Buscar

Seminário 2 Módulo IV

Prévia do material em texto

IBET
 Instituto Brasileiro de Estudos Tributários
CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM Direito Tributário
Módulo IV – Controle da Incidência Tributária
Presidente
Paulo de Barros Carvalho
Coordenadora
Priscila de Souza
NOME DA PÓS GRADUANDA/ALUNA: BRUNA GOMIDE DE OLIVEIRA 
TURMA: QUINZENAL (INÍCIO 20/03/2015) 
DATA: 10/04/2015 – SEXTA-FEIRA
Seminário II
CONTROLE PROCESSUAL DA INCIDÊNCIA: DECLARAÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE
QUESTÕES:
1.	Quais são os instrumentos de controle de constitucionalidade? Explicar as diferentes técnicas de interpretação adotadas pelo STF no controle de constitucionalidade. Explicar a modulação de efeitos prescrita no artigo 27 da Lei n. 9.868/99.
2.	Os conceitos de controle concreto e abstrato de constitucionalidade podem ser equiparados aos conceitos de controle difuso e concentrado, respectivamente? Que espécie de controle de constitucionalidade o STF exerce ao analisar pretensão deduzida em ação de reclamação (art. 102, I, “l”, da CF)? Concreto ou abstrato, difuso ou concentrado?
3.	Que significa afirmar que as sentenças produzidas em sede de ADIN e ADECON possuem “efeito dúplice”? As decisões proferidas em sede de ADIN e ADECON sempre vinculam os demais órgãos do Poder Executivo e Judiciário? E os órgãos do Poder Legislativo? O efeito vinculante da súmula referida no art. 103-A, da CF/88, introduzido pela EC n. 45/04, é o mesmo da ADIN? Justifique sua resposta.
4.	O Supremo Tribunal Federal tem a prerrogativa de rever seus posicionamentos ou também está inexoravelmente vinculado às decisões por ele produzidas em controle abstrato de constitucionalidade? Se determinada lei tributária, num dado momento histórico, é declarada constitucional em sede de ADECON, poderá, futuramente, após mudança substancial dos membros desse tribunal, ser declarada inconstitucional em sede de ADIN? (Vide ADI n. 223- MC, no site www.stf.jus.br).
5.	O parágrafo único do art. 741 do CPC prevê a possibilidade de desconstituição, por meio de embargos à execução, de título executivo fundado em lei ou ato normativo declarados inconstitucionais pelo Supremo Tribunal Federal ou em aplicação ou interpretação tidas por incompatíveis com a Constituição Federal. Pergunta-se: (i) A declaração de inconstitucionalidade a que ele se refere é a proveniente de controle abstrato ou também inclui aquelas emanadas em controle concreto? (ii) É necessário que a declaração de inconstitucionalidade seja anterior à formação do título executivo? Essa alegação pode perfazer conteúdo de eventual exceção de pré-executividade ou restringe-se aos embargos do devedor? (Vide anexo I).
6.	Contribuinte ajuíza ação declaratória de inexistência de relação jurídico-tributária que o obrigue em relação a tributo instituído pela lei n. X.XXX/SP, que seria, em seu sentir, inconstitucional por violar a competência do Estado em matéria de imposto. Paralelamente a isso, o STF, em sede de ADIN, declara constitucional a Lei n. Y.YYY/RJ, de teor idêntico, fazendo-o, contudo, em relação a argumento diverso. Pergunta-se:
	a) A sentença a ser proferida pelo juiz da ação declaratória está submetida ao efeito vinculante da decisão do STF? Como deve o juiz da ação declaratória agir: (i) examinar o mérito da ação, ou (ii) extingui-la, sem julgamento do direito material? (Vide votos na Recl. n. 3014/SP no site www.stf.jus.br).
	b) Se o STF tivesse se pronunciado sobre o mesmo argumento veiculado na ação declaratória (violação à competência do Estado em matéria de imposto), qual solução se colocaria adequada?
	c) Se a referida ação declaratória já tivesse sido definitivamente julgada, poder-se-ia falar em ação rescisória com base no julgamento do STF? E se o prazo para propositura dessa ação (02 anos) estiver exaurido? (Vide anexo II).
