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Aula 03 ADM I

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PRINCÍPIOS RECONHECIDOS
Supremacia do Interesse Público
Sendo o bem comum a finalidade única do Estado, em um eventual confronto entre um interesse individual e o interesse coletivo, sempre prevalecerá o segundo. Em outras palavras, a atuação do Estado deve sempre estar voltada para a consecução dos interesses públicos, de modo que em havendo conflito entre o interesse privado e o público, repita-se, este último prevalecerá. Exs.: desapropriação, cláusulas exorbitantes, auto-executoriedade dos atos administrativos, poder de polícia, etc.
		O fundamento deste princípio é que o indivíduo deve ser tido como parte integrante da sociedade, não podendo os direitos individuais se sobreporem aos direitos coletivos.
		Embora seja um princípio implícito no texto constitucional, encontra-se explicitado no art. 2º, caput da Lei 9784/99, e deve ser plicado a todos os ramos do direito público.
DI PIETRO aponta que este princípio deve ser utilizado pelo legislador e pelo agente público. Trata-se de um princípio irrenunciável pelo agente público. Se o agente não atua quando deveria, teríamos aí configurada uma omissão da administração suscetível até de responsabilidade funcional.
Indisponibilidade do Interesse Público
A idéia aqui é a de que o administrador não é titular do interesse público, portanto não tem poder de disposição sobre ele. Melhor explicando... o princípio da indisponibilidade do interesse público estabelece que o administrador não pode deixar de atuar quando o interesse público assim o exigir, mas ao mesmo tempo sua atuação fica limitada, restrita ao interesse público (toda vez que a administração precisar contratar, ela está obrigada licitar, ressalvados os casos de dispensa e inexigibilidade previstos na própria lei 8666/93).
Pois bem, os dois princípios acima discutidos são a base do chamado regime jurídico administrativo, sintetizado nas prerrogativas que o Estado goza x limitações a que o Estado se submete. 
Princípio da Autotutela
		A Administração Pública deve controlar seus próprios atos, apreciando-os quanto ao mérito (oportunidade e conveniência) e quanto à legalidade. Trata-se do poder-dever administrativo de autotutela.
Este controle ocorre da seguinte forma:
Revogação » extinção do ato administrativo legal em razão de inconveniência ou inoportunidade » feita apenas pela administração pública, com efeitos ex nunc;
Anulação » extinção do ato administrativo em razão de ilegalidade » podendo ser feita pela administração pública ou pelo judiciário, com efeitos ex tunc.
O STF se refere à autotutela em duas súmulas:
Súmula 346 » A administração pública pode declarar a nulidade dos seus próprios atos.
Súmula 473 » A administração pode anular seus próprios atos, quando eivados de vícios que os tornam ilegais, porque deles não se originam direitos; ou revogá-los, por motivo de conveniência ou oportunidade, respeitados os direitos adquiridos, e ressalvada, em todos os casos, a apreciação judicial.
Além do mais, a Lei 9784/99 nos traz os seguintes preceitos:
Art. 53 » A Administração deve anular seus próprios atos, quando eivados de vício de legalidade, e pode revogá-lo por motivo de conveniência ou oportunidade, respeitados os direitos adquiridos.
Art. 54 » O direito da administração de anular os atos administrativos de que decorram efeitos favoráveis para os destinatários decai em cinco anos, contados da data em que foram praticados, salvo comprovada má-fé.
Quanto à revogação, como não há previsão legal quanto ao prazo nem quanto às situações em que seria permitida, a doutrina e a jurisprudência se encarregaram de apresentar alguns limites, proibindo, por exemplo, a revogação de: “atos vinculados”, vez que não é possível avaliar a conveniência ou a oportunidade; atos que já exauriram seus efeitos vez que a revogação produz efeitos ex nunc.
Princípio da Razoabilidade e da Proporcionalidade
		
		Este princípio aponta para padrões de aceitabilidade (standards). O ato é razoável se estiver dentro daquilo que a coletividade entende que é razoável ou aceitável, sem excessos, com meios e fins compatíveis (proporcionalidade).
