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1
Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro 
Departamento de Medicina e Cirurgia 
Disciplina de Obstetrícia Veterinária (IV-332) 
 
Aspectos Clínicos e Fisiológicos do Parto 
Professor Luiz Figueira Pinto 
 
1. Introdução 
O parto é um processo fisiológico que ocorre ao término da gestação com a 
expulsão de um ou mais feto vivo, juntamente com os anexos fetais, do interior do útero 
materno. O parto que ocorre após uma gestação a termo, por via vaginal, e tem um curso 
fisiológico, com a expulsão de um ou mais feto vivo se denomina de eutocia. 
Pode ocorrer que a gestação não chegue a termo sendo interrompida precocemente 
em um período de tempo menor do que o característico da espécie, determinando com isso 
uma parição prematura. O parto prematuro pode ter um curso fisiológico e resultar na 
expulsão de um recém nato normal. Quando um parto for desencadeado prematuramente 
em conseqüência de um processo patológico poderá nascer um produto normal ou imaturo. 
Se uma gestação extender-se além de seu período fisiológico acarretará em um parto 
retardado, que poderá ter um curso fisiológico ou patológico e o recém nato ser normal ou 
demasiado maduro. 
Um recém nascido normal ou maduro está totalmente formado após o nascimento, 
sendo capaz de se locomover e mamar sozinho logo após o parto. Ele apresenta uma 
coloração da pelagem própria da raça e o seu peso se encontra dentro da faixa de 
normalidade para a espécie e a raça. Por exemplo, um bezerro pesa em média 6% a 8% do 
peso da mãe, enquanto que um potro pesa em torno de 1/14 a 1/15 do peso materno. 
Um recém nascido imaturo possui um peso abaixo da média para a espécie e a raça, 
apresenta pêlos curtos e com algumas regiões desprovidas de pêlos. Na região do umbigo 
os pêlos são curtos, ralos e despigmentados. 
Um recém nascido demasiado maduro possui um peso elevado e uma pelagem 
espessa e bem pigmentada, com os pelos longos e encaracolados. 
 2
O curso fisiológico do parto é bem semelhante nas diferentes espécies dos 
mamíferos, ficando as diferenças relacionadas principalmente com o numero de filhotes 
que as fêmeas desenvolvem em cada período gestacional. Ou seja, se as fêmeas são 
uníparas ou multíparas. 
O veterinário deve se familiarizar com o processo de parição, ser capaz de 
reconhecer uma progressão fisiológica e identificar uma evolução patológica para poder 
intervir quando necessário e de forma adequada a fim de garantir a sobrevivência da 
parturiente e de sua prole. 
 
