nutrição da criança em desenvolvimento, por isso uma dieta balanceada é fundamental. Quando uma mulher grávida não tem uma nutrição adequada, é provável que o bebê nasça prematuramente e abaixo do peso. A nutrição inadequada durante os últimos meses gestacionais pode afetar, sobretudo, o sistema nervoso, porque esse é um momento de crescimento muito rápido do cérebro. (Depressão e Transtornos Alimentares) 2) A idade da mãe: Tradicionalmente, a maternidade tardia (mães mais velhas, acima de 35 anos) ou muito cedo (mães adolescentes) tem sido apontada pela literatura (BEE, 1996; PAPALIA; OLDS; FELDMAN, 2006; KAIL, 2004) como um fator de risco para o desenvolvimento pré-natal. Entretanto, já é consenso que os riscos são grandemente reduzidos se a mãe goza de boa saúde e recebe cuidado pré-natal adequado. Os riscos associados às mães mais velhas incluem a possibilidade de apresentar pressão arterial alta, sangramentos, maior probabilidade de aborto, parto prematuro, crescimento fetal retardado, natimortos e anomalias cromossômicas como a síndrome de Down. Em relação aos últimos riscos mencionados, há comprovadamente uma maior prevalência (BEE, 1996; PAPALIA; OLDS; FELDMAN, 2006; KAIL, 2004). Já as mães adolescentes associavam-se ao risco de terem bebês prematuros e/ou com baixo peso ao nascimento; entretanto, há controvérsias nas pesquisas (BEE, 1996; KAIL, 2004). 3) Fatores teratogênicos: são agentes ambientais que podem causar desvios no desenvolvimento e que podem conduzir a anormalidades, defeitos congênitos ou morte. Os efeitos dos fatores teratogênicos, sob o desenvolvimento pré-natal, dependem do período crítico, da intensidade da exposição, da interação com outros fatores, hereditariedade e vulnerabilidade. O período de maior risco para os fatores teratogênicos são as doze primeiras semanas gestacionais, porque nessa fase a maioria dos sistemas orgânicos se desenvolve rapidamente; assim, a ação de um fator teratogênico provavelmente produz uma deformidadeestrutural maior naquela parte específica do corpo. Os fatores teratogênicos dividem-se em três categorias: doenças, drogas e riscos ambientais. Entre os fatores teratogênicos, temos as doenças que a mãe pode ter durante a gestação, que podem afetar o feto, como exemplo: • Rubéola: é uma doença infecciosa de transmissão respiratória, associada a diversos casos de má formação fetal, acarretando, na maioria dos casos, em cegueira e surdez da criança. Quando a criança nasce com problemas decorrentes da rubéola, o quadro é denominado de Síndrome da Rubéola Congênita. • Citomegalovirus (CMV): é um vírus da família do herpes vírus, que nunca abandona o corpo após a infecção. Ele provoca um aumento exagerado do núcleo da célula infectada, pois o vírus se aloja nesse núcleo. O vírus pode ser transmitido da mãe para o bebê via placenta, mas estudos mostram que somente 30% das crianças, filhas de mães com o citomegalovírus nascem com o vírus. Em situações em que a resistência está baixa (imunodepressivo), o vírus se torna ativo, podendo provocar, no bebê, déficit mental e motor, surdez, atrofia óptica e cegueira entre outros problemas menos comuns. • Diabetes: as mães diabéticas enfrentam um risco maior de ter um filho natimorto ou que morra logo após o nascimento devido ao acúmulo de gordura durante o terceiro trimestre da gestação. • Toxoplasmose: é causada por um parasita presente em carne crua e fezes de gato. Pode provocar aborto espontâneo ou morte. Os bebês que sobrevivem podem ter sérios prejuí- zos na visão ou no cérebro. • Herpes Simples: o vírus pode causar feridas na face e lábios (conhecido como vírus HSV 1) e também na região genital (HSV 2). A mãe pode transmitir o vírus do herpes para o bebê durante o parto, se o canal vaginal estiver com o vírus ativo, acarretando em herpes. • Sífilis: os fetos contaminados podem nascer surdos, mentalmente deficientes ou com deformações físicas significativas. Chance de até 25% de nascerem mortos. No entanto, o vírus não atravessa a placenta até a 21ª semana de gestação podendo ser tratado. Exemplos de fatores teratogênicos A ingestão de álcool: Deve ser evitada durante o período gestacional, o uso abusivo pode desencadear no bebê a Síndrome Fetal Alcoólica (SFA), cujas