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EBOOK+CAMINHOS+PARA+UMA+ADOÇÃO+CONSCIENTE

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C AM I N H O S P A R A U M A 
A D O Ç Ã O C O N S C I E N T E
E N T R E A E X P E C T A T I V A E A R E A L I D A D E , H Á 
U M A C R I A N Ç A , U M C A S A L , V O C Ê !
T A T I A N Y S C H I A V I N A T O
D a d e c i s ã o a o s p r e c o n c e i t o s p e l o c a m i n h o ,
s a i b a c o m o s e p r e p a r a r p a r a e s s a j o r n a d a
Sobre a autora
Tat iany Sch iav ina to é Ps i có loga 
C l í n i ca , Coach de car re i ra e mento ra 
de marke t i ng para ps i có logos . 
E spec ia l i zanda pe lo Ins t i t u to Sedes 
Sap ien t iae em Terap ia fam i l i a r e de 
casa l ,a tua lmente a tende em seu 
consu l tó r i o adu l tos , casa i s e 
p r i nc ipa lmente demandas 
re lac ionadas à adoção , se ja na 
p reparação de p re tendentes , 
ps i co te rap ia , aux i l i o na adaptação e 
poss íve i s d i f i cu ldades com o pós 
adoção . 
T raba lha com adoção desde 20 12 , fez 
pesqu i sa na á rea e fo i p s i có loga em 
um Ins t i t u to de adoção em São Pau lo . 
Seu p ro je to Adoção em Pauta j á 
a judou cen tenas de pessoas com 
i n fo rmações , re f l exões , a tend imentos 
ps i co lóg icos p resenc ia i s e on l i ne , e é 
responsáve l pe la c r i ação do p r ime i ro 
cu r so on l i ne sobre adoção , que l eva o 
mesmo nome des te l i v ro . 
E s te l i v ro d ig i ta l t raz re f l exões e 
o r i en tação para você que dese ja 
percor re r es se cam inho , de uma 
mane i ra consc ien te e saudáve l . 
Aprove i te a j o rnada .
Caminhos para uma adoção 
consciente
T.D. Schiavinato
Caminhos para uma adoção 
consciente
T.D. Schiavinato
"Ao Noah que me ensina todos os dias sobre o
que é a maternindade, sobre limites e superação
e ao Theo, a luz que eu nunca imaginei ter na
vida"
Agradecimentos
Caminhos para uma adoção 
consciente
T.D. Schiavinato
Agradeço minha mãe, por ter sempre acreditado em mim e em 
minhas potencializades. Ao meu pai por ter me ajudado mesmo 
quando não entendia ou não concordava com meus caminhos. 
Aos meus queridos amigos Flávia, Rosemeire, Edneide, Silmara, 
Leandro, Tatiane Abdalla, e Beatriz pela amizade, parcerias, 
por ouvirem e apoiarem meus sonhos com relação à psicologia. 
Agradeço à minha mestre Márcia Regina Da Silva, por ter me 
ensinado tanto da área e pela oportunidade de crescimento. Ao 
meu marido Bruno que sempre me apoiou e acreditou em minhas 
competências na psicologia e fora dela; Às minhas irmãs Lilian e 
Anny por me ensinarem tanto, e sempre. Sem vocês com 
certeza a vida seria mais chata. Ao meu primo, irmão Allan 
Dreger por sempre estar ao meu lado, mesmo que distante, 
vibrando pelas minhas vitórias. E por fim não poderia deixar de 
agradecer meu público, pessoas que confiam no meu trabalho, 
me seguem nas redes socias, me procuram em busca de 
orientação no consultório e acreditam junto comigo que se 
preparar psicologicamente para essa jornada é de extrema 
importância.
sobre o autor
Tat iany Sch iav ina to é Ps i có loga 
C l í n i ca e Coach de car re i ra . 