2. Fisiologia do parto 
 
O preparo para o parto se inicia no terço final da gestação quando o feto alcança um 
grau de desenvolvimento dos sistemas nervoso e endócrino, criando habilidades 
adaptacionais visando o seu nascimento. Concomitante ao amadurecimento neuro-
endócrino do feto vão ocorrendo modificações uterinas e placentárias que permitirão o 
desencadeamento do parto. Ao término da gestação a placenta atinge o cume do seu 
desenvolvimento e surgem receptores uterinos para as prostaglandinas e a ocitocina. 
Estudos em cirurgias experimentais de ablação de glândulas endócrinas, tanto do 
organismo materno quanto do fetal, alem dos registros das ocorrências naturais de 
gestações prolongadas devido a anomalias fetais congênitas, indicam que o feto à termo 
determina o término da gestação e participa ativamente do processo de nascimento, 
cabendo à mãe a determinação do momento ou da hora mais adequada para a parição. A 
participação do organismo materno é influenciada por comportamento instintivo de 
proteção contra danos ou possíveis predadores, refletindo-se como cuidados maternos à 
prole. 
Na vaca, ovelha, porca e cadela durante os estágios finais da gestação há um 
aumento significativo de cortisol no plasma fetal, devido a liberação de ACTH pela 
hipófise fetal. Os estudos experimentais em ovelhas revelam que os níveis crescentes de 
cortisol fetal estimulam progressivamente a placenta que passa a converter progesterona em 
estrogênio, pela ativação da enzima 17,α-hidroxilase. Consequentemente, o nível de 
progesterona decresce e os de 17, β-estradiol e estrona se elevam. Esta alteração hormonal 
 3
induz a lise do corpo lúteo nas espécies corpo lúteo-dependentes, como a porca, a cabra e a 
vaca, e há um aumento de prostaglandina-Fsα (PGF2-α) e o desenvolvimento de receptores 
para a ocitocina no miométrio. A progesterona desempenha um papel primordial na 
manutenção da prenhez por meio da inibição da contratilidade do miométrio, o que é 
facilitado pela presença do hormônio inibina imuno-reativa. O desencadeamento do parto 
se torna possível pela conversão da progesterona em estrogênio. 
Os estrógenos e a PGF2-α atuam sinergicamente na fase inicial do trabalho de parto 
promovendo amadurecimento da musculatura da cérvix e no desenvolvimento de receptores 
de ocitocina no útero. Os estrogênios causam ainda um relaxamento das partes moles do 
canal do nascimento por promover o fenômeno de solvatação das fibras conjuntivas, que 
adquirem polarização elétrica permitindo a atração eletroquímica da molécula de água. Este 
fenômeno se denomina de embebimento hormonal. Posteriormente, ocorre a liberação de 
β-endorfinas periféricas, que elevam o limiar de dor da parturiente, além da produção de 
neurohormônios de ação amnésica. Na égua ocorrem níveis relativamente altos de 
progesterona e baixos de estrógenos no sangue materno no momento do parto. Entretanto, 
estes níveis hormonais não refletem a concentração hormonal placentária. 
 
3. As Metrossístoles 
O preparo do útero para a parição ocorre após o completo amadurecimento do feto e 
da placenta no final da gestação. O útero adquire a capacidade de se contrair e a cérvix de 
se dilatar suficientemente para que haja uma completa expulsão do feto e dos seus anexos. 
Este processo segue princípios físicos que pode ser compreendidos pelo estudo da “lei 
mecânica da resistência mínima”. 
O útero se comporta como um corpo elástico em que as forças contráteis produzem 
um vetor resultante que se direciona no sentido do colo uterino, de forma análoga a uma 
bola de inflar, que uma vez cheia permite o escape do ar pela abertura do bico. O feto 
assume papel ativo neste processo ao se dispor adequadamente no canal do nascimento 
concomitante ao recebimento da força expulsiva sobre o seu corpo prosseguindo na direção 
da menor resistência, que diminui progressivamente e pela via mais reta. 
O miométrio tem as características histológicas de um músculo liso, sendo capaz de 
se contrair em ondas rítmicas, semelhantes a uma peristalse, no que se denominam de 
 4
metrossístoles. Estas contrações ocorrem durante toda a gestação, porem são de baixa 
amplitude e freqüência.. No trabalho de parto as ondas contrácteis se dirigem desde os 
cornos para o corpo uterino e a cérvix, mostrando uma transição de ondas não coordenadas 
isoladas no inicio do parto para ondas coordenadas regulares na fase expulsiva do parto. 
Nos bovinos pode ocorrer uma contração a cada 2,5 minutos, com duração de 80 a 
100 segundos, uma a duas horas antes do parto. A intensidade destas contrações foi 
mensurada em um tocodinamômetro e registrou-se valores em torno de 66 mmHg na fase 
de dilatação do parto, e chegando a 99 mmHg na fase expulsiva do parto. A esta força se 
soma a da contração abdominal da ordem de 71 mmHg, resultante do reflexo de 
Ferghünson, que ocorre por estimulação de receptores localizados no teto vaginal pela 
entrada do feto no canal do nascimento. A conversão destes valores para o sistema kgf 
resulta em valores aproximados de 80kg, que denota a intensidade de força necessária a ser 
aplicada sobre o feto bovino para o seu nascimento. 
A dilatação da cérvix ocorre por um mecanismo antagônico às contrações uterinas. 
Durante a gestação o miométrio encontra-se relaxado enquanto a cérvix apresenta-seem 
espasmo, e durante o parto as contrações uterinas promovem o relaxamento cervical. O 
amadurecimento da cérvix é hormônio dependente sendo influenciado pelos elevados níveis 
de estrogênios, relaxina e PGF2-α no inicio da parição, os quais promovem mudanças nas 
características do colágeno cervical tornando-os mais complacentes. 
 
