Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
MEDICINA NA CHINA ANTIGA Elaine Alves Paulo Tubino A civilização chinesa teve origem no Período Neolítico (cerca de 8.000 a.C. a 5.000-4000 a.C.), em várias cidades-estado no vale do Rio Amarelo, onde surgiram as primeiras dinastias Xia e Shang (figuras 1 e 2). Figura 1 – Mapa da China antiga (Fonte: Duby G. Atlas historique mondial. Paris: Larousse; 2003. p. 185). Segundo a lenda, as origens da civilização chinesa (assim como da medicina tradicional chinesa) remontam a três imperadores míticos – os “Três Augustos” – que teriam governado a partir de 2800 anos antes de Cristo: Fu Xi, Shen Nong e Huang Di. Fu Xi (Fuxi) teria inventado a escrita, a pintura, a música, a caça e a pesca; criador do Ba Gua (oito trigramas ou oito mutações), que indica os oito caminhos que se abrem a partir de cada situação, e que se crê ser a base do I Ching (Livro das Mutações). Shen Nong (Shennong) é saudado como o “Divino Cultivador” por ser o fundador da fitoterapia, além de ter ensinado a agricultura às pessoas. Uma lenda chinesa diz que o Imperador Shennong descobriu o chá. Ele descansava sob uma árvore enquanto seus servos ferviam água para beber e algumas folhas caíram na vasilha. Atraído pelo aroma, provou o líquido e surpreendeu-se com o sabor agradável. Nascia então, o chá. O chá verde tem propriedades antioxidantes (é rico em polifenóis, especialmente catequinas, minerais e vitaminas) e poderia contribuir, por exemplo: para a redução do risco de doenças cardiovasculares, diabetes e alguns tipos de câncer; para o emagrecimento e contra o envelhecimento. Shennong, a fim de determinar a natureza dos diferentes fitoterápicos, teria ingerido centenas de plantas medicinais e venenosas para testar seus efeitos individuais, fato crucial para o desenvolvimento da medicina chinesa; a ele se atribui um livro: O Clássico da Matéria Médica do Imperador da Agricultura. Alves E & Tubino P. Medicina na China Antiga, 2012. 2 Huang Di (Huangdi,), o lendário Imperador Amarelo, teria reinado de 2698 a.C. a 2599 a.C. Durante o reinado de 100 anos, deu a seu povo a roda, o imã, o calendário, um observatório astronômico, a arte de medir o pulso e o Huangdi Nei Jing (O Clássico de Medicina Interna do Imperador Amarelo). Conta-se que Huangdi se interessava pela saúde e pela condição humana e questionava seus ministros sobre a tradição médica da época. Do registro dos diálogos entre Huangdi e seu Ministro da Saúde, Ch’i Po, teria surgido a obra conhecida como O Clássico Interno (ou Clássico de Medicina Interna) do Imperador Amarelo. O Clássico Interno do Imperador Amarelo é um dos livros fundamentais da medicina tradicional chinesa. Divide-se em dois livros, de 81 capítulos cada um: Su Wen – “Questões Básicas” (com a descrição de doenças e métodos diagnósticos); Ling Shu – “Eixo Espiritual” (com técnicas de acupuntura). Há muitas versões sobe a origem desses textos. Acredita-se que o Nei Jing tenha sido realmente escrito por um grupo de médicos do PERÍODO DOS REINOS COMBATENTES (475 a.C. - 221 a.C.). Os sábios da corte teriam feito uma síntese da tradição oral médica chinesa daquela época. Através dos tempos, houve diferentes adaptações e versões. DINASTIA SHANG: TERAPIA ORACULAR Os primeiros traços de atividade terapêutica foram encontrados na DINASTIA SHANG (c. 1600- 1046 a.C.)1, em inscrições em ossos e cascos de tartarugas usados com fins oraculares (a mais antiga forma escrita descoberta na China). A DINASTIA SHANG foi a segunda na história da China e a primeira a ter sua existência histórica documentada. Sua extensão territorial abrangia o vale do rio Amarelo. DINASTIA Três Augustos e os Cinco Imperadores Dinastia Xia Dinastia Shang Dinastia Zhou Primaveras e Outonos* Reinos Combatentes* Dinastia Qin Dinastia Han Ocidental ou Han Anterior Dinastia Xin Dinastia Han Oriental ou Han Posterior Três Reinos Dinastía Jin Ocidental Dinastia Jin Oriental (Dezesseis Reinos) Dinastias do Norte e do Sul Dinastia Sui Dinastia Tang Cinco Dinastias e Dez Reinos Dinastia Song do Norte Dinastia Song do Sul Dinastia Liao Dinastia Jin Dinastia Yuan Dinastia Ming Dinastia Qing * Incluídas na dinastia Zhou por alguns autores. PERÍODO APROXIMADO Até 2070 a.C. 2100 a.C. a 1600 a.C. 1600 a.C. a 1046 a.C. 1046 a.C. a 771 a.C. 722 a.C. a 476 a.C. 475 a.C. a 221 a.C. 221 a.C. a 206 a.C. 206 a.C a 9 d.C. 9 a 23 25 a 220 220 a 265 265 a 317 317 a 420 420 a 589 581 a 618 618 a 907 907 a 960 960 a 1127 1127 a 1279 916 a 1125 1115 a 1234 1271 a 1368 1368 a 1644 1644-1912 Figura 2 – Cronologia das dinastias chinesas. 