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14
Sistema de Ensino Presencial Conectado
serviço social
maria aparecida sousa lima reis 
ATUAÇÃO DO ASSISTENTE SOCIAL FRENTE AO USO DE DROGAS LÍCITAS E ILÍCITAS E SUAS CONSEQUÊNCIAS SOCIAIS E ECONÔMICAS – O AVANÇO DO CRACK
Juazeiro
2013.2
maria aparecida sousa lima reis 
ATUAÇÃO DO ASSISTENTE SOCIAL FRENTE AO USO DE DROGAS LÍCITAS E ILÍCITAS E SUAS CONSEQUÊNCIAS SOCIAIS E ECONÔMICAS – O AVANÇO DO CRACK
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Universidade Norte do Paraná - UNOPAR, como requisito parcial para a obtenção do título de Bacharel em Serviço Social.
Orientador: Prof. Rodrigo Eduardo Zambom
Juazeiro
2013.2
Londrina, _____de ___________de 20___.
maria aparecida sousa lima reis 
ATUAÇÃO DO ASSISTENTE SOCIAL FRENTE AO USO DE DROGAS LÍCITAS E ILÍCITAS E SUAS CONSEQUÊNCIAS SOCIAIS E ECONÔMICAS – O AVANÇO DO CRACK
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado a professor 
Rodrigo Eduardo Zambom
 
da
 disciplina de orientação de monografia do curso de Bacharel em Serviço Social modalidade à distância, ministrado pela Universidade Norte do Paraná, em cumprimento às exigências para a conclusão da disciplina.
Aprovada em:
___
___________________________________________
Coordenador do Curso de 
Bacharel em Serviço Social
BANCA EXAMINADORA
_____________________________________________________________
Professor (a) Especialista 
_____________________________________________________________
Banca Examinadora 1
_____________________________________________________________
Banca Examinadora 2
Juazeiro-BA
2013.2
Dedico este trabalho...
Dedico este trabalho ao meu esposo Francisco pelo nosso imenso amor e pela força que me motiva, e aos amigos por estarem sempre conosco em todas as horas. Vocês sempre farão parte de minha história.
Dedico este trabalho...
agradecimentos
Agradeço primeiramente ao meu Deus por envolver-me em seus braços, guiando-me sempre pelos caminhos do bem, por ser meu abrigo e a minha fortaleza. Obrigada Pai, por mais esta vitória alcançada em minha vida.
Ao meu esposo Francisco que com amor e companheirismo me acompanhou, abonando estimulo força e coragem, por não medir esforços para estar ao meu lado nos momentos de alegria e tristeza. 
Á minha preciosa família que me acompanharam em tantas situações acreditando, me encorajando a persistir nos momentos difíceis, demonstrando carinho, afeto e preocupação. 
Aos meus colegas de faculdade e amigos, especialmente as amigas Virginia e Tatiana. Obrigada por vocês construírem comigo esta trajetória acadêmica me enriquecendo pessoalmente e profissionalmente. Vocês são muito especiais.
A minha tutora e amiga Neuracy, que com toda paciência, boa vontade e conhecimento dedicou-se na construção deste trabalho. Obrigada por dar-me tantos abraços e conselhos que me tranquilizaram e me nortearam. 
Aos professores da instituição que com imenso carinho incitou o prazer na realização de estudos e pesquisas. 
Obrigada todos vocês profissionais do CRAS pelo acolhimento e disponibilidade na constituição deste estudo.
“
Não preciso me drogar para ser um gênio;
 
Não preciso ser um gênio para ser humano;
 
Mas preciso do seu sorriso para ser feliz”.
Charles Chaplin
REIS. Maria Aparecida Souza Lima. Atuação do assistente social frente ao uso de drogas lícitas e ilícitas e suas consequências sociais e econômicas – o avanço do crack. 64 pag. Trabalho de Conclusão de Curso Serviço Social – Centro de Ciências Empresariais e Sociais Aplicadas, Universidade Norte do Paraná, Juazeiro, 2013.
	RESUMO	
O respectivo trabalho por objetivo um breve estudo sobre as consequências sociais e econômicas, além dos danos causados a saúde de dependentes químicos e alcoolistas, uma abordagem histórica a respeito da legislação que traz a lei de drogas no Brasil, e a princípio conceitos básicos que nos dão suporte para uma melhor compreensão sobre o tema. Consiste ainda em realizar um breve panorama em relação ao CRACK e quais as atitudes em relação a: prevenção, tratamento; recuperação; reinserção social; redução de danos sociais e à saúde; avaliações e as praticas de saúde no cuidado básico aplicados a estes clientes usuários de crack,
Este artigo científico analisa o crack e a ação do assistente social na aplicação de políticas públicas a fim de solucionar o problema da dependência química na sociedade. Verifica-se que há muito tempo o serviço social está envolvido com o tratamento dos usuários de drogas e ainda hoje enfrenta inúmeros desafios que desprestigiam sua atuação.
Palavras-chave: Drogas; saúde, CRACK, Prevenção, Assistente Social.
REIS. Maria Aparecida Souza Lima . Acting Social Worker against the use of licit and illicit drugs and their social and economic consequences - the advancement of the crack. 2013. 64 pag.Trabalho de Conclusão de Curso (Serviço Social) – Centro de Ciências Empresariais e Sociais Aplicadas, Universidade Norte do Paraná, Juazeiro, 2013.
ABSTRACT
The objective of their work by a brief study on the social and economic consequences , as well as damage caused to health of drug addicts and alcoholics , a historical approach on legislation that brings the drug law in Brazil , and the basic principle concepts that give us support for a better understanding on the subject . Is still to make a brief overview over the CRACK and what attitudes towards prevention, treatment, recovery , social reintegration , reduction of social harm and health; assessments and practices in health care applied to these basic user customers crack,This research paper examines the crack and action of social workers in the application of public policies in order to solve the problem of addiction in society . It appears that long social service is involved with the treatment of drug users and still faces numerous challenges that discredit his performance.
Keywords: Drugs, health, CRACK, Prevention, Social Worker.
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
	CONAD
	Conselho Nacional Antidrogas
	OEA
	Organização dos Estados Americanos
	ONU
	Organização das Nações Unidas
	MS
	Ministério da Saúde
	PNAD
	Política Nacional Antidrogas
	CAPS
	Centro de Atenção Psicossocial
	SUS
	Sistema Único de Saúde
	UD
	Usuário de Drogas
	UDEI
	Usuário de Drogas Injetáveis
	SENAD
	Secretaria Nacional Antidrogas
SUMÁRIO
1	INTRODUÇÃO	14
2	CAPÍTULO I - POLÍTICA DE ATENÇÃO AO USUÁRIO DE DROGAS	17
2.1	Uma visão crítica frente à política nacional antidrogas	17
2.2	A proposta de uma nova política	22
2.3	O preparo das políticas públicas e serviços perante o consumo de substâncias psicoativas	24
2.4	Programa de redução de danos	27
3	CAPÍTULO II - CONSUMO DE DROGAS NA SOCIEDADE CONTEMPORÂNEA	.............................................................................................................................32
3.1	O indivíduo em meio a uma sociedade de consumo	32
3.2	Álcool e drogas na história do Brasil	37
4	CAPÍTULO III - CRACK	41
4.1	Efeitos da droga	41
4.2	Como identificar o usuário do CRACK	42
4.3	Políticas públicas e a atuação do assistente social	43
4.4	Políticas Públicas Que Atendem O Dependente Químico – SISNAD	43
4.5	Desafios enfrentados pelo assistente social na aplicação das políticas públicas com o usuário do crack e outras drogas	45
4.6	Conceitos	47
4.7	Classificações	50
4.8	Efeitos no sistema nervoso	51
4.9	Quanto à origem	52
4.9.1	Drogas Naturais	52
4.9.2	Drogas Sintéticas	52
4.9.3	Drogas Semissintéticas	52
4.10	Definições	52
5	CAPÍTULO IV- CARACTERÍSTICAS DO USUÁRIO DE CRACK EM FUNÇÃO DA INTENSIDADE DA DEPENDÊNCIA	56
5.1	Equivoco do usuário referente ao tratamento oferecido	59
6	CONCLUSÃO	60
REFERÊNCIAS	62
INTRODUÇÃO
O presente trabalho tem por objetivo o estudo de questões de saúde pública, a dependência química e o alcoolismo,que apresentam inúmeras repercussões jurídicas, que estão presentes em todos os ambientes e classes sociais, são doenças democráticas e familiares. O que requer é a busca de medidas de prevenção e reinserção do indivíduo doente na sociedade moderna atual. Abordará um breve histórico conceitual e legislativo do álcool e drogas do contexto sócio-jurídico brasileiro ao longo dos anos o que permitirá uma melhor compreensão da legislação atual, a Lei 11.343 de 2006. Passará a expor conceitos básicos para o entendimento da presente pesquisa. O uso de substâncias entorpecentes causadoras de dependência é sempre muito agradável e dão uma forte sensação de bem estar a quem as ingeriu, inalou ou injetou, ou seja, há a dependência física e a dependência psicológica. 
A dependência física pode ser definida como química, e quando existe é muito grave. A dependência psicológica por sua vez é também grave como a dependência física. A pessoa pode estar sóbria por duas semanas e sentir muita vontade de fazer uso de determinada substância psicoativa. Este é sem dúvida o grande problema relacionado com os vícios. Há uma grande diferença entre hábito e vício. Ao vício se atribui um sentido negativo, enquanto o hábito é algo aceitável. Os tipos de drogas presentes na sociedade são variados podendo elas ser destacadas e divididas da seguinte forma: quanto aos efeitos no sistema nervoso, segundo o tipo de dependência, conforme a potência e efetividade, o grau de dependência, toxicidade, modo de consumo. 
