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Resumo - Cerebelo

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Diogo Araujo – Med 92
Cerebelo
Substância branca central e subst. Cinzenta periférica.
O corte de linha média passa no vérmis cerebelar (estrutura mediana).
O cerebelo conta com dois hemisférios (direito e esquerdo).
Há a língula (que forma o véu medular superior) e a amígdala.
O cerebelo está na fossa craniana posterior, sendo a sua parte superior separada do lobo occipital pelo tentório.
Situa-se posteriormente ao tronco encefálico.
Os limites anterolaterais da fossa craniana posterior são os rochedos do osso temporal. Posteriormente, há o osso occipital. O tentório se insere no ápice dos rochedos e em uma proeminência óssea do occipital (seio transverso). O tentório apresenta uma incisura (incisura da tenda) para dar passagem ao tronco encefálico.
A superfície superior do cerebelo é mais plana devido ao contato com o tentório. Já a porção inferior é mais arredondada por se encaixar no assoalho ósseo.
O cerebelo possui fissuras com nomes. No entanto, os sulcos, por serem menos pronunciados, não recebem nome. O espaço entre dois sulcos forma uma folha e o espaço entre duas fissuras, um lóbulo. Um conjunto de lóbulos forma um lobo. Ex: a junção dos dois flóculos (dos hemisférios) e do nódulo (do vérmis) forma o lobo nódulo-flocular.
VERMIS CEREBELAR
Ao todo, há nove lóbulos no vérmis cerebelar. É importante ressaltar que a língula não se estende para os hemisférios: ela fica somente na linha média. Ela não possui representantes nos hemisférios.
O primeiro lóbulo do vérmis é a língula, cuja substância branca se funde ao véu medular superior para formar o teto da porção cranial do IV ventrículo.
O nono lóbulo é o nódulo (no vérmis) e o flóculo (nos hemisférios), formando o lobo flóculo-nodular. 
Há a fissura póstero-lateral, que separa o lobo flóculo-nodular do restante do cerebelo. É a primeira fissura a aparecer na filogênese. O restante do cerebelo é denominado CORPO. 
Como o lobo flóculo-nodular é bastante antigo, ele é chamado de arquicerebelo, ou cerebelo-vestibular, por receber fibras dos núcleos vestibulares.
No plano horizontal (uma linha imaginária que passe horizontalmente no cerebelo), há a fissura horizontal. O que está acima dessa linha é a parte superior do vérmis, o que está abaixo, a parte inferior.
Na parte superior do corpo do vérmis, há a língula, o lóbulo central, o cúlmen, o declive e o fólium.
A fissura pré-central separa a língula do lóbulo central.
A fissura pré-culminar separa o lóbulo central do cúlmen.
A fissura prima separa o cúlmen do declive.
A fissura pós-clival separa o declive do fólium.
O cúlmen corresponde à parte mais alta do cerebelo.
A fissura horizontal separa o fólium do túber.
Na parte inferior, há o túber, a pirâmide, a úvula e o nódulo.
A fissura pré-piramidal separa o túber da pirâmide.
A fissura pós-piramidal separa a pirâmide da úvula.
A fissura póstero-lateral separa a úvula do nódulo.
A úvula, nos hemisférios, corresponde à amígdala.
HEMISFÉRIOS CEREBELARES
Cada um dos lóbulos do vérmis cerebelar terá um correspondente nos hemisférios. 
A língula não possui correspondente nos hemisférios. Ela é a única exceção. 
O lóbulo central corresponde à asa do lóbulo central.
O cúlmen se chama lóbulo quadrangular anterior e o declive, o lóbulo quadrangular posterior.
O fólium é denominado lóbulo semilunar superior e o túber, o lóbulo semilunar inferior.
A pirâmide é o lóbulo biventre.
A úvula, como dito anteriormente, é a tonsila (amígdala).
O nódulo é o flóculo.
Quais são as relações do cerebelo com o tronco encefálico?
Há os pedúnculos cerebelares superior (corpo conjuntivo), médio (braço da ponte) e inferior (corpo restiforme), conectando o cerebelo às três porções da ponte (mesencéfalo, ponte e bulbo, respectivamente).
As fibras que passam por esses pedúnculos levam informações para o cerebelo.