1 A China foi governada por imperadores pertencentes a diversas dinastias até 1912. A cronologia aproximada das dinastias chinesas está representada na figura 2. Alves E & Tubino P. Medicina na China Antiga, 2012. 3 A visão de mundo na DINASTIA SHANG abrangia uma comunidade composta pelos vivos e pelos mortos. Os mortos (os ancestrais) governavam o mundo, mas dependiam dos vivos para lhes levarem provisões. Se os vivos falhassem em cumprir suas obrigações, as manifestações de desagrado por parte dos mortos eram inevitáveis. Havia rituais de oferendas aos mortos, a fim de restituir a harmonia à sociedade. O divino ou supremo ancestral era Ti. Ele proporcionava colheitas abundantes aos vivos e prestava assistência no campo de batalha. Acreditava-se que os ancestrais do rei tinham influência direta nas ações de Ti. Cabia ao rei conhecer, através do oráculo, suas vontades sobre as diferentes questões e, se necessário, exercer pressão por meio de palavras ou ofertas materiais. A princípio, somente alguns ossos bovinos (e depois, cascos de tartarugas) eram empregados como meio de comunicação (figura 3). Eram preparados em grande número e apresentados ao rei depois de terem sido feitos vários orifícios no osso ou na carapaça. O rei (ou um adivinho a serviço do rei) fazia então a pergunta e submetia o osso ao calor, resfriando-o em seguida rapidamente, produzindo uma série de rachaduras que irradiavam dos orifícios. A interpretação dessas rachaduras pelo rei revelava a vontade de seus ancestrais no assunto em questão. Assim, a consulta e a interpretação do oráculo no caso da determinação da origem de uma doença e os procedimentos que deveriam ser adotados, cabiam ao rei e seus auxiliares. As categorias medicina e doença não existiam, mas havia a “maldição do ancestral”, que poderia causar tanto dor de dente como perda da colheita ou falta de sorte na guerra.2 Entretanto, havia alguma compreensão acerca das enfermidades; nomes de mais de 20 tipos de doenças (incluindo doenças de crianças e mulheres, da cabeça, ouvidos, nariz, dentes, abdome e pés) foram gravados nos já citados ossos e carapaças de tartarugas. Os fatores climáticos eram percebidos como causadores de enfermidades, mas considerados como entidades espirituais. Nessa época surgiu o conceito de “vento perverso”, que iria se transformar e desempenhar um papel importante mais tarde, no processo de formação da medicina tradicional chinesa (MTC). Havia xamãs: shī (representante dos mortos) e wú (feiticeiro), geralmente membros da família real e de ambos os sexos. Embora nenhuma inscrição oracular contivesse nomes de drogas específicas e não tenha sido encontrado nenhum caractere que significasse “medicação”, achados arqueológicos em túmulos da DINASTIA SHANG evidenciam vestígios do uso precoce de frutos e plantas medicinais, indicando que havia tratamentos na época.3 Figura 3 – Ossos oraculares chineses da dinastia Shang. Os da esquerda estão no Linden-Museum Stuttgart, Alemanha; o da direita, uma omoplata de bovino, está no Museu de Xangai, RepublicaPopular da China (fotografias reproduzidas de acordo com a licença de documentação livre GNU). 2 Unschuld PU. Medicine in China – A History of Ideas. Berkeley and Los Angeles: University of California Press, 1985. 3 Hoizey D. Histoire de la médecine chinoise. Paris: Édition Payot, 1988. Alves E & Tubino P. Medicina na China Antiga, 2012. 4 DINASTIA ZHOU: MEDICINA DEMONOLÓGICA (DEMONÍACA) A DINASTIA ZHOU ou CHOU (c. 1046-771 a.C.) conquistou o poder dos SHANG e instaurou um sistema feudal. No que se refere à medicina, houve uma diminuição da importância dos ancestrais e uma crescente percepção dos demônios, chamados kuei, como responsáveis pelas doenças. Mulheres durante o parto e os lactentes eram particularmente vulneráveis. O ancestral Ti foi substituído por T’ien, uma divindade celestial. Durante grande parte da DINASTIA ZHOU, a consulta aos ossos oraculares foi mantida como na DINASTIA SHANG e os xamãs (wú) do período SHANG também eram encontrados. Entretanto, com o passar do tempo, os xamãs foram perdendo seu poder político e terminaram se estabelecendo como curadores e adivinhos entre as pessoas comuns. No final da DINASTIA ZHOU, os xamãs (os chamados wú eram, inicialmente, mulheres) eram encarregados de rituais com transes e exorcismos para expulsar os demônios causadores de doenças; teriam o poder de influenciar os ventos e se comunicar