Este artigo relaciona o crack e outras drogas com o papel do assistente social na aplicação das Políticas Públicas. 
Para tanto foi dividido em quatro capítulos, onde no primeiro tem-se a introdução da política de atenção ao usuário de drogas, bem como visão crítica frente a política nacional antidrogas.No segundo capítulo fala-se sobre o consumo da droga na sociedade contemporânea. No capítulo III o crack junto à atuação do assistente social, bem como a definição de outras drogas.
No quarto e último, as características do usuário do crack em função da intensidade da dependência.
Para a realização desta pesquisa extraiu-se da teoria encontrada nos livros, nas leis, em outros artigos publicados e em entrevistas o tema abordado, utilizando-se o método dedutivo.
Atualmente a grande demanda de informações através dos meios de comunicação, deixa o indivíduo inteirado de tudo o que se passa ao seu redor. Ao se falar em drogas, a curiosidade do mesmo é aguçada, e essa, deve ser aproveitada para a formação de conceitos sadios e exatos, e por isto a necessidade de conscientizar e prevenir quanto a esta problemática. 
O trabalho visa prevenir, a partir da conscientização do jovem, o uso de drogas e evidenciar que a vivência com outras atividades também prazerosas, é saudável e substitui a utilização de substâncias viciantes. Envolver a comunidade, os pais e a escola nestas atividades para que formulem e trabalhem em conjunto para prevenir o uso destas substâncias.
A questão das drogas na vida do jovem tem sido discutida com bastante preocupação, devido ao grande número de ocorrências que se constatam ultimamente na cidade de Petrolina. Os impactos devido ao uso destas substâncias são deveras destrutivos. Acredita-se que a prevenção e o conhecimento ainda são o melhor caminho para que o adolescente não venha a ter contato com elas, pois as consequências do envolvimento com as drogas são mais difíceis de serem tratadas. O papel do CRAS tem fundamental importância para que a proposta preventiva seja implantada neste meio. É na adolescência que os conflitos de cunho subjetivo vêm mais frequentemente à tona. 
A luta contra o uso das drogas tem uma importante aliada: a informação. 
E é por meio de iniciativas que os índices de criminalidade e violência nas famílias mais vulneráveis ao uso de drogas, ofertando informação e prevenção. 
Definimos como Drogas substâncias que de forma boa ou má atuam no organismo dos indivíduos. Algumas dessas substâncias provocam alterações no comportamento e acabam por deixar a saúde debilitada  levando até a morte.
Desta maneira a natureza do ser humano vem sendo agredida constantemente nos últimos anos, principalmente a de nossos jovens.
Se nada for feito para combater estes problemas, a próxima geração herdará uma sociedade hostil sem perspectivas a mercê de pessoas que visam lucros não se importando a que custo este lucro será conseguido. Portanto, é importante elaborar um trabalho que conscientize desde a infância e adolescência do mal que o uso de drogas faz a saúde e a convivência das pessoas, promovendo ações que possam prevenir o uso das drogas.
Podemos desenvolver assim ações que de alguma forma mostrem porque não devemos usar as diferentes drogas deixando claro ao público as consequências que trazem aos seus usuários, e é por este motivo que se dá a explanação deste trabalho.
Proporcionar para os jovens a oportunidade de receber
informações e orientações referentes ao pior mal do século, as drogas ilícitas.
Sempre com um linguajar de fácil entendimento, pretendem-se fazer dos ouvintes verdadeiros multiplicadores na prevenção, proporcionando um debate saudável, sugestões e ideias para amenizarmos, evitarmos e retardarmos os problemas gerados pelo uso e abuso das drogas, além de promover uma conscientização em relação à prevenção, bem como reconhecer comportamentos de riscos na comunidade. Tem ainda como objetivos específicos, contribuir na formação das ações antidrogas, informar sobre drogas, mostrando que elas causam dependência mental e dependência física, despertar o interesse dos adolescentes na busca ou ações coletivas preventivas contra o uso desse estimulante, demonstrar aos jovens de que existem prazeres saudáveis e que estão ao alcance de todos, em alternativa ao consumo de produtos que levam à dependência. Além de oportunizar o debate e reflexões em torno dos fatores sociais, familiares e econômicos que influem no uso abusivo das drogas. 
CAPÍTULO I - POLÍTICA DE ATENÇÃO AO USUÁRIO DE DROGAS 
Uma visão crítica frente à política nacional antidrogas 
O problema da droga não está em si própria mais sim no encontro de um produto, uma personalidade e um modelo sociocultural. Qualquer individuo, a qualquer momento da vida pode se deparar com um produto tóxico legal ou ilegal em seu caminho. Para Olievenstein (1984), toda política sobre drogas deve levar em conta estes pressupostos, sabendo que não existe um destino igual para todos, pois muitos experimentam drogas uma ou mais vezes e não significa afirmar que tornar-se-á um doente. 
Nas campanhas elaboradas pelo governo brasileiro, predomina o mote “diga não às drogas”, “drogas, nem morto”, “drogas, tô fora”, “sou careta, mas sou feliz”, prevenção clássica baseada na interdição de consumo, projeto de prevenção que confunde mais do que esclarece (Ibidem, 2005, p.190). 
Os discursos sobre a droga são, de maneira geral simplistas, permanecendo no campo restrito do “faz mal” e “é proibido”. Pensar o uso de drogas dessa forma reducionista dificulta a possibilidade de construção de uma fala alternativa, o que gera muitas identificações perigosas e, desta forma, a associação da necessidade de uma prevenção repressiva antidrogas (ACSELRAD, 2005). 
Acselrad em seu artigo “A Educação para a Autonomia: construindo um discurso democrático sobre as drogas”, publicado em 2005, faz referências às políticas públicas sobre drogas no Brasil, em que aponta um predomínio dos discursos repressivos, influenciados pela política repressiva norte-americana. 
Segundo a autora: 
No Brasil, predomina ainda o discurso repressivo, não havendo registro de políticas democráticas, identificadas com o interesse público no que se refere às drogas. A política governamental foi, durante muitos anos, uma expressão do texto legal – Lei n. 6368, elaborada em 1976, que dispõe sobre medidas de prevenção e repressão ao tráfico ilícito e uso indevido de substâncias entorpecentes ou que determinem dependência física ou psíquica (nascida com base na SegurançaNacional) durante a ditadura militar 1964-1979. Essa Lei mantém presentes as características de um período de exceção: “todos” os brasileiros “devem prevenir o uso e combater o tráfico ilícito”, sob risco de penalização; as escolas que não colaborarem correm o risco de perder subvenções eventuais. Professores deverão receber formação sobre o tema durante a graduação, benefício até hoje não implementado. Criminaliza-se o usuário, penalizam-se todos os que estiverem próximos, como cúmplices, facilitadores (ACSERALD, 2005, p.190). 
A mesma sustenta ainda que, distante de um debate público mais amplo nos anos 90, surgem propostas alternativas à Lei nº 6368/76. Pressionado pela comunidade internacional, principalmente pela Organização dos Estados Americanos (OEA), o governo vigente da época Fernando Henrique Cardoso, em ocasião da 2ª Sessão Especial da Organização das Nações Unidas (ONU) sobre drogas, em 1998 criou a Secretaria Nacional Antidrogas (SENAD), ligada à Presidência da República, que era dirigida por um representante das Forças Armadas. 
Concordando com Acselrad (2005), Mesquita (2004) refere que:
A Constituição do Brasil em seus artigos de 142 a 144, trata do papel das Forças Armadas e da Segurança Pública, e em nenhum momento dá atribuição aos militares de cuidar da questão das drogas. Ainda que no tocante à segurança. É claro que emergencialmente poderia ser aceita intervenção pontual das Forças Armadas em questões de segurança, mas a história de outros países não recomenda seu emprego de maneira permanente em questões afetadas à polícia Federal, Estadual (civil, militar e corpo de bombeiros), Rodoviária e Ferroviária. Um poder crucial na defesa do estado Democrático de Direito não pode ser permeável à marginalidade e ao crime, capazes de corromper e desviar os objetivos maiores da corporação (MESQUITA, 2004, p.12).
Segundo Mesquita (2004), o nome atribuído à Secretaria foi bastante infeliz e justifica que a droga é uma substância inerte, incapaz de por si só causar qualquer problema. Outra crítica refere-se à localização institucional da SENAD que foi inapropriada – junto ao então Gabinete Militar da presidência da República. 
Além das características de repressão a SENAD, ficou com atribuições relativas à prevenção, tratamento e reinserção social dos usuários de drogas, atribuíveis aos Ministérios da Saúde, Educação e Assistência Social.
O Sistema Nacional Antidrogas (SISNAD), regulamentado pelo Decreto nº 3696/00, orienta-se pelo princípio básico da responsabilidade compartilhada entre Estado e sociedade, propondo a municipalização das ações, entendendo que é a melhor forma de possibilitar a participação da sociedade civil organizada nas ações desenvolvidas em nosso país (BRASIL, 2003). 
No ano de 2000 foi realizado em Brasília o Fórum Nacional Antidroga, ainda que não separasse o binômio repressão/abstinência, trouxe como novidade, a divulgação publica de uma Política Nacional Antidrogas, criada pelo Decreto nº 4.345/02, com o mérito de ser a primeira expressão pública de uma política governamental sobre o tema no Brasil. Apesar de seu conteúdo limitado, o plano trouxe a possibilidade de haver um documento para que a sociedade ampliasse o debate sobre a política de drogas. 
De acordo com Acselrad (2005), o clima era de guerra nas estrelas, sugerindo medidas repressivas, consideradas segundo seus representantes vitais à preservação da saúde, à tranquilidade dos lares, e à segurança pública. O entendimento, portanto, é de um controle sobre os sujeitos, atribuindo-se responsabilizações individualizadas, em que se constrói uma imagem negativa do mesmo, apontando-o como ameaça à tranquilidade coletiva. 
