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3 4 Editora Editor e Diretor de arte: Victor Rebelo Jornalista: Érika Silveira PROGRAMA Música & Mensagem Músicas espíritas e espiritualistas, entrevistas, auto-ajuda e estudo das religiões Aos sábados, Às 16 horas Rádio Mundial 95,7 FM (SP) Apresentação Victor Rebelo Nas bancas de todo Brasil www.rcespiritismo.com.br 5 Textos de: Edvaldo Kulcheski Laylla Toledo Emiliana Vargas Rogério Magalhães O que é Cura espiritual? 6 7 Índice 1 - Introdução 08 2 - O que são doenças? 11 3 - Tratamentos espirituais 25 4 - Mediunidade de cura 39 5 - Remédios Espirituais 57 6 - As curas de Jesus 75 7 - Dr. Bezerra de Menezes 85 8 - Torne-se receptivo à cura 103 9 - Irmã Scheilla 115 10 - A prece e a reforma íntima 125 8 Introdução Um dos aspectos que tem despertado o in- teresse das pessoas em relaçào à doutrina espíri- ta a questão do tratamento espiritual que os cen- tros espíritas oferecem. Quando falamos em tratamento espiritual, temos que entender não apenas a cura do corpo físico, mas sobretudo, a cura da alma. Os ensinamentos que os espíritos elevados nos transmitem têm como objetivo despertar a consciência humana para seus potenciais divi- nos. Os distúrbios emocionais e psíquicos, con- forme nos ensinam, causam desequilíbrios energéticos que acabam desestruturando a har- monia celular, culminado assim, nas doenças comumente diagnosticadas peloas médicos. Portanto, devemos entender que a pro- posta maior do centro espírita não é a de subs- tituir o hospital. Isso seria, até mesmo, con- tra a legislação brasileira. A missão maior do centro espírita é forne- cer subsídios para que a criatura humana encon- tre condições para efetuar o seus amadurecimen- 9 to e equilíbrio espiritual, o que trará, como conseqüência, o bem-estar e saúde física. Para tanto, muitas vezes se faz necessário o uso de determinados recursos, como sessões de desobsessão, passes e magnetização de água. Jamais um dirigente espírita deverá recomen- dar a suspensão do acompanhamento médico. Médiuns curadores São os médiuns que possuem o organismo em conduções mais propícias para a doação de fluidos responsáveis pela manutenção da vitali- dade física. Existem, também, aqueles que, atra- vés da mediunidade de incorporação, atuam re- alizando cirurgias, com ou sem cortes. Lem- bramos que, ser médium não significa, neces- sariamente, ser espírita. Não indicamos, neste livro, nenhum cen- tro espírita. Apena fornecemos uma base de co- nhecimentos para que o leitor possa fazer sua escolha de forma consciente. Victor Rebelo Editor 10 11 O QUE SÃO DOENÇAS? 12 Antes de se falar em cura espiritual, é importante definirmos o que é uma doen- ça. Seria ela um mal de fato? No livro Mãos de Luz, a curadora norte-americana Barbara Ann Brennan apresenta um raciocínio mui- to interessante: “Toda doença é uma men- sagem direta dirigida a você, dizendo-lhe que não tem amado quem você é e nem se tratado com carinho, a fim de ser quem você é”. De fato, todas as vezes que nosso corpo apresenta alguma “doença”, isto deve ser tomado como um sinal de que alguma coi- sa não está bem. 13 A doença não é uma causa, é uma con- seqüência proveniente das energias negativas que circulam por nossos organismos espiritu- al e material. O controle das energias é feito através dos pensamentos e dos sentimentos, portanto, possuimos energias que nos cau- sam doenças porque somos indisciplinados mental e emocionalmente. Em Nos Domínios da Mediunidade, André Luiz explica que “as- sim como o corpo físico pode ingerir alimen- tos venenosos que lhe intoxicam os tecidos, também o organismo perispiritual absorve ele- mentos que lhe degradam, com reflexos so- bre as células materiais”. Permanentemente, recebemos energia vital que vem do cosmo, da alimentação, da respiração e da irradiação das outras pessoas e para elas imprimimos a energia gerada por nós mesmos. Assim, somos res- ponsáveis por emitir boas ou más energias às outras pessoas. A energia que irradiamos aos outros estará impregnada com nossa carga energética, isto é, carregada das ener- 14 gias de nossos pensamentos e de nossos sentimentos, sendo necessário que vigiemos o que pensamos e sentimos. Tipos de doenças Podemos classificar as doenças em três tipos: físicas, espirituais e atraídas ou simbióticas. As doenças físicas são distúr- bios provocados por algum acidente, ex- cesso de esforço ou exagero alimentar, en- tre outros, que fazem um ou mais órgãos não funcionarem como deveriam, criando uma indisposição orgânica. As doenças espirituais são aquelas pro- venientes de nossas vibrações. O acúmulo de energias nocivas em nosso perispírito gera a auto-intoxicação fluídica. Quando estas energias descem para o organismo fí- sico, criam um campo energético propício para a instalação de doenças que afetam todos os órgãos vitais, como coração, fíga- do, pulmões, estômago etc., arrastando um corolário de sofrimentos. 15 As energias nocivas que provocam as doenças espirituais podem ser oriundas de reencarnações anteriores, que se mantêm no perispírito enfermo enquanto não são dre- nadas. Em cada reencarnação, já ao nascer ou até mesmo na vida intra-uterina, pode- mos trazer os efeitos das energias nocivas presentes em nosso perispírito, que se agra- vam à medida que acumulamos mais ener- gia negativa na reencarnação atual. Enquan- to persistirem as energias nocivas no perispírito, a cura não se completará. Já as doenças atraídas ou simbióticas são aquelas que chegam por meio de uma sintonia com fluidos negativos. O que uma criatura colérica vibrando sempre maldades e pestilências pode atrair senão as mesmas coisas? Essa atração gera uma simbiose ener- gética que, pela via fluídica, causa a per- cepção da doença que está afetando o or- ganismo do espírito que está imantado energeticamente na pessoa, provocando a sensação de que a doença está nela, pois 16 passa a sentir todos os sintomas que o es- pírito sente. Aí, a pessoa vai ao médico e ele nada encontra. André Luiz afirma que “se a mente en- carnada não conseguiu ainda disciplinar e dominar suas emoções e alimenta paixões (ódio, inveja, idéias de vingança), ela en- trará em sintonia com os irmãos do plano espiritual, que emitirão fluidos maléficos para impregnar o perispírito do encarnado, intoxicando-o com essas emissões mentais e podendo levá-lo à doença”. O surgimento das doenças A cada pensamento, emoção, sensação ou sentimento negativo, o perispírito ime- diatamente adquire uma forma mais densa e sua cor fica mais escura, por causa da absorção de energias nocivas. Durante os momentos de indisciplina, o homem mo- biliza e atrai fluidos primários e grosseiros, os quais se convertem em um resíduo den- so e tóxico. 17 Devido à densidade, estas energias nocivas não conseguem descer de imedia- to ao corpo físico e vão se acumulando no perispírito. Com o passar do tempo, as car- gas energéticas nocivas que não forem dis- solvidas ou não descerem ao corpo físico formam manchas e placas que aderem à superfície do perispírito, comprometendo seu funcionamento e se agravando quando a carga deletéria acumulada é aumentada com desatinos da existência atual. Em seus tratados didáticos, a medicina explica que, no organismo do homem, des- de seu nascimento físico, existem micróbi- os, bacilos, vírus e bactérias capazes de pro- duzirem várias doenças humanas. Graças à quantidade ínfima de cada tipo de vida microscópica existente, eles não causam incômodos, doenças ou afecções mórbidas, pois ficam impedidos de ter uma prolifera- ção além da “cota mínima” que o corpo humano pode suportar sem adoecer. No entanto, quando esses germes ultrapassam 18 o limite de segurança biológica fixadopela sabedoria da natureza, motivados pela pre- sença de energias nocivas no corpo físico, eles se proliferam e destroem os tecidos de seu próprio “hospedeiro”. Partindo das estruturas energéticas do perispírito na direção do corpo, em ondas sucessivas, essas radiações nocivas criam áreas específicas nas quais podem se insta- lar ou se desenvolver as vidas microscópi- cas encarregadas de produzir os fenômenos compatíveis com os quadros das necessi- dades morais para o indivíduo. Elas se ali- mentam destas energias nocivas que che- gam ao físico, conseguindo se multiplicar mais rapidamente e, em conseqüência, cau- sando as doenças. A recuperação do espírito enfermo só poderá ser conseguida mediante a elimina- ção da carga tóxica que está impregnada em seu perispírito. Embora o pecador já ar- rependido esteja disposto a uma reação construtiva no sentido de se purificar, ele 19 não pode se subtrair dos imperativos da Lei de Causa e Efeito. Para cada atitude corresponde um efeito de idêntica expres- são, impondo uma retificação de aprimora- mento na mesma proporção, ou seja, a pes- soa tem que dispender um esforço para re- por as energias positivas da mesma maneira que dispende esforços para produzir as ener- gias negativas que se acumulam em seu perispírito. Eliminando as energias tóxicas Assim, como decorrência de tal determinismo, o corpo físico que veste agora ou outro, em reencarnação futura, terá de ser justamente o dreno ou a válvula de es- cape para expurgar os fluidos deletérios que o intoxicam e impedem de firmar sua mar- cha na estrada da evolução. Durante a pu- rificação perispiritual, as toxinas psíquicas convergem para os tecidos, orgãos ou regi- ões do corpo, provocando disfunções or- gânicas que conhecemos como doença. 