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Teoria dos Contratos Mauricio Requiao

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Teoria dos Contratos e Responsabilidade Civil
Professor: Mauricio Requião 
Aula 01 – 16/02/2018
Introdução: 
O contrato, se você parar para pensar, ele tem um papel muito importante no sentido de que é nesse campo contatual que termina se manifestando de forma muito clara a própria ideia de autonomia. O contrato representa muito essa possibilidade dentro dessa parte do Direito Civil, em que as pessoas vão ali, em tese, se auto regrar em acordos, que não vai passar tanto pela interferência estatal. Então, vejam que a ideia do contrato, por outro lado, é uma ideia que é colocada dentro de um sistema não só jurídico, mas também econômico que a gente vive. Porque o contrato, ou qualquer outro instituto jurídico que a gente tenha, é algo que existe para atender demandas que são demandas do mundo real. Por exemplo, teve uma época que eu estava estudando direito da antiga União Soviética, e lá estava falando do contrato nas primeiras fases e ele já vinha todo predeterminado pelo Estado, de quem ia comprar e o valor. 
Vejam que essa palavra “Contrato” para a gente que está no direito, ela normalmente traz a ideia da figura jurídica, só que quando a gente fala em contrato, antes de tudo, a gente está falando de uma operação econômica e eu gosto de chamar atenção para isso, para que não se corra o risco de se perder a perspectiva de que o direito esta regulamentando situações que existem, ou seja, no sentido de que não se perca de vista que o que a gente está estudando aqui não é uma coisa descolada da realidade. Antes mesmo de ser um negócio jurídico, o contrato é uma operação econômica. 
Hoje em dia, em um ponto de vista acadêmico, nós estudamos primeiro a Teoria Geral dos Contratos para depois estudar os Contratos em Espécie, o que faz sentido. Mas se você for reparar historicamente, a regulamentação é na ordem inversa. Não foi assim: alguém acordou e falou “vou criar a Teoria dos Contratos e depois os Contratos em Espécie”. O que acontecia era que as pessoas realizavam certo tipo de negócio que podia até no início serem negócios dos quais o direito não se ocupava, mas só que ai começa a surgir conflito e em algum momento alguém fala “não, vamos pegar aqui as práticas mais comuns e agora toda vez que alguém der um dinheiro para que em troca receba um produto, a regra vai ser essa daqui”, e ai você criava uma regra para a compra e venda. Só que se chega a um momento, especialmente quando se começa a ter uma proteção do contrato atípico (que é aquele contrato que não está regulamentado em lei, é daí que surge a necessidade de uma Teoria Geral dos Contratos. Porque vejam, enquanto eu tenho todos os contratos regulamentados e cada um tem sua regra, eu não preciso tanto criar uma regra geral para eles. Mas quando eu começo a admitir que surjam contratos, que sejam regulamentados contratos que não se encaixam de modo especifico em nenhuma daquelas regras daqueles contratos já existentes, ai eu preciso passar por uma regra geral para abranger esses contratos. 
Natureza Jurídica do Contrato 
Claro que o contrato é um Negócio Jurídico bilateral, porque em todo contrato eu tenho dois sujeitos, eu preciso que haja exteriorização de vontade válida de ambos, formando um acordo que gere efeitos para um e para outro. Não confundam isso com algo que vamos ver na parte de classificações, que é contrato bilateral e contrato unilateral. Em regra a forma é livre, mas se a lei exigir uma forma para o contrato e ele não obedecer, será nulo. 
Princípios – “velhos e novos” 
Velhos 
Autonomia 
Propositadamente eu não a adjetivei, nem como autonomia da vontade, nem como autonomia privada, justamente para poder utilizar a autonomia tanto para um como para outro momento. Porque é como eu estava falando no início da aula, nenhum ponto do Direito Civil traz tão forte a preponderância do uso da autonomia quanto nos contratos. Quando você pensa, por exemplo, nos Direitos Reais você é dono e vai continuar sendo dono… O contrato não, o tempo todo você o celebra em algum grau por conta de sua autonomia. Eu digo em algum grau, porque é obvio que a nossa liberdade de contratar não é tão grande quanto a gente pensa. Porque quando se fala em liberdade contratual, o que inclui a autonomia, a gente está falando de várias coisas ao mesmo tempo. Eu posso estar falando da minha liberdade para contratar, no sentido de que eu posso ou não fazer um contrato, passa também pela minha liberdade de escolher com quem eu vou contratar, a minha liberdade quanto ao objeto do contrato, que preço eu vou pagar, que modelo eu vou querer. Ou seja, vejam que a ideia da liberdade contratual, ela abrange que você pode escolher fazer ou não fazer o contrato, como você pode escolher com que faz, com que condições faz, ao menos em tese. Porque quando você vai olhar, temos alguns contratos em que isso é bem mais reduzido, por exemplo, telefonia celular. Você pode escolher não ter um celular? De poder, pode, mas normalmente você não encontra ninguém que não tenha um telefone celular. Ai você vai ver lá com quem você vai fazer esse contrato, e você não tem muita opção você só tem quatro, ai você vai escolher com quem que você quer passar raiva no momento. Ainda temos casos mais graves, como é o caso da Coelba, porque a não ser que você queira viver na Idade da Pedra, você tem que ter um contrato com a Coelba, e tem que ser a Coelba, não tem nem outra opção de companhia de energia. Cadê essa autonomia do seu lado? Eu estou falando isso para afastar essa fantasia de que a autonomia pode tudo. Sua vontade só tem força jurídica porque há uma permissão e uma limitação do ordenamento. Vejam que essa ideia da autonomia, se ela não for de alguma forma regulamentada, ela termina virando somente autonomia do mais forte.
