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Centro de Ensino Unificado de Teresina – CEUT Faculdade de Ciências Humanas, Saúde, Exatas e Jurídicas de Teresina Coordenadoria do Bacharelado em Direito Antropologia Jurídica – Professor Marcondes Costa Jeane da Silva Silva Melo – 2º D Quebrando o Tabu “Alguns acham que não haverá espaço nas cadeias. Criaremos espaços.” George H. W. Bush “É uma alternativa mandar para a cadeira o usuário, mas isso resolve o problema? E onde se vai construir cadeia pra tanto usuário? Não tem uma cadeia no mundo que não tenha droga.” Dráuzio Varella – Médico voluntário do Carandiru “Proibição absoluta ou permissão total. Há um meio caminho ali entre os dois.” Moisés Naím – Especialista em redes criminais globais “Pensar em mundo livre de drogas é uma coisa utópica, não houve ainda na história, mas você pode reduzir o dano que as drogas causam às pessoas e à sociedade.” Fernando Henrique Cardoso - Sociólogo O documentário “Quebrando o Tabu”, do diretor Fernando Grostein Andrade, aborda um tema espinhoso – a descriminalização das drogas no Brasil. Nele, personalidades como o sociólogo e ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, o médico Dráuzio Varella, os ex- presidentes César Gavíria, Ernesto Zedilho, Ruth Dreifuss, Bill Clinton e Jimmy Carter mostram como o assunto é tratado em seus países. O documentário vai de encontro à política implantada pelos EUA, em 1971, pelo então presidente Nixon. As políticas de repressão aos entorpecentes – duramente aplicada nesse período – eram falhas e trouxeram consequências devastadoras para os indivíduos e as sociedades ao redor do mundo. O que se pode analisar é que nos recortes feitos acima, as falas dos personagens do documentário ora se tangenciam como no caso do sociólogo FHC e o médico Dráuzio Varella, ora funcionam como um ponto de equilíbrio (Moisés Naím) e ora se contrapõem totalmente à ideia que o documentário defende como a fala dura do então presidente dos EUA George Bush. Passeando pelo documentário podemos perceber que a ideia central se concentra na defesa da descriminalização das drogas e mostra ainda que o usuário de drogas não deveria ser tratado como um criminoso, mas como um doente que requer tratamento. Pode-se notar que é traçado um paralelo entre o tráfico e a questão prisional e essa relação fica muito evidente numa das frases mais marcantes do documentário: “Se não conseguirmos acabar com as drogas dentro de uma prisão de segurança máxima, como acabaremos com elas em uma sociedade livre?”. Retomo a fala do presidente George W. Bush que diz que alguns achariam que não haveria espaço nas cadeias para tantos usuários de drogas para dizer mais uma vez que o documentário rejeita e condena essa política repressora. Ora, Quebrando o Tabu, mostra que a cadeia não é lugar para usuário de droga, na medida em que ela os transforma em criminosos. Quem nunca usou drogas, quando é preso, sai de lá usuários-criminosos. Através de dados estatísticos, depoimentos de autoridades que afirmam que a descriminalização de drogas, ocorridos nos países que implantaram essa política, traz muitos mais benefícios que pontos negativos, de usuários, visitas às favelas – no Rio de Janeiro, à coffee shops em Amsterdã (onde é permitida a venda e o consumo de maconha), iniciativas das instituições privadas, o documentário sustenta sua tese de que a descriminalização e o repensar das políticas nacionais e mundiais de controle das drogas são as medidas a serem tomadas a cerca do assunto ao invés de políticas repressoras. Por mais que o documentário tenha levantado um ponto extremamente importante e muitas vezes tratado com repúdio por boa parte da sociedade, que dita o que é aceitável ou não, não se teve a preocupação de abordar o usuário que utiliza a maconha pelo simples prazer de usar, pelo benefício do relaxamento que a droga proporciona. Neste caso, chamar os usuários de doentes não seria tão equivocado quanto chamá-los de criminosos? É necessário que em ambos os discursos haja flexibilização para que não se corra o risco de viver um mundo de aparências.
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