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Aulas_10_e_11_-_Distocias_fetais_e_maternas

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Obstetrícia Veterinária – (IV-332) Prof. Luiz Figueira Pinto 1 
 
 
UFRRJ / IV - Departamento de Medicina e Cirurgia 
Disciplina: Obstetrícia Veterinária (IV-332) 
Professor Responsável: Luiz Figueira Pinto 
 
Distocias 
 
1. Considerações gerais 
 
 O termo distocia é a designação para um nascimento difícil ou problemas com o 
prosseguimento do parto. O seu diagnóstico e tratamento constituem uma parte extensa 
e importante da obstetrícia. Em termos didáticos a distocia pode ser de origem fetal ou 
de origem materna. No entanto, o problema deve ser considerado em relação aos 
defeitos nos três componentes do processo de nascimento: as forcas expulsivas, o canal 
do nascimento e o feto. Por exemplo, ocorrerão dificuldades ao nascimento quando as 
forcas expulsivas forem insuficientes, quando o canal do nascimento estiver estreitado 
ou quando o diâmetro do feto for extraordinariamente grande. 
 O conhecimento da fisiologia do parto é essencial para o reconhecimento de 
distocias e a intervenção do médico veterinário deve ser precisa e adequada a fim de se 
procurar preservar tanto a vida da parturiente quanto a do(s) feto(s). Além disto, o 
profissional deve se preocupar em prevenir a ocorrência de distocias nas criações 
animais e procurar detectar causas hereditárias, tais como a alta incidência de inércia 
uterina na raça canina Terrier escocês, a existência de abertura pélvica pequena nas 
cadelas braquicefálicas e a tendência de certos touros produzirem novilhas pequenas. As 
causas ambientais podem também ser de grande importância em algumas situações, 
como as falhas no manejo nutritivo e o pequeno número de filhotes nas multíparas, 
dentre outras ocorrências. 
 
 
2. Incidência 
 
 A incidência de distocias é maior nos bovinos do que nas outras espécies 
animais. A seguir vem os pequenos ruminantes, a cadela, a gata, a égua e a porca. A 
distocia fetal é mais freqüente na vaca, na ovelha e na égua, enquanto que a distocia 
materna é mais freqüente na cadela, gata e porca. 
 Considerando-se as uníparas, a presença do feto macho, a prenhez precoce ou 
prolongada e o parto gemelar trazem complicações na hora do parto, pois o útero toma 
parte importante na extensão dos membros do feto e defeitos de postura são mais 
comuns em gêmeos e prematuros quando há certo grau de inércia uterina. E, na prenhez 
prolongada o feto se apresenta mais desenvolvido. Nas multíparas com ninhada 
anormalmente pequena em numero há uma predisposição a formação de grandes fetos, 
o que gera dificuldades na hora do parto. 
 As distocias são mais comuns nas primíparas que nas multíparas, além de que a 
subnutrição ou cobertura muito precoce nas primeiras se constituem em fatores 
deletérios que causam desenvolvimento esquelético retardado. Por outro lado, o estrito 
confinamento e a superalimentação materna contribuem para problemas na hora do 
parto. 
 
 
 
Obstetrícia Veterinária – (IV-332) Prof. Luiz Figueira Pinto 2 
 
 
 
3. Tipos de Distocias dentro das espécies animais 
a. Vaca: 
i. Tamanho fetal exagerado relativo ou absoluto 
ii. Irregularidades na postura da cabeça e dos membros 
iii. Casos teratológicos: esquistossomo reflexo, perossomus elumbis, 
fetos retorcidos e celossômicos, bezerros acondroplásicos. 
iv. Inércia uterina 
v. Torção uterina 
vi. Dilatação incompleta da cérvix. 
 
b. Égua: 
i. Irregularidades na apresentação, posição e postura do feto, como 
a apresentação transversa, a posição ventral ou lateral ou todas as 
formas de posturas irregulares. 
ii. Torção uterina: consiste em 5% das distocias eqüinas e são de 
grande gravidade. 
 
c. Cabra e ovelhas: semelhante às vacas 
 
d. Porca: 
i. Inércia uterina 
ii. Obstrução do canal do nascimento 
iii. Desvio para baixo do útero 
iv. Apresentação simultânea 
v. Desvio da cabeça 
vi. Grande tamanho fetal 
vii. Casos teratológicos: xifópagos, esquistossomo reflexo, 
perossomus elumbis, hidrocefalias. 
 