com os céus para entender o futuro. Atendiam nas aldeias de forma coletiva e também individualmente. Como no sistema de terapia dos ancestrais, o sistema de medicina demoníaca se baseava na existência de seres visíveis e invisíveis no universo. O sistema de terapia dos ancestrais supunha que cada pessoa era associada individualmente a um ancestral e considerava a aderência às convenções sociais um fator de proteção contra as adversidades; o sistema de medicina demoníaca considerava que a proteção só poderia ser fornecida por um espírito protetor cuja hierarquia metafísica fosse superior à do demônio causador do problema. Além dos rituais, também eram usadas drogas medicinais para expelir ou destruir os demônios como, por exemplo: ervas, substâncias aromáticas, preparados animais ou partes de animais, o pano menstrual de uma mulher. Há relatos de que a acupuntura era usada contra os demônios.2 DINASTIA QIN Entre 771 a.C. e 221 a.C., a China passou a ser formada por vários reinos de pequenas dimensões. Em 221 a.C., todos os reinos combatentes foram anexados ao estado QIN, dando inicio à dinastia Qin (221 a.C.-206 a.C.). Durante a DINASTIA QIN foi iniciada a construção da “Grande Muralha”. Qin Shi Huangdi (260 a.C.-210 a.C.) foi rei do Estado chinês de QIN (247 a.C.-221 a.C.); posterior-mente, tornou-se o primeiro imperador da China unificada (221 a.C.-210 a.C.), reinando com a alcunha de Primeiro Imperador. Governou com tirania, proibiu as críticas e mandou queimar os livros de História e de Filosofia; exceções foram feitas somente para textos sobre medicina, drogas, divinação, agricultura e silvicultura. Qin Shihuang não queria morrer e convocou todos os médicos e cientistas do reino para que inventassem um remédio que o tornasse imortal. Recebeu pílulas que continham mercúrio e que o mataram. Outra versão fala em uma poção, também com mercúrio. A morte de Qin Shihuang, após onze anos de reinado, reacendeu a oposição dos círculos feudais. Houve revoltas, de trabalhadores a soldados, em todos os lugares na China. DINASTIA HAN: SISTEMATIZAÇÃO DA MEDICINA CHINESA Em 206 a.C. teve início a DINASTIA HAN e com ela o grande desenvolvimento da civilização chinesa. A China se transformou, oficialmente, em um estado confucionista na DINASTIA HAN. A DINASTIA HAN divide-se em: HAN OCIDENTAL ou ANTERIOR, que durou de 206 a.C. a 8 d.C., e HAN ORIENTAL ou POSTERIOR, que governou de 25 d.C. a 220 d.C. O povo chinês ainda se refere a si mesmo como povo Han (93% dos chineses atuais), cujo grande ancestral foi o Imperador Amarelo. A agricultura, o artesanato e o comércio floresceram e a população chegou a 55 milhões. Foram inventados o papel e a porcelana e foi aberta a primeira rota de comércio terrestre com o Ocidente: a Alves E & Tubino P. Medicina na China Antiga, 2012. 5 “Rota da Seda”. O império estendeu sua influência cultural e política sobre os atuais Vietnã, Mongólia, Coréia e Ásia Central. Houve expansão territorial com a anexação de partes do norte da Coréia e Vietnã. A DINASTIA HAN (206 a.C. a 220 d.C.) marca o período de sistematização da medicina chinesa. MEDICINA TRADICIONAL CHINESA (MTC) A origem da MTC remonta a períodos muito antigos. Entre 418 a.C. e 221 a.C. (PERÍODO DOS REINOS COMBATENTES) surgem os conceitos da chamada “filosofia natural chinesa”, que irão influenciar toda a ciência chinesa: a “doutrina do Yin/Yang; a “Teoria dos Cinco Movimentos; a idéia de Qi; o taoísmo e o confucionismo4. A filosofia chinesa que emergiu no século IV a.C. tentava explicar os fenômenos do mundo como ocorrências naturais (como os gregos), sem referir-se a forças misteriosas, como deuses ou ancestrais. Há a idéia de totalidade referida pela palavra tao, que significa caminho, eixo, via central. Consolida-se uma visão de mundo dualista: Yin – “lado da montanha que está na sombra”; Yang – “lado da montanha que está no sol” (figura 4). A aplicação da doutrina do Yin/Yang à medicina foi documentada pela primeira vez no Nei Jing (O Clássico de Medicina Interna do Imperador Amarelo). As estruturas e funções orgânicas, assim como os sinais e sintomas de disfunções orgânicas, podem ser interpretados pela interação entre os dois princípios. O modelo Yin/Yang seria uma representação do conceito de homeostase (equilíbrio ótimo do meio interno do organismo), inicialmente descrito em 1850 pelo médico e fisiologista francês Claude Bernard (1813-1871) e, posteriormente, pelo médico e fisiologista americano Walter Cannon (1871-1945), em 1932. Na