Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
1 Aula 5 – Derivada: definic¸a˜o e exemplos A ideia que apresentaremos a seguir foram introduzidas por Newton e Leibnitz no se´culo XVIII. Ela consiste em definir a derivada de uma func¸a˜o f(x) em um ponto pode ser definida como a inclinac¸a˜o da reta tangente ao gra´fico de f neste ponto. Seja f(x) a curva definida no intervalo [a, b] conforme a figura 1 e sejam P = (x1, y1) e Q = (x2, y2) dois pontos desta curva. Figura 1: [2], p.144 Considere s a reta secante passando por estes pontos e o triaˆngulo PMQ que deter- mina a inclinac¸a˜o (ou coeficiente angular) da reta s. Ou seja, tgα = ∆y ∆x = y2 − y1 x2 − x1 Figura 2: [2], p.144 Suponhamos agora que, mantendo o ponto P fixo o ponto Q se mova sobre a curva em direc¸a˜o a` P . Desta forma, a inclinac¸a˜o da reta secante s sofrera´ variac¸o˜es. A` medida que Q vai se aproximando cada vez mais de P a variac¸a˜o da inclinac¸a˜o da reta secante 1 varia cada vez menos, tendendo para um valor limite constante, veja a figura 2. Este valor limite e´ chamado inclinac¸a˜o da reta tangente da curva f no ponto P . Definic¸a˜o 1.1. Dada uma y = f(x) a inclinac¸a˜o da reta tangente a esta curva no ponto P = (x1, y1) e´ dada por m(x1) = lim Q→P ∆y ∆x = lim x2→x1 y2 − y1 x2 − x1 = limx2→x1 f(x2)− f(x1) x2 − x1 quando o limite existe. Fazendo x2 = x1 + h temos m(x1) = lim h→0 f(x1 + h)− f(x1) h Exemplo 1.2. Encontre a inclinac¸a˜o da reta tangente a` curva f(x) = x2 − 2x + 1 no ponto P = (x1, y1) Resoluc¸a˜o: Vamos calcular o seguinte limite m(x1) = lim h→0 f(x1 + h)− f(x1) h = lim h→0 (x1 + h) 2 − 2(x1 + h) + 1− [x21 − 2x1 + 1] h = lim h→0 x21 + 2x1h+ h 2 − 2x1 − 2h+ 1− x21 + 2x1 − 1 h = lim h→0 h(2x1 + h− 2) h = lim x→0 (2x1 + h− 2) = 2x1 − 2 Observac¸a˜o 1.3. Observe que se x1 > 1 temos que a inclinac¸a˜o da reta tangente e´ um valor positivo, ou seja, e´ uma reta crescente. Caso contra´rio, se x1 < 1 a inclinac¸a˜o e´ negativa e, portanto, a reta tangente e´ decrescente. No ponto x1 = 1 a inclinac¸a˜o da reta tangente e´ zero, ou seja, a reta tangente e´ paralela ao eixo-x. Exemplo 1.4. Deˆ a equac¸a˜o da reta tangente a` curva y = f(x) = 2x2 + 3 no ponto cuja abscissa e´ 2. Resoluc¸a˜o: A inclinac¸a˜o da reta tangente e´ dada por m(x) = lim h→0 f(x+ h)− f(x) h = lim h→0 2(x+ h)2 + 3− [2x2 + 3] h = lim h→0 2(x2 + 2xh+ h2) + 3− [2x2 + 3] h = lim h→0 2x2 + 4xh+ 2h2 + 3− 2x2 − 3 h = lim h→0 4xh+ 2h2 h = lim h→0 h(4x+ 2h) h = lim h→0 4x+ 2h = 4x 2 Assim, no ponto x = 2 temos que a inclinac¸a˜o da reta tangente a` curva neste ponto e´ m(2) = 8. Se x = 2 e´ a abscissa de um ponto da curva, enta˜o y = f(2) = 11 e´ o valor da ordenada. Para determinarmos a equac¸a˜o da reta passando pelo ponto (2, 11) cuja inclinac¸a˜o e´ 8, substitu´ımos o ponto na equac¸a˜o da reta y = 8x+ b. Logo, obtemos b = −5. Portanto, a equac¸a˜o da reta tangente a` curva no ponto (2, 11) e´ dada por y = 8x− 5 Definic¸a˜o 1.5. A derivada de uma func¸a˜o f(x) no ponto x1, denotada por f ′(x1) e´ definida por f ′(x1) = lim h→0 f(x1 + h)− f(x1) h Observe que este limite nos da´ a inclinac¸a˜o da reta tangente a` curva y = f(x) no ponto x1. Portanto, geometricamente, a derivada da func¸a˜o f no ponto x1 representa a inclinac¸a˜o da reta tangente a` curva neste ponto. Observac¸a˜o 1.6. Uma outra notac¸a˜o para derivada de f(x) no ponto x1 pode ser dada por df dx (x1). Exemplo 1.7. Dada a func¸a˜o f(x) = 5x2 + 6x− 1 encontre o valor de f ′(2) e de f(−1). Resoluc¸a˜o: Podemos encontrar a derivada, primeiramente, em um ponto x qual- quer e depois de obter f ′(x) substitu´ımos os pontos desejados. f ′(x) = lim h→0 f(x+ h)− f(x1) h = lim h→0 5(x+ h)2 + 6(x+ h)− 1− [5x2 + 6x− 1] h = lim h→0 5(x2 + 2xh+ h2) + 6x+ 6h− 1− 5x2 − 6x+ 1 h = lim h→0 5x2 + 10xh+ 5h2 + 6x+ 6h− 1− 5x2 − 6x+ 1 h = lim x→0 10xh+ 5h2 + 6h h = lim x→0 h(10x+ 5h+ 6) h = lim x→0 10x+ 5h+ 6 = 10x+ 6 Logo, num ponto qualquer a derivada da func¸a˜o e´ f ′(x) = 10x+ 6 enta˜o temos f ′(2) = 26 e f ′(−1) = −4 Exerc´ıcio 1.8. Dada a func¸a˜o f(x) = √ x encontre a derivada f ′(4) e f ′(3). Resoluc¸a˜o: Podemos encontrar a derivada, primeiramente, em um ponto x qual- 3 quer e depois de obter f ′(x) substitu´ımos os pontos desejados. f ′(x) = lim h→0 f(x+ h)− f(x1) h = lim h→0 √ x+ h−√x h = lim h→0 ( √ x+ h−√x)(√x+ h+√x) h( √ x+ h+ √ x) = lim h→0 ( √ x+ h)2 + √ x+ h √ x−√x+ h√x− (√x)2 h( √ x+ h+ √ x) = lim x→0 x+ h− x h( √ x+ h) = lim x→0 h h( √ x+ h+ √ x) = lim x→0 1√ x+ h+ √ x = 1 2 √ x Logo, num ponto qualquer a derivada da func¸a˜o e´ f ′(x) = 1 2 √ x enta˜o f ′(4) = 1 4 e f ′(3) = 1 2 √ 3 Exemplo 1.9. Encontre a derivada da func¸a˜o f(x) = ln x. Resoluc¸a˜o: Para obtermos a derivada num ponto x qualquer do domı´nio de f fazemos f ′(x) = lim h→0 f(x+ h)− f(x1) h = lim h→0 ln(x+ h)− lnx h = lim h→0 ln ( x+h x ) h = lim h→0 1 h · ln (x+ h x ) = lim h→0 ln (x+ h x ) 1 h = lim h→0 ln ( 1 + h x ) 1 h Para resolvermos o u´ltimo limite fazemos a seguinte mudanc¸a de varia´vel t = h x enta˜o h = x · t Se h→ 0 enta˜o t→ 0. Voltando no ca´lculo do limite temos f ′(x) = lim h→0 ln ( 1 + h x ) 1 h = lim t→0 ln ( 1 + t ) 1 xt = lim t→0 1 x ln ( 1 + t ) 1 t = 1 x · ln [ lim t→0 ( 1 + t ) 1 t ] O u´ltimo limite tambe´m e´ calculado fazendo uma mudanc¸a de varia´vel, onde r = 1 t enta˜o t = 1 r Se t→ 0± enta˜o t→ ±∞. Logo, voltando no limite temos f ′(x) = 1 x · ln [ lim t→0 ( 1 + t ) 1 t ] = 1 x · ln [ lim r→±∞ ( 1 + 1 r )r] = 1 x · ln e = 1 x 4 Para os pro´ximos exemplos vamos utilizar as seguintes identidades trigonome´tricas: 1. sin p− sin q = 2 sin(p−q 2 ) cos(p+q 2 ) 2. cos p− cos q = −2 sin(p+q 2 ) sin(p−q 2 ) Exemplo 1.10. Encontre a derivada da func¸a˜o f(x) = sin x. f ′(x) = lim h→0 f(x+ h)− f(x1) h = lim h→0 sin(x+ h)− sinx h = lim h→0 2 sin(x+h−x 2 ) cos(x+h+x 2 ) h = lim