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Caso em que o Brasil foi condenado pela Corte Interamericana dos Direitos Humanos

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Introdução
Para adentrarmos ao conhecimento mais aprofundado á respeito do caso em que o Brasil foi condenado pela corte Interamericana dos Direitos Humanos, é de extrema relevância o conhecimento sobre a Corte e quais outros casos ela já interveio aqui Brasil, só assim, posteriormente saberemos o porquê de tamanha autonomia dada à referida Corte, é que veremos agora:
A Corte Interamericana de Direitos Humanos é um órgão judicial, estabelecido em 1979, e composto por sete juízes de diferentes nacionalidades. Ela analisa casos que envolvem os Estados que fazem parte da OEA (Organização dos Estados Americanos). O Brasil passou a aceitar a competência da corte em 1992. Desde então, o Brasil já sofreu decisões contrárias em seis ocasiões, além desta, de Nova Brasília. Dois dos casos dizem respeito a violação dos direitos humanos no sistema prisional — na Unidade de Internação Socioeducativa de Cariacica, no Espírito Santo, e Penitenciária Urso Branco, de Porto Velho, Rondônia —; outro diz respeito à morte do trabalhador sem-terra Sétimo Garibaldi, em 1998; além de interceptações ilegais de linhas telefônicas de membros do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra), em 1999; e da morte de Damião Ximenes Lopes em uma clínica psiquiátrica de Sobral, no Ceará, em 1999. O caso da Guerrilha do Araguaia também chegou à Corte, que, em 2010, condenou o Brasil a indenizar as famílias das vítimas e punir os responsáveis pelo desaparecimento de 62 pessoas.
Caso em que o Brasil foi condenado pela Corte Interamericana dos Direitos Humanos
O Estado brasileiro foi condenado na Corte Interamericana de Direitos Humanos por duas operações policiais realizadas em 1994 e em 1995, que provocaram a morte de 26 pessoas na comunidade Nova Brasília, no Complexo do Alemão, no Rio de Janeiro. A sentença foi emitida no dia 16 de fevereiro, mas só foi divulgada na sexta-feira (11) pela própria Corte. Ela é uma resposta a uma petição que havia sido enviada ao órgão em maio de 2015 por duas organizações: o Cejil (Centro pela Justiça e o Direito Internacional) e o Iser (Instituto de Estudos da Religião).
A condenação se refere a duas operações policiais — a primeira realizada em 18 de outubro de 1994, que deixou 13 mortos, e a segunda, em 8 de maio de 1995, que deixou mais 13 mortos —, ambas na comunidade Nova Brasília, que faz parte do Complexo do Alemão, na capital fluminense. Aproximadamente 120 policiais civis e militares participaram das duas incursões, com o apoio de dezenas de carros e de dois helicópteros. O motivo alegado era a busca por traficantes na região. De acordo com o Cejil e o Iser, houve tortura e execução sumária na operação, além de violência sexual contra três meninas, duas delas com menos de 18 anos. A polícia disse que as mortes ocorreram em confronto, mas testemunhas relataram execuções sumárias.
Em 14 de novembro de 1994 uma Comissão Especial de Sindicância criada pelo então governador Nilo Batista (PDT) apontou “fortes indícios de execuções sumárias dos jovens e recolheu provas da violência sexual e tortura das jovens”, segundo os peticionários. Porém, as autoridades insistiram na versão do confronto. Policiais alteraram a cena do crime, dificultando a apuração dos fatos, e os exames de balística e residuográficos (que detectam a presença de pólvora nas mãos) dos agentes policiais nunca foram colhidos. Além disso, dizem o Cejil e o Iser, “foi construída uma narrativa que isentava os policiais de responsabilidade pelas mortes e sequer houve investigações para comprovar se ocorrera ou não uso excessivo de força letal ou execuções sumárias. As vítimas foram registradas como suspeitos de crime de resistência e os inquéritos se concentravam em tentar demonstrar seus envolvimentos com o tráfico de drogas”.
Embora os crimes em questão na Nova Brasília sejam atribuídos a agentes do governo do Estado do Rio de Janeiro, é o Estado brasileiro quem é julgado pela Corte. Depois, cabe ao governo, em Brasília, articular as providências com os entes internos da federação.
O que quer a Corte? 
A decisão mistura medidas aplicadas ao caso específico de Nova Brasília com determinações mais abrangentes, a respeito da questão dos direitos humanos, da violência de gênero e da violência policial no Brasil. 
Na sentença, a Corte pede que: 
-O Estado investigue de maneira adequada o ocorrido;
- A investigação seja deslocada para a Procuradoria-Geral da República, no âmbito federal;
 -As vítimas do caso sejam indenizadas dentro do prazo máximo de um ano Seja dada especial atenção à questão de gênero no atendimento às vítimas dos crimes sexuais;
 -As investigações de casos que envolvam crimes cometidos por policiais não sejam conduzidas pela própria polícia;
 -Exclua as expressões “oposição” e “resistência” dos registros de homicídios decorrentes de intervenção policial; 
-As famílias das vítimas participem de maneira formal e efetiva da investigação criminal;
 -Sejam estabelecidas metas e políticas de redução da letalidade e da violência policial especialmente para o Estado do Rio Janeiro.
 A Corte não pode impor o cumprimento de suas sentenças à força. Cada Estado pode decidir se cumpre ou não com o decidido, fazendo jus à decisão de ter aderido ao sistema ou contradizendo o próprio compromisso.
Punição e prevenção da violência sexual
A decisão da Corte é significativa por ser a primeira responsabilização do Brasil num caso de violência policial. Também é relevante o destaque dado ao estupro das três jovens moradoras de Nova Brasília. A Corte não só reconhece que houve violência sexual por parte de agentes do Estado - o que caracterizaria uma forma de tortura - como cobra a investigação, jamais realizada. 
