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No Código de Processo Civil de 1973, existem três tipos de processo:
1) Processo de conhecimento: é aquele em que o juiz decide qual das partes tem razão na lide;
2) Processo Cautelar: é o processo que tem por finalidade proteger o objeto da ação principal;
3) Processo de execução.
No Novo Código de Processo Civil, não haverá mais o processo cautelar autônomo. Existirá no diploma processual medidas e providências com as mesmas características cautelares, mas que não darão origem a um processo autônomo.
O processo de execução está disciplinado a partir do art. 771, CPC e compreende a duas espécies, de maneira que são definidas quanto ao título que está sendo executado.
A execução que tem como fundamento um título extrajudicial é a execução de título extrajudicial. A execução cujo objeto é o título judicial é denominada cumprimento de sentença.
A estrutura das duas espécies é o título. O credor precisa ter um título para executar em juízo exatamente o que determinar seu conteúdo. O título precisa ser líquido, com valor estipulado; certo e exigível, isto é, estar vencido e não houver sido pago.
Dentro do processo de execução, não há previsão de defesa para o devedor. O meio de defesa do devedor se dá fora do processo de execução e por meio dos embargos do devedor.
Princípios do processo de execução
1) Toda execução é real – art. 789, NCPC.
Art. 789. O devedor responde com todos os seus bens presentes e futuros para o cumprimento de suas obrigações, salvo as restrições estabelecidas em lei.
Em última análise, a execução se consuma sobre o patrimônio do devedor. Existe uma exceção a este princípio, que é o chamado patrimônio mínimo. Alguns bens são considerados como mínimo existencial à pessoa, o mínimo para garantir o direito fundamental da dignidade da pessoa humana.
Art. 832. Não estão sujeitos à execução os bens que a lei considera impenhoráveis ou inalienáveis.
Art. 833. São impenhoráveis:
I - os bens inalienáveis e os declarados, por ato voluntário, não sujeitos à execução;
II - os móveis, os pertences e as utilidades domésticas que guarnecem a residência do executado, salvo os de elevado valor ou os que ultrapassem as necessidades comuns correspondentes a um médio padrão de vida;
III - os vestuários, bem como os pertences de uso pessoal do executado, salvo se de elevado valor;
IV - os vencimentos, os subsídios, os soldos, os salários, as remunerações, os proventos de aposentadoria, as pensões, os pecúlios e os montepios, bem como as quantias recebidas por liberalidade de terceiro e destinadas ao sustento do devedor e de sua família, os ganhos de trabalhador autônomo e os honorários de profissional liberal, ressalvado o § 2o;
V - os livros, as máquinas, as ferramentas, os utensílios, os instrumentos ou outros bens móveis necessários ou úteis ao exercício da profissão do executado;
VI - o seguro de vida;
VII - os materiais necessários para obras em andamento, salvo se essas forem penhoradas;
VIII - a pequena propriedade rural, assim definida em lei, desde que trabalhada pela família;
IX - os recursos públicos recebidos por instituições privadas para aplicação compulsória em educação, saúde ou assistência social;
X - a quantia depositada em caderneta de poupança, até o limite de 40 (quarenta) salários-mínimos;
XI - os recursos públicos do fundo partidário recebidos por partido político, nos termos da lei;
XII - os créditos oriundos de alienação de unidades imobiliárias, sob regime de incorporação imobiliária, vinculados à execução da obra.
§ 1o A impenhorabilidade não é oponível à execução de dívida relativa ao próprio bem, inclusive àquela contraída para sua aquisição.
§ 2o O disposto nos incisos IV e X do caput não se aplica à hipótese de penhora para pagamento de prestação alimentícia, independentemente de sua origem, bem como às importâncias excedentes a 50 (cinquenta) salários-mínimos mensais, devendo a constrição observar o disposto no art. 528, § 8o, e no art. 529, § 3o.
§ 3o Incluem-se na impenhorabilidade prevista no inciso V do caput os equipamentos, os implementos e as máquinas agrícolas pertencentes a pessoa física ou a empresa individual produtora rural, exceto quando tais bens tenham sido objeto de financiamento e estejam vinculados em garantia a negócio jurídico ou quando respondam por dívida de natureza alimentar, trabalhista ou previdenciária.
2) A execução deve ser útil – art. 836, NCPC.
Art. 836. Não se levará a efeito a penhora quando ficar evidente que o produto da execução dos bens encontrados será totalmente absorvido pelo pagamento das custas da execução.
§ 1o Quando não encontrar bens penhoráveis, independentemente de determinação judicial expressa, o oficial de justiça descreverá na certidão os bens que guarnecem a residência ou o estabelecimento do executado, quando este for pessoa jurídica.
§ 2o Elaborada a lista, o executado ou seu representante legal será nomeado depositário provisório de tais bens até ulterior determinação do juiz.
Não se admite a penhora de bens que não representem utilidade ao credor. Isto é, em razão de a execução ser um meio de pagamento ao credor, se os bens penhorados forem inúteis, de nada servirão, de modo que não se pode proceder à execução como forma de punição ao devedor.
3) A execução deve ser econômica – art. 805, NCPC:
Art. 805. Quando por vários meios o exequente puder promover a execução, o juiz mandará que se faça pelo modo menos gravoso para o executado.
Parágrafo único. Ao executado que alegar ser a medida executiva mais gravosa incumbe indicar outros meios mais eficazes e menos onerosos, sob pena de manutenção dos atos executivos já determinados.
A execução deverá ser feita pelo meio menos gravoso possível para o devedor. No entanto, a ausência de meios menos gravosos não exclui a possibilidade do modo mais gravoso.
4) Livre disponibilidade da execução pelo credor – art. 755, NCPC:
Art. 775. O exequente tem o direito de desistir de toda a execução ou de apenas alguma medida executiva.
Parágrafo único. Na desistência da execução, observar-se-á o seguinte:
I - serão extintos a impugnação e os embargos que versarem apenas sobre questões processuais, pagando o exequente as custas processuais e os honorários advocatícios;
II - nos demais casos, a extinção dependerá da concordância do impugnante ou do embargante.
O credor pode desistir da execução, já que não existe previsão de defesa para o devedor dentro do processo de execução. Se o devedor, todavia, houver constituído advogado, mesmo que não haja apresentado defesa pela via separada, haverá sucumbência. A desistência, porém, pode ser feita sem a anuência do devedor.
O modo pelo qual o Código de Processo Civil confere defesa ao devedor é a ação de embargos do devedor. É uma ação voltada ao combate da execução em questão. A matéria dos embargos pode ser processual ou de mérito. Como exemplo de matéria processual, pode-se citar a alegação de ilegitimidade passiva na execução; e de matéria de mérito, cita-se a inexigibilidade do débito.
