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Ciclos Biogeoquímicos Introdução O planeta Terra pode ser considerado um sistema “fechado”, cujo limite é a atmosfera, demarcada pelo espaço circundante. Mas este sistema é, ao mesmo tempo, um sistema dinâmico, em constante movimento, provido pela energia que vem do Sol. As substâncias encontradas na natureza são transformadas para compor a matéria orgânica e depois voltar para o ambiente. Assim, compondo as rochas, a água e todos os organismos, os elementos químicos passam de uma forma para outra. Em um momento, fazem parte de um ser vivo, em outro são liberados no ambiente pela decomposição, eventualmente vão compor uma rocha, e assim por diante. Por este motivo, os nutrientes responsáveis pelo desenvolvimento e crescimento dos organismos são reutilizados várias vezes pelas plantas e animais antes de voltarem a compor as rochas. Os elementos passam por caminhos no ambiente, por vias biológicas ou por ações geológicas, carregados pelas águas e ventos ou compondo um ser vivo. Estes caminhos percorridos pelos elementos são conhecidos como ciclos biogeoquímicos, pois envolvem os componentes bióticos e abióticos do planeta, atravessando ecossistemas, e mudando constantemente. Além disso, como a quantidade total de nutrientes que circula no planeta se mantém praticamente constante, as quantidades que saem (ou são consumidas) são compensadas por entradas (ou são produzidas), fechando o ciclo em uma escala global, que no tempo geológico pode levar centenas de milhões de anos. Ciclos Biogeoquímicos A Biogeoquímica é a ciência que estuda a troca ou a circulação de matéria entre os componentes vivos e componentes físico‐químicos da Biosfera. Odum, 1971 As vias dos ciclos da matéria envolvem transformações que podem fazer parte de processos biológicos (como a fotossíntese), de processos de natureza física (como a deposição de sedimentos), ou de processos químicos (como o intemperismo sobre as rochas). Por isso chamamos estes ciclos de Ciclos Biogeoquímicos. Em qualquer ecossistema existem estes ciclos. Ciclo: representa a circulação da matéria, sugerindo que ela, mesmo que mude, em algum momento irá retornar à condição anterior. Bio: indica a participação dos seres vivos pelos processos de síntese orgânica e decomposição. Geo: retrata o ambiente, principalmente solo, também chamado de reservatório dos elementos. Químico: designa os processos químicos e bioquímicos que acontecem com os elementos. Em qualquer ciclo biogeoquímico existe a retirada do elemento ou substância do meio, sua utilização por seres vivos e posterior devolução para o meio. O conhecimento sobre os processos dos ciclos biogeoquímicos é importante para a compreensão de nosso ambiente, principalmente para entendermos como influenciamos no meio em que vivemos e para avaliarmos e solucionarmos os impactos ambientais que causamos. Essa compreensão ajudaria a responder perguntas como a intensidade de contaminações e formas de minimizar impactos. Relembrando: Fluxo de energia = unidirecional Fluxo da matéria = cíclico Classificação dos ciclos biogeoquímicos Odum (1972) classifica os ciclos biogeoquímicos de acordo com os reservatórios que eles apresentam: ciclos gasosos: possuem o depósito abiótico na atmosfera. Graças à grande dinâmica deste meio, possuem eficazes mecanismos de auto‐regulação. Exemplos: ciclo do nitrogênio e ciclo do oxigênio; ciclos sedimentares: possuem o depósito abiótico na crosta terrestre, em rochas; estes ciclos são mais vulneráveis a perturbações externas, pelo fato deste depósito ter um tempo muito elevado de recirculação. Exemplos: ciclo do cálcio e ciclo do fósforo; ciclos mistos: possuem ambos os depósitos (sedimentares e atmosféricos). Um ciclo pode apresentar partes mineral, sedimentar e gasosa, mas uma dessas partes sempre terá maior predominância. Além dessa classificação, é muito comum dividirmos o ciclo de determinado elemento em dois momentos: o biológico e o geológico. E é importante entender esta diferença. Enquanto a fase biológica é realizada pelos seres vivos (através de processos metabólicos), a geológica é realizada por fatores abióticos. Por isso, comparando o tempo de vida dos organismos com os processos geológicos, podemos compreender que o ciclo biológico é bem mais rápido que o ciclo geológico. Se pergunte: quantas vezes o carbono serviu de alimento e foi decomposto enquanto o carbono da rocha estava sendo lentamente liberado pelos processos erosivos? Por isso as rochas são consideradas reservatórios destes elementos, onde eles são lentamente depositados. De maneira resumida, os elementos que compõem o ambiente serão absorvidos pelos seres vivos e posteriormente liberados de volta neste ambiente. Os elementos livres vão se depositando, formando os reservatórios rochosos, e serão novamente liberados por processos erosivos ou de atividade vulcânica. Discutiremos aqui os ciclos biogeoquímicos dos elementos mais importantes para a formação da vida: a Água, o Carbono, o Oxigênio, o Cálcio, o Enxofre, o Fósforo e o Nitrogênio. Além disso, abordaremos a importância dos elementos para os seres vivos e os problemas ambientais mais comuns em cada ciclo, decorrentes da interferência do homem nestes processos.
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