e. Cadelas e Gatas 
i. Inércia uterina 
ii. Desproporção materna fetal 
iii. Irregularidades de postura dos membros são de pouca 
importância quando os filhotes são de tamanho normal 
iv. Irregularidades de postura da cabeça são comuns: apresentação de 
vértice, desvio lateral da cabeça 
v. Anormalidades de posição são comuns: posição ventral ou lateral 
vi. Apresentação transversa é rara e quando ocorre a cadela 
geralmente esta prenha e com feto único em gestação bicórnea. 
Em geral é acompanhada de inércia uterina. 
vii. Hidrocefalia fetal e anasarca são encontradas ocasionalmente. 
 
 
 
 
 
 
 
Obstetrícia Veterinária – (IV-332) Prof. Luiz Figueira Pinto 3 
 
 
4. Distocia Fetal 
 
a) Introdução 
 
Os problemas relativos ao parto podem ser causados pelo feto, o que é 
denominado de distocia fetal. O feto se torna causa de distocias quando ocorre 
hipertrofia fetal, morte fetal ou disposição fetal anômala. 
 
b) Hipertrofia fetal 
 
O feto pode se apresentar em dimensões avantajadas para a sua espécie 
ou raça na presença de uma pélvis materna de dimensões normais, o que se 
denomina de hipertrofia fetal absoluta. Neste caso, diz-se que o diâmetro ou 
peso do feto está além da capacidade da pélvis materna. Porém, quando o feto 
apresenta tamanho compatível com a sua raça e a parturiente possui uma pélvis 
diminuta diz-se que se trata de uma hipertrofia fetal relativa. Em todos estes 
casos há uma desproporção materno-fetal. Nos bovinos a raça mais afetada é a 
Holandesa e a menos afetada é a Jersey. Nos primatas relacionam-se as 
dimensões da cabeça fetal com as dimensões da pélvis e quando há uma relação 
desfavorável denomina-se de desproporção céfalo-pélvica. 
 
c) Morte Fetal 
 
O feto a termo participa ativamente do processo dinâmico do parto. 
Quando ocorre a morte fetal durante a gestação não ocorre o desencadeamento 
do parto e pode se desenvolver uma gestação prolongada. Diversas causas 
podem estar implicadas, tais como processos infecciosos, traumatismos, 
intoxicações ou iatrogenias farmacológicas. A resolução desta situação poderá 
ocorrer por indução do parto, fetotomia ou tomotocia. 
 
d) Disposição fetal anômala 
 
O modo como o feto se dispõe no interior do útero materno é 
denominado de estática fetal e o seu estudo é de grande importância nas fêmeas 
uníparas. A maneira como o feto se apresenta no terço final da gestação é 
extremamente variável e pode modificar-se em poucos segundos. No momento 
do parto, em um curso normal, ele adota uma posição adequada. 
Na descrição da estática fetal utilizam-se referências inerentes à mãe e/ou 
ao feto. Na resenha da estática fetal descreve-se a apresentação, a posição e a 
postura fetal. 
 
 
e) Manobras obstétricas: são manobras praticadas sobre o feto nas manipulações 
obstétricas e consistem em: 
 
a. Retropulsão: significa pressionar o feto do canal do nascimento para 
dentro do útero. É empregada para retificação de qualquer disposição 
fetal anômala. Tanto quanto possível a força de repulsão deve ser 
Obstetrícia Veterinária – (IV-332) Prof. Luiz Figueira Pinto 4 
 
 
exercida nos intervalos entre os esforços expulsivos, podendo ser manual 
ou com forquilha. 
 
b. Extensão: refere-se à extensão das articulações fletidas quando estão 
presentes defeitos de postura. Recomenda-se a aplicação da força 
exercida pelas mãos ou falhando estas por cordas ou ganchos. 
 
c. Rotação: é a alteração da posição do feto pelo movimento rotacional ao 
redor do seu eixo longitudinal. Esta manobra é empregada na retificação 
da posição ventral para a posição dorsal. 
 