Obrigatoriedade
É a ideia de que aquilo que foi posto no contrato deve ser cumprido. “Pacta sunt servanda”, que significa que as partes são servas do contrato. Traz uma ideia muito próxima da autonomia, pois vai vincular o sujeito a aquilo que foi acordado. Claro que se tem contratos em que o ordenamento flexibiliza um pouco isso. Quando se fala em obrigatoriedade, eu estou falando aqui não só da existência de um dever, mas também da existência da responsabilidade. Não estou dizendo só que o sujeito tem que cumprir, mas também que se ele não cumprir, ele vai ter que sofrer consequências disso. Tem contratos que eventualmente o ordenamento afrouxa um pouco isso, por exemplo, contrato de jogo ou aposta. O ordenamento reconhece o dever, dez que realmente se você apostou e perdeu, você vai ter que pagar, só que não reconhece a parte da responsabilidade. Notem também que essa questão da obrigatoriedade não tem nenhuma relação com a questão do contrato escrito. Ele é obrigatório pelo acordo, e não necessariamente porque ele está escrito. Claro que quando você faz um contrato por escrito, você facilita muito a questão da prova. 
Relatividade
Ele quer dizer que o contrato só produz efeito para as pessoas que o pactuaram. Ele dialoga com os princípios anteriores no sentido de que se o contrato precisa da autonomia para que ele surja, não tem como alguém que não exteriorizou sua vontade ser afetado por ele. Vai ser obrigatório somente para as pessoas que o celebraram. 
Novos 
Boa- fé objetiva 
Boa-fé objetiva e boa-fé subjetiva. A boa-fé objetiva é o próprio princípio, a ideia daquele padrão ideal de conduta que deve ser observado pelos sujeitos. Quando a gente fala de boa-fé subjetiva, a gente tem um sentido mais fático, de intenção. 
A boa-fé não estava formalmente presente no Código Civil de 16, ela só ingressa com o Código Civil de 2002, no artigo 422. 
 Art. 422. Os contratantes são obrigados a guardar, assim na conclusão do contrato, como em sua execução, os princípios de g probidade e boa-fé. 
Não que antes de 2002, quando se fizesse um contrato, não se precisasse de boa-fé. Só que em 2002, você passa a ter o princípio de modo expresso. Mesmo essa redação, ela sofre algumas críticas. O que se costuma criticar muito aqui é de ter sidofeito de certa forma um recorte temporal sobre quando é que esse princípio deve ser aplicado, porque mesmo nas tratativas pre-contratuais, as chamadas negociações preliminares, os contratantes também devem guardar a boa-fé. Assim mesmo depois de concluído o contrato, os sujeitos ainda continuam obrigados a cumprir eventuais deveres anexos que venham a surgir em virtude daquele contrato. Ha uma certa critica a esse artigo nesse sentido daqui, de que o sujeito esta obrigado a ter boa-fé somente nesse intervalo entre conclusão e execução. Isso daí acaba por interferir na lógica da autonomia principalmente. Porque quando você diz que o sujeito tem deveres, que é obrigatório para ele, mesmo que ele não tenha contratado aquilo, você começa a interferir no que é essa base do contrato da autonomia. 
Aula 02 – 21/02/2018
Função Social
Assim como a boa-fé objetiva, a regulamentação da função social é nova no Código Civil. Pode encontrar a regulamentação da função social no artigo 421. 
 Art. 421. A liberdade de contratar será exercida em razão e nos limites da função social do contrato.
Vejam que esse artigo 421 tanto fala de autonomia, como ele fala de função social; e notem que ele já relaciona uma com a outra. Ele fala que existe a ideia de contratar, mas ele também fala que essa ideia será exercida em razão e nos limites da função social e do contrato. Ou seja, ele coloca ali de maneira muito clara que a liberdade contratual não é completamente desvinculada, ele coloca de maneira muito clara que a liberdade contratual se relaciona com a própria ideia da função social do contrato. Mais uma vez aquele livro clássico de Bobbio da estrutura da função, ou seja, que quando a gente pensa nas categorias do direito, a gente não pode pensar em uma análise meramente estrutural, classificatória; mas também tem que pensar em uma funcionalização, ou seja, a que é que aquilo se presta. Quando a gente fala de função aqui, isso termina tendo muito a ver com a própria ideia dos objetivos do ordenamento. Porque se você parar para pensar, a gente situa em um paradigma que é um paradigma de Estado de Bem Estar Social, de modo que quando você pensa nisso, é algo que a gente não pode deixar de trabalhar na ordem contratual, ainda mais quando se tem um artigo como o 421 reforçando isso de maneira muito clara. 
Quando se fala de função social do contrato, a gente pode trabalhar com duas perspectivas, inter partes, dentro do contrato, e ultra partes, para além do contrato. Quando a gente esta pensando dentro do contrato, a gente vai ter um diálogo entre o princípio da função social e o principio da autonomia. 
Alguns autores acham difícil trabalhar a função social junto com boa-fé objetiva, porque muitas situações terminariam violando tanto a função social, quanto a boa-fé. Qual a ideia aqui? A ideia aqui é que cada contrato tenha uma finalidade, tanto tenha uma finalidade especifica, no sentido de o que é o objeto do contrato (o objeto da compra e venda, tem um acordo em que uma pessoa de obriga a entregar uma coisa e a outra pessoa se obriga a pagar o preço). Mas além disso, se por um lado na compra e venda o sujeito se obriga a entregar uma coisa e em troca disso o outro se obriga a pagar um preço, por outro lado, se em uma compra e venda se aproveitando, por exemplo de uma situação de vulnerabilidade de outra parte ou de necessidade de outra parte, o sujeito vende o produto que seja incrivelmente excessivo, isso está fugindo da função social do contrato. Porque a função social do contrato não é uma pessoa explorar a outra. Claro que quando a gente pensa que está em uma economia capitalista, é natural que a pessoa vá procurar ter lucro. Só que o seu objeto tem um limite, você não pode querer ter um ganho de qualquer maneira. Se você se comporta assim, você não vai estar cumprindo a função social do contrato inter partes.
