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6. Medicina na China Antiga

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MEDICINA NA CHINA ANTIGA 
 
Elaine Alves 
Paulo Tubino 
 
 
A civilização chinesa teve origem no Período Neolítico (cerca de 8.000 a.C. a 5.000-4000 a.C.), 
em várias cidades-estado no vale do Rio Amarelo, onde surgiram as primeiras dinastias Xia e Shang 
(figuras 1 e 2). 
 
 
Figura 1 – Mapa da China antiga (Fonte: Duby G. Atlas historique mondial. Paris: Larousse; 2003. p. 185). 
 
 
Segundo a lenda, as origens da civilização chinesa (assim como da medicina tradicional chinesa) 
remontam a três imperadores míticos – os “Três Augustos” – que teriam governado a partir de 2800 
anos antes de Cristo: Fu Xi, Shen Nong e Huang Di. 
 Fu Xi (Fuxi) teria inventado a escrita, a pintura, a música, a caça e a pesca; criador do Ba Gua 
(oito trigramas ou oito mutações), que indica os oito caminhos que se abrem a partir de cada situação, e 
que se crê ser a base do I Ching (Livro das Mutações). 
 Shen Nong (Shennong) é saudado como o “Divino Cultivador” por ser o fundador da 
fitoterapia, além de ter ensinado a agricultura às pessoas. Uma lenda chinesa diz que o Imperador 
Shennong descobriu o chá. Ele descansava sob uma árvore enquanto seus servos ferviam água para 
beber e algumas folhas caíram na vasilha. Atraído pelo aroma, provou o líquido e surpreendeu-se com o 
sabor agradável. Nascia então, o chá. O chá verde tem propriedades antioxidantes (é rico em polifenóis, 
especialmente catequinas, minerais e vitaminas) e poderia contribuir, por exemplo: para a redução do 
risco de doenças cardiovasculares, diabetes e alguns tipos de câncer; para o emagrecimento e contra o 
envelhecimento. Shennong, a fim de determinar a natureza dos diferentes fitoterápicos, teria ingerido 
centenas de plantas medicinais e venenosas para testar seus efeitos individuais, fato crucial para o 
desenvolvimento da medicina chinesa; a ele se atribui um livro: O Clássico da Matéria Médica do 
Imperador da Agricultura. 
 
Alves E & Tubino P. Medicina na China Antiga, 2012. 2 
 Huang Di (Huangdi,), o lendário Imperador Amarelo, teria reinado de 2698 a.C. a 2599 a.C. 
Durante o reinado de 100 anos, deu a seu povo a roda, o imã, o calendário, um observatório 
astronômico, a arte de medir o pulso e o Huangdi Nei Jing (O Clássico de Medicina Interna do 
Imperador Amarelo). Conta-se que Huangdi se interessava pela saúde e pela condição humana e 
questionava seus ministros sobre a tradição médica da época. Do registro dos diálogos entre Huangdi e 
seu Ministro da Saúde, Ch’i Po, teria surgido a obra conhecida como O Clássico Interno (ou Clássico de 
Medicina Interna) do Imperador Amarelo. O Clássico Interno do Imperador Amarelo é um dos livros fundamentais 
da medicina tradicional chinesa. Divide-se em dois livros, de 81 capítulos cada um: Su Wen – “Questões 
Básicas” (com a descrição de doenças e métodos diagnósticos); Ling Shu – “Eixo Espiritual” (com 
técnicas de acupuntura). Há muitas versões sobe a origem desses textos. Acredita-se que o Nei Jing tenha 
sido realmente escrito por um grupo de médicos do PERÍODO DOS REINOS COMBATENTES (475 a.C. -
221 a.C.). Os sábios da corte teriam feito uma síntese da tradição oral médica chinesa daquela época. 
Através dos tempos, houve diferentes adaptações e versões. 
 
 
DINASTIA SHANG: TERAPIA ORACULAR 
 
Os primeiros traços de atividade terapêutica foram encontrados na DINASTIA SHANG (c. 1600-
1046 a.C.)1, em inscrições em ossos e cascos de tartarugas usados com fins oraculares (a mais antiga 
forma escrita descoberta na China). A DINASTIA SHANG foi a segunda na história da China e a primeira 
a ter sua existência histórica documentada. Sua extensão territorial abrangia o vale do rio Amarelo. 
 
DINASTIA 
Três Augustos e os Cinco Imperadores 
Dinastia Xia 
Dinastia Shang 
Dinastia Zhou 
Primaveras e Outonos* 
Reinos Combatentes* 
Dinastia Qin 
Dinastia Han Ocidental ou Han Anterior 
Dinastia Xin 
Dinastia Han Oriental ou Han Posterior 
Três Reinos 
Dinastía Jin Ocidental 
Dinastia Jin Oriental (Dezesseis Reinos) 
Dinastias do Norte e do Sul 
Dinastia Sui 
Dinastia Tang 
Cinco Dinastias e Dez Reinos 
Dinastia Song do Norte 
Dinastia Song do Sul 
Dinastia Liao 
Dinastia Jin 
Dinastia Yuan 
Dinastia Ming 
Dinastia Qing 
* Incluídas na dinastia Zhou por alguns autores. 
PERÍODO APROXIMADO 
Até 2070 a.C. 
2100 a.C. a 1600 a.C. 
1600 a.C. a 1046 a.C. 
1046 a.C. a 771 a.C. 
722 a.C. a 476 a.C. 
475 a.C. a 221 a.C. 
221 a.C. a 206 a.C. 
206 a.C a 9 d.C. 
9 a 23 
25 a 220 
220 a 265 
265 a 317 
317 a 420 
420 a 589 
581 a 618 
618 a 907 
907 a 960 
960 a 1127 
1127 a 1279 
916 a 1125 
1115 a 1234 
1271 a 1368 
1368 a 1644 
1644-1912 
 
Figura 2 – Cronologia das dinastias chinesas. 
 