MTC o conceito de saúde está vinculado ao conceito de equilíbrio energético. O organismo é concebido como uma unidade que compreende os níveis físico, psíquico, emocional e espiritual em relação dinâmica com o meio ambiente. Equilíbrio energético é o equilíbrio entre Yin/Yang no organismo, que é garantido pela livre circulação do qi ou chi (pronuncia-se “tchi”): a energia vital. Os principais documentos sobre a MTC foram achados nos túmulos de três membros da dinastia Han Ocidental (c. 186-168 a.C.), no sítio arqueológico de Mawangdui, província de Hunan, descobertos entre 1972 e 1974: quatorze manuscritos em seda contendo os primórdios da medicina chinesa. A transição do conceito de “vento perverso” (entidade espiritual), remanescente da DINASTIA SHANG, para um fenômeno natural causador de doenças ocorre no “PERÍODO DOS ESTADOS 4 TAOÍSMO: Doutrina filosófico-religiosa desenvolvida pelos filósofos chineses Lao Tse (séc. VI a.C.) e Tchuang Tseu (século IV a.C.) e que tem como noção fundamental o grande princípio da ordem universal, o Tao (Caminho), sintetizador e harmonizador do Yin e do Yang, e que é alcançado ou que se tenta alcançar pela meditação e prática de exercícios físicos e respiratórios. CONFUCIONISMO: Sistema de idéias (políticas, religiosas e éticas) atribuído ao filósofo chinês Confúcio (551-479 a.C.) e seus seguidores, que se tornou doutrina oficial da China de 136 a.C. até 1912 d.C. Como doutrina, caracteriza-se pela valorização da família e do Estado e pelo exercício, nestes, das virtudes da justiça, da reverência aos antepassados e do amor filial, da sinceridade. Figura 4 – Modelo tai qi, representa a integração entre yin (fenômenos mais materiais, mais densos, mais profundos, mais frios, mais inertes e maisescuros) e yang (fenômenos mais imateriais, mais voláteis, mais quentes, mais claros e com mais movimento). Alves E & Tubino P. Medicina na China Antiga, 2012. 6 GUERREIROS” juntamente com a construção do Yin/Yang e dos cinco elementos (movimentos). O conceito de “vento” foi modificado pelo conceito de qi. O qi divide-se em: – Qi pré-natal: qualidades essenciais da constituição física, vitalidade e inteligência (herdadas da união das essências dos pais na fertilização). Fica armazenado no sistema energético relacionado com os rins e as suprarrenais. Seria finito, devendo ser cultivado com práticas saudáveis para uma vida longa. – Qi pós-natal: obtido pelos nutrientes e pelo ar que se respira. Quanto mais se absorve esse qi menos se depleta o qi pré-natal. A alimentação e o ar devem ser de boa qualidade e as funções respiratória e digestiva otimizadas. Quando qi pré-natal e pós-natal se combinam no corpo formam a “essência” ou jing, importante para as funções fisiológicas relacionadas com o crescimento, desenvolvimento e amadurecimento. Os “Três tesouros” do taoísmo (aspectos considerados fundamentais para a existência do corpo humano) são: Jing (Essência), Qi (Energia Vital) e Shen (Espírito). O qi (a energia vital) circula por um sistema de canais denominados meridianos. Internamente, os canais comunicam os órgãos com as vísceras respectivas (teoria dos órgãos Zang/Fu); externamente, com a superfície do corpo onde se encontram os pontos e tecidos (tendões, músculos, ossos, vasos e pele). Esses canais também conectam a parte superior com a inferior e a direita com a esquerda, perfazendo o “todo integral”. TEORIA DOS ÓRGÃOS ZANG-FU: Refere-se às interações entre os diversos sistemas orgânicos: os cinco órgãos, as seis vísceras e as estruturas extraordinárias. Os órgãos Zang-Fu são entidades funcionais estabelecidas pela MTC e não são equivalentes aos órgãos anatômicos. – Cinco órgãos “firmes” (yin): coração (incluindo o pericárdio com a função de proteger o coração), fígado, baço, pulmões e rins a característica principal é a preservação das substâncias vitais. – Seis órgãos ocos ou vísceras (yang): vesícula biliar, estômago, intestino grosso, intestino delgado, bexiga e triplo aquecedor a característica principal é o transporte, a digestão e absorção dos alimentos e da água. TRIPLO AQUECEDOR: o aquecedor superior engloba o diafragma, coração e pulmão; o aquecedor médio engloba o estômago e o baço; o aquecedor inferior engloba o fígado, rim, bexiga e os intestinos. FUNÇÕES DO TRIPLO AQUECEDOR: controlar a atividade do qi no corpo humano; controlar a respiração, a atividade da fluidez da energia vital, do sangue e dos líquidos corporais, distribuir os nutrientes e o qi; transformar e transportar os alimentos