A gente pode falar também de função social ultra partes, ou seja, podemos pensar também no efeito da função social para além dos contratantes e ai aqui em relação aos princípios que eu dei aula passada, isso aqui afeta muito a relatividade. Porque a gente viu naquela perspectiva clássica que quando nos vamos falar de efeitos dos contratos, estamos pensando nos sujeitos que dele participaram, porque não haveria sentido eu ser obrigado em relação a um terceiro. Só que quando você pensa na função social, você começa a ver que muitos contratos podem sim ter efeitos, principalmente quando a gente pensa em efeitos transindividuais ou efeitos difusos, você começa a ver que os contratos podem vir a sofrer uma regulação ou uma modificação por força de esse contratos afetarem de modo negativo pessoas que dele não participaram. Exemplo: imagine que os donos de posto de combustível de Salvador fazem um acordo sobre o preço do combustível. Se “eventualmente” os sujeitos fizessem realmente isso, em tese a gente poderia ir contra esse contrato pedindo a nulidade, dizendo que ele vai contra a função social em efeitos ultra partes, pois ele estaria prejudicando o direito do consumidor.
Curiosidade: o primeiro cartel do mundo foi de lâmpada. Que se todos fizessem uma lâmpada que durasse muito, ia vender uma só, ai se juntaram para que tivessem uma vida útil. 
A função social, assim como a boa-fé está no Código Civil como clausula geral. 
Revisão Contratual
Aqui só vai ser uma introdução, vamos estudar mais disso depois.
Nos vimos na aula anterior que uma das necessidades que temos no contrato em termos de estrutura é a obrigatoriedade. A gente viu que se o sujeito simplesmente fizesse o acordo e descumprindo, nada acontecesse, esse contrato não seria um instrumento social tão útil, porque não teria uma forca vinculante. Então, claro que a regra quando a gente pensa em um contrato é que aquilo que foi contratado tenha que ser cumprido. Só que a gente começa a ver que nem sempre essa obrigatoriedade era a melhor solução. Porque vejam, quando os sujeitos celebram um contrato, eles celebram tendo por base uma certa representação da realidade. Se eu te vendo esse livro por R$ 50,00 é porque eu tenho uma noção que esse livro vale R$ 50,00 e se você aceitou comprar, é porque você tem essa mesma noção. Só que as vezes, depois que o contrato já foi feito, essa realidade que foi feita de base para os sujeitos muda de forma muito substancial, muito extremo e imprevisível. Por exemplo, imagine que uma pessoa fez um contrato de compra e venda de um imóvel a prazo e ai entre o momento em que é feito o contrato e o memento da execução, tem uma guerra e essa guerra gera um surto inflacionário que faz com que cada uma daquelas parcelas que o sujeito tinha acordado antes, agora o valor absoluto daquilo só serve para o sujeito comprar um BIG BIG. É obvio que quando as partes fizeram o contrato, o sujeito não estava trocando a casa dele por 12 BIG BIGS. De modo que quando se deve esses eventos, se gerou no contrato um desequilíbrio superveniente. Isso acontece porque a base do contrato foi alterada, o valor monetário que se era representado, não se representa mais. O valor nominal se afastou muito do valor real e para que o contrato continue tendo sentido, você vai ter que modificar. Ou seja, você formalmente falando esta quebrando a ideia da obrigatoriedade, mas substancialmente quando você reajusta as parcelas, você está buscando fazer com que o valor dessas parcelas hoje represente o valor das parcelas que o contrato foi pensado. 
Formação do Contrato
Negociações preliminares 
A primeira coisa que eu tenho para falar sobre negociações preliminares é que não tem no código. Um segundo ponto que eu também quero chamar atenção é que quando estamos na fase das negociações preliminares, ainda não existe contrato, não da para falar ainda, no meu entendimento, em responsabilidade contratual. 
E o que seria essas negociações preliminares? Veja, as negociações preliminares englobam toda aquela serie de atos que antecede a proposta, antecede a oferta. Eu só tenho uma proposta verdadeiramente quando todos os elementos paraa formação do contrato estão presentes. Se eu pregunto a Joyce “Joyce, você quer comprar esse celular por R$ 200,00?” Isso é uma proposta. Porque aqui todos os elementos já estão cotados. Se ela disser sim, automaticamente eu já tenho um contrato. Mas se eu falo assim “Joyce, será que você tinha interesse em comprar esse meu celular?”. Isso não é uma proposta, porque eu não estou oferecendo para ela elementos suficientes para fechar o contrato, porque se é uma compra e venda, eu preciso que se tenha um preço. Eu estou em fase de negociações preliminares. 
Essa negociação preliminar, em suma, não tem uma força vinculante contratual.
Pode ser que a negociação preliminar nem exista, por exemplo, quando você vai na cantina e os preços estão lá expostos, não tem negociação preliminar, porque a oferta já está feita. Por outro lado, isso não significa que essa proposta não gere responsabilidade nenhuma. Eu não posso começar uma negociação preliminar só porque eu quero tomar o tempo do outro contratante. 
Aqui boa parte do dever anexo de informação vai se dar aqui. Ela deve ser seria, se não for, ela vai estar sendo ilícita e vai gerar responsabilidade. Na opinião de Requião essa consequência não deve ser obrigar a realizar o contrato, pois assim não haveria a diferença entre negociação preliminar e oferta. A responsabilização deve ser por perdas e danos. 
Aula 03 – 23/02/2018
Oferta
A oferta ou proposta ou poli citação é o ato que dá início a formação do contrato porque para que eu possa pensar em contrato, eu preciso que em algum momento um sujeito externalize em que termos é que ele quer fazer o contrato. Notem que obviamente ele terá que externalizar essa vontade ou a algum sujeito especifico ou a coletividade. Porque a chamada oferta ao público também é uma oferta. Quando se chaga em um loja no shopping e se tem lá os produtos expostos com preço, aquilo é uma oferta, e ai qualquer sujeito que aceitar essa oferta estará formando um contrato. Claro que essa oferta tem que vir dotada de todos os elementos necessários para a realização daquele contrato (sobre a coisa e sobre o preço). 