características são: deficiências cognitivas, danos no coração, crescimento retardado, rostos deformados. Nicotina: As consequências do uso de nicotina são um crescimento retardado, possíveis danos cognitivos, baixo peso ao nascimento (inferior a dois quilos e meio), baixo rendimento escolar e baixo nível de atenção, hiperatividade. Segundo Papalia, Olds e Feldman (2006), existe a correlação entre a exposição pré-natal à nicotina e a síndrome da morte súbita na infância. Cafeína: O uso de cafeína está associado à quase o dobro do risco de aborto, de acordo com Papalia, Olds e Feldman (2006). Drogas ilícitas: Entre as drogas ilícitas, podem-se citar: a maconha, a cocaína e a heroína. Quanto ao uso da maconha, não foi definitivamente comprovado que o uso durante a gravidez cause deficiências neonatais, mas está associado a baixo peso ao nascimento (LEE; WOODS, 1998 apud COLE; COLE, 2003). De acordo com a literatura (BEE, 1996; PAPALIA; OLDS; FELDMAN, 2006; COLE; COLE, 2003; KAIL, 2004; GERRIG; ZIMBARDO, 2005), a cocaína e a heroína podem causar danos em praticamente qualquer momento durante a gravidez. A cocaína pode ocasionar um maior risco de aborto, prematuridade, baixo peso ao nascimento, problemas neurológicos, crescimento retardado, irritabilidade nos recém-nascidos, ser menos responsivos a alertas emocional e cognitivamente. Já com o uso da heroína na gestação, o bebê tende a nascer dependente da droga e podem manifestar síndrome de abstinência. Esse bebê tem maior probabilidade de óbito após o nascimento ou de nascer prematuro, com baixo peso, vulnerável a doenças respiratórias, apresentar problemas de ajustamento social e aprendizado. Esses fatores de risco podem ser minimizados ou evitados através de modificações comportamentais (decisão da mãe quanto ao uso), ou seja, podemos afirmar que a exposição a esses fatores está diretamente vinculada aos aspectos psicossociais e comportamentais da mãe. Importância de se compreender os aspectos emocionais e comportamentais da gestante e sua repercussão no desenvolvimento da criança! • Riscos ambientais Os riscos ambientais estão associados à exposição a substâncias tóxicas, como chumbo, mercúrio, radiação e poluição de um modo geral. Esses agentes podem ser danosos ao desenvolvimento pré- natal trazendo como consequências, por exemplo, mutações genéticas. Na década de 1970, a cidade de Cubatão (polo industrial), identificada como a cidade mais poluída do mundo, tinha um índice altíssimo de crianças nascidas com defeitos congênitos, inclusive anencefalia, devido aos agentes poluentes. Aspectos emocionais da mãe durante o período gestacional • Sentimentos ambivalentes Mesmo em uma gravidez desejada e esperada, a mãe frequentemente tem sentimentos ambivalentes de aceitação e rejeição da criança, expressos em preocupações com a saúde do bebê (fantasias de anomalias no bebê), no medo do desenvolvimento dessa nova situação e também do parto, além de ansiedade pela responsabilidade de cuidar do bebê. Nessa fase, são comuns o retraimento emocional ou a regressão a um papel de maior dependência na família. Há a revivência da relação com a própria mãe e o desejo de ser a mãe perfeita, reparando o histórico relacional. • Ajustes relacionais e redefinição de papéis É necessário um ajuste na relação com o cônjuge (quando a gestação ocorre dentro de um casamento ou relação estável), pois será preciso incluir mais um na relação e desenvolver o papel parental sem prejuízo do conjugal. Muitos conflitos conjugais decorrem dessa dificuldade. Aliás, os índices de episódios de violência conjugal envolvendo mulheres grávidas são alarmantes. Ajustes também são necessários na família extensa para aceitar o novo membro, há o realinhamento na estrutura familiar e a negociações frente às novas funções, como a de tios, avós etc. As representações mentais e as fantasias que a mulher faz de si mesma como mãe e do seu futuro bebê influenciam o estilo de vínculo que ela formará com o filho. A figura paterna Assim como a mãe, o pai revive as experiências da infância e o desejo de ser o pai perfeito; depara-se com a sensação de ser completo e onipotente dirimindo quaisquer dúvidas em relação à sua potência/ fertilidade. Aparece a ideia de continuidade