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1
UFRRJ – IV- Departamento de Medicina e Cirurgia Veterinária 
Disciplina de Obstetrícia (IV-332) - Professor Luiz Figueira Pinto 
 
Cesariana 
1. Introdução 
 A operação cesariana é definida como sendo a retirada do(s) feto(s) do interior 
do útero materno através de laparotomia e uterotomia seguida de uterorrafia e 
laparorrafia. Neste procedimento inclui-se em muitas espécies a retirada total da 
placenta. 
 A origem do termo cesariana está provavelmente relacionada a uma lei 
denominada Lex Cedaere, incluída na Lex regia por Numa Pompulius (715-673 a.C.), 
que determinava a proibição de se enterrar a mulher grávida falecida com o seu filho na 
barriga, obrigando a emissão de dois óbitos e enterros distintos. A palavra latina 
caedare significa cortar e compõe algumas palavras do jargão médico na língua 
portuguesa como cesariana e sedação, dentre outras. 
 Os primeiros relatos da realização de cesariana em humanos e animais datam do 
inicio do século XIX, mas a sua ocorrência estima-se ser mais remota. Estas eram 
realizadas por açougueiros que tinham a pratica e o conhecimento anatômico 
necessários. 
 A execução da operação cesariana tem-se constituído em solução única para uma 
série muito diversificada de situações obstétricas nas diferentes espécies animais. A 
cesariana que cursa com a manutenção do útero se denomina conservativa, enquanto 
que aquela em que se retirada todo o útero se denomina cesariana radical. A escolha do 
método depende de considerações clínicas, zootecnicas ou conveniência social. Os 
avanços médicos nas áreas de farmacologia, anestesiologia e técnica operatória vêm 
contribuindo significativamente na diminuição das taxas de mortalidade materna e 
neonatal. Consequentemente observa-se um incremento em sua realização além do 
limite de seus benefícios, aumentando a morbidade e os custos. De modo geral, a 
solução vem se transformando em um problema socioeconômico. 
 
2. Indicações da cesariana 
 O desfecho clínico da cesariana depende de sua correta indicação e das 
condições clínico-cirúrgicas da parturiente e do(s) feto(s), no momento do 
 2
procedimento. Para isto deve-se proceder a um exame obstétrico apurado antes da 
realização da cirurgia. 
 A cesariana está sempre indicada quando o parto normal (vaginal) não ocorre e 
quando as manobras obstétricas ou fetotomia não puderem ser executas. A indicação é 
dita absoluta quando o feto está vivo e não há outro recurso para o seu nascimento. A 
indicação relativa é aquela em que a cesariana não é o único procedimento possível para 
a extração do feto. 
 Em todos os casos, deve-se avaliar as condições cirúrgicas para a realização da 
cesariana. As condições internas são aquelas referentes às condições clinicas da 
parturiente, enquanto que as externas são aquelas que dizem respeito às condições 
técnicas e instrumentais da realização da cirurgia. 
 As principais indicações da cesariana são: 
• Macrossomia fetal 
• Monstruosidades fetais: esquistossomo reflexo, 
• Morte fetal 
• Mumificação fetal 
• Estreitamento do canal pélvico 
• Fratura pélvica 
• Gestação prolongada 
• Gestação abdominal ou ectopia fetal 
• Hidropisias dos anexos fetais 
• Inércia uterina 
• Torções uterinas irreversíveis 
 
3. Contra-indicações 
 Nos animais de produção a cesariana não deve ser realizada quando a parturiente 
se apresentar com a existência de distúrbios gerais graves, lesões graves ou afecções 
irreversíveis, tais como fraturas ou hérnias abdominais, comprometimento 
cardiorrespiratório ou septicemia. Nos animais de estimação procura-se preservar a vida 
da parturiente e dos filhotes viáveis. De modo geral, a operação cesariana não deve ser 
realizada quando não se puder responder pelo êxito final. 
 
