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A CLASSIFICAÇÃO DA RESPONSABILIDADE CIVIL QUANTO À CULPA

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A CLASSIFICAÇÃO DA RESPONSABILIDADE CIVIL QUANTO À CULPA 
RESPONSABILIDADE CIVIL SUBJETIVA
Conforme já estudado, a responsabilidade subjetiva constitui regra geral em nosso ordenamento jurídico, baseada na teoria da culpa. 
Dessa forma, para que o agente indenize, ou seja, para que responda civilmente, é necessária a comprovação da sua culpa genérica, que inclui o dolo (intenção de prejudicar) e a culpa em sentido restrito (imprudência, negligência ou imperícia).
Por isso, em regra e no plano civil e processual, a ação de responsabilidade civil pode ser comparada a uma corrida de duas barreiras. 
Cada uma das barreiras representa um ônus existente contra o demandante. A primeira barreira é a culpa e a segunda é o dano.
Obviamente a primeira barreira pode não estar presente, o que ocorre nos casos da responsabilidade objetiva, estudados a seguir. Também é possível que a segunda barreira esteja ausente, quando o dano não necessita de prova, sendo presumido ou in re ipsa. 
Nas duas hipóteses, há exceções à regra geral de que a responsabilidade é subjetiva, havendo necessidade de prova do dano.
RESPONSABILIDADE CIVIL OBJETIVA
Como não poderia ser diferente, o Código Civil passa a admitir a responsabilidade objetiva expressamente, pela regra constante do seu art. 927, parágrafo único, in verbis:
“Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem, é obrigado a repará-lo.
Parágrafo único. Haverá obrigação de reparar o dano, independentemente de culpa, nos casos especificados em lei, ou quando a atividade normalmente desenvolvida pelo autor do dano implicar, por sua natureza, risco para os direitos de outrem”.
A responsabilidade objetiva independe de culpa e é fundada na teoria do risco.
Pelo art. 927, parágrafo único, do Código geral privado, haverá responsabilidade independentemente de culpa em duas situações:
1º) nos casos previstos expressamente em lei. Tem-se como exemplos: o CDC, que traz o fornecedor de produtos ou serviços como responsável objetivamente frente aos consumidores; tem-se, também, os casos de responsabilidade civil ambiental, consagrada pela Lei de Política Nacional do Meio Ambiente; e por fim, tem-se o exemplo da mais recente Lei 12.846/13 que trata da responsabilidade civil objetiva e administrativa da pessoa jurídica por atos de corrupção contra a Administração Pública, para benefício próprio exclusivo ou não.
2º) uma atividade de risco normalmente desempenhada pelo autor do dano, o que é consagração da Cláusula Geral de Responsabilidade Objetiva. Trata-se de uma atividade normalmente lícita que causa danos aos direitos de outrem.
Nas palavras de Cláudio Luiz Bueno de Godoy, a norma traz como conteúdo um “risco diferenciado, especial, particular, destacado, afinal se toda prática organizada de atos em maior ou menor escala o produz”.
Veja-se quais são as duas principais aplicações dessa cláusula geral na jurisprudência nacional até o presente momento:
Como primeiro exemplo, tem-se subsumido a norma para os casos de acidente de trabalho, mitigando-se a regra da responsabilidade civil subjetiva prevista no art. 7.º, inc. XXVIII, da Constituição Federal, pelo qual são direitos do trabalhador, sem excluir outros, “seguro contra acidentes do trabalho, a cargo do empregador, sem excluir a indenização a que este está obrigado, quando incorrer em dolo ou culpa”. 
A menção a outros direitos flexibiliza o Texto Maior, possibilitando a incidência da norma civil, em casos excepcionais.
Porém o texto da atual CLT (pós reforma) rechaça a ideia de aplicação do CC de maneira suplementar.
Mas poderíamos citar como exemplos de atividade de risco que geram a aplicação da citada cláusula geral, que traz a responsabilidade civil objetiva do empregador podem ser citadas as atuações como motorista de cargas perigosas ou de valores, segurança, motoboy, caldereiro, mineiro, trabalhador da construção civil, vaqueiro ou peão de boiadeiro, entre outras.
Como segundo exemplo de incidência do art. 927, parágrafo único, segunda parte do CC, ilustre-se, na opinião deste autor, os ambientes virtuais de relacionamento, responsabilizando-se a empresa que mantém o sítio digital. 
A responsabilidade pode ser configurada como objetiva, pois tais ambientes enquadram-se como de potencial risco de lesão a direitos da personalidade.
Nesse sentido, de início, transcreve-se pioneiro acórdão do Tribunal de Minas Gerais:
“Apelação cível. Ação indenizatória. Dano moral. Ofensas através de site de relacionamento. Orkut. Preliminar. Ilegitimidade passiva. Rejeição. Responsabilidade civil objetiva. Aplicação obrigatória. Dever de indenizar. Reconhecimento. Quantum indenizatório. Fixação. Prudência e moderação. Observância necessária. Majoração indevida. 
(...) compete-lhe diligenciar no sentido de evitar que mensagens anônimas e ofensivas sejam disponibilizadas ao acesso público, pois, abstendo-se de fazê-lo, responderá por eventuais danos à honra e dignidade dos usuários decorrentes da má utilização dos serviços disponibilizados (...).