RESPOSTAS:
Em resumo, o controle abstrato de constitucionalidade é possível pela previsão do Art. 103 da Constituição Federal, que conferiu legitimidade aos entes elencados para propor ação de inconstitucionalidade perante o STF, sendo eles: Presidente da República, a Mesa do Senado Federal, A Mesa da Câmara dos Deputados, a Mesa da Assembleia Legislativa, o Governado do Estado, o Procurador-Geral da República, o Conselho Federal da Ordem dos advogados do Brasil, Partido Político com representação no Congresso Nacional, as Confederações sindicais ou entidades de classe com âmbito nacional. 
Todos esses podem propor ação de inconstitucionalidade ou constitucionalidade de leis perante o STF, que julgará se tais leis estão de acordo com o texto constitucional.
  
Existem outros mecanismos de controle constitucional, como a ação direta de inconstitucionalidade interventiva, nos termos do Art.36, III da CF; ação direta de inconstitucionalidade por omissão, conforme Art.103,§ 2º da CF; a arguição de descumprimento de preceito fundamental, nos moldes do Art.102,§1º da CF.
A carta Magna ainda tem previsão da edição de súmulas vinculantes (Art.103 - A da CF), pelo próprio STF, bem como o mandado de injunção e, por fim, o recurso extraordinário com repercussão geral, sendo todos esses mecanismos de controle ABSTRATO de constitucionalidade. 
Em complemento, o controle concreto, incidental ou difuso de constitucionalidade é exercido por qualquer órgão judicial, no curso de qualquer processo, em casos concretos, onde a decisão proferida de inconstitucionalidade de norma jurídica, terá seu efeito apenas entre os litigantes, as partes do referido processo, ou seja, terá efeitos inter partes. Dessa maneira, juízes da primeira instância, juiz “a quo”, também é plenamente possível o exercício do controle concreto de constitucionalidade de normas jurídicas, não sendo exclusivo do STF.
Os instrumentos de controle abstrato de constitucionalidade previstos na Constituição Federal de 1988 são a Ação Direta de Inconstitucionalidade (que pode ser genérica, por omissão ou interventiva), a Ação Declaratória de Constitucionalidade e a Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental, cujos julgamentos são de competência do Supremo Tribunal Federal.
O controle concreto, por sua vez, é exercido, no Brasil, incidentalmente e de forma difusa, ou seja, por todos os juízes no exercício de suas competências. 
No controle de constitucionalidade concreto e difuso exercido em sede de tribunal, a inconstitucionalidade da lei ou ato normativo só pode ser declarada pela maioria absoluta de seus membros ou dos membros do órgão especial (cláusula de reserva de plenário). Assim, no caso de ser necessária a análise da constitucionalidade de uma lei ou ato normativo em caráter prejudicial à solução de determinada demanda, é suscitada uma questão de ordem e a análise da constitucionalidade é realizada pelo pleno ou pelo órgão especial do tribunal.
No Brasil, o controle de constitucionalidade é feito através do modelo difuso/incidental e do modelo concentrado/abstrato.
 
O modelo difuso permite que qualquer juiz ou tribunal declare a inconstitucionalidade de determinada lei ou ato normativo, de modo que, em regra, o efeito dessa decisão ficará restrito ao âmbito das partes envolvidas no processo (inter partes) e será ex tunc, ou seja, retroagirá. Ocorre que, quando o controle difuso é feito pelo STF, e existindo a resolução do Senado, a decisão poderá ter efeitos erga omnes e ex nunc, ou seja, não retroagirá. 
Noutra senda, o controle de constitucionalidade concentrado transfere ao Supremo Tribunal Federal a competência para decidir sobre a constitucionalidade de lei ou ato normativo federal ou estadual. Vale dizer, que se entende ser perfeitamente possível o uso do controle concentrado para leis orgânicas municipais em face da constituição estadual. A decisão em controle concentrado possui, em regra, efeitos erga omnes e ex tunc. 
Para o exercício do controle de constitucionalidade abstrato existe a ação direta de inconstitucionalidade,a ação declaratória de constitucionalidade, a ação direta de inconstitucionalidade por omissão e a arguição de descumprimento de preceito fundamental.
Além desses instrumentos, permanece aceso o debate doutrinário acerca do uso da ação civil pública como instrumento de controle de constitucionalidade e da proposta de incidente de constitucionalidade. O Supremo Tribunal Federal utiliza algumas técnicas de interpretação para o controle de constitucionalidade.