T raba lha com adoção desde 20 12 , 
com a tend imentos de c r i anças e 
adu l tos . Fez pesqu i sa na á rea e 
a lém da c l i n i ca , também t raba lha 
como ps i có loga em um Ins t i t u to de 
adoção em São Pau lo . 
Aux i l i a p re tendentes à adoção a 
se p repararem para os d iver sos 
desaf i o s que encont ram pe lo 
cam inho e seu p ro je to adoção em 
pauta j á a judou cen tenas de 
pessoas com i n fo rmações , 
re f l exões , a tend imentos 
ps i co lóg icos p resenc ia i s e on l i ne . 
E s te l i v ro d ig i ta l t rás ma i s 
re f l exões e o r i en tação para 
aque le que dese ja percor re r es se 
cam inho , de uma mane i ra 
consc ien te e saudáve l . 
Aprove i te a j o rnada .
Caminhos para uma adoção 
consciente
T.D. Schiavinato
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SUMÁRIO
Caminhos para uma adoção 
consciente
1. A Decisão de adotar
2. O processo Burocrático
Como tudo começou....
e a ángustia da espera...
Filho a gente escolhe?
Vamos pensar sobre eles?
06
10
T.D.SCHIAVINATO
3. A Escolha do Perfil  18
4. Os Medos pelo Caminho 
5. Preconceito e Superação
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28
O caminho para um filnal Feliz
SUMÁRIO
C A P I T U L 0
U M
3 
Quando fo i que você parou e pensou : “Vou 
adotar uma c r iança? 
Ta lvez esse pensamento não tenha v indo tão 
rap idamente . Ta lvez fo ra uma necess idade 
d ian te dos fa tos , ta lvez esse tenha s ido seu 
dese jo em grande par te da sua v ida , mas ta lvez 
você nunca pensou sobre i s so a té ver - se 
imposs ib i l i t ado de consegu i r aumentar a fam í l i a 
de fo rma na tu ra l . 
 
A dec i são de adotar uma c r iança/ado lescen te é 
uma e tapa ma i s impor tan tes desse p rocesso 
todo . É a par t i r da í que se i n i c i a o p rocesso 
burocrá t i co , a p reparação ps i cossoc ia l , a e spera 
e a ges tação s imbó l i ca . 
Os mot ivos que te l evaram a adoção podem se r 
numerosos . É poss íve l que você possua f i l hos 
b io lóg icos e es tes es te jam c resc idos e você 
que i ra aumentar a fam í l i a e percebeu que esse 
f i l ho necessar iamente não p rec i sa v i r de você . 
Você pode a té sen t i r - se soz inho , e você sonhou 
em te r um, do i s ou a té t rês f i l hos , mas a v ida 
l evou para ou t ros cam inhos e quando se deu 
con ta , o b io lóg ico j á não te favorec ia ma i s . 
Ta lvez se ja ques tão de i n fe r t i l i dade de um dos 
parce i ros ou es te r i l i dade . 
Há pessoas que dese jam s imp lesmente fazer o 
bem, t i rando uma c r iança da rua , do abr igo e 
que apenas quer adotar por car idade . 
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1. A Decisão de Adotar
07
"Adotar é acreditar que a história é mais forte que a
hereditariedade, que o AMOR é mais forte que o destino" 
Lidia Weber
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1. A Decisão de Adotar
08
Contudo , par t i r para a f i l i ação adot iva somente 
por a l t ru í smo não é su f i c i en te para uma h i s tó r ia
de adoção de qua l idade . Mu i tas pesqu i sas 
mos t ram que se ja qua l fo r o seu mot ivo , o 
p r i nc ipa l e a base de todos e l e s deve se r quere r 
se r pa i , se r mãe . 
A c r iança que é adotada por car idade possu i 
g randes p robab i l i dades de sen t i r - se g ra ta pe lo 
res to da v ida e tende a não poder v incu la r - se 
como f i l ho po i s mu i tas vezes são i ngra tos , 
desaf iam, ques t i onam. Como consegu i r se r você 
mesmo com seus defe i tos e qua l idades se é 
esperado gra t idão a todo momento? 
