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Críticas das Razões Tupiniquins

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Allysson Rangel Ferreira Melo
 FUNDAMENTOS DAS CIÊNCIAS SOCIAIS
 Críticas das Razões Tupiniquins
 Centro Universitário Cesmac
 Maceió
 2014
 Allysson Rangel Ferreira Melo
 FUNDAMENTOS DAS CIÊCIAS SOCIAIS
 Críticas das Razões tupiniquins
 Trabalho solicitado pelo Prof. Jorge
 Vieira como requisito de nota parcial
 da 1ª avaliação da matéria de Socio-
 logia do Curso de direito turma “B”.
 Centro Universitário Cesmac
 Maceió
 2014
 SUMÁRIO
INTRODUÇÃO...........................................................................................................04
DESENVOLVIMENTO.............................................................................................05
RESUMO.....................................................................................................................05
I-Capítulo...............................................................................................................05
II-Capítulo..............................................................................................................05
III-Capítulo......................................................................................................05, 06
IV-Capítulo............................................................................................................06
V-Capítulo........................................................................................................06, 07
VI-Capítulo............................................................................................................07
VII-Capítulo....................................................................................................07, 08
VIII-Capítulo........................................................................................................08
 IX-Capítulo....................................................................................................08, 09
.X-Capítulo.....................................................................................................09,10
.XI-Capítulo.........................................................................................................11
– QUESTÕES.................................................................................................10,11
CONCLUSÃO............................................................................................................12
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA.........................................................................13
 INTRODUÇÃO
Em Crítica da Razão Tupiniquim, o filósofo Roberto Gomes trata a falta de personalidade e originalidade da Filosofia brasileira, uma vez que se inspira na estrangeira. O autor critica o conformismo Brasileiro por não ter o seu próprio pensamento e usar termos do tipo “o brasileiro é assim mesmo” ou “deixa como está para ver como é que fica” e também a ausência de um poder critico que se relaciona com o conformismo existindo sempre uma esperança ao ser usado o termo “dá-se um jeito”
A obra de Roberto Gomes a crítica da razão tupiniquim é dividida em onze capítulos que irá tratar da realidade que se encontra a filosofia no Brasil. 
No primeiro capítulo que se chama “um título”, vai buscar o motivo e a interpretação do nome da obra crítica da razão tupiniquim; no segundo capitulo “A sério: A seriedade” vai explicitar os vários sentidos para a seriedade; no terceiro capitulo “Uma razão que se expressa” vai trabalhar a razão que se descobre em sua originalidade; no quarto capitulo “Filosofia e negação” afirma que a filosofia é dizer o contrário; no quinto capitulo “O mito da imparcialidade: O ecletismo” que vai retratar o pluralismo cultural do Brasil; no sexto capitulo “O mito da concórdia: O jeito” vai retratar o jeitinho brasileiro; no sétimo capitulo trata da “Originalidade e o jeito”; no oitavo capitulo “A filosofia entre nós”, envolve uma revisão crítica de nossas importâncias e urgências; o nono capitulo “ A razão ornamental” conduz a fuga nos modismos e o  esquecimento de quem somos; no décimo capitulo “A razão afirmativa” sacralizar o passado e destruir a positividade do dado; no décimo primeiro capitulo e último “Razão independente e negação” vai explanar a colonização cultural de imposição que era feita no Brasil.
 RESUMO
O primeiro capítulo, que se chama “um título”, vai tratar do tema do livro. Que pode significar Razão Tupiniquim? Tratando- se de título de um livro, supõe-se que denuncie um tema. Uma Razão Brasileira, não existindo atualmente, precisaria antes do mais ser providenciada, vindo à tona. Partamos de algo pacífico: mal sabemos o que seja uma Razão Tupiniquim. Uma piada, talvez. Há todo um espírito brasileiro de ver o avesso das coisas revelado numa palavra, frase, fato. Desconhecendo-se, mal sabendo de uma Razão Tupiniquim, o brasileiro aliena-se de dois modos: rindo de sua sem-importância ou delirando em torno do "país do futuro", em variados "anauês". No bolor de nosso "pensamento oficial" não se encontra qualquer sinal de uma atitude que assuma o Brasil e pretenda pensá-lo em nossos termos. Uma Razão não se faz com um livro. Provisoriamente, permaneçamos em nossos limites. Não se trata de "inventar" uma Razão Tupiniquim, mas de propor um projeto, um certo tipo de pretensão certamente quixotesca e evidentemente absurda: pensar o que se é, como se é.