20 Quando o espírito não consegue ex- purgar todo o conteúdo venenoso de seu perispírito durante a existência física, ele desperta no além sobrecarregado de ener- gia primária, densa e hostil. Em tal caso, devido à própria “lei dos pesos específi- cos”, ele pode cair nas zonas umbralinas pantanosas, onde é submetido à terapêu- tica obrigatória de purgação no lodo ab- sorvente. Assim, pouco a pouco vai se li- bertando das excrescências, nódoas, vene- nos e “crostas fluídicas” que nasceram em seu tecido perispiritual por efeito de seus atos de indisciplina vividos na matéria. Os charcos pantanosos do umbral in- ferior são do mesmo nível vibratório das manchas e placas, por isso servem para dre- nar essas energias nocivas. Embora sofram muito nesses locais, isso os alivia da carga tóxica acumulada na Terra, assim como seu psiquismo enfermo, depois de sofrer pela dor cruciante, desperta e se corrige para vi- ver existências futuras mais educativas ou 21 menos animalizadas. Os espíritos socorristas só retiram dos charcos purgatoriais os “pecadores” que já estão em condições de uma permanência suportável nos postos e colônias de recu- peração perispiritual adjacentes à crosta ter- restre. Cada um tem certo limite que pode agüentar em meio a estes charcos, então eles são resgatados mesmo que ainda não te- nham expurgado todas as placas, reencar- nando em corpos onde permanecerão ex- purgando e drenando essas energias atra- vés das doenças que se manifestarão no cor- po físico. Ajuda da medicina A doutrina espírita não prega o confor- mismo, por isso é lícito procurar a medici- na terrena, que pode aliviar muito e curar onde for permitido. Se a misericórdia divi- na colocou os medicamentos ao nosso al- cance, é porque podemos e devemos utili- zá-los para combater as energias nocivas que 22 migraram do perispírito para o corpo físico, mas não devemos esquecer que os medica- mentos alopáticos combatem somente os efeitos da doença. Isto quer dizer que, quando as doen- ças estão presentes no corpo físico, deve- mos combatê-la, buscar alívio. Muitas ve- zes, estas doenças exigem tratamentos pro- longados, outras vezes necessitamos até de cirurgia, mas tudo faz parte da “Lei de Cau- sa e Efeito”, que tenta despertar para uma reforma moral através deste processo dolo- roso. Qualquer medida profilática em rela- ção às doenças tem que se iniciar na con- duta mental, exteriorizando-se na ação mo- ral que reflete o velho conceito latino: mens sana in corpore sano. Estados de indisciplina são os maiores responsáveis pela convocação de energias primárias e daninhas que adoecem o ho- mem pelas reações de seu perispírito con- tra o corpo físico. Sentimentos como orgu- lho, avareza, ciúme, vaidade, inveja, calú- 23 nia, ódio, vingança, luxúria, cólera, male- dicência, intolerância, hipocrisia, amargu- ra, tristeza, amor-próprio ofendido, fanatis- mo religioso, bem como as conseqüências nefastas das paixões ilícitas ou dos vícios perniciosos, são também geradores das ener- gias nocivas. Ou seja, a causa das doenças está na própria leviandade no trato com a vida. Analisando criteriosamente o comportamen- to, ver-se-á que os males que atormentam as pessoas persistirão enquanto não forem destruídas as causas. Portanto, soluções su- perficiais são enganosas. É preciso lutar contra todas as aflições, mas jamais de for- ma milagrosa. Procuremos sempre pensar e agir dentro dos ensinamentos cristãos, a fim de alcançarmos a cura integral. 24 25 TRATAMENTOS ESPIRITUAIS 26 De modo geral, denomina-se como cura espiritual o restabelecimento da saú- de por métodos executados não pela medi- cina oficial, mas por meios paranormais. É de muito tempo que o trabalho do homem, crente ou não, tem influído na saú- de de seu próximo. As tribos, os povos não desenvolvidos e os sacerdotes e pitonizas da antiguidade restabeleciam a saúde de seus semelhantes por meios desconhecidos até por eles mesmos. Só com a vinda de Jesus é que estes atos foram executados de forma consciente. 27 No Brasil, em 1900, Leopoldo Cirne fez o primeiro relato escrito sobre o assun- to, a fim de levá-lo para Paris, no IV Con- gresso Espírita. Na Europa, naquela época, já se realizavam tratamentos de doenças atra- vés de magnetização praticada por espíri- tas, martinistas, rosa-cruzes, positivistas, teosofistas etc., que defendiam a imortali- dade da alma, o intercâmbio entre vivos e mortos e a reencarnação. Depois de Allan Kardec, apareceram os médiuns curadores, até que, em 1888, os espíritas da Espanha fizeram demonstrações práticas na presença de cientistas e investi- gadores. Estes trabalhos foram realizados por J. Fernandes, discípulo de Kardec. Em 1889, nas comemorações do primeiro centenário da Revolução Francesa, reuniu-se em Paris o II Congresso Espírita, agora representado por espíritas e espiritualistas em geral. É de conhecimento geral que os sacer- dotes faziam sessões de cura em seus con- ventos, invocando o Espírito Santo. Porém, 28 perde-se na noite dos tempos o momento em que a cura por processos não médicos foi utilizada, como benzeduras, mesinhas, sacrifícios de animais e outros tantos pro- cessos usados pelo homem para socorrer seus semelhantes. Vemos isto principalmente en- tre tribos brasileiras e africanas, fatos que de- ram lugar à expressão irônica de Bocage: “Unta-se num instante, a perna torna a cres- cer e fica melhor que dantes”. Isto fere o prin- cípio de minha querida ortopedia. Condições necessárias Antes de tudo, há que se ter uma fé sincera, atuante, não vacilante. Um dos mo- tivos pelo qual, muitas vezes, a cura espiri- tual não se realiza é simplesmente a falta de fé. Entenda-se aqui que esta fé é a con- vicção, não o fanatismo. Foi o próprio Je- sus quem sentenciou: “Tudo é possível para aquele que crê”. Não é somente fé em quem pratica o ato da cura, mas também em quem recebe. As vibrações fecundas de um e de 29 outro se traduzem em um ajustamento energético que, mesmo fora do campo es-piritual, produz resultados prodigiosos. A medicina oficial está cheia de proces- sos psicossomáticos e de placebos, todavia, o médium curador não deve se entusiasmar demais, para não ser vítima de animismo e nem da empolgação de que ele é agente. To- dos sabemos que mesmo na cura por méto- dos puramente físicos, somos intermediários. Este conceito ainda não está arraigado nos médicos, o que tiraria deles a empáfia de curadores e salvadores. Falta a muitos a hu- mildade de compreender que não obteremos sucesso sem a presença de Deus e a interme- diação dos bons companheiros. É justamente isso que tem feito o fra- casso de um lado e de outro do tratamento, quer espiritual, quer medicamentoso. É este conceito de fé que prova o tratamento e o diagnóstico a distância nas curas espiritu- ais, o que alguns rotulam de tratamento por ausência. 30 Além disso, exige-se do médium de cura uma conduta ilibada, alimentação ade- quada, pontualidade, humildade, senso de autocrítica, instrução espiritual precisa, re- novação de seus conhecimentos espiritu- ais, disciplina, bom relacionamento com outros médiuns e respeito afetuoso com quem vai curar. Sem essas qualidades, um médium curador não obtém êxito. Sucesso e fracasso Existe sucesso na cura espiritual mais do que pensamos ou sabemos. Em nosso modo de ver, o merecimento é o elemento primordial para uma cura espiritual, além da harmonia mental do médium e do do- ente, a assistência espiritual requerida ou apresentada, a correta manipulação dos fluidos, a vontade e o desejo de se curar. Baseado no harmonioso conjunto mente e corpo, traduz uma possibilidade indis- cutível de êxito. Essa harmonia justifica muitas vezes o 31 tratamento a distância, confirma o valor mental do médium e assegura a confiança do doente. Isto se confirma inúmeras vezes nas doenças tidas como incuráveis, nas quais até a recomposição de órgãos está provada através de exames específicos. Di- agnósticos imediatos, tratamento espetacu- lar, informes dos pacientes e atestados de observadores e de profissionais da área com- provam firmemente o sucesso das curas es- pirituais e a sobrevida dos beneficiados. As operações realizadas em condições precá- rias e inadequadas, assistidas por quem en- tende, provam esses sucessos e consolidam a crença de quem se dedica a elas. Entretanto, há fracassos e muitos na cura espiritual. A descrença, a impontualidade e a desídia concorrem muito para isto. É pre- ciso saber e conveniente dizer que as leis cósmicas não podem ser superadas pelos ho- mens. Logo, em uma doença cármica, só Deus pode curar. Ambrósio Paré, que não era espírita, dizia aos seus doentes: “Eu te 32 operei, Deus te curará”. Se ele, que fazia uma amputação de coxa em sete minutos, tinha humildade, avaliamos hoje que, com todo conhecimento de que dispomos, não temos nem podemos ter a pretensão de curar. So- mos instrumentos da vontade de Deus, pois se não fosse assim, se a cura se realizasse só por nosso saber, todas as doenças seri- am curáveis. Há outros fatores que concorrem para o fracasso da cura espiritual, como o ambi- ente desarmonioso, a falta de compostura do médium, a indisciplina do doente e o defeito na reforma íntima. É indiscutível que quem se aventura a fazer cura espiritual tem que se precaver com uma série de cuidados, a fim de não ser surpreendido por chantagens, simulações, ciladas e tantos outros recursos daqueles que descrêem e acusam o espiritismo de mis- tificação. Assim, necessitamos de um bom diagnóstico científico, tanto quanto possí- vel, da assistência de um médico espírita e 33 de provas necessárias de doenças verídicas. As doenças psicossomáticas, mesmo que possam parecer duvidosas, têm respaldo ci- entífico e orientação espiritual, para que o médium não seja chantageado. A presença de pessoas discordantes, obsediadas ou inconvenientes é outro mo- tivo de precaução para o tratamento espiri- tual. Somos partidários de