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Escolha Alimentar: Uma opção individual?
Laura da Silva Dias RAHAL1
Comida não é apenas uma substância alimentar, é
também um modo, um estilo e um jeito de
alimentar-se e o jeito de comer define não só aquilo
que é ingerido, como também aquele que o ingere.
(Roberto Damatta)
Será que tudo que comemos é apenas uma questão de escolha pessoal? Será que
quando colocamos no nosso prato uma concha de feijão e duas colheres de arroz não dizemos quem somos, o que gostamos, quem são os nossos pais, onde vivemos e no que acreditamos?
O ato de se alimentar tem um significado que varia de acordo com cada cultura,
constituindo–se em um patrimônio passado entre gerações e é necessário entendê-las,pois o alimento além de nutrir o nosso corpo se constitui em uma linguagem carregada de significações e simbolismos.
A alimentação está inserida na cultura de um povo, é a sua mais genuína
representação e possui os mais diversos significados. É através do ato de comer que construímos a nossa identidade alimentar e cultural, pois ao escolhermos o arroz com feijão estamos sinalizando um pertencimento, um código de reconhecimento social, uma história individual.
Cada povo ou região tem sua comida característica, que se estabelece a partir
dos alimentos produzidos e disponíveis na região, o seu modo de se expressar e seu estilo de vida.
O que é considerado comida para alguns, pode não ser considerado para outros.
Por exemplo, comer miolos de macacos, como algumas tribos africanas, sopa de carne de cachorro, como os coreanos e escorpião frito em Cingapura, podem nos causar estranheza. E por que achamos estranho? Porque estamos inseridos em outra cultura, que possui outra história e valoriza outros alimentos.
“Brasil, meu Brasil brasileiro...”
No Brasil, devido à diversidade e às diferentes influências culturais, possuímos
dentro do nosso território uma grande variedade de pratos típicos que chamamos de culinária regional.
Não podemos esquecer que a miscigenação racial é um dos fatores determinantes da nossa formação. Negro, índio, português, italiano, alemão, numa mistura harmoniosa, definem nossa cultura popular: arte, dança, música, religiosidade,
mitos e cozinha.
Ao lembrarmos do acarajé, carne de sol, buchada de bode, sabemos que estamos
nos referindo aos pratos da região nordeste. A carne de tartaruga, os peixes de água doce, como o pirarucu, são representantes típicos da região norte. No centro-oeste a culinária inclui o peixe na telha e o arroz com pequi. Na região sudeste, o angu com quiabo, tutu de feijão e o virado à paulista, entre outros. E, quando citamos o arroz de carreteiro, chimarrão, o barreado e o churrasco gaúcho, estamos falando da culinária da região sul.
Porém, se pensarmos num prato típico brasileiro que simbolize a identidade
nacional, sem sombra de dúvida, a feijoada é o seu representante.
“Saber comer é saber viver...”
O homem não vem geneticamente preparado para a vida social; ele necessita dos alimentos culturais para informar sua ação e a cultura alimentar é o resultado de um longo processo de aprendizagem, que se inicia no momento do nascimento e se consolida no contexto familiar.
Toda criança vive sua experiência infantil no interior de uma determinada
família, inserida numa determinada cultura que lhe dá significação. A criança
estabelece vínculos afetivos e alimentares com sua mãe e se alimenta do que é
oferecido por ela. O primeiro contato com o mundo alimentar se dá através do leite materno e, aos poucos, novos sabores e texturas são apresentados dentro do ambiente familiar.
Como seres sociais, a alimentação fornece sentido à nossa vida coletiva, ao nos
inserir em um grupo com identidade própria. Uma criança indígena desenvolverá a partir do contato com seu grupo social padrões alimentares, de comportamento e conhecimento diferentes de uma criança nascida em um grande centro urbano.
“Comida é festejo e celebração...”
A refeição é um ato cerimonial, por isso quando provemos um alimento a alguém
estamos dando ao alimento uma dimensão maior do que o fornecimento de um “pacote de nutrientes”.
Alimentamos as nossas relações sociais quando convidamos os amigos para comer
em nossas casas e, nestes dias, caprichamos nas preparações culinárias, para demonstrar carinho e atenção. As comemorações importantes também sempre estão acompanhadas de comida, pois alimento também é lazer, festa, homenagem, amizade e confraternização.
A comemoração de um aniversário sem um bolo não é festa. Receber um
convidado em casa e não oferecer um cafezinho ou um copo de água é falta de
educação. E, muitas vezes, as grandes decisões políticas são alinhavadas durante um almoço ou jantar diplomático.