Essa oferta vincula, ou seja, se eu faço uma oferta, isso é algo que gera para mim uma obrigação de honrar com a oferta que eu fiz. Claro que se eu faço a oferta e ninguém aceita, acabou minha vinculação. Uma coisa importante a se observar é se essa oferta foi feita a uma pessoa ausente (não é aquele ausente lá de Civil I não, é o sentido de não estar presente) ou presente. Presença e ausência aqui não diz respeito necessariamente a presença ou ausência física. Primeiro veio a questão se a comunicação feita pelo telefone era válida;”. Ai veio a resolução que a presença seria a comunicação entre os sujeitos. O e-mail, por exemplo, é uma comunicação entre ausentes. A questão de ate quando a proposta é obrigatória passa por isso, depende se foi feita a pessoa presente ou a pessoa ausente. 
 Art. 428. Deixa de ser obrigatória a proposta:
I - se, feita sem prazo a pessoa presente, não foi imediatamente aceita. Considera-se também presente a pessoa que contrata por telefone ou por meio de comunicação semelhante;
Se a pessoa para quem foi feita a proposta não responder, se encerra ai a obrigatoriedade, mas se ela depois voltar dizendo que quer, ela quem deve fazer a proposta e estar obrigada a ela. 
II - se, feita sem prazo a pessoa ausente, tiver decorrido tempo suficiente para chegar a resposta ao conhecimento do proponente;
Deve ser analisada caso a caso. 
III - se, feita a pessoa ausente, não tiver sido expedida a resposta dentro do prazo dado;
Aqui se relaciona a data da expedição. 
IV - se, antes dela, ou simultaneamente, chegar ao conhecimento da outra parte a retratação do proponente.
Não chegou a chegar ao outro contratante a expectativa. Analise do caso concreto, analise do acesso a essa retratação. 
Aceitação ou Oblação 
Tem-se mais problemas com relação a aceitação no sentido de que eu realmente só estarei vinculado se alguém aceitar a minha oferta. 
Um primeiro ponto que eu quero chamar atenção sobre aceitação é ela deve ser irrestrita. Se eu falo “você quer comprar esse meu notebook por R$ 2.000,00 a vista?” e você me diz “te pago em 30 dias”, você não aceitou, você negou a minha proposta e me fez uma nova proposta. Qualquer mudança em uma resposta, ele não esta aceitando, ele quer fazer outro contrato, mas em moldes parecidos. Eu não estou falando aqui em contrato de adesão. 
Essa aceitação pode ser expressa ou tácita. 
O grande nó desse negócio é quando esse contrato esta sendo feito entre ausentes. Porque a oferta vincula, mas eu só tenho um contrato quando há a aceitação. Quando eu tenho uma pessoa presente, eu não tenho dúvida. Mas quando tenho um pessoa ausente... tem-se duas teorias: teoria da informação ou cognição e teoria da declaração ou agnição. 
Teoria da Informação 
Ela não é adotada pelo nosso código. A teoria da informação diz que só estaria formado o contrato, quando chegasse ao conhecimento do proponente a aceitação. O grande problema aqui é que nesse contrato celebrado entre ausentes, a prova de chegar ao conhecimento é uma prova quase que impossível, porque conhecimento eu tenho que saber que o sujeito aceitou. Imagine que eu fiz uma proposta por e-mail, a pessoa me responde dizendo que aceita, o e-mail chegou na minha caixa de entrada e eu simplesmente deletei e não li. Por essa teoria não haveria contrato ainda, porque eu não tenho conhecimento da resposta, nem que eu não agisse de má-fé, eu simplesmente esqueci de olhar uma resposta; enquanto não houvesse conhecimento não haveria. 
Teoria da Declaração
É a ideia trabalhada por nós. O que importa é que o sujeito tenha dito que aceita. Só que nos temos dois momentos possíveis para poder analisar isso, ai que vem as duas subteorias. Quando a gente fala de teoria da declaração, uma primeira possibilidade é a gente trabalhar coma ideia da expedição, ou seja, estaria perfeito o contrato a partir do momento em que o oblato houvesse expedido a sua aceitação. Exemplo, eu peguei a carta e coloquei no correio, já tem contrato; ou eu peguei o e-mail e enviei, já tem contrato. A segunda vertente dessa teoria da declaração é a subteoria da recepção, ou seja, só haveria contrato a partir do momento que a aceitação chegasse até o proponente. Notem que isso que eu acabei de explicar da recepção é diferente da teoria da informação, porque aqui se o e-mail chegou, pouco importa se ele leu ou não, não tem a prova de conhecimento por parte do proponente, tem a ver simplesmente com a prova de a resposta chegou até ele. 
Me parece que o código trabalha com as duas subteorias. Em regra geral, o código adota a teoria da expedição, o que a gente pode fundamentar pelo que já vimos lá no artigo 428, inciso III, como também o caput do artigo 434 (nele há exceções). 
 Art. 434. Os contratos entre ausentes tornam-se perfeitos desde que a aceitação é expedida, exceto:
I - no caso do artigo antecedente;
II - se o proponente se houver comprometido a esperar resposta;
III - se ela não chegar no prazo convencionado.
 Art. 433. Considera-se inexistente a aceitação, se antes dela ou com ela chegar ao proponente a retratação do aceitante.
O código também regulamenta situações que podem acontecer, tipo, o sujeito ate respondeu como tinha que responder, mas só chegou a resposta ao proponente depois por alguma intercorrência (os correios perdeu a correspondência, teve um problema no servidor e o e-mail só chegou depois…). Como é que fica essa situação? A solução que se tem no código é a prevista no artigo 430. 
 Art. 430. Se a aceitação, por circunstância imprevista, chegar tarde ao conhecimento do proponente, este comunicá-lo-á imediatamente ao aceitante, sob pena de responder por perdas e danos.
Então notem que essa resposta numa circunstancia imprevista chegando tarde, o proponente não esta mais obrigado a celebrar o contrato. Só que por outro lado, o proponente tem o dever de comunicar ao aceitante isso, sob pena de senão fizer tem que responder por perdas e danos. Porque o proponente até então acha que o contrato esta feito. 
Um último ponto sobre oferta e aceitação é o fato de que a proposta é importante por um outro fator. 