Com o fim da ditadura militar e da legislação de exceção, remanesceu um arcabouço de legislação excepcional dedicada ao fenômeno drogas, com a falaciosa sensação de que a legislação criminal, por si, poderia proteger a sociedade de todos os males. Violação de residências sem mandados judiciais, extração de pátrio poder de mães usuárias, internações hospitalares sem autorização dos pacientes em questão, e estabelecimento de penas iguais ou superiores aos de homicídios nos crimes relacionados às drogas ilícitas, são alguns dos exemplos deste pesado rescaldo e da necessidade de rediscussão da legislação do país concernente ao tema. Se não para colocar a questão das drogas no seu trilho, ao menos para evitar uma permanente ameaça ao Estado Democrático de Direito (MESQUITA, 2004 p.11). 
Do ponto de vista do interesse público, fica o temor da militarização crescente da guerra contra as drogas, em que é afirmada pela promessa de um combate mundial, rigoroso e sem tréguas ao comércio das drogas hoje consideradas ilícitas. 
Segundo Karam (2005), o Estado com a pretensão de punir, controlar a oferta e a demanda de determinadas drogas, assume a função de repassar uma enganosa publicidade que consegue vender o sistema penal como o produto destinado a fornecer as almejadas proteção e segurança, fazendo destes instrumentos o centro de uma política supostamente destinada a conter, ou até mesmo erradicar o problema, com a temida circulação daquelas mercadorias, ao mesmo tempo em que busca intensificar o controle sobre os próprios indivíduos. 
A função geral da ordem jurídica de proteção da dignidade da pessoa, que, em nossa ordem constitucional, surge como um dos fundamentos da República, expresso no inciso III do artigo 1º da Constituição Federal, gera princípios limitadores do poder de punir, vinculantes do legislador. Tais princípios fazem do dano social ponto de referência obrigatório para a fixação de parâmetros, na confecção das normas incriminadoras. Reforçando esta obrigatória consideração do dano social, tem-se ainda a norma contida no inciso X do artigo 5º da Constituição Federal, que, assegurando a inviolabilidade da intimidade e da vida privada, desautoriza qualquer intervenção estatal sobre condutas que, restritas à esfera individual, não tenham potencialidade para atingir bens de terceiros (KARAM, 2005, p.157). 
No ex- governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, houve iniciativas para a mudança da política de drogas, em que se destacava a mudança do nome original da SENAD para Secretaria Nacional de Políticas Públicas sobre Drogas e a sua colocação junto ao Ministério da Justiça. A Política Nacional Antidrogas (PNAD), está pautada na prevenção, recuperação e reinserção social; redução de danos sociais e à saúde e repressão. Prevê também uma intervenção por meio da prevenção Primária - Abordando os acontecimentos que antecipam o início da experiência do uso de drogas, por meio de ações no grupo familiar, escolar, comunitário, no local de trabalho, buscando evitar que ocorram problemas relacionados ao uso de risco, problemático e/ou dependente de drogas;
Secundária - Buscando reduzir os danos pessoais e sociais do uso de drogas lícitas e ilícitas, e Terciária.Promovendo o tratamento e a reinserção dos indivíduos já acometidos pela dependência química. 
Segundo o autor (2000, p.39):
Cabe ao governo fornecer linhas gerais para uma política integrada com áreas de educação, saúde e administração pública e ainda [...] um processo coletivo que envolva toda a sociedade e os poderes públicos nesta batalha frente às drogas. 
Os governos devem encarregassem, sem exploração política ideológica ou quaisquer outras, suas responsabilidades de garantir o acesso a informação, tratamento e recuperação de qualidade, respeitando os direitos, ideologias e liberdades individuais. 
Nas ultimas décadas, inúmeros esforços foram feitos para deter a expansão das drogas pelo nosso país como poder econômico e degradante da sociedade. O encarceramento e a repressão aos usuários de drogas já mostrou claramente a sua pouca eficácia, gerando grandes feitos colaterais como o aumento da população carcerária, e dos custos para mantê-la sem nada se resolver. 
Segundo Zuluar (2005), as campanhas de informação, o incentivo à cooperação entre população, polícia, e o investimento em programas de dependentesgraves, podem diminuir a criminalidade, sendo um caminho para lidar melhor com um problema que já faz parte da cultura mundial. 
Desde a década de 70, que os Estados Unidos vêm investindo cifras altíssimas para a “guerra as drogas”, mas com uma política de repressão e violência que é inútil, pois não consegue minimizar os problemas das drogas naquele país. 
Conforme Acselrad (2005) citando Nadelman (1991), registrou-se um aumento assustador nos anos 90, nos números de pessoas pressas nos Estados Unidos, cerca de 30 a 45% condenadas por violações de leis em consequência das drogas. E ao passar dos anos este número cresce cada vez mais, já que se calculando mais de dois milhões de pessoas nas prisões norte-americanas e cerca do dobro submetidas a outras medidas penais, permanecendo as condenações relacionadas a drogas qualificadas como ilegais sendo o principal fator deste crescimento. 
De acordo com o Conselho Social e Econômico das Nações Unidas (1994), o crime organizado transnacional, com capacidade de expandir suas atividades a ponto de ameaçar a segurança e a economia dos países, particularmente aqueles em transição e desenvolvimento, representa atualmente o maior perigo que os governos precisam enfrentar para assegurar sua estabilidade e segurança (ZALUAR, 2002). 
Este estudo acerca das medidas repressivas em relação às drogas, tem por objetivo ressaltar que o Brasil adotou o modelo americano para lidar com as questões relativas às drogas em nosso país. O governo sempre adotou medidas repressivas no combate às drogas, e a polícia tem um enorme poder em determinar quem será ou não processado e preso como traficante – crime considerado hediondo. 
Zaluar (2002) destaca ainda que, no que se referem à administração da justiça, jovens pobres, negros ou mulatos são presos como traficantes, o que ajuda a criar uma superpopulação carcerária, além de tornar ilegítimo e injusto o funcionamento jurídico no país.
O não falta em nosso País, e o que o antropólogo norte-americano Becker (1997) chamou de “motivação de um ato desviante”. Esta deriva de uma situação na qual o individuo não aceita o jogo social e político vigente, e se revolta contra ele. A pobreza não explica o ato desviante, mas, em conjugação com as falhas do Estado, pode facilitar a escolha ou adesão às subculturas marginais de uso de drogas ilícitas. Tais subculturas se formam a partir do próprio preconceito dos agentes governamentais e da sociedade em relação aos usuários de drogas. A imagem negativa, o medo, a discriminação do viciado contribuem decisivamente para a fragilidade desses grupos, assim como dos tons agressivos, antissociais que algumas vezes adquirem. Hygino e Garcia (2003) fazem uma reflexão concernente com relação à problemática das drogas, assegurando que o uso de drogas é marcado por forte ênfase moral, em que as abordagens predominantes acerca do uso de tais substâncias não fazem, em geral, distinção entre a prática, o usuário e droga. “O que se constata nas campanhas supostamente educativas ou preventivas é uma tendência a atingir três alvos: demonizar a droga, condenar o uso, e atribuir a culpa ao usuário” (Ibidem, 2003, p.31). 
Entretanto, o usuário ou o dependente de drogas é um cidadão com direitos e deveres, sendo esta noção apontada como muito tímida no Brasil.Violências são cometidas em nome do combate às drogas, sendo comuns à população que mora em favelas, sistematicamente identificada ao tráfico de drogas ilícitas, reforçando a construção da identidade dos moradores dessas comunidades (ACSELRAD, 2005). O que a sociedade precisa é uma política voltada para os usos problemáticos, respeitosa dos direitos de cidadania, baseada em uma ética de uso equilibrado e responsável tendo em vista os padrões de consumo atuais incorporados. 
A proposta de uma nova política 
Nos últimos anos, houve algumas novidade e transformações na política de atenção aos usuários de drogas no âmbito nacional. Desta forma é de grande importância destacar como estão sendo conduzido e encaminhadas as novas propostas e quais foram as alterações acerca nas leis pertinentes as drogas. 
De acordo com informações obtidas no site do Observatório Brasileiro de Informações sobre Drogas(4) (OBID, 2005), o movimento para mudar a atual política iniciou com um evento que contou com a presença do Ex- Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, do Ex-Vice-Presidente da República, José de Alencar, do Ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, do Ministro da Saúde, Humberto Costa e do Ministro Chefe do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República, Presidente do Conselho Nacional Antidrogas e também anfitrião do evento, Jorge Armando Félix. 
A publicação da Política Nacional Antidroga (PNAD) é uma nova etapa do governo federal acerca de assuntos relativos da redução da oferta e demanda de usuários de drogas. Seguindo o que há de mais atualizado nesta área em termos mundiais, a PNAD representa um avanço nas políticas publicas sobre drogas. A SENAD, é o órgão responsável por coordenar e integrar as ações do governo relativos a redução das demanda de drogas, desenvolveu um processo democrático com a participação governamental e popular,para o realinhamento da política vigente ate 2001. Para que essas ações tivessem os resultados obtidos, foram considerados os contextos regional, nacional e internacional. O avanço da ciência as transformações econômicas, políticas, sociais e tecnológicas pelas quais o Brasil e o mundo passaram também foram o foco da discussão.