 
1
 A China foi governada por imperadores pertencentes a diversas dinastias até 1912. A cronologia aproximada das dinastias 
chinesas está representada na figura 2. 
 
Alves E & Tubino P. Medicina na China Antiga, 2012. 3 
A visão de mundo na DINASTIA SHANG abrangia uma comunidade composta pelos vivos e pelos 
mortos. Os mortos (os ancestrais) governavam o mundo, mas dependiam dos vivos para lhes levarem 
provisões. Se os vivos falhassem em cumprir suas obrigações, as manifestações de desagrado por parte 
dos mortos eram inevitáveis. Havia rituais de oferendas aos mortos, a fim de restituir a harmonia à 
sociedade. O divino ou supremo ancestral era Ti. Ele proporcionava colheitas abundantes aos vivos e 
prestava assistência no campo de batalha. Acreditava-se que os ancestrais do rei tinham influência direta 
nas ações de Ti. Cabia ao rei conhecer, através do oráculo, suas vontades sobre as diferentes questões e, 
se necessário, exercer pressão por meio de palavras ou ofertas materiais. A princípio, somente alguns 
ossos bovinos (e depois, cascos de tartarugas) eram empregados como meio de comunicação (figura 3). 
Eram preparados em grande número e apresentados ao rei depois de terem sido feitos vários orifícios no 
osso ou na carapaça. O rei (ou um adivinho a serviço do rei) fazia então a pergunta e submetia o osso ao 
calor, resfriando-o em seguida rapidamente, produzindo uma série de rachaduras que irradiavam dos 
orifícios. A interpretação dessas rachaduras pelo rei revelava a vontade de seus ancestrais no assunto em 
questão. Assim, a consulta e a interpretação do oráculo no caso da determinação da origem de uma 
doença e os procedimentos que deveriam ser adotados, cabiam ao rei e seus auxiliares. 
As categorias medicina e doença não existiam, mas havia a “maldição do ancestral”, que poderia 
causar tanto dor de dente como perda da colheita ou falta de sorte na guerra.2 Entretanto, havia alguma 
compreensão acerca das enfermidades; nomes de mais de 20 tipos de doenças (incluindo doenças de 
crianças e mulheres, da cabeça, ouvidos, nariz, dentes, abdome e pés) foram gravados nos já citados 
ossos e carapaças de tartarugas. 
Os fatores climáticos eram percebidos como causadores de enfermidades, mas considerados 
como entidades espirituais. Nessa época surgiu o conceito de “vento perverso”, que iria se transformar e 
desempenhar um papel importante mais tarde, no processo de formação da medicina tradicional chinesa 
(MTC). Havia xamãs: shī (representante dos mortos) e wú (feiticeiro), geralmente membros da família 
real e de ambos os sexos. Embora nenhuma inscrição oracular contivesse nomes de drogas específicas e 
não tenha sido encontrado nenhum caractere que significasse “medicação”, achados arqueológicos em 
túmulos da DINASTIA SHANG evidenciam vestígios do uso precoce de frutos e plantas medicinais, 
indicando que havia tratamentos na época.3 
 
 
 
Figura 3 – Ossos oraculares chineses da dinastia Shang. Os da esquerda estão no Linden-Museum Stuttgart, 
Alemanha; o da direita, uma omoplata de bovino, está no Museu de Xangai, RepublicaPopular da China 
(fotografias reproduzidas de acordo com a licença de documentação livre GNU). 
 
2 Unschuld PU. Medicine in China – A History of Ideas. Berkeley and Los Angeles: University of California Press, 1985. 
3 Hoizey D. Histoire de la médecine chinoise. Paris: Édition Payot, 1988. 
 
Alves E & Tubino P. Medicina na China Antiga, 2012. 4 
DINASTIA ZHOU: MEDICINA DEMONOLÓGICA (DEMONÍACA) 
 