Na substância branca do cerebelo, há os núcleos cerebelares profundos, sendo o mais proeminente o núcleo denteado. Há também os núcleos fastigial e interpósito (globoso e emboliforme).
A atrofia das folhas promove o alargamento dos sulcos. A atrofia do verme superior é típica de indivíduos alcoólatras. Apresenta uma população de neurônios diminuída no córtex cerebelar. Verme superior atrófico = alcoolismo crônico. Implica em ataxia (incoordenação dos movimentos) em especial a marcha, causando a marcha cerebelar (marcha ebrióide). Esse tipo de desequilíbrio se mantém independentemente dos olhos estarem abertos ou fechados (o que difere de indivíduos que têm patologias do sistema colunar dorsal, que somente são atáxicos quando os olhos estão fechados).
A amígdala está vinculada àquela história de Hérnia de Amígdala. Uma lesão expansiva na caixa craniana, por exemplo, pode causar o deslocamento infradirecional da amígdala, que passa pelo forame magno e comprime o bulbo. Causa parada cárdio-respiratória.
Quando olhamos o cerebelo superiormente, vemos que o vérmis está no mesmo plano que os hemisférios. No entanto, quando analisamos a sua superfície inferior, vemos que o vérmis está retraído, porque os hemisférios crescem mais do que o vérmis. Além disso, vemos que a superfície inferior do cerebelo é mais arredondada para se encaixar no assoalho da fossa craniana posterior.
Centralmente, há o lobo flóculo-nodular (em azul nas figuras acima). Lembrando que o nódulo fica no centro e os flóculos lateralmente. Eles se ligam ao nódulo através de pedúnculos floculares.
A fissura prima, que separa o cúlmen do declive (no vérmis) e o lóbulo quadrangular anterior do posterior (nos hemisférios), separa o cerebelo em lobos anterior (em vermelho) e posterior (em verde).
PALEOCEREBELO = Todo o lobo anterior + pirâmide + úvula
Paleocerebelo é a mesma coisa que cerebelo espinhal. Ele recebe informações sobre os movimentos voluntários que são realizados, através da propriocepção inconsciente.
ARQUICEREBELO = Lobo flóculo-nodular
Arquicerebelo é a mesma coisa que cerebelo vestibular. Recebe fibras dos núcleos vestibulares presentes no bulbo e na ponte.
NEOCEREBELO = Lobo posterior – pirâmide – úvula
Também chamado de cerebelo cortical. É aí que entram os núcleos pontinos: eles são encarregados de captar informações do neocórtex do cérebro e enviá-las ao neocerebelo. A via é denominada córtico-ponto-cerebelar. 
O neocerebelo elabora planos motores, aumentando o grau de precisão dos movimentos. São movimentos extremamente sofisticados. 
Indivíduos com lesões do neocerebelo, por exemplo, apresentam a hipermetria, ou seja, a abertura exagerada de mãos para pegar objetos. Isso acontece porque o neocerebelo lesionado não consegue calcular e sofisticar o movimento, a fim de permitir que os dedos se abram na medida certa para pegar o objeto com as pontas dos dedos.
O neocerebelo surgiu como conseqüência do aparecimento do neocórtex do cérebro.
Está predominantemente representado nos hemisférios e na porção inferior do cerebelo.
A ordem de surgimento foi: arqui, paleo e neocerebelo. O surgimento de uma região não substituiu a outra. Foram aquisições somadas.
NÚCLEOS CEREBELARES
O método de coloração de Weigert cora a mielina de um negro homogêneo.
O núcleo denteado manda fibras para o tálamo (fibras dentato-talâmicas). Na verdade, são dois núcleos denteados, um esquerdo e outro direito.
Há os núcleos fastigiais no cerebelo. São de linha média. Ficam mediais aos núcleos denteados.
Há os núcleos interpósitos (globoso e emboliforme), que ficam intermédios entre os núcleos fastigiais e os denteados.
De dentro pra fora, há os núcleos: fastigial, interpósito e denteado.
Os núcleos fastigial e interpósito somente são vistos quando é feita coloração adequada. Os núcleos denteados podem ser vistos a olho nu.
O lóbulo flóculo-nodular recebe aferência dos núcleos vestibulares.
Aferências espinhais vão para o paleocerebelo.