da linhagem familiar. No entanto, também são comuns sentimentos de exclusão, no qual o bebê é visto como um rival e, nesse caso, algumas relações conjugais são abaladas, podem surgir relações extraconjugais, o uso abusivo de álcool ou mesmo a diminuição da libido ou a impotência sexual Pesquisas recentes apontam a ocorrência da depressão pós-parto também nos homens! Estresse psicológico da mãe Embora as evidências ainda sejam insuficientes (por questões éticas, só há estudos correlacionais – seria antiético submeter uma mulher grávida às condições de extremo estresse para a realização de um estudo), vários estudos têm encontrado uma associação entre estresse psicológico – prolongado e extremo – e complicações da gravidez. Os achados mais frequentes revelam que o estresse durante a gravidez está associado a parto prematuro e a baixo peso ao nascer (HEDEGAARD; HENRIKSEN; SABROES apud COLE; COLE 2003; COOPER et al. apud KAIL, 2004; PAARLBERG et al. apud KAIL, 2004) Implicações Psicossociais da gravidez A partir dos anos 60, tornou-se possível estudar o bebê no útero e mostrou-se incontestável a evidencia fisiológica de que o feto ouve, reage ao estresse, tem sensações, faz experimentações, tem medo, se assusta e etc. O bebê está em contato constante com as emoções da mãe através dasvariações circulatórias e neurofisiológicas. O meio intra-uterino pode reger significativamente a formação das características comportamentais, físicas e emocionais dos bebês. • Gravidez como crise ou transição : Período de permanente e intensas mudanças Biopsicossociais e Comportamentais; • Organização de fantasias ou expectativas; • Decisão de ter filhos: resultante da interação de vários fatores; • Implica em mudanças interpessoais e intrapsíquicas que envolvem ganhos e perdas; • Gestação Programada X Não Programada (aceitação ou não aceitação / opção pelo aborto); • Expectativas: Preocupação com a gravidez • Preocupação com o bebê – saudável? • Escolha dos nomes (identidade) • Preferência de sexo – cultural • Competição com a mãe ou pai: Características físicas • Expectativas para o futuro (ex: perspectivas de profissão, evolução social...) • Período de transição Necessidade de reestruturação e reajustamento pessoal, profissional e social : A mulher passa a ser vista de forma diferente. • Às vezes, isolamento do marido; Ciúmes dos irmãos; Situação financeira etc... Aspectos emocionais da gravidez Vários fenômenos acontecem na gravidez: Labilidade emocional; Breves episódios disfóricos; Momentos de apatia ou irritabilidade Perturbações de condutas alimentares; Inquietações; Insônia; Ansiedade; Oscilações de humor devido a alterações hormonais etc... • PARTO : Momento crítico; é sentido como uma situação de passagem de um estado para outro .Processo irreversível: precisa ser enfrentado de qualquer forma. Muitas vezes existe uma preocupação materna muito grande de não se reconhecer os sintomas iniciais do parto e com isso, uma preocupação que não haja tempo hábil para chegar ao hospital. É importante que a mãe vivencie intensamente as emoções do parto da melhor forma possível, sem dor, sem traumas. O risco de depressão pós- parto é menor quando as condições do parto são mais apropriadas (violência obstétrica). • PUERPÉRIO: Puerpério imediato: período após o parto até 6 semanas. A mulher torna-se extremamente sensível, muitas vezes confusa. Sintomas de ansiedade e depressão são comuns. As primeiras 24 hs constituem um período de recuperação da fadiga do parto. Os primeiros dias são carregados de emoções intensas e variadas. • RELEVÂNCIA DO CONTATO PRECOCE PARA O DESENVOLVIMENTO DO BEBÊ: O contato epidérmico entre mãe e filho é especialmente importante, é através dele que a criança se relaciona com o mundo, abrindo novas experiências. • AMAMENTAÇÃO : o primeiro evento social da criança (interação mãe e filho). Ato muito prazeroso para a criança.A privação de contato epidérmico pode resultar em distúrbios físicos e emocionais. A percepção da gravidez: primeiro trimestre • A partir da confirmação: início da formação da relação mãe – filho; • Feto ainda não é concretamente percebido; • Alterações do esquema corporal são discretas; • Sentimentos de ambivalência: estar ou não grávida / querer ou não