um ambiente re- servado exclusivamente para este mister. O médium curador deve evitar a todo custo a recompensa espiritual, principalmente a pecuniária, para não misturar indesejavel- mente as coisas. “Dar de graça o que se re- cebe de graça” deve ser uma constante na cabeça de quem faz cura espiritual. O amor de Deus e a presença de Jesus são recom- pensas maiores que o ouro do mundo. Quem deve fazer cura espiritual? Todo ser dotado de fé, forrado de boa vontade e conhecedor do predomínio do espírito sobre a matéria, tem condição de 34 fazer cura espiritual. Porém, como em ma- temática, isto é necessário, mas não é o su- ficiente. A aptidão para realizar tal ativida- de vem com o indivíduo desde o nascimen- to e desenvolvê-la é indispensável quando há vontade de se dedicar a este trabalho. Assim, o médium que é instruido, esclare- cido, informado ou treinado para isto não deve se eximir desta missão. Alguns centros espíritas preparam cer- tos médiuns para a cura. É necessário mui- to critério por parte do próprio dirigente e dos médiuns que vão se dedicar a isto, pois o fato de querer não justifica a indicação, é preciso poder, ter aptidão, ser preparado. Há centros que exigem cursos de até qua- tro anos, exigência que revela o escrúpulo e o respeito que estes locais têm pelo traba- lho de seus médiuns e de sua reputação. Portanto, precisamos ser exigentes na práti- ca da cura espiritual. O que ocorre sempre é que um médico desencarnado incorpora em um médium, 35 que geralmente não é diplomado, para a realização da cura espiritual. Comumente também, não é somente um, mas um grupo de médicos desencarnados que se une a fim de levar ao doente a influência de seus conhecimentos e apresentar a habilidade de transmitir ao médium a possibilidade de ser utilizado para este fim. A água fluidificada e o próprio magne- tismo do médium colaboram de maneira efi- ciente na realização do ato de cura, princi- palmente quando este é operatório. Não se infira daí que isto não possa acontecer a distância. Pode sim, pois o transporte da equipe curadora não tem obstáculo para ir aonde é necessário o benefício da cura. O ritmo e o número de vezes que isso tem ocorrido prova tal afirmativa. Uma outra condição para o poder da cura é a facilidade de saber manejar o ecto- plasma, porque este deverá ser usado como substituto de um órgão ou de parte dele e isto quem vai doar é o próprio médium. 36 A utilização do tratamento espiritual Todos sabemos que a cura espiritual é um recurso ao qual a criatura humana re- corre comumente quando perdeu a espe- rança de recuperação pela medicina ofici- al. O paciente, em muitos casos, procura os centros espíritas quando está desiludi- do e, às vezes, são levados a eles até com descrença, por insistência de amigos. To- davia, é forçoso confessar que o tratamen- to pela cura espiritual é tão eficiente e se- guro que um grande espírita brasileiro afir- mou: “Se não fossem as curas espirituais, coitados dos doentes do Rio de Janeiro”. O que precisamos é difundir entre os profissi- onais de medicina os casos cientificamen- te comprovados de cura para convencê-los a respeitar o tratamento espiritual. Aqueles que lidam com o espiritismo sabem que a cura se dá através dos fluidos magnéticos que o médium transmite ao do- ente, porque o magnetismo simples pode fa- 37 zer curas, mas estas não são duradouras e são feitas para espetáculos públicos. A in- fluência do médium curador preparado sufi- cientemente consegue, dizem os entendidos, afastar um pouco o perispírito, que é onde justamente reside a doença, para melhor agir nele e, por uma ação reflexa, agir no corpo. Assim sendo, atuando sobre o perispírito, o médium vai alterar sua constituição pertur- bada, restabelecendo sua organização natu- ral e fazendo com que a justaposição do pe- rispírito ao corporestabeleça a harmonia ne- cessária para a recuperação da saúde do pa- ciente. É sabido que não há doença que não deixe de agir no perispírito e não há doen- ça do corpo físico que não se reflita na- quele. Para isto, basta que o vidente des- dobre a aura de seu paciente. Quando se faz uma operação espiritual em um órgão ou se retira um tumor deste, o ectoplasma do médium é enviado para aquela região para recompor o órgão e restabelecer toda 38 a sua função. É por isto que a cura é defini- tiva, a função é recuperada e o aspecto do paciente é modificado. A imposição das mãos revela a trans- missão do fluido curador para seu paciente e Jesus fez isto muitas vezes, ensinando este modo de agir. Entretanto, temos confirma- do a cura a distância ou a chamada cura por ausência, na qual as mãos do médium não chegam lá, mas chegam os fluidos con- duzidos por sua força mental e pelos men- sageiros do bem através do Fluido Univer- sal. O mundo está cheio de médiuns que realizam tais façanhas. A discussão da veracidade das curas espirituais está apenas no campo teórico. Para quem deseja se informar, o Espiritis- mo, especificamente no Brasil, pode respon- der aos descrentes. A doutrina espírita está aberta para dar o testemunho sério e ho- nesto deste procedimento. 39 MEDIUNIDADE DE CURA 40 A mediunidade de cura é a capacida- de possuída por certos médiuns de cura- rem moléstias por si mesmos, provocando reações reparadoras de tecidos e órgãos do 41 corpo humano, inclusive as oriundas de in- fluenciação espiritual. Assim como existem médiuns que emitem fluidos próprios para a produção de efeitos físicos concretos (ectoplasmia), temos igualmente os médiuns que emitem fluidos que operam todas as reparações acima referidas. Na essência, o fluido é sempre o mes- mo, uma substância cósmica fundamental. Mas suas propriedades e efeitos variam imensamente, conforme a natureza da fon- te geradora imediata, da vibração específi- ca e, em muitos casos (como este de cura, por exemplo), do sentimento que precedeu o ato da emissão. A diferença entre os dois fenômenos é que no primeiro caso (ectoplasmia), o flui- do é pesado, denso, próprio para elabora- ção de formas ou produção de efeitos ob- jetivos por condensação, ao passo que no segundo (curas), ele é sutilizado, radiante, próprio para alterar condições vibratórias já existentes. 42 Médium curador Além do magnetismo próprio, o médium curador goza da aptidão de captar esses flui- dos leves e benignos nas fontes energéticas da natureza, irradiando-os em seguida sobre o doente, revigorando órgãos, normalizan- do funções, destruindo placas e quistos fluídicos produzidos tanto por auto-obses- são como por influenciação direta. O médium se coloca em contato com essas fontes ao orar e se concentrar, anima- do pelo desejo de fazer uma caridade evan- gélica. Como a lei do amor é a que preside todos os atos da vida espiritual superior, ele se coloca em condições de vibrar em consonância com todas as atividades uni- versais da criação, encadeando forças de alto poder construtivo que vertem sobre ele e se transferem ao doente. Por sua vez, este se colocou na mesma sintonia vibratória por meio da fé ou da esperança. Os fluidos radiantes interpenetram o corpo físico, atingem o campo da vida ce- 43 lular, bombardeiam os átomos, elevam-lhes a vibracão íntima e injetam nas células uma vitalidade mais intensa. Em conseqüência, acelera as trocas (assimilação, eliminação), resultando em uma alteração benéfica que repara lesões ou equilibra funções no cor- po físico. Nas operações cirúrgicas feitas direta- mente no corpo físico, os espíritos opera- dores incorporam no próprio médium que dispõe desta faculdade. Ele, como autôma- to, opera o paciente com os mesmos instru- mentos da cirurgia terrena, porém sem anestesia e dispensando qualquer precau- ção de assepsia. Em certos casos, embora raros, o espírito incorporado logra o mes- mo resultado cirúrgico utilizando objetos de uso doméstico (facas, tesouras, garfos ou estiletes comuns) como instrumentos ope- ratórios, igualmente sem quaisquer cuida- dos anti-sépticos. O cirurgião invisível incorporado no médium corta a carne do paciente, extirpa 44 excrescências mórbidas, drena tumores, desata atrofias, desimpede a circulação obstruída, reduz estenoses ou elimina ór- gãos irrecuperáveis. Semelhantes interven- ções, além de seu absoluto êxito, são reali- zadas em um espaço de tempo exíguo, muito acima da capacidade do mais abali- zado cirurgião do mundo físico. Em tais casos, os médicos desencarnados fazem seus diagnósticos rapidamente, com abso- luta exatidão e sem necessidade de chapas radiográficas, eletrocardiogramas, hemogramas, encefalogramas ou quaisquer outras pesquisas de laboratório. Nessas operações mediúnicas proces- sadas diretamente na carne, os pacientes operados tanto podem apresentar cicatrizes ou estigmas operatórios como ficarem livres de quaisquer sinais cirúrgicos. Em seguida à operação, eles se erguem lépidos e sem qualquer embaraço ou dor, manifestando- se surpreendidos por seu alívio inesperado e a eliminação súbita de seus males. 