No segundo capítulo o autor irá tratar do título “A sério: a seriedade”, onde diz que há vários empregos possíveis para a palavra "sério" e, consequentemente, vários sentidos para a "seriedade". "Fulano de Tal é um homem sério" e "Fulano de Tal leva a sério seu trabalho”. Na segunda ocorrência, a seriedade em questão remete-se a outra gama de significações. Levar a sério, seja um trabalho, um lugar ou um amor, não consiste no zelo pela vigência de normas sociais. Se levo a sério, isto é algo que sai de mim em direção ao objeto da seriedade. Se sou sério, me coisifico como objeto de seriedade. Aí está a diferença entre o que é dinâmico - eternamente em questão -, encontrado no a sério, e o caráter de coisa acabada e estéril da seriedade do sujeito objetificado. Ao levar a sério, estou profundamente interessado em alguma coisa, a ponto de voltar todas as minhas energias no sentido de sua realização. Antes de mais nada, é óbvio que o sério está a serviço de uma máscara social - é uma persona que assumo. Ou: que me assume. Casca normativa que nos vem do exterior e que nos dita o que convém, está a essência de tal seriedade. Entretanto é no Brasil onde o falar, o escrever e o pensar, vieram a ser as coisas mais formalizadas e rígidas que se conhece, onde construir frases numa ordem que jamais usaria para pedir um cafezinho, o intelectual brasileiro discursa e triunfa o sério como expressão de uma classe privilegiada diante de uma É, pois urgente que assumamos a capacidade do a sério do humor como forma de conhecimento, só no momento em que, abandonada a tirania do sério, percebemos que nossa atitude mais profunda encontra-se em ver o avesso das coisas é que poderemos retirar de nossas costas o peso de séculos de academismo.
No terceiro capítulo “Uma razão que se expressa” diz que Sempre que uma Razão se expressa, inventa Filosofia.O que chamamos de Filosofia grega nada mais é do que o strip-tease cultural que a Razão grega realizou de si mesma, no qual uma razão se descobre em sua originalidade e conhece seus mais íntimos projetos, que emerge a possibilidade de Filosofia. Mas no que consiste descobrir-se em sua originalidade? Temos aqui duas questões: sobre o que seja descobrir-se e sobre a natureza da originalidade. E algo anterior: as condições desta descoberta. A Filosofia, onde uma Razão se expressa, sempre se revelou pela fidelidade a este dado súbito. Eis por que uma Filosofia brasileira só terá condições de originalidade e existência quando se descobrir no Brasil, e isto não tem ocorrido. Desde sempre nosso pensar tem sido estranho, providenciado no estrangeiro. Motivo pelo qual uma Razão só se expressa ao providenciar seus temas, sua linguagem, decorrência de encontrar-se em sua posição. A grande dificuldade, no sentido de fazer explodir toda uma construção séria da Filosofia que entre-nos se instalou, é realizar a consciência de que o pensamento e seus objetos são pura invenção, um strip-tease cultural. Assim, Filosofia é uma Razão que se expressa fórmula onde a palavra Razão comparece carregada de historicidade. E uma Filosofia brasileira precisaria ser o desnudamento desta Razão que viemos a ser. Não existe uma "problemática “brasileira à nossa espera. Urge ser inventada. Inventada e posta em questão. Cabe perguntar se entre-nos encontramos sinais de tal esforço
No quarto capítulo “Filosofia e negação Filosofia goza de um destino certamente trágico: deve justificar-se. Não no sentido em que as ciências devem justificar-se. Quanto à ciência, urge saber de sua valida- de, das condições de construção de seus objetos e determinar, no conjunto da cultura, o lugar do conhecimento que propõe. A ciência nos importa, sendo úteis os seus resultados. Na Filosofia, deparamos com um modo de colocar a existência em questão. Sendo que este modo gera seus próprios objetos. Será que, além do bolor acadêmico do qual se reveste e da busca de sucesso intelectual, a Filosofia realmente nos importa? Responder a tal questão implica determinar a distância que vai da justificação da atitude filosófica (crítica) ao uso da Filosofia para justificar atitudes (ideologia). O conceito de responsabilidade é, assim visto, essencialmente acrítico; e já sabemos que o homem respeitável é o homem sério. Tal homem está definitivamente comprometido com dado sistema, molde e fim de seus atos. A partir do momento em que a Filosofia adquire respeitabilidade, pode conseguir tudo - verbas, diplomas, honrarias, imortalidades acadêmicas -, menos o essencial: espírito crítico. Poderíamos construir toda uma história da Filosofia, que se recusasse a ser mero arsenal ilustrativo de dados históricos, mostrando que qualquer momento cria- dor foi, na origem, uma negação. Qualquer conhecimento inicia sendo negação, ou seja, como essencialmente crítico. O que não é, está visto, exclusividade da Filosofia. A crítica é algo a ser assumido, é uma posição do espírito. Ao assumir a postura crítica a partir deste tempo e lugar, deixa de haver distância entre o que digo e o que sou - inexistindo qualquer diferença entre estar e ser. Digo o que sou. Isto é Filosofia. Meu streep - tease cultural.