Aferências corticais (cérebro) vão para o neocórtex.
O córtex cerebelar apresenta três camadas:
	- Camada granular
	- Camada de célulasde Purkinje
	- Camada molecular
Camada de células de Purkinje. As células de Purkinje são as unidades funcionais do cerebelo. São muito grandes, capazes de serem vistas com lupas. São os maiores corpos celulares neuronais. As células de Purkinje do vérmis (zona mediana, em rosa na figura abaixo) se projetam para o núcleo fastigial. Aquelas que ficam na zona intermédia (em amarelo) do hemisfério cerebelar se projetam para o núcleo interpósito. Aquelas que ficam na zona lateral (em verde) do hemisfério se projetam para o núcleo denteado. 
Vérmis núcleos fastigiais
Zona intermédia dos hemisférios núcleos interpósitos
Zona lateral dos hemisférios núcleos denteados
Os dendritos da célula de Purkinje se projetam para a camada molecular. Na figura abaixo, a célula de Purkinje está representada de azul claro. 
Além disso, as células granulares (que ficam na camada granular e estão representadas em verde escuro) também projetam seus axônios para a camada molecular. Nessa camada, ocorrem sinapses axodendríticas entre os dendritos das células de Purkinje e os axônios de células granulares. Os axônios das células granulares formam as fibras longitudinais.
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Confie mais no texto abaixo do que na figura acima. =D
As fibras olivo-cerebelares (que provem do pedúnculo cerebelar inferior e estão representadas em vermelho na figura acima) formam as fibras trepadeiras no cerebelo. Elas chegam até a camada molecular e se enrolam em torno dos dendritos apicais das células de Purkinje, com altíssima superfície de contato entre eles, representando a principal via excitatória. Na camada granular, também mandam projeções que excitam as células granulares.
As fibras musgosas (em roxo) possuem três origens principais: as vias espino-cerebelares anterior e posterior, as vias vestíbulo-cerebelares, as vias ponto-cerebelares. Passam pela substância branca e se mantêm na substância cinzenta. Elas fazem sinapse com as células granulares, que, em última análise, também excitarão as células de Purkinje. Além disso, também excitam as células de Golgi, que inibem as células de Purkinje. Então, há um duplo efeito sobre as células de Purkinje dependendo da via utilizada.
Na camada molecular, há as células estreladas pequenas. Possuem efeito inibitório. O axônio é curto. Ainda nessa camada, há as células em cesto, que possuem dendritos curtos e axônios longos. Os axônios dessas células se projetam paralelamente à camada de células de Purkinje, sendo capaz de inibir várias células de Purkinje ao mesmo tempo.
Na camada granular, há as células de Golgi. Seus axônios curtos inibem as células granulares. Em última análise, essa inibição de células granulares resulta em inibição (menor excitação) das células de Purkinje. 
As células de Purkinje lançam axônios para os núcleos cerebelares profundos e inibem as células desses núcleos.
Resumindo:
Fibras musgosas sinapse excitatória com células granulares e células de Golgi.
Fibras trepadeiras sinapse excitatória com células granulares e células de Purkinje.
Células granulares sinapse excitatória com células de Purkinje.
Células de Golgi sinapse inibitória com células granulares e de Purkinje.
Células em cesto de Cajal (estreladas grandes) sinapse inibitória com várias células de Purkinje.
Células estreladas pequenas sinapse inibitória com células de Purkinje.
Células de Purkinje sinapse inibitória com células dos núcleos cerebelares.
Questão de prova: Quais são os únicos elementos celulares excitatórios do córtex cerebelar?!
São as células granulares, que excitam as células de Purkinje. As demais células (Purkinje, Golgi, estreladas e em cesto) são inibitórias. 
OBS: As fibras trepadeiras e musgosa provêm de células que não estão no cerebelo. Portanto, não podem ser consideradas como elementos CEREBELARES.
Fundamental:
	- Fibras trepadeiras excitam os dentritos de células de Purkinje e excitam células granulares (que excitam as células de Purkinje). Então, o efeito final dessas fibras é somente excitatório sobre as células de Purkinje.
	- Fibras musgosas excitam células granulares que (excitam as células de Purkinje) e excitam células de Golgi (que inibem as células de Purkinje). Então, o efeito final dessas fibras pode ser excitatório ou inibitório sobre as células de Purkinje.
