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DESTAQUE1 GRUPO DE ESTUDOS BOURBAKI Organização: Diva Marília Flemming e Marleide Coan Cardoso Sinopse: Trata-se de um pequeno texto que apresenta um resumo sobre ideias relativas ao grupo de estudos Bourbaki. Robalo (2009)2 apresenta Nicolas (1935, ?) como u pseudônimo adotado por um grupo de matemáticos, formado em 1935 que decidiram adotar um projeto voltado para discutir, organizar eventos e publicar diversos textos de matemática. Os integrantes pioneiros (ver Figura 1) na sua maioria eram franceses. Figura 1: Integrantes pioneiros do Grupo Nicolas Bourbaki Fonte da imagem: Disponível em http://trucsmaths.free.fr/images/matheux/matheux_complet.htm. Acesso em 01/04/2013. Embora seja um nome fictício, o Grupo Bourbaki, é oficialmente conhecido como a Associação de Colaboradores de Nicolas Bourbaki, localizado na École Normale Supérieure, em Paris. 1 Texto organizado por Flemming, D.M. e CARDOSO, M.C., na disciplina/unidade de aprendizagem História da Matemática, do Curso de Matemática da UNISUL, nas edições de 2006 e 2013. 2 ROBALO, Marco. Nicolas Bourbaki. Disponível em http://www.e- escola.pt/personalidades.asp?nome=bourbaki-nicolas . Acesso em 01/04/2013. No início todos achavam que se tratava de uma pessoa e já o consideravam como um grande matemático. Posteriormente teve-se o conhecimento de que toda a produção era de um Grupo de Associados sintonizados à concepções definidas grupalmente. Havia um compromisso de que a matemática seria apresentada de forma rigorosa e formal com uma abordagem extremamente abstrata, pouco habitual até então. Hoje em dia, é um nome respeitado por toda a comunidade matemática, embora no início do projeto tenha sido alvo de bastante polêmica. O grupo é responsável pela edição de volumes completos cobrindo aspectos fundamentais das mais variadas áreas da matemática. As suas primeiras obras sobre Teoria dos Conjuntos estabeleceram esta teoria como base de toda a matemática, tendo todas as outras áreas sido construídas usando as ferramentas e os axiomas desta teoria. Neste ponto é importante chamar a atenção para o chamado movimento da Matemática Moderna, não para fazer aqui aprofundamentos que não é o foco desse texto, mas para resgatar a inserção do Grupo Bourbaki. Pires (2000, p. 25 – 26)3 faz uma discussão sobre os currículos de matemática e cita parte de uma entrevista entre a Revista Francesa de Pedagogia e Piaget, publicada em 1976: RFP: A noção de conjunto ocupa um lugar fundamental na síntese de Bourbaki. Explica-se isso pela necessidade de precisar bem quais são os entes pelos quais nos interessamos (por exemplo, não podemos definir uma relação sem antes precisar o conjunto de partida e o de chegada). Parece- nos que, n o espírito da criança, as coisas se passam de modo completamente diferente. Nele, a noção de conjunto apresenta-se quando se quer falar “coletivamente” de certos entes. Que seja do nosso conhecimento, os trabalhos de sua escola fazem pouquíssimas alusões à noção de conjunto como tal. O senhor poderia ter a gentileza de esclarecer suas concepções? Piaget: Penso que os senhores têm toda a razão e que a noção matemática de conjunto surge tarde nas crianças e se apresenta de uma forma plenamente diferente: quando lhes falamos em conjuntos, elas simplesmente pensam em coleções, em indivíduos vistos coletivamente. Assim sendo, eu não falaria em conjuntos, mas sim em classes. O que é primitivo são as relações e as classes. Mas sempre acreditei (talvez devido à minha incompetência matemática) que haveria um conjunto somente a 3 PIRES, C.M.C. Currículos de Matemática: da organização linear à ideia de rede. São Paulo:FTD, 2000. partir do momento em que se pudesse fazer uma correspondência cardinal não-qualitativa entre uma coleção e outra. O fato da noção de conjunto ser usada para alicerçar a matemática e o movimento da matemática moderna com a inserção da Teoria dos Conjuntos nas escolas são aspectos marcantes e até mesmo históricos, marcantes no processo ensino-aprendizagem da matemática na Educação Básica. Mas, voltando ao Grupo Bourbaki, nosso foco de destaque, cabe ainda colocar que seus livros cobrem e constroem as apresentações e as formulações que hoje conhecemos da Álgebra Moderna, Topologia, Análise Funcional, Grupos e Álgebras de Lie. A sua última obra oficial foi publicada em 1983. O grupo era também conhecido pela sua intensa atividade em seminários. Muitas foram as motivações dos jovens matemáticos franceses para esse estudo e trabalho grupal, há registros de que na década de 1930, os jovens matemáticos estavam sendo ensinados por professores que estavam se aproximando do final de suas carreiras e havia falta de professores de matemática na França. Dessa forma havia uma emergência de formação e assim surge a entusiasmada ideia de definir para 25 anos, o plano de estudos para uma certificação no cálculo diferencial e integral, surgindo em conjunto novos tratados sobre a análise matemática – um tratado moderno. A discussão entre os do Grupo, motivados discutem a escrita de um livro de 1000 páginas para ser publicado em um prazo de seis meses. Decidem que devem reunir-se regularmente e o acordo do programa do livro é feito no verão de 1935. É muito interessante conhecer detalhes da mobilização desse grupo para redigir matemática de forma compartilhada, pois sabemos que esta não é uma tarefa fácil. Depois de muitas discussões o Programa prevê a redação de seis livros, cada um composto de 10 capítulos. São eles: Definir Teoria; Álgebra; Topologia; Funções de uma variável real; Espaços vetoriais topológicos e Integração. Foram aproximadamente 20 anos para que os livros fossem publicados. Vale a pena conferir relatos com mais detalhes em http://www-history.mcs.st-and.ac.uk/Biographies/Bourbaki.html .
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