O sistema de realinhamento da Política Nacional Antidroga iniciou com o “Seminário Internacional sobre Políticas Públicas sobre Drogas”, realizado em junho de 2004, no qual participaram representantes de sete países ( Itália, Suécia, Portugal, Reino Unido, Holanda e Canadá) apresentando as suas respectivas políticas. Depois prosseguiu-se seis Fóruns Regionais (Sul, Sudeste, duas na região Nordeste, Norte e Centro Oeste), de agosto a outubro. Em todos os fóruns regionais a população de cada região especifica analisou e discutiu a PNAD em oficinas temáticas e propôs sugestões para cada item. Em seguida aconteceram seis Fóruns Regionais (Sul, Sudeste, 2 na região Nordeste, Norte e Centro-Oeste), de agosto a outubro. Em todos os fóruns regionais, a população das regiões específicas analisou e discutiu a PNAD em oficinas temáticas e propôs sugestões para cada item. 
O Fórum Nacional consistiu na reunião de todas as sugestões regionais e na consolidação das propostas, tendo aí o realinhamento efetivo da Política (a ser chamada de Política Nacional sobre Drogas). Na oportunidade, o Ministro Felix ressaltou a importância da participação da sociedade no realinhamento da PNAD. A marca principal desses fóruns regionais foi a descentralização dos debates com a participação da sociedade. Este Fórum Nacional trouxe para as políticas sobre drogas uma política onde traduz as opiniões e vontades da população. 
Esta não é uma política de gabinetes onde a voz do povo não tem vez, não é uma política vinda de outros países, mas fundamentada na realidade do nosso País. Não uma política sem fundamentos, cheia de preconceitos e rótulos discriminatórios aos usuários de drogas, mas uma política que considera os avanços da ciência e a sabedoria popular. Os Fóruns Regionais foram fóruns da sociedade, desenvolvido de maneira democrática onde a sociedade civil foi o protagonista.
Publicada no Diário Oficial da União em 27/10/2005 (SENAD, 2005). 
O Fórum Nacional, por sua vez, constituiu-se de um fórum “de Governo”, onde o Governo Federal (SENAD e Ministérios) atuou como coordenador, a comunidade científica como a mediadora e a sociedade civil foi à decisória da política (OBID, 2005). O Conselho Nacional Antidrogas (CONAD), aprovou a nova Política Nacional sobre Drogas, no dia 27 de outubro de 2005, resultado do realinhamento da Política Nacional Antidrogas vigente até então. Presidente da República vigente na época, por meio de mensagem, destacou a participação da SENAD do Gabinete de SegurançaInstitucional, na articulação da sociedade com o objetivo de promover e facilitar o processo de realinhamento da PNAD. Destacou ainda, a corresponsabilidade do Governo e da Sociedade no trabalho de redução da demanda e da oferta de drogas em nosso País (SENAD, 2006).
Diante o relato, cabe destacar o quanto é importante para os profissionais, especificamente do Serviço Social, se apropriarem das políticas destinadas ao público alvo, no sentido de questionar quais interesses estão em jogo. Por este motivo, a participação da sociedade civil e dos profissionais da área da dependência química, na discussão acerca das políticas é fundamental, do ponto de vista da necessidade real e da eficácia na implementação de programas e projetos no atendimento ao usuário. 
 O preparo das políticas públicas e serviços perante o consumo de substâncias psicoativas 
A política de educação preventiva adotada pelo Ministério da Educação (ME, 2004), prevê a inclusão de matérias sobre o tema drogas nos currículos dos ensinos fundamental e médio, porém a proposta não foi efetivada. A Educação tem sido enfatizada como um meio de conscientizar as pessoas sobre as consequências decorrentes do uso de drogas e os riscos associados a essa prática. 
Para que os objetivos do ME sejam atingidos, a questão da droga tem que ser levada em conta. HÁ muito tempo o uso abusivo de drogas passou de um problema psiquiátrico ou médico para se tornar uma questão social (expressões da sociedade), econômica, política, onde há grandes ligações com as questões de segurança e violência, tanto individual quanto coletiva. Drogas não é apenas um assunto policial, desta maneira deve fazer parte das preocupações das instituições de ensino dos órgãos gestores federais estaduais e municipais devem. 
Na saúde, o Ministério da Saúde (MS), através da área técnica de Saúde Mental, define as diretrizes políticas de tratamento e de prevenção, onde se destaca a Lei nº 10216 de 06/04/2001, que dispõe sobre a proteção e os direitos das pessoas portadoras de transtornos mentais e redireciona o modelo assistencial em Saúde Mental. 
Nos últimos anos o MS vem emitindo portarias onde visam programar uma rede de assistência ao usuário de álcool e outras drogas, com ênfase na reabilitação e reinserção social dos usuários. Pode se destacar dentre elas a portaria n°2.197, de 14 de outubro de 2004, que redefine e amplia a atenção integral para o usuário de álcool e outras drogas, no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS). 
O MS como política de Atenção ao usuário de álcool e outras drogas,prioriza ações de caráter terapêutico, preventivo, educativo, e reabilitado direcionadas aos usuários e seus familiares, baseado em informações pala Organização Mundial de Saúde (OMS-2001) sustentadas por estudos e pesquisas epidemiológicas consistentes, de que a dependência de álcool acomete cerca de 10 a 12% da população mundial.
Até a atualidade existe uma enorme necessidade de articulação e fortalecimento na rede de atenção a saúde dos usuários de álcool e outras drogas, nos seus diferentes níveis de complexidade, esta é uma necessidade decorrente dos profissionais que lidam com esta realidade.
Segundo Delgado (2005), esta é uma lacuna existente na rede de atenção básica de saúde no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS) e a solução para amenizar os danos à saúde decorrentes do uso de álcool e outras drogas, perpassam por serviços de atendimento, prevenção e acompanhamento sistemático dos usuários de drogas acompanhado por uma equipe especializada para dar respostas eficazes, efetivas e eficientes a esses problemas. Assim sendo, torna-se imperativa a necessidade de estruturação e fortalecimento de uma rede de assistência centrada na atenção comunitária associada à rede de serviços de saúde e sociais, que tenha ênfase na reabilitação e reinserção social dos seus usuários, sempre considerando que a oferta de cuidados a pessoas que apresentem problemas decorrentes do uso de álcool e outras drogas deve ser baseada em dispositivos extra-hospitalares de atenção psicossocial especializada, devidamente articulados à rede assistencial em saúde mental e ao restante da rede de saúde. Tais dispositivos devem fazer uso deliberado e eficaz dos conceitos de território e rede, bem como da lógica ampliada de redução de danos, realizando uma procura ativa e sistemática das necessidades a serem atendidas, de forma integrada ao meio cultural e à comunidade em que estão inseridos, e de acordo com os princípios da Reforma Psiquiátrica (Ministério da Saúde ,2003).
Os serviços oferecidos pelo SUS aos usuários de drogas concentram-se no Centro de Atenção Psicossocial (CAPS), sendo locais de referência e tratamento para pessoas que sofrem de transtornos mentais, psicoses, neuroses graves e demais quadros, cuja gravidade e/ou persistência justifiquem sua permanência num dispositivo de cuidado intensivo, comunitário, personalizado e promotor da vida.
O CAPS tem por objetivo oferecer atendimento a sua área de abrangência, realizando a reinserção social e o acompanhamento clinico dos usuários, pelo acesso ao lazer, trabalho, exercício dos direitos civis e fortalecimento dos laços familiares e comunitários. Os recursos terapêuticos são: atendimento individual, em grupo, para as famílias, atividades comunitárias e reuniões para organização dos serviços (BRASIL, 2003). 
O Centro de Atenção Psicossocial de Álcool e Drogas (CAPSad), modalidade de atendimento iniciado em 2002, destina-se especificamente aos usuários cujo principal problema é o uso abusivo e prejudicial de álcool e outras drogas. São desenvolvidas atividades desde o atendimento individual – medicamentoso, psicoterápico, de orientação, entre outros, até o atendimento em grupos ou oficinas terapêuticas, além de visitas domiciliares (MIRANDA, 2004).
Este desafio vem vindo de maneira tímida como uma resposta a saúde publica, e vem expandindo de maneira lenta pelos estados e municípios brasileiros. Sem duvida é um dispositivo constitucional de relevância para o enfretamento referente ao uso abusivo de drogas. O CAPSad é um recurso que ainda não esta disponível em varias localidades para que a população utilize. 
A dificuldade perpassa pela falta de recursos disponíveis, pela carência de profissionais treinados e/ou desinteresse político (DELGADO, 2005). 
A prevenção ao uso das drogas também é um aspecto importantíssimo, no qual deve ser fornecido informações sobre os danos que o uso do álcool e outras drogas traz ao individuo, dos recursos que podem ser acionados pelos usuários para buscar um tratamento especializado, bem como o envolvimento de todos os que convivem com o usuário para orientar acerca da doença e da dependência que pode estar instalada. 
São estas, portanto as iniciativas por parte do Estado para prestar atendimento aos usuários de drogas, promover a prevenção, bem como definir as políticas públicas por meio dos Conselhos. Fora do espaço público, foi constatado, algumas clinicas particulares e outras comunidades/irmandades terapêuticas que prestam serviços desta ordem. No estado do Tocantins é muito limitado as instituições que dispõem de serviços de tratamento e recuperação de usuários de drogas, assim estando fora da realidade da nossa população, em especial aos adolescentes e famílias.
O grande desafio é o fato de transpor o deserto de iniciativas e construir uma política pública consistente, sustentável e efetiva, que possa articular esforços intersetoriais no marco da saúde pública, da democracia e da promoção dos direitos humanos (DELGADO, 2005). 
Programa de redução de danos 
Um dos pressupostos básicos da Política Nacional Antidrogas (PNAD) é “orientar a implantação das atividades, ações e programas de redução de demanda (prevenção, tratamento, recuperação e reinserção social) e redução de danos”, considerando os “determinantes de saúde”, entendidos como: renda familiar e nível social; nível educacional; condições ocupacionais ou de emprego; meio ambiente físico; funcionamento orgânico (biológico).