 
A primeira delas, e mais comum, é a declaração de inconstitucionalidade com pronuncia de nulidade. Nesse caso, o STF além de retirar a vigência e/ou validade, também elimina o enunciado prescritivo (artigo, inciso, etc.). Ou seja, o STF ao entender que a determinada norma deriva de certo enunciado, entende por eliminar este último do ordenamento positivo.
A segunda técnica é a da interpretação conforme a constituição. Nessa hipótese, o STF ao entender que ao menos uma das normas possíveis de extração daquele texto normativo é conforme a constituição decide que esta é válida e carece de manutenção no ordenamento.
A terceira técnica é a da declaração de inconstitucionalidade sem pronuncia de nulidade. Tal técnica é empregada quando dentro do universo de interpretação possível a partir de determinado enunciado, somente uma não é conforme a constituição, de modo que as demais serão constitucionais.
 
A modulação de efeitos introduzida no ordenamento pátrio pelo art. 27 da Lei nº 9.868/99 consiste na possibilidade de o STF modificar o tradicional efeito ex tunc da declaração de inconstitucionalidade. Essa modificação permitirá que os efeitos sejam ex nunc ou qualquer outro momento. Será permitido ao STF empregar essa modulação por razões de segurança jurídica e de excepcional interesse nacional, desde que assegurada à maioria de dois terços de seus membros. Vale dizer que a priori a modulação de efeitos é para o controle concentrado, porém o STF vem utilizando no controle difuso. 
A regra é que a declaração de inconstitucionalidade se dê com pronúncia de nulidade, caso em que será fulminado tanto o próprio enunciado prescritivo, quanto as normas construídas a partir dele1. Contudo, há casos em que, a partir de determinado enunciado prescritivo, podem ser retiradas diversas interpretações, sendo algumas constitucionais e outras inconstitucionais. Nesses casos, outras técnicas devem ser adotadas em prol da preservação da constitucionalidade dos textos normativos, já que uma lei não deve ser declarada inconstitucional se puder ser interpretada em consonância com a Constituição.
Na declaração de inconstitucionalidade sem redução de texto, “se explicita que um dado significado normativo é inconstitucional sem que a expressão literal sofra qualquer alteração”, pois há outras interpretações possíveis e que estão em plena consonância com a Constituição. O objetivo, aqui, é preservar a constitucionalidade da lei ou ato normativo mediante a exclusão de algumas de suas possíveis interpretações.
Já no caso da interpretação conforme a Constituição promove-se a restrição do significado de uma determinada expressão literal ou completa-se uma lacuna. Através dessa via, não se proclama a ilegitimidade da lei, mas apenas se “ressalta que uma dada interpretação literal é compatível com a Constituição, ou, ainda, que para ser considerada constitucional determinada norma necessita de um complemento (lacuna aberta) ou restrição (lacuna oculta – redução teleológica)”. 
Parte-se da idéia básica de que uma lei não deve ser declarada inconstitucional quando puder ser interpretada em consonância com a Carta Política. Todavia, conforme adverte J. J. Gomes Canotilho, a técnica da interpretação conforme a constituição “só é legítima quando existe um espaço de decisão (= espaço de interpretação) aberto a várias propostas interpretativas, umas em conformidade com a constituição e que devem ser preferidas, e outras em desconformidade com ela”.
Não se pode confundir as duas técnicas acima mencionadas, já que na primeira, há declaração de inconstitucionalidade das significações incompatíveis com a Constituição, enquanto na segunda não existe essa declaração de inconstitucionalidade, mas sim a proclamação da constitucionalidade de uma dada significação. Na prática, entretanto, os efeitos de ambas se aproximam bastante.
A declaração de inconstitucionalidade, via de regra, tem o condão de comprometer a própria validade do preceito tido por inconstitucional, afastando inteiramente a sua aplicação desde a origem (ex tunc). 
Com a possibilidade, porém, de o STF restringir os efeitos da declaração de inconstitucionalidade ou decidir que ela só tenha eficácia a partir de seu trânsito em julgado ou de outro momento que venha a ser fixado, nos termos do art. 27 da Lei 9.868/99, pode-se dizer que, nesses casos em que há modulação dos efeitos da declaração de inconstitucionalidade, apenas a vigência futura da norma é atingida, sendo considerada vigência como a força para disciplinar as condutas inter-humanas sobre as quais a norma incide. 