A DINASTIA ZHOU ou CHOU (c. 1046-771 a.C.) conquistou o poder dos SHANG e instaurou um 
sistema feudal. No que se refere à medicina, houve uma diminuição da importância dos ancestrais e uma 
crescente percepção dos demônios, chamados kuei, como responsáveis pelas doenças. Mulheres durante 
o parto e os lactentes eram particularmente vulneráveis. O ancestral Ti foi substituído por T’ien, uma 
divindade celestial. 
Durante grande parte da DINASTIA ZHOU, a consulta aos ossos oraculares foi mantida como na 
DINASTIA SHANG e os xamãs (wú) do período SHANG também eram encontrados. Entretanto, com o 
passar do tempo, os xamãs foram perdendo seu poder político e terminaram se estabelecendo como 
curadores e adivinhos entre as pessoas comuns. No final da DINASTIA ZHOU, os xamãs (os chamados 
wú eram, inicialmente, mulheres) eram encarregados de rituais com transes e exorcismos para expulsar os 
demônios causadores de doenças; teriam o poder de influenciar os ventos e se comunicar com os céus 
para entender o futuro. Atendiam nas aldeias de forma coletiva e também individualmente. 
Como no sistema de terapia dos ancestrais, o sistema de medicina demoníaca se baseava na 
existência de seres visíveis e invisíveis no universo. O sistema de terapia dos ancestrais supunha que cada 
pessoa era associada individualmente a um ancestral e considerava a aderência às convenções sociais um 
fator de proteção contra as adversidades; o sistema de medicina demoníaca considerava que a proteção 
só poderia ser fornecida por um espírito protetor cuja hierarquia metafísica fosse superior à do demônio 
causador do problema. Além dos rituais, também eram usadas drogas medicinais para expelir ou destruir 
os demônios como, por exemplo: ervas, substâncias aromáticas, preparados animais ou partes de 
animais, o pano menstrual de uma mulher. Há relatos de que a acupuntura era usada contra os 
demônios.2 
 
 
DINASTIA QIN 
 
Entre 771 a.C. e 221 a.C., a China passou a ser formada por vários reinos de pequenas 
dimensões. Em 221 a.C., todos os reinos combatentes foram anexados ao estado QIN, dando inicio à 
dinastia Qin (221 a.C.-206 a.C.). Durante a DINASTIA QIN foi iniciada a construção da “Grande 
Muralha”. Qin Shi Huangdi (260 a.C.-210 a.C.) foi rei do Estado chinês de QIN (247 a.C.-221 a.C.); 
posterior-mente, tornou-se o primeiro imperador da China unificada (221 a.C.-210 a.C.), reinando com a 
alcunha de Primeiro Imperador. Governou com tirania, proibiu as críticas e mandou queimar os livros 
de História e de Filosofia; exceções foram feitas somente para textos sobre medicina, drogas, divinação, 
agricultura e silvicultura. Qin Shihuang não queria morrer e convocou todos os médicos e cientistas do 
reino para que inventassem um remédio que o tornasse imortal. Recebeu pílulas que continham 
mercúrio e que o mataram. Outra versão fala em uma poção, também com mercúrio. A morte de Qin 
Shihuang, após onze anos de reinado, reacendeu a oposição dos círculos feudais. Houve revoltas, de 
trabalhadores a soldados, em todos os lugares na China. 
 
 
DINASTIA HAN: SISTEMATIZAÇÃO DA MEDICINA CHINESA 
 
Em 206 a.C. teve início a DINASTIA HAN e com ela o grande desenvolvimento da civilização 
chinesa. A China se transformou, oficialmente, em um estado confucionista na DINASTIA HAN. A 
DINASTIA HAN divide-se em: HAN OCIDENTAL ou ANTERIOR, que durou de 206 a.C. a 8 d.C., e HAN 
ORIENTAL ou POSTERIOR, que governou de 25 d.C. a 220 d.C. O povo chinês ainda se refere a si 
mesmo como povo Han (93% dos chineses atuais), cujo grande ancestral foi o Imperador Amarelo. 
A agricultura, o artesanato e o comércio floresceram e a população chegou a 55 milhões. Foram 
inventados o papel e a porcelana e foi aberta a primeira rota de comércio terrestre com o Ocidente: a 
 
Alves E & Tubino P. Medicina na China Antiga, 2012. 5 
“Rota da Seda”. O império estendeu sua influência cultural e política sobre os atuais Vietnã, Mongólia, 
Coréia e Ásia Central. Houve expansão territorial com a anexação de partes do norte da Coréia e Vietnã. 
A DINASTIA HAN (206 a.C. a 220 d.C.) marca o período de sistematização da medicina chinesa. 
 
 
MEDICINA TRADICIONAL CHINESA (MTC) 
 
A origem da MTC remonta a períodos muito antigos. Entre 418 a.C. e 221 a.C. (PERÍODO DOS 
REINOS COMBATENTES) surgem os conceitos da chamada “filosofia natural chinesa”, que irão 
influenciar toda a ciência chinesa: a “doutrina do Yin/Yang; a “Teoria dos Cinco Movimentos; a idéia de 
Qi; o taoísmo e o confucionismo4. A filosofia chinesa que emergiu no século IV a.C. tentava explicar os 
fenômenos do mundo como ocorrências naturais (como os gregos), sem referir-se a forças misteriosas, 
como deuses ou ancestrais. Há a idéia de totalidade referida pela palavra tao, que significa caminho, eixo, 
via central. Consolida-se uma visão de mundo dualista: Yin – “lado da montanha que está na sombra”; 
Yang – “lado da montanha que está no sol” (figura 4). A aplicação da doutrina do Yin/Yang à medicina 
foi documentada pela primeira vez no Nei Jing (O Clássico de Medicina Interna do Imperador Amarelo). As 
estruturas e funções orgânicas, assim como os sinais e sintomas de disfunções orgânicas, podem ser 
interpretados pela interação entre os dois princípios. O modelo Yin/Yang seria uma representação do 
conceito de homeostase (equilíbrio ótimo do meio interno do organismo), inicialmente descrito em 1850 pelo 
médico e fisiologista francês Claude Bernard (1813-1871) e, posteriormente, pelo médico e fisiologista 
americano Walter Cannon (1871-1945), em 1932. Na MTC o conceito de saúde está vinculado ao 
conceito de equilíbrio energético. O organismo é concebido como uma unidade que compreende os 
níveis físico, psíquico, emocional e espiritual em relação dinâmica com o meio ambiente. Equilíbrio 
energético é o equilíbrio entre Yin/Yang no organismo, que é garantido pela livre circulação do qi ou chi 
(pronuncia-se “tchi”): a energia vital. 
 