h→0 2 sin(h 2 ) cos(2x+h 2 ) h = lim h→0 [2 sin(h 2 ) h · cos(x+ h/2) ] = lim h→0 sin(h 2 ) h/2 · lim h→0 cos(x+ h/2) = cos(x) Exemplo 1.11. Encontre a derivada da func¸a˜o f(x) = cos x. f ′(x) = lim h→0 f(x+ h)− f(x1) h = lim h→0 cos(x+ h)− cosx h = lim h→0 −2 sin(x+h+x 2 ) sin(x+h−x 2 ) h = lim h→0 −2 sin(2x+h 2 ) sin(h 2 ) h = lim h→0 [ − sin(x+ h/2) · 2 sin( h 2 ) h ] = lim h→0 − sin(x+ h/2) · lim h→0 sin(h 2 ) h/2 = − sin(x) Exemplo 1.12. Encontre a derivada da func¸a˜o exponencial f(x) = ax, com a > 0 e a 6= 1 f ′(x) = lim h→0 f(x+ h)− f(x1) h = lim h→0 ax+h − ax h = lim h→0 ax · ah − ax h = lim h→0 ax · (ah − 1) h = ax · lim h→0 (ah − 1) h = ax · ln a Observac¸a˜o 1.13. Observe que se f(x) = ex enta˜o a sua derivada e´ f ′(x) = ex. 1.0.1 Regras de derivac¸a˜o A seguir vamos listar as regras de derivac¸a˜o. Todas elas podem ser demonstradas usando a definic¸a˜o de derivada. 1. Se c e´ uma constante e f(x) = c para todo x ∈ R enta˜o f ′(x) = 0; 2. “Regra do tombo”: Se r e´ um nu´mero racional e f(x) = xr enta˜o f ′(x) = r · xr−1; 3. Seja g(x) = c · f(x), onde c e´ uma constante. Enta˜o g′(x) = c · f ′(x); 4. Sejam f(x) e g(x) duas func¸o˜es tais que as derivadas f ′(x) e g′(x) existam. Enta˜o (f + g)′(x) = f ′(x) + g′(x); 5 5. “Regra do produto”:Sejam f(x) e g(x) duas func¸o˜es tais que as derivadas f ′(x) e g′(x) existam. Enta˜o (f · g)′(x) = f ′(x) · g(x) + f(x) · g′(x); 6. Sejam f(x) e g(x) duas func¸o˜es tais que as derivadas f ′(x) e g′(x) existam e g(x) 6= 0. Enta˜o (f g )′ (x) = f ′(x) · g(x)− f(x) · g′(x) [g(x)]2 ; 7. “Regra da cadeia”: Sejam f(x) e g(x) duas func¸o˜es tais que as derivadas f ′(x) e g′(x) existam. Enta˜o (f ◦ g)′(x) = f ′(g(x)) · g′(x) Exemplo 1.14. Encontre a derivada das func¸o˜es abaixo no ponto dado. 1. f(x) = x5 + x3/2 − 5x+ 19. No ponto x = 1. Resp: f ′(1) = 3/2 2. g(x) = −4x8. No ponto x = 2. Resp: g′(2) = −4096 3. p(x) = 10. No ponto x = −2. Resp: p′(2−) = 0 4. r(x) = x2 · cosx. No ponto x = pi/2. Resp: r′(pi/2) = −pi2/4 5. f(x) = 2x 4−3 x2−5x+3 . No ponto x = 0. Resp: f ′(0) = 5/3 6. f(x) = (x2 + 5x+ 2)7. No ponto x = 1 7. h(x) = √ 9 + x2. No ponto x = 1 8. g(x) = sin(5x). No ponto x = pi/5 9. h(x) = ex + lnx. No ponto x = 2 10. p(x) = tgx 6 Refereˆncias [1] A. C. Chiang, K. Wainwright, Matema´tica para Economistas – Campus, 4a. edic¸a˜o, 2006. [2] D. M. Flemming; M. B. Gonc¸alves. Ca´lculo A: func¸o˜es, limite, derivac¸a˜o, noc¸o˜es de integrac¸a˜o. Pearson Education, 1992. [3] A. Howard, B. Irl, D. Steephen, P. Thomas, Calculus-early transcendentals, vol 2, Wiley, 2002. [4] J. Stewart, Calculus – Early Transcendentals, 6th edition, 2007. [5] N. Gregory Mankiw. Introduc¸a˜o a` economia. Traduc¸a˜o: Allan Vidigal Hastings, Eli- sete Paes e Lima. Revisa˜o te´cnica: Manuel Jose´ Nunes Pinto. Sa˜o Paulo : Cengage Learning, 2014. 7 Aula 5 – Derivada: definição e exemplos Regras de derivação
Compartilhar