e a água; fornecer energia para os Zang-Fu; nutrir e fortalecer a energia sexual. – Estruturas de comportamento especial: cérebro, medula, ossos, vasos e útero. Para a compreensão da teoria Zang-Fu é importante ter em mente que a anatomia na MTC não se baseia em estudos anatômicos, ou seja, em dissecções de cadáveres como no Ocidente. Embora os nomes possam ser os mesmos usados na medicina ocidental, as estruturas são diferentes. A definição dos órgãos Zang-Fu fundamenta-se, principalmente, nas funções fisiológicas a eles atribuídas pela MTC (inclusive funções energéticas, psíquicas e espirituais) e não em suas formas e localização anatômica. Cada zang faz par com um fu e cada par é atribuído a um dos cinco movimentos. Os Zang-Fu também estão ligados aos 12 meridianos-padrão; cada meridiano yang está ligado a um órgão fu e cada meridiano yin está ligado a um órgão zang. Através do sistema de canais podem penetrar agentes patogênicos externos ao organismo, dando origem às doenças; também são as vias pelas quais uma estrutura doente pode, por sua vez, enfermar a outra. Doenças são atribuídas a bloqueios, desequilíbrios e rupturas no movimento do qi através dos meridianos, assim como às deficiências e desequilíbrios do qi nos vários órgãos (zang) e vísceras (fu). Quando ocorre uma desorganização ou bloqueio do qi no organismo as proporções entre yin/yang se alteram, o equilíbrio energético é rompido e aparece a doença. As causas podem ser internas ou externas: Alves E & Tubino P. Medicina na China Antiga, 2012. 7 – Internas padrão psicoemocional da pessoa, deficiência da essência ou qi ancestral (a energia herdada dos pais) e desequilíbrios anteriores que tenham enfraquecido os zang-fu (órgãos e vísceras). – Externas fatores climáticos, dieta, falta ou excesso de atividade física e intelectual. Nos textos de Mawangdui são descritos 11 canais yin/yang, assim como 11 canais de moxibustão (moxabustão), tanto da mão quanto do pé. É provável que a moxibustão tenha precedido a acupuntura. O sistema de meridianos, atualmente, compreende: 12 meridianos principais, oito extraordinários, 12 distintos, 15 colaterais, 12 tendinomusculares e 12 zonas cutâneas. Ao longo do sistema de canais (meridianos) há pontos específicos (pontos de acupuntura) ou pontos sensíveis que, quando estimulados, aliviam os sintomas ou corrigem os desequilíbrios no organismo. TEORIA DOS CINCO ELEMENTOS (CINCO MOVIMENTOS OU CINCO FASES) Atribuída a Tsou Yen (c. 336-280 a.C.). Os cinco elementos não representam os elementos físicos, mas sim propriedades da matéria. São cinco estados de movimento, resultado das interações entre o yin/yang e o qi: água gera madeira, madeira gera fogo, fogo gera terra, terra gera metal, metal gera água (figura 5). Conforme o qi se movimenta no corpo, assume uma das cinco formas básicas em cada um dos órgãos correspondentes. De acordo com Yamamura & Tabosa,5 “a teoria dos cinco movimentos derivou do processo de transmutação do yang para o yin e vice-versa. O yang representa a energia celeste, o calor, a expansão e corresponde ao movimento fogo, cuja característica básica é de manifestar-se pelo desenvolvimento pleno das atividades gerais. O yin representa a energia terrestre, a água, o frio, o repouso e suas características básicas são o início e o término de cada processo; é representado pelo movimento água. Na transmutação do yin para o yang ocorre uma fase intermediária (yang do yin), representada pelo movimento madeira, que se caracteriza pelos processos de crescimento. A transformação do yang para o yin também passa por uma fase intermediária (yin do yang), representada pelo movimento metal, que se caracteriza pelos processos de purificação e de seleção. Todas as fases de transmutação do yang yin são conceituadas tendo como referencial o centro, representado pelo movimento terra e que se caracteriza pelos processos de transformação. Assim, essa teoria descreve as diversas fases pelas quais um processo cursa, desde sua origem (movimento água), atividade/movimentação (movimento madeira), desenvolvimento pleno (movimento fogo), elaboração de resposta por meio de seleção (movimento metal) e resolução final do processo (movimento água).” Yamamura & Tabosa consideram que essas concepções dinâmicas dos cinco movimentos podem ser correlacionadas aos órgãos internos (Zang-Fu) e interpretam a teoria dos cinco movimentos com base no mecanismo neurofisiológico e das vias neuranatômicas envolvidas na atividade funcional dos órgãos