 
 
 
 
Os principais documentos sobre a MTC foram achados nos túmulos de três membros da dinastia 
Han Ocidental (c. 186-168 a.C.), no sítio arqueológico de Mawangdui, província de Hunan, descobertos 
entre 1972 e 1974: quatorze manuscritos em seda contendo os primórdios da medicina chinesa. 
A transição do conceito de “vento perverso” (entidade espiritual), remanescente da DINASTIA 
SHANG, para um fenômeno natural causador de doenças ocorre no “PERÍODO DOS ESTADOS 
 
4
 TAOÍSMO: Doutrina filosófico-religiosa desenvolvida pelos filósofos chineses Lao Tse (séc. VI a.C.) e Tchuang Tseu 
(século IV a.C.) e que tem como noção fundamental o grande princípio da ordem universal, o Tao (Caminho), sintetizador 
e harmonizador do Yin e do Yang, e que é alcançado ou que se tenta alcançar pela meditação e prática de exercícios físicos 
e respiratórios. 
CONFUCIONISMO: Sistema de idéias (políticas, religiosas e éticas) atribuído ao filósofo chinês Confúcio (551-479 a.C.) e 
seus seguidores, que se tornou doutrina oficial da China de 136 a.C. até 1912 d.C. Como doutrina, caracteriza-se pela 
valorização da família e do Estado e pelo exercício, nestes, das virtudes da justiça, da reverência aos antepassados e do 
amor filial, da sinceridade. 
Figura 4 – Modelo tai qi, representa a integração entre yin 
(fenômenos mais materiais, mais densos, mais profundos, mais 
frios, mais inertes e maisescuros) e yang (fenômenos mais 
imateriais, mais voláteis, mais quentes, mais claros e com mais 
movimento). 
 
 
Alves E & Tubino P. Medicina na China Antiga, 2012. 6 
GUERREIROS” juntamente com a construção do Yin/Yang e dos cinco elementos (movimentos). O 
conceito de “vento” foi modificado pelo conceito de qi. O qi divide-se em: 
– Qi pré-natal: qualidades essenciais da constituição física, vitalidade e inteligência (herdadas da 
união das essências dos pais na fertilização). Fica armazenado no sistema energético 
relacionado com os rins e as suprarrenais. Seria finito, devendo ser cultivado com práticas 
saudáveis para uma vida longa. 
– Qi pós-natal: obtido pelos nutrientes e pelo ar que se respira. Quanto mais se absorve esse qi 
menos se depleta o qi pré-natal. A alimentação e o ar devem ser de boa qualidade e as funções 
respiratória e digestiva otimizadas. 
 Quando qi pré-natal e pós-natal se combinam no corpo formam a “essência” ou jing, importante 
para as funções fisiológicas relacionadas com o crescimento, desenvolvimento e amadurecimento. Os 
“Três tesouros” do taoísmo (aspectos considerados fundamentais para a existência do corpo humano) 
são: Jing (Essência), Qi (Energia Vital) e Shen (Espírito). O qi (a energia vital) circula por um sistema de 
canais denominados meridianos. Internamente, os canais comunicam os órgãos com as vísceras 
respectivas (teoria dos órgãos Zang/Fu); externamente, com a superfície do corpo onde se encontram os 
pontos e tecidos (tendões, músculos, ossos, vasos e pele). Esses canais também conectam a parte 
superior com a inferior e a direita com a esquerda, perfazendo o “todo integral”. 
 