45 Quando opera incorporado no mé- dium, o espírito sempre é auxiliado por companheiros experimentados na mesma tarefa, que cooperam e ajudam no controle da intervenção cirúrgica, no diagnóstico seguro e rápido e no exame antecipado das anomalias dos enfermos a ser operados. Entidades experimentadas na ciência quí- mica transcendental preparam os fluidos anestesiantes e cicatrizantes, transferindo- os depois do mundo oculto para o cenário físico através da materialização na forma lí- quida ou gasosa, conforme seja necessário. Cirurgias a distância Embora o êxito das operações mediú- nicas dependa especialmente do ectoplas- ma a ser fornecido por um médium de efei- tos físicos e controlado pelos espíritos de médicos desencarnados, há circunstâncias em que, devido ao teor sadio dos próprios fluidos do enfermo, as operações produzem resultados miraculosos no corpo físico, ape- 46 sar de processadas somente no perispírito. O processo de “refluidificação”, com o aproveitamento dos fluidos do próprio doente, lembra algo do recurso de cura ado- tado na hemoterapia praticada pela medi- cina terrena, na qual o médico incentiva o energismo da pessoa debilitada extraindo- lhe algum sangue e, em seguida, injetan- do-o novamente nela, em um processo que acelera a dinâmica do sistema circulatório. No entanto, mesmo que se tratem de operações mediúnicas feitas diretamente na carne do paciente ou mediante fluidos irra- diados a distância pelas pessoas de magne- tismo terapêutico, o sucesso operatório exi- ge sempre a interferência de espíritos de- sencarnados, técnicos e operadores, que submetem os fluidos irradiados pelos “vi- vos” a um avançado processo de química transcendental nos laboratórios do lado es- piritual. E quais são as diferenças entre as cirur- gias realizadas com a presença do paciente 47 e as realizadas a distância? No primeiro caso, os técnicos desencarnados utilizam o ectoplasma do médium de efeitos físicos e também os fluidos nervosos emitidos pe- las pessoas presentes. Esta aglutinação po- larizada sobre o enfermo presente possibi- lita resultados mais eficientes e imediatos. No segundo caso, os espíritos operadores procuram reunir e projetar sobre o doente os fluidos magnéticos obtidos pelas pesso- as que se encontram reunidas a distância, no centro espírita. Porém, como se tratam de fluidos bem mais fracos do que os for- necidos pelo médium de fenômenos físi- cos, eles são submetidos a um tratamento químico especial pelos operadores invisí- veis, a fim de se obterem resultados positi- vos. Mesmo assim, os fluidos transmitidos a distância servem apenas para as interven-ções de pouco vulto, pois, sendo fluidos heterogêneos, exigem a “purificação” à qual nos referimos. Existem alguns fatores que impedem as 48 cirurgias a distância de serem tão eficazes e seguras como as intervenções diretas. Para muitos desses voluntários doadores de flui- dos, faltam a vontade disciplinada e a vi- bração emotiva fervorosa, que potenci- alizam as energias espirituais. Além disso, alguns deles não gozam de boa saúde, fu- mam em demasia, ingerem bebidas alcoóli- cas em excesso ou abusam de alimentação carnívora. Aliás, nos dias destinados a es- ses trabalhos espirituais, os médiuns deve- riam se submeter a uma alimentação sóbria, já que, depois de uma refeição por vezes indigesta, o indivíduo não tem disposição para tomar parte em uma tarefa que exige concentração mental segura. Dificuldades para os espíritos Durante o tratamento fluídico opera- do a distância, a cura depende muito das condições psíquicas em que os doentes forem encontrados durante a recepção dos fluidos. Os espíritos terapeutas enfrentam 49 sérias dificuldades no serviço de socorro aos pacientes cujos nomes estão inscritos nas listas dos centros espíritas, pois além das dificuldades técnicas resultantes de certo desequilíbrio mental do ambiente onde eles atuam, outros empecilhos os aguardam, em virtude do estado psíquico dos próprios doentes. Às vezes, o enfermo tem a mente saturada de fluidos sombrios, em face de conversas maledicentes, intrigas, calúnias e fofocas. Em outros casos, lá está ele em excitação nervosa por causa de alguma vi- olenta discussão política ou desportiva, bem como é encontrado envolto na fumarada intoxicante do cigarro ou na bebericagem de um alcoólatra. Outras ve- zes, os fluidos irradiados das sessões espí- ritas penetram nos lares enfermos, mas en- contram o ambiente carregado de fluidos agressivos, provenientes de discussões ocor- ridas entre seus familiares. É evidente que os desencarnados têm pouco êxito em sua 50 tarefa abnegada de socorrerem os enfermos quando estes vibram recalques de ódio, vin- gança, luxúria, cobiça ou quaisquer outros sentimentos negativos. Cirurgias durante o sono As operações cirúrgicas realizadas no perispírito durante o sono só atingem a causa mórbida no tecido etérico deste, porém, depois de algum tempo, começam a desaparecer seus efeitos mórbidos na carne, pelo mesmo fenômeno de repercus- são vibratória. Neste caso, como os enfer- mos operados ignoram o que lhes aconte- ceu durante o sono ou mesmo em momen- to de vigília e repouso, duvidam quanto a essa possibilidade. Uma vez que esses doentes, tendo sido operados no perispírito, não comprovam de imediato qualquer alteração benéfica em seu corpo físico, geralmente supõem terem sido vítimas de uma fraude ou um comple- to fracasso quanto à intervenção feita. Acon- 51 tece que a transferência reflexa das reações produzidas por essas operações se proces- sa muito lentamente, levando semanas ou até meses para manifestarem seus efeitos benéficos no organismo. Além disso, há casos em que o enfermo recebe assistência de seus guias espirituais devido à circuns- tância de emergência, que não altera o de- terminismo de seu resgate cármico. Toda cura se dá pela ação fluídica, já que o espírito age através dos fluidos. Tanto o perispírito como o corpo físico são de na- tureza fluídica, embora em diferentes esta- dos, havendo relação entre eles. O agente da cura pode ser encarnado ou desencarna- do e nela podem ser utilizados ou não pro- cessos como passes, água fluidificada e ou- tros, além da intervenção no perispírito ou no corpo. Na cura por efeitos físicos, a alte- ração orgânica no corpo físico é imediata- mente visível ou passível de constatação pe- los sentidos ou aparelhamentos materiais. Na ação fluídica sobre o perispírito, a 52 cura será avaliada depois, pelos efeitos pos- teriores no corpo físico. Agindo através dos centros anímicos, órgãos de ligação com o perispírito, atinge-se este, que também se beneficia ao se purificar pela aceleração vibratória, tornando-se, assim, incompatí- vel com as de mais baixo padrão. É desta forma que se operam as curas de perturbações espirituais, na parte que se refere ao perturbado propriamente dito. Sabemos que a maior parte das moléstias de fundo grave e permanente não podem ser curadas porque representam resgates cármicos em desenvolvimento, salvo quan- do há permissão do Alto para curá-las. En- tretanto, há benefícios para o doente em todos os casos, porque se conseguirá, no mínimo, uma atenuação do sofrimento. A cura na mão de todos A faculdade de curar pela influência fluídica é muito comum e pode se desen- volver por exercício. Todos nós, estando 53 saudáveis e equilibrados, podemos benefi- ciar os doentes com passes, irradiações, água fluidificada etc. Aprendendo e exerci- tando, desenvolvemos nosso potencial de ação sobre os fluidos. O poder curativo está na razão direta da pureza dos fluidos produzidos, como qualidades morais ou pureza de intenções, da energia da vontade, quando o desejo ardente de ajudar provoca maior força de penetração, e da ação do pensamento, di- rigindo os fluidos em sua aplicação. A mediunidade de cura, porém, é bem mais rara, espontânea e se caracteriza pela energia e instantaneidade da ação. O mé- dium de cura age pelo simples contato, pela imposição das mãos, pelo olhar, por um ges- to, mesmo sem o uso de qualquer medica- mento. No evangelho, existem numerosos relatos em que Jesus ou seus seguidores cu- ram por ação fluídica, alguns deles exami- nados por Allan Kardec no livro A Gênese, capítulo XV. 54 É lícito buscar a cura, mas não se pode exigi-la, pois ela dependerá da atração e fi- xação dos fluidos curadores por parte da- queles que devem recebê-los. A cura se pro- cessa conforme nossa fé, merecimento ou necessidade. Quando uma pessoa tem me- recimento, sua existência precisa continu- ar ou as tarefas a seu cargo exigem boa saú- de, a cura poderá ocorrer em qualquer tem- po e lugar, até mesmo sem intermediários (aparentemente, porque ajuda espiritual sempre haverá). No entanto, às vezes, o bem do doente está em continuar sofrendo aque- la dor ou limitação, que o reajusta e equili- bra espiritualmente, o que nos faz pensar que nossa prece não foi ouvida. Para tanto, vejamos o que diz Emma- nuel no livro Seara dos Médiuns, no capí- tulo “Oração e Cura”: “Lembremo-nos de que lesões e chagas, frustrações e defeitos em nossa forma externa são remédios da alma que nós mesmos pedimos à farmácia de Deus. A cura só se dará em caráter dura- 55 douro se corrigirmos nossas atuais condi- ções materiais e espirituais. A verdadeira saúde e equilíbrio vêm da paz que em es- pírito soubermos manter onde, quando, como e com quem estivermos. Empenhemo- nos em curar males físicos, se possível, mas lembremos que o Espiritismo cura sobretu- do as moléstias morais”. De uma maneira primorosa, Allan Kar- dec nos situa sobre o assunto: “A cura se opera mediante a substituição de uma mo- lécula malsã por uma molécula sã. O poder curativo está, pois, na razão direta da pure- za da substância inoculada, mas depende também da energia da vontade, que, quan- to maior for, mais abundante emissão fluídica provocará e tanto maior força de penetração dará ao fluido. Depende ainda das intenções daquele que deseje realizar a cura, seja homem ou espírito”. Daí então se depreende que são qua- tro as condições fundamentais das quais depende o êxito da cura: o poder curativo 56 do fluido magnético animalizado do pró- prio médium, a vontade do médium na doação de sua força, a influenciação dos espíritos para dirigir e aumentar a força do homem e as intenções, méritos e fé daque- le que deseja se curar. Todos nós, estando saudáveis e equilibrados, podemos beneficiar osdoentes com passes, irradiações, água