Se o credor desistir da execução após o devedor ter proposto ação de embargos do devedor com matéria processual, a desistência estará condicionada ao pagamento da sucumbência e não necessitará de anuência do devedor, pois a execução será extinta por ausência de interesse processual. De outra maneira, se a matéria dos embargos for de mérito, a desistência da execução por parte do credor embargado depende da concordância do devedor embargante.
5) Princípio do contraditório na execução:
O fato de não haver previsão de defesa do devedor dentro da ação de execução não significa que não existe o contraditório. Dentro do processo o devedor pode opor defesas com relação a incidentes processuais e não especificamente quanto ao objeto da execução que é o título. Um exemplo destes incidentes diz respeito à avaliação de um bem, que será penhorado, abaixo do seu valor real. Assim, discute-se incidentalmente o valor e a avaliação errada, e não o título que estiver sendo executado.
Título executivo extrajudicial
Quemdefine o que é um título executivo extrajudicial é o sistema normativo, mais precisamente o art. 784, NCPC.
Art. 784. São títulos executivos extrajudiciais:
I - a letra de câmbio, a nota promissória, a duplicata, a debênture e o cheque; Nota promissória e cheque sem data não são títulos executivos. A duplicata só é título executivo se houver o aceite, porém será título executivo se houver prova da entrega da mercadoria e protesto da duplicata. Estes títulos precisam ser executados no original, a fim de se evitar que passe adiante e posteriormente haja cobranças indevidas realizadas por terceiros de boa-fé, conforme o princípio da inoponibilidade das exceções pessoais.
II - a escritura pública ou outro documento público assinado pelo devedor;
Trata-se da escritura pública, lavrada no Cartório de Notas. É um documento que possui clareza e força suficientes para ser executado em razão de ser emanado de cartório e possuir credibilidade.
III - o documento particular assinado pelo devedor e por 2 (duas) testemunhas;
Segundo entendimento do STJ, as duas testemunhas não precisam estar presentes na elaboração do documento. A presença deve ser verificada somente em casos especiais.
IV - o instrumento de transação referendado pelo Ministério Público, pela Defensoria Pública, pela Advocacia Pública, pelos advogados dos transatores ou por conciliador ou mediador credenciado por tribunal; transação é um contrato, no qual, havendo um conflito prévio entre as partes, cada uma faz uma concessão para outra, de maneira a entrarem em um consenso.
V - o contrato garantido por hipoteca, penhor, anticrese ou outro direito real de garantia e aquele garantido por caução
VI - o contrato de seguro de vida em caso de morte; é um título executivo para os beneficiários da vítima. Não abrande outros tipos de seguro.
VII - o crédito decorrente de foro e laudêmio; é a remuneração da enfiteuse. O não pagamento legitima a execução.
VIII - o crédito, documentalmente comprovado, decorrente de aluguel de imóvel, bem como de encargos acessórios, tais como taxas e despesas de condomínio; O documento comprobatório de locação de imóvel é o contrato de locação. Para executar o contrato de locação não precisa das duas testemunhas. Pode-se provar a locação com outro documento que não seja o contrato, como recibos, e-mails etc.
IX - a certidão de dívida ativa da Fazenda Pública da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, correspondente aos créditos inscritos na forma da lei; é uma maneira de executar tributos não pagos.
X - o crédito referente às contribuições ordinárias ou extraordinárias de condomínio edilício, previstas na respectiva convenção ou aprovadas em assembleia geral, desde que documentalmente comprovadas; O CPCem vigor diz que taxas e despesas de condomínio serão cobradas por meio da execução (art. 585). Porém, prevaleceu o entendimento de que o inciso possibilita a cobrança de condomínio ligado ao aluguel (não poderia o condomínio cobrar por meio da execução). Novo CPC mudou, possibilitando a execução.
XI - a certidão expedida por serventia notarial ou de registro relativa a valores de emolumentos e demais despesas devidas pelos atos por ela praticados, fixados nas tabelas estabelecidas em lei; o cartório pode executar o contratante de um serviço que não tenha pago.
XII - todos os demais títulos aos quais, por disposição expressa, a lei atribuir força executiva.
§ 1o A propositura de qualquer ação relativa a débito constante de título executivo não inibe o credor de promover-lhe a execução.
§ 2o Os títulos executivos extrajudiciais oriundos de país estrangeiro não dependem de homologação para serem executados.
§ 3o O título estrangeiro só terá eficácia executiva quando satisfeitos os requisitos de formação exigidos pela lei do lugar de sua celebração e quando o Brasil for indicado como o lugar de cumprimento da obrigação.
Art. 785. A existência de título executivo extrajudicial não impede a parte de optar pelo processo de conhecimento, a fim de obter título executivo judicial.
A ação de conhecimento proposta para discutir o título não suspende o andamento da ação de execução. Esse artigo não se refere aos embargos do devedor.
Exemplo: uma pessoa está executando um cheque e o executado perdeu prazo para os embargos. Assim, este executado entra com uma ação um processo autônomo que não são os embargos e diz que o título foi emitido mediante coação, sendo que vai provar que assim aconteceu e pede sentença que anule o cheque por conta da coação. Essa ação não é embargos do devedor. É uma ação de conhecimento que está subordinada ao art. 785.
Essa ação em que digo que assinei um cheque mediante coação não justifica a suspenção da execução porque o art. 785 diz expressamente que qualquer ação relativa ao título não suspende o processo de execução.
Toda vez em que há uma obrigação, há uma prestação a cumprir. Se o devedor não cumpre a prestação devida, a consequência é a penhora do seu patrimônio.
Art. 789. O devedor responde com todos os seus bens presentes e futuros para o cumprimento de suas obrigações, salvo as restrições estabelecidas em lei.
Este artigo significa que o devedor responde com os bens que possui no momento da execução. Falar que vai penhorar os bens futuros se tornaria estranho, porém significa que, mesmo que o devedor tenha comprado bens após a dívida, estes podem responder pelas dívidas.
Bens que respondem pelo patrimônio especificamente
Art. 790. São sujeitos à execução os bens:
I - do sucessor a título singular, tratando-se de execução fundada em direito real ou obrigação reipersecutória; Execução baseada em direito real é aquela que tem vinculação com algum bem. É real porque está ligada à res. Para saber se está vinculada a uma coisa, basta olhar ao título e ver qual título está na execução para o credor. Ex: caso haja um título garantido por um imóvel, no momento da execução a intenção é de executar o imóvel. Pode-se pensar que a obrigação pode alcançar a obrigação repersecutória, que, embora não seja um direito real (logo, não será encontrada na lista do art. 1.225) é uma obrigação ligada a uma coisa. Ex: um comprador adquire uma safra de commodities e executa o devedor para entregar este bem móvel. É um título que permite ao credor de ir buscar uma coisa.