Na mesma esteira, há outra decisão, do Tribunal Gaúcho, responsabilizando objetivamente a provadora pela conduta de um usuário que incluiu afirmações e fotos ofensivas de outra pessoa, que veio a demandá-la. 
Responsabilidade civil objetiva por atos de terceiro ou responsabilidade civil indireta.
O art. 932 do CC/2002 consagra hipóteses de responsabilidade civil por atos praticados por terceiros, também denominada responsabilidade civil objetiva indireta ou por atos de outrem.
Enuncia o art. 933 do CC/2002 que a responsabilidade das pessoas elencadas pelo 932, independe de culpa, tendo sido adotada a teoria do risco criado.
Dessa forma, as pessoas arroladas, ainda que não haja culpa de sua parte (responsabilidade objetiva), responderão pelos atos praticados pelos terceiros ali referidos. 
Mas para que essas pessoas respondam, é necessário provar a culpa daqueles pelos quais são responsáveis. 
Por isso a responsabilidade é denominada objetiva indireta ou objetiva impura.
No que diz respeito à primeira hipótese, de responsabilidade dos pais por atos dos filhos é preciso comprovar a culpa dos filhos; para que os tutores ou curadores respondam, é preciso comprovar a culpa dos tutelados ou curatelados; para que os empregadores respondam, é preciso comprovar a culpa dos empregados; e assim sucessivamente. 
Desse modo, é fundamental repetir que não se pode mais falar em culpa presumida (culpa in vigilando ou culpa in eligendo) nesses casos, mas em responsabilidade sem culpa, de natureza objetiva.
Como diferença fulcral entre as categorias, na culpa presumida, hipótese de responsabilidade subjetiva, se o réu provar que não teve culpa, não responderá. 
Por seu turno, na responsabilidade objetiva, essa comprovação não basta para excluir o dever de reparar do agente, que somente é afastado se comprovada uma das excludentes de nexo de causalidade,
Direito ao ressarcimento: aquele que ressarcir o dano causado por outrem pode reaver o que tiver pago daquele por quem pagou, salvo se o causador do dano for seu descendente, absoluta ou relativamente incapaz (art. 934 do CC). 
Esse dispositivo consagra o direito de regresso do responsável contra o culpado. Somente nas relações entre ascendentes e descendentes incapazes não há o mencionado direito de regresso, pois, quando o Código Civil foi elaborado, pensava-se ser imoral uma demanda regressiva entre tais familiares.
Na hipótese do art. 934, o empregador e o comitente somente poderão agir regressivamente contra o empregado ou o preposto se estes tiverem causado o dano com dolo ou culpa.
Quando o responsável pelo incapaz não possui meios ara reparação
Art. 928. O incapaz responde pelos prejuízos que causar, se as pessoas por ele responsáveis não tiverem obrigação de fazê-lo ou não dispuserem de meios suficientes.
Parágrafo único. A indenização prevista neste artigo, que deverá ser equitativa, não terá lugar se privar do necessário o incapaz ou as pessoas que dele dependam.
Por outro lado,interpretando o art. 928, esta responsabilidade do incapaz é subsidiária, respondendo o mesmo em duas hipóteses: 
A) Nos casos em que os pais, tutores e curadores não respondem por seus filhos, tutelados e curatelados, pois os últimos não estão sob sua autoridade e companhia.
B) Nas situações em que os responsáveis não tenham meios suficientes para arcar com os prejuízos.
Destarte, o patrimônio do filho menor somente pode responder pelos prejuízos causados a outrem se as pessoas por ele responsáveis não tiverem obrigação de fazê-lo ou não dispuserem de meios suficientes. 
Mesmo assim, nos termos do parágrafo único do art. 928, se for o caso de atingimento do patrimônio do menor, a indenização será equitativa e não terá lugar se privar do necessário o incapaz ou as pessoas que dele dependam. 
Portanto, deve-se concluir que o filho menor não é responsável solidário com seus genitores pelos danos causados, mas, sim, subsidiário
Para encerrar o tratamento relativo à responsabilidade civil do incapaz, vale relembrar que o recente Estatuto da Pessoa com Deficiência (Lei 13.146/2015) alterou substancialmente a teoria das incapacidades. 
De toda sorte, cabe pontuar que, pela novel legislação, somente são considerados absolutamente incapazes os menores de 16 anos (art. 3.º do Código Civil). 
Como relativamente incapazes, o art. 4.º elenca: a) os maiores de 16 anos e menores de 18 anos; b) os ébrios habituais (alcoólatras) e viciados em tóxicos; c) as pessoas que por causa transitória ou definitiva não puderem exprimir vontade; e d) os pródigos.
Nota-se, assim, a retirada do sistema da previsão relativa aos enfermos e deficientes mentais sem discernimento para a prática dos atos da vida civil (antigo art. 3.º, II, do CC). 
Com relação às pessoas que por causa transitória ou definitiva não puderem exprimir vontade, deixaram de ser absolutamente incapazes (antigo art. 3.º, III, do CC) e passaram a ser relativamente incapazes (novo art. 4.º, III). 
Além disso, não há mais menção no último artigo às pessoas com discernimento reduzido (inciso II) e dos excepcionais sem desenvolvimento completo (inciso III), caso do portador da síndrome de Down.
Em suma, diante dessas mudanças, as pessoas com deficiência passam a ser plenamente capazes, como regra, respondendo civilmente como qualquer outro sujeito e não se aplicando mais o art. 928 da codificação material.

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