fluidificada etc 57 REMÉDIOS ESPIRITUAIS 58 Os remédios espiri- tuais são elementos que atuam diretamente so- bre as manchas perispi- rituais, onde se encon- tram os focos das doen- ças. As manchas peris- pirituais são provocadas por fluidos impuros as- similados pelo organis- mo ou que se produzi- ram nele, causados por pensamentos e senti- mentos afins, gerando focos que se instalam no perispírito e formam doenças ou pioram as enfemidades cármicas. O remédio material cura o corpo e não o perispírito. Desta forma, se a doença tem sua origem no perispírito, a cura será ape- nas momentânea. Enquanto persistir a man- cha de fluidos impuros, a doença sempre 59 se manifestará, de uma forma ou de outra. Já o remédio espiritual se dirige especial- mente ao perispírito, pois se este está cura- do, necessariamente o corpo material tam- bém estará. Ou seja: um corpo espiritual saudável é igual a um corpo material sau- dável, enquanto que um corpo espiritual doente é igual a um corpo material doente. Os remédios espirituais consistem em fluidos, que são ministrados aos doentes por meio do passe, da prece, da irradiação e da água fluidificada. O passe é uma trans- fusão de fluidos, a irradiação é uma trans- missão mental de fluidos a distância e a água fluidificada é uma água comum forte- mente impregnada com fluidos. Na prece, ocorre uma concentração fluídica. Os doentes incuráveis encontrarão alí- vio e resignação para a prova ou expiação que estão enfrentando por meio da calma interior que passarão a desfrutar. Alguns deles precisam de uma reencarnação dolo- rosa, a fim de que as manchas cármicas 60 possam ser curadas. O ambiente familiar fica impregnado pelos resíduos de pensamentos emitidos pelos moradores, os quais podem ser bons e maus. Além disso, vivemos assistidos por entidades atraídas pela lei de afinidade. As- sim, as entidades que trazem perturbações no ambiente podem ser retiradas através da mudança vibratória, conseguida por meio de pensamentos bons, leituras sadias, com- preensão, entendimento, tolerância entre os familiares etc. Um método eficaz de melho- rar o ambiente familiar é a prática do Evan- gelho no Lar. Atmosfera psíquica Estamos mergulhados em uma atmos- fera fluídica da qual absorvemos energias automaticamente, as quais metabolizamos e damos características particulares, confor- me nossos pensamentos e sentimentos. Sen- do assim, existem variadas categorias de flui- dos, pois cada uma serve como vestimenta 61 dos sentimentos, pensamentos e ações de cada um de nós. Portanto, vivemos na at- mosfera psíquica que criamos. Todavia, é preciso salientar que não vivemos isolados, mas que agimos e reagi- mos uns sobre os outros. Essa ação, porém, se subordina à lei de afinidade, segundo a qual os semelhantes se atraem e os contrá- rios se repudiam. Cada um de nós é um dínamo-psiquis- mo emissor e perceptor permanente. Assim, não apenas recebemos influências dos ou- tros, mas mantemos sobre eles nossas in- fluenciações. Como absorvemos automá- tica e involuntariamente as energias que estão à nossa volta, temos que aprender a aceitar as que nos fazem bem e repelir as que nos fazem mal. Para isso, temos que perceber os tipos de energia que estão ao nosso redor. Entre perceber e absorver existe uma diferença muito grande e é esta diferença que nos possibilita ter o controle de nossa 62 harmonia fluídica. Perceber é sentir o tipo de vibração à nossa volta, enquanto que absorver não é apenas perceber, mas atrair para si a corrente fluídica. Devemos sempre avaliar as vibrações com as quais nos sintonizamos, absorven- do-as quando positivas e rechaçando-as quando negativas. Esse rechaçamento se faz de maneira automática ou voluntária, lem- brando-se que forças contrárias se repelem e forças afins se atraem e se somam. Quando estamos impregnados de flui- dos perniciosos, estes neutralizam a ação dos fluidos salutares. Então, são desses flui- dos maus que nos importa ficarmos livres. Um fluido mau não pode ser eliminado por outro igualmente mau, é preciso expelir um fluido mau com o auxílio de um fluido melhor. A fluidoterapia, como o próprio nome indica, é o tratamento feito com fluidos, ou seja, através da prece, do passe, da irradia- ção e da água fluidificada. 63 A prece A prece é uma manifestação da alma em busca da presença divina e deve ser despida de todo e qualquer formalismo, pois se trata de uma conversa com Deus ou seus prepostos. Ela terá mais eficácia se partir de uma criatura de bons sentimentos. É necessário que nos despojemos da ig- norância e da perturbação que o mal engen- dra em nós para descobrirmos que, pela pre- ce, conseguiremos muita coisa para o benefí- cio espiritual próprio e de nossos semelhan- tes, que acionaremos com naturalidade o me- canismo do auxílio que ela nos propicia. Por depender fundamentalmente da sinceridade e da elevação com que é feita, devemos encarar a prece como uma mani- festação espontânea e pura da alma, não apenas como uma repetição formal de ter- mos alinhados convencionalmente, de pe- ditório interminável ou de fórmula mágica para afastar o sofrimento e o problema que nos atinge. 64 O passe O passe é uma transfusão de energias espirituais e vitais, isto é, a passagem de energias de um indivíduo para o outro. A transfusão se dá através da imposição das mãos sobre a cabeça do paciente, sem a necessidade de tocar o corpo, pois a força energética se projeta de uma aura para ou- tra, estabelecendo uma verdadeira ponte de ligação. O fluxo energético se mantém e se projeta pela vontade do médium passista, como também de entidades espirituais que auxiliam na composição dos fluidos neces- sários ao paciente. A aplicação do passe é um ato de amor em sua expressão mais sublimada. É uma doação ao paciente daquilo que o médium passista tem de melhor, enriquecido com os fluidos dos espíritos benfeitores, o que forma uma única vontade e expressa o mes- mo sentimento de amor. Por isso, ele traz benefício imediato. O doente, sentindo-se aliviado mesmo por alguns momentos, terá 65 condições de lutar na parte que lhe com- pete no tratamento. Aos poucos, a cons- tância da aplicação da fluidoterapia propi- ciará ao enfermo as energias de que carece e o alívio que tanto busca. A atividade de passes é um serviço de conjunto. Os fluidos vitais dos médiuns se associam aos fluidos espirituais, benefici- ando as criaturas em nível material, emoci- onal e espiritual. Porém, é importante lem- brarmos que é a disposição psíquica de quem recebe o passe que garantirá uma maior ou menor assimilação das energias. A vontade e a disciplina mental são a base do fenômeno de transfusão e absorção de energias. Quando a pessoa que vai receber o passe está no clima de meditação e de pre- ce, permite um afrouxamento dos laços vi- tais que unem o espírito ao corpo. Em con- seqüência disso, experimenta a expansibi- lidade do perispírito ou corpo espiritual, que se utiliza da inerente propriedade de 66 absorção para assimilar os fluidos, como uma esponja em contato com um líquido qualquer. Como o perispírito está unido ao corpo físico, essas energias também alcan- çam a roupagem orgânica, propiciando-lhe um grande alívio. A absorção dos fluidos ocorre particu- larmente através dos centros vitais ou cen- tros de força, onde a ligação do perispirito ao corpo acontece de uma forma mais in- tensa e completa. Irradiação Na irradiação, transmitimos a carga de força vital que dispomos para doar ao paci- ente através do mecanismo da força men- tal. A irradiação se faz a distância, proje- tando nosso pensamento e sentimento em favor de alguém, movimentando as forças psíquicas através da vontade. A pessoa que irradia fluidosdeve cul- tivar bons sentimentos, pensamentos e atos. Isto vai formar uma atmosfera espiritual po- 67 sitiva, criando uma tonalidade vibratória e uma quantidade de fluidos agradáveis e salutares, que poderão ser dirigidos para outras pessoas através da vontade. A pes- soa deve focalizar mentalmente o paciente para quem vai fazer a irradiação e transmitir para ele aquilo que deseja, como paz, con- forto, coragem, saúde, equilíbrio, paciên- cia etc. Todas as nossas ações e atitudes refle- tem nossas disposições mentais e emocio- nais. Quando escrevemos, não apenas ali- nhamos no papel nossas idéias, mas grafamos também nossas disposições ínti- mas. Isto significa que podemos escrever com a luz dos sentimentos nobres ou com as tintas escuras do negativismo. Portanto, quando escrevermos os nomes de irmãos que necessitam de ajuda, que façamos isto movidos pelo desejo sincero de auxiliar e socorrer e não apenas com o propósito de nos libertar do dever de orar em benefício do semelhante. 