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Estruturas em Aço DIMENSIONAMENTO À TRAÇÃO Disciplina: Estruturas de Aço e Madeira Prof. M.Sc. Igor Lima TIPOS DE AÇOS ESTRUTURAIS Nas construções com estrutura metálica a escolha do tipo de aço é feita em função de aspectos ligados a: • Meio ambiente onde as estruturas se localizam, • Previsão do comportamento estrutural de suas partes, devido à geometria e aos esforços solicitantes. • Meio industrial com atmosfera agressiva à estrutura, • Proximidade de orla marítima, e • Manutenção necessária e disponível ao longo do tempo Os fatores acima influenciam a escolha de diversas maneiras. Por exemplo, condições ambientais adversas exigem aços de alta resistência à corrosão. Por outro lado, peças comprimidas com elevado índice de esbeltez ou peças fletidas em que a deformação (flecha) é fator preponderante são casos típicos de utilização de aços de média resistência mecânica. No caso de peças com baixa esbeltez e onde a deformação não é importante, fica mais econômica a utilização dos aços de alta resistência. TIPOS DE AÇOS ESTRUTURAIS Os aços estruturais utilizados no Brasil são produzidos segundo normas estrangeiras (especialmente a ASTM (American Society for Testing and Materials) e DIN (Deutsche Industrie Normen) ou fornecidos segundo denominação dos próprios fabricantes. Assim, os aços disponíveis por aqui estão listados na tabela abaixo: Os pilares de edifícios são dimensionadas fundamentalmente à compressão. São utilizados então perfis que possuam inércia significativa também em relação ao eixo de menor inércia, como é o caso dos perfis “H” que têm largura da mesa, igual ou próxima à altura da seção. A figura abaixo mostra alguns perfis utilizados como colunas: Perfis para Pilares Os perfis de aço utilizados nas vigas dos edifícios são dimensionados pressupondo- se que terão a mesa superior travada pelas lajes. Neste conceito, as vigas não estarão portanto sujeitas ao fenômeno da flambagem lateral com torção. No caso de vigas bi-apoiadas, é comum usar vigas mistas onde o perfil em aço trabalha solidário com a laje, obtendo-se uma solução mais econômica. A figura abaixo mostra o funcionamento de algumas soluções para as vigas de estrutura metálica: Perfis para Vigas As seções dos perfis para contraventamentos costumam ser leves. Sua escolha leva em conta a esbeltez e a resistência aos esforços normais. No caso de edifícios a esbeltez das peças tracionadas principais é limitada a 240mm e das comprimidas limitadas a 200mm. Os perfis comumente utilizados são os da figura abaixo: Perfis para os Contraventamentos DIMENSIONAMENTO DE BARRAS À TRAÇÃO Os critérios de dimensionamentos verificados são: o escoamento da seção bruta, que é responsável pelas deformações excessivas e ruptura da seção líquida efetiva, responsável pelo colapso total da peça. Um dos conceitos de maior importância neste dimensionamento é a determinação correta da área da seção transversal e os coeficientes envolvidos. a) Estado limite de escoamento da seção bruta Ag = área bruta b) Estado limite de ruptura da seção líquida efetiva Ae = área líquida efetiva Distribuição de