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ARTIGO PÓS GRADUAÇÃO DELAÇÃO PREMIADA

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UNIVERSIDADE SALGADO DE OLIVEIRA
pró-reitoria acadêmica
diretoria de pós-graduação lato sensu
UUNIVERSIDADE SALGADO DE OLIVEIRA
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VLADSON APARECIDO ALVES
DELAÇÃO PREMIADA: DO ASPÉCTO JURÍDICO E SUA EFICÁCIA
	
 
BELO HORIZONTE
2018
VLADSON APARECIDO ALVES
 
DELAÇÃO PREMIADA: DO ASPÉCTO JURÍDICO E SUA EFICÁCIA
Trabalho apresentado ao Departamento de Pós-Graduação a Distância da UNIVERSO – Universidade Salgado de Oliveira, como requisito parcial à conclusão da disciplina Direito Processual Penal e seus aspectos probatórios, do Curso de Pós-Graduação Lato Sensu em Direito Penal e Direito Processual Penal.
Professor: Paulo Antônio Nevares Alves
 
BELO HORIZONTE
2018
DELAÇÃO PREMIADA
INTRODUÇÃO
	Nunca se falou tanto no Brasil em “delação premiada” quanto se tem falado nos últimos anos, momentos em que os escândalos de corrupção têm levado vários políticos e empresários à condenação por corrupção ativa, passiva, dentre outros crimes. Os acordos tem se tornado comuns, uma vez que aqueles que se veem investigados e na eminência de serem condenados optam por colaborarem com as investigações em troca da redução de suas penas, caso sejam condenados.
	A delação premiada ou colaboração premiada, como também é conhecido esse sistema de investigação, visa a obtenção de provas por meio de investigados que admitem sua participação no crime e fornecem informações contundentes e capazes de solucioná-lo.
Com o passar do tempo, a sociedade cresceu e evoluiu, de forma que na mesma proporção os delitos se multiplicaram e os criminosos se organizaram em facções e em grupos organizados para a prática de crimes, que se estendem em todas as esferas e classes sociais, desde aqueles praticados nas periferias, até aqueles praticados nas classes mais abastadas, cujo criminosos tem grande poder nas mãos. Com essa estruturação e organização das atividades criminosas, surgiram dentro dessas estruturas, postos hierárquicos de comando, de forma que os chefes quase sempre são pessoas intocáveis, seja pelo sigilo que as protege, seja pelo poder que é depositado em suas mãos, que faz com que seja quase impossível que a justiça os alcance. Tais criminosos dificilmente seriam alcançados pelos métodos de investigação convencional, uma vez que estão protegidos pelas garantias individuais expressas na Carta Magna, a qual não se permite a aplicação de qualquer método que seja degradante, desumano ou cruel para se obter informações, sendo, portanto, imprescindível aplicação da técnica de investigação baseada na delação premiada, de forma a oferecer um benefício ao acusado em troca de informações capazes de contribuírem para o desmantelamento da organização criminosa e elucidação dos crimes praticados por eles. 
Mas será mesmo que as informações prestadas pelos delatores são suficientes para elucidação dos crimes? Ou a lei de acordo de leniência é falha e permite aos delatores apenas alcançarem o benefício da redução da pena sem de fato comprometer a organização?
DESENVOLVIMENTO
EVOLUÇÃO E APLICAÇÃO NO SISTEMA JURÍDICO BRASILEIRO
A delação premiada ou “colaboração premiada” consiste na oferta feita pelo Estado ao acusado, promovendo-lhe benefícios em troca de sua confissão e delação de outros envolvidos no crime a qual o delator é acusado. 
No Brasil, a delação premiada começou sendo usada na Lei de Crimes Hediondos. Nesse caso, o benefício prevê a redução de um a dois terços da pena ao acusado da prática de crimes hediondos estando associado a um grupo ou quadrilha. O objetivo da delação premiada nesse caso visa o desmantelamento de uma quadrilha ou grupo envolvido na prática de crimes hediondos. O dispositivo legal que regulamenta a aplicação da delação premiada nos casos de crimes hediondos está expresso no parágrafo único do artigo 8º da Lei 8.072/90. 