4. Fases Clínicas do Parto 
 
 Os mamíferos comportam-se de modo mais ou menos semelhante no momento do 
parto, com algumas variações entre as espécies e entre os sucessivos partos. As alterações 
orgânicas ocorrem especialmente na pélvis, órgãos genitais e glândulas mamarias, com 
manifestações comportamentais típicas do parto. Didaticamente, pode-se dividir o parto nas 
seguintes fases: 
a. Fase prodrômica 
 As parturientes fornecem indícios de parto próximo com o desenvolvimento de 
edema vulvar e mamário. A vulva se apresenta flácida e aumentada de tamanho, com a 
mucosa hiperêmica e umidificada; o aparelho mamário se torna intumescido e com 
 5
secreção de colostro que tem um aspecto denso e pegajoso. O relaxamento do ligamento 
sacro-isquiático é mais pronunciado na vaca, dando o sinal de “vaca funda”, como 
denominado pelos peões. 
 O comportamento típico das parturientes nesta fase é de se isolar na tentativa de 
fazer um “ninho” adequado e protegido de possíveis ataques de predadores à sua prole. A 
porca, a cadela e a gata procuram fazer uma “cama” onde irão parir sendo comum a 
anorexia em um período de 12-24 horas que antecede o parto. A cadela apresenta ainda 
uma queda de 1ºC na temperatura corpórea. Nesta fase a vaca se afasta do rebanho e a égua 
procura a solidão e a quietude das horas noturnas. A égua costuma apresentar um 
gotejamento de colostro entre seis a 48 horas antes do parto. 
As perturbações no manejo das parturientes nesta fase pode provocar uma demora 
ou interrupção da parição na maioria das espécies. Esta fase é de difícil determinação de 
sua duração sendo extremamente variável, podendo ocorrer entre algumas horas a semanas. 
Na maior parte das espécies animais entre um a dois dias, enquanto que na vaca pode durar 
de três dias a três semanas. 
 
b. Fase de Dilatação 
 Esta fase se caracteriza pelo aparecimento das “dores do parto” devido às contrações 
ativas das fibras musculares da parede uterina (metrossístoles) e conseqüente dilatação da 
cérvix. Estas contrações são de duração curta e variável, entre cinco a 30 segundo, assim 
como a sua intensidade. Ocorrem de forma irregular e não sincrônica. O processo de 
dilatação da pélvis se denomina de apagamento do colo por ocorrer progressivamente à 
dilatação seqüencial de cada anel cervical, no sentido do canal vaginal para o útero. 
 A égua apresenta um quadro típico de cólica abdominal manifestando inquietude, 
transpiração no pescoço, olhar para o flanco, um arrastar das pinças dos membros 
anteriores no solo, decúbito lateral com rolamento, logo seguido por retorno à estação. Este 
comportamento de rolar colabora para a mudança de estática fetal da posição dorso-pubiana 
para uma posição dorso-sacral, por meio de sua rotação. Isto gera certo desconforto 
abdominal à parturiente e o quadro clinico de cólica leve. A parturiente podem apresentar 
micção e evacuação nesta fase. Na vaca, porca, cadela e gata as dores do parto são mais 
discretas do que nas éguas, especialmente nas pluríparas. De modo geral, é comum a 
 6
anorexia, o aumento das freqüências cardíacas e respiratórias, e uma discreta queda de 
temperatura corpórea. 
 Esta fase dura de uma a quatro horas na égua, de uma a 24 horas na vaca e de duas a 
12 horas nas multíparas. Ela culmina com o rompimento da membrana cório-alantóide, 
percebido pela saída de liquido alantoidiano e inicio da progressão do feto envolvido pela 
bolsa amniótica no canal do nascimento. 
 