 TEORIA DOS ÓRGÃOS ZANG-FU: 
 Refere-se às interações entre os diversos sistemas orgânicos: os cinco órgãos, as seis vísceras e as 
estruturas extraordinárias. Os órgãos Zang-Fu são entidades funcionais estabelecidas pela MTC e não são 
equivalentes aos órgãos anatômicos. 
– Cinco órgãos “firmes” (yin): coração (incluindo o pericárdio com a função de proteger o 
coração), fígado, baço, pulmões e rins  a característica principal é a preservação das 
substâncias vitais. 
– Seis órgãos ocos ou vísceras (yang): vesícula biliar, estômago, intestino grosso, intestino 
delgado, bexiga e triplo aquecedor  a característica principal é o transporte, a digestão e 
absorção dos alimentos e da água. 
 TRIPLO AQUECEDOR: o aquecedor superior engloba o diafragma, coração e pulmão; o 
aquecedor médio engloba o estômago e o baço; o aquecedor inferior engloba o 
fígado, rim, bexiga e os intestinos. 
 FUNÇÕES DO TRIPLO AQUECEDOR: controlar a atividade do qi no corpo humano; 
controlar a respiração, a atividade da fluidez da energia vital, do sangue e dos líquidos 
corporais, distribuir os nutrientes e o qi; transformar e transportar os alimentos e a 
água; fornecer energia para os Zang-Fu; nutrir e fortalecer a energia sexual. 
– Estruturas de comportamento especial: cérebro, medula, ossos, vasos e útero. 
Para a compreensão da teoria Zang-Fu é importante ter em mente que a anatomia na MTC não se 
baseia em estudos anatômicos, ou seja, em dissecções de cadáveres como no Ocidente. Embora os 
nomes possam ser os mesmos usados na medicina ocidental, as estruturas são diferentes. A definição 
dos órgãos Zang-Fu fundamenta-se, principalmente, nas funções fisiológicas a eles atribuídas pela MTC 
(inclusive funções energéticas, psíquicas e espirituais) e não em suas formas e localização anatômica. 
Cada zang faz par com um fu e cada par é atribuído a um dos cinco movimentos. Os Zang-Fu também 
estão ligados aos 12 meridianos-padrão; cada meridiano yang está ligado a um órgão fu e cada meridiano 
yin está ligado a um órgão zang. 
 Através do sistema de canais podem penetrar agentes patogênicos externos ao organismo, dando 
origem às doenças; também são as vias pelas quais uma estrutura doente pode, por sua vez, enfermar a 
outra. Doenças são atribuídas a bloqueios, desequilíbrios e rupturas no movimento do qi através dos 
meridianos, assim como às deficiências e desequilíbrios do qi nos vários órgãos (zang) e vísceras (fu). 
Quando ocorre uma desorganização ou bloqueio do qi no organismo as proporções entre yin/yang se 
alteram, o equilíbrio energético é rompido e aparece a doença. As causas podem ser internas ou externas: 
 
Alves E & Tubino P. Medicina na China Antiga, 2012. 7 
– Internas  padrão psicoemocional da pessoa, deficiência da essência ou qi ancestral (a 
energia herdada dos pais) e desequilíbrios anteriores que tenham enfraquecido os zang-fu 
(órgãos e vísceras). 
– Externas  fatores climáticos, dieta, falta ou excesso de atividade física e intelectual. 
 Nos textos de Mawangdui são descritos 11 canais yin/yang, assim como 11 canais de moxibustão 
(moxabustão), tanto da mão quanto do pé. É provável que a moxibustão tenha precedido a acupuntura. 
O sistema de meridianos, atualmente, compreende: 12 meridianos principais, oito extraordinários, 12 
distintos, 15 colaterais, 12 tendinomusculares e 12 zonas cutâneas. Ao longo do sistema de canais 
(meridianos) há pontos específicos (pontos de acupuntura) ou pontos sensíveis que, quando estimulados, 
aliviam os sintomas ou corrigem os desequilíbrios no organismo. 
 
 
TEORIA DOS CINCO ELEMENTOS (CINCO MOVIMENTOS OU CINCO FASES) 
 
 Atribuída a Tsou Yen (c. 336-280 a.C.). Os cinco elementos não representam os elementos 
físicos, mas sim propriedades da matéria. São cinco estados de movimento, resultado das interações 
entre o yin/yang e o qi: água gera madeira, madeira gera fogo, fogo gera terra, terra gera metal, metal gera 
água (figura 5). Conforme o qi se movimenta no corpo, assume uma das cinco formas básicas em cada 
um dos órgãos correspondentes. 
 De acordo com Yamamura & Tabosa,5 “a teoria dos cinco movimentos derivou do processo de 
transmutação do yang para o yin e vice-versa. O yang representa a energia celeste, o calor, a expansão e 
corresponde ao movimento fogo, cuja característica básica é de manifestar-se pelo desenvolvimento 
pleno das atividades gerais. O yin representa a energia terrestre, a água, o frio, o repouso e suas 
características básicas são o início e o término de cada processo; é representado pelo movimento água. 
Na transmutação do yin para o yang ocorre uma fase intermediária (yang do yin), representada pelo 
movimento madeira, que se caracteriza pelos processos de crescimento. A transformação do yang para o 
yin também passa por uma fase intermediária (yin do yang), representada pelo movimento metal, que se 
caracteriza pelos processos de purificação e de seleção. Todas as fases de transmutação do yang  yin 
são conceituadas tendo como referencial o centro, representado pelo movimento terra e que se 
caracteriza pelos processos de transformação. Assim, essa teoria descreve as diversas fases pelas quais 
um processo cursa, desde sua origem (movimento água), atividade/movimentação (movimento 
madeira), desenvolvimento pleno (movimento fogo), elaboração de resposta por meio de seleção 
(movimento metal) e resolução final do processo (movimento água).” Yamamura & Tabosa consideram 
que essas concepções dinâmicas dos cinco movimentos podem ser correlacionadas aos órgãos internos 
(Zang-Fu) e interpretam a teoria dos cinco movimentos com base no mecanismo neurofisiológico e das 
vias neuranatômicas envolvidas na atividade funcional dos órgãos internos. Propõem as seguintes 
correlações: 
 “Ao movimento água corresponde o órgão (do ponto de vista anatômico) e é a esse nível que 
ocorre o início das atividades funcionais do órgão, respondendo aos estímulos eferentes, os quais vão 
agir sobre suas células desencadeando o movimento madeira do zang. Ao mesmo tempo, as atividades 
celulares estimulam os receptores nervosos que geram estímulos, que são conduzidos através de fibras 
do sistema nervoso periférico (aferentes viscerais dos nervosesplâncnicos) até a medula espinal e daí, 
através das vias ascendentes de projeção, ao encéfalo. Esse processo de condução/movimento pode ser 
correlacionado à passagem do movimento madeira para o fogo. Quando o estímulo atinge o encéfalo 
encontra seu estágio de desenvolvimento mais pleno; essa fase pode ser interpretada como relacionada 
ao movimento fogo. A resposta encefálica, através das vias descendentes, vai promover estímulos para 
que os vários tecidos produzam, liberem ou inibam a produção de substâncias (como 
neurotransmissores, hormônios e enzimas); essa fase, que corresponde a um processo de seleção, pode 
ser correlacionada ao movimento metal. Quando, finalmente, as substâncias que foram liberadas atuam 
 