Art. 8º - Será de 3 (três) a 6 (seis) anos de reclusão a pena prevista no art. 288 do Código Penal, quando se tratar de crimes hediondos, prática da tortura, tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins ou terrorismo. Parágrafo único - O participante e o associado que denunciar à autoridade o bando ou quadrilha, possibilitando seu desmantelamento, terá a pena reduzida de 1 (um) a 2/3 (dois terços). 
	O benefício da delação premiada também se estendeu ao crime de extorsão mediante sequestro, tendo sua regulamentação no artigo 159 § 4º do Código penal, cujo texto previa a exigência de que a vítima fosse liberta, tendo em contrapartida, a redução de um a dois terços na pena.
Art. 159 - Sequestrar pessoa com o fim de obter, para si ou para outrem, qualquer vantagem, como condição ou preço do resgate: Vide Lei nº 8.072, de 25.7.90 (Vide Lei nº 10.446, de 2002)
§ 4º - Se o crime é cometido em concurso, o concorrente que o denunciar à autoridade, facilitando a libertação do sequestrado, terá sua pena reduzida de um a dois terços. (Redação dada pela Lei nº 9.269, de 1996).
	Por fim, o ordenamento jurídico brasileiro passou a prever a delação premiada nos crimes contra a ordem tributária e o sistema financeiro nacional. A previsão legal foi estabelecida através do artigo 16 da Lei 8.137/90 (Lei de Crimes contra a Ordem Tributária), o qual foi incluído pela Lei 9.080/95.
Art. 16. Qualquer pessoa poderá provocar a iniciativa do Ministério Público nos crimes descritos nesta lei, fornecendo-lhe por escrito informações sobre o fato e a autoria, bem como indicando o tempo, o lugar e os elementos de convicção.
Parágrafo único. Nos crimes previstos nesta Lei, cometidos em quadrilha ou co-autoria, o co-autor ou partícipe que através de confissão espontânea revelar à autoridade policial ou judicial toda a trama delituosa terá a sua pena reduzida de um a dois terços. (Parágrafo incluído pela Lei nº 9.080, de 19.7.1995)
	Embora a lei já previsse desde a aplicação da delação premiada desde o ano de 1995 no que se refere aos crimes praticados contra o sistema financeiro, a aplicabilidade somente ocorreu de fato com o advento da Lei 9.613/98 que versa sobre o combate à lavagem de dinheiro. 
	A Lei 9.613/98 garantia ao delator condenado e beneficiado com a delação premiada, a possibilidade de redução da pena entre um a dois terços, além da cumprir a pena nos regimes semiaberto ou aberto, substituição da pena privativa de liberdade em pena restritiva de direitos, podendo inclusive alcançar o perdão judicial, previsão esta contida no artigo1º §5º da Lei 9.613/98 que prevê em seu texto: 
Lei nº 9.613 de 03 de Março de 1998
Dispõe sobre os crimes de "lavagem" ou ocultação de bens, direitos e valores; a prevenção da utilização do sistema financeiro para os ilícitos previstos nesta Lei; cria o Conselho de Controle de Atividades Financeiras - COAF, e dá outras providências.
Art. 1º) Ocultar ou dissimular a natureza, origem, localização, disposição, movimentação ou propriedade de bens, direitos ou valores provenientes, direta ou indiretamente, de infração penal. (Redação dada pela Lei nº 12.683, de 2012)
§ 5º) A pena poderá ser reduzida de um a dois terços e ser cumprida em regime aberto ou semiaberto, facultando-se ao juiz deixar de aplicá-la ou substituí-la, a qualquer tempo, por pena restritiva de direitos, se o autor, coautor ou partícipe colaborar espontaneamente com as autoridades, prestando esclarecimentos que conduzam à apuração das infrações penais, à identificação dos autores, coautores e partícipes, ou à localização dos bens, direitos ou valores objeto do crime. (Redação dada pela Lei nº 12.683, de 2012).
	Em 2006 foi a vez da Lei 11.343/2006 – que versa sobre o crime de tráfico de drogas. A referida lei estabeleceu em seu artigo 4, a possibilidade de delação premiada, ao delator que ajudar na identificação dos co-autores e partícipes do crime, bem como na recuperação total ou parcial do produto do crime, com a redução da pena entre um a dois terços.