Já no quinto capitulo “O mito da imparcialidade: O ecletismo não foi entre nós apenas um movimento, o primeiro a se estruturar, ou o simples reflexo de uma determina- da situação política e social. Produto direto da indiferenciação intelectual brasileira, que por sua vez é produto da dependência cultural que até hoje perdura, creio que no ecletismo tenhamos revelado muito mais do que normalmente se supõe. É manifestação de alguns traços básicos de nosso caráter intelectual e de nossa condição política, e continua vivo, ainda encontradiço, prezado e vigente entre nós. Não há, em Filosofia, algo que seja uma posição brasileira. Há uma ilusão: a de que possamos, imparcialmente, usufruir benefícios das mais diversas reflexões estrangeiras, delas retirando o "melhor". Desde sempre visamos extrair do pensado por outros aquilo que poderá nos ser útil - e isto constitui o mito da imparcialidade. Entre nós, é atitude frequente buscar dissolver oposições, justapondo subjetivismo e objetivismo, materialismo e idealismo, racionalismo e empirismo - como se tal atitude pudesse, impunemente, ser adotada. Se no ecletismo se fizer presente algum critério, deixa de ser ecletismo, passando a ser uma posição caracterizada pelo critério existente. Além de ingênuo, o ecletismo é impossível. Como sempre haverá, por mais obscuro, algum critério, o ecletismo determina um tipo de Filosofia enlouquecida, que não sabe de si. Ausência de critérios crítico é despersonalização intelectual e produz o mais baixo dos produtos culturais: o ecletismo e seu pragmatismo cego. Um país sem memória não pode ficar esperando que um passado caia do céu: precisa construí-lo, pois mesmo um passado se constrói - quando o faço para mim. E o paradoxo se dissolve: constituímos um passado voltando-nos para o futuro, escolhendo um projeto, um ponto de vista. Nossa posição. O espírito da dúvida, que sempre foi, quando a Filosofia soube ser fiel a si mesma, a essência do pensamento. Daí o "mito da imparcialidade" revelar, por detrás da máscara de isenção e objetividade, uma fraqueza primária: a ausência de risco. Que ainda não conseguiu levar- se a sério, preso a modelos de seriedade providenciados estranha- mente. No "mito da imparcialidade", recusamos estar no Brasil. E só deste estar poderíamos extrair um critério seletivo nosso, rei- vindicando nosso ser. Se nada fizermos, corremos o risco de continuar sendo apenas um país jovem que não sabe a que veio, nem o que tem a dizer. Por medo, omissão, covardia.