 Art. 435. Reputar-se-á celebrado o contrato no lugar em que foi proposto.
Então, o lugar em que se deu a resposta é que se considera o lugar que foi feito. Isso é importante quando proponente e aceitante residam em municípios diferentes para uma ação judicial, por exemplo. 
Aula 04 – 28/02/2018
Classificação dos Contratos 
Unilateral x Bilateral
O critério é ver se o contrato gera obrigações, aqui eu estou falando de obrigação principal, só para um dos polos contratantes ou para ambos. Por exemplo, uma compra e venda é unilateral ou bilateral? Bilateral. Locação? Bilateral. Doação? Unilateral. A classificação unilateral x bilateral muitas vezes é confundida com oneroso x gratuito. 
Oneroso x Gratuito
Aqui a analise leva em consideração se o contrato da vantagens patrimoniais para apenas uma parte ou para ambas as partes. E por que que eu falei que pode gerar uma confusão? No mais das vezes o contrato que é bilateral também é oneroso, como também é natural que se eu tenho um contrato unilateral, a tendência é que ele seja gratuito. Só que não é regra absoluta. Temos um caso no código em que você vai ter um contrato que é unilateral e que embora ele seja unilateral, ele poderá se oneroso ou gratuito, que é o mutuo. O mútuo se revela como empréstimo de consumo, ao passo que o comodato se consubstancia no empréstimo de uso. Outra diferença entre os institutos está no objeto: o mútuo alcança apenas bens fungíveis, e, o comodato bens infungíveis. O mutuário desobriga-se restituindo coisa da mesma espécie, qualidade e quantidade, mas, o comodatário só se libera da obrigação restituindo a própria coisa emprestada. Além disso, o mútuo acarreta a transferência do domínio (o que não ocorre no comodato) e permite a alienação da coisa emprestada, ao passo que o comodatário é proibido de transferir o bem a terceiro. 
O mutuo é unilateral, porque a única obrigação é devolver a coisa que havia sido emprestada. Além disso, ele pode ser oneroso e gratuito. Pode ser que eu te empreste dinheiro simplesmente para você devolver o dinheiro que eu te emprestei, nesse caso só quem teve vantagem patrimonial foi o mutuário, por usar aquele dinheiro durante um tempo para lá na frente me devolver sem nenhuma vantagem para mim. Mas pode ser que eu empreste esse dinheiro a juros, para que o sujeito me devolva esse dinheiro daqui a algum tempo acrescido de juros, e nesse caso houve vantagem para o mutuário que pode usar aquele dinheiro, como também para mim que recebi uma remuneração por aquilo que eu emprestei. 
Em termos práticos, essa questão de unilateral x bilateral, gratuito x oneroso tem alguns reflexos no código, por que? Vocês devem se recordar que o tratamento que o código da ao contratante que não é o contratante que tem a vantagem normalmente é um tratamento bem mais brando; basta lembrar de obrigações já no final da parte de inadimplemento, que uma coisa (em termos de responsabilidade) é o sujeito não cumprir com a obrigação, a coisa se perdeu, e era contrato benéfico, mas por culpa stricto sensu, ele não responde, ele só responde se ele agiu dolosamente para o inadimplemento. Já contrato oneroso, ele responde por simples culpa.
Comutativo x Aleatório
Alguns autores colocam essa classificação como se fosse uma subdivisão de contrato oneroso. Eles falam que só da para você falar de comutativo e aleatório como sendo um contrato oneroso. Não sei se isso é bem verdade, mas é só para explicar que vocês podem encontrar em livros isso daí. Qual a ideia? Quando se fala em contrato comutativo, estamos falando de um contrato que as prestações já estão certas, que as prestações não dependem de nenhum evento posterior para ver se elas são ou não são devidas e em que medida. Já se sabe de imediato o que é que vai ser devido pelo sujeito. Já quando se fala de contrato aleatório, o próprio nome já diz… Temos um contrato em que a prestação de pelo menos um dos envolvidos (dever ou até mesmo o conteúdo dessa prestação) vai ser determinado por eventos futuros. Então, no contrato aleatório, pelo menos um dos contratantes não sabe ainda exatamente o conteúdo da sua prestação. Tem alguns contratos que são aleatórios por natureza, que não é o que o código regulamenta. Mas eu digo que são aleatórios por natureza porque o dever ou não dever dependem de um evento futuro. Pensem, por exemplo, em um contrato de seguro, por um lado tem o segurado que paga o premio no inicio do contrato, para poder segurar certo bem e o segurador tem a obrigação de cobrir o risco protegido. Só que isso daqui pode vir a se realizar ou não. Se aquilo não se realizar, o segurador não vai pagar nada, e se realizar, ele vai ter que pagar. Nós temos várias situações em que se pode pegar um contrato que por si não é necessariamente aleatório e por meio de clausula contratual transforma-lo em um contrato aleatório, e é isso que o código regulamenta. 
Esses artigos do código podem dizer respeito tanto a coisa futura, algo que não existe ainda, como eles também podem dizer respeito a uma coisa já existe, mas que esteja exposta a risco. 
 Art. 458. Se o contrato for aleatório, por dizer respeito a coisas ou fatos futuros, cujo risco de não virem a existir um dos contratantes assuma, terá o outro direito de receber integralmente o que lhe foi prometido, desde que de sua parte não tenha havido dolo ou culpa, ainda que nada do avençado venha a existir.
Exemplo: compra e venda de um safra futura. Mas tem que ser de uma coisa aleatória “me obrigo a pagar R$ 10.000, 00 por aquilo que você colher. 
Eu posso também fazer esse contrato diante duas modalidades, por que? Por um lado eu posso fazer esse contrato, assumindo esse risco de maneira integral, ou seja, uma possibilidade de fazer esse contrato é que mesmo se tiver uma praga e não sobrar nada da colheita, mesmo assim eu vou estar obrigado a pagar o preço. Quando for assim, eptio spei (mesmo quando nada vier a existir, o sujeito está obrigado a pagar a sua prestação). Mas também, por outro lado, eu posso fazer esse contrato em uma perspectiva mais branda, dizendo que eu estou obrigado a minha prestação que vai ser essa, desde que 
Isso não significa que o agricultor possa agir de forma negligente, porque aqui o fato de qualquer resultado desobrigar, não significa que ele possa agir de maneira qualquer na condução do seu negócio. 