Art. 41. O indiciado ou acusado que colaborar voluntariamentecom a investigação policial e o processo criminal na identificação dos demais co-autores ou partícipes do crime e na recuperação total ou parcial do produto do crime, no caso de condenação, terá pena reduzida de um terço a dois terços.
Embora as citadas leis previssem a possibilidade da delação premiada, mão havia uma regulamentação específica tratando a respeito de tal técnica de investigação, de forma que o modo de aplicação era decidido pelo judiciário, estando este apenas guiado pela permissão legislativa de acordo com o caso. 
	Foi então que em 2011 surgiu a Lei 12.529/11 especificada por “acordo de leniência” que regulamentou a forma de aplicação da delação premiada. Tal dispositivo passa então a exigir para aplicação do benefício da delação premiada, o sigilo, que o delator identifique os demais envolvidos, que forneça informações e documentos que provem o crime noticiado ou sob investigação e que no processo, não haja provas contundentes, e, portanto, suficientes para assegurar irrefutável condenação, e ainda, que o delator confesse sua participação no crime e coopere com as investigações até a extinção do processo. 
EXIGÊNCIA PARA CONCESSÃO DA DELAÇÃO PREMIADA
	Em 2013 a Lei 12.850, estabeleceu um procedimento mais completo na aplicação da delação premiada ao tratar do combate às organizações criminosas, cujas ações dependem de fatores específicos, como a formação de grupos de pessoas com interesses semelhantes voltados para o cometimento de crimes. A lei prevê como benefício ao delator, redução da pena de um a dois terços, substituição da pena privativa de liberdade por pena restritiva de direitos ou até mesmo o perdão judicial. 
	Em contrapartida aos benefícios previstos pela lei 12.850/13, passou-se a exigir que a delação seja voluntária e efetiva, sendo sua efetividade baseada nos resultados advindos da delação, o que passa a ser um dos fatores mais marcantes trazidos por essa lei num rol elencado no artigo 4º, nos incisos I a V. O rol expresso no artigo 4º prevê como exigência aos benefícios a obtenção de resultados positivos, a identificação de cúmplices e dos crimes individualmente por eles praticados, a revelação da estrutura e funcionamento da organização criminosa, a possibilidade de prevenção de novos crimes, a recuperação dos lucros obtidos com a prática criminosa ou a localização de eventuais vítimas com sua integridade física assegurada. Exigências que extirpam a ideia de que os delatores tenham a possibilidade de apenas se beneficiar da redução da pena, sem colaborarem de fato com o desmantelamento da organização criminosa. 
	A lei 12.850/13 ainda prevê que o juiz não pode participar das negociações que formalizam o acordo da delação premiada, de forma que só participa o delator/colaborador, seu advogado, o delegado de polícia e representante do Ministério Público. Após ocorrer a negociação, este será formalizado mostrando todos os resultados pretendidos com aquela negociação bem como as condições que foram propostas pelo MP e o delegado. Junto, ainda constará a declaração de aceitação do delator e de seu advogado e ainda o termo estabelecendo as medidas de proteção ao delator e sua família. Após a juntada de toda a documentação, o juiz homologará, dando início às medidas de delação premiada.
	Um dos fatores que chamam atenção na lei é o fato de o delator/colaborador ter que abrir mão do seu direito ao silêncio, ficando assim, compromissado em dizer a verdade. 
	No acordo de delação premiada, o juiz não condena baseado apenas nas declarações do delator, ele analisa o quão eficiente são as provas produzidas pelo acordo além de buscar todos os meios de prova necessários à formação de sua convicção.
	No Brasil o termo “delação premiada” passou a ser amplamente difundido em virtude da operação Lava Jato, onde muitos dos indiciados se valeram do benefício para reduzir suas penas no caso de uma possível condenação. 
ANÁLISE JURISPRUDENCIAL ACERDA DA DELAÇÃO PREMIADA
	O entendimento jurisprudencial que vigora no Brasil, coaduna com a lei 12.850/13 e reza que não basta ao acusado confessar sua participação no crime, mas que para se beneficiar da premiação, suas informações devem ser eficazes. De outra forma, nenhum prêmio deve ser concedido, devendo, portanto, prevalecer a regra da corroboração, pois restando a delação ineficaz, cabe reconhecer apenas a confissão do delator no crime por ele praticado e não os benefícios que a ele seriam dados se houvesse eficiência nas informações prestadas.