internos. Propõem as seguintes correlações: “Ao movimento água corresponde o órgão (do ponto de vista anatômico) e é a esse nível que ocorre o início das atividades funcionais do órgão, respondendo aos estímulos eferentes, os quais vão agir sobre suas células desencadeando o movimento madeira do zang. Ao mesmo tempo, as atividades celulares estimulam os receptores nervosos que geram estímulos, que são conduzidos através de fibras do sistema nervoso periférico (aferentes viscerais dos nervosesplâncnicos) até a medula espinal e daí, através das vias ascendentes de projeção, ao encéfalo. Esse processo de condução/movimento pode ser correlacionado à passagem do movimento madeira para o fogo. Quando o estímulo atinge o encéfalo encontra seu estágio de desenvolvimento mais pleno; essa fase pode ser interpretada como relacionada ao movimento fogo. A resposta encefálica, através das vias descendentes, vai promover estímulos para que os vários tecidos produzam, liberem ou inibam a produção de substâncias (como neurotransmissores, hormônios e enzimas); essa fase, que corresponde a um processo de seleção, pode ser correlacionada ao movimento metal. Quando, finalmente, as substâncias que foram liberadas atuam 5 Yamamura Y, Tabosa A. Aspectos neuranatômicos e neurofisiológicos dos “Zang Fu” sob o enfoque dos cinco movimentos. Rev Paul Acupunt. 1995;1(1):33-7. Alves E & Tubino P. Medicina na China Antiga, 2012. 8 nos efetores situados nos órgãos anatômicos, determinando a reação final ao estímulo, completa-se o ciclo com o retorno ao movimento água.” Essas correlações podem ser aplicadas a situações patológicas. Podem ocorrer fenômenos de exacerbação ou de inibição pelos efeitos de dominância, contradominância ou inibição. – Ciclo da geração: no qual um elemento gera energia para o próximo: a madeira, por meio da sua queima, nutre o fogo; as cinzas dessa queima são transformadas em terra; a terra forma a base do metal, pois dentro dela se condensa o metal; ao ser formado, o metal expulsa de si a água; por fim, a madeira precisa da água para poder crescer. – Ciclo do controle (domínio): no qual um elemento controla o outro, evitando a aceleração dos processos: a madeira retém a terra; a terra absorve a água; a água apaga o fogo; o fogo funde o metal; o metal corta a madeira, fechando-se o ciclo. Enquanto os ciclos da geração e do controle forem harmoniosos, haverá equilíbrio entre as cinco fases. Figura 5 – Diagrama dos cinco elementos. ALGUNS MÉDICOS DA DINASTIA HAN Um dos grandes médicos da dinastia Han (206 a.C.-220 d.C.), o período mais glorioso da história médica da China, foi Zhang Zhongjing (ou Chang Chung Ching, 150-219), chamado Hipócrates da China Ele estabeleceu os princípios da terapêutica e resumir a experiência médica até sua época, dando grande contribuição ao desenvolvimento da MTC. Escreveu o “Tratado sobre Resfriados e Febres”, livro que teve profunda influência na medicina chinesa e é considerado o clássico mais importante depois do Nei Jing. O grande cirurgião da época foi Hua Tuo (c. 110-208). Na China, é atribuída a ele a descoberta da anestesia (pó de Cannabis cozido). Dominava a arte das operações no abdome e a obstetrícia. Teria inventado a sutura, as pomadas para tratar inflamações, os tratamentos contra os áscaris. Preconizava a hidroterapia e os exercícios físicos para promover a saúde (“Jogo dos Cinco Animais”). DOENÇAS NA CHINA ANTIGA Há descrições precisas da lepra (hanseníase) no Nei Jing. A varíola foi descrita na primeira metade do século IV e desde o século XI fazia-se a inoculação contra a doença pela introdução de crostas de Alves E & Tubino P. Medicina na China Antiga, 2012. 9 pústulas da varíola nas fossas nasais, método que pode ter se originado na Índia. Outro método usado era vestir a roupa de alguém que tivesse a doença. Algumas epidemias devastadoras não foram compreendidas e nem controladas; durante a dinastia Han uma aparente epidemia de febre tifóide matou dois terços da população de uma região.6 Uma doença que poderia ser a tuberculose foi reconhecida como contagiosa. Doenças venéreas (que eram mal diferenciadas) recebiam vários tratamentos, inclusive substâncias metálicas para uso interno; no século XVII já usavam arsênico. O escorbuto foi descrito por volta do ano 200, por Zhang Zhongjing, e o beribéri passou a ser comum a partir século IV, quando os chineses Han migraram para o sul, onde o arroz era a cultura alimentar dominante.7 Aparentemente, em algumas épocas, houve lugares (hospitais) onde