a gravidez; • Medo do aborto (fantasia que o feto não está suficientemente preso ao útero); • SINTOMAS COMUNS: Hipersonia / Náuseas e vômitos / Hiperemese gravídica/ Desejos alimentares/ Aumento do apetite / Oscilações de humor. A percepção da gravidez: segundo trimestre • Considerado o mais estável do ponto de vista emocional; • Fenômeno central – impacto da percepção dos primeiros movimentos fetais (às vezes, tendem a favorecer maior aceitação da gravidez); • Os movimentos fetais têm um papel importante na formação da relação mãe-filho, uma vez que são interpretados pela mãe como uma forma de comunicação. A mãe passa a personificar o feto, muitas vezes atribuindo certas características pessoais a esse novo ser; • Muitas vezes: diminuição da libido ou até total desinteresse (fatores individuais e culturais) A percepção da gravidez: terceiro trimestre • A ansiedade tende a se elevar com a proximidade do parto • Preocupação com a mudança da rotina com a chegada do bebe • Ansiedade é elevada nos dias que antecedem a data provável do parto e tende a aumentar à medida que ultrapassa a data • Temores mais freqüentes: medo de morrer no parto, medo de não conseguir amamentar, medo de ter um filho mal • São muitos comuns sonhos envolvendo o bebe, o parto e alterações corporais A chegada do bebê - Determina mudanças importantes nos diferentes membros da família; - Surgem expectativas, planos e projetos junto às novas exigências de tarefas e de funções para cada uma dessas pessoas, provocando a reorganização desse grupo que possui os laços familiares como seu grande elo; - A cultura tem grande participação nos sentimentos e percepções dos pais sobre a criança A DEPRESSÃO NA MULHER • As mulheres correm ao longo da sua vida um risco cerca de duas vezes maior de sofrer de depressão que os homens. Segundo a OMS, a prevalência de episódios depressivos é de: 1,9 no sexo masculino; 3,2 no sexo feminino. Pode ser: Razões culturais; Razões sociais; Razões biológicas. Diferenças hormonais. • Depressão pós-parto: Milhares de mulheres consideram a experiência da maternidade como: desorientadora, dolorosa e perturbadora; 30 a 80% das puérperas tem perturbações neuropsíquicas; Nos primeiros meses; PICOS DE OCORRÊNCIA e do nono ao décimo quinto mês. Muitas mulheres não se sentem preparadas para a maternidade. DEPRESSÃO PÓS-PARTO É UMA PERTURBAÇÃO DO HUMOR COM PROFUNDAS CONSEQUENCIAS EM TERMOS ORGÂNICOS/FISIOLÓGICOS, PSICOLÓGICOS E SOCIAIS/FAMILIARES; É UMA ELEBORAÇÃO PATOLÓGICA DA TRISTEZA; NÃO É AUTOLIMITADA E NÃO MELHORA ESPONTANEAMENTE, SEM O AUXILIO PROFISSIONAL. EXPLICAÇÃO PARA O ESTADO DEPRESSIVO • MODELO MÉDICO – Desequilíbrio Hormonal • MODELO SOCIAL – Resposta razoável a um agravamento das circunstâncias sociais e a perda inesperada da identidade. • MODELO PSICOLÓGICO – Fatores de risco da personalidade da mulher. • MODELO PSICOTERAPÊUTICO – Experiência da maternidade como um período de vulnerabilidade a traumas não reconhecidos provenientes da infância SINTOMAS E CAUSAS DA DEPRESSÃO PÓS PARTO • Necessidade de isolamento. Sentimento de perda; Incapacidade de realizar o luto; Sentimento de insegurança; Baixa auto-estima; Humores depressivos; Choros freqüentes; Alteração hormonal; Cefaléia/enxaqueca; Insônia ou sonolência exagerada; Perda de apetite; Perda da vontade de viver; Decréscimo da libido. • CAUSAS SOCIAIS :Novas pressões sobre os pais; Perda da identidade; Preocupações financeiras ou de habitação. • CAUSAS BIOLÓGICAS Partos difíceis; Problemas obstétricos; Infertilidade anterior. • CAUSAS PSICOLÓGICAS mães de primeira vez; As mães mais velhas; Perdas não resolvidas. Problemas com o companheiro, mãe e amigos; doenças mentais prévias; problemas relacionados à auto-imagem. Intervenção O primeiro passo consiste na coleta de dados que se apoia na observação da paciente e na identificação de: suas angústias particulares; padrões disfuncionais de pensamento; alterações de humor; sensação de fracasso e desespero; fadiga e sintomas psicossomáticos; dificuldades de concentração etc... A importância do vínculo mãe-bebê A partir do séc XIX, a maternidade ganhou novos desenhos. É neste contexto, que o bebê e a criança ganham mais atenção e privilégios da sociedade. Há então uma mudança