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REVISÃO - ACTINOMICOSE

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ISSN 21774080
32
Investigação, 16(1):25-31, 2017
RESUMO
A actinomicose bovina também conhecida como lumpy jaw é uma doença crônica encontrada em 
bovinos que caracteriza movimentos rígidos de deglutição devido ao acometimento da estrutura óssea maxilar 
e mandibular do animal. A doença possui como causa a bactéria anaeróbica gram-positivo, Actinomyces 
bovis. A infecção se dá através de ferimentos localizados na cavidade bucal dos bovinos durante a ingestão 
de alimentos, o que torna a região mandibular mais susceptível ao desenvolvimento do sinal clínico mais 
visível, o qual compreende uma forma similar à um tumor preenchido com pus de coloração amarelada. 
Bovinos acometidos por essa bactéria apresentam dificuldades respiratórias devido ao acometimento de 
ossos da cavidade nasal, podendo ser caracterizado como primeiro sinal clínico que pode se amplificar, 
sendo observado dificuldades de mastigação e perda de escore corporal. Durante o abate, caso as lesões 
características da actinomicose não tenham se espalhado, a cabeça é a única estrutura que deve ser descartada, 
não oferecendo riscos ao consumidor. Dentre as formas de tratamento da actinomicose, tem-se terapias com 
iodo e tetraciclinas. Dessa forma, buscando abranger todas as dimensões de estudo da actinomicose, esta 
revisão de literatura aborda desde a conceituação da doença e agente causador até os sinais clínicos, formas 
de diagnóstico diferencial, de tratamento e medidas de controle e prevenção da mesma.
Palavras-chave: actinomicetos, ferimentos, infecção, mandíbula, osteomielite.ia.
Reiner S. Moraes1*, Fernanda R. Cinelli1, Mário C. M. Filho1, MV. MSc. Dra. Raphaella B. Meirelles-Bartoli1, 
MV. MSc. Eric Mateus N. de Paula1
ACTINOMICOSE 
BOVINA
BOVINE ACTINOMYCOSIS
ABSTRACT 
Bovine actinomycosis also known as lumpy jaw is a chronic disease commonly found in bovine, which 
characterizes rigid movements of deglutition due to the affection of the structure of the jawbone. The disease 
is caused by an anaerobic Gram Negative bacteria, Actinomyces bovis. The infection occurs through lesion 
located in the mouth of bovines during food intake making the jaw area more likely to the development of 
the visible clinic signal. The clinical signal comprehends a tumor-like shape filled with a yellow pus. Bovines 
that are reached by this bacteria present respiratory difficulties due to the involvement of bones in the nasal 
cavity, which may be recognized as the first clinical signal that further can amplify, allowing the observation 
of chewing complications and lower body score. During slaughter, the head is the only part that must be 
condemned, unless the lesions of actnomycosis have spread to other areas in the bovine body. Among the 
treatment therapies, the use of Iodine and Tetracyclines are adopted. Therefore, aiming to comprise all the 
dimensions into the study of the actinomycosis disease, this revision of literature brings up information starting 
from the disease concept and causative agent until clinical signals, differential diagnosis of actinomycosis, 
therapies, control and prevention measures of it.
Key-words: actinomycetes, lesions, infection, jawbone, osteomieliti.
1. Universidade Federal de Goiás – UFG, Jataí, Goiás, Brasil.
* BR 364, km 195, no 3800, CEP: 75.801-615, Jataí – GO. e-mail: rmoraes@ualberta.ca
REVISÃO DE 
LITERATURA CLÍNICA CIRÚRGICA DE PEQUENOS ANIMAIS
 |
Investigação, 16(1):25-31, 2017
ISSN 21774080
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Investigação, 16(1):25-31, 2017
INTRODUÇÃO
O reconhecimento das doenças infecciosas em bovinos, assim 
como, a correlação com doenças dentro da mesma espécie cujas 
características são similares caracteriza-se como ponto fundamental 
para que o profissional – Médico Veterinário possa atuar de modo 
a exercitar atividades rotineiras básicas para se chegar a um 
diagnóstico definitivo, incluindo também avaliações semiológicas 
e troca de experiência com profissionais clínicos atuantes. A partir 
do diagnóstico então, se é possível buscar medidas adequadas de 
tratamento e/ou descarte para o bovino acometido por alguma 
afecção. Tais condições podem ser implementadas no diagnóstico 
da actinomicose frequentemente vista em bovinos (RADOSTITS et al. 