 
 3
4. Condições Clínicas da Parturiente 
 A operação cesariana é frequentemente um procedimento de emergência e a sua 
finalidade é preservar a vida da parturiente que não consegue dar a luz e retirar os 
filhotes com vida. Para a obtenção de uma anestesia ideal em que se alcança um 
satisfatório grau de analgesia, um adequado relaxamento muscular e uma rápida sedação 
devem ser considerados as alterações fisiológicas que ocorrem no organismo materno 
ao longo da gestação e que alcançam o seu máximo no labor. As condições clínicas da 
parturiente distócica modificam-se progressivamente com o passar do tempo 
desenvolvendo-se um esgotamento orgânico geral e com a inevitável morte do feto a 
situação clínica se complica ainda mais. 
 No momento do parto são as seguintes alterações fisiológicas promovidas pela 
gravidez: 
a. Aparelho cardiovascular: o débito cardíaco encontra-se aumentado 
entre 30% a 50% no final da gestação e sofre ainda um acréscimo de 
10% a 25% durante o trabalho de parto; o volume sangüíneo aumenta em 
torno de 40% sendo acompanhado de uma diminuição da concentração 
de hemoglobina; e a pressão arterial e a pressão venosa central 
permanecem inalteradas enquanto a resistência vascular periférica 
diminui. Estas condições implicam em cuidados anestesiológicos 
especiais com o decúbito dorsal, a anestesia epidural, o tipo de drogas 
anestésicas e as doses a serem empregadas a fim de se evitar a falência 
cardíaca. Em todos os casos deve-se evitar sempre estresse adicional. As 
parturientes cardiopatas apresentam alto risco cirúrgico, pois correm 
risco de congestão pulmonar e falência cardíaca. 
 
b. Aparelho respiratório: o volume minuto encontra-se discretamente 
aumentado enquanto que a pressão parcial de gás carbônico (PaCO2) 
sofre diminuição predispondo a uma alcalose respiratória, mas o pH 
sangüíneo permanece inalterado. O consumo de O2 aumenta em torno de 
20% mas o a pressão parcial de oxigênio (PaO2) não sofre alterações. As 
vias aéreas se ampliam e a resistência pulmonar diminui o que é 
acompanhado também da diminuição da capacidade residual funcional. 
Estas alterações clinicas implicam em uma tendência a hipoxemia e 
hipercapnia o que leva a ser tomar maiores cuidados com o emprego das 
 4
drogas depressoras respiratórias, devendo-se manter um monitoramento 
da ventilação e promover uma oxigenação da parturiente. No caso do 
emprego das anestesias inalatórias deve-se levar em conta que a 
concentração alveolar mínima (CAM) encontra-se diminuído (em torno 
de 25% para o halotano, 32% para metoxiflurano e 40% para isoflurano). 
 
c. Aparelho gastrintestinal: com o desenvolvimento uterino aumenta-se a 
pressão intragástrica e o tempo de esvaziamento do tubo digestivo, 
especialmente do estomago. A motilidade e o pH das secreções sofrem 
diminuição. Concomitante ocorre ainda diminuição do tônus do cárdia. 
Clinicamente isto implica na tendência a regurgitação e aspiração de 
conteúdo gástrico o que pode ser prevenido com o emprego da atropina 
no pré-operatório e da entubação. 
 
d. Rins e Fígado: encontram-se discretamente aumentados os níveis 
séricos das transaminases e da desidrogenase láctica, e a retenção da 
bromosulfoftaleína sódica sofre pequeno aumento. A concentração 
plasmática de colinesterase sofre diminuição enquanto há um aumento 
do fluxo plasmático renal e da taxa de filtração glomerular. Os níveis de 
uréia e creatinina podem encontrar-se discretamente aumentados, e os 
níveis de sódio (Na+) e o balanço hídrico não sofrem alterações. Deve-se 
evitar o uso de organofosforados, as tetraciclina, os aminoglicosídios, e o 
metoxiflurano. 
 
e. Fluxo sangüíneo uterino: a vitalidade do feto depende diretamente do 
fluxo sangüíneo uterino, que por sua vez é diretamente proporcional à 
pressão de perfusão sangüínea e inversamente proporcional à resistência 
vascular uterina. Portanto, o emprego dos anestésicos hipotensores e da 
ocitocina pode acarretar em diminuição do fluxo sangüíneo uterino e 
contribuir para o sofrimento fetal e sua conseqüente morte.5
5. Considerações Anestesiológicas na Cesariana 
 A escolha do melhor procedimento anestesiológico depende da espécie animal e 
das suas condições orgânicas no momento da cirurgia. Pode-se realizar desde uma 
anestesia geral, venosa ou inalatória, um bloqueio loco-regional ou uma simples 
infiltração anestésica na linha de incisão. Não há um protocolo anestésico ideal para 
toda parturiente, este deve prover segurança para a parturiente e o feto, conveniência 
para a realização da intervenção com rapidez, e familiaridade com a técnica anestésica. 
Lembrando-se sempre que farmacologicamente a barreira placentária comporta-se como 
a barreira hemato-encefálica no tocante a passagem das drogas anestesiológicas, o que 
acarreta uma influencia direta no feto. O grau de depressão cardiorrespiratória 
observado na parturiente sob ação de drogas anestesiológicas se reflete em um grau 
mais acentuado no feto. A quantidade de droga que atravessa a placenta e alcança a 
circulação fetal é descrito pela equação de Fick: 
 