de valores sociais justificados pela psicologia, filosofia e pediatria vigente, que preconizava a importância da relação mãe-bebê para o desenvolvimento saudável da criança. (ARAÚJO E MOURA, 2004) A psicanálise teve grande influência no reforço da manutenção deste papel materno, uma vez que, enfocou a relação mãe-bebê como decisiva no desenvolvimento infantil As pesquisas de René Splitz (1945) e a Síndrome do hospitalismo • Fenômeno que representa atenção aos cuidados físicos de bebês separadosde seus pais durante a guerra, mas pouco afeto e atenção. • Se caracterizava por: apatia; falta de tonicidade motora; recusa à alimentação e em casos extremos, até a morte. • Conclusão: atenção, toque, carinho são essenciais para a sobrevivência nessa fase do desenvolvimento (vínculo). Necessidade primária-> criar laços afetivos • Diferentes visões tem fundamentado teoricamente as pesquisas sobre interação mãe-infante, e essa relação tem sido interpretada sobre diferentes perspectivas teórico-conceituais. • Consenso: Um ambiente suficientemente bom é responsável por influenciar todo o processo de desenvolvimento do bebê. Uma possível falha ambiental pode interferir substancialmente em seu processo de maturação como ser psicossomático, ou seja, a saúde psíquica do ser está em jogo e falhas nestes momentos iniciais podem interferir no modo de ser do indivíduo na fase adulta. (Ex: Abordagem cognitivistas: construção dos esquemas cognitivos.Abordagens comportamentais: comportamentos aprendidos) A atitude emocional da mãe orienta o bebê, conferindo qualidade de vida à sua experiência e servindo como organizador da sua vida psíquica, por possibilitar identificações que poderão influenciar seu desenvolvimento a posteriori (Spitz, 1996; Klaus, Kennel e Klaus, 2000; Maldonado, 2002 A importância do apego no desenvolvimento emocional da criança • Quando falamos de apego, vínculo, estamos falando de relacionamento existência do OUTRO, ou seja, o outro é importante para nossa constituição. • A criança ao se perceber como um ser diferenciado de sua mãe – medo da separação. • Quando há a privação do apego, quanto mais jovem a criança maiores são os danos causados pela privação. Teoria do apego de Bowlby Apego: “Qualquer forma de comportamento que resulte em uma pessoa (criança) alcançar e manter a proximidade com algum outro indivíduo claramente identificado (mãe) considerado mais apto para lidar com o mundo”. Esta relação fornece uma base segura para a criança a partir da qual ela pode explorar o mundo exterior e a voltar certa de que será bem vinda, nutrida física e emocionalmente. Por volta de 1 ano e meio -> Construção de um sentimento de confiança e segurança da criança em relação a si mesma e, principalmente, em relação àqueles que a rodeiam. HISTÓRIA DA TEORIA • A partir de 1956 Bowlby buscou examinar as implicações teóricas de algumas observações sobre o modo como as crianças reagem à perda temporária da mãe; • Bowlby dedicou especial atenção às observações que seu colega James Robertson realizava sobre os problemas dos efeitos da separação da mãe nos primeiros anos da infância sobre o desenvolvimento da personalidade; • Bowlby verificou que a perda da mãe, por qualquer motivo ou por combinação com outras variáveis não identificadas, poderiam gerar respostas e processos de maior interesse para a psicopatologia. Também foi concluído que essas respostas e processos são os mesmos que estão presentes em pessoas adultas e ainda perturbados por separações que sofreram nos primeiros anos de vida. Pressupostos da Teoria do Apego • Reconhece a primeira relação humana de uma criança como fundamental na estruturação da personalidade humana. • A qualidade dos cuidados parentais recebidos por uma criança nos seus primeiros anos de vida é essencial para o desenvolvimento da personalidade e da saúde mental futura. • A teoria do apego enfatiza a relevância da figura do cuidador como provedor de segurança, conforto e auxílio de forma a promover uma base segura que favoreça o encorajamento de autonomia do bebê. • A partir da primeira relação estabelece-se no indivíduo um modelo funcional interno - as experiências de apego vivenciadas pela criança refletem as suas expectativas em relação ao mundo. Apego