Recebo mu i tos ped idos de a juda quando ex i s te 
um casa l e uma das par tes não dese ja tan to 
quanto o ou t ro adotar uma c r iança/ado lescen te . 
I s so e comum, e mu i tas vezes dese jado uma 
respos ta imed ia ta , como uma fó rmu la mág ica . O 
que fazer? Como fazer para e l e/e la que i ra? 
 
A verdade nua e c rua é que te r um f i l ho é uma 
dec i são mu i to impor tan te e quando ex i s te um 
casa l ambos necess i tam es ta r em comum acordo . 
Bem como em casamentos e f i l i ações b io lóg icas 
ocorrem mu i tos conf l i t o s quando uma das par tes 
não dese ja aque le f i l ho , ou não o dese jou . 
Separações , v íncu los enf raquec idos e abandono 
são consequênc ias poss íve i s para dec i sões que 
são tomadas de mane i ra p rec ip i tada . 
3 
Adotar uma c r iança bem como te r um f i l ho 
b io lóg ico é uma sucessão de desaf i o s , mas 
dec id i r amar i ncond ic i ona lmente uma c r iança 
que não nasceu do seu ven t re , cu idar e es ta r 
d i spon íve l para c r i ação de v íncu los depende de 
mu i ta ce r teza desse dese jo de se r pa i ou mãe , 
para poder encarar os obs tácu los , f rus t rações , 
medos e p reconce i tos pe lo cam inho . Nada me lhor 
do que pensar a respe i to . 
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1. A Decisão de Adotar
09
C A P I T U L 0
D O I S
(...) É o tempo da travessia, e se não ousarmos fazê-lo, teremos
ficado,para sempre, à margem de nós mesmos.
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2. O processo burocrático
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Fernando Pessoa
“Porque tanta demora? 
“Para que tantas entrevistas e cursos se ninguém precisa de 
curso quando engravida? “ 
“Com tantas crianças abandonadas, eles ficam enrolando para 
nos dar uma criança. ” 
Essas frases e pensamentos são comuns ao deparar-se com a 
espera, processos burocráticos, avaliações e preparação para se 
adotar uma criança/adolescente. Mas então por quais motivos 
adotar uma criança ainda é tão burocrático? 
A resposta para essa pergunta não é uma só e nem fácil de 
responder. Primeiro, vamos ao Bê-á-bá de como proceder quando 
há interesse em adotar uma criança? 
Segundo o CNJ (Conselho Nacional de Justiça), os passos 
burocráticos da adoção são esses: 
1). Eu quero – Você decidiu adotar. Procure a vara da Infância e 
Juventude do seu município e saiba quais documentos deve começar 
a juntar. 
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2. O processo burocrático
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A idade mínima para se habilitar ao processo de adoção é 18 anos, 
independentemente do estado civil, desde que seja respeitada a 
diferença de 16 anos entre quem deseja adotar e a criança a ser 
acolhida. Os documentos que você deve providenciar são: 
- Identidade 
- CPF 
- Certidão e casamento/nascimento 
- Comprovante de residência 
- Comprovante de rendimentos ou declaração equivalente 
- Atestado ou declaração medica de sanidade física e mental 
Certidões cível e criminal 
2.) Dar entrada – Será necessária uma petição – preparada por um 
defensor público ou advogado particular – para dar início ao 
processo de inscrição para adoção (no cartório da vara da 
Infância). Só depois de aprovado, seu nome será habilitado a 
constar dos cadastros local e nacional de pretendentes à adoção. 
3.) Curso e Avaliação – O curso de preparação psicossocial e 
jurídica para adoção é obrigatório na Primeira vara de Infância do 
DF, o curso tem duração de 2 meses, com aulas semanais. Após 
comprovada a participação no curso, o candidato é submetido a 
avaliação psicossocial com entrevistas e visita domiciliar feitas pela 
equipe técnica multiprofissional. 