 Q/t = k A (Cm – Cf) 
 D 
 Onde temos que: 
Q/t = quantidade da droga difundida por unidade de tempo 
K = constante de difusão da droga 
A = área da placenta 
D = espessura da placenta 
Cm = concentração da droga no sangue materno 
Cf = concentração da droga no sangue fetal 
 
 A constante K é especifica de cada droga sendo determinada pelo peso 
molecular, grau de ligação com proteínas plasmáticas, lipossolubilidade e grau de 
ionização. Este é determinado pelo pKa da droga e pelo pH do sangue. A maior parte 
das drogas anestésicas possui um valor de K elevado por apresentarem baixo peso 
molecular, alta lipossolubilidade, baixo grau de ionização e baixo grau de ligação 
protéica. A exigência de barbitúricos se torna menor nas acidemias, pois o seu pKa é 
igual a 7,6 e na presença de pH < 7,6 ocorre aumento da fração não-ionizada, que é a 
ativa. Deve-se considerar ainda que o sangue fetal apresenta-se com um pH em torno de 
0,1 unidades menor do que o sangue materno. Isto acarreta em um grau maior de ação 
anestésica, além de favorecer maior concentração das drogas de caráter básica no 
 6
sangue fetal, como os opiáceos e os anestésicos locais. Outro fator de complicação para 
a vitalidade fetal é o não amadurecimento do seu sistema microssomal hepático. 
 
6. Protocolo Anestesiológico 
 As drogas a serem empregadas na pré-medicação, pré-anestesia, durante a 
anestesia e na recuperação pós-anestésica devem ser cuidadosamente selecionadas e 
apropriadamente administradas para evitar tanto a depressão materna quanto a fetal 
além de promover a vitalidade e o vigor neonatal. Além disto, o procedimento 
anestesiológico deve ser rápido e permitir imediata cirurgia para pronta retirada do(s) 
feto(s). Dependendo das condições clínicas da parturiente no momento da intervenção, 
o procedimento anestesiológico pode-se restringir ao emprego de contenção e anestésico 
local na linha de incisão, seguido ou não de indução anestésica após a retirada do(s) 
feto(s). Este procedimento deve ser adotado nas parturientes que são atendidas depois 
de transcorridos mais de 48 horas de trabalho de parto e se encontram em profundo 
estado de esgotamento e toxemia e o feto em processo de decomposição. Deve-se tomar 
cuidado redobrado com as parturientes da espécie suína, pois estas apresentam uma 
grande labilidade cardiorrespiratória, o que as torna susceptível ao estresse adicional por 
baixo limiar orgânico adaptacional. De modo geral, pode-se adotar um protocolo que 
segue as seguintes recomendações: 
a. Pré-medicação: pode ser adotado o emprego de glicose, soro 
fisiológico, oxigênio com mascara (três a cinco minutos) e atropina (0,04 
mg/kg) ou glicopirrolatos (0,011 mg/kg). 
b. Pré-anestesia: deve-se evitar o emprego de tranqüilizantes, sedativos, 
hipnóticos e opiáceos. Exceto em pacientes agitados e agressivos. Os 
fenotiazídicos, as butirofenonas, os benzodiazepínicos, a xilazina e os 
opiáceos cruzam rapidamente a placenta e causam depressão respiratória, 
além de letargia, hipotonia e hipotermia no feto. Quando não causam a 
morte do feto observa-se um efeito residual que pode permanecer por 
mais de 24 horas. 
c. Anestesia local: é o procedimento mais empregado. Os anestésicos ester 
– derivados ou para-aminobenzóicos, como a procaína, e a tetracaína, são 
mais recomendados por serem metabolizados pela pseudocolinesterase 
plasmática materna ou fetal. Enquanto que os anestésicos amino-
derivados, como a lidocaína, mepivacaína, bupivacaína e etidocaína, 
 7
requerem metabolização pelo sistema microssomal hepático, o que 
acarreta em maior risco de intoxicação, principalmente para o feto. A 
anestesia local na linha de incisão pode seR empregada ou a anestesia 
epidural. Neste tipo de anestesia deve-se tomar cuidados com o decúbito, 
principalmente nos pequenos animais, e a dose que deve sempre ser 
menor do que a usual devido ao aumento da congestão vascular no canal 
medular na parturiente. Há sempre um risco de hipotensão por bloqueio 
simpático que deve ser prevenido pelo emprego de infusão intravenosa 
de fluidos. 
d. Anestesia geral: os barbituratos, como o thiopental, thiamylal, 
methohexital, podem ser empregados, pois provocam pouca depressão 
respiratória fetal quando empregados em doses inferiores a usual na 
espécie. O etomidato é um hipnótico não-barbiturato que também pode 
ser empregado. Pode ser empregado na indução a associação de 
anestésico geral de ação ultracurta com relaxantes musculares, como a 
succinilcolina ou o pancurônio, por estes não atravessarem a barreira 
placentária. A cetamina pode ser empregada para indução, exceto para 
cães, em substituição aos barbituratos com certas vantagens, seguido de 
entubação e administração de anestésicos voláteis. O propofol (2,6 di-
isopropylphenol) é um agente hipnótico intravenoso, e pode substituir os 
barbituratos com algumas vantagens. Os agentes inalatórios cruzam a 
barreira placentária rapidamente e podem causar hipotensão materna, 
diminuição do fluxo sangüíneo uterino e acidose fetal. Os agentes menos 
solúveis como o halotano, isoflurano e enflurano são preferíveis ao 
metoxiflurano, que é muito solúvel. O sevofluorano, que possui baixo 
coeficiente de solubilidade sangüínea, tem sido empregado atualmente 
por produzir indução e recuperação anestésicas rápidas, permitindo fácil 
controle da profundidade anestésica. O oxido nitroso por causar mínima 
depressão fetal pode ser empregado associado ao agente inalatório para 
diminuir a quantidade final deste. 
e. Recuperação pós-anestésica: alguns medicamentos da terapêutica 
homeopática apresentam eficientes resultados na recuperação operatória, 
dentre estes pode ser utilizado imediatamente após a estubação ou o 
término da cirurgia o medicamento Nux vomica 6H, na dose entre cinco a 
 8
10 gotas, por via oral, a cada cinco minutos, até completa recuperação 
dos reflexos pela parturiente. 
 
