Buscar

Criptococose: Doença Fúngica Potencialmente Fatal

Prévia do material em texto

Criptococose
A criptococose é uma doença infecciosa fúngica potencialmente fatal (Malik et al., 1997).
A criptococose, também conhecida como Torulose, Blastomicose Européia ou Doença de Busse-Buschke, é uma doença infecciosa causada por um fungo, espalhada por todo o mundo, acometendo o homem.
Cryptococcus neoformans
Esta enfermidade é uma micose sistêmica, que pode ser de subaguda a crônica. O agente etiológico desta doença é o Cryptococcus neoformans, que está presente na mucosa oronazal, e pele dos seres humanos, e principalmente, no solo contaminado por excretas de aves, permanecendo viável por até dois anos.
A infecção por este agente se dá, geralmente, pela via aerógena, através da inalação de esporos desse fungo, resultando em uma infecção primária do sistema respiratório, afetando principalmente a cavidade nasal. Após a infecção, o C. neoformans pode espalhar-se através da circulação sanguínea ou linfática.
A patogenia causada por este fungo vai depender de fatores divididos em dois grupos: um que está relacionado com as características do estabelecimento da infecção e capacitação de sobrevivência no hospedeiro, e o segundo, está relacionado aos fatores de virulência, refletindo no grau de patogenicidade.
Atualmente são conhecidos os sorotipos A, B, C, D e AD do C. neoformans que se encontram distribuídos em três variedades: C. neoformans variedade neoformans (sorotipos A, AD, D), C. neoformans variedade gattii (sorotipos B, C) (Kwon-Chung & Bennett, 1984) e C. neoformans variedade grubii (sorotipo A) os quais diferem em aspectos bioquímicos, ecológicos, antigênicos e genéticos. A variedade neoformans tem distribuição cosmopolita e está relacionada a fontes ambientais como solos contaminados naturalmente com excretas de aves, principalmente pombos (Reolon et al., 2004).
Este fungo possui tropismo pelo sistema nervoso central, manifestando-se, normalmente, como meningite criptococócica nos seres humanos, sendo que a principal responsável por esse fator e a queda da imunidade celular. Porém, outros tecidos podem ser afetados, sendo que a resposta tecidual varia muito. Nos indivíduos que se encontram imunossuprimidos, geralmente há o crescimento de massas de consistência gelatinosa do C. neoformans nos tecidos. Quando há uma grave imunossupressão, a infecção se espalha para a pele, órgãos parenquimatosos e ossos. Já nos indivíduos imunocompetentes ou com doença crônica, acontece uma reação granulomatosa.
O sorotipo A é o mais frequente no Brasil, sendo caracterizado pelo acentuado dermotropismo. Quando há criptococose sistêmica, as lesões na pele são observadas em 10-15% dos casos. A criptococose cutânea primária é mais rara, mas pode acontecer em casos de inoculação direta do fungo na pele.
O diagnóstico auxiliar pode ser realizado através da prova intradérmica de leitura tardia, usando a criptococcina (antígeno peptídio-polissacarídeo). O diagnóstico definitivo é obtido com base na identificação do agente por citologia e cultura de fluídos corporais (exudato nasal, fluído cérebroespinhal), além de tecidos, pele, unhas e nódulos linfáticos.
No tratamento de humanos imunocompetentes e imunocomprometidos em infecções disseminadas, utiliza-se a anfotericina B, juntamente com a 5-flucitosna, ou então, fluconazol e itraconazol, como alternativa para o tratamento de infecções cutâneas .
Os achados hematológicos e bioquímicos normalmente não são sugestivos. O diagnóstico definitivo é baseado na identificação do agente por citologia e cultura do exudato nasal, fluido cerebrospinal e tecidos como pele, unhas e nodos linfáticos, ou através de exame histopatológico. A necropsia pode fornecer dados complementares no diagnóstico dessa doença. Os órgãos frequentemente afetados pela infecção são os olhos, sistema nervoso central e respiratório, principalmente os seios nasais e pulmões.
A principal estratégia para o controle da criptococose é a implementação de ações de controle da população de pombos, que é a principal fonte de transmissão dessa doença.
Em humanos, a criptococose é mais freqüente em adultos, mas apesar de rara pode afetar crianças. Esta micose é comumente diagnosticada em pacientes com imunodepressão celular, como os soropositivos.
Nos últimos anos, o aumento do número de casos da síndrome da imunodeficiência adquirida (SIDA) foi acompanhado pelo aumento da incidência de criptococose (Pappalardo & Melhem, 2003). Dessa forma, a criptococose é atualmente considerada a doença oportunista com maior morbidade e mortalidade entre os pacientes soropositivos (Moreira et al., 2006).
TRANSMISSÃO
A infecção ocorre geralmente pela inalação de esporos do C. neoformans presentes em poeiras contaminadas, levando à infecção primária do sistema respiratório, afetando mais freqüentemente a cavidade nasal do que os pulmões (Kommers et al.,2005; Malik et al., 1997; Pereira & Coutinho, 2003;Honsho et al., 2003). Esse fungo pode disseminar-sesistemicamente por via hematógena ou linfática. A disseminação da infecção e a apresentação do quadro clínico estão intimamente relacionadas ao grau de imunidade do hospedeiro (Honsho et al., 2003; Nelson & Couto, 2001; Larsson et al., 2003; Taboada, 2004).
CONCLUSÕES
Embora rara, a criptococose é uma doença potencialmente fatal, principalmente para os hospedeiros imunocomprometidos, sejam pessoas ou animais. Como possuem diversas fontes ambientais, estudos epidemiológicos sobre o Criptococcus neoformans são indispensáveis à identificação de microfocos desse fungo, facilitando a adoção de medidas preventivas como o controle de portadores, especialmente as aves sinantrópicas.
referencias
Reolon A., Perez L.R.R. & Mezzari A. 2004. Prevalência de Cryptococcus neoformans nos pombos urbanos da cidade de Porto Alegre, Rio Grande do Sul. J. Bras. Patol. Med. Lab., 40(5):293-298.
Honsho C.S., Mine S.Y., Oriá A.P., Benato N., Camacho A.A., Alessi A.C. & Laus J.L. 2003. Generalized systemic cryptococcosis in a dog after immunosuppressive corticotherapy. Arq. Bras. Med. Vet. Zootec., 55(2):155-159.
 Kommers G.D., Souza T.M., Souto M.A.M., La Corte F.D. & Barros C.S.L. 2005. Granulomatous cryptococcal pneumonia in a horse. Cienc. Rural., 35(4):938-940.
Malik R., Wigney D.I., Muir D.B. & Love D.N. 1997. Asymptomatic carriage of Cryptococcus neoformans in the nasal cavity of dogs and cats. J. Med. Vet. Mycol., 35(1):25-31.
Taboada J. 2004. Micoses Sistêmicas, p.478-503. In: Ettinger S.J. & Feldman E.C. (eds.). Tratado de Medicina Interna Veterinária: doenças do cão e do gato. 5. ed. Guanabara Koogan, Rio de Taboada J. 2004. Micoses Sistêmicas, p.478-503. In: Ettinger S.J. & Feldman E.C. (eds.). Tratado de Medicina Interna Veterinária: doenças do cão e do gato. 5. ed. Guanabara Koogan, Rio de Janeiro.Janeiro.
http://periodicos.ufersa.edu.br/index.php/acta/article/viewDownloadInterstitial/699/310
http://adam.sertaoggi.com.br/encyclopedia/ency/article/001328.htm
http://pt.wikipedia.org/wiki/Criptococose

Outros materiais

Perguntas Recentes