Tensões ao Longo da Barra PEÇAS TRACIONADAS –NBR8800-2008 Área bruta Ag X Área líquida An FORMAS DE COLAPSO Área Líquida Numa barra com furos, a área líquida (An) é obtida subtraindo-se da área bruta (Ag) as áreas dos furos contidos em uma seção reta da peça (linha de ruptura). Assim, temos Ag = soma dos produtos largura bruta vezes a espessura (área bruta) Ae = Ct x An. Ct = coeficiente de redução; An = área líquida: a definição desta área visa levar em consideração o enfraquecimento da seção transversal devido aos furos. Caso não haja furos An = Ag. Para fins de cálculo adota-se: dfp = dfolga+ 2mm df = dp + 3,5mm (furo padrão). df = diâmetro do furo; dp = diâmetro do parafuso. PEÇAS TRACIONADAS –NBR8800-2008 PEÇAS TRACIONADAS –NBR8800-2008 PEÇAS TRACIONADAS –NBR8800-2008 Valores do coeficiente de redução O valor de Ct é encontrado pelos seguintes critérios: • Quando a força de tração é transmitida a todos os elementos da seção, por ligações parafusadas ou soldadas: Ct = 1 • Quando a força de tração é transmitida apenas a alguns elementos da seção, encontramos o valor de Ct conforme os critérios descritos abaixo: A) Para Perfis I ou H, quando (bf/d)>=(2/3)d, ou para perfis T obtidos a partir daqueles, com ligações apenas nas mesas (Caso forem ligações parafusadas, deve ser composta de no mínimo 3 parafusos alinhados na direção da força) Ct = 0,90 Valores do coeficiente de redução B) Para Perfis I ou H, quando (bf/d)<(2/3)d, para perfis T obtidos a partir daqueles ou para todos os demais perfis (Caso forem ligações parafusadas, deve ser composta de no mínimo 3 parafusos alinhados na direção da força) Ct = 0,85 C) Para quaisquer perfis com ligações parafusadas, composto de apenas 2 parafusos alinhados na direção da força Ct = 0,75 Valores do coeficiente de redução D) Para chapas ligadas nas extremidades por soldas longitudinais, o valor de Ct é obtido conforme o a relação entre l e b (comprimento mínimo da solda e largura da chapa respectivamente) descritos abaixo: • Área líquida efetiva em ligações soldadas. Valores do coeficiente de redução D) Para chapas ligadas nas extremidades por soldas longitudinais, o valor de Ct é obtido conforme o a relação entre l e b (comprimento mínimo da solda e largura da chapa respectivamente) descritos abaixo: • Área líquida efetiva em ligações soldadas. Item 1.2 – Barras prismáticas submetidas à força axial de tração PEÇAS TRACIONADAS –NBR8800-2008 Tabela 4 – Valores de esbeltez limite para peças tracionadas Esbeltez Limite • Consideremos uma peça tracionada, cuja conexão ao restante da estrutura seja feita através de parafusos. A presença dos furos enfraquece a seção transversal, causando uma concentração de tensões. • Aumentando-se a força de tração, chega-se à ruptura. Porém, antes de se alcançar a ruptura, toda a seção entrará em escoamento de forma que a concentração de tensões pode ser deixada de lado. PEÇAS TRACIONADAS –NBR8800-2008 Força resistente de cálculo: fd - resistência de cálculo ou projeto fk - resistência característica Ɣm - coeficiente de ponderação fd = fk / Ɣm Tabela 3 – NBR 8800 TIPOS DE AÇOS ESTRUTURAIS Exemplo A Dimensionar, na