2002; QUINN et al. 2005).
Buscando trazer de modo objetivo e claro as características 
associadas à actinomicose bovina, este trabalho traz uma revisão 
literária acerca do tema supracitado, assim como, ilustrações coesas 
com vista a elucidar o principal sinal clínico associado à actinomicose. 
O trabalho faz uma ampla abordagem sobre a doença iniciando com 
a definição, onde se é possível ter um conhecimento básico geral 
do que representa a actinomicose vista na espécie bovina (ALVIM e 
FILADELPHO, 2005). Ainda associado, este traz um pouco da história 
breve da doença, mostrando como que o agente foi revelado como 
bactéria após um período de dúvidas acerca do pertencer ou não ao 
reino Fungi, como explicado por Pereira Júnior (2014).
O conhecimento da actinomicose abrange ainda as características 
do Actinomyces bovis – agente causador da actinomicose bovina, 
aspectos epidemiológicos, esclarecendo assim, todas as vias de 
infecção, eliminação e transmissão. O entendimento de como ocorre 
o estabelecimento da doença, ponto abordado em patogenia, é 
um aspecto importante para que medidas de controle e prevenção 
possam ser adotados, visando assim, reduzir e/ou impedir a ocorrência 
de novos casos. Não menos importante, o saber das características 
da doença nos bovinos, direcionam o Médico Veterinário para 
um diagnóstico diferencial, possibilitando que este chegue à um 
diagnóstico definitivo e preciso da actinomicose comumente 
confundida com actinobacilose e nocardiose (RADOSTITS et al. 2002; 
QUINN et al. 2005; THOMPSON, 2007). 
A partir de então, o tratamento para a doença pode ser 
estabelecido seja com terapias medicamentosas e/ou medidas de 
manejo com os bovinos afetados (BEER, 1988; PAHO, 2001; QUINN 
et al. 2005; PEREIRA JÚNIOR, 2014; STURION et al. 2015). Sendo 
assim, pontos esclarecedores acerca da actinomicose podem ser 
encontrados no presente trabalho auxiliando não só no aprendizado 
de estudantes, mas também a profissionais já formados que 
necessitem de melhores esclarecimentos, uma vez que, esta revisão 
traz uma gama de cerca de 23 autores cujos conhecimentos se 
somam e afirmam características relevantes sobre a actinomicose.
DEFINIÇÃO
A actinomicose também conhecida como lumpy jaw é uma 
doença que comumente acomete bovinos sendo esta causada pela 
bactéria gram-positiva Actinomyces bovis (TESSELE et al. 2014; ALVIM 
e FILADELPHO, 2005). Embora existam relatos de que a doença pode 
ser encontrada em outras espécies animais, sabe-se que nos bovinos 
esta é mais frequente sendo de acordo com Alvim e Filadelpho 
(2005), uma doença que possui caráter crônico progredindo à 
uma inflamação granulomatosa-supurada. O agente causador da 
actinomicose tem efeito considerável sobre as perdas econômicas 
refletidas a nível mundial, já que sua ocorrência não ocorre de forma 
localizada. A doença já foi antes confundida com uma lesão micótica 
em função das características filamentosas apresentadas pelo agente 
causador (IGBAL et al. 2012).