c. Fase Expulsiva 
 Esta fase se caracteriza pelo aparecimento de metrossistoles vigorosas e rítmicas e 
conseqüente progressão do feto no canal do nascimento. A chegada do feto no canal do 
nascimento promove o aparecimento do reflexo de Ferghünson que resulta na liberação de 
ocitocina e conseqüente aumento na freqüência e intensidade das metrossistoles e do 
aparecimento concomitante das contrações abdominais e diafragmáticas. Isto consiste no 
trabalho de parto ou labor propriamente dito. 
 No inicio desta fase a égua e a porca costumam se manter em decúbito lateral com 
as extremidades extendidas, enquanto a vaca e a cadela se mantêm em decúbito esterno-
abdominal. Esta atitude materna favorece a mobilidade da pélvis por apoiar a hemi-pélvis 
de encontro ao solo permitindo certo grau de liberdade favorecendo a dilatação pélvica e o 
encaixe dos ombros do feto. Pois este momento coincide com a passagem da cintura 
escapular do feto pela abertura de entrada do canal do nascimento seguindo o eixo pélvico. 
Após este encaixe a vaca e a égua se dispõem em estação e após algumas contrações e 
progressão do feto a bolsa amniótica se rompe, a cabeça do feto ultrapassa a rima vulvar, e 
a parturiente assume posição de cócoras e deposita a sua cria no solo suavemente. É a forca 
do casco que provoca o rompimento do âmnio e conseqüente exposição do feto ao ar 
atmosférico. 
 Nas multíparas para cada filhote há uma fase expulsiva seguido por um período de 
repouso uterino de duração variada entre o nascimento de cada produto. Os fetos mais 
próximos a cérvix são expulsos primeiramente, tendendo a ocorrer alternância de expulsão 
dos filhotes de cada corno uterino. Com a expulsão de cada filhote, a cadela comumente 
romper a bolsa amniótica e o cordão umbilical, ingere a placenta e lambe todo o corpo do 
recém nato estimulando a sua micção, defecação, respiração e o reflexo de sucção para 
 7
amamentação. A secreção esverdeada produzida pelo descolamento placentário resulta da 
decomposição fisiológica do sangue, sendo denominada de útero-verdina. 
 Esta fase dura em torno de quatro horas na vaca, de meia-hora à duas horas nas 
ovelhas, em torno de 30 minutos na égua, de seis a 12 horas nas cadelas e gatas, e em torno 
de seis horas nas porcas. 
 A expulsão da placenta denota o termino parto. As contrações uterinas permanecem 
após a saída do feto, porem com menor intensidade e maior freqüência a fim de promover a 
limpeza do útero e a sua involução. Nos carnívoros domésticos a expulsão das placentas 
ocorre de forma irregular entre a saída de cada feto. Enquanto que nas porcas é comum a 
expulsão das placentas retidas algumas horas após a saída do ultimo feto. A égua expulsa a 
sua placenta entre meia-hora à três horas depois do nascimento do potrinho, enquanto que 
na vaca o processo é mais lento, podendo demorar até 12 horas. 
 
5. Puerpério 
 
 O puerpério fisiológico é o período compreendido entra a expulsão da placenta e o 
aparecimento de um cio fértil, denotando uma reativação do controle neuro-endócrino entre 
o hipotálamo, a hipófise e os ovários. A sua duração é variável de acordo com cada espécie 
animal. 
 No inicio do puerpério ocorre a eliminação do conteúdo uterino remanescente de 
uma secreção inicialmente sanguinolenta e que vai se tornando de aspecto achocolatado, 
viscosa, densa e que vai se tornando purulenta, e daí se torna esbranquiçada e de menor 
volume ate o seu completo desaparecimento. Esta secreção se denomina de lóquio. 
 O principal fenômeno do puerpério é a involução uterina com regeneração do 
endométrio a fim de permitir nova fase gestacional. Nesta fase é importante a adoção de 
medidas higiênicas e nutricionais para se atingir o equilíbrio fisiológico de fêmea com o 
mínimo de transtornos metabólicos.

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