 Art. 459. Se for aleatório, por serem objeto dele coisas futuras, tomando o adquirente a si o risco de virem a existir em qualquer quantidade, terá também direito o alienante a todo o preço, desde que de sua parte não tiver concorrido culpa, ainda que a coisa venha a existir em quantidade inferior à esperada.
Parágrafo único. Mas, se da coisa nada vier a existir, alienação não haverá, e o alienante restituirá o preço recebido.
 Art. 460. Se for aleatório o contrato, por se referir a coisas existentes, mas expostas a risco, assumido pelo adquirente, terá igualmente direito o alienante a todo o preço, posto que a coisa já não existisse, em parte, ou de todo, no dia do contrato.
 Art. 461. A alienação aleatória a que se refere o artigo antecedente poderá ser anulada como dolosa pelo prejudicado, se provar que o outro contratante não ignorava a consumação do risco, a que no contrato se considerava exposta a coisa.
Aqui é o caso em que ei faço uma compra e venda com alguém de um produto que está sendo transportado via navio. Normalmente o sujeito só se desonera quando ele me entrega a coisa em questão, mas notem que eu posso fazer um contrato dizendo que a partir do momento daquela celebração o risco sobre a coisa já passa a correr para mim e não para ele. Só que eu posso fazer um contrato aleatório em que eu assuma o risco para pagar mais barato. 
Paritário x Adesão 
Quando se fala em contrato paritário, estamos falando de um contrato em quevocê tem ali uma possibilidade entre as partes na construção do contrato de discussão das clausulas desse contrato. Paritário aqui é no sentido em que ambos os sujeitos tem autonomia. Já o contrato de adesão, se trata de um contrato em que o contrato é inteiramente elaborado por uma das partes e que a autonomia do outro contratante se restringe a aceitar ou não aceitar. Uma primeira coisa que eu gosto de começar falando sobre o contrato de adesão é que para vocês tirarem da cabeça a ideia de que contrato de adesão é abusivo, por mais na realidade aconteça muito. O que acontece é o seguinte, como o contrato de adesão é um contrato em que uma das partes tem sua autonomia muito limitada, ha por parte da lei um cuidado bem maior em relação ao conteúdo desse contrato de adesão e traz para essa pessoa algumas garantias a mais. 
 Art. 423. Quando houver no contrato de adesão cláusulas ambíguas ou contraditórias, dever-se-á adotar a interpretação mais favorável ao aderente.
 Art. 424. Nos contratos de adesão, são nulas as cláusulas que estipulem a renúncia antecipada do aderente a direito resultante da natureza do negócio.
Qual é a questão aqui? Se tem um direito que é inerente ao negócio, a natureza daquele negócio, você fixar uma cláusula em que se afaste a possibilidade de exercício daquele direito por parte do aderente, você vai ter uma nulidade dessa clausula. Exemplo, fiança; vocês já devem ter ouvido falar de uma coisa chamada beneficio de ordem. O que é esse beneficio de ordem? Se tem o devedor e o fiador e forem executar o fiador antes do devedor, o fiador pode dizer que não e mandar ir procurar o devedor. Num contrato de adesão, por exemplo, em que se coloque lá “a renúncia do fiador ao beneficio de ordem” me parece que esse fiador poderia buscar anular essa clausula com base nesse art. 424, pois estaria renunciando antecipadamente a um direito inerente na natureza desse contrato. não estou dizendo que vai acontecer, mas que se pode arguir. 
Real x Consensual 
Nos já vimos que quando a gente esta falando de um contrato, é obvio que é essencial para que se oble esse contrato, que tenha havido esse contrato. Então o consenso é essencial para a existência de qualquer contrato. Por outro lado, nos temos alguns contratos que tem por elemento de existência, além desse consenso, a necessidade da entrega de alguma coisa. E quando você tem a entrega dessa coisa como elemento de existência do contrato, você diz que esse contrato é um contrato real. Eu estou dizendo que todo contrato que tenha entrega de coisa é real? Não. Eu só estou dizendo que quando a entrega da coisa é pré-requisito da EXISTENCIA, ele real. 
 Art. 481. Pelo contrato de compra e venda, um dos contratantes se obriga a transferir o domínio de certa coisa, e o outro, a pagar-lhe certo preço em dinheiro.
“Um dos contratantes se obriga” não é “um dos contratantes transfere”, então no momento em que a gente fez um acordo, que eu vou te entregar esse notebook e em troca você me entrega os R$ 1.000, 00, esse contrato esta perfeito, mesmo que eu ainda não te entregue o notebook e nem você os R$ 1.000,00. 
Já quando a gente vai para o comodato, a coisa muda de figura. 
 Art. 579. O comodato é o empréstimo gratuito de coisas não fungíveis. Perfaz-se com a tradição do objeto.
Essa artigo do comodato está dizendo que só está perfeito o contrato quando há a tradição da coisa (entrega do objeto). Ele é um contrato real. 
Solenes x Não Solenes
Não tem muito o que ver, todo mundo já está cansado de saber. 
Personalíssimos x Impessoais 
A ideia aqui basicamente é verificar se no momento em que foi celebrado o contrato, a vontade dos sujeitos foi dirigida unicamente a realização de uma prestação ou foi dirigida a realização de uma prestação por um sujeito determinado. Se foi por um sujeito determinado, você tem um contrato personalíssimo se se foi o outro é impessoal. Notem que vocês confundem muito e vocês querem dizer que todo contrato é personalíssimo. Uma compra e venda por exemplo, eu estou obrigado a entregara coisa e você esta obrigado a pagar o preço, é muito mais próximo da ideia de obrigação fungível e infungível. 