II - do sócio, nos termos da lei; Nessa hipótese, deve-se analisar junto com o inciso VII. Quando se fala em responsabilidade dos bens pela dívida e respondem os bens primeiramente do sócio e depois os decorrentes da desconsideração da personalidade jurídica, esta regra não é importante quando se trata da penhora dos bens do devedor. Neste caso, o Código prevê que podem ser penhorados os bens dos sócios e da pessoa jurídica cuja personalidade tenha sido desconsiderada.
Alguns tipos de sociedade viabilizam ao lado dos bens da pessoa o jurídica os bens do sócio. Caso o sócio não tenha integralizado o capital social da sociedade, o credor pode executar tanto os bens da sociedade quanto os bens do sócio que não tenha integralizado. Essa hipótese não é a do inciso VII. A hipótese do inciso VII não tem relação com os casos em que a lei diz que o sócio pagará para integralizar o capital social, pois a integralização do capital social não se trata de desconsideração da personalidade jurídica.
Nos casos da desconsideração da personalidade jurídica, os sócios integralizaram o capital social e mesmo assim não possui capital para pagar os credores. Neste caso, não se pode cobrar dos sócios.
Preenchidos determinados requisitos, pode ocorrer a desconsideração da personalidade jurídica. (Art. 50, CC e Art. 28, § 5º, CDC). A desconsideração da personalidade jurídica ocorre nos casos em que a PJ é utilizada como meio de causar danos a terceiros, seja por violação da lei ou por confusão patrimonial.
Portanto, somente pode penhorar bens dos sócios desde que haja desconsideração da personalidade jurídica.
No NCPC, se houver necessidade da desconsideração, será por meio de um incidente no processo.
III - do devedor, ainda queem poder de terceiros; Podem ser penhorados bens do devedor estiver em poder de terceiros. A hipótese se trata somente do caso em que o devedor é proprietário do bem. Está subentendido, logo, que pode ser penhorado pois o devedor ainda é proprietário do bem.
IV - do cônjuge ou companheiro, nos casos em que seus bens próprios ou de sua meação respondem pela dívida; é a hipótese em que o patrimônio de um cônjuge responde pela dívida contraída pelo outro cônjuge. Na obrigação assumida por um dos cônjuges individualmente, em qualquer que seja o regime de bens, se a dívida tenha sido contraída individualmente a benefício da família, ainda que o outro cônjuge não tenha assinado, este responderá pela dívida na execução. (Arts. 1.643 e 1.644).
V - alienados ou gravados com ônus real em fraude à execução; A fraude de execução é um instituto que tem por objeto evitar que o devedor prejudique o credor simplesmente tirando seus bens de seu nome para não pagar a dívida.
A fraude contra credores é um defeito do negócio jurídico (defeito social, pois as partes que fizeram o negócio fraudulento têm consciência) que tem por objeto prejudicar terceiros (art. 158, CC). Ex: duas pessoas celebram negócio jurídico para a transmissão de propriedade. Aquele que aliena, entra em insolvência. Os dois requisitos, vender e alienar, estão presentes na fraude contra credores e na fraude à execução.
Na fraude contra credores, a existência de uma ação de conhecimento ou de execução contra o devedor é irrelevante. Basta que haja um credor, um devedor e que este caia em insolvência alienando seu patrimônio. Logo, neste defeito, os interesses importantes são apenas os das partes, de maneira que não há um ato judicial de cobrança das partes. A vítima da fraude contra credores pede que seja anulada a operação de alienação para que o bem retorne ao patrimônio do devedor. É irrelevante, salienta-se, uma ação de execução do credor contra o devedor.
VI - cuja alienação ou gravação com ônus real tenha sido anulada em razão do reconhecimento, em ação autônoma, de fraude contra credores;
VII - do responsável, nos casos de desconsideração da personalidade jurídica.
Fraude contra credores e fraude à execução
A fraude contra credores é um defeito do negócio jurídico anulável, uma vez que há prejuízo ao credor, pois, alguém sendo devedor de outra pessoa se desfaz de seu patrimônio de modo a ficar insolvente. Esta lógica é a prevista nos artigos 158 e 159, do Código Civil.
Quando são preenchidos os requisitos da fraude contra credores, o credor pode entrar com uma ação e anular a venda ou a doação (ação pauliana). Uma vez anulada a venda ou a doação, o bem retornará ao patrimônio do alienante (devedor) e o credor que entrou com a ação pauliana poderá penhorar o bem.
Se outra pessoa que não foi aquela que propôs a ação pauliana desejar penhorar também poderá fazê-lo, pois a anulação decorrente da ação pauliana significa que a venda foi desfeita, de maneira a ser resgatado o status quo ante. Assim, todos podem penhorar o bem como se nunca tivesse saído do patrimônio do devedor.
Na fraude contra credores a anulação que vaga pelo direito privado. A preponderância do interesse jurídico é privado.
Quando se diz que se pretende anular a venda em fraude contra credores, é preciso olhar o artigo 158, CC. O artigo trata de doação e, quando se faz a transferência de um bem para o patrimônio de outra pessoa, o credor ajuíza ação pauliana e terá grandes chances de procedência no julgamento. Não é preciso levar em consideração a ciência ou não do donatário (concilium fraudes) quanto à existência da dívida, pois em seu patrimônio nada será afetado, somente deixará de ganhar algo, ao contrário do credor que estará perdendo seu patrimônio.
De maneira diferente ocorre no caso de uma venda, a anulação da venda somente se dará caso o credor comprove o concilium fraudes, ou seja, a anuência do comprador quanto à existência de uma dívida e a concordância com a realização do negócio.
Tanto na fraude contra credores quanto na fraude à execução há prejuízo ao credor uma vez que o patrimônio do devedor será delapidado. A grande diferença é que enquanto a fraude contra credores exige uma ação específica e independente para ser reconhecida, a fraude à execução não precisa de uma ação específica para reconhece-la.
Na fraude contra credores, o interesse predominante é privado, isto é, são apenas das partes. Quando se fala em fraude de execução, não se fala somente de uma proteção particular, pois o Estado também será afetado, de maneira a ser vítima desta fraude. Assim, na fraude de execução o instituto é mais intenso, mais efetivo para reprimir o devedor. Por isso, preenchidos os requisitos da fraude de execução, pede-se ao juiz para que reconheça que a venda feita pelo devedor é ineficaz. Ineficaz significa que não produz efeitos em relação à vítima da fraude.