A idéia aqui é a de que a razoabilidade exige que haja proporcionalidade entre os meios utilizados e os fins objetivados. Em outras palavras respeitar esse princípio é observar o binômio: adequação x necessidade.
A proporcionalidade está prevista no art. 2º, parágrafo único, VI, da Lei 9784/99 – “adequação entre meios e fins, vedada a imposição de obrigações, restrições e sanções em medida superior àquelas estritamente necessárias ao atendimento do interesse público”. Neste sentido, por exemplo: a punição de demissão para um agente público que chegou atrasado ao trabalho viola o princípio da proporcionalidade (REsp. 875.425/RJ).
Julgado interessante! Vejamos:
ADI 855 / PR – PARANÁ
AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE
Relator(a): Min. OCTAVIO GALLOTTI
Relator(a) p/ Acórdão: Min. GILMAR MENDES
EMENTA: Ação direta de inconstitucionalidade. Lei 10.248/93, do Estado do Paraná, que obriga os estabelecimentos que comercializem Gás Liquefeito de Petróleo - GLP a pesarem, à vista do consumidor, os botijões ou cilindros entregues ou recebidos para substituição, com abatimento proporcional do preço do produto ante a eventual verificação de diferença a menor entre o conteúdo e a quantidade líquida especificada no recipiente. Violação ao princípio da proporcionalidade e razoabilidade das leis restritivas de direitos. Ação julgada procedente.
		Nota-se, com clareza, que este princípio acaba sendo de difícil exame, já que utiliza critérios muito subjetivos. Em razão disso, CRAVALHO FILHO entende que este princípio, por si só, não pode afastar a licitude e legitimidade do ato administrativo. Isso porque não compete ao Judiciário se imiscuir na tarefa de gerência da coisa pública. Por outro lado, haveria possibilidade do Judiciário verificar tal hipótese, quando o ato se mostra indiscutivelmente “irrazoável” no que toca o afastamento das premissas da legalidade, da moralidade ou da finalidade pública.
Percebam que atos que violarem a razoabilidade ou a proporcionalidade não serão considerados inconvenientes, e sim ILEGAIS! Vez que ofenderão a finalidade da lei, admitindo correção, inclusive pelo Poder Judiciário.
Princípio da Finalidade
		Para Celso Antônio Bandeira de Mello, trata-se de um princípio em apartado, em que o administrador deve cumprir a finalidade pública definida em lei.
Melhor explicando... o princípio da finalidade exige que o administrador persiga o objetivo legal, certo e inafastável de qualquer ato administrativo: o interesse público, o bem comum, além das finalidades específicas apontadas na lei, sob pena de ilegalidade do ato.
Princípio da Motivação 
		A idéia aqui é a de que Administração Pública deve indicar (justificativa escrita) os fundamentos de fato e de direito que sustentam determinada decisão ou ato administrativo.
Trata-se também de um mecanismo de controle sobre a legalidade e legitimidade das decisões da Administração Pública.
		Atualmente este princípio está expresso nos arts. 93, X e 128, §4º da CF/88, e nos arts. 2º e 50 da Lei 9.784/99.
		Parte da doutrina entende que a motivação seria obrigatória somente quando existir previsão expressa de lei. Ademais, sustenta que o art. 93 da Constituição só se aplica a atos de conteúdo decisório. Diz ainda que o art. 50 da Lei 9784/99 que exige a motivação em alguns atos sob pena de invalidação por vício de forma, a contrário senso, assinala para não obrigatoriedade nos demais casos. Para uma segunda corrente, a motivação seria obrigatória para todos os atos administrativos em razão de vários dispositivos constitucionais dentre eles o art. 1º, II; 5º XXXV; 5º, XXXIII (a crítica aqui é que a Administração não faria outra coisa senão ter que ficar motivando seus atos o tempo todo). Uma terceira corrente, aproximando as duas correntes
anteriores, defende a tese que deve-se motivar todos os atos com previsão expressa para tal e àqueles que trazem repercussão patrimonial para os envolvidos no ato. 
Obs* - Existem atos que dispensam motivação escrita; exemplo: nomeação e exoneração de cargos comissionados (ad nutum).