d. Versão: significa a alteração da apresentação transversa ou vertical para 
a apresentação longitudinal por movimento binário do feto. Esta 
manobra é extremamente arriscada e de difícil execução.e. Tração: significa a aplicação de força às partes presentes do feto com o 
objetivo de suplementar ou em alguns casos de substituir as forças 
maternas. Esta manobra visa extrair o feto do canal do nascimento e pode 
se aplicada manualmente ou por meio de cordas ou ganchos. 
 
 
f) Resenha da Estática fetal e sua correção 
 
a. Apresentação Fetal: 
 
 É a relação existente entre a coluna vertebral do feto e a coluna vertebral da mãe. 
É denominada de apresentação longitudinal quando as colunas vertebrais do feto e da 
mãe estão paralelas. Recebe a denominação de longitudinal anterior quando o feto 
insinuar primeiro os membros anteriores, e longitudinal posterior quando insinuar 
primeiro os membros posteriores. Quando a coluna vertebral do feto se dispõe 
transversalmente à coluna vertebral da mãe tem-se a apresentação transversa, o que 
acarreta em distocias fetais graves. 
As forças naturais que produzem as alterações na polaridade do feto não estão 
totalmente compreendidas. Contudo, é presumível que ocorram movimentos fetais 
reflexos devido às contrações uterinas, às contrações abdominais e aos movimentos das 
vísceras abdominais adjacentes. O centro de gravidade do feto mais próximo à cabeça, 
nas idades gestacionais iniciais permite uma apresentação posterior. Com o 
desenvolvimento do sistema nervoso do feto e conseqüente percepção da gravidade o 
feto iniciaria a execução de reflexos lineares que tenderiam a levantar a cabeça fetal da 
porção pendente do útero. Se isto for real, a apresentação posterior em vez de ser 
considerado como um acidente obstétrico poderia então ser causado tanto por um 
retardo no desenvolvimento do feto quando comparado à sua idade gestacional, como 
também por um útero cujo tônus seja deficiente. Nas grandes fêmeas domésticas cerca 
de 95% dos fetos assumem uma apresentação longitudinal anterior entre a metade do 
sexto mês até a metade do oitavo mês da idade gestacional. Nas fêmeas multíparas cerca 
de 30% a 40% dos fetos nascem em apresentação longitudinal posterior, acarretando 
problemas somente aqueles que apresentam membros flexionados. Todas as distocias 
que surgem dos defeitos de apresentação são sérias e na maioria dos casos somente é 
resolvida por meio de intervenção cirúrgica. A correção por meio de manobras 
Obstetrícia Veterinária – (IV-332) Prof. Luiz Figueira Pinto 5 
 
 
obstétricas em todos os casos é realizar a versão do feto de modo que uma apresentação 
vertical ou transversa seja convertida em uma apresentação longitudinal. 
 
Tipos de apresentação defeituosa: 
 
i. Apresentação longitudinal posterior 
ii. Apresentação dorso-vertical obliqua 
iii. Apresentação ventro-vertical obliqua 
iv. Apresentação dorso-transversa 
v. Apresentação ventro-transversa 
 
b. Posição Fetal 
 
 É conceituada como sendo a relação existente entre partes bem definidas do feto, 
como o dorso, o lombo e a cabeça, e partes bem caracterizadas da mãe, como o ílio, o 
ísquio, o púbis e o sacro. A tendência natural do feto e de se dispor com o seu dorso 
contra a curvatura maior do útero. Desta forma, o feto eqüino dispõe-se no útero em 
decúbito dorsal com as patas para cima e o feto bovino assume uma posição vertical 
durante a gestação adiantada. O feto bovino mantém esta posição durante o nascimento, 
porém na égua o feto altera a sua disposição de ventral para uma posição dorsal durante 
o trabalho de parto. Conforme poderia ser esperado as posições ventral e lateral são 
mais comuns nos eqüinos. 
 
c. Tipos de defeitos de posição fetal e sua correção 
 
i. Posição lateral ou dorso-iliaca direita ou esquerda 
ii. Posição ventral ou dorso-pubiana 
• Correção: nestas posições provoca-se uma resposta convulsiva reflexa do feto 
pressionando-se os globos oculares seguido por rotação do feto na direção 
apropriada. Nos fetos indiferentes pode-se empregar a rotação mecânica com a 
forquilha de Cämmerer ou de Kuhn. Após estas manobras se efetiva a extração fetal 
por tração manual. 
 
iii. Posição lateral ou lombo-ilíaca direita ou esquerda 
iv. Posição lateral ou lombo-pubiana 
• Correção: nestas posições há graves riscos de lesões na vagina, reto e períneo. As 
manobras que podem ser empregadas são retropulsão seguida de tentativas de 
rotação do feto. A tração será exercida após correção da posição. Com o feto vivo 
geralmente é indicada a cesariana. 
 