A diferença é importante pois, se houver fraude de execução será mais fácil proteger o credor.
Art. 792. A alienação ou a oneração de bem é considerada fraude à execução:
I - quando sobre o bem pender ação fundada em direito real ou com pretensão reipersecutória, desde que a pendência do processo tenha sido averbada no respectivo registro público, se houver;
Qualquer figura de ação que tenha por objeto uma coisa pode ser objeto de fraude à execução. Nestas hipóteses não precisa haver insolvência pois o objeto da demanda é algo específico. A ação reipersecutória é uma ação com o objetivo de anular a venda de um imóvel.
Para saber que uma pessoa moveu uma ação para anular a venda realizada a outra é preciso fazer uma averbação na matrícula do imóvel no Cartório de Registro de Imóveis. Ex: X move uma ação para anular a venda de um imóvel realizada de Y a Z.
II - quando tiver sido averbada, no registro do bem, a pendência do processo de execução, na forma do art. 828; Esse artigo permite ao credor, quando ajuíza uma execução, que consiga uma certidão informando os dados da petição antes de ser despachada pelo juiz. O credor retira esta certidão e averba à margem do registro dos bens do devedor. Ex: o credor pega a certidão, se dirige aos cartórios nos quais o devedor tem imóveis, e pede ao funcionário para que averbe à margem da matrícula que está sendo objeto de execução. Assim, caso um terceiro compre o imóvel averbado estará praticando fraude à execução, pois estará registrado que o imóvel estava sendo objeto de execução.
Quando se faz a averbação da certidão de execução, o credor deve avisar o juiz quais bens estão sujeitos à execução e tão logo ocorra a penhora de bens suficientes para pagamento da dívida, o credor também deverá pedir o cancelamento do que estiver em excesso. Caso não seja feito e o excesso causar prejuízo ao devedor, o credor deverá indenizá-lo.
III - quando tiver sido averbado, no registro do bem, hipoteca judiciária ou outro ato de constrição judicial originário do processo onde foi arguida a fraude;
Nesse caso há a penhora do imóvel, devidamente registrada, e o credor se dirige ao cartório com certidão de penhora e registra nos imóveis do devedor. Caso este os venda, será fraude à execução.
IV - quando, ao tempo da alienação ou da oneração, tramitava contra o devedor ação capaz de reduzi-lo à insolvência;
Uma ação é proposta no momento em que é distribuída. O inciso se refere ao momento em que tramitava a ação contra o devedor, isto é, a fraude à execução só se caracteriza após a citação devedor. Para caracterizar a fraude à execução nessa modalidade do inciso IV a alienação deverá ser feita somente após a citação do devedor.
Se houver venda depois da averbação da certidão de execução na matrícula do imóvel, será fraude à execução, mas se a venda for antes da averbação não será fraude.
O primeiro requisito é a necessidade de citação prévia do devedor alienante. Embora o instituto seja fraude à execução, não é preciso ter um processo de execução para que se caracterize fraude. Assim, a fraude à execução não se caracteriza só na ação de execução.
Exemplo: uma pessoacitada e que antes da sentença de um processo de conhecimento aliena seu patrimônio. Pode-se ter fraude à execução no processo de conhecimento com a venda depois da citação e antes do fim da fase de conhecimento.
Como dito, na fraude contra credores haveria necessidade do reconhecimento do concilium fraudes para prejudicar o credor. Na fraude à execução não há previsão de concilium fraudes, mas a jurisprudência deu origem a uma Súmula do STJ, a súmula 375, que dispõe: “caso se verifique a venda no curso da demanda de um bem do devedor que possa reduzi-lo à insolvência, só se vai reconhecer a fraude à execução se houver má-fé pelo comprador”.
Súmula 375, STJ: O reconhecimento da fraude à execução depende do registro da penhora do bem alienado ou da prova de má-fé do terceiro adquirente.
Se não houver registro, para que se reconheça a má-fé, é ônus do credor provar que o comprador tinha conhecimento da execução. Para haver fraude à execução deve-se ter prova da ciência da execução pelo adquirente.
Na fraude contra credores, a consequência prevista no CC é a anulação do negócio fraudulento. Por causa da anulação, o bem volta para o patrimônio do devedor vendedor.
Na fraude de execução não se anula, não é anulável. O pedido de reconhecimento de fraude de execução não significa que a venda foi anulada. Embora tenha havido fraude de execução, o proprietário do bem continua sendo o executado. Porém, a venda realizada pelo executado por um terceiro é ineficaz somente perante o exequente.
A ineficácia da venda realizada a terceiro não faz o bem voltar ao executado. O credor-exequente pode ignorar esta venda, sendo ineficaz perante este, mas é válido perante outros credores, de modo que não pode penhorar o imóvel porque o imóvel não é do executado.
OBS: O STJ está entendendo que fraude contra credores seria um motivo de ineficácia.
Da necessidade de reconhecimento na ação pauliana para o reconhecimento da fraude contra credores, o credor-exequente não pode penhorar o bem pois estará vendido a terceiro.
Imaginando que este credor-exequente peça a penhora do bem vendido a terceiro, antes da procedência da ação (fraude contra credores), sem que haja conhecimento da venda em razão do não registro, o terceiro pode interpor embargos de terceiro. O credor pode alegar na ação de embargos de terceiro que o terceiro comprou o imóvel em fraude contra credores, havendo o concilium fraudes. Nessa ação, o juiz não pode reconhecer a fraude contra credores na ação de embargos de terceiro contra o credor-exequente e o devedor-executado.
Súmula 195, STJ: Não se pode reconhecer a fraude contra credores em ação de embargo de terceiro.
Art. 792, § 4º, NCPC: Antes de declarar a fraude à execução, o juiz deverá intimar o terceiro adquirente, que, se quiser, poderá opor embargos de terceiro, no prazo de 15 (quinze) dias.
Os embargos de terceiro são uma ação específica que pretende evitar que um terceiro sofra um dano decorrente de um processo. Pelo prazo no artigo, infere-se que os embargos são opostos antes da efetivação do dano.
§ 3o Nos casos de desconsideração da personalidade jurídica, a fraude à execução verifica-se a partir da citação da parte cuja personalidade se pretende desconsiderar.
No processo, respondendo pela dívida, haverá o sócio e a pessoa jurídica. A PJ é a devedora e, depois da desconsideração, o sócio também será.
Somente pode haver se a alienação for posterior à citação. Com relação à pessoa jurídica, ela está no processo desde o começo. O sócio, ao saber do risco de desconsideração da personalidade jurídica após a citação, passa a vender seu patrimônio particular, depois da citação da pessoa jurídica, mas antes da citação da pessoa física.