Assim sendo, os efeitos gerados pela norma declarada inconstitucional permanecerão, perdendo tal norma a força regulatória apenas a partir do trânsito em julgado da declaração de inconstitucionalidade ou de outro momento que o STF determinar.
Não, uma vez que se trata de sistemas e conceitos que não se equiparam, apenas em um ponto são equiparados, no que tange à analise do controle de constitucionalidade ou inconstitucionalidade.
No controle de constitucionalidade chamado de difuso, é aquele que leva em consideração o aspecto subjetivo, permitindo que qualquer juiz ou tribunal, de maneira difusa, possa reconhecer a inconstitucionalidade de uma lei ou ato normativo, também é conhecido como concreto, haja vista que as partes e a matéria se encontram individualizadas.
Já o controle concentrado é exercido apenas por um órgão, que concentra mediante competência originária o controle de constitucionalidade. Analisando sob o critério formal, pode ser por via principal, por isso chamado de abstrato ou direto. No controle abstrato, a análise da constitucionalidade será objeto principal da ação, desse modo, não há um conflito de interesses a ser solucionado pelo o juiz. 
A função do julgador é atípica, a ação destina-se ao julgamento, não de uma relação jurídica concreta, mas da validade da lei em tese.
Por fim, no controle concentrado, os órgãos legitimados agem no interesse de uma sociedade, beneficiando a todos que estão sob a égide da lei, diferentemente do que ocorrer no controle difuso, como acabamos de ver. Por todo o exposto, é que não são equiparados respectivamente os conceitos de controle de constitucionalidade concreto e abstrato, bem como de controle difuso e concentrado.
O STF exerce o controle concentrado ao analisar pretensão deduzida em Reclamação, pois cabe apenas a ele tal atribuição, sendo o órgão originário para a criação e analise das súmulas vinculantes nos termos da lei, e por ser a reclamação um instrumento que dever ser acionado visando a preservação da competência e autoridade das referidas súmulas vinculantes ou decisões dotadas de efeitos vinculantes, contra eventual decisão judicial infratora, o SFT exerce inquestionável controle concentrado com fim de estabilizar e garantir o efeito vinculante de suas súmulas devendo todos os juízes e tribunais observar sua aplicação e força vinculadora no âmbito do processo judicial e até mesmo em processo administrativo da administração pública direta e indireta. 
Não se pode equiparar os conceitos de controle concreto e abstrato com os conceitos de controle difuso e concentrado. Isso porque o critério de classificação do controle em concreto ou abstrato é formal, sendo concreto aquele que é realizado incidentalmente, dentro de um processo, como questão prejudicial para a solução da demanda. Já no controle abstrato, o objeto do processo é a própria análise da constitucionalidade da lei ou ato normativo. O critério para classificação do controleem concentrado ou difuso, por sua vez, é subjetivo e está ligado à figura de quem o realizará. Concentrado é o controle de constitucionalidade realizado apenas por determinado órgão, que no Brasil é o STF. O controle difuso, diferentemente, pode ser exercido por qualquer juiz no exercício de sua competência.
Quando o STF analisa a pretensão deduzida em ação de reclamação para a preservação de sua competência e garantia da autoridade de suas decisões (CF, art. 102, I, alínea “l”), ele não realiza propriamente um controle de constitucionalidade. A reclamação destina-se a compelir o cumprimento de decisões proferidas em sede de controle de constitucionalidade pelo STF, sendo um instrumento repressivo posterior. Noutro dizer, a reclamação visa exatamente a garantir a eficácia do controle de constitucionalidade empreendido pelo STF, fazendo prevalecer a integridade e força subordinante dos comandos emanados de seus atos decisórios. Daí poder tal ação ser ajuizada por qualquer pessoa atingida por decisões contrárias ao entendimento firmado pelo Supremo no julgamento de ações diretas de inconstitucionalidade6. Sob esse prisma, se comparada com os modelos de controle de constitucionalidade, a reclamação possuiria caráter concentrado (posto que apenas o STF tem competência para julgá-la) e concreto (vez que arguida pelas partes interessadas em cada caso específico de descumprimento).
