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1 Epidemiologia e controle da esquistossomíase 2 Epidemiologia A esquistossomíase existe em 76 países da África, Ásia e Américas. Mas S. mansoni é encontrado sobretudo na África, na América do Sul e no Caribe. Moluscos suscetíveis ao parasitismo: Biomphalaria glabrata, B. tenagophila e B. straminea. Esquistossomíases Estima-se que, no mundo, cerca de 150 a 200 milhões de pessoas estão parasitadas por alguma espécie de Schistosoma; mas nas Américas ocorre apenas uma, o Schistosoma mansoni. No Brasil, existem entre 3 e 6 milhões de pessoas infectadas, muitas com retocolite, mas outras com hepatoesplenomegalia. Poucos países (como a Tunísia, o Japão etc.) chegaram a eliminar a endemia. 4 Condições para existirem focos 1 - Coleções de água doce, como rios, lagos, lagoas, açudes, canais, brejos etc., de caráter permanente ou em contato eventual com outras que sejam permanentes; 2 - Presença de Biomphalaria, B. glabrata, B. straminea ou B. tenagophila; 3 - Pessoas infectadas que eliminam ovos de S. mansoni em suas fezes; 4 - Pessoas suscetíveis que se expõem à infecção ao entrarem em contato com tais focos, para banho, lavagem de roupa, pesca, recreação etc., nas horas em que os moluscos eliminam suas cercárias. Crianças e jovens constituem os grupos de alto risco, tanto para poluírem o meio como para se exporem à infecção. 5 Fatores sócio-econômicos Pobreza e falta de saneamento básico concorrem para tornar as pessoas dependentes de coleções de águas superficiais onde há risco. Foto OMS 6 Modificações ambientais e risco Alterações do meio introduzidas pelo homem contribuem muitas vezes para aumentar os focos de transmissão da endemia. Canais de irrigação. Açudes e barragens Pântanos gerados por aterros de estradas e arruamentos, sem considerar a necessidade de drenagem dos terrenos, que passam a acumular a água das chuvas. Escavações do terreno (empréstimos de terra para os aterros ou para as olarias). Circunstâncias essas que atraem os pescadores, profis- sionais ou amadores, para o local. 7 Hidrelétricas e esquistossomíase Os grandes lagos artificiais das usinas hidrelétricas têm provocado em vários países africanos surtos intensos de esquistossomíase, nas populações que passaram a viver em suas margens e estão geralmente envolvidas com a pesca. 11 Controle da esquistossomíase O objetivo deve ser, sempre que possível, a eliminação da endemia em uma região ou um país. Caso isso não seja exeqüível em determinado lugar, o objetivo pode limitar-se a impedir as ma- nifestações clínicas da doença. Neste caso as medidas de controle visam o tratamento periódico dos casos ou reduzir a transmissão de tal modo que os pacientes fiquem com cargas parasitárias tão baixas que não se manifestem clinicamente. Segundo as situações, uma ou mais da medidas seguintes podem ser necessárias. EDUCAÇÃO SANITÁRIA As pessoas devem ser escla- recidas sobre o risco de infec- ção nos focos de transmissão, evitando o contato com as águas, sobretudo depois das 9 horas da manhã. Devem ser orientadas para eliminar criadouros de moluscos e colaborar com os serviços de saúde no controle de vetores. Submeterem-se aos exames de fezes para diagnóstico ou o controle do tratamento. Não deixar as crianças fre- qüentarem os lugares de risco. 16 Controle malacológico Além da eventual supressão de criadouros de moluscos com aterros, drenagens, remoção da vegetação e desobstrução de canais ou aumento da veloci- dade dos cursos d‘água, pode-se recorrer aos moluscicidas. Atualmente, uma única droga encontra-se disponível para isso: a niclosamida (Bayluscid ® ). Aplicação de moluscicida em um canal de irrigação. 17 Estratégias de controle Sempre que possível, deve-se buscar a eliminação completa dos moluscos vetores (como fizemos na Tunísia, entre 1970 e 1980), com o que a transmissão é suprimida. Onde isso não for possível (por diferentes razões), pode- se interromper a transmissão aplicando-se o moluscicida nos focos a cada 30 dias (uma vez por mês), o que impede a produção de cercárias pelos moluscos que repovoarem esses focos e aí se infectarem. Pois, são necessários 40 a 60 dias para que os planor- bídeos infectados possam assegurar a produção e a eliminação de cercárias. Enquanto a transmissão estiver interrompida, deve-se tratar o maior número de pacientes positivos, revela- dos pelos inquéritos parasito- lógicos. Isto, não só para eliminar os riscos de doença, em cada caso, como para reduzir progressivamente as fontes de infecção humanas. Os problemas no controle da esquistossomíase Como para outras parasitoses, as dificuldades para interromper a transmissão podem estar relacionadas com: — A falta de uma decisão política de alto nível para assegurar recursos e o pessoal indispen- sável, durante todo o tempo necessário. — O custo elevado das operações eficazes, que devem prolongar-se sempre por muitos anos; — A organização e a capacitação deficientes dos serviços de saúde para cobrir toda a população envolvida; — O insuficiente preparo do pessoal de saúde para fazer os estudos epidemiológicos e formular planos de controle adequados a cada situação. — A grande mobilidade das populações entre as áreas sob controle e áreas vizinhas não tratadas; — As limitações burocráticas para um trabalho freqüente, no campo, com pagamento de diárias etc. — Eventual presença na região de reservatórios vertebrados não-humanos (roedores etc.). 21 DOUMENGE, J.P.; MOTT, K.E. et al. – Atlas of the global distribution of schistosomiasis. Talence, CEGET/CNRS; Genève, OMS/WHO, 1987. OMS – O controle da esquistossomose. Segundo relatório do Comité de Especialistas da OMS. Rio de Janeiro, Editora FIOCRUZ, 1994. PIKE, E.G. – Engineering against Schistosomiasis/Bilharzia. Guidelines towards control of the disease. London, Macmillan, 1989. REY, L. – Bases da Parasitologia. 2ª edição. Rio de Janeiro, Editora Guanabara, 2002 [380 páginas]. REY, L. – Parasitologia. 3ª edição. Rio de Janeiro, Editora Guanabara, 2001 [856 páginas]. World Health Organization – Health education in the control of schistosomiasis. Geneva, WHO, 1990. LEITURAS COMPLEMENTARES
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