Este artigo diz que para fins de fraude de execução o sócio, pessoa física, será considerado citado na data em que a pessoa jurídica foi citada. Tem o fundamento de que, a partir do momento em que a pessoa jurídica for citada, o sócio não poderá dispor de seus bens. No entanto, continua sendo necessário o conhecimento do comprador para constituir fraude à execução. É preciso que haja a ciência da má-fé pelo adquirente na fraude de execução.
§ 2o No caso de aquisição de bem não sujeito a registro, o terceiro adquirente tem o ônus de provar que adotou as cautelas necessárias para a aquisição, mediante a exibição das certidões pertinentes, obtidas no domicílio do vendedor e no local onde se encontra o bem.
Quando a penhora atinge bens sujeitos a registro, como imóveis, pode-se tornar pública a execução ou a penhora. Ocorre que não há como tornar pública a penhora de alguns bens, como gado, pois não há registro. Nestes casos em que o registro é inviabilizado, o credor deve provar que o comprador sabia que o bem era de devedor que não pagava a dívida. A ideia deste artigo é obrigar o credor a provar a má-fé do comprador, mas a boa-fé se presume.
Art. 793. O exequente que estiver, por direito de retenção, na posse de coisa pertencente ao devedor não poderá promover a execução sobre outros bens senão depois de excutida a coisa que se achar em seu poder.
O credor que estiver em posse de coisa pertencente ao devedor, sendo classificado, assim, como um credor pignoratício – pois possui uma garantia real do débito do devedor, não poderá executar outros bens antes do objeto empenhado. Trata-se, portanto, do penhor.
Art. 794. O fiador, quando executado, tem o direito de exigir que primeiro sejam executados os bens do devedor situados na mesma comarca, livres e desembargados, indicando-os pormenorizadamente à penhora.
O contrato de fiança é um contrato de natureza acessória que tem por objeto oferecer uma terceira pessoa para garantir o conteúdo de outro contrato. Tipicamente, é verificado em contrato de locação. Como regra geral, somente é possível penhorar bens do fiador se o afiançado não tiver patrimônio. Deve-se entrar com uma ação contra o inquilino e contra o fiador. O fiador pode alegar que sua responsabilidade é subsidiária, devendo primeiro serem penhorados os bens do afiançado. Logo, poderá indicar os bens do devedor, caso houver, para que sejam penhorados antes de ser atingido em seu patrimônio.
Art. 795. Os bens particulares dos sócios não respondem pelas dívidas da sociedade, senão nos casos previstos em lei.
§ 1o O sócio réu, quando responsável pelo pagamento da dívida da sociedade, tem o direito de exigir que primeiro sejam excutidos os bens da sociedade.
§ 2o Incumbe ao sócio que alegar o benefício do § 1o nomear quantos bens da sociedade situados na mesma comarca, livres e desembargados, bastem para pagar o débito.
§ 3o O sócio que pagar a dívida poderá executar a sociedade nos autos do mesmo processo.
§ 4o Para a desconsideração da personalidade jurídica é obrigatória a observância do incidente previsto neste Código.
O sócio pode agir do mesmo modo que o fiador. Isto é, o sócio diante da intenção de penhorar seus bens, pode alegar que sejam penhorados primeiramente os bens da pessoa jurídica, indicando-os. Caso contrário, seus bens pessoais serão penhorados.
Em ambos os artigos, se o fiador ou o sócio pagar a dívida em nome do afiançado, na própria execução em que ocorrer, o fiador ou o sócio poderão mover, na chamada via de regresso, em face do devedor principal. O fiador se sub-roga na dívida em relação ao devedor, de modo que não precisa de outra demanda e pode proceder à execução nos mesmos autos.
Art. 796. O espólio responde pelas dívidas do falecido, mas, feita a partilha, cada herdeiro responde por elas dentro das forças da herança e na proporção da parte que lhe coube.
É um artigo que cuida de regra material consistente em quem responde pelas dívidas em caso de morte do falecido. Quando uma pessoa morre e deixa dívidas, estas são pagas pelo patrimônio do falecido. Este patrimônio, no entanto, ao mesmo tempo em que responde pela dívida, é o limite patrimonial sobre o qual o credor do falecido receberá. Isto significa que nenhuma herança pode exigir que nenhuma dívida pode ser paga com o patrimônio do herdeiro. Porém, pode serque a partilha de bens termine e esteja em nome dos herdeiros e, nesta hipótese, o credor procede uma execução sobre o patrimônio que estiver em nome dos herdeiros, no limite daquilo proveniente por herança.
SUCESSÃO DOS ATOS DA EXECUÇÃO DA QUANTIA CERTA – EXECUÇÃO POR DÍVIDA BASEADA EM QUANTIA CERTA.
Quando há uma hipótese de execução de quantia certa, precisa-se saber que só há possibilidade de se valer dessa execução se houver um título executivo extrajudicial.
Entre os arts. 771 a 782 do NCPC, está disposto que a execução se baseia em um título executivo líquido, certo e exigível. Líquido significa que pode ser expresso em um valor determinado.
Pode-se executar quem figura no título como devedor, pois é em seu conteúdo que se tiram legitimidade, a causa de pedir e o limite do pedido. No entanto, há possibilidade de alguém que não figure no título ser titular do crédito e, embora não estar diretamente no título, ser parte no processo.
O executado nesta demanda será ou o espólio, se o inventário estiver aberto, ou os herdeiros. O mesmo vale para o falecido que tiver um crédito. Neste caso, a ação será movida ou pelo espólio ou pelo herdeiro que herdar esta parte.
Se houver uma cessão de crédito, um credor for substituído por outro, aquele que adquirir o título terá legitimidade para propor ação, de maneira que a cessão pode estar em outro instrumento que não seja o título.
Ainda dentro destas regras, há a que trata da competência. Na propositura da execução, os arts. 781 e 782 preveem as regras de competência.
Quando se fala que há um processo de conhecimento e um de execução, existem diferenças de finalidade entre os processos. Essa afirmação significa que ao se buscar regras no processo de execução e dentro dele não haver regras específicas, aplica-se as regras do processo de conhecimento para supri-las. Esta importação de regras, porém, deve ser feita considerando a compatibilidade de cada processo. O processo de execução, por exemplo, não comporta produção de provas. Para se provar que o título foi pago, porém, utiliza-se os embargos do devedor, que caracterizam um processo autônomo.
