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Aula_05_-_Circulacao_Fetal_e_Neonatal

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Professor Luiz Figueira Pinto /UFRRJ Página 1 
 
Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro 
Instituto de Veterinária - Departamento de Medicina e Cirurgia 
Disciplina de Obstetrícia (IV-332) 
Professor Luiz Figueira Pinto 
 
Circulação Fetal e Neonatal 
 
1. Introdução 
 
O sistema cardiovascular fetal é estruturado de modo a atender às necessidades pré-
natais e permitir, ao nascimento, modificações que estabelecem o padrão circulatório 
pós-natal. A interrupção da circulação placentária no momento do parto modifica a 
dinâmica circulatória e no momento da expansão pulmonar se estabelece a pequena 
circulação sangüínea e o trajeto circulatório sangüíneo definitivo. 
 
2. A Circulação fetal 
 
A circulação fetal visa atender as necessidades do feto de oxigênio, de absorção de 
nutrientes e eliminação de catabólicos, o que realizado pela placenta. O sangue 
oxigenado retorna da placenta pela veia umbilical. Cerca da metade do sangue 
proveniente da placenta passa através dos sinusóides hepáticos, enquanto o restante é 
desviado do fígado e segue pelo ducto venoso para a veia cava caudal ou inferior. Os 
eqüinos e os suínos não possuem ducto venoso. 
O fluxo sangüíneo que passa pelo ducto venoso é regulado por um esfíncter 
próximo da veia umbilical, o qual impede a sobrecarga do coração quando o fluxo 
venoso é alto na veia umbilical. 
Após um curto percurso na veia cava caudal ou inferior, o sangue segue para o átrio 
direito do coração. Este sangue não é tão oxigenado quanto o da veia umbilical porque a 
veia cava caudal inferior também contém sangue desoxigenado oriundo dos membros 
inferiores, do abdome e da pelve. 
A maior parte do sangue presente no átrio direito se dirige pela borda inferior do 
septum secundum, atravessa o forame de Botal, também denominado forame oval ou 
orifício oval, e passa para o átrio esquerdo. O restante do sangue que permanece no 
átrio direito, cerca de 5 a 10%, se mistura com o sangue proveniente da veia cava 
cranial ou superior, torna-se menos oxigenado, passa para o ventrículo direito e segue 
para os pulmões pelas artérias pulmonares e retorna pelas veias pulmonares, sem ser 
oxigenado, ao átrio esquerdo. Uma parte deste sangue, entretanto, é desviado para a 
aorta, por meio do ducto arterioso, que une a artéria pulmonar esquerda à crossa da 
aorta. 
O sangue presente no átrio esquerdo segue para o ventrículo esquerdo e daí 
segue pela aorta, recebendo uma pequena porção de sangue pelo ducto arterioso, e 
segue para todo o corpo. As regiões anatômicas que recebem sangue mais oxigenado 
são: as artérias do coração, a cabeça, o pescoço e os membros superiores. O fígado é o 
melhor oxigenado por receber diretamente o sangue da veia umbilical. 
A aorta abdominal se ramifica em tronco ilíaco que forma as artérias ilíacas. Por 
sua vez, as artérias ilíacas internas emitem um ramo em direção a bexiga, as artérias 
vesicais superiores, que em sua porção caudal constitui as artérias umbilicais, que 
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seguem para o cordão umbilical, retornando à placenta para re-oxigenação e trocas 
metabólicas. 
 
3. Circulação neonatal 
 
Ajustes circulatórios importantes ocorrem no momento do parto quando cessa a 
circulação do sangue fetal pela placenta e os pulmões do recém nato começam a 
funcionar. A interrupção da circulação placentária no momento do parto acarreta em 
queda da pressão sangüínea na veia umbilical, ducto venoso e ducto arterioso, que 
conjuntamente com a modificação do fornecimento de oxigênio e conseqüente inibição 
da ação enzimática de prostaglandinas (PgE1, Pg-E2), há o fechamento e fibrosamento 
destas estruturas. Desta forma, o sangue que era desviado do fígado passa agora a 
circular totalmente pelos sinusóides hepáticos. 
No momento em que o recém nato realizar o primeiro movimento respiratório 
haverá expansão pulmonar com diminuição da resistência vascular e aumento da 
complacência vascular pulmonar. Este fenômeno associado à diminuição imediata da 
pressão sangüínea na veia cava inferior e no átrio direito, devido a oclusão da 
circulação placentária, levará a uma elevação da pressão sangüínea no átrio esquerdo, 
em comparação com a do átrio direito, determinando o fechamento do forame de Botal. 
A parede ventricular direita é mais espessa do que a parede do ventrículo esquerdo 
nos fetos e nos recém-nascidos, porque o ventrículo direito vinha trabalhando com mais 
intensidade. Ao final do primeiro mês, a parede do ventrículo esquerdo fica mais 
espessa do que a parede do ventrículo direito, pois agora é o ventrículo esquerdo que 
trabalha mais. Posteriormente, a parede do ventrículo direito torna-se mais fina, devido 
à atrofia associada a uma carga de trabalho mais leve. 
Durante a vida fetal, a abertura do ducto arterioso é controlada pelo baixo nível de 
oxigênio no sangue que passa pelo ducto e pela produção endógena de prostaglandinas, 
que atuam sobre as células musculares do ducto, mantendo-as relaxadas. A hipóxia e 
outras influências mal definidas dão origem à produção das prostaglandinas E1 e E2, 
que mantêm o ducto aberto. Inibidores da síntese de prostaglandina, como a 
indometacina, podem provocar a constrição do ducto arterioso aberto em bebês 
prematuros. 
A mudança da circulação sangüínea do padrão fetal para o do adulto não é uma 
ocorrência súbita. Algumas mudanças ocorrem com o primeiro movimento respiratório, 
enquanto outras levam horas ou dias. Durante o estágio de transição, pode haver um 
fluxo da direita para a esquerda pelo orifício oval. Embora o ducto arterioso se contraia 
ao nascimento, geralmente ele permanece patente por dois ou três meses. O fechamento 
dos vasos fetais e do orifício oval é, inicialmente, uma alteração funcional; mais tarde 
há o fechamento anatômico resultante da proliferação dos tecidos endotelial e fibroso. 
 
4. Modificações ocorridas no nascimento 
 
Logo após o nascimento, ou melhor, após a primeira respiração, as artérias 
umbilicais contraem-se para evitar que o sangue escape do corpo do recém nato. 
Gradualmente elas se transformam em estruturas fibrosas, os ligamentos vesicais 
laterais. Por sua vez, a porção intra-abdominal da veia umbilical transforma-se no 
ligamento redondo do fígado, e o ducto venoso no ligamento venoso, enquanto que o 
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ducto arterioso se transforma em ligamento arterioso. O fechamento do forame de 
Botal completa a transformação da circulação sangüínea. 
O conhecimento da circulação fetal, do desenvolvimento do coração e dos vasos 
sangüíneos, das modificações circulatórias no nascimento e da fisiologia circulatória e 
respiratória, está na base da compreensão das malformações congênitas do coração.

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