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18/01/2018 1 Sinais Clínicos no Diagnóstico das Distrofias Nutricionais e Avaliação Subjetiva Professora Bruna Amaral Semiologia Nutricional Exame Físico ou Semiologia Nutricional faz parte da avaliação nutricional e sua função é auxiliar no diagnóstico nutricional junto às demais ferramentas de avaliação. Antropometria Composição Corporal Consumo alimentar Exames Clínicos Exames bioquímicos 1. Peso, estatura 2. Índice de Massa Corporal 1. Bioimpedância Elétrica 2. Dobras Cutâneas 1. Ingestão X Gasto X Necessidade Nutricional 2. Inquérito Dietético 1. Taxa de Hemoglobina 2. Taxa de Albumina 1. Sinais Clínicos 2. Sintomas Exame Físico Nutricional Habilidades do examinador Exame Físico Nutricional SINAIS A semiologia nutricional é realizada de forma sistêmica e progressiva, da cabeça aos pés 18/01/2018 2 Tecidos de regeneração rápida e sistemas corporais • cabelos, pele, lábios, olhos e língua Massa gorda e muscular • Face, tríceps, bíceps, linha lateral • média axilar e coxas Condição hídrica corporal Exame Físico Nutricional RECOMENDAÇÕES O exame físico deve seguir uma ordem metodológica de avaliação dos sistemas; Prática contínua para o desenvolvimento e a manutenção das habilidades necessárias ao exame físico nutricional; Prática com profissional especialista na área para o treinamento e a melhoria das habilidades necessárias ao exame físico nutricional. Exame Físico Nutricional LIMITAÇÕES Exige examinador qualificado; Muitos sinais clínicos não são específicos para deficiências individuais de nutrientes (baixa especificidade); Sinais e sintomas apensas se desenvolvem em estágios avançados da depleção nutricional (baixa sensibilidade); O exame físico deve ser integrado aos demais métodos de avaliação do estado nutricional Exame Físico Nutricional Sinais físicos indicativos de desnutrição energético-protéica e carências específicas de nutrientes Cabeça Cabelos Cor, pigmentação Textura, brilho Quantidade, distribuição Cabelo Sinais associados a desnutrição Perda de brilho natural, seco, fino e esparso Despigmentado, sinal de bandeira (faixas de coloração clara e escura) fácil de arrancar sem dor Possível deficiência ou doença Kwashiorkor Marasmo 18/01/2018 3 Cabeça Olhos Conjuntiva Esclera (branco do olho) Córnea Olhos Sinais associados a desnutrição Cegueira noturna Manchas de Bitot, xerose conjuntival e da córnea; Ceratomalacia Inflamação conjuntival Possível deficiência ou doença Vitamina A e Zinco Vitamina A Riboflavina (B2), vitamina A Olhos Cabeça Boca/Cavidade oral Simetria, cor Lábios e canto da boca (queilose, queilite angular, estomatite angular) Língua (glossite, atrofia, erosão) Palato, gengivas (esponjosas, pálidas, sangrantes, mucosas secas) Dentes (presença e condições dos dentes, uso e condições de próteses Boca e cavidade oral Sinais associados a desnutrição Estomatite angular, queilose Língua magenta (púrpura), saburrosa Fissura na língua Atrofia das papilas Redução da sensibilidade ao sabor Hemorragia gengival Possível deficiência ou doença Riboflavina (B2), piridoxina (B6) e niacina (B3) Riboflavina (B2) Niacina (B3) Riboflavina (B2), niacina (B3) e ferro Zinco Vitamina C e riboflavina (B2) Queilose, estomatite angular e glossite 18/01/2018 4 Escorbuto Cabeça Pescoço Glândulas Tireóide/Paratireóide Pescoço Sinais associados a desnutrição Aumento da tireóide Aumento da paratireóide Possível deficiência ou doença Iodo Inanição Bócio Pele Cor, textura, profundidade, umidade, integridade, temperatura, higiene Palidez, lesões, feridas, úlceras de pressão, dermatite e outras inflamações, cicatrização inadequada, turgor deficiente, descamação, hipopigmentação, eritema, equimoses, petéquias e áreas hemorrágicas ou hiperpigmentadas, hiperceratose folicular, xerose