O processo de execução começa pela certeza do credor de que tem direito de receber a dívida. Este credor se baseia no fato de possuir um título executivo. Como a lei atribui a este título a convicção de que o título existe e não foi pago, o processo de execução trabalha com a presunção relativa de que o título não foi pago. É uma presunção de que goza o credor porquanto possui o título.
O processo se desenvolve do seguinte modo: o devedor não paga o credor. O credor precisa do Estado para obrigar o pagamento pelo devedor, fazendo com que o devedor aliene seus bens para pagar a dívida.
O processo de execução caminha neste sentido. O juiz penhora bens do devedor, vende e entrega o dinheiro para o credor.
OBS: a execução de dinheiro não é prevista especificamente no CC, e há quem entende que deva ser incluída.
A primeira grande característica do processo de execução é penhora. A execução deve iniciar vinculando um bem do devedor ao crédito.
No processo de conhecimento não há certeza de quem tem razão. Esse desenvolvimento da sequência não permite que se causa um prejuízo ao devedor em razão da incerteza, motivo pelo qual não pode inicia-lo já com a penhora. No processo de execução, como há a certeza, deve-se começar pela penhora.
Isto não quer dizer que, embora tendo um título executivo extrajudicial, o credor não possa optar por um processo de conhecimento. Neste caso, o título se torna princípio de prova. O CPC dispõe que esta é uma faculdade do credor. É comum optar pelo processo de conhecimento no caso de o credor ter dúvidas acerca do título, fazendo-o de modo a ter uma garantia.
Art. 797. Ressalvado o caso de insolvência do devedor, em que tem lugar o concurso universal, realiza-se a execução no interesse do exequente que adquire, pela penhora, o direito de preferência sobre os bens penhorados.
Parágrafo único. Recaindo mais de uma penhora sobre o mesmo bem, cada exequente conservará o seu título de preferência.
Este artigo diz que a penhora oferece ao credor, naquele processo, a preferência. Significa que se houver um devedor e vários credores, aquele que penhorar primeiro receberá primeiro. Esta regra não é absoluta, sendo aplicada em situações específicas.
Caso haja um crédito com garantia real, este se sobrepõe às demais, gerando um privilégio ao credor que possui garantia real, não importando o momento em que se propõe o processo de execução. Logo, a preferência não será do credor que penhorar o bem anteriormente. A garantia real prevalece, desta maneira, sobre a penhora realizada anteriormente, sendo que o credor pignoratício receberá primeiramente.
Existem outras hipóteses em que a preferência não se dá sobre anterioridade da penhora. É o caso de privilégios de créditos correspondentes às questões tributárias, trabalhistas e, também, às despesas condominiais.
Caso esteja na hipótese de não haver garantia real e nem incorrer sobre estas hipóteses de privilégios, procede-se com base na anterioridade da penhora.
A petição inicial do processo de execução tem alguns requisitos.
Art. 798. Ao propor a execução, incumbe ao exequente:
I - instruir a petição inicial com:
a) o título executivo extrajudicial;
b) o demonstrativo do débito atualizado até a data de propositura da ação, quando se tratar de execução por quantia certa;
O primeiro deles é a apresentação do título executivo que será executado.
O segundo requisito é a apresentação do demonstrativo de débito. O exequente deve apresentar cálculos junto com o título para o devedor ter ciência do valor atualizado da dívida.
c) a prova de que se verificou a condição ou ocorreu o termo, se for o caso;
Normalmente, o título expressa o requisito de exigibilidade. Presume-se que, quando interposta uma ação de execução, a dívida seja exigível. Para executar um contrato, cuja executividade esteja vinculada à entrega da contraprestação, deve-se comprovar a contraprestação realizada.
d) a prova, se for o caso, de que adimpliu a contraprestação que lhe corresponde ou que lhe assegura o cumprimento, se o executado não for obrigado a satisfazer a sua prestação senão mediante a contraprestação do exequente;
II - indicar:
a) a espécie de execução de sua preferência, quando por mais de um modo puder ser realizada;
b) os nomes completos do exequente e do executado e seus números de inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas ou no Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica;
c) os bens suscetíveis de penhora, sempre que possível.
Parágrafo único. O demonstrativo do débito deverá conter:
I - o índice de correção monetária adotado;
II - a taxa de juros aplicada;
III - os termos inicial e final de incidência do índice de correção monetária e da taxa de juros utilizados;
IV - a periodicidade da capitalização dos juros, se for o caso;
V - a especificação de desconto obrigatório realizado.
O art. 799 diz que para executar um crédito e penhorar um bem ou crédito proveniente de contrato, deve-se intimar certas pessoas. Penhorado um bem que tenha relação com interesse de terceira pessoa, a penhora deve ser comunicada ao terceiro, devendo ser intimado da penhora do bem.
Quando um imóvel é dado em garantia a uma pessoa, não faz com que o proprietário perca a propriedade do bem.
Hipótese: uma pessoa tem uma garantia real sobre um imóvel de um devedor e houve posterior penhora deste imóvel por outro credor e uma consequente alienação do imóvel, sem a ciência do credor pignoratício. A alienação é ineficaz perante o credor pignoratício, de modo que este credor poderá ignora-la, como se não houvesse ocorrido. Há essa permissão do credor pignoratício em razão do direito de sequela, dispondo que o credor tem o direito de perseguir a res ainda que em posse de terceiro.
Intimado o credor pignoratício da penhora do bem em um processo de execução, este credor poderá: I – exercer a preferência da garantia real que possui, de modo que consente com a alienação dobem e terá direito a parte do valor correspondente ao seu crédito; II – não exercer a preferência e permanecer inerte, de maneira que resultará em uma “renúncia” da garantia, e a penhora será válida para todos os efeitos.
Art. 799. Incumbe ainda ao exequente:
I - requerer a intimação do credor pignoratício, hipotecário, anticrético ou fiduciário, quando a penhora recair sobre bens gravados por penhor, hipoteca, anticrese ou alienação fiduciária;
II - requerer a intimação do titular de usufruto, uso ou habitação, quando a penhora recair sobre bem gravado por usufruto, uso ou habitação;
III - requerer a intimação do promitente comprador, quando a penhora recair sobre bem em relação ao qual haja promessa de compra e venda registrada;
IV - requerer a intimação do promitente vendedor, quando a penhora recair sobre direito aquisitivo derivado de promessa de compra e venda registrada;
V - requerer a intimação do superficiário, enfiteuta ou concessionário, em caso de direito de superfície, enfiteuse, concessão de uso especial para fins de moradia ou concessão de direito real de uso, quando a penhora recair sobre imóvel submetido ao regime do direito de superfície, enfiteuse ou concessão;
VI - requerer a intimação do proprietário de terreno com regime de direito de superfície, enfiteuse, concessão de uso especial para fins de moradia ou concessão de direito real de uso, quando a penhora recair sobre direitos do superficiário, do enfiteuta ou do concessionário;
VII - requerer a intimação da sociedade, no caso de penhora de quota social ou de ação de sociedade anônima fechada, para o fim previsto no art. 876, § 7o;
VIII - pleitear, se for o caso, medidas urgentes;
IX - proceder à averbação em registro público do ato de propositura da execução e dos atos de constrição realizados, para conhecimento de terceiros.