os doentes pobres eram atendidos por médicos-sacerdotes. Os mais ricos preferiam ser atendidos e tratados em suas próprias casas.6 ANATOMIA E FISIOLOGIA NA MEDICINA TRADICIONAL CHINESA O conhecimento de anatomia na antiga China era baseado no raciocínio e na suposição (figura 6). Não se dissecava porque o Confucionismo proibia a violação do corpo. Há um relato de que, no ano 16 d.C., um médico da corte e um açougueiro receberam o encargo de abrir o cadáver de um criminoso para examinar suas vísceras e vasos. Entretanto, deve ser enfatizado que a anatomia, no sentido ocidental, não constitui a base da teoria e da prática médicas chinesas. Ao contrário, a medicina chinesa se preocupa com a dinâmica dos sistemas funcionais e não com órgãos específicos. Por essa razão a anatomia chinesa incorpora órgãos que não têm substrato físico, como o “triplo aquecedor”. Magner 8 faz uma analogia com o id, ego e superego em psicologia; o triplo aquecedor tem funções, mas também não tem localização específica. O primeiro livro chinês de anatomia foi de Yang Kiai (c. 1068-1140), que abriu um cadáver. Apesar de grandes deficiências e erros, o livro foi usado por sete séculos. Foi somente no século XVIII que Wang-Tsin-jen (1768-1831), já sob influências ocidentais, compôs um manual mais completo e com menos erros. No século XIX, mesmo em escolas médicas abertas pelos colonizadores (como na Viceroy’s Hospital Medical School, a primeira de todas, que foi fundada em 1881 pelo médico e missionário britânico John Mackenzie), a anatomia era ensinada por diagramas e modelos artificiais. Figura 6 – Representações “anatômicas” dos pulmões, coração e fígado (da esquerda para a direita) na China antiga. 6 Lyons AS, Petrucelli, II, RJ. Medicine: an illustrated history. New York, NY: Harry N. Abrams, Inc., 1987. 7 Simoons FJ. Food in China: a cultural and historical inquiry. Boca Raton, FL: CRC Press, Inc., 1991. 8 Magner LN. A history of medicine. 2 ed. Boca Raton: Taylor & Francis; 2005. Alves E & Tubino P. Medicina na China Antiga, 2012. 10 O fundamento da enfermidade é o desequilíbrio na dinâmica do Yin/Yang, com a subsequente desordem na dinâmica dos cinco movimentos. DIAGNÓSTICO NA MEDICINA TRADICIONAL CHINESA Métodos diagnósticos na China antiga: – Anamnese. Perguntar sobre o histórico do paciente. Saber como o paciente teria desrespeitado o tao. – Observação da voz e do corpo. Ouvir e cheirar. Inspeção da língua. – Em algumas circunstâncias, tocar as partes afetadas. – Técnica mais importante: exame do pulso. O pulso era tomado em onze pontos diferentes com pressão forte, mediana e débil. O exame do pulso poderia levar mais de uma hora e havia cerca de 200 tipos de pulsos. BONECAS DIAGNÓSTICAS CHINESAS Na China do século XVII nenhuma dama se submeteria à indignidade de ser examinada. Era impróprio para um médico ver seu corpo e, sobretudo, fazer um exame físico. As bonecas diagnósticas foram usadas na China dos anos 1600 até a década de 1940 (figura 7). Eram nuas, exceto por seus pequeninos pés invariavelmente cobertos. Feitas geralmente de marfim e com cerca de 15 cm de comprimento, eram levadas pelos médicos em suas maletas. Quando eram chamados à casa de uma mulher de alta classe social, a boneca era entregue à criada da mulher enferma que ficava oculta atrás das cortinas de um leito com dossel. A criada levava a boneca à sua senhora e esta, então, apontava na boneca o lugar em que sentia dor; finalmente, a criada retornava a boneca e a informaçãoao médico que deveria fazer o diagnóstico. Figura 7 – Boneca diagnóstica chinesa do final do século XIX, início do século XX. Arquivo pessoal dos autores. TERAPÊUTICA NA MEDICINA TRADICIONAL CHINESA De acordo com o Nei Jing, havia cinco métodos de tratamento: curar o espírito; nutrir o corpo; usar medicações; tratar o corpo como um todo; usar acupuntura e moxibustão (moxaterapia). Com tais finalidades, eram preconizadas as seguintes condutas: Alves E & Tubino P. Medicina na China Antiga, 2012. 