Considerando o ambiente de predileção do agente causador, 
cujo qual, representa as vias superiores do sistema digestório, a 
actinomicose é considerada uma doença infecciosa de origem 
endógena ou contato direto (BEER, 1988). O microrganismo causador 
da doença tem acesso à mucosa oral e alvéolos dentários através 
de ferimentos localizados na cavidade oral que permitem que este 
penetre e se instale (IGBAL et al. 2012). Sendo assim, Tessele et al. 
(2014) relatam que apesar da actinomicose ter sido verificada em 
outras regiões do organismo dos bovinos, tais como pênis e traqueia, 
a ocorrência de maior verificação se dá na mandíbula.HISTÓRICO
No ano de 1848, Actinomyces sp., teve seu primeiro relato dado 
por Langenback. Em 1877, Harz descreveu-o como forma de raio 
e a então nomeou a actinomicose como Actinomycoses bovis. Foi 
no ano de 1940 que ocorreu a confirmação que o responsável pela 
doença em bovinos denominada “mandíbula rugosa” é o A. bovis 
(PEREIRA JÚNIOR, 2014).
Inicialmente esse gênero foi considerado fungo devido a 
característica de seu lento crescimento e por apresentar aparência 
filamentosa, porém hoje são classificados como bactérias por 
manifestar outras características típicas bacterianas (PEREIRA JÚNIOR, 
2014).
Agente Etiológico
O agente etiológico da actinomicose é pertencente à família 
Actinomycetaceae, ordem Actinomycetales, gênero Actinomyces, 
na qual, as principais espécies de interesse na Medicina Veterinária 
são A. bovis, A. israeli, A. suis e A. baudetii. Dentre estas espécies, a 
principal associada à actinomicose em bovinos é o A. bovis (BEER, 
1988; QUINN et al. 2005)
São bactérias anaeróbias facultativas ou anaeróbias, imóveis, 
não esporuladas, bacilo gram-positiva. Onde actinomicose deriva do 
latim aktino (raio) e mykos (fungos) (BEER, 1988; QUINN et al. 2005; 
PEREIRA JÚNIOR, 2014).
EPIDEMIOLOGIA
A ocorrência de actinomicose é influenciada pelas práticas de 
manejo, assim forragens secas e endurecidas e palhadas predispõe a 
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casuística da doença por causar lesões que possibilitam a inoculação 
do A. bovis. Pode também favorecer a ocorrência de actinomicose 
a erupção dentária adentrando através do álveolo dentário e, 
possivelmente por via linfática, atinge o osso mandibular (PAHO, 
2001; QUINN et al. 2005; TESSELE et al. 2014).
Distribuição geográfica
A actinomicose é considerada uma doença esporádica 
difundida mundialmente sendo as bactérias do gênero Actinomyces, 
causadora da doença, pertence ao ambiente natural da cavidade oral 
dos ruminantes (BEER, 1988; STURION, 2015).
Cadeia epidemiológica
Por se comensal da cavidade bucal praticamente todos os 
mamíferos são considerados fonte de infecção, os principais são: 
bovinos, suínos, equinos, cães e também humanos. (ALVIM e 
FILADELPHO, 2005; QUINN, 2005).
Por estar associado à cavidade oral, o A. bovis é encontrado 
na saliva e posteriormente à infecção, está presente no exsudato da 
lesão. Por se disseminar pelos tecidos moles, o agente pode também 
ser encontrado via hematógena, sendo esses considerados a via de 
eliminação (RADOSTITS et al. 2002).
Segundo a Paho (2001) a infecção é endógena, sendo o meio 
de transmissão produto de trauma dos tecidos, lesões ou irritação 
prolongada. Ainda salienta que não ocorre infecção entre animal 
e homem. A infecção ocorre por contato direto ou indireto (BEER, 
1988).
Segundo Pereira Junior (2014), os Actinomyces sp. por si só não 
conseguem produzir infecção se há integridade da mucosa. Sendo 
assim a infecção se dá através de uma porta de entrada como trauma, 
lesão ou cirurgia que facilita o acesso dessas bactérias aos tecidos 
orais.