5. Postura Fetal 
 
 É a relação existente entre partes moveis do feto e seu próprio corpo. A sua 
nomenclatura é dada de acordo com cada estrutura móvel. A disposição anátomo-
fisiológica do feto no final da gestação corresponde a apresentação longitudinal anterior, 
posição dorso-sacral ou dorso-pubiana (eqüino) com flexão de todas as articulações dos 
apêndices moveis. Esta disposição postural de flexão universal proporciona o máximo 
de economia de espaço. Na hora do parto ocorre a extensão dos membros devido aos 
reflexos fetais estimulados pelas contrações do miométrio e queda na concentração de 
Obstetrícia Veterinária – (IV-332) Prof. Luiz Figueira Pinto 6 
 
 
progesterona. Todos os defeitos posturais nos grandes animais são facilmente 
retificados por manipulação obstétrica, desde que o tratamento se processe no inicio da 
terceira fase do trabalho de parto. 
 
a. Postura de flexão de carpo 
 
 Pode estar afetado um ou ambos os membros anteriores. No caso unilateral o 
carpo flexionado está engastado na abertura pélvica e a outra pata anterior pode ser vista 
na vulva. A correção de faz iniciando-se por uma retropulsão, apoiando-se na cabeça ou 
no ombro fetal e a seguir a pata retida é segura e se executa um movimento em arco, 
para cima e para trás. E à medida que o carpo é puxado para cima o casco é trazido para 
frente e se promove a extensão do membro. O casco do feto deve sempre ser trazido 
para a borda pélvica sob a mão do obstetra. E, numa manobra final, se promove a tração 
do feto. 
 
b. Postura de flexão do ombro ou retenção completa do(s) membro(s) 
anterior(es) 
 
 Pode ser uni ou bilateral. Quando ocorre retenção completa dos membros 
anteriores o diagnóstico pode ser dado pela inspeção ao se constatar a presença da 
cabeça fetal parcial ou completamente nascida sem sinal de casco. Na flexão carpal a 
cabeça não pode avançar tanto. A correção desta disposição fetal se efetiva em dois 
estágios. Primeiro se provoca a retropulsão e ao se apoiar a mão no membro se desloca 
o mesmo por um movimento em arco para cima e para trás, transformando a flexão de 
ombro em flexão de carpo e o segundo estagio de correção se procede como no caso 
anterior. 
c. Desvio lateral da cabeça 
 
 Disposição fetal anômala muito comum nos bovinos, sendo mais grave nos 
eqüinos devido a maior extenso do pescoço e da cabeça. A correção se inicia pela 
retropulsão em que o feto é repelido por pressão aplicada na base do pescoço. A mão do 
operador é então rapidamente transferida para o focinho do animal e em casos mais 
inacessíveis o focinho do animal pode ser alcançado após tração preliminar na 
comissura bucal. A mandíbula é laçada e a correção se faz por movimentos combinado 
de retropulsão e extensão da cabeça. Depois de instalada a disposição correta da cabeça 
promove-se a tração do feto. 
 
d. Deslocamento inferior da cabeça (postura em vértice) 
 
 Nesta disposição a narina do feto se prende a borda pélvica e a testa é 
introduzida na pélvis. Promove-se uma retropulsão suficiente e a extensão da cabeça 
seguida por tração. 
 
e. Postura de flexão de jarrete 
 
 Esta disposição anômala geralmente é bilateral. A correção se processa por uma 
retropulsão aplicando-se uma força no períneo fetal e o jarrete é firmemente seguro e se 
flexiona numa trajetória arqueada para cima e para trás o quadril. Com o casco na mão 
Obstetrícia Veterinária – (IV-332) Prof. Luiz FigueiraPinto 7 
 
 
este é elevado sobre a borda pélvica e estendido para dentro da vagina seguido pela 
tração do feto. 
 