X Vínculo • No vínculo: existe a necessidade da presença do outro e um acréscimo da sensação de segurança na presença dele. • No apego: o outro é visto como uma base segura, a partir da qual o indivíduo pode explorar o mundo e experimentar novas relações. Comportamento infantil associado ao apego: “Conjunto de condutas inatas exibidas pelo bebê, que promove a manutenção ou o estabelecimento da proximidade com sua principal figura provedora, geralmente, a mãe. O repertório comportamental inclui: chorar, fazer contato visual, agarrar-se,aconchegar-se e sorrir”. Figura de apego: base segura através da qual a criança irá explorar o mundo. “Os efeitos perniciosos da privação variam de acordo com o grau da mesma. A privação traz consigo a angústia, uma exagerada necessidade de amor, fortes sentimentos de vingança, e consequentemente, culpa e depressão” AS SETE CARACTERÍSTICAS DO APEGO Especificidade O comportamento de apego é dirigido para um ou alguns indivíduos específicos considerados (pela pessoa apegada) como mais aptos a viver, se adaptar e a lidar com o mundo, buscando proximidade com esses indivíduos; geralmente há uma ordem clara de preferência. Duração O apego persiste, durante todo o ciclo vital, de variadas intensidades e formas. As formas podem ser ativas, necessitando da presença do cuidador; formas aversivas, como o comportamento de chorar; ou formas ou sinais de comportamentos que sinalizam para o cuidador que há interesse na interação como um sorriso. Envolvimento Emocional Muitas das emoções mais intensas surgem durante a formação, manutenção, rompimento e renovação de relações de apego. O envolvimento emocional (afetivo) e o desenvolvimento cognitivo definem a maneira que a criança irá realizar a representação mental das figuras de apego (tanto de si como do ambiente), sendo assim, são baseadas nas experiências de vida (e a interação de suas condições físicas, psicológicas e as condições do ambiente). Ontogenia O comportamento de apego, segundo Bowlby, possivelmente se inicia já na vida uterina e desenvolve-se durante os primeiros oito meses de idade através de comportamentos e busca pela proximidade com o outro indivíduo (em buscar de segurança e conforto). No oitavo mês de idade é quando o bebê já está se locomovendo com maior facilidade, coincidindo com o início do desenvolvimento da independência motora Aprendizagem A proximidade com os outros indivíduos permite que a criança adquira (aprenda) a desenvolver melhor capacidade de se adaptar ao meio através da convivência e observação, garantindo a evolução e preservação da espécie. Há também possibilidade das crianças se apegarem a pessoas que não suprem as suas necessidades fisiológicas (necessidades básicas; sensação de conforto e segurança), sendo assim, percebe-se que algumas associações de apego não são realizadas apenas pelo prazer. Organização O comportamento de apego é organizado com o desenvolvimento da criança. O primeiro contato que o indivíduo possui com outra pessoa (cuidador), são suas experiência precoces e, depois inicia o processo de “expectativas sobre si mesmo, dos outros e do mundo em geral, com implicações importantes na personalidade em desenvolvimento”. Função Biológica O comportamento de apego possui como principal função a biológica, pois é esta que torna indispensável que o indivíduo procure proteção e segurança. Ou seja, quando bebês e crianças, o comportamento de apego é instintivo (mas não é herdado de pai para filho) e desenvolvido pela grande importância de encontrar alguém que lhe proporcione sensação de segurança e que supra suas necessidades. Fases no desenvolvimento do apego 1. Pré-apego: 0-6 semana O bebê prefere estímulos humanos (rosto); Ele não reconhece ainda a figura do cuidador; Somente reconhece a voz e o cheiro de sua mãe; Não há qualquerapego. 2. Formação do apego:6-8 semana Ele prefere pessoas com as quais está familiarizado; No entanto, recusa estranhos; Possui uma privilegiada interação com a mãe, sorrindo, chorando e produzindo vocalizações diferenciais na presença dessa. 