Segundo o MS deveter um CAPSad para cada 70 mil habitantes 
saúde pessoal; desenvolvimento infantil saudável e acesso ao sistema de saúde (FONSECA; BASTOS, 2004) .
Estas ações estão amparadas no Artigo nº196 da Constituição Federal de 1988, como intervenções preventivas, devendo ser incluídas entre as medidas a serem implementadas, sem prejuízo a outras modalidades de intervenção e estratégias de redução da demanda. 
A saúde e direitos de todos e dever do Estado, garantindo mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário as ações e serviços para a sua promoção, proteção e recuperação. ( Constituição Federativa do Brasil, 2007) 
No âmbito da PNAD, o capitulo que aborda a redução de danos, menciona a necessidade de: Estabelecer estratégias de Saúde Pública voltadas para minimizar as adversas consequências do uso indevido de drogas, visando reduzir as situações de risco mais constantes desse uso, que representem potencial prejuízo para o indivíduo, para determinado grupo social ou para a comunidade (SENAD, 2003 p. 20). 
A Redução de Danos (RD), é um conjunto de estratégias de intervenção que incluem ações dirigidas a Usuários de Drogas (UD) e Usuários de Drogas Injetáveis (UDI’s), sua rede social e familiar, à comunidade em geral e a setores governamentais e não governamentais. Os programas de redução de danos desenvolvem uma série de intervenções que visam acessar e vincular UD e UDI a atividades que promovam a diminuição da vulnerabilidade associada ao consumo de drogas, a inserção em serviços de saúde, a garantia dos direitos humanos e cidadania e a reinserção social (SES, 2005).
Os princípios de um Programa de Redução de Danos podem ser elencados como sendo: Busca ativa pelo usuário nos locais onde vive e faz uso de drogas; Vínculo ético e afetivo que promove a confiança entre usuário e Agente de Prevenção como instrumento fundamental de trabalho; Abordagem não estigmatizante, não excludente, sigilosa e baseada na empatia do Agente Redutor de Danos com o usuário; Intervenção que respeita e promove a autonomia, reconhece o direito e o dever de escolha e estimula a responsabilidade de cada indivíduo; Realização de ações de educação em saúde que promovam novos modos de relação com as drogas a partir do estabelecimento de um compromisso, não ideal, mas possível e desejável, com a preservação da própria vida e com a saúde da comunidade (SES, 2005, p.22). 
Fica clara a proposta de controle e autocuidado ao uso de drogas, que da a liberdade para também desenvolver o sentido de responsabilidade sobre si próprio e sobre pessoas do circulo de convívio. A proposta de RD para os usuários injetáveis promove alem de orientações, a distribuição de agulhas, seringas e outros insumos de prevenção preconizando que as injeções sejam realizadas com equipamentos estéreis.
Os UDI’s geralmente, em estado de exclusão social acentuados, são abordados nos lugares e momentos em que as práticas de risco à saúde estão em curso, ou seja, quando, para o uso de drogas, há o compartilhamento de equipamentos de injeção por várias pessoas (FONTES; FIGLIE, 2004). 
Segundo os autores acima citados, a RD é um modelo inovador e alternativo para a abordagem dos dependentes químicos, formado de um conjunto de medidas de saúde públicas voltadas a minimizar as consequências adversas do uso de drogas, tendo como fundamental principio o respeito e a liberdade de escolhas dos usuários que, não conseguem ou não querem parar com o uso de substâncias psicoativas, por esse motivo, a proposta é de reduzir ou minimizar riscos decorrentes do uso. 
A RD é um movimento internacional que surgiu em resposta à crescente crise da AIDS nos anos 80, quando muitos países reconheceram a necessidade de desenvolver estratégias mais práticas e adaptativas para reduzir o risco de transmissão do HIV entre usuários de drogas injetáveis (Idem, 2004). 
Apesar das dificuldades enfrentadas para levar a prática concreta dos programas de RD, o Brasil vem desempenhando um papel central entre os países da América Latina, por seu conhecimento e experiência no desenvolvimento de estratégias de RD entre usuários de drogas. O país tem oferecido estágios a profissionais de diferentes países latino-americanos, promovendo articulações para a mudança das legislações locais e apoiando a obtenção de insumos e a implantação de ações de intervenção nesses países. De um modo geral, é necessário incorporar as estratégias de RD no âmbito dos serviços regulares de assistência, com o objetivo de promover a humanização desses serviços e a adaptação de sua operação a populações historicamente excluídas, com difícil acesso à rede de saúde (BASTOS, 2003).
No âmbito dos CAPS, diversas cidades brasileiras oferecem assistência a usuários de drogas sem enfatizar a abstinência; farmácias que contribuem, facilitando o acesso a equipamentos de injeção estéreis e descartáveis, já constituem experiência importante e são locais onde os princípios de RD têm encontrado ressonância e aplicação. Todavia, ainda é preciso que se instaure essa prática nos serviços básicos de saúde, para que se adéquam às peculiaridades dos usuários de drogas, incluindo-os em sua clientela não concentrando apenas na distribuição de seringas e preservativos (FONTES; FIGLIE, 2004). 
O modelo moral, que categoriza o comportamento como moralmente certo ou errado, encara o uso de drogas como ruim, ilegal e defende a redução de oferta por proibição e punição. Difere também do modelo doença, que considera a dependência uma patologia biológica, promove redução da demanda como meta primordial da prevenção e a abstinência como única meta aceitável de tratamento. A redução de danos visa reduzir as consequências negativas da adicção, assim como aceita que muitas pessoas usem drogas e conjuntamente apresentem outros comportamentos de alto risco que devam ser levados em consideração e acredita não existir quase nenhuma chance de uma sociedade se tornar realmente livre das drogas. Para melhor compreensão do modelo, se faz necessário entender os princípios postulados por Marllat et al. (1999, Apud FONTES; FIGLIE, 2004, p.425-426), autor partidário da RD em seu livro “Redução de Danos, estratégias práticas para lidar com comportamentos de alto risco”. Assim os princípios básicos apresentados por ele, estão seriados a seguir: A RD é uma alternativa de saúde pública para os modelos moral, criminal e de doença: o modelo de redução de danos desvia a atenção do uso de drogas em si, para suas consequências e efeitos prejudiciais, que são avaliados em termos de ser prejudiciais ou favoráveis ao usuário e à sociedade como um todo; A RD reconhece a abstinência como resultado ideal, mas aceita alternativas que reduzam os danos: tanto o modelo moral quanto o da doença insistem na abstinência absoluta. Isso caracteriza uma abordagem de “alta exigência”, que muitas vezes se torna um obstáculo para aqueles que procuram ajuda. A RD estimula os indivíduos a reduzirem as consequências prejudiciais de seu comportamento gradualmente e a abstinência é vista como meta final; A RD surgiu principalmente como uma abordagem de “baixo para cima”, com base na defesa do dependente, em vez de uma política de “cima para baixo” promovida por formuladores de políticas de drogas: muitos programas de redução de danos surgiram de intervenções de saúde pública com base comunitária que apoiam usuários de substâncias e suas comunidades na redução de danos relacionados às drogas. A defesa dos dependentes químicos levou ao desenvolvimento de estratégias inovadoras, tais como a troca de seringas. Estes avanços desenvolveram-se de “baixo para cima”, ou seja, de iniciativas locais de base comunitária; Acesso a serviços de baixa exigência como uma alternativa para abordagens tradicionais de alta exigência: a redução de danos não preconiza a abstinência para que os indivíduos tenham mais facilidade em se envolver e começar o tratamento. Os programas de baixa exigência fazem parceria com a população-alvopara o desenvolvimento de novos programas, reduzem o estigma associado ao abuso de substâncias e práticas sexuais de risco e oferecem um enfoque integrador e normalizado de comportamento de alto risco, definindo-os como respostas mal adaptada no enfrentamento de problemas. Dentre outros. 
Tala abordagem estruturada na aceitação e na empatia apresenta semelhanças com outras filosofias e escolas de terapia; adota uma postura humanitária para lidar com o sofrimento humano, centrando a abordagem no cliente. 
Ainda que os tratamentos para dependentes químicos tenham sido aprimorados e diversificados, a maioria deles continua tendo base na abstinência, fazendo com que aqueles que não querem ou não conseguem de deixar o uso acabem abandonando os serviços.
Frente a esta situação e os resultados negativos do uso de substâncias psicoativas para os próprios usuários, familiares, amigos e para a sociedade, a redução de danos que prevê um uso controlado ou moderado, pode ser possível para esse subgrupo, mas não apropriada para todos os casos. Algumas pessoas podem ter um histórico tão problemático com o uso de uma substância particular, que evitar qualquer uso pode ser a melhor opção para elas (LARANJEIRA, 1997). 
Para implantação, portanto, das práticas preventivas, é fundamental que haja um envolvimento de toda a sociedade, compreendendo-se que não existem receitas mágicas para resolver a questão do uso de drogas e danos a ela associados. Importante também é permitir uma valorização dos indivíduos, o olhar livre de preconceitos e a compreensão dos múltiplos fatores que estão ligados ao consumo de drogas. Este olhar permite promover comportamentos mais seguros, determinando benefícios diretos e indiretos à coletividade (FONSECA; BASTOS, 2004). 
CAPÍTULO II - CONSUMO DE DROGAS NA SOCIEDADE CONTEMPORÂNEA 
O indivíduo em meio a uma sociedade de consumo 
Os objetos diferenciam um indivíduo do outro e a diferenciação entre os indivíduos é socialmente determinada – ter para ser; consumir para existir- e os que consomem mais exibem maior prestígio do que os consomem menos. Porém ao mesmo tempo em que o sistema de consumo é o responsável pela produção social das diferenças, é ele que paradoxalmente homogeneíza os indivíduos que, “ao entrarem na moda” determinada pelo consumo, abdicam de sua singularidade. Sendo assim, “[...] o sujeito consome isoladamente, na tentativa de obter prazer ou simplesmente para aliviar o mal-estar ao qual está submetido sem se dar conta de que apenas satisfaz uma exigência do sistema” (GARCIA, 2003, p.123).