	O STJ entende que o direito do delator ao prêmio ofertado é subjetivo, ou seja, o réu somente deverá ter seu direito reconhecido quanto à premiação se suas informações forem úteis.
Já o STF tem o entendimento unânime de que a delação premiada não configura meio de prova, ou seja, não se pode embasar uma prisão ou uma sentença condenatória com base apenas nos relatos do agente colaborador, uma vez que a natureza jurídica que envolve a delação premiada é um negócio jurídico processual. Dessa forma, não é o depoimento do colaborador uma prova em si, mas um meio de obtenção de provas. 
O entendimento jurisprudencial acerca do assunto defende que a delação premiada é um negócio jurídico personalíssimo, ou seja, não pode ser aclamado por coautores ou partícipes do delator da organização criminosa.
POSICIONAMENTO DOUTRINÁRIO ACERDA DA DELAÇÃO PREMIADA
	A polêmica doutrinária que norteia o instituto da delação premiada se instala principalmente no que se refere aos critérios éticos de sua aplicabilidade. Alguns doutrinadores questionam a ética que envolve o ato de delatar em troca do recebimento de prêmios, defendendo que não há nesse ato moralidade. Por outro lado, outros doutrinadores defendem veementemente o instituto, tratando que o ato de colaborar com as investigações seja uma atitude digna e louvável, apta a ser premiada com os benefícios permitidos em lei. 
	Alberto Silva Franco declara: 
“Falta à delação premiada um fundamento “minimamente ético”, pois lastreada unicamente em razão de sua utilidade, sem levar em consideração os custos que possam apresentar a todo sistema legal, construído com base na dignidade da pessoa humana”.
Rômulo de Andrade Moreira é ainda mais contundente em suas críticas, quando declara:
“O instituto da delação premiada estimula a amoralidade, podendo levar a ordem jurídica à corrupção e à promiscuidade”.
Luiz Flávio Gomes por sua vez disserta: 
“A delação premiada é um equívoco pedagógico enorme, o ato de colocar na legislação dispositivos que concedem prêmios à um traidor, porque assim estaremos difundindo uma cultura de um Direito como instrumento de antivalores onde o fim acaba justificando os meios”. 
Luigi Ferrajoli disserta dizendo:
“A prática da delação premiada resulta inevitavelmente na corrupção da jurisdição, na contaminação policialesca dos procedimentos e dos estilos de investigação e de juízo, e na consequente perda de legitimação política ou externa do Poder Judiciário”.
	Contrapartida aos doutrinadores que criticam duramente o instituto da delação premiada, há outros que o defendem, entendendo ser uma arma eficaz contra o crime organizado. 
Neste sentido, se posiciona David Teixeira Azevedo:
“O agente que se dispõe a colaborar com as investigações assume uma diferenciada postura ética de marcado respeito aos valores sociais imperantes, pondo-se debaixo da constelação axiológica que ilumina o ordenamento jurídico e o meio social”.
Para Vanise Rohrig Monte:
“O certo é que com a delação o criminoso rompe com os elos da cumplicidade e com os vínculos do solidarismo espúrio, sendo a sua conduta menos reprovável socialmente, por isso merecedor do benefício do perdão judicial ou da redução da sua pena”. 
Eduardo Araújo silva por seu turno defende: 
“O instituto da delação premiada, no que se refere à moralidade, apresenta dupla vantagem: “primeiro permite ao Estado quebrar licitamente a lei do silêncio que envolve as organizações criminosas, assim como colaborar parao espontâneo arrependimento do investigado ou acusado”. 
Por fim, Fábio Wellington Ataíde Alves conclui:
“Resta a realidade demarcada por um conjunto de normas vigentes que objetivam emprestar maior vigor ao processo penal, ante a açodada desordem que acomete a sociedade, desacreditada que está das soluções judiciárias até então ocorridas sob forte inflação legislativa”. 