Art. 803. É nula a execução se:
I - o título executivo extrajudicial não corresponder a obrigação certa, líquida e exigível;
II - o executado não for regularmente citado;
III - for instaurada antes de se verificar a condição ou de ocorrer o termo.
Parágrafo único. A nulidade de que cuida este artigo será pronunciada pelo juiz, de ofício ou a requerimento da parte, independentemente de embargos à execução.
Essas hipóteses de nulidade dispensam os embargos para serem reconhecidos. Se for caso de nulidade, é uma exceção aos embargos do devedor pois há a possibilidade de peticionar nos próprios autos alegando que não há título. É denominada Exceção de Pré-Executividade.
Quando a execução é distribuída, ocorre a interrupção da execução. Porém, há um problema prático que o NCPC resolverá. A interrupção da prescrição ocorrerá com a citação e retroagirá à data de propositura da ação.
Art. 802. Na execução, o despacho que ordena a citação, desde que realizada em observância ao disposto no § 2o do art. 240, interrompe a prescrição, ainda que proferido por juízo incompetente.
Parágrafo único. A interrupção da prescrição retroagirá à data de propositura da ação.
O credor precisa, toda vez em que distribui uma ação de execução, averbar junto aos locais onde houver bens penhoráveis a certidão expedida pelo distribuidor forense. Se o credor averba a execução que distribuir às margens dos locais onde houver bens penhoráveis, gera fraude de execução na hipótese de alienação posterior. Este procedimento é feito antes do despacho do juiz e antes de o devedor ser citado para que qualquer venda que seja feita posteriormente seja considerada como fraudulenta.
Se este procedimento não for realizado e a venda for feita, não ocorrerá a fraude de execução.
O NCPC diz que o exequente, ao ajuizar a execução, poderá pleitear medidas cautelares na execução para evitar que o credor aliene seus bens.
Art. 830. Se o oficial de justiça não encontrar o executado, arrestar-lhe-á tantos bens quantos bastem para garantir a execução.
§ 1o Nos 10 (dez) dias seguintes à efetivação do arresto, o oficial de justiça procurará o executado 2 (duas) vezes em dias distintos e, havendo suspeita de ocultação, realizará a citação com hora certa, certificando pormenorizadamente o ocorrido.
§ 2o Incumbe ao exequente requerer a citação por edital, uma vez frustradas a pessoal e a com hora certa.
§ 3o Aperfeiçoada a citação e transcorrido o prazo de pagamento, o arresto converter-se-á em penhora, independentemente de termo.
O credor precisa de uma medida de natureza cautelar para evitar que o devedor-executado aliene bens que não se tratem de bens imóveis ou que a averbação se encontra impossibilitada (não é registrável), como uma safra de soja. O juiz, a pedido do credor, poderá decidir liminarmente, antes mesmo da citação do executado, pela apreensão desta mercadoria para que não seja alienada pelo executado.
Supondo que o credor tenha distribuído a inicial, mas não tenha apresentado o demonstrativo do valor da dívida havendo uma irregularidade na inicial. Nessa hipótese haveria ausência de pressuposto válido para o desenvolvimento do processo. O juiz é obrigado, nessa hipótese, a conceder o prazo de 15 dias para a emenda da inicial. Caso não seja feito, haverá o indeferimento da petição inicial.
Estando a petição inicial regular, o juiz mandará citar o devedor para: I – conceder 3 (três) dias para o devedor pagar a dívida; ou II – o devedor apresentar, em 15 dias, embargos à execução. O juiz, ao despachar, supõe que o devedor pode preferir pagar a dívida em 3 dias. Caso opte por esta decisão, o NCPC concede uma vantagem ao devedor que é a de pagar honorários pela metade. Nesta etapa processual, já há a discussão dos honorários pois o juiz deve determinar a porcentagem de 10% sobre o valor da dívida já no despacho inicial. Assim, se o devedor escolher pagar a dívida, arcará com 5% de honorários.
Se o devedor opor embargos de devedor, os honorários determinados nestes embargos substituirão os honorários iniciais da execução. Logo, o arbitramento dos honorários arbitrados na execução somente prevalece se houver o pagamento pelo devedor no prazo concedido; do contrário, serão levados em consideração os honorários dos embargos.
Quando se trata do prazo de três dias para pagamento, há uma complicação quanto ao prazo de contagem. A regra geral é a de que o prazo se conta a partir da juntada do mandado. No entanto, nessa situação há uma regularidade prática, pois, se conta o prazo a partir da citação do devedor, sem contar da juntada do mandado.
A lógica deste dispositivo é a de que o oficial de justiça cita o réu e fica com duas vias. Uma ele junta no cartório e, desta juntada, corre o prazo de embargos. A outra permanece consigo pois desta maneira correrá o prazo citatório. Se não houver o pagamento, o Oficial de Justiça retornará ao encontro do devedor e penhorará os bens para o pagamento da dívida.
Incumbe ao credor indicar os bens do devedor a serem penhorados. O devedor, porém, poderá pedir a substituição do bem a ser penhorado, devendo indicar outro bem e o juiz avaliará conforme a situação.
Art. 829. O executado será citado para pagar a dívida no prazo de 3 (três) dias, contado da citação.
§ 1o Do mandado de citação constarão, também, a ordem de penhora e a avaliação a serem cumpridas pelo oficial de justiça tão logo verificado o não pagamento no prazo assinalado, de tudo lavrando-se auto, com intimação do executado.
§ 2o A penhora recairá sobre os bens indicados pelo exequente, salvo se outros forem indicados pelo executado e aceitos pelo juiz, mediante demonstração de que a constrição proposta lhe será menos onerosa e não trará prejuízo ao exequente.
O prazo para a apresentação de embargos é de 15 dias contado da juntada dos embargos, mas não se aplicam as regras do prazo em dobro se houver vários executados. É vedado pois a finalidade da execução é proporcionar ao credor o recebimento do crédito e porque os devedores opõem três embargos diferentes pois são devedores diferentes, motivo pelo qual não se pode alegar prazo em dobro em razão de se tratarem de ações diferentes.
Mesmo que os devedores entrem juntos nomesmo embargos, é vedado o prazo em dobro.