Vivemos em uma sociedade regida e organizada segundo a lógica do consumo, num tempo dos objetos, que intermediam as relações entre humanos e qualquer coisa, inclusive o sujeito está à mercê de se tornar um objeto (BAUDRILLARD, 1970 apud GARCIA, 1997). 
A informação chega aos indivíduos de várias formas (TV, internet,rádio, jornais, outdoors, revistas, etc.), sendo um dos fatores que influenciam para o aumento do consumo de drogas, por exemplo o álcool. Segundo Pinsky (2004), estudos recentes comprovam que crianças e adolescentes entre 10 e 17 anos, apontam que através de propagandas de bebidas alcoólicas, sentem vontade de consumir álcool.
Em nosso país, as propagandas estão sempre associadas a momentos de plena felicidade, conquistas esportivas, ao orgulho de ser brasileiro e até mesmo à sexualidade. Em propagandas que são direcionadas a crianças que incentivam precocemente ao consumismo, vaidade, a má alimentação e algumas ao erotismo. Apesar da existência de leis que restrinjam à publicidade dirigida a este publico. Além das imagens repassadas pelos meios de comunicação, sempre chamam a atenção as “musas” com seus corpos perfeitos e cheios de “saúde” na apresentação dos produtos.
“O uso de certas drogas lícitas, como o álcool continuam sendo evocados de forma glamourizada – associadas à juventude, à beleza, ao sucesso de figuras públicas – e incentivado, como na recente publicidade do “experimenta”, numa abordagem bem diferente dos clips das campanhas contra as drogas de uso ilícito: nesse caso o prazer é totalmente negado, predominando imagens de perigo, doença, escuridão, degradação física, horror, morte. Assim, permanece a confusão do verdadeiro e do falso, que não contribui para esclarecer as diferenças de uso que foram, e continuam sendo, construídas historicamente. O esclarecimento se compromete, assim como a construção de uma consciência de riscos” (ACSELRAD, 2004, p.195). 
Drogar-se constitui a promessa de um prazer absoluto e a possibilidade de evitar o mal-estar, e isto faz da droga o mais poderoso dos objetos de consumo e fazem da parceria entre toxicômano e sua droga uma relação inabalável, extremamente destruidora e radicalmente contemporânea (GONÇALVES, 2003).
Concordado com Freitas (2001) o homem contemporâneo é frequentemente incentivado ao uso de algum tipo de anestésico para suas angustias para seu mal-estar psíquico. As performances das exibições, as contemplações que cultuam a superficialidade e a fugacidade são registros importantes de uma sociedade totalmente consagrada ao exibicionismos e as teatralidades. Estamos em um meio onde a aparência é extremamente valorizada, fazendo com que as pessoas se tornem atores representado personagens que, ao participarem do cenário social, o fazem de forma a exaltar um eu triunfante.
Na onda do consumismo moderno, apregoa-se a posse material e o consumo intensivo de bens e produtos. Isso também estimula o uso crescente de drogas. Produtos antigos ou recentes, legais ou ilegais conheceram novas formas de fabricação e comercialização, indo ao encontro de novas motivações e novas formas de procura. Em detrimento de modos saudáveis de vida, enfatizam-se, com frequência, certos ideais irreais de força, vigor e juventude, atrelados à ideia de um prazer imediato e permanente na “curtição” da vida (BUCHER, 1996, p.9).
Podemos interpretar a citação a seguir como sendo o retrato de uma sociedade moderna que começa a comprar como nenhuma outra, o sonho da droga é se deixar capturar novamente pela sociedade de consumo, recuperando rapidamente o objeto droga como instrumento integrado a sua lógica, ou seja, alógica de um tipo de prazer que serve perfeitamente ao tipo de exercício totalitário. 
Escolha a vida. Escolha um emprego. Escolha uma carreira. Escolha uma família. Escolha a porra de uma televisão grande, escolha máquinas de lavar roupa, carros, aparelhos de CDs e abridores de lata elétricos. Escolha boa saúde, colesterol baixo e seguro dentário. Escolha novos pagamentos de hipoteca com juros fixos. Escolha um lar para começar a vida. Escolha seus amigos. Escolha roupas confortáveis e bagagem combinando. Escolha um terno completo de aluguel, numa variedade de tecidos horríveis. Escolha um “Faça você mesmo”, perguntando a você mesmo quem diabo você é numa manhã de domingo. Sentar naquele sofá assistindo a programas esportivos que embotam a mente e amassam o espírito, enchendo a boca de comida de lanchonete. Apodrecer no fim de tudo, dando o último suspiro numa casa miserável, nada mais do que o embaraço para os filhos egoístas que você gerou para que tomem seu lugar. Escolha o seu futuro. Escolha vida. Eu escolho não escolher a vida: escolho outra coisa qualquer. E as razões? Não há nenhuma. Quem precisa de razões quando se tem heroína? (TRAINSPOTTING, 1996.). 
Delgado (2003) referindo-se à obra de Freud (1930), exalta quanto ao risco de se jogar em uma possibilidade única de satisfação, apontando o devaneio de achar que um único objeto, exclusivo, poderá promover a felicidade. A demanda de todo ser humano é ser feliz, e é para este fim que os sujeitos se orientam; a busca de felicidade é o propósito de vida do homem. Nesse sentido, a intoxicação química é descrita por Freud (1930) como um meio eficaz de produção imediata do prazer, proporcionando também aos homens um afastamento da realidade, que possibilita suportar o sofrimento derivado da civilização. 
O que nos interessa neste trabalho é apontar que a toxicomaniaé um fenômeno da sociedade moderna de consumo, pois a partir de um sujeito fiel ao produto que consome representar de forma radical o discurso dominante e seu objeto - a droga é tomado como maior aliviador do sofrimento humano. O consumo oferece a possibilidade do afastamento do mal-estar e promete um encontro com a felicidade, que constitui a demanda de todo ser humano. Assim, a evitação do sofrimento e a busca de felicidade são cartas oferecidas ao sujeito pela ordem capitalista, que impõe a obrigação do gozo, tendo a droga como seu objeto por excelência (Ibidem, 2003). 
Não obstante às implicações psicológicas usurpadas pela busca do objeto droga, a divulgação solida de seu consumo na atualidade, transformou a toxicomania numa grave expressão da questão social. Plastino (2003), afirma que a toxicomania constitui também um sintoma, no qual se exprimem fatores que, vinculados às múltiplas facetas da vida social, ultrapassam as motivações dos indivíduos singulares.
A toxicomania não pode ser analisada como um fenômeno isolado, sendo conveniente considerá-la como um aspecto específico de um conjunto mais abrangente de comportamentos sociais caracterizados por um imaginário fortemente individualista (Ibidem, 2003 p. 133). 
Precisamos olhar de uma maneira mais ampla para a problemática das drogas, aptos a problematizar o que a ideologia dominante prefere ignorar,de que há algo profundamente errado nas concepções que alicerçam nossa civilização. 
Segundo Plastino (2003), a toxicomania não pode ser compreendida separada dessa problemática, pois o comportamento autodestrutivo dos milhões de indivíduos que compõem a massa de toxicômanos é, sem dúvida, irracional; como também são irracionais as formas de organização social e econômica, hoje hegemônicas, que condenam a maior parte da humanidade à miséria em meio a uma sempre crescente riqueza e ainda ameaçam o futuro de todos, destruindo nosso habitat em nome do progresso econômico.
Assim sendo é necessário, interrogar-nos sobre as características fundamentais da sociedade moderna e do paradigma que alicerça a construção desta civilização. Nos pressupostos desta civilização, o homem é concebido como indivíduo separado da natureza, e a sociedade como resultante de uma associação racional de indivíduos, ignorando assim, tanto nos indivíduos quanto nas sociedades, a significação de sua afetividade e sociabilidade naturais (MORIN, 1999). 
Separando o homem da natureza, a perspectiva moderna o separa de si mesmo, na medida em que o pensa como uma consciência racional e um corpo reducionista – apenas como consciência e razão, ao mesmo tempo que o corpo é pensado como parte da máquina burra, que é como este paradigma reducionista concebe a natureza. Esta perspectiva opõe o homem à natureza, estabelecendo uma relação de exterioridade e domínio – separado da natureza, dos outros e de si mesmo, o homem da modernidade transformou o objetivo em prática predatória (PLASTINO, 2003). 
Analisando este fato contemporâneo, permite compreender as consequências deste processo, em que os mais fortes sobrevivem e outros tantos são condenados e expostos às mais variadas formas de violência nas relações sociais, à desesperança, o esmagamento dos mais desprotegidos e fracos, à solidão que atualmente são expressões de uma civilização que, parece estar esgotando suas possibilidades de desenvolvimento (Ibidem, 2003). 
A tendência é o surgimento de formas e condições de existência individualizadas, que compelem as pessoas – para sua própria sobrevivência material – a se tornarem o centro de seu próprio planejamento e condução da vida... De fato, é preciso escolher e mudar a própria identidade social, e assumir os riscos de fazê-lo... O próprio indivíduo se torna a unidade de reprodução do social no mundo da vida? (BAUMAN, 2001, p. 156). 
O modelo de sociedade da atualidade está marcado num comportamento extremamente individualista e competitivo. Segundo Acselrad (2004), as pessoas convivem com restrições dos espaços de prazer, onde o mercado de produção cada vez mais crescente de substancias psicoativa soma-se negativamente para fortalecer a tendência a resolver nossos problemas pela via química. A sociedade individualista onde vivemos está aos poucos se tornando a sociedade da solidão, da xenofobia, da intolerância. Vivemos em um impasse das relações humanas, porque competir significa ultrapassar, trapacear, eliminar o outro. A decadência das formas tradicionais de organização social abril espaço a notória expansão da negação ao outro e não a fraternidade. 