Algumas comarcas avaliam a situação socioeconômica e 
psicoemocional dos futuros pais adotivos apenas com as entrevistas 
e visitas. O resultado dessa avaliação será encaminhado ao 
Ministério Público e ao juiz da Vara e da Infância. 
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2. O processo burocrático
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4.) Exigências – Pessoas solteiras, viúvas ou que vivem em união 
estável, no caso de casais homo afetivos ainda não está 
estabelecida em lei, mas alguns juízes já deram decisões favoráveis. 
 
5.) Perfil – Durante a entrevista técnica, o pretendente descreverá 
o perfil da criança desejada. Sendo possível escolher sexo, faixa 
etária, estado de saúde, os irmãos etc. Quando a criança tem 
irmãos, a lei prevê que o grupo não seja separado. 
6.) Certificado de Habilitação – A partir do laudo da equipe 
técnica da vara e do parecer emitido pelo Ministério Público, o juiz 
dará sua sentença. Com o pedido acolhido o nome do requerente 
será inserido nos cadastros, válidos por dois anos em território 
nacional. 
7.) Aprovado – Automaticamente você estará na fila de adoção de 
seu estado e aguardará então o aparecimento de uma criança 
compatível com o perfil desejado e fixado durante a entrevista 
técnica, observada a cronologia da habilitação. 
Caso seu nome não seja aprovado, busque saber os motivos. Sendo 
alguns: Estilo de vida incompatível com a criação de uma criança ou 
razões equivocadas (para aplacar a solidão; para superar a perda 
de um ente querido; superar crise conjugal etc.) estes podem 
inviabilizar uma adoção. No entanto, você pode adequar-se e iniciar 
o processo novamente. 
8.) A criança – A Vara da Infância vai avisá-lo que existe uma 
criança com o perfil compatível ao indicado por você. O histórico de 
vida da criança é apresentado ao adotante, caso haja interesse, 
ambos serão apresentados. A criança também será entrevistada 
após o encontro e dirá se quer ou não continuar com o processo. 
 
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2. O processo burocrático
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Durante esse estágio de convivência monitorado pela justiça e pela 
equipe técnica, é permitido visitar o abrigo onde a criança vive; dar 
pequenos passeios para que vocês se aproximem e venham a se 
conhecer melhor. Esqueça a ideia de visitar um abrigo e escolher a 
partir daquelas crianças o seu filho. Essa pratica não e usual para 
evitar que as crianças se sintam como objetos em exposição, sem 
contar que a maioria delas não está disponível para adoção. 
9.) Conheça o futuro filho – Se o relacionamento for satisfatório, a 
criança e liberada e o pretendente ajuizara a ação de adoção. Ao 
entrar com o processo, o pretendente recebera a guarda provisória, 
que terá validade até a conclusão do processo. Nesse momento, a 
criança passa a morar com a família. A equipe técnica continua 
fazendo visitas periódicas e apresentara uma avaliação conclusiva. 
10.) Uma nova Família – O Juiz profere a sentença de adoção e 
determina a lavratura do novo registro de nascimento, já com o 
sobrenome da nova família. Há a possibilidade também de trocar o 
primeiro nome da criança. Nesse momento, a criança passa a ter 
todos os direitos de um filho biológico. 
Vimos que são muitas as etapas até a construção de uma nova 
família, mas será que é tão diferente assim de uma gestação 
biológica? Alguns pontos, como educar uma criança, o afeto 
necessário, a culpa materna que normalmente a mãe lida todos os 
dias, são fases e processos naturais de ter um filho. Outros pontos 
são muito peculiares para quem adota e para quem é adotado. 
Temores, angústias, certos medos que são singulares nesta jornada. 