5
 Yamamura Y, Tabosa A. Aspectos neuranatômicos e neurofisiológicos dos “Zang Fu” sob o enfoque dos cinco 
movimentos. Rev Paul Acupunt. 1995;1(1):33-7. 
 
Alves E & Tubino P. Medicina na China Antiga, 2012. 8 
nos efetores situados nos órgãos anatômicos, determinando a reação final ao estímulo, completa-se o 
ciclo com o retorno ao movimento água.” 
 Essas correlações podem ser aplicadas a situações patológicas. Podem ocorrer fenômenos de 
exacerbação ou de inibição pelos efeitos de dominância, contradominância ou inibição. 
– Ciclo da geração: no qual um elemento gera energia para o próximo: a madeira, por meio da 
sua queima, nutre o fogo; as cinzas dessa queima são transformadas em terra; a terra forma a 
base do metal, pois dentro dela se condensa o metal; ao ser formado, o metal expulsa de si a 
água; por fim, a madeira precisa da água para poder crescer. 
– Ciclo do controle (domínio): no qual um elemento controla o outro, evitando a aceleração dos 
processos: a madeira retém a terra; a terra absorve a água; a água apaga o fogo; o fogo funde o 
metal; o metal corta a madeira, fechando-se o ciclo. 
 Enquanto os ciclos da geração e do controle forem harmoniosos, haverá equilíbrio entre as cinco 
fases. 
 
 
Figura 5 – Diagrama dos cinco elementos. 
 
 
ALGUNS MÉDICOS DA DINASTIA HAN 
 
 Um dos grandes médicos da dinastia Han (206 a.C.-220 d.C.), o período mais glorioso da história 
médica da China, foi Zhang Zhongjing (ou Chang Chung Ching, 150-219), chamado Hipócrates da 
China Ele estabeleceu os princípios da terapêutica e resumir a experiência médica até sua época, dando 
grande contribuição ao desenvolvimento da MTC. Escreveu o “Tratado sobre Resfriados e Febres”, 
livro que teve profunda influência na medicina chinesa e é considerado o clássico mais importante 
depois do Nei Jing. 
 O grande cirurgião da época foi Hua Tuo (c. 110-208). Na China, é atribuída a ele a descoberta 
da anestesia (pó de Cannabis cozido). Dominava a arte das operações no abdome e a obstetrícia. Teria 
inventado a sutura, as pomadas para tratar inflamações, os tratamentos contra os áscaris. Preconizava a 
hidroterapia e os exercícios físicos para promover a saúde (“Jogo dos Cinco Animais”). 
 
 
DOENÇAS NA CHINA ANTIGA 
 
 Há descrições precisas da lepra (hanseníase) no Nei Jing. A varíola foi descrita na primeira metade 
do século IV e desde o século XI fazia-se a inoculação contra a doença pela introdução de crostas de 
 
Alves E & Tubino P. Medicina na China Antiga, 2012. 9 
pústulas da varíola nas fossas nasais, método que pode ter se originado na Índia. Outro método usado 
era vestir a roupa de alguém que tivesse a doença. 
 Algumas epidemias devastadoras não foram compreendidas e nem controladas; durante a dinastia 
Han uma aparente epidemia de febre tifóide matou dois terços da população de uma região.6 Uma 
doença que poderia ser a tuberculose foi reconhecida como contagiosa. Doenças venéreas (que eram mal 
diferenciadas) recebiam vários tratamentos, inclusive substâncias metálicas para uso interno; no século 
XVII já usavam arsênico. 
 O escorbuto foi descrito por volta do ano 200, por Zhang Zhongjing, e o beribéri passou a ser 
comum a partir século IV, quando os chineses Han migraram para o sul, onde o arroz era a cultura 
alimentar dominante.7 
 Aparentemente, em algumas épocas, houve lugares (hospitais) onde os doentes pobres eram 
atendidos por médicos-sacerdotes. Os mais ricos preferiam ser atendidos e tratados em suas próprias 
casas.6 
 