Praticamente todos mamíferos incluindo o ser humano pode 
ser suscetível à doença, principalmente pelo fato do microrganismo 
ser naturalmente habitante da cavidade oral dos mesmos. Nesse caso, 
dá-se enfoque aos bovinos que são mais comumente acometidos 
pela actinomicose (ALVIM e FILADELPHO, 2005; QUINN, 2005).
PATOGENIA
O A. bovis é um microrganismo comensal das vias digestivas 
superiores de bovinos. Lesões traumáticas na cavidade oral 
(principalmente oriundos de alimentos fibrosos, grosseiros e 
pontiagudos), corpos estranhos que promovam abrasões na 
gengiva, nascimento dos dentes e periodontites ou ainda no alvéolo 
dental durante a erupção dos dentes, são fatores que predispõem 
às infecções (RADOSTITS et al. 2002; QUINN, 2005). Segundo Wilson 
(2005) e Thompson (2007) apesar da actinomicose bovina já ter 
sido descrita em diferentes locais anatômicos, como pênis, traqueia 
e maxila, o mais comum é na mandíbula, causando a osteomielite 
mandibular, que é uma inflamação óssea rarefeita crônica na 
mandíbula. A troca dentária restrita à arcada inferior favorece esse 
maior acometimento mandibular. (RADOSTITS, 2007). 
Thompson (2007) discorre que a infecção por A. bovis no 
organismo ocorre devido ao trauma na mucosa da mandíbula, 
acometendo o osso mandibular, levando assim, a uma osteomielite 
piogranulomatosa, causando um aumento de volume ósseo indolor. 
Após um período, essa tumefação óssea torna-se dolorosa e então 
se desenvolve um trato fistuloso, desencadeando um exsudato 
purulento, podendo acometer tecidos moles contíguos, mas não há 
acometimento dos linfonodos regionais (QUINN, 2005).
SINAIS CLÍNICOS
Inicialmente após a infecção, ocorre aparecimento de uma 
tumefação óssea indolor dos ossos afetados, causada pela osteomielite 
rarefaciente crônica. Após algumas semanas essa tumefação torna-
se dolorosa e dura ao toque e aparecimento de exsudato purulento 
com grânulos (QUINN, 2005). 
Segundo Wilson (2005), Thompson (2007) e Serakides (2011), 
a mandíbula é a região anatômica mais acometida, em casos de 
actinomicose bovina, mas a maxila, pênis, traqueia e outros já foram 
descritos. O acometimento da mandíbula ou maxila, comumente 
leva a perda do alinhamento dos dentes, interfere na mastigação e 
preensão dos alimentos, devido ao aumento de volume e dor local, 
levando a uma perda de peso, desnutrição parcial, perda da forma 
anatômica dos ossos afetados. Outra alteração inclui a diminuição 
do libido por conta do stress causado pela inflamação, ressaltando 
que o envolvimento acentuado da maxila pode levar a quadros de 
dispnéia. (GIL, 2000; ALVIM e FILADELPHO 2005; RADOSTITS et al. 
2007).
De acordo com Grist (2008), no osso afetado se é verificado um 
espessamento como consequência dos múltiplos piogranulomas, 
que ocorrem na superfície de corte do osso, fornecendo assim, uma 
aparência de um favo de mel.
DIAGNÓSTICO
Os sinais clínicos de actinomicose bovina, geralmente só ajudam 
no diagnóstico em casos avançados. Segundo Quinn et al. (2005), a 
localização e o tipo das lesões sugerem a espécie de microrganismo 
envolvido sendo a radiografia utilizada para determinar o grau de 
destruição óssea. O mesmo autor ainda relata que o diagnóstico 
laboratorial pode ser feito pelo uso de exsudato, aspirados e amostras 
de tecido, corados pela técnica de Gram, cultura e histopatologia. O 
exame histopatológico por sua vez, revela a morfologia do agente, 
que geralmente são filamentos ramificados e algumas formas curtas, 
rodeados por estruturas eosinofílicas em forma de clavas que fazem 
parte da resposta do hospedeiro.