f. Postura de flexão do quadril (apresentação de nádegas) 
 
 Geralmente é bilateral. A correção é difícil sendo variável o grau de impactação 
do feto na pélvis materna. O objetivo é converter a condição em postura de flexão do 
jarrete, procedendo então de acordo com esta. O procedimento manipulativo consiste 
em promover a retropulsão do feto, repelindo o períneo fetal para frente e para cima, 
visando tornar os membros acessíveis. A tração no membro converte esta em postura de 
flexão do jarrete e então se prossegue como no caso anterior. 
 
6. Considerações finais 
 
 A distocia fetal será mais simples quando ela ficar a nível de postura e complexa 
quando for a nível de apresentação. E as mais complexas quando forem combinadas. 
A resenha se faz na seqüência apresentação, posição e postura, enquanto a 
correção se faz do mais fácil para o mais difícil na seqüência postura, posição e 
apresentação. 
Os defeitos em apresentação posterior e transversa são os de correção mais 
dificultosa e na grande maioria dos casos só ocorre correção através de cirurgia ou 
fetotomia. 
Nas manobras obstétricas é de grande importância a anestesia epidural, a 
suplementação de líquidos fetais, a retropulsão e a execução de tração adequada 
após lubrificação do canal vaginal. O cuidado e a delicadeza são de grande valor, 
pois há um constante perigo de perfuração acidental do útero. 
 
 
 
Distocia Materna 
 
1. Introdução 
 
 Os problemas na hora do parto podem ocorrer devido a modificações anatômicas 
do canal do nascimento ou a disfunção fisiológica ou hormonal dos órgãos ou 
glândulas reprodutivas femininas. É quando então se considera a existência de uma 
distocia materna. O seu estudo se reverte de grande importância, pois orienta no 
sentido da correção terapêutica a ser empregada e o momento mais adequado para 
ser efetivado. 
 
2. Distocias por vícios pélvicos 
 
a. Conceito 
 
 São alterações que ocorrem na via fetal dura. Isto é, nos ossos da pélvis, o que 
ocasiona uma angustia de seu conduto. É frequentemente observado na mulher, na 
novilha e em cães acondroplásicos. 
 
 
Obstetrícia Veterinária – (IV-332) Prof. Luiz Figueira Pinto 8 
 
 
 
b. Classificação 
 
 Os vícios pélvicos segundo suas origens podem ser classificados em: 
 
• Pélvis juvenil: é a pélvis que não alcança o seu pleno desenvolvimento. Como 
ocorre nas novilhas cobertas precocemente. 
 
• Pélvis estreita: é a pélvis de determinadas raças de cães miniaturas, de alguns 
suínos e caprinos. 
 
• Estreitamento secundário da via fetal dura: observa-se em inúmeras 
enfermidades que interferem na formação, estrutura e desenvolvimento ósseo, 
tais como, osteoporose, osteomalácea, fraturas e calos ósseos. 
 
c. Tratamento dos vícios pélvicos 
 
 O ideal é instituir medidas preventivas na criação e exploração animal. Uma vez 
identificado o problema a extração do feto pode ser efetivada por meio de tração, 
quando houver possibilidade. E quando não for possível a tração pelo canal vaginal 
executa-se a fetotomia na presença de feto morto e se o feto estiver vivo se pratica a 
cesariana. A parturiente deve ser descartada da reprodução. 
 
3. Distocias das vias genitais 
 
a. Conceito 
 
 São anomalias diversas que ocorrem na via fetal mole, isto é, ao nível da vulva, 
vagina e útero. A via fetal mole apresenta três pontos críticos à passagem do feto na 
hora do nascimento: a vulva, o anel himenal e a cérvix. Estas estruturas podem 
constituir obstáculos a passagem do feto, separadamente ou conjuntamente por dilatação 
insuficiente. 
 
b. Distocias causadas pela vulva e pela vagina 
 
• Adquiridas: fibroses, estenoses oclusivas, tumores, edemas, bridas, reversos 
vaginais e prolapsos. 
 
• Congênitas: vulva infantil, persistência da prega himenal ou do tabique dorso-
ventral e das estruturas remanescentes dos ductos de Muller. 
 