Principais x Acessórios 
Quando eu estou falando de um contrato acessório, eu estou falando de um contrato cuja existência é vinculada a um outro contrato. a finca é um contrato jurídico em essência acessório. Já o contrato principal é aquele que não tem sua existência vinculada a nenhum outro contrato. 
Alguns autores falam em contrato derivado que são os “sub”. É um contrato do mesmo tipo contratual do principal. Exemplo: contrato de sublocação. 
Aula 05 – 02/03/2018
Típicos x Atípicos 
Desde as primeiras aulas eu já falo de contrato atípico para vocês, quando eu dizia que o contrato antes de tudo, antes mesmo da vontade jurídica, que ele era uma operação econômica e ate por conta disso, você teve primeiro uma construção jurídica dos contratos em espécie para depois surgir a construção de teoria dos contratos, e eu disse lá que essa construção sobre teoria dos contratos surge muito por conta dos contratos atípicos, por que? A ideia de contrato típico e atípico surge muito pelo seguinte: quando a gente fala do um contrato típico, a gente esta falando de um contrato que ele tem uma previsão legal expressa; então em algum momento o legislador se ocupou de em alguma lei regulamentar no Brasil como é que vai se dar aquele tipo contratual. Só que o contrato antes de tudo é um dado da realidade, é uma operação econômica e não há interesse jurídico em limitar (a não ser que eu tenha um objeto ilícito, etc.) as possibilidades de operações econômicas que as pessoas vão realizar no mundo real com base naquilo que o legislador se ocupou de regulamentar. Você não tem como fazer com que a lei acompanhe a evolução social na mesma velocidade que as coisas acontecem. Então não dá para pretender que eventuais acordos que as pessoas planejem e que não tenham sido inicialmente previstos, não da para pretender que esses acordos não sejam recepcionados pelo ordenamento. Ou seja, o fato de eu pensar em uma operação econômica que não esta regulamentada, desde que ela não esteja proibida, isso não é um impedimento para realização dela faticamente, e não é um impedimento também para que ela seja juridicamente considerada e é justamente ai que a gente encontra a figura do contrato atípico. 
 Art. 425. É lícito às partes estipular contratos atípicos, observadas as normas gerais fixadas neste Código.
O contrato só não pode ser contra legem. 
Nominados x Inominados 
Está meio obvio que tem a ver com a ideia do contrato ter ou não ter um nome. Claro que não tem como eu pensar em um contrato típico e nominado, porque é um impedimento de ordem logica. Se o legislador colocou o código contrato de não sei o que, não tem como ele ser inominado. Ou seja, todo contrato típico é nominado. Só vai ter dúvida quanto a isso quando se tratar de contrato atípico, por que: porque como a gente viu agora a pouco, o que é que acontece? Como eu disse para vocês, essas operações econômicas que vão surgindo, vão surgindo a partir da vivencia, a partir da experiencia, necessidades e interesses que vão surgindo no dia a dia. Muitas vezes ninguém nunca tinha pensado em realizar determinado tipo de contrato, sempre vai ter alguma operação que pode ser realizada que não se encaixa em nada e alguém pela primeira vez resolve fazer aquilo. Ainda que a pessoa chame aquilo de contrato de sei lá o que. Vamos dizer que a pessoa vá fazer um contrato sobre o lixo e chame “contrato do Bahia” e ai mesmo que a pessoa tenha chamado de contrato de Bahia, pode ser que uma outra pessoa faca um outro contrato que é praticamente igual e chame de contrato de qualquer outra coisa “contrato da Fonte Nova”, só que ai quando esse contrato for se popularizando, em algum momento um desses nomes vai prevalecer e esse contrato mesmo que ainda não tenha sido regulamentado, deixa de ser um contrato inominado e passa a ser um contrato nominado, no sentido deque quando alguém falar contrato de X, as pessoas vão entender do que ele esta falando. Antes não tem sequer um consenso de linguagem, ou seja, é algo tão novo, que não ha na sociedade sequer um consenso de como aquele contrato de chama. Mas em algum momento vai haver um dialogo para se chegar em um consenso e nomina-lo, mesmo que esse contrato continue sendo atípico.
Por que que eu fiz questão de falar logo do nominado e inominado para poder voltar para o atípico? Notem que quanto mais eu progrido nessa linha, quanto mais eu sigo nessa linha, mais incerteza sobre como esse contrato funciona eu tenho. Quanto mais eu progrido nessa linha, do típico para o atípico nominado e para o atípico inominado, mais incerteza eu tenho, por que? Se eu estou falando de um contrato típico e na hora que em concreto quando vamos celebrar o contrato, esquecemos uma clausula, o que é que vou fazer? Eu vou para o código civil e vou ver o que é que diz. Por exemplo. Vamos dizer que a gente fez uma compra e venda de um imóvel e nessa compra e venda a gente não determinou quem é que vai arcar com as despesas do contrato. Ai beleza, vai pro código e vem que compete a quem. Quando é um contrato atípico, mas que é nominado, embora eu não ache essa resposta no código, com certeza já existe uma jurisprudência sobre o tema, com certeza alguém já escreveu na doutrina alguma coisa sobre aquilo ali também e na pratica outros contratos que tenha sido realizado por outras pessoas e que eu possa comparar aquele contrato que eu realizei. Eu tenho dentro do tipo contrata que existe, só não esta na lei, eu tenho como me socorrer. Só que quando eu vou para um contrato atípico inominado, a única coisa que me resta são as regras sobre Teoria Geral dos Contratos ou uma aplicação de analogia. 
É importante vocês terem em mente que na elaboração de um contrato atípico e nominado na comparação com o atípico e inominado e em comparação com o típico, o primeiro na hora que eu vou redigir o contrato exige uma complexidade muito maior do que quando eu tenho o típico. Porque se eu estou fazendo um contrato de compra e venda, e a gente não quiser dizer quem é que arca com a despesa do contrato, porque se s gente não disser, o código diz. Quando eu tenho o contrato atípico e inominado, eu tenho que na hora de redigir um contrato ter uma atenção redobrada, por que eu vou regulamentar tudo sobre aquele contrato.
Pode acontecer de um contrato que seja típico cair em desuso. 