Nos termos do Art. 24 da lei nº 9.868/99, prescreve que:
Proclamada a constitucionalidade, julgar-se-á improcedente a ação direta ou procedente eventual ação declaratória; e proclamada a inconstitucionalidade julgar-se-á procedente a ação direta ou improcedente eventual ação declaratória.
Dessa maneira, consagrou-se o “efeito dúplice” que já constava no sistema de controle concentrado. Assim, a procedência de ADIn equivale à improcedência da ADC; e a improcedência de ADIn corresponde à procedência de ADC. Ali, decisão pela inconstitucionalidade; aqui constitucionalidade.
Portanto, por força do Art. 102, §2º da CF, redação conferida pela Emenda Constitucional 45 de dezembro de 2004, as decisões definitivas de mérito, proferidas pelo STF, nas ações diretas de inconstitucionalidade e nas ações declaratórias de constitucionalidade, produzirão eficácia contra todos e efeitos “erga omnes”, vinculando os demais tribunais e órgãos da administração pública direta e indireta, na esfera federal, estadual e municipal. 
Quanto às decisões proferidas em sede de ADIN e ADECON sempre vincularem os órgãos do Poder Legislativo, a resposta é não, pois os efeitos da súmula vinculante não atinge diretamente o próprio STF e nem o Poder Legislativo. Este último, entretanto, deve agir de acordo com os princípios da boa-fé e separação dos Poderes. Ao Judiciário não cabe restringir previamente a atividade do legislador, mas sim verificar a consonância do resultado dessa atividade com o Texto Constitucional, fazendo eventuais ajustes para fins de garantir a supremacia da Constituição. Sobre tanto, o Min. César Peluso chega a afirmar que essa cogitação vinculativa representaria “inconcebível fenômeno de fossilização da Constituição”.
 
Nisto que diverge da vinculação das decisões em sede ADIN e ADECON. A súmula vinculante é um mecanismo regulado pela lei nº 11.41706, tem por finalidade fixa entendimento do STF e consolidação da jurisprudência quando tratar de um mesmo assunto discutido em muitos processos semelhantes, assim também tem o reforço da segurança jurídica, subsidiariamente faz o papel de filtro com o “alívio” processual. 
Assim sendo, o efeito dúplice que possuem as decisões produzidas em sede de ADIN e ADECON significa que o julgamento de improcedência da ADIN equivale à declaração de constitucionalidade (procedência da ADECON), e a improcedência da ADECON corresponde à declaração de inconstitucionalidade (procedência da ADIN).
Observe-se que há notória similitude entre os efeitos vinculantes da ADIN e aqueles previstos no art. 103-A da Constituição. Ambos possuem o condão de atrelar os órgãos do Poder Judiciário e a administração pública direta e indireta, nas esferas federal, estadual e municipal. Outrossim, ambos autorizam a utilização da reclamação para o STF em caso de descumprimento.
Nos termos do Art. 101 do RISTF, a decisão do plenário do STF vincula os futuros julgamentos a serem realizados por turmas colegiadas ou monocraticamente pelos Juízes desta Corte. Existe uma ressalva à possibilidade de qualquer dos Ministros do Tribunal, com o apoio no que dispõe o Art. 103 do RISTF, propor ao Pleno a revisão da jurisprudência assentado em matéria constitucional.
Segundo o Carlos Blanco Morais, (Morais, Carlos Blanco de, op. Cit. P. 180) nada impede que uma lei declarada Constitucional seja novamente analisada pelo Tribunal Constitucional, pois não faria sentido blindar a lei contra impugnações futuras, não só porque podem existir vícios de inconstitucionalidade não evidentes ou ausentes de controvérsia tal qual retratadas pelo o Tribunal, como também porque a evolução temporal e circunstancial pode revelar outras inconstitucionalidades que passariam injustificadamente imunes ao controle de constitucionalidade. 
Em sede de controle abstrato, no caso de declaração de inconstitucionalidade, a revisão de um determinado posicionamento adotado pelo STF não é possível, ao menos no que diz respeito à mesma norma, uma vez que no controle abstrato de constitucionalidade, a decisão proferida pelo STF expulsa do ordenamento jurídico a lei ou ato normativo reputado contrário à Constituição, não podendo haver controle de constitucionalidade sobre normas já expurgadas do arcabouço jurídico constitucional.