Mas voltando ao tempo de espera, vamos a alguns fatores e 
contextos que podem influenciar a essa decisão: 
fa
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2. O processo burocrático
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1. Nossa constituição federal 
Desde a promulgação da Constituição Federal, da Convenção sobre 
os direitos da Criança (decreto n 99.710, de 21.11.1990) e do Estatuto 
da Criança e do Adolescente a criança passou a ser considerada 
sujeito de direitos, e que necessitam de proteção integral. Assim, 
toda criança tem o direito de viver em família, com afeto, um lar que 
seja ele biológico ou adotivo. Contudo, nossa constituição preconiza 
que preferencialmente a criança deve ficar com sua família de 
origem, e caso se esgotem todas as possibilidades de tentativas 
para a mesma voltar para o seio familiar, ela deverá ser 
encaminhada para lar substituto. 
Com essa liei, fica claro alguns pontos de demora, como a demora 
da destituição do poder familiar, e a recolocação da criança em 
outra família. A justiça irá tentar todas as alternativas para que a 
criança/adolescente possavoltar para a sua família de origem. Caso 
se esgotem todas as possibilidades é dado entrada na destituição do 
poder familiar e posteriormente na adoção. 
Além disso, por um contexto social e histórico ainda se valoriza a 
qualquer custo os vínculos sanguíneos, como se esse fosse mais 
forte que o laco afetivo, o que faz com que inúmeras crianças 
fiquem por longos anos em instituições de acolhimento. 
2. Perfil da criança 
O perfil desejado está sofrendo alterações no Brasil e por mais que 
o desejo da maioria ainda seja adotar uma menina, branca de até 3 
anos, as adoções tardias vêm ganhando espaço, não só na mídia, 
como também no coração e na vida daqueles que planejam serem 
pais. 
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2. O processo burocrático
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Mas é certo que quando olhamos os perfis desejados versus as 
características das crianças abrigadas algo “não bate”. A maioria 
das crianças que estão nos abrigos possuem irmãos, são pardas ou 
negras e possui algum tipo de doença ou deficiência. As pessoas 
que estão abertas para esse perfil ficam pouco tempo na fila, mas 
aqueles que sonham com um bebê branco, sem irmãos e sem 
doenças vão esperar e muito, e isso se deve há inúmeros fatores. 
- A maioria dos bebês que vão para os abrigos são filhos de usuárias
de drogas e muitas vezes apresentam algum tipo de deficiência. Não 
são todos é claro, mas acontece e se o seu perfil for mais fechado, 
menores serão as possibilidades. 
- A maior parte das crianças que estão abrigadas, como vimos, 
possuem irmãos e são maiores de 3 anos de idade, e isso deve-se ao 
fato de que normalmente demora para descobrir maus tratos ou 
negligências para com as crianças, o que resulta nas mesmas irem 
para os abrigos com mais idade. Por isso a importância de estarmos 
atentos as nossas crianças, sejam elas parentes, filhos, vizinhos. A 
cada dia passando por violência e maus tratos, maiores são os 
danos físicos e psicológicos. 
- Vivemos infelizmente em um país corrupto, e a corrupção não 
acontece somente nos meios políticos, mas também nos trâmites de
adoção. Ouvi relatos de compra e venda de bebês, de juízes 
facilitarem bebês para “conhecidos”, advogados extorquirem 
pessoas para conseguirem ter um tão sonhado recém-nascido. 
Todos esses fatores juntos fazem com que seja mais demorado a 
ado; ao de bebes e mais rápida a adoção de crianças maiores. 
Mas então porque precisamos fazer tantas avaliações mesmo para 
adotar crianças grandes? Já me perguntaram e talvez seja sua 
dúvida também. 
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2. O processo burocrático
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Porque como vimos, há certas situações que são peculiares da 
filiação por adoção, e por ainda acontecerem tantas devoluções de 
crianças, como se fossem meros objetos, é preciso sim existir 
avaliações, preparação psicológica, acompanhamento e muita 
reflexão quanto a essa escolha, visto que uma escolha definitiva. 