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Radostits et al. (2002) e Quinn et al. (2005) relatam os achados 
anatomopatológicos, como abscessos móveis fistulados ou não, 
contendo exsudato purulento amarelo-acinzentado com pequenos 
grânulos de enxofre. O desenvolvimento de tecido conjuntivo denso 
cujo qual, resulta em uma superfície branca e brilhante junto ao osso 
com aspecto de favo de mel, facilitam o diagnóstico (GRIST, 2008).
De acordo com Quinn et al. (2005), quando houver pus, isola-se 
os grãos de pus lavando diversas vezes com solução fisiológica. Entre 
a lâmina e a lamínula, coloca-se o grão de enxofre, comprimindo 
suavemente e assim pode se observar microscopicamente a 
drusa, que são agrupamentos de microrganismos filamentosos 
gram-positivos rodeados por estruturas eosinofílicas claviformes, 
menores do que as da actinobacilose. Células epitelióides também 
podem ser encontradas além de neutrófilos (informação verbal). O 
diagnóstico só é definitivo quando se faz o cultivo e a caracterização 
do microrganismo. Também com o imprint e coloração Gram de 
granulomas, se é possível observar microscopicamente filamentos 
e ramificações, com bacilosGram-positivos desprovidos de esporos 
(RADOSTITS et al. 2002 e QUINN et al. 2005). 
A cultura é feita usando exsudatos, aspirados e amostras de 
tecidos, em ágar sangue e MacConkey, em temperatura de 37ºC, 
com pH de 4,4 a 9, por até cinco dias, em ambiente anaeróbico e com 
CO2. Em ágar sangue o crescimento é lento e as colônias são brancas 
e enrugadas (RADOSTITS et al. 2002 e QUINN et al. 2005).
Diagnóstico diferencial
Dietas com alimentos fibrosos, grosseiros e pontiagudos, podem 
levar ao aparecimento de abcessos na região da garganta e músculos 
da bochecha podendo ser confundidos com a actinomicose, mas são 
abscessos móveis e normalmente em tecidos moles, diferentemente 
das lesões actinomicóticas. Até mesmo corpos estranhos ou acúmulo 
de ração entre os dentes e bochechas podem causar um quadro clinico 
que se assemelhe com a actinomicose (RADOSTITS et al. 2007). Esse 
mesmo autor, relatou que a síndrome de indigestão causada pelas 
lesões actinomicóticas viscerais, se assemelha a indigestão causada 
pela peritonite crônica. 
De acordo com Tessele et al. (2014), a bactéria A. lignieresi 
produz reaçoes teciduais similares às de actinomicoses, mas as 
colônias das batcérias de A. Bovis são maiores e as clavas são 
menores e menos discretas e comumente ficam localizadas na 
periferia das colônias. A actinobacilose é doença de tecidos moles e 
sua morfologia é de cocos-bacilos, diferentemente da actinomicose 
que é gram-negativo (GRIST, 2008). As clavas eosinofílicas dispostas 
perifericamente isoladas não podem ser diagnósticos conclusivos, 
pois outras bactérias como Fusobacterium necrophorum podem 
causar osteomielite por extensão direta de periodontite, mas suas 
lesões não são tão proliferativas e destrutivas quanto às de A. Bovis 
(THOMPSON, 2007). 