O homem contemporâneo parece cada vez mais incapaz de pensar os desafios resultantes de sua própria ação, orientada pela razão instrumental. Prisioneiro da máquina produtiva por ele mesmo criada, o indivíduo se obriga a sacrificar valores como solidariedade, fraternidade e compaixão. Ele próprio se condena a abandonar seus sonhos, projetos e utopias de um mundo melhor (PLASTINO, 2005). 
Aquela sensação de bem- estar de plena felicidade que a sociedade de consumo nos promete é fictícia. A reflexão na qual devemos nos deter refere-se às famílias em meio a esta lógica e realidade. Na atualidade, as famílias em geral passam por mudanças no dia-a-dia em razão da necessidade de dedicar-se ao mercado de trabalho, desta maneira esvaziando e afastando a convivência com seus membros. Estes, por sua vez, ficam à mercê da escola e da rua, sabendo que a primeira também passa por dificuldades de toda a ordem e não cumpre seu papel de maneira eficaz. Deste modo, cresce o número de crianças e adolescentes envolvidos com o tráfico e o uso de drogas por falta de uma estrutura familiar e social para ampará-los.
Infelizmente está é a nossa realidade, permeada por falta de perspectivas para que as famílias e seus membros assegurem um futuro, alguma luz no fim do túnel algum tipo de oportunidade para a melhoria das condições de vida, assim sendo as principais vitimas da desigualdade, da injustiça social e do não cumprimento dos direitos sociais.
Álcool e drogas na história do Brasil 
No período das grandes navegações dos séculos XVI e XVII no Brasil, o pau-brasil, o açúcar e o tabaco foram denominadas drogas pelos homens do período. A palavra “droga” provavelmente deriva do termo holandês droog, a qual possui o significado de produtos secos e servia para designar conjunto de substancias naturais utilizadas na alimentação e na medicina do século XVI ao XVIII. No dicionário de Antônio de Moraes Silva apud Henrique Carneiro (p.11, 12), datado de 1813 definia a se a droga como: “Todo gênero de especiaria aromática; tintas, óleos, raízes oficiais de tinturaria, e botica. Mercadorias ligeiras de lã, ou seda”. 
Através destas especiarias é que surgiu o comércio. No Brasil as duas drogas mais importantes dos dois primeiros séculos da colônia foram o pau-brasil e o açúcar. No contexto colonial a droga representou um conjunto de riquezas exóticas, produtos de luxo destinados ao consumo, ao uso médico e também como “adubo” da alimentação, o que hoje chamamos de especiarias. Na época colonial não se distinguia entre droga e comida, os povos indígenas utilizavam algumas especiarias como alimentos, mas também a utilizavam como remédios. Não havia uma discriminação clara na distinção entre droga e alimento. Hoje é evidente essa divisão, visto que há um controle político e jurídico. O instrumento mais eficiente de se obter a prazer e combater a dor física e psíquica é por meio das drogas. Chegando ao ponto de que as drogas são consideradas os próprios deuses corporificados para algumas religiões, como no caso do vinho, visto como a representação de Dioniso Baco e como o próprio Cristo, cuja bebida simboliza seu sangue nas cerimônias. Para compreender a história das drogas nos deparamos com elas ao mesmo tempo e em todo lugar tendo em cada cultura um significado, demonstrando ritos e práticas. A intervenção estatal ao uso de drogas lícitas e ilícitas data do início do século XX, que sobejou em tratados internacionais, legislações específicas, aparatospoliciais. Ocorre que passou a intervir nas relações cotidianas das populações pelo dispositivo das políticas sexuais e raciais que fundamentava a ideologia nesse período. Como paradigma de vício a masturbação foi atacada, sendo lançada uma campanha contra a masturbação no final do século XVIII, que se intensificou no século XIX. Esta era tida como uma doença grave, na qual muitos profissionais a consideravam nocivas, causadora de neuroses. Freud defendia esta posição Nos anos 40, século XX, os americanos condenavam as práticas masturbatórias e propunham como “terapia” cauterização do clitóris, circuncisão completa das meninas ou meio mecânicos de coerção. Segundo Freud em carta para Fliess em 1897 afirmava que os hábitos compulsivos, os vícios (fumar cigarro ou cheirar cocaína) advinham da masturbação. 
Desta forma, através de um conceito moral abstrato contrário a ideia central, o combate à masturbação no século XIX nos leva a uma noção de comportamento excessivo, na qual hoje verificamos o combate as drogas com estreita ligação, sendo o uso de drogas uma “masturbação química”. O controle estatal de combate as drogas no Brasil teve início, após comprometimento na Conferência Internacional do Ópio, realizada em Haia em 1911, para o combate ao uso do ópio e da cocaína, já que até o início do século 20 não se tinha qualquer vestígio. As drogas eram exclusivas para jovens das classes média e alta, que as consumiam em prostíbulos onde seu uso era tolerado. Quando esta prática atingiu prostitutas, proxenetas, pequenos marginais e indivíduos de camadas populares, a mídia e os grupos moralistas passaram a atacar veemente. O uso da maconha em tempo algum foi aceito pela “sociedade de bem”, já que esta era relacionada pelo consumo aos negros e mestiços. Assim , tornou-se uma questão de segurança pública e sanitária seu combate. A primeira lei brasileira a regular o uso de ópio, morfina, heroína e cocaína data de 1921 e a única possibilidade de utilização lícita era através de recomendações médicas. Foi uma fase de adaptação entre as demandas sociais proibicionistas e estratégias governamentais de controle social. A proibição da maconha ocorreu em 1930, mais como uma forma de repressão a conduta de uma determinada classe social do que a proibição da planta, e as primeiras prisões pelo uso de drogas ocorreram em 1933 no Rio de Janeiro, cidade que possuía a maior população urbana do Novo Mundo. 
A proibição do uso de drogas não foi capaz de impedir seu consumo nem mesmo de conter a violência em face do tráfico de drogas, tendo início o surgimento de grupos de traficantes, como por exemplo o Comando Vermelho no Rio de Janeiro. O Comando Vermelho, nos anos 60 através da troca de experiência entre presidiários e guerrilheiros urbanos, passaram a usar as táticas aprendidas com os guerrilheiros denominando outros grupos no complexo penitenciário. No início foi denominado de Falange Vermelha, depois de Comando Vermelho O Código Imperial de 1830, primeiro Código Penal, não trazia em seu corpo normativo nenhuma disposição acerca do consumo e tráfico de substancias 
entorpecentes.
 Contudo, em 29 de Setembro de 1851, no artigo 51 surge o dispositivo sobre a venda de “substâncias venenosas” irregularmente. Apenas no Código Republicano trouxe expressamente a proibição de substância psicoativa. O delito dispunha da seguinte redação: 
“Expor à venda ou ministrar substância venenosa sem legítima autorização e sem formalidades previstas nos regulamentos sanitários”.
Por sua vez, esta era uma norma penal em branco, que deveria ser complementada com regulamentos sanitários regulados pelo Poder Executivo, o qual dispõe do poder discricionário para sua elaboração. Em face do crescente número do uso de substâncias entorpecentes proibidas e as legislações que existiam não atingirem a devida eficácia foi criado o art. 159 na consolidação das Leis Penais de Dezembro de 1932. O primeiro grande destaque do combate as drogas no Brasil é tido como o Decreto 2.953 de Agosto de 1938, o qual modificou o Decreto 780 de 1936. Com o Decreto-lei número 891 datado de Novembro de 1938 adentra no ordenamento jurídico brasileiro de acordo com o disposto na Convenção de Genebra, primeiro modelo internacional de combate a toxicomania, esta trazia normas proibitivas a produção, tráfico e consumo, além de trazer a relação de substâncias tóxicas. Já o Código Penal de 42 traz o artigo 281 cuja a redação: “ Importar ou exportar, vender ou expor á venda, fornecer ainda que a título gratuito, transportar, trazer consigo, ter em depósito, guardar, ministrar ou de qualquer maneira entregar ao consumo substância entorpecente” Este artigo é uma norma penal em branco, o qual traçou o rumo das legislações penais especiais; tendo como característica o combate ao consumo do tráfico e substâncias entorpecentes típicas. O cultivo apenas foi tipificado em 1942, pelo Decreto-lei 4.720. A ação de plantar, surgiu no ordenamento jurídico brasileiro apenas em 1964, através da Lei 4.451. A questão de dependência de drogas teve repercussão na década de 60. Em 1961 ocorreu a aprovação da Convenção Única de Entorpecentes. No Brasil em 1964 foi aprovado a decreto legislativo n 5 e através do Presidente da República Castelo Branco que promulgou o Decreto n 54.216 de Agosto de 1964 de acordo com a Convenção, adentrando ao ordenamento jurídico brasileiro, sendo considerada grande marco do combate as drogas perante o cenário internacional. Em 1967, o Decreto Lei 159 traz substâncias em entorpecentes igualando-as àquelas capazes de causar dependência física e psíquica. Já no ano de 1968, o art. 281 do Código Penal que regulava sobre a questão de droga no Brasil através do Decreto-lei n 385, instituído pelo Ato Institucional n 5 acrescentou ao artigo os verbos preparar e produzir. Ademais, ao art. 281 prevalecia o entendimento de que os consumidores não estavam abarcados por este dispositivo, porém este era apenas posição jurisprudencial e com o Decreto-lei n 385 de 1968, traficante e usuário ainda dependente eram equiparados, tendo a mesma sanção. Neste sentido, o Supremo Tribunal Federal declarava que através de laudo pericial, este indicaria a capacidade da droga de causar dependência, não sendo necessário a publicação de uma lista elencando as substancias ilícitas. Com o fim deste cenário, em 1971 há a edição da Lei 5.726, a qual leva a autonomia desta disciplina no ordenamento, no entanto ainda carregava o caráter repressivo. Esta lei inovou no sentido de não ver o dependente como criminoso, contudo não fazia distinção entre o usuário eventual ou experimentador e o traficante. Com a necessidade de uma política criminal antidrogas adveio a Lei 6.368 de 1976, que traz um discurso com caráter jurídico político. Este teve como base a Convenção Única de 1961, como também o Acordo Sul Americano sobre Estupefacientes e Psicotrópicos de 1973. 