Além disso, não é incomum buscar pela adoção sem estarem 
completamente decididos, ou ainda um desejar profundamente, e o
outro ter muitas dúvidas. Pessoas querem adotar apenas para obter 
companhia pois sentem-se sozinhas e muitos outros casos que se não 
forem avaliados e observados de perto, podem resultar em 
fracassos e mais sofrimentos para uma criança. 
3. Disponibilidade para visitar a criança em outros estados 
Algumas pessoas e casais colocam poucos Estados como opções 
para conhecer seu possível futuro filho/filha. Pela minha experiência 
vejo muitos casais inseguros ainda se “dariam conta “de sair 
correndo, deixando o trabalho e todo o resto para conhece-lo. 
Analise as suas possibilidades, pois quanto mais Estados tiver em seu
perfil, mais chances você terá de encontrar uma criança com seu 
perfil. 
C A P I T U L 0
T R Ê S
"Não é a genética que cria o vínculo entre pais e filhos. É o amor, as
experiências compartilhadas e o comprometimento"
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3. A Escolha do Perfil
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Filho a gente escolhe? 
Filho é filho em qualquer lugar, vindo de qualquer jeito, mas para 
cada jeito de vir e para cada idade ou fase da vida há certos 
desafios. Um dos grandes desafios no caminho de uma adoção 
consciente é escolher o perfil da criança desejada, sem deixar se 
levar por comentários maldosos e preconceituosos de quem não 
sabe o que diz; sem querer apressar o passo para que as coisas 
caminhem mais rápido possível. 
Escolher um perfil é difícil? 
Com certeza, e também necessário visto que socialmente e 
culturalmente estamos preparados para receber o filho que nada se 
conhece, o filho que cresce aos nossos olhos e sabemos ou achamos 
que sabemos tudo sobre ele. Quando falamos de adoção, falamos 
de história, de passado, de abandono e rejeição sentida por quem 
ficou em um abrigo por anos talvez; de costumes e muitas vezes 
traumas. 
Assim sendo, ao escolher o perfil lidamos com os limites, limites estes 
que são próprios de cada um. Ao me deparar com casais no 
consultório, é notório que cada um tem um medo diferente, um 
receio; alguns são mais abertos para idade, outros são mais flexíveis 
para doenças. 
Gina K. Levinzon
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3. A Escolha do Perfil
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Por isso, nem sempre essa escolha é rápida, visto que o casal 
precisa estar totalmente de acordo com o perfil da criança, afinal a 
criança terá um pai e uma mãe, ou dois pais, duas mães. O 
importante aqui é a criança sentir-se segura, amada e confiar que 
esses pais nunca mais a deixarão passar por novo abandono. 
Quando se adota sozinho, também há medos, receios, com gênero, 
com histórico de drogas, com deficiências. Medo de não ser capaz, 
do biológico falar mais alto que o amor dado, medo de não 
conseguir educar uma criança mais velha. Para aqueles que querem 
um bebê um recém-nascido, a angustia é outra: como contar para a 
criança que ela é adotada, quanto tempo terá que esperar para 
realizar esse sonho entre tantos outros. 
Para amenizar essa angustia, converse com outros pretendentes a 
pais por adoção. Compartilhe experiências, conheça crianças 
adotivas, ouça historias felizes. Leia, estude, e o mais importante, 
conheça a si mesmo. 
C A P I T U L 0
Q U A T R O
"O silêncio, sob a capa da preservação, deixa um halo de vulnerabilidade
que propicia insegurança, desconfiança e desilusão. Nas relações
interpessoais, não temos o direito de silenciar sobre as coisas que dizem
respeito à vida das pessoas com quem nos envolvemos." 
3 
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4. Os Medos Pelo Caminho
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Vamos pensar sobre eles? 
Ter um filho sempre causa certa ansiedade, certo medo pois o 
desconhecido causa essa sensação. Durante o processo de adoção, 
ainda há alguns agravantes como o tempo de espera estendido, o 
receio de não ser amado como pai e mãe; medo da criança procurar 
a família biológica cedo ou tarde; medo do histórico e passado da 
criança assim como medo de educar uma criança que j[a tem uma 
história. Vamos ver alguns destes detalhadamente. 