Como descrito por Tessele et al. (2014), em casos de 
acometimento da maxila, por causa da grande extensão e invasão 
das lesões, uma condição especial deve ser incluída no diagnóstico 
diferencial macroscópico, que é o carcinoma de células escamosas 
intranasal. Nesse caso, pequenas estruturas amareladas podem 
aparecer na superfície de corte desses tumores, que são pérolas de 
ceratina, as quais podem ser confundidas macroscopicamente com 
os grânulos de enxofre da actinomicose (WILSON e DUNGWORTH, 
2002). É importante ainda fazer amostra bioquímica para catalase, 
para diferenciar de outros microrganismos, o A. bovis não produz a 
enzima catalase e produz um pouco de hemólise em ágar sangue de 
ovino (RADOSTITS et al. 2002 e QUINN et al. 2005).
TRATAMENTO
Para a Paho (2001) deve-se analisar a relação custo benefício do 
tratamento. Quinn et al. (2005) recomendam que se as lesões forem 
pequenas a terapia de escolha é a cirurgia. 
Se não for possível a remoção cirúrgica, se a infecção for 
detectada precocemente e em animais de alto valor zootécnico, o 
tratamento preconizado é uma terapia prolongada e de altas doses de 
penicilina, sendo a penicilina G a droga de eleição e estreptomicina 
via parenteral e medicação ionizada geral ou via oral por 30 dias 
(BEER, 1988; PAHO, 2001; QUINN et al. 2005; PEREIRA JÚNIOR, 2014; 
STURION et al. 2015). 
Em alguns casos a Paho (2001) recomenda a curetagem sobre 
os abcessos e fístulas, que são envoltas com gazes embebidas em 
iodo.
MEDIDAS DE CONTROLE E PREVENÇÃO
De acordo com o Ministério da Agricultura Pecuária e 
Abastecimento (2013) a actinomicose é uma doença que requer 
notificação mensal de qualquer caso confirmado. De modo geral, 
é difícil estabelecer um método preventivo adequado para a 
actinomicose uma vez que o microrganismo causador da doença 
tem a cavidade oral como seu habitat natural (BEER, 1988, citado 
por ALVIM e FILADELPHO, 2005).
Segundo a Paho (2001) a prevenção da actinomicose em 
humanos geralmente se dá por meio da higienização bucal e 
cuidados bucais após a extração dental, casos estes que se tornam 
inaplicáveis aos bovinos, dificultando assim, a prevenção da doença. 
Partindo do princípio que a actinomicose é uma infecção exógena 
causada por traumatização por grama, palha e grãos que carreiam 
junto o Actinomyces bovis, pode-se estabelecer a verificação 
contínua do alimento fornecido aos bovinos como uma medida 
de prevenir a ocorrência da doença em questão (ROSEBURY, 1944). 
Para fins esclarecedores do destino adotado para as carcaças de 
animais acometidos por actinomicose, o Ministério da Agricultura 
(1952) esclarece no art. 158 inserido no 3º capítulo do RIISPOA que 
as carcaças com lesões generalizadas não devem ser aproveitadas, 
fazendo se rejeição parcial desta apenas em três casos particulares.
 CONSIDERAÇÕES FINAIS
 Conclui-se que a actinomicose é um problema principalmente 
em propriedades onde o manejo de pastagens não é feito 
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corretamente o que leva à lesões na mucosa oral e consequente 
infecção pelo agente causador da doença. A doença não tem caráter 
grave, porém acarreta prejuízos econômicos em função da perda 
de massa corpórea afetando o desempenho e performance do 
animal devido à redução na ingestão de alimentos. Seu diagnóstico 
definitivo se dá através do isolamento do agente Actinomyces bovis, 
excluindo assim, outras doenças que servem como diagnóstico 
diferencial, tais como, actinobacilose, necrobacilose e CCE intranasal. 
O tratamento é baseado na evolução do quadro clínico, podendo 
variar entre procedimentos cirúrgicos e antibioticoterapia. Sendo 
assim, a actinomicose é uma doença que segundo o MAPA, deve 
apresentar notificação mensal independente do caso confirmado 
e como método preventivo, deve ser feito o controle contínuo da 
alimentação fornecida aos animais.
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