3. Apego bem definido: 6/8 mês – 18 meses Quando a figura de apego se afasta se produz a ansiedade de separação; Medo do desconhecido, buscando refúgio na figura de apego; A criança sabe que a mãe continua a existir mesmo que não com ele. 4. Formação de uma relação recíproca : 18 – 24 meses. A interação com figuras de apego evolui graças às novas capacidades mentais e linguísticas adquiridas pela criança. Exemplos de comportamentos de apego 1: Uma criança procura sua figura de apego quando cansada, doente, faminta, e também quando está insegura. A criança quer manter-se na proximidade dele ou dela. 2: Fuga para mãe como refúgio seguro: Ex. Uma criança afasta-se o mais rapidamente possível de um estímulo que assusta e corre para mãe, em vez de qualquer pessoa. Quando os bebês estão aflitos, olham para a mãe como esperando para ser acalmados. 3: Choro diferencial pelo afastamento da mãe: Ex. A criança chora alterada quando a mãe se afasta mais não quando outras pessoas se afastam. 4: Sorriso diferencial para estímulos visuais: Ex. O bebê sorri mais freqüentemente, mais facilmente e de modo mais aberto quando vê sua mãe do que ao avistar qualquer outra pessoa. Técnica: Situação estranha • Analisar comportamentos e reações das crianças de 12-14 meses: • Diante da presença de uma pessoa estranha; • Em um ambiente desconhecido; • Com ou sem a presença da mãe. =Reflexos do sentimento de segurança e de confiança de acordo com o vínculo de apego estabelecido com a mãe. PROCEDIMENTO • O experimentador: estranho para ambos, acompanha a mãe e a criança a uma sala de jogos; • A mãe se senta e a criança se põe a jogar e a explorar o entorno; • O estranho entra na sala, conversa com a mãe e observa a reação da criança; • A mãe sai do local, deixando o estranho com a criança. • Observa a ansiedade pela separação; • A mãe regressa e consola seu filho se isso se fizer necessário. • O experimentador sai e observa a reação da criança; • A mãe se vai e a criança fica só; • Observa-se a ansiedade de separação; • O estranho regressa e consola a criança; • Observa-se se a criança pode ser consolada pelo estranho; • A mãe volta , saúda a criança e a consola. • Observa-se a reação da criança na reunião/reencontro na presença da mãe Categorias de Ainsworth 1. Seguramente apegada : quando ameaçada, a criança busca ajuda na mãe, separa-se com facilidade, é consolada sem dificuldades pela mãe, prefere a mãe à estranha. 2. Inseguramente apegada: Desinteressada/ evitante. A criança evita o contato com a mãe, não inicia a interação, não tem preferência nem pela mãe, nem pela estranha. 3. Resistente/ambivalente: A criança explora pouco o ambiente e fica desconfiada da estranha, separa-se com dificuldade da mãe, mas não se consola com facilidade, evita e busca a mãe em momentos diferentes. 4. Desorganizada/desorientada : Categoria introduzida por Mary Main no qual o comportamento entorpecido e contraditório, pode se aproximar da mãe evitando seu olhar, por exemplo. Estudos das neurociências Pesquisas atuais: falta de cuidados satisfatórios durante os primeiros anos de vida resulta em alterações importantes no cérebro que comprometem a capacidade de aprendizado, de memória, de formação de vínculos afetivos na idade adulta e predispõe ao surgimento de doenças como depressão, ansiedade e comportamentos violentos e anti-sociais. Estudo realizado por Johanna Bick do Boston Children’s Hospital (EUA) • 136 crianças com idade de 2 anos que passaram pelo menos um ano em instituição de amparo foram avaliadas até os 12 anos e seu desenvolvimento cerebral comparados ao de crianças que foram criadas por suas famílias. • Resultados: Crianças abandonadas apresentaram alterações importantes em partes da substância branca (formada pela extensão dos neurônios),localizadas em áreas envolvidas no processamento das emoções. Provavelmente, apresentarão dificuldades na capacidade de raciocínio e na regulação emocional. Estudo de Hanson - Universidade de Wisconsin- Madison (EUA) • Mapeou o cérebro de 128 crianças negligenciadas e constatou que estas possuiam tamanho reduzido de amígdala e hipocampo- estruturas cerebrais associadas às memórias e emoções. • Concluiu que esse resultado ocorreu devido à exposição contínua da criança ao cortisol, hormônio liberado em situações de stress. “Aquilo que uma vez desfrutamos, nunca mais perderemos” (Helen Kellen)
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