11 – O médico devia reconduzir o paciente ao caminho certo, o tao; o paciente devia corrigir comportamentos questionáveis. – Exercícios para manter o corpo em forma e restaurar o bem estar. – Massagens (amassar, bater, beliscar e escoriar). – Dieta alimentar de acordo com as quantidades potenciais de yin e yang e com as estações do ano. Cada um dos cinco sabores beneficiava um elemento particular do corpo: azedo para os ossos, adstringente para os tendões, salgado para o sangue, amargo para a respiração, doce para músculos. – Uso de emplastos. – Limpeza intestinal por meio de catárticos. – Acupuntura e moxibustão: teriam sido inventadas pelo Imperador Amarelo com os objetivos de remover as obstruções ao fluxo do qi nos canais e drenar o excesso de yin ou de yang para restabelecer o equilíbrio. Por esses meios também pode ser introduzida energia externa no corpo. ACUPUNTURA (que teria sido usada pelos xamãs): era praticada com agulha muito finas de prata, ouro ou ferro, quentes ou frias, de diferentes comprimentos (de 3 a 24 cm). A punção era feita em diferentes pontos; em alguns tratados havia mais de 600 pontos. Sua técnica requer longo treinamento em manequins especiais. MOXIBUSTÃO (MOXABUSTÃO): é tão antiga quanto a acupuntura. Os mesmos meridianos e pontos governam a colocação da moxa. A moxa (erva ardente) é, em geral, o produto da combustão da erva Artemisia sinensis (e Artemisia vulgaris). A combustão da artemísia aquece profundamente os pontos de acupuntura; o calor remove os bloqueios ao qi. – Ventosaterapia. – Tui na (tuiná): é uma forma de massagem chinesa usada com frequência, juntamente com outras técnicas terapêuticas da medicina tradicional chinesa. O tui na emprega técnicas de massagem para estimular ou sedar os pontos dos meridianos do paciente, visando o equilíbrio do fluxo de energia por esses canais. – Medicamentos: a farmacopéia chinesa sempre foi muito rica. Sob o nome de pent-ts’ao, cuja origem remonta ao imperador Chennong, foi publicada uma longa série de tratados farmacológicos: Havia cerca de 2000 medicamentos vegetais, minerais e animais. Minerais incluíam compostos de mercúrio, arsênico e pedras magnéticas. Os animais, além do “dente do dragão” (pó de ossos fossilizados), incluíam virtualmente qualquer coisa obtida de criaturas vivas: partes inteiras, segmentos de órgãos, urina, esterco. Vegetais (exemplos): ginseng, efedra (estimulante: efedrina), ruibarbo (laxante), salgueiro branco (analgésico: ácido salicílico). A PRÁTICA MÉDICA NA CHINA ANTIGA Na DINASTIA ZHOU já havia uma hierarquia dos médicos:6,8 – Médico chefe (coletava drogas, examinava outros médicos e os reconhecia). – Médicos de alimentos (prescreviam seis tipos de alimentos e bebidas). – Médicos de doenças simples (cefaléias, resfriados, pequenos ferimentos). – Médicos de úlceras ( possivelmente cirurgiões). – Médicos de animais (veterinários). Os médicos eram avaliados de acordo com seus resultados e para tal tinham que relatar seus sucessos e falhas. A partir do século VII passaram a ser exigidos exames para quem quisesse se qualificar como médico, cerca de quatro séculos antes que no Ocidente. Os médicos chineses mantinham seus conhecimentos em segredo, passando-os somente aos filhos ou a pessoas selecionadas. Escolas formais Alves E & Tubino P. Medicina na China Antiga, 2012. 12 foram estabelecidas desde o século X. Médicos e farmacêuticos já eram categorias separadas desde muito tempo, mas ambos eram curadores. No início do século XIV havia médicos para: grandes vasos sanguíneos; pequenos vasos; febres; varíola; olhos; pele; ossos; laringe; boca e dentes. Havia ginecologistas, pediatras e pulsologistas para doenças internas, medicina externa, nariz e garganta, e doenças das crianças. Alguns curadores se especializaram em moxibustão, acupuntura ou massagem. Os cirurgiões eram, em geral, de nível baixo. A obstetrícia esteve nas mãos das parteiras por muitos séculos. Não se sabe quando as primeiras mulheres médicas começaram a praticar. Houve uma médica citada pelo nome em documentos da dinastia Han (206 a.C.-220 d.C.). No século XIV as mulheres foram oficialmente reconhecidas como médicas. A medicina chinesa se difundiu na vizinha Coréia por volta do século VI e no Japão a partir do século VII. Referências/Leitura selecionada sugerida Ergil MC, Ergil KV. Pocket atlas of Chinese medicine. Stuttgart - New York: Thieme; 2009. Hoizey D. Histoire de la médecine chinoise. Paris: Édition Payot; 1988. Lyons AS, Petrucelli, II, RJ. Medicine: an illustrated history. New York, NY: Harry N. Abrams; 1987. Magner LN. A history of medicine. 2 ed. Boca Raton: Taylor & Francis; 2005. Simoons FJ. Food in China: a cultural and historical inquiry. Boca Raton: CRC Press; 1991. Unschuld PU. Medicine in China. A history of ideas. Berkeley - Los Angeles: University of California Press, 1985. Yamamura Y, Tabosa A. Aspectos neuranatômicos e neurofisiológicos dos “Zang Fu” sob o enfoque dos cinco movimentos. Rev Paul Acupunt. 1995;1(1):33-7.
Compartilhar