7. Técnica Operatória 
 Os procedimentos de anti-sepsia e assepsia assim como o melhor protocolo 
anestesiológico para a parturiente em questão devem ser assegurados para garantir um 
desfecho favorável da intervenção cirúrgica. A paciente deve ser adequadamente 
contida, seja em estação ou em decúbito, dentro dos procedimentos preconizados para 
cada espécie animal e em função do seu estado clínico. 
 O acesso cirúrgico universal é a incisão pelo flanco, exceto nos primatas. Nos 
bovinos a incisão é sempre pelo lado esquerdo, estando o animal em estação ou em 
decúbito esterno-abdominal. Os pequenos ruminantes são mantidos em decúbito lateral 
direito. Nas cadelas, gatas e porcas a lateralidade é indiferente e o decúbito é sempre o 
lateral. As principais vantagens da incisão pelo flanco nos pequenos animais quando 
comparado com a laparotomia mediana consisteem menor risco de hipotensão e de 
contaminação da ferida cirúrgica, menos incômodo durante a amamentação e 
cicatrização mais rápida. Nas éguas a escolha do lado da incisão no flanco é 
determinada pela lateralidade do corno uterino gestante, verificada previamente por 
toque retal. Nesta espécie a cesárea pode ser realizada em estação ou em decúbito 
lateral. 
 A incisão da laparotomia deve ser disposta centralmente no vazio do flanco 
tendo como limites anatômicos dorsalmente a musculatura dorsal e as extremidades das 
apófises transversas, lateralmente a tuberosidade coxal de um lado e o arco costal do 
outro lado. O limite inferior inclui a dobra do flanco na altura do joelho, podendo 
chegar até próximo a base do aparelho mamário nas cadelas e gatas. A incisão inclui a 
pele, tecido celular subcutâneo, fáscia e aponeurose superficial. Os músculos oblíquos 
abdominais interno e externo, e o músculo transverso devem ser difusionados 
individualmente por manobra digital. A fáscia abdominal interna e o peritônio podem 
ser difusionados ou cortados com a tesoura, tomando-se cuidado com a superfície do 
útero ou do rúmen nos ruminantes, do epiploo, e das alças intestinais. Neste acesso pode 
ocorrer ruptura da artéria ilíaca circunflexa que emerge próximo à tuberosidade coxal, 
realizando-se a sua hemostasia somente após extração do feto. Nos grandes animais 
procura-se partes salientes de uma das extremidades do feto pela região dorsal uterina e 
traciona-se em direção à incisão promovendo uma torção uterina de até 90o. Desta 
 9
forma tem-se a canela do feto projetando-se pela parede uterina na incisão. A incisão no 
útero é realizada sobre o membro do feto, de dimensão suficiente para a extração do feto 
sem que ocorra laceração da parede uterina nas comissuras da incisão. Nos pequenos 
animais realiza-se a total evisceração uterina dispondo toda a superfície ventral uterina 
sobre o quarto posterior, e a incisão ocorre em sua superfície dorsal e na forma de um 
semi-arco, com a sua concavidade voltada para o septo mediano no corpo uterino. A 
incisão na serosa do útero é realizada com o bisturi, e a camada muscular e endometrial 
por meio de tesoura. 
 Nos grandes animais caso as bolsas alantoidiana e amniótica não tenham sido 