PLANEJAMENTO DO MOVIMENTO
A via de saída final do córtex cerebelar é a fibra da célula de Purkinje, chegando aos núcleos profundos do cerebelo.
Depois que essas informações chegam aos núcleos profundos, há vias que saem desses núcleos e vão para as demais regiões do SNC.
As fibras que saem do núcleo denteado formam a via dentato–tálamo-cortical. Então, por essa via, as informações retornam às áreas motoras corticais. 
A importância dessa via é que pode haver modificações do plano motor elaborado pelo córtex. Então, essa via é como um mecanismo de controle, um processamento da informação, um melhor planejamento de sequências motoras complexas.
Antes de o movimento ser formado, a informação (o planejamento do movimento) é veiculada pela via córtico-ponto-cerebelar. Depois do processamento feito pelo córtex cerebelar, a informação sai da zona lateral do córtex cerebelar pelas células de Purkinje e vai para o núcleo denteado. A informação sai desse núcleo e retorna para o córtex através da via dendato-tálamo-cortical. Essa é a fase de planejamento do movimento. Nesse momento, ainda não houve execução do movimento. Quando um movimento é feito, a zona lateral do córtex cerebelar é inativada.
EXECUÇÃO DO MOVIMENTO
Relacionado à zona intermédia do cerebelo.
O núcleo interpósito lança fibras que formam a via interpósito-tálamo-cortical.
A zona intermédia do cerebelo não recebe aferências corticais: elas recebem aferências espinhais, através das vias espino-cerebelares (que detectam a propriocepção inconsciente). Ou seja, essa zona recebe informações sobre um movimento que está sendo realizado. Ela é ativada durante o movimento.
As informações são interpretadas em tempo real. Com isso, pode haver modificação do movimento que está sendo realizado através da via interpósito-tálamo-cortical. É a comparação entre o que o córtex planejava e o que está sendo executado.
Quando da execução do movimento, as informações de propriocepção inconsciente chegam à região intermédia do cerebelo através das vias espino-cerebelares anterior e posterior. Após a informação ser interpretada no córtex cerebelar, ela é enviada para os núcleos interpósitos (através dos axônios das células de Purkinje) e é repassada para as demais regiões do SNC através da via interpósito-tálamo-cortical.
PAPEL DOS NÚCLEOS FASTIGIAIS
Os núcleos fastigiais recebem aferências dos núcleos vestibulares pelas vias vestíbulo-fastigiais. Além disso, mandam informações para os núcleos vestibulares através da via fastígio-vestibular e para a formação reticular através da via fastígio-reticular. Os núcleos vestibulares e a formação reticular, por sua vez, mandam informações para os neurônios motores do grupo medial do corno anterior da medula através das vias vestíbulo-estinhal e retículo-espinhal, respectivamente. Esses tratos aumentam o tônus da musculatura antigravitacional e, assim, mantêm a postura quando o equilíbrio é ameaçado.
SÍNDROMES CEREBELARES
Síndrome de linha média do cerebelo (síndrome verniana): 
- indivíduos apresentam a marcha cerebelar (ebrióide);
- pode haver nistagmo e hipotonia, que são características menos marcantes;
- é comum em crianças;
Síndrome hemisférica cerebelar: 
- disdiadococinesia, dismetria e tremor de ação. 
Diadococinesia é capacidade de realizarmos movimentos alternados e repetitivos, como supinar e pronar a mão rapidamente e várias vezes seguidas. A disdiadococinesia é a dificuldade de realizar esse movimento. 
A dismetria é a incapacidade de tocar a ponta do dedo na ponta do nariz (tanto com os olhos abertos quanto fechados) ou de tocar o calcanhar no joelho.
No Parkinson, há o tremor de repouso (aquele que aparece quando o indivíduo não está realizandoum ato motor voluntário). No entanto, o tremor de ação (que é o da síndrome hemisférica cerebelar) é o oposto: o tremor se intensifica à medida que o indivíduo realiza um movimento. Ao se aproximar do final do movimento, o tremor se intensifica ainda mais.
Esclerose múltipla é uma causa comum de síndrome hemisférica cerebelar.
Essa síndrome é comum na prática diária.

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