"Cumpre salientar, em especial, que a reabertura do inquérito realizada em 2013 não considerou o crime de estupro contra L.R.J., C.S.S. e J.F.C., e examinou unicamente os 13 homicídios. Nesse sentido, apesar de descrever os depoimentos das três vítimas de estupro e detalhar sua colaboração com as investigações realizadas na década de 1990, bem como as evidências dos delitos e a identificação de seus autores, a reabertura do inquérito não considerou os estupros como possíveis casos de tortura e não se iniciou um processo penal a respeito", afirma a sentença da Corte. 
Ao contextualizar a violência urbana no Brasil, a Corte aponta a situação de vulnerabilidade de jovens, negros e pobres, mas também de mulheres: "As mulheres residentes em comunidades onde há 'confrontos' geralmente deparam uma violência particular, e são ameaçadas, atacadas, feridas, insultadas e, inclusive, objeto de violência sexual em mãos da polícia". 
A Corte defende que haja o que chama de "perspectiva de gênero" nas investigações de violência sexual, com a presença de funcionários públicos capacitados e apoio psicológico às vítimas, além de garantias de segurança necessárias. 
Decisões
A sentença da OEA destaca que não houve imparcialidade nas investigações. Diz também que, “antes de investigar e corroborar a conduta policial, em muitas das investigações, realiza-se uma investigação a respeito do perfil da vítima falecida e encerra-se a investigação por considerar que era um possível criminoso”.
A Corte Interamericana ordenou ao Estado brasileiro que conduza de forma eficaz a investigação sobre os fatos ocorridos na chacina de 1994, visando a identificar e punir os responsáveis, o mesmo sucedendo em relação à incursão policial naquela favela, em 1995. Nos dois procedimentos, ressaltou que os familiares das vítimas devem ter assegurado “o pleno acesso e a capacidade de agir” em todas as etapas da investigação.
Cabe também ao Estado brasileiro avaliar se os fatos ligados às duas chacinas devem ser deslocados para a competência da Justiça Federal, por intermédio do procurador-geral da República. As autoridades nacionais devem ainda incluir perspectiva de gênero nas investigações e nos processos penais relativos às acusações de violência sexual, com a condução de linhas de investigação específicaspor funcionários capacitados em casos similares. Todas as pessoas envolvidas, incluindo encarregados da investigação e do processo penal, testemunhas, peritos e familiares das vítimas têm de ter a segurança garantida.
Outras medidas
Entre as políticas públicas ordenadas para garantir o aumento da eficiência das investigações e responsabilização de agentes do Estado pelas violações de direitos humanos, a decisão da Corte é para que, em casos em que policiais apareçam como possíveis acusados, a investigação seja delegada a um órgão independente e fora da força policial envolvida no incidente.
As expressões oposição e resistência devem ser retiradas dos registros de homicídios resultantes de intervenção policial. Os autos de resistência devem ser eliminados como forma de registro e procedimento. O governo brasileiro deve adotar medidas que permitam que vítimas de delitos ou seus familiares participem de maneira efetiva e formal da investigação criminal efetuada pela polícia ou pelo Ministério Público.
Outra ordem é no sentido de o governo estabelecer metas e políticas de redução da letalidade e da violência policial, em especial no estado do Rio de Janeiro, além de publicar um relatório anual com dados referentes às mortes resultantes de operações policiais em todos os estados do país. O Brasil terá, ainda, de realizar um ato público de reconhecimento de responsabilidade internacional pelas mortes e pelo abuso sexual para as famílias e as vítimas, uma vez que já reconheceu os fatos perante a Corte. Terá também de pagar indenização compensatória no prazo de 12 meses para cerca de 80 pessoas. O valor da indenização é estimado em torno de US$ 2,5 milhões [cerca de R$ 7,7 milhões].
Da Sentença
O governo brasileiro terá prazo de um ano, até o dia 11 de maio de 2018, para reabrir as investigações sobre duas chacinas ocorridas em 1994 e 1995 na comunidade Nova Brasília, no Complexo do Alemão, durante operações policiais no Rio de Janeiro. Além disso, terá que pagar indenização a cerca de 80 pessoas. Em cada chacina, foram mortos 13 jovens. Também há denúncia de tortura e estupros. A sentença foi divulgada na última sexta-feira (11) pela Corte Interamericana de Direitos Humanos (Corte IDH), instituição judicial autônoma da Organização dos Estados Americanos (OEA).
Considerações finais
É latente a morosidade e falha do sistema processual penal Brasileira, visto que esse caso ainda se encontra em aberto para possíveis investigações, além disso, na primeira chacina (1994) treze anos já se passou e na segunda (1995)12 anos se passaram, mas até hoje cerca de 80 famílias das vítimas não receberam indenização por parte do governo brasileiro e ao contactarmos com tamanha barbárie, é visível a grande violação ao Princípio da Dignidade da Pessoa humana, mais precisamente no art. 5º da Constituição Federal em que prevê que ninguém será submetido à tortura nem a tratamento desumano ou degradante (inc. III); bem como que a lei considerará crimes inafiançáveis e insuscetíveis de graça ou anistia a prática da tortura.
Contudo, pelo que foi relatado, ainda podemos fazer referência diante dos casos investigados e abordados à Convenção de Eliminação contra todas ás formas de discriminação Racial e à Convenção de Eliminação contra todas às formas de Eliminação contra à Mulher, às quais lutaram e lutam pela tão sonhada igualdade de Direitos, pela equidade em si.
Referências Bibliográficas: 
NEXO JORNAL LTDA;
EBC AGÊNCIA BRASIL.

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