ANATOMIA E FISIOLOGIA NA MEDICINA TRADICIONAL CHINESA 
 
 O conhecimento de anatomia na antiga China era baseado no raciocínio e na suposição (figura 6). 
Não se dissecava porque o Confucionismo proibia a violação do corpo. Há um relato de que, no ano 
16 d.C., um médico da corte e um açougueiro receberam o encargo de abrir o cadáver de um criminoso 
para examinar suas vísceras e vasos. Entretanto, deve ser enfatizado que a anatomia, no sentido 
ocidental, não constitui a base da teoria e da prática médicas chinesas. Ao contrário, a medicina chinesa 
se preocupa com a dinâmica dos sistemas funcionais e não com órgãos específicos. Por essa razão a 
anatomia chinesa incorpora órgãos que não têm substrato físico, como o “triplo aquecedor”. Magner 8 
faz uma analogia com o id, ego e superego em psicologia; o triplo aquecedor tem funções, mas também não 
tem localização específica. 
 O primeiro livro chinês de anatomia foi de Yang Kiai (c. 1068-1140), que abriu um cadáver. 
Apesar de grandes deficiências e erros, o livro foi usado por sete séculos. Foi somente no século XVIII 
que Wang-Tsin-jen (1768-1831), já sob influências ocidentais, compôs um manual mais completo e 
com menos erros. No século XIX, mesmo em escolas médicas abertas pelos colonizadores (como na 
Viceroy’s Hospital Medical School, a primeira de todas, que foi fundada em 1881 pelo médico e missionário 
britânico John Mackenzie), a anatomia era ensinada por diagramas e modelos artificiais. 
 
 
 
 
Figura 6 – Representações “anatômicas” dos pulmões, coração 
e fígado (da esquerda para a direita) na China antiga. 
 
6 Lyons AS, Petrucelli, II, RJ. Medicine: an illustrated history. New York, NY: Harry N. Abrams, Inc., 1987. 
7 Simoons FJ. Food in China: a cultural and historical inquiry. Boca Raton, FL: CRC Press, Inc., 1991. 
8 Magner LN. A history of medicine. 2 ed. Boca Raton: Taylor & Francis; 2005. 
 
 
Alves E & Tubino P. Medicina na China Antiga, 2012. 10 
 O fundamento da enfermidade é o desequilíbrio na dinâmica do Yin/Yang, com a subsequente 
desordem na dinâmica dos cinco movimentos. 
 
 
DIAGNÓSTICO NA MEDICINA TRADICIONAL CHINESA 
 
 Métodos diagnósticos na China antiga: 
– Anamnese. Perguntar sobre o histórico do paciente. 
 Saber como o paciente teria desrespeitado o tao. 
– Observação da voz e do corpo. 
 Ouvir e cheirar. 
 Inspeção da língua. 
– Em algumas circunstâncias, tocar as partes afetadas. 
– Técnica mais importante: exame do pulso. 
 O pulso era tomado em onze pontos diferentes com pressão forte, mediana e débil. O 
exame do pulso poderia levar mais de uma hora e havia cerca de 200 tipos de pulsos. 
 
 
BONECAS DIAGNÓSTICAS CHINESAS 
 
 Na China do século XVII nenhuma dama se submeteria à indignidade de ser examinada. Era 
impróprio para um médico ver seu corpo e, sobretudo, fazer um exame físico. As bonecas diagnósticas 
foram usadas na China dos anos 1600 até a década de 1940 (figura 7). Eram nuas, exceto por seus 
pequeninos pés invariavelmente cobertos. Feitas geralmente de marfim e com cerca de 15 cm de 
comprimento, eram levadas pelos médicos em suas maletas. Quando eram chamados à casa de uma 
mulher de alta classe social, a boneca era entregue à criada da mulher enferma que ficava oculta atrás das 
cortinas de um leito com dossel. A criada levava a boneca à sua senhora e esta, então, apontava na 
boneca o lugar em que sentia dor; finalmente, a criada retornava a boneca e a informaçãoao médico que 
deveria fazer o diagnóstico. 
 
 
Figura 7 – Boneca diagnóstica chinesa do final do século XIX, início do século XX. 
Arquivo pessoal dos autores. 
 
 
TERAPÊUTICA NA MEDICINA TRADICIONAL CHINESA 
 
 De acordo com o Nei Jing, havia cinco métodos de tratamento: curar o espírito; nutrir o corpo; 
usar medicações; tratar o corpo como um todo; usar acupuntura e moxibustão (moxaterapia). 
 Com tais finalidades, eram preconizadas as seguintes condutas: 
 