No sexto capitulo o “Mito da concórdia: Roberto Gomes fala que o ufanismo brasileiro privilegia um objeto: o jeito. É voz corrente que damos um jeito em tudo, do existencial ao político, do físico ao metafísico. Nasce o espírito conciliador. Afinal, as coisas da existência, seja pessoal ou social, não estão aí para serem levadas tão a sério. Conciliador e obediente, cordial, o brasileiro jamais conduz as tensões àquele nível em que geram um limite sem retorno. Inconsistente e indiferenciada, nossa posição política geraria um novo fanatismo: o da concórdia. Não comportando em si o choque de ideias, buscando antes dissolvê-lo, as divergências devem ser excluídas. Urgente, pois, que se faça a leitura além das aparências dos mitos com os quais gostamos de nos revestir de modo narcisista. Além da cordialidade, do espírito aberto e conciliador; são mitos e apresentam algo comum aos mitos: estruturam uma visão de mundo e pretendem ser inquestionável. Quanto à Filosofia, é grave que entre nós tenha se recusado a cumprir a missão que lhe seria própria: ser o centro da consciência crítica, da negação de nossas falsificações existenciais. A inexpressividade da Filosofia no Brasil se deve ao fato de ocorrer, sem revolta, ao nível de repressão difusa no todo social. Se quiser sair do bolor universitário e acadêmico, a Filosofia precisa realizar entre nós a conquista de cidadania crítica, radicalizando nossa posição. Quanto a isso, não há como dar jeito.
No sétimo capitulo “Originalidade e Jeito” afirma que Se nos limitarmos à superfície, o jeito é promotor de uma atitude de tolerância e de abertura intelectual. A maldosa crítica fora de propósito, dirigida contra pessoas e não contra ideias, passa a ser então a arma de que se vale este curioso arrivista, o intelectual tupiniquim. O filósofo é o homem de uma ideia só. Ideia que, por sua virtualidade criadora, é capaz de desenvolver no espírito uma visão unificada do mundo. Há muitos anos calada, a "inteligência" brasileira voltou-se para um formalismo delirante, novidadeiro e pernóstico, e "esqueceu" o que a fazia calar. A grande crise do intelectual tupiniquim é viver mendigando consideração e reconhecimento. Mas busca este reconhecimento numa possível identificação com pensadoresde nações "mais cultas", equívoco através do qual busca aceitação. Quer ser aceito sem perceber que ser aceito é morrer para a Razão. Querendo ser sério - para então ser levado sério -, policia-se: o que pensar, o que ler, o que escrever. A supressão da questão a respeito da Filosofia ou a supres- são da própria Filosofia, como, por exemplo, encontramos no tomismo e no neopositivismo, explicariam por que, conciliando, jamais tenhamos chegado à originalidade. Conciliação é sempre do prévio, jamais do original. E inteiramente estranha à Filosofia uma atitude de conciliação que tome ideias como coisas dadas em si mesmas. Sem a crítica desta questão, qualquer esforço de pensamento estará, entre- nós, a serviço da Razão Ornamental. Mais simplesmente: enquanto a Filosofia no Brasil não encontrar suas condições de originalidade não poderá, está visto, ter origem.
Quando se observa o oitavo capitulo “A filosofia entre nós” o autor relata que possamos admitir pacificamente a existência de Filosofia no Brasil, clarificado o sentido deste termo. Há Filosofia no Brasil porque ela aqui se encontra entre- nós, manifestando sua presença. Ao contrário, vejo aí a confirmação de que, manifestação de um país dependente, nossos intelectuais assumiram ao limite o papel que lhes reservou a condição de colonizados: serem assimilativos. Seja como for, há Filosofia entre nós. Carentes de melhor distinção entre estas duas questões - Filosofia entre nós e Filosofia nossa. Precisamos remontar a algo mais primitivo e elementar que os sinais de uma presença da Filosofia entre nós. Só a partir de uma reflexão crítica a respeito de nosso modo de existir, de nossa linguagem, de nossas falsificações existenciais e históricas é que poderemos chegar aos limites de uma Filosofia nossa. A afirmação de que não é próprio ao espírito brasileiro o filosofar. Esta questão pode ser desdobrada em duas outras. A primeira nega ao brasileiro espírito capaz de Filosofia. A segunda afirma não ser a língua portuguesa capaz de adequada expressão filosófica. Careceríamos, no primeiro caso, de melhor aptidão intelectual, talvez comum aos latinos, e, no segundo, de uma língua adequada, herança especificamente portuguesa. De fato, a "herança filosófica" que nos deixou Portugal não foi das mais ricas. Acontece que "herança filosófica" é coisa que não existe. Não se herda uma Filosofia, cumpre apropriar-se dela, fazendo-a nossa. A história é o fenômeno da originalidade e a ciência correspondente deverá lhe ser fiel. Isso quer dizer que não podemos, mecanicamente, justificar a ausência de Filosofia no Brasil pelo fato de não termos contado com uma boa influência de Portugal. Consiste na descoberta a ser realizada daquilo que temos a dizer, que só nós poderemos dizer e que, se não o dissermos, ninguém o dirá. Teríamos então a condição básica da apropriação de uma forma, a filosófica: nossa originalidade. Aí se encontra o esquecimento do pensar brasileiro. Não termos percebido que estamos sempre partindo de teorias alheias, palavras alheias, problemas alheios, buscando aprisionar nossa expressão dentro desses moldes. Com efeito, parecemos ter pavor do que nos circunda, pois não se ajusta aos moldes europeus que transplantamos. É urgente, ao contrário, partir de importâncias que evidenciarmos e de nosso particular esquecimento. E a palavra adequada surgirá irredutível. Confundir autores entre nós com Filosofia nossa; buscar dissolver a oposição entre o isolamento e o alheamento; negar que tenhamos capacidade de pensar por conta própria; projetar nossa falta de pensamento numa possível insuficiência da língua portuguesa. Nada disso diz respeito à essência possível de um pensar brasileiro: são, ao contrário, tantos outros sinais de nosso esqueci- mento. Destruir esses equívocos é a condição indispensável da possibilidade de um juízo filosófico brasileiro.
No nono capitulo “A razão ornamental”, Mas o brilhantismo da Razão Ornamental não envolve apenas aquelas ocorrências em que alguém é capaz de manipular palavras com especial esmero. Na verdade, mais nos deliciamos quando esta capacidade é dosada com pitadas de sábia malandragem. Outra nota da Razão Ornamental é a adesão aos "ismos". Intelectual brasileiro que se preze adere a um "ismo" qualquer, o que lhe concede cidadania no universo do pensamento, sobretudo se for o último "ismo" aparecido. Eis no que é preciso cuidar: um pensamento deve ter validade, não necessariamente vigência, pois esta costuma lhe ser conferida a partir do momento em que começa a morrer. A Razão Ornamental nos leva a abandonar tudo, esquecer aqui e fora daqui obras que importam, para correr atrás das últimas novidades. Nos conduz a querer aplicar aqui "escolas" estrangeiras portanto estranhas como se isso fosse possível sem nos cobrar um preço: o esquecimento do que somos. Evidente que o pensamento brasileiro não poderia apresentar senão duas marcas das mais pobres: o ecletismo que não é, entre nós, um simples movimento do passado, mas um clima geral que a tudo envolve, consequência de nossa incapacidade de romper o cordão umbilical e "ser gaúche na vida"; e o positivismo, o pensamento afirmativo, legitimador do vigente, que vai do tomismo ao estruturalismo, passando pelo neopositivismo. E a possível Filosofia brasileira permanecerá vítima da Razão Ornamental. A Razão Brasileira já foi aqui caracterizada com algumas notas: o ecletismo, o jeito, o deslumbrismo dos colonizados, a fascinação pelo brilho. Não com a verdade. Com efeito, quem a exerce? O pretendido intelectual Entre nós, porém, encontramos alguns fenômenos que devem ser levados em conta. Se o brasileiro comum apresenta uma certa "saudade" e um pavor/temor totêmico com relação à Europa, o intelectual brasileiro leva tal condição a seu extremo. Atemorizado com a realidade em volta, o tecido de sonoridade palavrosa que nosso intelectual cria envolve a Razão Nacional - seja na literatura, na crítica literária, na crítica de arte, na Filosofia, na política, no direito e na economia com um véu suposto em si mesmo significativo. Em outros termos, poderíamos dizer que a Razão Ornamental se caracteriza pela supressão da intencionalidade. Os objetos aos quais se refere estão encobertos e esquecidos, não mais se encontrando em questão, deixando de importar. Sabemos que uma das pretensões da Filosofia, quando interessada na verdade, é erguer o véu que encobre o real e concluímos que entre a Razão Ornamental e a Filosofia não há possibilidade de conciliação. A não criticidade da razão ornamental não é, portanto, algo que uma dada circunstância lhe tenha acrescentado, mas algo que lhe é inerente. Na medida de sua positividade, o pensamento produzido pela Razão Ornamental é essencialmente servil. Incapaz de pensar, exigindo brilhar, a Razão Ornamental conduz à fuga nos modismos, no último grito cultural, o leilão de ideias.