A espera. Esperar nunca é fácil, principalmente quando sabemos 
que existem muitas crianças sendo abandonadas e negligenciadas a 
todo momento. Mas como já dissemos anteriormente, a espera é 
influenciada por inúmeros fatores. 
A questão aqui é saber lidar com ela. Mesmo que não haja barriga 
na espera para uma adoção, há uma gestação simbólica, dessa 
forma é possível aproveitar esse tempo para o autoconhecimento, 
para a preparação para montar por exemplo um álbum dessa 
gestação simbólica. Uma atividade que gosto muito de dar quando 
estou mediando um grupo de adoção, e até mesmo para meus 
alunos, é imaginar a criança já estando com você, em sua família, e 
fazer um desenho. O desenho será como você quiser, onde vocês 
quiserem. O importante aqui é sonhar, imaginar. Quer tentar? 
Depois você me conta como foi o exercício. 
Luiz Schettini Filho
3 
www.adocaoempauta.com.br4. Os Medos pelo Caminho
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Adaptação: a Adaptação é uma das dificuldades mais comuns após 
a adoção. Isso porque, tanto os pais, quanto a criança ou 
adolescente já estão acostumados com um estilo de vida, rotinas e 
pessoas diferentes no seu dia a dia. 
Porém, a adaptação pode ser uma dificuldade passageira. Isso 
porque, tanto a criança quanto os pais querem fazer com que 
aquela nova família dê certo, e por isso farão o possível para o 
sucesso na relação. 
Testes: Por mais interesse que a criança tenha em ter uma família, é 
comum acontecerem muitas birras, manhas e desobediência, as 
vezes coisas graves. Ao enfrentar os novos pais, a criança testa 
seus novos pais o tempo todo. Testa seus limites seu amor e o 
verdadeiro desejo destes serem seus pais. Inconscientemente muitas 
crianças tentam abandonar esses novos pais para não serem 
abandonados mais uma vez.
Por isso, é importante saber impor autoridade e estabelecer limites, 
sem punições físicas ou ameaças de devolução. O limite pode ser 
colocado com afeto e com muito carinho, sempre reafirmando a 
diferença entre a criança e o comportamento dela. É aqui, nos 
testes, birras e malcriações que muitas vezes acontecem as 
devoluções, os conflitos maiores. Ao ver que a situação está 
piorando, procure ajuda, orientação de pais com um psicólogo (a) 
ele poderá te ajudar a superar essa fase tão difícil. 
Curiosidade sobre a família biológica: Algumas crianças, 
principalmente quando estão chegando a uma certa idade e sabem 
que são adotadas, querem conhecer as suas origens, em busca de 
sua própria identidade. A busca por essa identidade, que é algo 
natural do ser humano, pode gerar curiosidade em saber mais sobre 
a sua família biológica. 
3 
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4. Os Medos pelo Caminho
24
Nesse caso é importante que haja diálogo, sempre evitando mentir 
para a criança. 
Momentos difíceis e conflitos podem ocorrer, mesmo depois de 
criado um bom vínculo com a criança. Mas a principal questão é 
como os pais irão lidar com essa situação. Os pais devem demonstrar 
amor, buscar preparação, conhecimentos e informações. 
Também é indicado que, nessas dificuldades, busquem ajuda 
profissional, tanto para a criança ou adolescente, como para os pais. 
Passar por psicoterapia, terapias em grupo de pais adotivos, assim 
como grupos de apoio pós adoção também podem ajudar muito na 
troca de experiências. 
C A P I T U L 0
C I N C O
"Para amar o filho, não é preciso conhecê-lo, no sentido de esquadrinhar
sua personalidade ou mapear seu caráter. Amamos, porque
estabeleceu-se desde o início o desejo e a disponibilidade de tê-lo (não
importa a forma) e querê-lo incondicionalmente." 