CAPÍTULO III - CRACK
O grande e conhecido problema da atualidade é o excessivo consumo de entorpecentes, que normalmente inicia na adolescência com drogas menos lesivas e leva o usuário ao “abismo” com drogas altamente lesivas, tal como o crack. 
Efeitos da droga
O Crack é outra maneira de levar a molécula da cocaína ao cérebro, quando é fumada. As moléculas da cocaína chegam ao cérebro quase que imediatamente, produzindo um efeito devastador: uma sensação de satisfação intensa, conforme é relatado pelas pessoas que usam. A droga é, então, rapidamente eliminada no organismo, produzindo uma inesperada suspensão da sensação de bem estar, seguida por um enorme desprazer e imensa vontade de reutilizar a droga (CRUZ; VARGENS; RAMÔA, 2010, p. 41).
O crack é originado através da pasta-base da cocaína, onde está é misturada com bicarbonato de sódio e água, formando assim a pedra do crack (BRASIL, 2012). 
Com apenas uma dose do crack os efeitos aparecem rapidamente. Ao atingir o cérebro, os primeiros efeitos do crack é uma sensação de bem estar, prazer, euforia, em poucos minutos essa sensação “boa” passa, tornando o usuário depressivoe com necessidade de mais substância para repetir aquela sensação prazerosa. Inclui também aumento da pressão arterial, aumento da temperatura do corpo, aceleração do coração, sudorese, agitação psicomotora, tremor muscular, dilatação da pupila (CRUZ; VARGENS; RAMÔA, 2010, p. 43). 
O crack causa lesões ao coração, provocando um aumento abusivo da frequência cardíaca e da pressão arterial. Com o uso contínuo pode provocar arritmia cardíaca, enfartes. 
A fumaça do crack causa danos ao pulmão devido a como é utilizada, podendo resultar em tuberculose, parada respiratória, falta de ar, e muita tosse (CRUZ; VARGENS; RAMÔA, 2010, p. 44). 
Problemas neurológicos são as principais dificuldades ao uso do crack, causando inflamações dos vasos cerebrais, tonteiras, dor de cabeça, acidentes vascular cerebral (derrame cerebral), atrofia cerebral e convulsões (CRUZ; VARGENS; RAMÔA, 2010, p. 45). 
Diminui gradativamente a necessidade de dormir e comer, diversas vezes o usuário segue em jornadas onde consome a droga por diversos dias, ocorrendo diminuição do apetite, dor abdominal e náusea. Habitualmente, o sono e a alimentação ficam danificados, resultando em esgotamento físico e emagrecimento (CRUZ; VARGENS; RAMÔA, 2010, p. 45). 
Resumindo, acaba com ávida de uma pessoa.
O uso do crack afeta o cérebro de diferentes maneiras, causando muitos problemas psíquicos, prejudicando as habilidades cognitivas (inteligência) comprometendo exclusivamente com a função de planejamento, alterando a capacidade de solução de problemas, tomada de decisão, velocidade de processamento de informações e a regulagem das emoções (referindo-se á capacidade de entender e integrar as emoções com outras informações cerebrais) (CRUZ; VARGENS; RAMÔA, 2010, p. 46). 
Como identificar o usuário do CRACK 
O usuário de crack apresenta alterações visíveis de hábito, comportamento e aparência física. Um dos sinais físicos mais comuns que auxilia para identificar o uso da droga é a diminuição violenta de apetite, que leva à perda de peso quase que instantânea e notável – com o uso contínuo, o usuário pode perder 10 kg em apenas um mês. Aparência de cansaço físico, desnutrição e fraqueza também são sinais relacionados à perda de apetite (BRASIL, 2012). 
Quando o usuário está sob efeito da droga é comum que ele tenha insônia, assim como sonolência nos períodos sem ela. Os períodos utilizando a droga aumentam e os usuários começam a passar dias fora de casa, destinados ao uso do crack. Atividades como higiene pessoal, alimentação e sono são totalmente excluídas, complicando seriamente o estado físico do usuário (BRASIL, 2012). 
Outros sinais que podem ter a ver com o uso da droga são queimaduras e bolhas no rosto, mãos e dedos, em função da alta temperatura que a queima da pedra exigi. Outros sintomas também são comuns, como falta de atenção e concentração, deixando de cumprir suas atividades rotineiras, como conviver com familiares e amigos e frequentar escola e trabalho (BRASIL, 2012). O usuário do crack também pode sentir sensação de perseguição (paranóia), alucinações e incidente de ansiedade que podem resultar em ataques de pânico (BRASIL, 2012).
Neste contexto é importante ressaltar que o usuário passa a não ter mais o controle da situação desde o início da dependência. Os sintomas psíquicos e físicos transformam o dependente em refém da situação em que se encontra. Daí então a importância do apoio das políticas públicas e da atuação de profissionais qualificados na área da assistência social e da saúde. 
Políticas públicas e a atuação do assistente social 
A criação de políticas públicas destinados a solucionar os problemas da dependência química na sociedade deve obedecer às diretrizes que priorizem a prevenção, atenção e a reinserção dos dependentes, usuários e seus familiares. 
Políticas Públicas Que Atendem O Dependente Químico – SISNAD 
O conjunto de ações planejadas pelo governo para solucionar problemas sociais são chamadas de políticas públicas (SEBRAE, 2012). 
O método de construção da legislação e da política social brasileira no âmbito da dependência química foi tratado durante muitos anos como questão de polícia, no entanto, atualmente, adquiriu o caráter de saúde pública (COSTA, 2009, p. 6).
A Lei Nº 11.343/2006 estabelece o Sistema Nacional de Políticas Públicas sobre Drogas – SISNAD; determina medidas para prevenir o uso indevido, reinserção social e atenção de usuários e dependentes de drogas; estabelece normas para proibição à fabricação não autorizada e ao tráfico ilícito de drogas; decreta crimes e dá outras medidas (BRASIL, 2012). O SISNAD em seu Art. 3° tem a finalidade de integrar, articular, organizar e coordenar as atividades relacionadas a: I – a prevenção do uso indevido, a atenção e a reinserção social de usuários e dependentes de drogas; II – a repressão da produção não autorizada e do tráfico ilícito de drogas. (BRASIL, 2012).
Conforme o Art. 5° o objetivo do SISNAD consiste em:I – contribuir para inclusão social do cidadão, visando a torná-lo menos vulnerável a assumir comportamentos de risco para o uso indevido de drogas, seu tráfico ilícito e outros comportamentos correlacionados;II – promover a construção e a socialização de conhecimentos sobre drogas no país; III – promover a integração entre as políticas de prevenção do uso indevido, atenção e reinserção social de usuários e dependentes de drogas e de repressão à sua produção não autorizada e ao tráfico ilícito e as políticas Distrito Federal, Estados e Municípios; IV – assegurar as condições para a coordenação, a integração e a articulação das atividades de que trata o art. 3 desta Lei. (BRASIL, 2012).
No Art. 18 do SISNAD, conceituam-se atividades de prevenção do uso indevido de droga, aquelas encaminhadas para a redução dos fatores de vulnerabilidade e risco e para promover e fortalecer os fatores de proteção. Já no Art. 19 devem-se observar os princípios e diretrizes que seguem: 
I – o reconhecimento do uso indevido de drogas como fator de interferência na qualidade de vida do indivíduo e na sua relação com a comunidade à qual pertence; 
II – a adoção de conceitos objetivos e de fundamentação científica como forma de orientar as ações dos serviços públicos comunitários e privados e de evitar preconceitos e estigmatização das pessoas e dos serviços que as atendem; III – o fortalecimento da autonomia e da responsabilidade individual em relação ao uso indevido de drogas;IV – o compartilhamento de responsabilidade e a colaboração mútua com as instituições do setor privado e com os diversos segmentos sociais, incluindo usuários e dependentes de drogas e respectivos familiares, por meio do estabelecimento de parcerias; V – a adoção de estratégias preventivas diferenciadas e adequadas às especificidades socioculturais das diversas populações, bem como das diferentes drogas utilizadas; VI – o reconhecimento do “não-uso”, do “retardamento do uso” e da redução de riscos como resultados desejáveis das atividades de natureza preventiva, quando da definição dos objetivos a serem alcançados; VII – o tratamento especial dirigido às parcelas mais vulneráveis da população, levando em consideração as suas necessidades específicas; 
(BRASIL, 2012, dentre outros.
O respeito, a adoção de estratégias diferenciadas de atenção e reinserção social, a definição de um projeto terapêutico individualizado, a atenção ao usuário ou dependente, a observância das orientações e normas do Conselho Nacional Antidrogas – Conad e o alinhamento às diretrizes dos órgãos de controle social são os princípios balizares das atividades de atenção, bem como as de reinserção social de usuários e dependentes de drogas, conforme dispõe o artigo 22 do Sisnad: Art. 22. As atividades de atenção e as de reinserção social do usuário e do dependente de drogas e respectivos familiares devem observar os seguintes princípios e diretrizes: I – respeito ao usuário e ao dependente de drogas, independentemente de quaisquer condições, observados os direitos fundamentais da pessoa humana, os princípios

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