rompidas estas devem ser abertas antes da extração do feto. Este é retirado de forma 
lenta e progressiva, com a ajuda de um auxiliar, e o cordão umbilical é seccionado 
prévia drenagem sangüínea por compressão retrógrada digital. Nas éguas a placenta é 
mantida aderida ao endométrio enquanto que nas vacas extrai-se toda a placenta se não 
houver aderências. No caso de aderências extraem-se as partes exteriorizadas. Nos cães 
e gatos os fetos são extraídos dentro do saco coriônico e a abertura das bolsas fetais 
ocorre no momento da assistência neonatal. Deve-se evitar que liquido uterino caia na 
cavidade abdominal, caso isto ocorra deve-se lavar a cavidade com soro fisiológico 
aquecido, antes de seu fechamento. 
 A sutura da incisão uterina é sero-muscular invaginante, do tipo Lembert ou 
Cushing, em um ou dois planos, com fio absorvível do tipo cat-gut cromado. Após o 
fechamento do útero este é reposto na cavidade e realiza-se a laparorrafia. O peritônio 
pode ser fechado juntamente com a fáscia interna, com sutura tipo bolsa de tabaco ou 
por meio de sutura continua tipo Reverdin, com fio absorvível, tipo cat-gut cromado. Os 
planos musculares devem ser suturados individualmente por meio de um ou dois pontos 
de aproximação, do tipo simples, em x ou de Sultão. A pele pode ser suturada com fio 
inabsorvível, de algodão ou nylon, com pontos simples ou pontos de Wolff. 
 A cesariana na vaca pode também ser realizada pelo acesso ventro-lateral 
esquerdo por meio da incisão denominada para-mamária esquerda. Esta cirurgia é 
realiza em decúbito lateral direito e os limites da incisão são a prega do joelho, a veia 
subcutânea abdominal, e a base do úbere. A incisão é feita abaixo da prega do joelho 
sendo transpostos a pele, o tecido subcutâneo, a túnica flava (fáscia abdominal externa), 
o músculo reto abdominal e suas fáscias, e o peritônio. A laparorrafia segue em três 
planos, no primeiro plano sutura-se o peritônio e o músculo reto abdominal e suas 
fáscias com fio absorvível e ponto de Reverdin interrompido, no segundo plano a túnica 
 10
flava com fio inabsorvível e ponto em x, e no terceiro plano a pele com fio inabsorvível 
e pontos de Wolff. 
 
8. Pós-operatório 
 O pós-operatório pode variar em função da espécie animal e da indicação da 
cesariana. De modo geral, o procedimento terapêutico segue a rotina de uma cirurgia 
abdominal com a indicação de antibióticos e antiinflamatórios. Especificamente, é 
indicado o emprego de ocitocina para induzir a involução uterina, associado ao 
gluconato de cálcio. O curativo local deve ser trocado diariamente até completa 
cicatrização e retirada dos pontos, o que ocorre depois de transcorridos 10 dias. De 
forma simples e eficaz pode ser indicado os medicamentos homeopáticos Arnica 
montana 6CH, Calendula officinalis 6 CH, Pulsatila 6CH ou Actea racemosa 6 CH, 
por via oral, e a pomada de Calendula para aplicação tópica. 
 
9. Principais Complicações Pós-operatórias 
• Hemorragias 
• Deiscência de sutura 
• Colapso e choque 
• Toxemia ou Intoxicações puerperais 
• Septicemia 
• Morte 
 
10. Bibliografia 
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