68 Água fluidificada A água é um condutor fluídico por excelência, refletindo o teor e as vibrações normais daqueles que dela se servem para todos os fins. A própria ciência terrestre reconhece que a água é um excelente con- dutor de energias. Sua simbologia está pre- sente em quase todas as iniciações religio- sas, com o significado de limpar o homem da capa de seus pecados e torná-lo um novo ser. Um dos corpos mais simples e recepti- vos da Terra, a água é como uma base pura, na qual a medicação espiritual pode ser impressa através de recursos substanciais de assistência ao corpo e à alma. O processo é invisível aos olhos mortais, por isso, a con- fiança e a fé do paciente são essenciais para os bons efeitos do tratamento. Atualmente, estamos mais livres de atos ou gestos ritualísticos, pois conhece- mos mais as propriedades efetivas da água, muitas das quais já comprovadas em labo- 69 ratório. A água fluidificada expande os áto- mos físicos, ocasionando a entrada de áto- mos espirituais ainda desconhecidos e que servem para auxiliar em nossa cura. Essa noção racional é que permitiu sua utiliza- ção nos templos do Espiritismo como um meio condutor de energias de saúde e har- monia orgânica. Mas como a água pode ser fluidifica- da? Recebendo-a para fluidificar, basta ao médium colocá-la na câmara de passes e os espíritos magnetizadores, utilizando-se dos recursos dos próprios médiuns passistas e da natureza vegetal e fluídica, vão imprimir nela combinações medicamentosas para aliviar e até curar enfermidades. No entan- to, havendo um médium dotado com o dom da cura no grupo, ele também poderá fluidificar a água, bastando direcionar suas mãos em direção ao recipiente e projetar os próprios fluidos ou, melhor ainda, captar pela prece os fluidos espirituais e projetá- los sobre a água. 70 Não é necessário abrir os recipientes para fluidificação, já que, para as energias radiantes, a matéria não representa obstá- culo e, portanto, os fluidos salutares mani- pulados pelos espíritos podem atravessá-la com facilidade. Lembremo-nos que a ciên- cia terrestre já demonstrou que a matéria compacta é a junção de diversas moléculas e entre essas existe sempre um espaço, em- bora invisível aos olhos humanos. Se os es- píritos podem agir na intimidade de corpos físicos, impregnando seus órgãos com os fluidos e estabelecendo o equilíbrio orgâ- nico, o que os impediria de agir em uma pequena garrafa lacrada por uma tampa de cortiça ou material plástico? Todos os recipientes colocados para fluidificação recebem os eflúvios balsâmi- cos e revigorantes, que atuarão como um tônico reconstituinte nas organizações so- máticas dos que fizerem uso da água. Quan- do for destinada a um determinado enfer- mo, é justo que dela só se sirva a pessoa 71 indicada, a fim de que os espíritos magne- tizadores possam combiná-la ao caso parti- cular em tratamento. Quando não houver um motivo especial, seu uso poderá ser ge- neralizado entre todos os familiares, sem qualquer tipo de inconveniência. Atendimento fraterno O atendimento fraterno consiste em re- ceber fraternalmente a pessoa que busca o centro espírita, proporcionando-lhe opor- tunidade de expor livremente suas dificul- dades em caráter privativo. O que denomi- namos como atendimento fraterno nada mais é do que um verdadeiro gabinete de análises psico-espirituais para auxiliar as crialturas. Quase todos que buscam orientação amiga desejam, antes de tudo, falar de suas lutas e aflições, desabafar com alguém. Por isso mesmo, muitas vezes a tarefa do mé- dium que está nesta atividade é ofertar aten- ção e carinho, ouvindo os dramas huma- 72 nos. Muitas pessoas, ao narrarem seus con- flitos existenciais, realizam uma catarse que, em psicanálise, significa uma “técnica psi- coterápica através da exteriorização verbal e emocional dos conflitos”, daí a sensação de bem-estar que elas sentem após a entre- vista. Não podemos esquecer que, durante a conversa, a assistência espiritual é muito efetiva. O orientador fraterno, após ouvir aten- tamente a pessoa que está sendo atendida, deverá orientar e transmitir os estímulos que ela está precisando, podendo até, conforme o caso, oferecer-lhe ligeiras noções doutri- nárias para a compreensão de seus proble- mas. Ele deve ser simples e objetivo ao falar, lembrando-se do exemplo de Jesus, que, com poucas palavras bem colocadas, trazia ensi- namentos profundos. Não se deve querer fa- zer um resumo de toda a codificação espíri- ta em poucos minutos, nem falar de tudo o que está contido no evangelho. O remédio se dá em doses, tomá-lo todo de uma vez 73 pode matar. Pense nisto! O Evangelho no Lar deve ser uma prá- tica adotada como regra salutar e higieni- zadora do ambiente familiar, porque é ali, no seio da família, que se encontra “o cadinho redentor das almas endividadas”, como diz Emmanuel. É um momento de confraternização entre os familiares e os espíritos afins sob a bandeira do Cristo, sen- do uma atividade muito importante para melhorar o clima espiritual dentro de casa. Dificuldades na cura Ao estar doente, a pessoa deve, acima de qualquer medicação, aprender a orar, entender, auxiliar e preparar o coração para a mudança. As doenças físicas são as que causam menos sofrimentos e que apresen- tam mais facilidade para se obter a cura. Já as enfermidades morais são as mais graves, causam os maiores sofrimentos e são as mais difíceis e demoradas de curar, porque elas precisam ser resolvidas de dentro para fora, 74 ou seja, deve-se primeiro curar a causa que está no espírito. O ensinamento de Jesus em relação às curas se resume em duas afirmações: “A tua fé te curou”, ou seja, você acreditou e mu- dou, eliminou a causa, e “Vai e não pe- ques mais”, isto é, agora não repita os erros que te levaram à doença. Desta forma, é indispensável que o paciente, por sua par- te, faça o necessário para destruir em si mesmo a causa da atração de maus fluidos. Que gênio milagroso doará o equilí- brio orgânico se a pessoa não sabe calar nem desculpar, não ajuda nem compreen- de, não se humilha e nem procura harmo- nia com os outros? A moralização é condi- ção essencial para se libertar das aflições, porque, se nada fizer para eliminar a causa de seus males, não haverá tratamento que cure. É a própria pessoa que tem de fazer sua parte, dedicando-se com vontade à sua reforma moral. 75 AS CURAS DE JESUS 76 77 A história dos povos e das civilizações antigas traz em sua trajetória diversos rela- tos sobre a prática do magnetismo. Na anti- güidade, seu uso foi considerado por mui- to tempo como magia, desenvolvida ape- nas pelos chamados “iniciados enviados de Deus”. As ciências secretas é que detinham o poder sobre o fenômeno, mas pouco se falava a respeito, pois o sigiloera a maior arma de domínio sobre o povo. Inúmeras correntes iniciáticas pesqui- saram e transmitiram diferentes linhas de pensamento. No entanto, talvez a grande dúvida que paira sobre as mentes humanas até hoje é: de onde surgiram as curas espiri- tuais? Seriam milagres? A doutrina espírita nos dá as ferramentas necessárias para com- preender que não se trata de bruxaria ou magia, mas apenas a utilização do fluido vital universal a favor da humanidade. Mas como tudo começou? Não existe nenhuma prova concreta e exata, embora mais uma vez o Espiritismo dê a resposta, 78 através do conceito de vidas sucessivas e de imortalidade da alma. O plano espiritual superior e os habitantes de outros planetas mais evoluídos que a Terra, como Atlântida e Lemúria, sempre inspiraram novas desco- bertas, conforme o caminhar da evolução. Voltando aos fatos históricos, acredita- se que, há mais de 15 mil anos, diversas ci- vilizações terrestres vêm utilizando as forças do magnetismo. Segundo registros deixados por hieróglifos e ideogramas, Índia, Egito e China teriam sido os primeiros. Os conheci- mentos dos egípcios foram herdados por di- versos povos, como os druidas, os gregos, os romanos, os hindus, entre tantos outros. Durante séculos, o magnetismo curador foi visto como um “dom dos santos”, praticado por sacerdotes, imperadores e reis. Estudando o magnetismo Os gregos avançaram nos conhecimen- tos sobre o magnetismo. Hipócrates (460- 359 a.C), considerado o “pai da medicina”, 79 reconhecia que os resultados de sua ciên- cia vinham de indicações obtidas em so- nho e eram inspiradas por espíritos. Depois dele, vieram os conceitos do célebre Ascle- píades de Pruse (124-96 a.C), que também fundou uma grande escola médica. Foram muitos os estudiosos que mar- caram a história do magnetismo curador com novos conceitos, integrando-se posterior- mente à civilização ocidental. A partir de 1850, com o surgimento da doutrina codi- ficada por Allan Kardec, ocorreu uma revi- são dos valores aceitos até então. Com o estudo da mediunidade, foi possível com- preender como acontece a ligação entre encarnados e desencarnados, além de en- tender que o passe nada mais é que a trans- missão do fluido vital. Na questão 555 de O Livro dos Espíri- tos, encontramos um esclarecimento sobre o sentido dos chamados “feiticeiros”: “Aque- les a quem chamais de feiticeiros são pes- soas que, quando de boa fé, gozam de cer- 80 tas faculdades, como a força magnética ou a dupla vista. Então, como fazem coisas geralmente incompreensíveis, são tidas por dotadas de um poder sobrenatural. Vossos sábios têm passado muitas vezes por feiti- ceiros aos olhos dos ignorantes. O espiritismo e o magnetismo nos dão a chave de uma imensidade de fenômenos sobre os quais a ignorância teceu um sem- número de fábulas, em que os fatos se apre- sentam exagerados pela imaginação. O co- nhecimento lúcido dessas duas ciências que, a bem dizer, formam uma única, mos- trando a realidade das coisas e suas verda- deiras causas, constitui o melhor preserva- tivo contra as idéias supersticiosas, porque revela o que é possível e o que é impossí- vel, o que está nas leis da natureza e o que não passa de ridícula crendice”. Jesus e as curas Inúmeros casos de curas foram realiza- dos ao longo da evolução humana. Porém, 81 sem dúvida alguma, Jesus foi o maior curador do corpo e do espírito que já co- nhecemos no planeta Terra, pois Ele foi ca- paz de nos mostrar a cura através da fé. Je- sus sempre dizia: ”Tua fé te curou”. Para compreendermos algumas dessas curas, citemos alguns dos chamados “mila- gres” feitos pelo Mestre e que são citados no livro A Gênese, capítulo XV, sob o títu- lo “Os milagres do Evangelho”: “Jesus, havendo tomado um barco, atra- vessou o lago e veio à sua cidade (Cafarnaum). E como lhe apresentassem um paralítico deitado num leito, Jesus, vendo sua fé, disse ao paralítico: ‘Meu filho, ten- de confiança, vossos pecados vos serão per- doados’. O paralítico se levantou logo e foi para sua casa. E o povo, vendo este mila- gre, encheu-se de temor e rendeu graças a Deus, por haver dado um tal poder aos ho- mens” (Mateus, cap. IX, v. 1 a 9). “Um dia, indo para Jerusalém e passan- do pelos confins da Samária e da Galiléia, 82 estando perto de entrar em uma cidade, dez leprosos vieram diante dele e, mantendo- se afastados, elevaram suas vozes e lhe dis- seram: ‘Jesus, nosso mestre, tende piedade de nós’. Quando Ele os percebeu, disse- lhes: ‘Ide vos mostrar aos sacerdotes’. E en- quanto iam, foram curados. Um deles, ven- do que estava curado, voltou sobre seus pas- sos glorificando a Deus em altas vozes e veio se atirar aos pés de Jesus, o rosto con- tra a terra, rendendo-lhe graças. E este era samaritano. Então Jesus disse: ‘Todos os dez não estão curados? Onde estão, pois, os ou- tros nove?’ Só se encontrou um que voltou e rendeu graças a Deus e este é estrangeiro. E Ele lhe disse: ‘Erguei-vos e ide, vossa fé vos salvou’” (Lucas, cap. XVII, v. 11 a 19). “Jesus ensinava na sinagoga todos os dias de sábado. Um dia, ali viu uma mu- lher possuída de um espírito que a tornava doente já há dezoito anos. E ela estava tão encurvada que não podia olhar para cima. Jesus, ao vê-la, chamou-a e lhe disse: ‘Mu- 83 lher, estás livre de tua enfermidade’. Ao mesmo tempo, fez-lhe a imposição de mãos e logo ela se endireitou, dando graças a Deus. Porém, o chefe da sinagoga, indig- nado porque Jesus havia curado a mulher num dia de sábado, disse ao povo: ‘Há seis dias destinados para trabalhar. Vinde em tais dias para serdes curados e não nos de sába- do’. O Senhor, tomando a palavra, disse: ‘Hipócritas, haverá entre vós alguém que não desamarra seu boi da canga ou seu ju- mento em dia de sábado e não o leva a beber? Por que, pois, não devia libertar dos laços, num dia de sábado, esta filha de Abraão, a quem Satanás tinha assim amar- rada durante dezoito anos’? Com tais pala- vras, todos os seus adversários ficaram con- fusos e todo o povo ficou encantado de vê-lo praticar tantas ações gloriosas” (Lucas, cap. XIII, v. 10 a 18). Em todos esses casos de cura e em tan- tos outros, como o do profeta bíblico Elias (que ressuscitou o jovem filho da viúva de 84 Serapta), o do cientista Asclepíades de Pruse (que fez reviver um féretro) e de Jesus, que fez com que Lázaro de Betânia se erguesse do túmulo após quatro dias dentro do se- pulcro, o que permitiu realizar a cura foi a fé e o poder da vontade dos enfermos. Vale lembrar que o embasamento da doutrina es- pírita nos mostra que o fato da volta à vida corporal de um indivíduo realmente morto seria contrário às leis da natureza. Portan- to, trata-se de casos de erros e acidentes re- lacionados à letargia e à síncope, mais co- muns em uma época que faltavam recursos suficientes. 85 DR. BEZERRA DE MENEZES 86 Ao abordarmos a questão das curas es- pirituais, não podemos nos esquecer de fa- lar mais detalhadamente de uma grande fi- gura, um grande espírito que viveu entre nós e que hoje atua no plano espiritual para orientar todo um trabalho competente de auxílio médico. Estamos falando do dr. Be- zerra de Menezes, conhecido por muitos como “o médico dos pobres”, um dos no- mes mais significativos na história do Espi- ritismo. 87 Além de grande médico, Bezerra de Menezes sempre foi um homem de reputa- ção ilibada, um político de atitudes dignas e de grande honradez. Mas, fundamental- mente, foi ao abraçar os pobres necessita- dos e dividir com eles sua vida e trabalho que a pureza desse espírito de escol aflorou, dando exemplos e mais exemplos de amor e dedicação ao próximo. Adolfo Bezerra de Menezes Cavalcanti nasceu em uma pequena localidade do in- terior do Ceará, Riacho do Sangue (hoje Ja- guaretama), em 29 de agosto de 1831. Aossete anos, ingressou na escola pública, le- vando cerca de 10 meses apenas para ficar bem instruído. Aos 11, já cursava humani- dades e, aos 13, dava aulas de latim, subs- tituindo a ausência do professor. Por ques- tões de ordem política, sua família se mu- dou para o Rio Grande do Norte, de onde só regressou em 1846, passando a morar em Fortaleza. Bezerra de Menezes era filho de Antô- 88 nio Bezerra de Menezes, um tenente-coro- nel da antiga Guarda Nacional que legou ao filho toda a sua carga de caráter e hon- radez. Seu pai tinha um coração muito bom, usando sua grande fortuna para aju- dar muitas pessoas, mas diante da explo- ração de amigos e parentes, o velho coro- nel viu sua riqueza minguar. Acabou por se tornar um administrador de suas própri- as posses, como se fossem apenas “empres- tadas”, utilizando o suficiente para man- ter sua família dignamente. Foi assim que o coronel teve uma con- versa com Bezerra de Menezes, pois sabia do sonho do filho de se formar em medi- cina. Disse-lhe que não podia, por dever de consciência, usar as posses que tinha para custear sua formação, já que cuidava de seus bens como um verdadeiro emprés- timo. Foi essa demonstração de probidade que deu mais ânimo para Bezerra de Menezes lutar como nunca para realizar sua vontade e justificar o merecimento de 89 ter um pai com tamanha nobreza de espí- rito. Com uma quantia razoável, partiu em 1851 para o Rio de Janeiro, pronto para estudar e se tornar médico. Com a coragem e a honradez herda- das do pai, Bezerra de Menezes fez de tudo para custear seus estudos. Dava aulas par- ticulares para sustentar suas despesas com moradia e taxas do curso, até que, em 1856, conseguiu o diploma de médico com as melhores notas da faculdade em todo o período que lá passou. Um ano depois, entrou no exército graças à indi- cação de seu professor, o dr. Manuel Feliciano Pereira de Carvalho, sendo no- meado cirurgião-tenente. E, em 1858, ca- sou-se com Maria Cândida de Lacerda, com quem teve dois filhos. Apesar das recomendações de seu pai para que não entrasse na política, além de estar atarefado com seus doentes, Bezerra de Menezes foi procurado para que fizes- se parte da lista de candidatos a vereador 90 do Partido Liberal (o mesmo partido ao qual seu pai sempre esteve ligado ideolo- gicamente) nas eleições de 1860 . Foi elei- to, mas teve seu mandato impugnado por ser integrante do exército. Entretanto, ele não pensou duas vezes para abandonar o cargo militar e poder, assim, assumir sua vaga na Câmara. Como político, sempre se preocupou em trabalhar para trazer benefícios ao povo que o elegeu. Sempre bateu de frente com o poder, atitude que lhe trouxe problemas tanto com o governo como com integran- tes de seu próprio partido, mais interessa- dos em fazer ações convenientes politica- mente. Em 1867, Bezerra de Menezes foi eleito deputado pelo Rio de Janeiro, quan- do então seu nome tomou uma projeção nacional. Porém, com a ascensão do Parti- do Conservador e a dissolução da Câmara dos Deputados, ele se afastou um pouco da política, retornando somente em 1876, novamente como vereador. 91 O encontro com o Espiritismo No entanto, o que movia o dr. Bezerra de Menezes era mesmo o trabalho médico, a possibilidade de exercer a caridade e le- var a cura para tantos necessitados, sobre- tudo, para aqueles mais pobres e sem con- dições materiais. Tanto que sua pouca for- tuna veio de quando foi detentor da Com- panhia da Estrada de Ferro Macaé-Campos, o que não durou muito, devido às perse- guições governamentais que o levaram a fi- car sem recursos financeiros. Mas Bezerra de Menezes não se preo- cupava com isso, não era aferrado aos bens materiais. No livro Vida e Obra de Bezerra de Menezes, de Sylvio Brito Soares, temos uma boa idéia de sua vocação para a cari- dade: “Seu espírito, porém, pairava sempre acima dos bens efêmeros do mundo e tan- to isso é verdade que, dispondo de todos os elementos para reconquistá-los, mostrou em todas as horas sua completa indiferen- ça, para se dedicar única e exclusivamente 92 ao exercício de seu sacerdócio médico e ser caridoso com todos os infelizes”. O jovem Bezerra de Menezes havia sido criado no seio de uma família católica, porém, chegando ao Rio de Janeiro, pas- sou a deixar de lado essa crença, pois, se- gundo ele, não era firmada em uma fé raci- ocinada. Só voltou a se interessar mais por questões religiosas quando sua esposa fa- leceu, em 1863. De um amigo, recebeu um exemplar da Bíblia, que passou a ler e ficar interessado, mas depois teve a necessidade de crer em algo firmado na razão. Era uma época em que o espiritismo começava a ganhar forma, afinal de contas, a codificação da doutrina realizada por Allan Kardec havia acontecido em 1857. Inicialmente, Bezerra de Menezes repudia- va as idéias espíritas, por temer que elas de- sarranjassem os pensamentos que haviam lhe conduzido novamente à religião de sua família. Porém, foi um colega de profissão, o dr. Joaquim Carlos Travassos, quem lhe 93 abriu as portas dessa doutrina consoladora e esclarecedora. Ao ter em mãos a tradução em portu- guês de O Livro dos Espíritos, o dr. Joaquim presenteou Bezerra de Menezes com a obra, gentilmente aceita por este. Certo dia, ao tomar um bonde, o “médico dos pobres” passou a ler o livro para se distrair durante a viagem. Apesar de repudiar o Espiritismo, considerava que deveria ao menos estudá- la, como fazia com outras doutrinas. Ficou tão absorvido com o conteúdo de O Livro dos Espíritos (dizia encontrar ali nada que fosse novo para o espírito, mas novo para ele) que chegou à conclusão de que pare- cia ser “um espírita inconsciente ou, como se diz vulgarmente, de nascença”, confor- me palavras dele mesmo. Mas foi ao sofrer de dispepsia que Be- zerra de Menezes pôde começar a compro- var e se encantar com a doutrina espírita. Ele não conseguia obter melhoras