Já no décimo capitulo “A razão afirmativa” Na verdade é que o aparecimento - e o triunfo - do positivismo nada mais fez do que desdobrar um componente já implícito no ecletismo anterior: a Razão Afirmativa. A Razão que diz sim. A Razão Afirmativa encontrou em nosso ambiente intelectual um campo de fácil penetração. Esse clima afirmativo casa bem com o caráter tirânico e impositivo do ecletismo - que, na ausência de critérios ou posições criticamente assumidas, deve optar pela simples afirmação. Está igualmente ligado ao vício conciliador da Razão Eclética: Talvez a melhor explicação do sucesso do positivismo entre- nós, em função de sua consciência política, ainda pertença a Sylvio Romero. Pelo simples fato de não dissociar, em momento algum, o pensamento positivista do contexto político no qual ocorre. Na verdade, o papel desempenha- do pelo positivismo no estabelecimento da República tem sido exaltado em demasia e talvez deva ser considerado mais modesto. Os positivistas, a despeito de suas pretensões e ousadias, não passariam, não teriam passado até hoje de um grupo insignificantíssimo, sem a mínima preponderância, se não contassem entre seus adeptos os moçosestudantes e os mocos oficiais, há pouco saídos da Escola Militar e da Escola Superior de Guerra. Sistema totalmente centralizado, esse regime ditatorial trazia ainda outras marcas. Os caminhos de alienação da Razão Tupiniquim encaminham-se então no sentido de uma dependência ainda mais acentuada. Agora ao nível das justificações ideológicas providenciadas para a manutenção do vigente através da Razão Afirmativa. Qualquer positivista elimina a criticidade da Razão com quatro ou cinco argumentos, onde a fé na afirmatividade é tão presente quanto o fanatismo nos santos guerreiros. Ao invés de favorecer o verdadeiro desenvolvimento do espírito científico, a Razão Afirmativa só fez bloqueá-lo, atado à camisa-de-força sumariada por Comte e seguidores em mui fáceis lições. Apresentando-se como irrefutável, a Razão Afirmativa impediu o aparecimento da única coisa que poderia gerar pensamento: a dúvida. Uma Filosofia brasileira passou a ser impossível a partir do momento em que, como fenômeno geral, se deu entre nós a opção pela certeza. Se a verdade é patrimônio de um outro, não nos resta senão ser "assimiladores". O que equivale a morrer para o pensamento. Relação ao ecletismo uma superação mas um desdobramento, "basta indicar que é solidário dessa mentalidade positivista o pressuposto antidemocrático de que na sociedade não deve ter lugar o livre jogo dos grupos e das facções, mas a tutela de agrupamentos que se atribuem semelhante privilégio a diversos pressupostos. Nisso talvez a particularidade distintiva mais característica entre a mentalidade positivista e o cientificismo contemporâneo, este último visceralmente ligado à tradição do liberalismo anglo-saxão, expresso na incapacidade de aceitar o diálogo e o debate em qualquer plano. Em suma, revivificar os modos de alienação do pensamento brasileiro, sua incapacidade de maior compromisso com as urgências históricas que nos rodeiam e sua fuga para a sétima nuvem à direita, onde se pensa "do ponto de vista da eternidade". E sobre isso exercer a consciência negadora. Uma Razão Afirmativa é o mesmo que uma sem razão. E ambas encontram na Razão Ornamental a forma adequada à sua expressão: o pensamento não pensado, alegórico. Que não incomoda nem arrisca. O pensar anestésico e esterilizado.