Alves E & Tubino P. Medicina na China Antiga, 2012. 11 
– O médico devia reconduzir o paciente ao caminho certo, o tao; o paciente devia corrigir 
comportamentos questionáveis. 
– Exercícios para manter o corpo em forma e restaurar o bem estar. 
– Massagens (amassar, bater, beliscar e escoriar). 
– Dieta alimentar de acordo com as quantidades potenciais de yin e yang e com as estações do 
ano. 
 Cada um dos cinco sabores beneficiava um elemento particular do corpo: azedo para os 
ossos, adstringente para os tendões, salgado para o sangue, amargo para a respiração, doce 
para músculos. 
– Uso de emplastos. 
– Limpeza intestinal por meio de catárticos. 
– Acupuntura e moxibustão: teriam sido inventadas pelo Imperador Amarelo com os objetivos 
de remover as obstruções ao fluxo do qi nos canais e drenar o excesso de yin ou de yang para 
restabelecer o equilíbrio. Por esses meios também pode ser introduzida energia externa no corpo. 
 ACUPUNTURA (que teria sido usada pelos xamãs): era praticada com agulha muito finas de 
prata, ouro ou ferro, quentes ou frias, de diferentes comprimentos (de 3 a 24 cm). A 
punção era feita em diferentes pontos; em alguns tratados havia mais de 600 pontos. Sua 
técnica requer longo treinamento em manequins especiais. 
 MOXIBUSTÃO (MOXABUSTÃO): é tão antiga quanto a acupuntura. Os mesmos meridianos e 
pontos governam a colocação da moxa. A moxa (erva ardente) é, em geral, o produto da 
combustão da erva Artemisia sinensis (e Artemisia vulgaris). A combustão da artemísia aquece 
profundamente os pontos de acupuntura; o calor remove os bloqueios ao qi. 
– Ventosaterapia. 
– Tui na (tuiná): é uma forma de massagem chinesa usada com frequência, juntamente com 
outras técnicas terapêuticas da medicina tradicional chinesa. O tui na emprega técnicas de 
massagem para estimular ou sedar os pontos dos meridianos do paciente, visando o equilíbrio 
do fluxo de energia por esses canais. 
– Medicamentos: a farmacopéia chinesa sempre foi muito rica. Sob o nome de pent-ts’ao, cuja 
origem remonta ao imperador Chennong, foi publicada uma longa série de tratados 
farmacológicos: 
 Havia cerca de 2000 medicamentos vegetais, minerais e animais. 
 Minerais incluíam compostos de mercúrio, arsênico e pedras magnéticas. 
 Os animais, além do “dente do dragão” (pó de ossos fossilizados), incluíam virtualmente 
qualquer coisa obtida de criaturas vivas: partes inteiras, segmentos de órgãos, urina, esterco. 
 Vegetais (exemplos): ginseng, efedra (estimulante: efedrina), ruibarbo (laxante), salgueiro 
branco (analgésico: ácido salicílico). 
 
 
A PRÁTICA MÉDICA NA CHINA ANTIGA 
 
Na DINASTIA ZHOU já havia uma hierarquia dos médicos:6,8 
– Médico chefe (coletava drogas, examinava outros médicos e os reconhecia). 
– Médicos de alimentos (prescreviam seis tipos de alimentos e bebidas). 
– Médicos de doenças simples (cefaléias, resfriados, pequenos ferimentos). 
– Médicos de úlceras ( possivelmente cirurgiões). 
– Médicos de animais (veterinários). 
 Os médicos eram avaliados de acordo com seus resultados e para tal tinham que relatar seus 
sucessos e falhas. A partir do século VII passaram a ser exigidos exames para quem quisesse se qualificar 
como médico, cerca de quatro séculos antes que no Ocidente. Os médicos chineses mantinham seus 
conhecimentos em segredo, passando-os somente aos filhos ou a pessoas selecionadas. Escolas formais 
 
Alves E & Tubino P. Medicina na China Antiga, 2012. 12 
foram estabelecidas desde o século X. Médicos e farmacêuticos já eram categorias separadas desde muito 
tempo, mas ambos eram curadores. 
 No início do século XIV havia médicos para: grandes vasos sanguíneos; pequenos vasos; febres; 
varíola; olhos; pele; ossos; laringe; boca e dentes. Havia ginecologistas, pediatras e pulsologistas para 
doenças internas, medicina externa, nariz e garganta, e doenças das crianças. Alguns curadores se 
especializaram em moxibustão, acupuntura ou massagem. Os cirurgiões eram, em geral, de nível baixo. 
A obstetrícia esteve nas mãos das parteiras por muitos séculos. Não se sabe quando as primeiras 
mulheres médicas começaram a praticar. Houve uma médica citada pelo nome em documentos da 
dinastia Han (206 a.C.-220 d.C.). No século XIV as mulheres foram oficialmente reconhecidas como 
médicas. 
 A medicina chinesa se difundiu na vizinha Coréia por volta do século VI e no Japão a partir do 
século VII. 
 
 
Referências/Leitura selecionada sugerida 
 
Ergil MC, Ergil KV. Pocket atlas of Chinese medicine. Stuttgart - New York: Thieme; 2009. 
Hoizey D. Histoire de la médecine chinoise. Paris: Édition Payot; 1988. 
Lyons AS, Petrucelli, II, RJ. Medicine: an illustrated history. New York, NY: Harry N. Abrams; 1987. 
Magner LN. A history of medicine. 2 ed. Boca Raton: Taylor & Francis; 2005. 
Simoons FJ. Food in China: a cultural and historical inquiry. Boca Raton: CRC Press; 1991. 
Unschuld PU. Medicine in China. A history of ideas. Berkeley - Los Angeles: University of California Press, 
1985. 
Yamamura Y, Tabosa A. Aspectos neuranatômicos e neurofisiológicos dos “Zang Fu” sob o enfoque dos 
cinco movimentos. Rev Paul Acupunt. 1995;1(1):33-7.

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