• Tratamento: nas formas consideradas leves pode ser tentadoextração cuidadosa 
do feto sob lubrificação e proteção do períneo. A episiotomia dorso-lateral deve 
ser praticada sempre que a vulva se constituir em obstáculo. A cesariana ou a 
fetotomia fica reservada para os casos específicos. 
 
 
 
 
Obstetrícia Veterinária – (IV-332) Prof. Luiz Figueira Pinto 9 
 
 
c. Distocias causadas pelo útero 
 
4. Torção uterina (torsio uteri) 
 
 É a rotação do órgão sobre seu eixo longitudinal. É uma complicação do final da 
fase de dilatação ou do inicio da fase expulsiva do parto. A espécie mais afetada é a 
bovina provavelmente devido à instabilidade do seu útero, pois nesta espécie a 
curvatura maior do útero situa-se dorsalmente e o órgão se dispõe anteriormente a sua 
sustentação sub-ileal promovida pelos ligamentos largos do útero. Outros elementos 
contribuem para o seu aparecimento, tais como os movimentos desordenados do feto, o 
peso fetal excessivo, a idade avançada da vaca, o abdome dilatado e a aplicação 
equivocada de ocitocina quando não há passagem. 
 
a. Classificação: as torções uterinas são classificadas em três graus: 
 
• Torção de primeiro grau: é uma torção de até 90 graus, sendo considerada 
uma torção simples ou moderada. 
 
• Torção de segundo grau: é uma torção de até 180 graus, sendo denominada de 
torção media. A sintomatologia presente já denota certo grau de gravidade e 
urgência do caso. 
 
• Torção de terceiro grau: é uma torção que pode se estender até 360 graus. É 
uma torção de grande gravidade clinica, podendo acarretar em choque 
hemorrágico. 
 
b. Diagnóstico 
 
 É dado por meio da palpação da porção anterior da vagina que se encontra 
estenosada e cujas paredes estão, em geral, dispostas em espiral obliqua os quais 
indicam a direção da rotação uterina. Segundo a literatura, 75% das torções uterinas são 
no sentido anti-horário. A palpação retal pode indicar se a torção é pré-cervical ou pós-
cervical. 
 
c. Tratamento 
 
• Distorção direta do útero por via vaginal: consiste em promover a rotação do 
feto pela vagina aplicando-se uma força rotacional ao útero através do feto. A 
eficácia depende da dilatação cervical e se o feto está vivo. 
 
• Distorção indireta com rolamento da parturiente: consiste em promover a 
rotação do corpo da vaca pela ação de rolar. Procura-se rolar rapidamente o 
corpo da vaca na direção da torção enquanto o útero permanece relativamente 
fixo. Utiliza-se uma prancha de madeira, de três a quatro metros de 
comprimento, por 20 a 30 centímetros de largura, apoiada no flanco da vaca em 
decúbito lateral. Enquanto um assistente sobe na prancha, a vaca é 
criteriosamente girada através das cordas nos membros. 
 
Obstetrícia Veterinária – (IV-332) Prof. Luiz Figueira Pinto 10 
 
 
• Correção cirúrgica: pratica-se a cesariana nos casos de torção irreversível, nas 
emergências, nas éguas, nas cadelas e nas porcas. 
 
 
5. Inércia Uterina (Parto Vagaroso) 
 
a. Conceito e classificação 
 
 É quando há ausência ou deficiência de contrações uterinas durante o parto. O 
número e a energia das contrações uterinas são menores que as observadas durante um 
parto normal, caracterizando uma extensão da fase de repouso do ciclo contráctil do 
miométrio. Pode ser classificadas em: 
 
• Inércia uterina primária: é aquela em que desde o inicio do trabalho de parto 
não houve contração uterina devido há uma deficiência original no potencial 
contráctil do miométrio. Não há tônus muscular. É menos comum que a inércia 
uterina secundaria e ocorre na cadela, na porca e ocasionalmente na vaca. As 
causas implicadas estão relacionadas à deficiência neuro-hormonal, como por 
exemplo, uma relação estrogênio-progesteronaalterada, deficiência de ocitocina, 
de íons cálcio e/ou magnésio. A senilidade, degeneração tóxica ou infecções 
bacterianas, como a erisipela na porca, e o estiramento uterino demasiado, feto 
excessivamente grande, hidro-alantóide, parto gemelar, etc., podem ser causas 
responsáveis pela inércia uterina. 
 