 
Isso não significa que o sistema normativo permaneça imutável diante de um dado entendimento firmado pelo STF: nada impede que o Legislativo aprove nova lei versando sobre matéria anteriormente sujeita a controle repressivo pelo Judiciário, a qual poderá em momento ulterior ser tida como constitucional.
Já no caso de declaração de constitucionalidade, considerando o fenômeno da mutação constitucional, em que há alterações constitucionais sem que haja alteração do texto, mas apenas do sentido que lhe é atribuído, pode ser que surjam fundamentos para que determinada norma antes considerada constitucional passe a estar em desacordo com a Constituição. Caso houvesse alteração formal do texto, poder-se-ia considerar que a lei não foi recepcionada pela nova Constituição (partindo-se da premissa de que cada Emenda Constitucional caracteriza, na verdade, uma nova Constituição), mas, no caso da mutação constitucional, se a declaração de constitucionalidade anterior não pudesse ser revista, seríamos obrigados a conviver com uma norma cujo conteúdo afronta a ordem constitucional vigente.
Nessa ótica, se determinada lei tributária, num dado momento histórico, é declarada constitucional em sede de ADECON, poderá, em virtude do fenômeno da mutação constitucional, ser declarada inconstitucional em sede de ADIN. Tal entendimento, porém, não é o adotado pelo STF. 
Para referida Corte, a procedência da ADECON significa a improcedência de qualquer ADIN versando sobre a mesma matéria, em virtude do caráter dúplice de tais ações. 
Ressalte-se: o que não pode ser objeto de ADIN posterior é a mesma lei já declarada constitucional em plano de controle abstrato, da mesma forma que uma lei declarada inconstitucional não pode ser objeto de ADECON. A regra, porém, não vale para o controle difuso (o qual permite perfeitamente a mudança de entendimento sobre a constitucionalidade de uma determinada lei), nem para o controle abstrato sobre novas normas resultantes de processo legislativo subsequente. 
(i) A declaração de inconstitucionalidade a que ele se refere é a proveniente de controle abstrato ou também inclui aquelas emanadas em controle concreto? 
Apenas aquelas emanadas do controle abstrato ou difuso, tendo em vista que aquelas emanadas do controle concreto tem a sentença efeitos entre as partes apenas, não podendo serlevadas ao alcance do referido Art. 741, paragrafo único do CPC. 
Reza o art. 741 do CPC, com redação dada pela Lei nº. 11.232/05:
Art. 741. Na execução contra a Fazenda Pública, os embargos só poderão versar sobre: 
I – falta ou nulidade da citação, se o processo correu à revelia; 
II - inexigibilidade do título;
III - ilegitimidade das partes;
IV - cumulação indevida de execuções;
V – excesso de execução; 
VI – qualquer causa impeditiva, modificativa ou extintiva da obrigação, como pagamento, novação, compensação, transação ou prescrição, desde que superveniente à sentença;
 Vll - incompetência do juízo da execução, bem como suspeição ou impedimento do juiz.
Parágrafo único. Para efeito do disposto no inciso II do caput deste artigo, considera-se também inexigível o título judicial fundado em lei ou ato normativo declarados inconstitucionais pelo Supremo Tribunal Federal, ou fundado em aplicação ou interpretação da lei ou ato normativo tidas pelo Supremo Tribunal Federal como incompatíveis com a Constituição Federal. 
O parágrafo único do dispositivo legal em comento permite a oposição de embargos lastreados na inexigibilidade do título fundado em lei ou ato normativo declarados inconstitucionais pelo STF, ou interpretação tida por incompatível com o Texto Magno.
 
Cuida-se de preceito normativo destinado a alcançar diretamente os casos de controle abstrato de constitucionalidade, que possuem eficácia erga omnes e efeitos vinculantes. 
Há entendimento que só incluirá as declarações proferidas em sede de controle difuso, se houver resolução do Senado suspendendo a execução, no todo ou em parte, da lei reputada inconstitucional por decisão definitiva tomada pela maioria absoluta dos membros do Supremo, ou ainda na hipótese de edição de súmula vinculante. É que, nestas duas situações, a declaração de inconstitucionalidade, embora resultante de controle difuso – o qual tem eficácia inter partes – adquire, na prática, eficácia erga omnes, seja em decorrência da atuação do Senado, seja pela elaboração de súmula vinculante.