ADEQUAÇÃO AO DIREITO PENAL
	Ao se levar a análise à lei dos crimes hediondos, em comparativo ao código penal, pode-se ver que a lei influenciou na alteração do artigo 159 do CP que prevê o crime de extorsão mediante sequestro, acrescentando-lhe o §4º que diz: “Se o crime é cometido em concurso, o corrente que o denunciar à autoridade, facilitando a libertação do sequestrado, terá sua pena reduzida de um a dois terços”.
	Nesse caso, o legislador pretendeu através da delação premiada, preservar a vida da vítima do sequestro, de forma que ao sequestrador é oferecido o prêmio de redução de um a dois terços da pena, caso este facilite a liberação do sequestrado. 
Acerca do critério para aplicação do prêmio, discorre Alberto Silva Franco:
“...o critério redutor de pena (diminuição entre um e dois terços) deve ser levado em linha de conta o maior ou menor tempo, em face da delação, para efeito da libertação do sequestrado. Se a denúncia à autoridade demorou a ser efetuada de sorte que o sequestro se prorrogou temporalmente, em relação à data em que teve início, o prêmio pela delação deve ser menor porque o objetivo fundamental da redução da pena é o da obtenção, o mais rapidamente possível, da liberdade do sequestrado.”
A grande discussão acerca da aplicabilidade do instituto da delação premiada em relação ao Código penal se estabelece no fato de que anteriormente, a delação premiada era utilizada apenas aos tipos penais descritos nas leis específicas, porém, ao ser publicada a lei 9.807/99, que trata da proteção a vitima e testemunhas, o instituto da delação premiada foi estendido a todos os tipos penal. 
	Alguns doutrinadores defendem que a lei 9.807/99 tem sua influência apenas no artigo 159 do CP que trata da extorsão mediante sequestro, contudo, a maioria dos doutrinadores defende que a aplicação da delação premiada passou a ser de forma geral e irrestrita, visto que não está expressamente claro para quais tipos penais a delação estaria destinada.
	Ao discorrer acerca da influência exercida pela lei 9.807/99 sobre o Código Penal, Rogério Greco esclarece sobre o alcance dos benefícios exarados pela delação premiada, de forma que há entendimentos doutrinários que levam a crer que o alcance não é apenas no crime elencado no artigo 159 do CP, mas que se estende sobre toda a legislação penal, indistintamente.
 “Pela redação do mencionado art. 13, tudo indica que a lei teve em mira o delito de extorsão mediante seqüestro, previsto no art. 159 do Código Penal, uma vez que todos os seus incisos a ele se parecem amoldar. Contudo, vozes abalizadas em nossa doutrina já se levantaram no sentido de afirmar que, na verdade, a lei não limitou a sua aplicação ao crime de extorsão mediante seqüestro, podendo o perdão judicial ser concedido não somente nesta, mas em qualquer outra infração penal, cujos requisitos elencados pelo art. 13 da Lei nº 9.807/99 possam ser preenchidos.”
		Exemplo disso é outra adequação à legislação penal aplicada pela delação premiada na lei de crimes hediondos. O artigo 8º em seu parágrafo único, alterou o código penal em seu artigo 288 estabelecendo a redução da pena para os crimes cometidos por quadrilha ou bando, quando contemplado pelo benefício da delação premiada, conforme se vê: “o participante e associado que denunciar à autoridade o bando ou quadrilha, possibilitando seu desmantelamento, terá a pena reduzida de uma a dois terços.”
	Nesse caso, o critério a ser observado é o desmantelamento da quadrilha. Caso haja êxito, alcançado pela delação premiada, há a possibilidade de que a pena de 1 a 3 anos, ou o dobro desta, se o crime é praticado por bando armado, prevista no artigo 288 do Código Penal, seja reduzida de um a dois terços. 
Dessa forma, não há limites para o alcance dos efeitos da delação premiada diante do código penal, visto que a lei 9.807/99 abarca todos os tipos penais.
CONCLUSÃO
O instituto da delação premiada já pacificado pelo ordenamento jurídico brasileiro expõe de forma contundente a ineficácia do Estado frente à evolução e estruturação do crime organizado, mostrando com veemência sua incapacidade em desmantelar as associações criminosas, senão com a oferta de redução das penas dos envolvidos, bem como outros estimulantes benefícios. 