No décimo primeiro e último capítulo “Razão independente e negação” O modernismo brasileiro instalava-se sobre o signo da negação. Essa consciência dolorosa, aguda, denuncia o espírito num momento decisivo: o da consciência que explode um mundo. O momento da negação, -a crítica, que permitiria superar o próprio modernismo e vislumbrar o que deveria vir em seguida. Podemos agora equacionar a questão de um pensamento brasileiro. A Filosofia representa, por si só, num desafio a nossas insta- lações, uma exigência de questionamento radical. Por outro lado, por comodismo, ligação incestuosa e pela violência do projeto colonizador, sempre delegamos à Europa nos dizer o que deveríamos pensar. Deste irreconciliável choque - quanto a isso não há como dar um jeito - resultou a impossibilidade de uma Filosofia brasileira. "A Filosofia no Brasil se acha, pois, muitas vezes entre duas tentações igualmente funestas: a de se entregar, abandonar-se cegamente ao passado, ou a de confiar nos filósofos estrangeiros. Enquanto nos contentarmos com estudar problemas do passado ou do estrangeiro. A nós cabe a conquista da consciência de que só seremos livres após devorarmos o legado de nossos pais.
QUESTÕES:
Qual o Objetivo do pensamento do Autor? Fundamente.
R- Fazer uma reflexão crítica a respeito da ausência da filosofia no brasil; do nosso modo de existir, da nossa linguagem, de nossas falsificações existenciais e históricas. ou seja buscar dissolver a oposição entre o isolamento e o alheamento; negar que tenhamos capacidade de pensar por conta própria; projetar nossa falta de pensamento numa possível insuficiência da língua portuguesa, enfatizar sobre a dependência cultural. Criticar o conformismo Brasileiro por não ter o seu próprio pensamento.
Qual a relação e a crítica do autor ao pensamento positivista e à academia brasileira?
R- O positivismo só poderia ter sido aceito em função dos interesses vigentes e da reprodução de hegemonia das classes dominantes. Diante do fato o autor critica o pensamento positivista, e por isso não existe uma originalidade e um fundamento para a academia brasileira.
Qual o significado dessa frase para o desenvolvimento do pensamento brasileiro: “ streep-tease cultural que a razão grega realizou si mesma”?
R- Ato de inventar, ou seja, realizar a consciência de que os pensamentos e seus objetos eram puras invenções, isto é, no qual uma razão se desdobre eu sua originalidade e conheça seus projetos, que emerge sua possibilidade de filosofia.
Existe uma razão tupiniquim? Defina e onde se encontra.
R- Não. Para produzir algo é preciso se conceder uma ampla liberdade de criação, isto ter uma originalidade, tal liberdade não se ensina na academia. Realizando apenas estudos para compreender os pensamentos alheios. Tendo que ficar subordinados aos padrões europeus e norte-americanos.
Qual a importância da reflexão do autor para as ciências sociais e desenvolvimento do pensamento jurídico no brasil?
R- É importante tanto no âmbito das ciências quanto no pensamento jurídico, quando se trabalhar o comportamento no uso da serenidade como diferencial, pois deve-se ver o avesso das coisas, ou seja homem que zela pela seriedade das aparências, é respeitador das normas e convenções sociais.
CONCLUSÃO
Contudo, diante do exposto vale ressaltar que fica evidenciado que a crítica da razão tupiniquim é uma contestação do pensamento meramente especulativo, e que para o autor a filosofia brasileira estará sempre dependente do pensamento estrangeiros, pois as academias produzem especialistas/comentadores de filósofos europeus.
Toda filosofia é sempre uma tentativa de apreensão da totalidade real, ou histórica. E neste ponto reside a crítica de Gomes, como nossos filósofos se limitam a comentar as ideias de terceiros, não fazem filosofia, quando muitos produzem história da filosofia, ou se formos um pouco mais complacentes, produzem história comentada da filosofia.
Eis por que uma Filosofia brasileira só terá condições de originalidade e existência quando se descobrir no Brasil. Estar no Brasil para poder ser brasileira. E isto não tem ocorrido. Desde sempre nosso pensar tem sido estranho, providenciado no estrangeiro.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA
GOMES, Roberto. Crítica da Razão Tupiniquim. 12ª edição. Curitiba: Criar Edições, 2001.
ONLINE: Disponível em http://antiode.blogspot.com.br/2010/12/escreva-aqui-o-novo-titulo_398.html. Acesso em 28/08/2014

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