Edema (pele brilhante, esticada, com palidez localizada, particularmente nos membros inferiores e sacro) Pele Sinais associados a desnutrição Xerose (pele seca), hiperqueratose folicular Petéquias (pequenas hemorragias) Hiperpigmentação Palidez Seborreia nasolabial Pelagra Possível deficiência ou doença Vitamina A Vitamina C Niacina (B3) Ferro, B12, folato Riboflavina, ácidos graxos essenciais Ácido nicotínico 18/01/2018 5 Pelagra Causada pela deficiência de niacina (termo que engloba tanto a deficiência de nicotinamida quanto de ácido nicotínico). Também a falta de triptofano (aminoácido essencial que pode ser transformado em niacina pelos tecidos); Quadro clínico: Demência, Diarréia e Dermatite Mãos Unhas Cor, formato Textura, consistência Vascularização Unhas Sinais associados a desnutrição Quebradiças, rugosas, coiloníquia Possível deficiência ou doença Ferro Unhas coiloníquias Compartimentos corporais Tecido subcutâneo Edema Gordura Tecido subcutâneo Sinais associados a desnutrição Edema Gordura abaixo do normal Possível deficiência ou doença Kwashiorkor Inanição, marasmo 18/01/2018 6 Sinal de Cacifo ou Sinal de Godet Sistema músculo-esquelético Ossos e músculos Tônus muscular, postura Desenvolvimento dos ossos longos apropriados para idade Sistema músculo-esquelético Sinais associados a desnutrição Desgaste muscular Alargamento epifisário, perna em X Rosário raquítico Possível deficiência ou doença Inanição, marasmo Vitamina D Vitamina D ou C Sistema nervoso Força e simetria dos movimentos corporais; Coordenação motora; Estado de consciência (alerta, letargia, coma, confusão mental, torpor); Dormência, formigamento dos membros inferiores, tremores, rigidez, parestesia, agitação, tetania, mania, reflexos hiperativos ou hipoativos; Convulsões; Irritabilidade; Sede, cefaleia, tontura; Capacidade funcional (mobilidade e força); Náuseas, vômitos. Sistema Cardiovascular Dificuldades respiratórias (dispneia, taquipneia), sons respiratórios; Sons cardíacos, arritmia, taquicardia, hipertensão, hipotensão. Sinais abdominais Aparência geral, pele, movimentos e contorno; Sons (ruídos) abdominais: hipoativos, ausentes ou hiperativos; Cólicas intestinais. Volume, cor, odor e turbidez da urina (sinais de desidratação); Sinais urinários 18/01/2018 7 Instrumentos de Registros Protocolo de anamnese clínica Anamnese clínica: corresponde a avaliação geral do estado de saúde do indivíduo, realizada através da obtenção de informações referidas pelo paciente e da realização de exame físico completo ou dirigido; Toda as informações obtidas devem ser registradas em um protocolo de anamnese clínica, especialmente elaborado ou adaptado de outros. Instrumentos de Registros Componentes da anamnese clínica Dados de identificação Queixas principais e secundárias História pregressa História familiar Exame físico geral e detalhado Sinais clínicos específicos de distúrbios nutricionais Desnutrição energético- protéica (DEP) Hipovitaminose A Deficiência de iodo Deficiência de Niacina Deficiência de B2 Deficiência de B1 Deficiência de vitamina C Deficiência de vitamina D - Raquitismo Deficiência de ferro – Anemia ferropriva Deficiência Energético-Protéica (DEP) • Dieta hipocalórica e hipoprotéica • Doença associada Causas • Perda de massa magra • Perda de tecido adiposoConsequências Deficiência Energético-Protéica (DEP) D EF IC IÊ N C IA P O N D ER A L Manifestações Manifestações universais: alteração do padrão de crescimento e desenvolvimento, hipotrofia, alteração do tônus muscular; Manifestações circunstanciais: edema, lesões oculares, desprendimento fácil do cabelo, lesões dérmicas, hepatomegalia, insuficiência cardíaca; Manifestações agregadas: processos infecciosos, desequilíbrio hidroeletrolítico agudo, alterações emocionais. Deficiência Energético-Protéica (DEP) 18/01/2018 8 DEP LEVE DEP MODERADA DEP GRAVE Déficit de peso e estatura Déficit de peso e estatura Kwashiorkor marasmo Redução de panículo adiposo Redução de panículo adiposo Palidez Palidez Hipotrofia muscular Hipotrofia muscular Cabelos secos, sem brilho, escasso e despigmentado Deficiência Energético-Protéica (DEP) Deficiência Energético-Protéica (DEP) Prostração, astenia, adinamia, apatia e emagrecimento Deficiência Energético-Protéica (DEP) Atrofia da MusculaturaTemporal A atrofia da musculatura temporal é muito comum em pacientes com hipo ou anorexia, bem como naqueles com disfagia; Pode indicar falta de mastigação Deficiência Energético-Protéica (DEP) Atrofia da Bola Gordurosa de Bichart A perda da bola gordurosa de Bichart bilateralmente relaciona-se com redução prolongada da reserva calórica; Revela um quadro de cronicidade da DPC, com perda importante de reserva adiposa; OBS: Só pode ser valorizada se não houver adontia. Deficiência Energético-Protéica (DEP) Sinal da “Asa Quebrada” Atrofia da musculatura temporal junto à perda da bola gordurosa, quando examinamos o paciente em perfil; Significando perda protéico-calórica prolongada Deficiência Energético-Protéica (DEP) 18/01/2018 9 Atrofia muscular Deficiência Energético-Protéica (DEP) PESCOÇO Atrofia das regiões supra e infraclavicular, indica que o paciente já perdeu massa muscular há muito tempo (perda crônica). TÓRAX/DORSO Retração intercostal, menor força respiratória MÃOS Atrofia de pinçamento do polegar Atrofia muscular Deficiência Energético-Protéica (DEP) Atrofia da musculatura do pescoço Atrofia muscular Deficiência Energético-Protéica (DEP) Atrofia da musculatura do tórax Atrofia muscular Deficiência Energético-Protéica (DEP) Atrofia da musculatura do dorso TORAX Podemos identificar retração intercostal, que implicará em menor força respiratória em situações de dispneia. Atrofia da musculatura paravertebral, leva a perda da capacidade de sustentar o peso, sua coluna e começa a fazer cifose; Diminuição da capacidade de expansão ventilatória pulmonar; Deficiência Energético-Protéica (DEP) Atrofia muscular Deficiência Energético-Protéica (DEP) Atrofia de pinçamento do polegar 18/01/2018 10 MEMBROS INFERIORES Atrofia da musculatura das coxas, principalmente na sua porção interna; A atrofia da musculatura da panturrilha é a mais precoce atrofia a ocorrer quando se instala o processo de desnutrição protéico-calórico, principalmente nos pacientes graves em UTIs. Deficiência Energético-Protéica (DEP) Kwashiorkor – Quadro clínico característico Deficiência Energético-Protéica (DEP) Apatia (não se interessa por nada, não sorri, não chora forte – choraminga) Apatia (não se interessa por nada, não sorri, não chora forte – choraminga) -Emagrecimento (especialmente nos segmentos proximais dos membros) e edema nos segmentos distais - Hepatomegalia aguda Lesões acentuadas de pele Cabelos secos, ralos, quebradiços, dispigmentados “sinal da bandeira” Bochechas aumentadas (face lunar), flácidas, maxilar inferior caído Edema Marasmo – Quadro clínico característico Deficiência Energético-Protéica (DEP) Apatia (não se interessa por nada, não sorri, não chora forte – choraminga) cabelos: secos, ralos e quebradiços. Faminto – inquieto, olhar vivo, choro forte e contínuo. Extremo baixo peso Ausência de panículo adiposo e massa muscular Face senil Marasmo Marasmo Kwashiorkor 18/01/2018 11 Kwashiorkor marasmático Diferenças graduais entre o Marasmo e Kwashiorkor Deficiência Energético-Protéica (DEP) Sinais Marasmo Kwashiorkor – marasmático Kwashiorkor Retardo no crescimento +++ +++ + Atrofia muscular +++ ++ + Transtornos GI ++ ++ ++ Alterações psíquicas + ++ ++ Alterações no cabelo + ++ +++ Hipoproteinemia + ++ +++ Dermatose pelagrosa Ausente +++ +++ Edema Ausente +++ +++ Esteatose hepática Ausente + +++++ Perda de peso +++ ++ + Deficiência de vitamina A Doença nutricional resultante do consumo e/ou utilização biológica deficiente de vitamina A; Pode desencadear alterações oculares graves; Possui associação com o crescimento e desenvolvimento; Manutenção da integridade do tecido epitelial; Ação no sistema imunológico e reprodução humana; SINAIS E SINTOMAS DA DEFICIÊNCIA LEVE Hiperqueratose folicular: os folículos pilosos são bloqueados por rolhas de queratina a partir de suas inserções epiteliais. A pele se torna seca, escamosa e áspera. Xerose cutânea: ressecamento e descamação da pele. Deficiência de vitamina A SINAIS E SINTOMAS DA DEFICIÊNCIA GRAVE Fotofobia: sensibilidade extrema a luminosidade. Xeroftalmia: ressecamento dos olhos; Cegueira noturna,manchas de Bitot; Ulcerações e cicatriz córnea Deficiência de vitamina A Deficiência de vitamina D Ocorrem: baixa exposição à luz solar ou portadores de doenças que interferem na absorção ou metabolismo da vitamina D. Causa mobilização de cálcio dos depósitos ósseos. Amolecimento dos ossos do crânio. Ossos e dentes frágeis se fraturam facilmente. 18/01/2018 12 Crescimento deficiente, deformações ósseas, principalmente nos ossos longos e costelas. Deformidades típicas que aparecem nas extremidades inferiores: genu varum (pernas curvas – formato de “o”) ou genu valgum (joelhos que se tocam – formato de “x”). Deficiência de vitamina D Deficiência de Zinco Comprometimento do crescimento; Unhas mal formadas; Dermatoses, deficiências imunológicas, glossite; Fotofobia e retardo na cicatrização de feridas; Deficiência de B2 (riboflavina) Queilose: avermelhamento ou edema dos lábios e da boca; Estomatite angular: lesões (fissuras) róseas ou brancas nos cantos da boca. Língua magenta: púrpura Glossite: aumento da vermelhidão, fissuras ou inchaço com mudança de cor. Hipertrofia ou atrofia das papilas linguais. Neuropatia ANEMIA Coloração da pele, inclusive nas regiões palmoplantares e das mucosas (conjuntival e labial); A anemia pode ser primária (doenças hematológicas) ou secundárias (deficiência de ferro, vitamina B12, ácido fólico, hemorragias, cirrose hepática, IRC, desnutrição, etc.) Sinais clínicos específicos de distúrbios nutricionais DESIDRATAÇÃO Baixa ingestão de água, perda excessiva (cutânea, urinária, digestiva) ou ambas; Solicitar ao paciente para que produza salivação; Verificar o brilho dos olhos; A tensão ocular (os olhos tendem a ficar encovados); A umidade das mucosas (gengival e conjuntival); Examine o turgor e elasticidade da pele Sinais clínicos específicos de distúrbios nutricionais ICTERÍCIA É a impregnação por pigmentos biliares na pele e nas mucosas (principalmente esclerótica e sublingual), conferindo uma coloração amarelada característica; Sinais clínicos específicos de distúrbios nutricionais 18/01/2018 13 FEBRE Temperatura corporal acima da faixa de normalidade; Um paciente febril tem sua taxa metabólica aumentada, além de poder se desidratar, ingerir menos alimentos e enfim desnutrir ou agravar sua desnutrição. Sinais clínicos específicos de distúrbios nutricionais Referências Associação Brasileira de Nutrição; Fidelix MSP, organizadores. Manual Orientativo: Sistematização do Cuidado de Nutrição.São Paulo: Asbran; 2014. BRASIL. Ministério da Saúde. Manual de atendimento da criança com desnutrição grave em nível hospitalar / Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde, Coordenação Geral da Política de Alimentação e Nutrição – Brasília: Ministério da Saúde, 2005; CUPPARI, l. Guia de Nutrição: nutrição clínica no adulto. 2. ed. rev. E ampl. – Barueri, SP: Manole, 2005; DUARTE, Antonio Cláudio. Avaliação nutricional: aspectos clínicos e laboratoriais. São Paulo:Atheneu, 2007
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