(ii) É necessário que a declaração de inconstitucionalidade seja anterior à formação do título executivo? Essa alegação pode perfazer conteúdo de eventual exceção de pré-executividade ou restringe-se aos embargos do devedor? (Vide anexo I).
Sim, uma vez que a declaração de inconstitucionalidade é feita mediante sentença e assim sendo, só gerará seus efeitos no mundo jurídico após sua publicação e por tanto o título deve ser formado posteriormente a tal declaração, pois antes a referida norma poderia ser considerada constitucional e ter plena aplicação e vigência, impossibilitando qualquer alusão do título executivo por sentenças constituídas de inconstitucionalidade, antes da declaração de inconstitucionalidade.
Há entendimentos de que pode ser tratada em exceção de pré-executividade, uma vez que a referida matéria possibilita ser reconhecida de ofício pelo o juiz e não comporta dilação probatória, tratando de sentença proferida e eivada de inconstitucionalidade dentro das suas espécies, seja por incompatível com o texto constitucional, seja por interpretação divergente com precedentes do STF, ou ainda, por inobservância da própria Carta Magna.
Nos moldes da súmula 393 do STJ, bem como do Art. 5.º XXXIV, ”a” e XXXV da CF/88, cabe lembrar do Art. 301 do CPC, que elencam matérias passíveis de alegação em exceção de pré-executividade sendo, portanto, perfeitamente possível a utilização do paragrafo único do Art. 741 do CPC. 
Ainda, há entendimento também de que não é necessário que a declaração de inconstitucionalidade seja anterior à formação do título executivo, uma vez que a declaração de inconstitucionalidade, em regra, produz efeitos ex tunc, retroagindo desde a criação da lei ou ato normativo.
Desse modo, uma vez declarada inconstitucional uma norma na qual se baseou o Fisco para executar o contribuinte, este possui todo direito de opor a inexigibilidade do título em face do entendimento firmado pelo STF com efeitos vinculantes retroativos e eficácia erga omnes. Ainda nesse sentido, a inexigibilidade do título fundado em lei ou ato normativo declarados inconstitucionais pelo STF, ou interpretação tida por incompatível com o Texto Magno pode, inclusive, ser alegado em sede de exceção de pré-executividade, por dispensar dilação probatória.
A) Sim, uma vez que a decisão do STF em sede de ADIN tem força vinculante e seu efeito terá plena aplicação no caso em tela, por ter identificação com aquela e pela repercussão decorrente da referida decisão. 
 
Contudo, há entendimento de que deve o juiz analisar o mérito da ação, independentemente da decisão proferida, pois eventual efeito vinculante que se atribua a decisões proferidas pelo Egrégio STF em sede de controle concentrado de constitucionalidade não tem o condão de extinguir as demandas fundamentadas no sentido contrário de tais decisões, mas apenas de vincular o entendimento do julgador acerca da (in) constitucionalidade de determinada norma.
B) Examinar o mérito da ação.
Em razão da teoria da transcendência dos motivos determinantes, pela qual os fundamentos determinantes de uma decisão vinculam outros julgamentos, poder-se-ia dizer que o entendimento adotado pelo STF quando da declaração de constitucionalidade da lei Y.YYY/RJ vincularia a atuação do juiz quando da apreciação da constitucionalidade da lei X.XXX/SP. Observe-se, porém, que tal entendimento acabaria por restringir demasiadamente a atuação do magistrado. Assim, enquanto a própria lei X.XXX/SP não tiver sua constitucionalidade analisada pelo STF, deve o juiz decidir de acordo com as suas convicções.
C) É possível, no caso em exame, a propositura de ação rescisória com base na decisão do STF, desde que não ultrapassado o prazo para tanto. Na hipótese de exaurimento desse prazo, o princípio da segurança jurídica impõe a manutenção da decisão inconstitucional transitada em julgado. A coisa soberanamente julgada, aqui, constitui limite objetivo à desconstituição de decisões judiciais contrárias ao entendimento esposado pelo STF.
O conteúdo desse material é de propriedade intelectual do ©IBET: é proibida sua utilização, manipulação ou reprodução, por pessoas estranhas e desvinculadas de suas atividades institucionais sem a devida, expressa e prévia autorização.

Continue navegando