condição mais econômica, uma peça tracionada composta de dois perfis U ASTM A36 para as seguintes cargas: • Peso Próprio da Estrutura Metálica (PP1): 10 tf • Peso Próprio dos outros componentes da estrutura (PP2): 50 tf • Carga de Ocupação (Ocup): 30 tf • Carga de Vento (Vnt): 20 tf O aço ASTM A36 tem as seguintes propriedades mínimas: • fy = 2,50 tf/cm² • fu = 4,00 tf/cm² EXERCÍCIOS EXERCÍCIOS Fonte: www.gerdau.com.br (10/2013) Exemplo A A norma NBR 8800 considera as seguintes combinações de carga: Comb. 1 Sd = 1,25 PP1 + 1,4 PP2 + 1,5 Ocup + 1,4 (0,6 Vnt) Sd = 1,25 × 10 + 1,4 × 50 + 1,5 × 30 + 1,4 (0,6 × 20) Sd = 144,30 tf Comb. 2 Sd = 1,25 PP1 + 1,4 PP2 + 1,4 Vnt + 1,5 (0,7 Ocup) Sd = 1,25 × 10 + 1,4 × 50 + 1,4 × 20 + 1,5 (0,7 × 30) Sd = 142,00 tf Portanto, Sd = 144,30 tf (a maior). EXERCÍCIOS Exemplo A Para peças tracionadas, a NBR 8800 considera a resistência ao escoamento e à ruptura. Na condição mais econômica, a resistência de projetodeve ser igual à solicitação de projeto, isto é, Nd = Sd Dimensionamento ao escoamento: 144,30 = 0,90 × A × 2,50 A = 64,13 cm² Dimensionamento à ruptura: 144,30 = 0,75 × A × 4,00 A = 48,10 cm² Portanto, A = 64,13 cm² (a maior). EXERCÍCIOS • Exemplo A Procurando numa tabela de perfis U, verificamos que o perfil mais leve que atende a esta área é o U 10”× 29,76 kg/m (Catálogo Guerdau 2013), com uma área de 2 × 37,9 = 75,8 cm². Com este perfil, temos: • Conforme cálculo anterior: Sd = 144,30 tf Escoamento: Rd = 0,90 × 75,8 × 2,50 = 170,55tf /1,10= 155,0tf > Sd (Ok) Ruptura: Rd = 0,75 × 75,8 × 4,00 = 227,40tf / 1,35= 168,4tf> Sd (Ok) EXERCÍCIOS Exemplo B Dimensionar, na condição mais econômica, uma peça tracionada composta de um perfil I ASTM A36 para as seguintes cargas: • Peso Próprio da Estrutura Metálica (PP1): 30 kN (ɣg = 1,25 ou ɣg = 1,0) • Peso Próp. dos outros comp. da est.(PP2): 10 kN (ɣg = 1,50 ou ɣg = 1,0) • Sobrecarga 1: 40 kN (ɣq =1,5 e ψ0 = 0,7 ) • Sobrecarga 2: 10 kN (ɣq =1,4 e ψ0 = 0,7 ) • Carga de Vento (Vnt): 20 kN (ɣq =1,4 e ψ0 = 0,6 ) O aço ASTM A36 tem as seguintes propriedades mínimas: • fy = 2,50 tf/cm² • fu = 4,00 tf/cm² EXERCÍCIOS fy = 25,0 kN/cm² fu = 40,0 kN/cm² EXERCÍCIOS Fonte: www.gerdau.com.br (10/2013) Exemplo C Dimensionar uma peça tracionada composta de um perfil U ASTM A36 para as seguintes cargas: • Peso Próprio da Estrutura Metálica (PP1): 20 Tf (ɣg = 1,25 ou ɣg = 1,0) • Sobrecarga 1: 10 Tf (ɣq =1,5 e ψ0 = 0,7 ) • Carga de Vento (Vnt): 15 tf (ɣq =1,4 e ψ0 = 0,6 ) O aço ASTM A36 tem as seguintes propriedades mínimas: • fy = 2,50 tf/cm² • fu = 4,00 tf/cm² EXERCÍCIOS EXERCÍCIOS Fonte: www.gerdau.com.br (10/2013) Exemplo C A norma NBR 8800 considera as seguintes combinações de carga: Comb. 1 Sd = 1,25 PP1 + 1,5 SC + 1,4 (0,6 Vnt) Sd = 1,25 × 20 + 1,5 × 10 + 1,4 (0,6 × 15) Sd = 52,60 tf Comb. 2 Sd = 1,25 PP1 + 1,4 Vnt + 1,5 (0,7 SC) Sd = 1,25 × 20 + 1,4 × 15 + 1,5 (0,7 × 10) Sd = 56,50 tf Portanto, Sd = 56,50 tf (a maior). EXERCÍCIOS Exemplo C Para peças tracionadas, a NBR 8800 considera a resistência ao escoamento e à ruptura. Dimensionamento ao escoamento: 56,50 = 0,90 × A × 2,50 A = 25,1 cm² Dimensionamento à ruptura: 56,50 = 0,75 × A × 4,00 A = 18,8 cm² Portanto, A = 25,1 cm² (a maior). EXERCÍCIOS • Exemplo C Procurando numa tabela de perfis U, verificamos que o perfil mais leve que atende a área de 25,10cm² é o U 8”× 20,50 kg/m (Catálogo Guerdau 2013), com uma área de 25,93 cm². Com este perfil, temos: • Conforme cálculo anterior: Sd = 56,5 tf Escoamento: Rd = 0,90 × 25,93 × 2,50 = 58,3tf /1,10 = 53tf > Sd (Não) Ruptura: Rd = 0,75 × 25,93 × 4,00 = 77,8tf /1,35 = 57,6 > Sd (Ok) EXERCÍCIOS Exemplo C Procurando novamente na tabela de perfis U, esscolheremos o perfil imediamente superior que é o U 10”× 22,70 kg/m (Catálogo Guerdau 2013), com uma área de 29,0 cm². Com este perfil, temos: • Conforme cálculo anterior: Sd = 56,5 tf Escoamento: Rd = 0,90 × 29,0 × 2,50 = 65,25tf /1,10 = 59,3tf > Sd (Ok) Ruptura: Rd = 0,75 × 29,0 × 4,00 = 87,0tf /1,35 = 64,4 > Sd (Ok) EXERCÍCIOS Exemplo D : Calcular a área líquida da cantoneira L 177,8 x 101,6 x 19,05 abaixo, com furos padrão para parafusos ø 3/4”. SOLUÇÃO •Podemos considerar a cantoneira como uma chapa, portanto, temos: L = 177,8 +101,6 -19,05 = 260,35mm df = dp + 3,5mm = 3/4 (25,4) + 3,5 = 22,55mm OBS: 1” = 25,4mm 101,6 EXERCÍCIOS Para a linha de ruptura: “abde”, temos: Ln = 260,35 – 2 x 22,55 = 215,25 mm Para a linha de ruptura: “acbde”, temos: Ln = 260,35 – 3 x 22,55 + 57,15² + 57,15² = 210,94 mm 4(2x63,5-19,05) 4 (76,2) 101,6 Exemplo D EXERCÍCIOS Portanto, An será: An = 210,94 x 19,05 = 4.018,4mm² 101,6 Exemplo D EXERCÍCIOS Exemplo E Determinar o maior esforço de cálculo (Nd) suportado pela peça do exercício anterior. Determinar também a maior carga nominal suportada pela peça (N), considerando g= 1,35. Considere o aço ASTM A36. 101,6 EXERCÍCIOS SOLUÇÃO Do exercício anterior temos An =4018,4mm². Resistência da peça à tração: • Estado limite de escoamento da seção bruta Área Bruta Ag = 260,35 x 19,05 = 4959,67mm² A solicitação axial Nd é então: Nd = 0,9 x 4959,67 x 250 = 1.115.925,2 N (1.115,93 kN) EXERCÍCIOS SOLUÇÃO Do exercício anterior temos An =4018,4mm². Resistência da peça à tração: • Estado limite de ruptura da seção líquida efetiva Área Líquida Ae = Ct x An = 1 x 4.018,4 = 4.018,4 mm² A solicitação axial Nd é então: Nd = 0,75 x 4018,4 x 400 = 1.205.520 N (1.205,52 kN) EXERCÍCIOS SOLUÇÃO Estado limite de escoamento da seção bruta • Nd = 1.115,93 kN Estado limite de ruptura da seção líquida efetiva • Nd = 1.205,52 kN Escolhemos o menor valor dos dois (Valor Crítico): a) Portanto, o maior esforço de cálculo suportado pela peça é de 1115,93kN. b) E a maior carga nominal suportada pela peça é N = Nd / 1,10 = 1115,93 / 1,10 = 1014,48kN N = Nd / 1,35 = 1205,52 / 1,35 = 892,97kN EXERCÍCIOS Bibliografia • ABNT NBR 8800/1986 – Dimensionamento de barras de aço. ABNT: Rio de Janeiro , RJ. 1986 • Queiroz, G. Dimensionamento de barras de aço. UFMG: Belo Horizonte, MG. 1986 • AÇOMINAS/USIMINAS. Coletânia técnica do uso do aço / O aço na construção. • Matos Dias, L. A . Estruturas de aço: conceitos, técnicas e linguagem. Zigurate Ed. S. Paulo.1998. • Andrade, P. B. Curso básico de estruturas de aço. IEA Ed. BH/MG. 1994.
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