A comida sempre foi e será pretexto para encontros.
“Comei e bebei todos vós...”
A alimentação tem forte influência das crenças religiosas, pois alimentamos nosso espírito quando os alimentos estão presentes nas festividades, rituais e nas
restrições alimentares muitas vezes impostas pelos seus dogmas.
A igreja católica recomenda a abstinência de carne e jejum nas datas sagradas e
a gula é considerada um dos sete pecados capitais. Na umbanda, as oferendas de
alimentos aos santos é uma prática comum e os espíritas evitam as carnes quando
participam de uma “mesa de trabalho”, pois consideram que ela produz uma baixa vibração. Os judeus e budistas escolhem alimentos específicos para marcar
determinadas épocas do ano.
“Banana de dia é prata e à noite mata...”
Muitas vezes, os hábitos alimentares obedecem não só a um código econômico
ou utilitário, mas principalmente simbólico. Encontramos algumas superstições, tabus e proibições no consumo de alimentos, quando misturados uns aos outros, ou ainda, se ingeridos em certos horários do dia e etapas da vida.
A proibição ou recomendação de um alimento baseadas na teoria popular
denotam certa observação e experimentação; dessa maneira, apesar de se
diferenciarem dos modelos científicos, não devem ser consideradas irracionais ou sem lógica, mas captadas pela riqueza que contêm.
Estas práticas alimentares são oriundas de um passado que ficou enraizado na
cultura alimentar de determinados grupos. Os tabus representam muitas vezes uma barreira psicológica difícil de transpor. Quem já não escutou dizer que leite com manga mata, que canjica é bom para a mãe produzir leite, que certos alimentos “cortam” o sangue, que outros são “fortes”, “fracos” e o seguinte dito popular: “banana de manhã é ouro, à tarde é prata e de noite mata”.
“Agora para comer é só apertar um botão...”
No passado, o homem estava próximo da terra, plantava e colhia seu alimento,
trocava e compartilhava da sua produção alimentar. Atualmente, esta relação com o alimento mudou; o homem está distante da terra e, para obter o seu alimento, ele precisa do dinheiro. O alimento deixa de ser um legado cultural e passa a ser uma mercadoria. Ocorre então, uma desconceitualização da alimentação, perde-se o vínculo com o alimento.
Um novo estilo de vida da população é decorrente da urbanização: a saída da
mulher para o mercado de trabalho, a escassez de tempo, o desaparecimento dos
antigos pomares e hortas nos quintais, entre outras mudanças, levaram à necessidade da praticidade para o preparo e consumo de alimentos e a alimentação comum homogeneizou-se progressivamente.
Nesse ambiente surge a mídia, que possui um forte apelo na determinação das
escolhas alimentares atuais, e a propaganda é uma forma persuasiva na criação de novas demandas e necessidades para a produção dos alimentos.
A industrialização provocou a perda das “referências alimentares”, mas o
consumidor ainda continua necessitando dela; assim, o alimento ganha uma nova
conotação: passa a ser símbolo de status, praticidade, força, saúde, beleza e prazer.
“Olha a pamonha, pamonha fresquinha...”
Nas nossas práticas alimentares cotidianas, ou seja, quando o nosso prato, além de todo simbolismo e significação que os alimentos nos trazem, duas questõessão muito importantes: o alimento está disponível? Eu tenho recursos financeiros para adquiri-lo?
Sabemos que o processo de urbanização, as inovações tecnológicas na produção
dos alimentos, aspectos climáticos, a sazonalidade, a globalização e a distribuição de renda são fatores que interferem diretamente no acesso aos alimentos.
Hoje em dia, é possível comprar em um supermercado uma grande gama de
alimentos produzidos em outros países e inserir alguns deles nos nossos hábitos de
consumo. É possível, ainda, encontrar alimentos fora do período da safra e comê-los durante todo o ano e não mais em alguns meses do ano.
Por outro lado, eu posso valorizar a ingestão de frutas, verduras e legumes; no
entanto, no meu bairro não existe um local de venda desses alimentos, fazendo com que os mesmos não sejam incluídos na minha prática alimentar diária.
E, finalmente, é preciso considerar também o aspecto financeiro para viabilizar
a aquisição dos alimentos que julgo importantes e que definem a minha história para que possam fazer parte do meu dia-a-dia alimentar.
PERGUNTAS:
Afinal... A escolha alimentar é uma questão individual?
Faça um resumo da introdução.
Desenvolver, não só segundo o texto, mas o que entenderam dos dizeres.

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