3 
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5. Preconceito e Superação
26
Como lidar com o preconceito de parentes e familiares quando o 
assunto é adoção? O que dizer quando afirmarem que você é louco, 
louca por querer “criar alguém que você nem sabe de onde veio”. 
Frases como “cuidado hein, depois ele pode te matar “ou “nossa, 
você é corajosa “não são incomuns. 
O que fazer para lidar com o preconceito se seu filho ou filha vierem 
com a cor de pele diferente de você? Ou tiver alguma deficiência, 
doença rara ou qualquer característica diferente da maioria das 
pessoas? 
Vivemos em um mundo onde é muito difícil as pessoas entenderem 
que a diferença SOMA, agrega, é benéfica. Vivemos em um mundo 
onde é extremamente difícil aceitar o outro como ele é. Temos a 
tendência de querer colocar tudo em um padrão. Padrão de beleza, 
de comportamento, de procriação. Quer ver um exemplo? 
Porque meninos não podem brincar de boneca? Por que meninos não 
podem usar rosa?
Por que as pessoas que desejam doar um filho são julgadas de más, 
sem coração? 
Por que homens devem se casar com mulheres e vice-versa? 
Simplesmente porque aprendemos a viver nesses padrões 
considerados aceitáveis, onde só existem dois lados. 
 
Luiz Schettini Filho
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5. Preconceito e Superação
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E na adoção não é diferente. Espera-se que você se case, tenha 
dois filhos, isso porque aprendemos que um filho é pouco, três é 
demais. E se por acaso você não puder engravidar, aí sim... tudo 
bem adotar, um bebê bem parecido com você, como se a adoção 
fosse algo ruim, que deve ser escondido. 
Mas te digo: NÃO PRECISA SER ASSIM! 
Com certeza não precisa ser assim, porém ainda existem muitas 
pessoas maldosas, crianças que aprendem com seus próprios pais a 
não respeitarem as diferenças e limitações dos outros. 
Lembrando que TODOS nesse imenso universo temos limitações. Elas 
podem ser visíveis ou não!!! Pode ser um pé torto que é visível, a 
vista que não enxerga tão bem e um óculos fundo de garrafa, mas 
pode ser a limitação de comunicação, de não conseguir se relacionar 
bem. Pode ser a limitação de ter alergias a vários alimentos, 
limitações que só a pessoa vê, mais ninguém.E COMO LIDAR 
ENTÃO COM TODO ESSE PRECONCEITO? 
Primeiramente é preciso estar muito seguro de sua escolha quanto á 
adoção, e ter a certeza de querer ser pai e mãe daquela criança. Se 
você tiver certeza que fez a escolha certa, que seu filho está diante 
de você passará então para ele (a) a segurança que ali é sua 
família, o ensinará a se defender de forma justa caso o preconceito 
apareça. O fortalecerá para que ele tenha seus próprios recursos 
para lidar com as situações adversas. 
Não ter segredos com seu filho ou filha é um outro ponto que 
favorecerá essa relação de segurança e pertencimento. Mesmo 
quando a adoção acontece nos primeiros meses de vida, é preciso 
ter muito bem claro que a criança precisa, é um direito dela saber 
sobre a sua história. 
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Quando sua história permanece escondida, a criança, 
inconscientemente vai percebendo os segredos na família, sente que 
algo está errado com ela, com a família, mas não saber o que; sente 
como se a adoção fosse errada. Isso porque a criança é muito 
sensível e percebe tudo muito depressa. 
E se a adoção é uma forma legitima de filiação, porque esconder? 
Por que ter vergonha ou medo dela? Como vimos, medos pelo 
caminho há inúmeros, desafios também, assim como qualquer outra 
filiação, mas com reflexão, preparação, orientação psicológica é sim 
POSSÍVEL trilhar um caminho saudável, consciente e feliz ao se 
adotar uma criança.

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