• Inércia uterina secundaria: neste caso o animal apresenta contrações, mas 
estas desaparecem. Ocorrem por exaustão uterina. É de ocorrência mais 
freqüente que a inércia uterina primaria. Pode ser causada por feto relativamente 
ou absolutamente grande, monstros fetais, torção uterina, defeitos na estática 
fetal, etc. 
 
b. Diagnóstico 
 
 É baseado no quadro sintomático particularmente na ausência de contrações da 
musculatura abdominal e relaxamento do miométrio, apesar da dilatação da via fetal 
mole. Geralmente o canal cervical se apresenta dilatado ou parcialmente dilatado na 
forma secundaria. 
 
c. Tratamento 
 
 Na forma primaria pode ser utilizado o estrogênio, ocitocina, gluconato de cálcio 
e solução de glicose. Porém devem ser avaliadas as condições fetais a fim de se praticar 
outras medidas de solução mais rápida. Na forma secundaria as medidas praticadas 
consistem em manobras obstétricas ou cesariana. Após o parto podem se instalar 
complicações como retenção de placenta, metrite ou piometra que devem ser 
prevenidas. 
 
 
 
 
Obstetrícia Veterinária – (IV-332) Prof. Luiz Figueira Pinto 11 
 
 
6. Excesso de contrações uterinas (parto tumultuoso) 
 
a. Conceito e causas 
 
 É um aumento exagerado das contrações uterinas de maneira desordenada e 
arrítmica. Ocorre principalmente na égua e nas cadelas de pequeno porte, de raças 
nervosas, como o Pequinês e o Puro Sangue Inglês, que fazem muita força antes do 
tempo e passam para a fase de expulsão antes de completar a fase de dilatação. Fêmeas 
que são agitadas durante a parição, como prender a gata na caixa e a cadela no banheiro, 
trocar a água de pasto ou estábulo, etc. podem culminar em parto tumultuoso. 
 
b. Tratamento e complicações 
 
Consiste em tranqüilizar a parturiente com tranqüilizantes ou sedativos e 
controlar as dores do parto com o emprego de anti-espasmódico. Comumente se efetiva 
a cesariana enquanto o feto está vivo. As complicações mais freqüentes são prolapso 
uterino, torção e inércia uterinas, espasmo de colo uterino, ruptura de períneo, morte 
fetal e choque hemorrágico da parturiente. 
 
 
7. Espasmo de colo uterino 
 
É uma anomalia funcional onde ocorre impossibilidade de dilatação da cérvix 
uterina sem que ocorra qualquer alteração anatômica. Pode ocorrer por inércia uterina 
primaria, excesso de contrações uterinas ou por deficiência da estrutura funcional da 
cérvix que não obedece aos estímulos hormonais. No tratamento estão indicados o 
emprego de estrogênio, anti-espasmódico, dilatação manual e cesariana. 
 
8. Versão e flexão de útero 
 
Nas espécies que apresentam posição horizontal da coluna vertebral considera-se 
fisiológico a inclinação ventral do útero durante a gestação. Porém, se houver uma 
acentuação desta inclinação ventral do útero, de modo que este se torne perpendicular 
ao eixo longitudinal da fêmea gestante, instala-se uma condição patológica denominada 
de versão ventral do útero. Se esta se acentuar origina a flexão ventral do útero. A 
ruptura ventral da musculatura abdominal e o abdome frouxo de fêmeas velhas ou 
desnutridas predispõem a esta patologia. Na vaca pode ocorrer a versão ou flexão lateral 
situando-se o útero à esquerda do rúmen. 
 
9. Ruptura do útero 
 
Pode ser produzido por um parto tumultuoso, distúrbios das vias pélvicas, 
emprego errôneo de ocitocina ou instrumentos ou manobras obstétricas. Estas rupturas 
são graves porque levam ao choque hemorrágico ou peritonite, principalmente na égua. 
A correção pode ser antieconômica em certos casos. A ráfia por via vaginal pode ser 
tentada em algumas situações. A laparotomia deve ser efetivada rapidamente quando se 
resolve intervir.

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