Embora moralmente possa causar estranhamento ou até mesmo reprovação, as regalias oferecidas pela delação premiada, são legalmente amparadas em lei e vem sendo difundida com grande frequência, visto seus satisfatórios resultados finais. 
Há muitos que se opõem à prática do acordo de leniência, visto que o intitulam como imoral por se tratar da acusação que parte do abuso de confiança em virtude de um cargo um dia ocupado ou pelos laços de amizade antes formados por delator e delatado. Contudo, em nome da efetividade de uma Justiça aplicada e funcional, a delação premiada vem galgando a simpatia do legislador, utilizando-a como uma poderosa arma frente ao crime organizado.
Certamente a Delação Premiada continuará sendo amplamente utilizada, independentemente de sua fundamentação ética, e provavelmente será vista como valiosa, dada a sua utilidade e o medo que impera da criminalidade crescente. Não obstante, tem fragilizada a sua aceitação, reconhecida a sua inidoneidade moral e a carência de adaptação do seu conteúdo à evolução da consciência moral de uma sociedade que privilegia a dignidade da pessoa humana e rejeita a traição.
Dessa forma, tendo em vista o teor eticamente reprovável da Delação Premiada e a necessidade de se legitimar a consecução dos fins individuais e preservar o restante de dignidade do potencial delator, acreditamos que a aplicação do instituto deve ser relativizada e restringida sempre que possível.
 
Parte final do texto, na qual se apresentam as conclusões do trabalho acadêmico, usualmente denominada Considerações Finais. Pode ser usada outra denominação similar que indique a conclusão do trabalho.
BIBLIOGRAFIA
Faça uma lista das possíveis fontes de pesquisa que poderão auxiliar você no desenvolvimento de seu estudo. Procure seguir as normas ABNT. 
EDUARDO ARAÚJO DA SILVA,"Organizações Criminosas: aspectos penais e processuais da Lei n. 12.850/13", p. 71/74, item n. 3.6, 2014, Atlas, v. G.
CAPEZ, Fernando. Curso de processo penal. 9. ed. ver. e atual. São Paulo: Saraiva, 2003. p. 289. 26 ARANHA, Adalberto José Q. T. de Camargo. Da prova no processo penal. 5. ed. São Paulo: Saraiva, 1999. p. 125-126.
https://www.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/busca?q=Dela%C3%A7%C3%A3o+premiada
MONTE, Vanise Röhrig. A necessária interpretação do instituto da delação premiada, previsto na lei 9.807/99, à luz dos princípios constitucionais. Revista da Ajuris. Porto Alegre, vol. 82, p. 234-248, 2001. 
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FRANCO, Alberto Silva. Crimes Hediondos: Anotações sistemáticas à Lei 8072/90. 4 ed. rev. atual. e ampl. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2000. p. 253. 
GOMES, Luiz Flávio e CERVINI, Raúl. Crime organizado. 2. ed., São Paulo: RT, 1997. p. 165. 
FERRAJOLI, Luigi. Direito e razão: teoria do garantismo penal. São Paulo: Rev. dos Tribunais, 2002. p. 486-487.
AZEVEDO, David Teixeira de. A colaboração premiada num direito ético. Boletim IBCCrim, São Paulo, n. 83, p. 6, out. 1999. 
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SILVA, Eduardo Araújo. Da moralidadeda proteção aos réus colaboradores. Boletim IBCCrim. São Paulo, n. 85, dezembro de 1999. 
MAIA, Rodolfo Tigre. Lavagem de dinheiro: lavagem de ativos provenientes de crime: anotações às disposições criminais da lei nº 9.613/98. São Paulo: Malheiros, 2004. 
ALVES, Fábio Wellington Ataíde. O retorno dos prêmios pela cabeça? Um estudo sobre a possibilidadede reperguntas no interrogatório do co-réu delator, com enfoque a partir do direito de mentir e do novo ordenamento da delação premial. Revista dos Tribunais, São Paulo, v. 809, p. 446-464, 2003.
GRECO, Rogério. Curso de Direito Penal: Parte Geral. 12ª Ed. Rio de Janeiro: Editora Impetus, 2010.

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