Na execução, além disso, o prazo é individual. A partir da juntada do mandado, cada prazo corre individualmente, e não apenas a partir da última citação.
Assim, não se aplica a regra do prazo em dobro para advogados distintos e o prazo corre individualmente, e não apenas após a última juntada.
Art. 915. Os embargos serão oferecidos no prazo de 15 (quinze) dias, contado, conforme o caso, na forma do art. 231.
§ 1o Quando houver mais de um executado, o prazo para cada um deles embargar conta-se a partir da juntada do respectivo comprovante da citação, salvo no caso de cônjuges ou de companheiros, quando será contado a partir da juntada do último.
§ 2o Nas execuções por carta, o prazo para embargos será contado:
I - da juntada, na carta, da certificação da citação, quando versarem unicamente sobre vícios ou defeitos da penhora, da avaliação ou da alienação dos bens;
II - da juntada, nos autos de origem, do comunicado de que trata o § 4o deste artigo ou, não havendo este, da juntada da carta devidamente cumprida, quando versarem sobre questões diversas da prevista no inciso I deste parágrafo.
§ 3o Em relação ao prazo para oferecimento dos embargos à execução, não se aplica o disposto no art. 229.
§ 4o Nos atos de comunicação por carta precatória, rogatória ou de ordem, a realização da citação será imediatamente informada, por meio eletrônico, pelo juiz deprecado ao juiz deprecante.
No processo de execução, é proibida a citação por Correio. Após a citação, o Oficial de Justiça é encarregado de determinadas providências e não seria lógico citar por Correio e somente após o Oficial de Justiça proceder com as providências.
A citação pode ser feita somente pessoalmente ou por edital. A por edital é cabível quando o réu estiver em local incerto ou ignorado; a pessoalmente é feita diretamente com o réu.
A citação pode ser real ou por hora certa. Durante muito tempo a citação por hora certa era incabível. A justificativa é a de que se o Oficial de Justiça não localizar o devedor, o legislador o oferece um modo de agir nos casos de não localização do devedor. O Oficial de Justiça deve arrestar bens do devedor.
Este arresto é distinto daquele verificado em casos de cautelar ordenado pelo juiz na presença de determinadas circunstâncias. O arresto do art. 830 tem outra natureza não depende de ordem do juiz. É um desdobramento da conduta que o Oficial de Justiça deve ter quando não localizar o devedor.
Art. 830. Se o oficial de justiça não encontrar o executado, arrestar-lhe-á tantos bens quantos bastem para garantir a execução.
§ 1o Nos 10 (dez) dias seguintes à efetivação do arresto, o oficial de justiça procurará o executado 2 (duas) vezes em dias distintos e, havendo suspeita de ocultação, realizará a citação com hora certa, certificando pormenorizadamente o ocorrido.
§ 2o Incumbe ao exequente requerer a citação por edital, uma vez frustradas a pessoal e a com hora certa.
§ 3o Aperfeiçoada a citação e transcorrido o prazo de pagamento, o arresto converter-se-á em penhora, independentemente de termo.
Depois de arrestar, o Oficial de Justiça tenta citar novamente o devedor. Se não conseguir, deve informar na certidão e apresentar ao juiz. E, por isto, o credor deve pedir a citação por edital. Por este motivo não cabe a citação por hora certa, pois cabe o arresto e posteriormente a citação por edital.
Atualmente, imaginando que o Oficial de Justiça não encontre o devedor e também não encontre bens e perceba que está havendo ocultação do devedor, há vantagens ao credor. Uma delas é a dispensa com custas da publicação no edital e começa a correr o prazo para embargos. Esta é uma vantagem sobre a qual a doutrina e a jurisprudência passaram a admitir a citação por hora certa.
Quando o Oficial de Justiça penhorar os bens, deve tomar algumas exigências: I – encarregar alguém de cuidar dos bens penhorados, sendo denominado depositário; II – intimar o devedor da penhora realizada, sendo um ato diferente da citação pois dá ciência ao devedor sobre o que foi penhorado; III – avaliar o bem penhorado, de modo que somente haverá a nomeação de um especialista se o devedor impugnar a avaliação.
Atualmente, o depositário do bem em execução não pode ser preso. Significa que o NCPC passou a preferir que o bem penhorado fique na posse do credor.
No caso de haver penhora e citação, o NCPC autoriza algumas condutas que o devedor tomará. Uma delas é permanecer silente, deixando o processo de execução seguir até o leilão do bem. O outro caminho do devedor está no art. 916. Este caminho é oferecido ao devedor para pagar a dívida de maneira parcelada.
Art. 916. No prazo para embargos, reconhecendo o crédito do exequente e comprovando o depósito de trinta por cento do valor em execução, acrescido de custas e de honorários de advogado, o executado poderá requerer que lhe seja permitido pagar o restante em até 6 (seis) parcelas mensais, acrescidas de correção monetária e de juros de um por cento ao mês.
§ 1o O exequente será intimado para manifestar-se sobre o preenchimento dos pressupostos do caput, e o juiz decidirá o requerimento em 5 (cinco) dias.
§ 2o Enquanto não apreciado o requerimento, o executado terá de depositar as parcelas vincendas, facultado ao exequente seu levantamento.
§ 3o Deferida a proposta, o exequente levantará a quantia depositada, e serão suspensos os atos executivos.
§ 4o Indeferida a proposta, seguir-se-ão os atos executivos, mantido o depósito, que será convertido em penhora.
§ 5o O não pagamento de qualquer das prestações acarretará cumulativamente:
I - o vencimento das prestações subsequentes e o prosseguimento do processo, com o imediato reinício dos atos executivos;
II - a imposição ao executado de multa de dez por cento sobre o valor das prestações não pagas.
§ 6o A opção pelo parcelamento de que trata este artigo importa renúncia ao direito de opor embargos
§ 7o O disposto neste artigo não se aplica ao cumprimento da sentença.
A doutrina dispõe que ao credor somente cabe discutir quanto aos 30% do caput do artigo, alegando que não houve o pagamento da porcentagem referida.
Dizer que o devedor tem um direito absoluto de pagar parceladamente, é um tema questionado na doutrina tendo em vista alguns casos em que o devedor tem alto poder econômico.
Este parcelamento não se aplica ao cumprimento de uma sentença. O devedor não pode pedir o parcelamento na execução de título judicial. O legislador proibiu o parcelamento pois considera que o devedor poderia ter economizado o dinheiro correspondente durante o curso do processo de conhecimento.
Nos casos em que o devedor deposita e pede o parcelamento, é vedada a oposição de embargos, consistindo em uma renúncia a estes embargos.

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