por meio da medicina oficial e, depois de cinco anos 94 de tratamentos infrutíferos, resolveu procu- rar um médium de nome João Gonçalves do Nascimento. Bezerra não acreditava muito, achava se tratar apenas de um espe- culador, mas queria também ter uma con- vicção mais fundamentada sobre o que aca- bava de conhecer. Um médico amigo seu é quem foi à presença desse médium e depois, ao ler o que este havia escrito, surpreendeu-se com o teor da mensagem, que trazia uma descri- ção de quem ele era (apesar de ter se iden- tificado apenas com seu primeiro nome, pouquíssimo conhecido) e do mal que so- fria. Em três meses de tratamento espiritual, Bezerra de Menezes estava completamente curado e pronto para voltar a seus afazeres. Para impressioná-lo ainda mais, tempos depois, sua segunda esposa também ficou seriamente doente, chegaram a condená-la como tuberculosa. Recorreu novamente ao médium, que diagnosticou que o proble- ma estava no útero, o que refletia nos pul- 95 mões. Tratada espiritualmente, ela ficou curada e não apresentou mais problemas. Bezerra de Menezes se sentia um novo homem, havia encontrado no espiritismo o porto seguro onde aportar, algo em que podia crer depois de tanto procurar. Segun- do ele, “não encontrava onde assentar mi- nha crença porque o ensino de Jesus me era oferecido sob um aspecto impossível de se acomodar com um sentimento íntimo, instrutivo, exato, que me desse a razão e a consciência de ali estar a verdade”. Em 16 de agosto de 1886, diante de cerca de 2 mil pessoas da alta sociedade reunidas no salão da Guarda Velha, o dr. Adolfo Bezerra de Menezes declarava sole- nemente e cheio de orgulho que havia ade- rido ao espiritismo. A partir de então, pas- sou a ser um dos maiores divulgadores e defensores da doutrina em nosso país. Tra- balhou incansavelmente para levar a pala- vra dos espíritos para todos os cantos e to- das aspessoas, sobretudo, aos enfermos. 96 Lutou contra aqueles que detratavam a dou- trina, virando-se contra atos como a con- denação das práticas espíritas contida no Código Criminal promulgado quando da proclamação da República. Usava páginas de jornais como O Paiz para publicar seus artigos em favor do Espiritismo, gerando grandes e acalorados debates. Em 11 de abril de 1900, Adolfo Bezer- ra de Menezes partiu para o mundo espiri- tual, causando muita comoção em todos os amigos e admiradores. Sua missão terre- na chegava ao fim, mas o trabalho no pla- no superior tinha muito ainda a se realizar. Bezerra de Menezes passaria a inspirar a divulgação da doutrina e trabalhar para curar espiritualmente muitas almas necessi- tadas do amor e dedicação que caracteriza- vam o “médico dos pobres”. Os trabalhos de cura Quando encarnado, Bezerra de Menezes disse certa feita: “Um médico não 97 tem o direito de terminar uma refeição nem de perguntar se é longe ou perto quando um aflito qualquer lhe bate à porta. O que não acode por estar com visitas, por ter trabalhado muito e se achar fatigado ou por ser alta hora da noite, mau o caminho ou o tempo, ficar longe ou no morro, o que, sobretudo, pede um carro a quem não tem com que pagar a receita, esse não é médico, é negociante de medicina, que tra- balha para recolher capital e juros dos gas- tos de formatura”. Sendo assim, nunca teve pudores de cuidar e curar quem quer que fosse, na hora e no lugar que fosse, sempre tendo em men- te que “fora da caridade não há salvação”. Trabalhava de graça, levando sua palavra de conforto, seus recursos de médico e sua bolsa de remédios para minorar o sofrimen- to das pessoas. Medicamentos, aliás, que eram fornecidos gratuitamente na Pharmá- cia Cordeiro, no Rio de Janeiro, onde cos- tumava fazer seus atendimentos. 98 Mas ao partir para o plano espiritual, Bezerra de Menezes manteve viva a vontade e a disposição de trabalhar pela cura dos enfermos. Por meio de cirurgias espirituais, traz conforto e saúde para aqueles que tan- to necessitam. No livro Lindos Casos de Be- zerra de Menezes, de Ramiro Gama, pode- mos encontrar vários relatos sobre casos de cura promovidos pelo “médico dos pobres”, como este que transcrevemos a seguir: “Este caso quem nos contou foi o pre- zado amigo e irmão Manuel Epaminondas, residente em Três Rios, Estado do Rio de Ja- neiro. Sua sobrinha Luzia se achava atacada há quase dois anos por uma sinusite crônica, segundo o diagnóstico de seu médico assis- tente. Em meados do ano anterior, 1941, a doença se agravou, complicando-se com ou- tras velhas enfermidades. Seu médico, depois de lançar mão de todos os recursos de sua ciência, desenganou-a, tanto mais que a ope- ração que lhe poderia salvar era contra- indicada, dada sua fraqueza orgânica, que 99 progredia diariamente. Foi quando, à residência da irmã dele, que residia no Rio nesta época, na qual es- tava sua sobrinha, chegou uma senhora es- pírita. Observou a doente desenganada e aconselhou: ‘Por que não levam a Luzia a um grupo espírita e não a tratam pelo espiri- tismo? Tenho a intuição de que ficará boa, tanto mais que a medicina da Terra se mos- tra impotente para curá-la’. Sua irmã e o cunhado eram católicos, se bem que eram simpáticos à doutrina espí- rita também, e ficaram indecisos. Mais tarde, apareceram outras visitas que aconselharam a terapêutica espírita. Dormiram, pois, todos apreensivos com as recomendações. Pela manhã, sua irmã, o cunhado e a própria doente contaram seus sonhos. Eram idênticos. Sonharam os três que o dr. Bezerra de Menezes havia lhes apareci- do e dito: ‘O caso é de operação. Amanhã, no fim da tarde, às 18h, concentrem-se por- que vou operá-la. Tenham fé em Jesus’. 100 A perplexidade era geral. Então o caso era mesmo sério e haveria de dar bom resul- tado. Confiaram e esperaram. Neste interim, entra a senhora espírita que os visitara na véspera e os aconselhara a procurar um gru- po espírita, contando-lhes: ‘Esta noite sonhei com Luzia e o dr. Bezerra. Ouvi nitidamente ele dizer que vai operá-la hoje à tarde’. Era demais. A comoção invadiu a to- dos. A graça lhes parecia além de seus mere- cimentos. E à tarde, às 18h, de acordo com as recomendações do dr. Bezerra de Menezes nos quatro sonhos, concentraram- se. Oraram com respeito e emoção. A doen- te foi colocada na cama e esperaram todos, temerosos, apreensivos. Daí em diante, a enferma dormiu para acordar minutos depois, gritando emociona- díssima: ‘Fui operada por um velhinho de branco, que aqui esteve, fez-me dormir e, depois, senti que me operava, que abria mi- nha testa e limpava. Despediu-se me abra- çando e ouvi que dizia: vão lhe aparecer na 101 testa algumas feridinhas, mas não se inco- mode, depressa desaparecerão e depois você ficará completamente curada. Dê graças a Deus! Eleve seu coração para Jesus, o divi- no médico do corpo e da alma, que, por intercessão de Maria Santíssima, permitiu a operação. E partiu’. Isto se deu, concluiu nosso caro amigo Nonda, há 17 anos e sua sobrinha Luzia se acha hoje completamente curada. Tudo se realizou como o dr. Bezerra lhe disse, peque- nas feridas apareceram-lhe na testa e, depois, desapareceram como que por encanto”. Mesmo ao partir para o plano espiritual, Bezerra de Menezes manteve viva a vontade e a disposição de trabalhar pela cura dos enfermos 102 Para concluir, vejamos as palavras de Sylvio Brito Soares, em seu livro Vida e Obra de Bezerra de Menezes, sobre o “médico dos pobres”: “Bezerra de Menezes é, para todos os que mourejam em terra do “cora- ção do mundo”, a âncora de salvação quan- do a borrasca do infortúnio os atinge. Mi- lhões de vozes pedem diariamente seu so- corro. Milhões de corações a todo instante agradecem a esse grande benfeitor as dádi- vas de seu amor. Bezerra de Menezes vive nos corações de todos os espiritistas do Cruzeiro do Sul”. 103 TORNE-SE RECEPTIVO À CURA 104 105 Geralmente, as pessoas que procuram tratamento espiritual já estão fazendo algum tipo de recuperação por meios médicos convencionais (alopatia, fisioterapia, quimioterapia etc.) ou estão se submeten- do a tratamentos com acupuntura, homeo- patia e outras técnicas naturalistas. Muitas dessas pessoas só procuraram a cura por métodos espíritas porque não estavam sa- tisfeitas com seus tratamentos, porque es- tes se prolongavam muito, sem resultados satisfatórios, ou porque, em alguns casos, a situação era desesperadora e sem expec- tativas de cura. Os consulentes de centros espíritas buscam, além da cura física, a vital, a emo- cional e a psíquico-espiritual para resolve- rem seus conflitos familiares, problemas amorosos, problemas de negócios, questões judiciais etc. Essas pessoas ficam sabendo, através de amigos ou parentes, de algum centro que faz excelentes trabalhos de cura espiritual e, assim, quando chegam a esse 106 centro, já estão com uma atitude positiva, esperançosa e confiante. E isto já é um dos requisitos para estar receptivo à cura. Habitualmente, o paciente, no centro espírita, passa por uma triagem, uma con- sulta e só então é estabelecido algum tipo de tratamento espiritual adequado para cada tipo de desequilíbrio ou doença. O trata- mento básico prescrito geralmente conta com desobsessão, passes, doutrinação es- pírita e a leitura do Evangelho Segundo o Espiritismo. Quando há necessidade de ci- rurgia espiritual, é recomendado também al- gum tipo de alimentação especial e modera- ção de vícios como cigarro e álcool. O pa- ciente é aconselhado, ainda, a evocar o au- xílio do dr. Bezerra de Menezes e de outros médicos do plano espiritual, além de orar a Jesus. Todas essas orientações são muito im- portantes, entre outras razões, porque, des- ta forma, o paciente é obrigado “a fazer sua
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