Atenção! Teoria dos motivos determinantes » afirma que o motivo apresentado como fundamento fático da conduta vincula a validade do ato administrativo. Assim, havendo comprovação de que o alegado pressuposto de fato é falso ou inexistente, o ato acaba tornando-se nulo.
Princípio da Continuidade
		Continuidade significa ausência de interrupção, de modo que, este princípio estabelece que a atividade administrativa não pode parar. Expresso na Lei 8987/95 e implícito no texto constitucional, deste princípio decorrem alguns questionamentos importantes; vejamos:
1º) O servidor público tem direito de greve?
Inicialmente, cumpre esclarecer que os militares não têm direito de greve nem de sindicalização, por expressa vedação constitucional.
O servidor público em sentido estrito, sim, nos termos de “lei específica”. A propósito, o STF considera que o direito de greve é norma de eficácia limitada: o exercício do direito fica limitado à edição de lei específica.
No que tange aos servidores civis, o STF, ao julgar Mandado de Injunção referente à matéria, que, enquanto não houver lei específica a regulamentar a greve dos servidores públicos, será utilizada a lei geral de greve (Lei 7783/89) para o exercício deste direito.
2º) É possível interromper a prestação de um serviço público em virtude do inadimplemento por parte do usuário?
A lei 8987/95, em seu art. 6º, §3º, diz que é possível interrupção nos seguintes termos:
§ 3º - Não se caracteriza como descontinuidade do serviço a sua interrupção em situação de emergência ou após prévio aviso, quando:
I – motivada por razões de ordem técnica ou de segurança das instalações; e,
II – por inadimplemento do usuário, considerando o interesse da coletividade. 
Acerca da interrupção por motivos de ordem técnica, não há discussão. No que tange ao inadimplemento, a interrupção é constitucional, desde que avisado previamente. Situação mais controvertida... é quando o inadimplente é por exemplo um hospital. Majoritariamente, entende-se que não pode interromper, pois se trata de um serviço essencial à coletividade.
O mesmo raciocínio foi utilizado no EREsp 845982/RJ em que o inadimplente era um município e o serviço prestado era de fornecimento de energia elétrica.
3º) A exceção de contrato não cumprido pode ser aplicada em contratos com a administração?
Exceptio non adimpleti contractus é o direito de suspender a execução do contrato em face do inadimplemento da outra parte. Segundo a Lei 8666/93, art. 78, XV, o particular tem direito de invocar a exceção do contrato não cumprido, desde que a administração seja inadimplente por mais de 90 dias (de qualquer forma, precisa ser realizada junto ao judiciário).
Princípio do Contraditório e da Ampla Defesa
Previsto no art. 5º, LV, da Constituição Federal, resumidamente, é o direito de saber o que acontece no processo, bem como o direito de se manifestar na relação processual.
Quando se fala em ampla defesa, a doutrina analisa a presença de três aspectos:
I - Defesa prévia – indiscutivelmente aplicado no âmbito administrativo » é o direito de se manifestar antes de uma decisão administrativa.
II – Defesa técnica – nesse aspecto temos a súmula 343 do STJ que diz que “É obrigatória a presença de advogado em todas as fases do processo administrativo disciplinar”. Por outro lado, temos também a súmula vinculante nº 05 que estabelece que “A falta de defesa técnica por advogado no processo administrativo disciplinar não ofende a Constituição”.
III – Direito ao duplo grau – na esfera administrativa ganhou o reforço da súmula vinculante nº21, que diz que “É inconstitucional a exigência de depósito ou arrolamento prévios de dinheiro ou bens para admissibilidade de recurso administrativo”, afastando assim por completo a “barreira” que restringia o exercício do duplo grau. 
Princípio da Presunção de Legitimidade 
		Os atos administrativos presumem-se legítimos, já que estão escudados na lei. Esta presunção é relativa, admitindo-se prova em contrário, cabendo o ônus probatório a quem aponta a ilegalidade, o que normalmente é atribuído aos administrados.
		Disso decorre a auto-executoriedade do ato administrativo, na maioria dos casos (execução direta e imediata do ato administrativo).
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