Preliminares x Definitivos 
Contrato definitivo não tem nem o que comentar, é aquilo que as pessoas alcançaram como objetivo final do acordo de vontades. Os contratos preliminares tem sua regulamentação no código a partir do artigo 462. Esse contato preliminar sempre vai ter o mesmo objeto em termos abstratos. Qual é o objeto do contrato preliminar que vai se repetir todas as vezes? Celebrar o contrato definitivo. Notem também que como esta descrito, inclusive, nesse primeiro artigo que é o 462, esse contrato preliminar, exceto a questão da forma, ele tem que atender a todos os requisitos essenciais do contato definitivo que se pretende celebrar. Então,, por que é que eu não faço logo o contato definitivo? Porque pode ser que tenha um impedimento daquele momento para fazer o contrato definitivo. Por exemplo, imagine que uma pessoa faleceu e se abriu o inventario, mas o inventario ainda não esgotou. Ai os herdeiros em consenso encontram uma pessoa que quer comprar um imóvel que está nesse inventario, então os herdeiros pedem pegar e celebrar um contrato preliminar de compra e venda que findado o inventario, eles realizam de maneira definitiva. 
NÃO CONFUNDAM CONTRATO PRELIMINAR (QUE JÁ É UM CONTRATO EM QUE HOUVE OFERTA E ACEITAÇÃO) COM NEGOCIACOES PRELIMINARES (É UMA FASE PRE-COTRATUAL). 
 Art. 463. Concluído o contrato preliminar, com observância do disposto no artigo antecedente, e desde que dele não conste cláusula de arrependimento, qualquer das partes terá o direito de exigir a celebração do definitivo, assinando prazo à outra para que o efetive.
 Parágrafo único. O contrato preliminar deverá ser levado ao registro competente.
Notem que se não tiver uma clausula de arrependimento, por exemplo, você fez o contrato preliminar e botou arras penitenciais; ou simplesmente colocou lá uma clausula de arrependimento sem nenhuma penalidade. Mas se não tiver abertura apara o arrependimento para qualquer um dos sujeitos, a celebração definitiva pode ser obrigada. Além disso, é tão obrigatório, que o 464 fez questão de frisar que o próprio juiz pode suprir a vontade do contrate. 
 Art. 464. Esgotado o prazo, poderá o juiz, a pedido do interessado, suprir a vontade da parte inadimplente, conferindo caráter definitivo ao contrato preliminar, salvo se a isto se opuser a natureza da obrigação. 
Ou seja, notem que em regra, o suprimento por parte do juiz já gera automaticamente o mesmo efeito de execução de se a parte tivesse assinado; porque a ideia aqui é exatamente dar uma força vinculante a esse contrato preliminar. A natureza da obrigação ela pode impedir a execução do contrato, por exemplo, é uma obrigação personalíssima. Mas eu acho que isso não me impede de falar em conclusão do contrato. Porque eu posso dizer que o contrato está concluído, e se eu não cumprir, eu vou arcar com as consequências do inadimplemento. Além disso, vejam também que o não cumprimento de certa forma, termina gerando um autorização para a outra parte continuar insistindo, que é uma autorização de resolução. 
 Art. 465. Se o estipulante não der execução ao contrato preliminar, poderá a outra parte considerá-lo desfeito, e pedir perdas e danos. 
Então, tanto eu posso buscar a execução da tutela especifica da minha obrigação, como eu posso resolver com perdas e danos como em qualquer outro contrato. 
Uma ultima coisa sobre contrato preliminar diz respeito a vinculação das partes. 
 Art. 466. Se a promessa de contrato for unilateral, o credor, sob pena de ficar a mesma sem efeito, deverá manifestar-se no prazo nela previsto, ou, inexistindo este, no que lhe for razoavelmente assinado pelo devedor.
Qual é o ponto aqui? É que não necessariamente eu tenho que fazer um contrato definitivo que vincule ambos os contratantes. Eu posso fazer um contrato de promessa de compra e venda em que você se comprometa a me vender por tal preço, mas eu não me comprometo a comprar. Mas a pessoa que está vinculada não pode ficar indefinidamente aguardando o outro dizer se quer ou não quer celebrar o contrato. normalmente já é colocado um prazo no contrato. E se não tiver, a pessoa que não esta vinculada pode estipular um prazo razoável.
Aula 06 – 07/03/2018
Vicio Redibitório e Evicção
Tanto o vício redibitório, quanto a evicção servem como garantias contratuais legalmente determinadas. Só que enquanto o vício redibitório, ele traz uma garantia sobre a coisa. Já quando a gente fala de evicção, é uma garantia quanto ao direito sobre a coisa. 
Vicio Redibitório
Esses vícios redibitórios estão no código civil a partir do artigo 441. E esse artigo 441, de certa forma, traz os requisitos necessários para que possa invocar essa garantia do vício redibitório. 
 Art. 441. A coisa recebida em virtude de contrato comutativo pode ser enjeitada por vícios ou defeitos ocultos, que a tornem imprópria ao uso a que é destinada, ou lhe diminuam o valor.
 Parágrafo único. É aplicável a disposição deste artigo às doações onerosas.
Notem que um primeiro requisito para isso daqui para, que se possa alegar vicio redibitório, é justamente que seja um contrato comutativo. Tem alguns autores que dizem que na verdade, basta ser oneroso, mas a expressão da lei é de contrato comutativo. Além disso, tem que ser um vício, um defeito que seja oculto. Por exemplo, não tem como eu te oferecer para comprar esse celular e digamos que ele tivesse uma rachadura na tela, você celebrasse comigo a compra e venda e depois de receber o celular, quisesse alegar vicio redibitório apontando essa rachadura na tela. Porquequando se trata de um defeito, que seja um defeito aparente, não é possível alegar vicio redibitório, tem que ser algo que não seja visível diante de uma simples analise. Se por uma lado você não esta exigindo o olhar de alguém que seja um especialista naquilo, por outro lado, você não vai permitir que se alegue vicio redibitório de algo que seja de passível constatação. Então, se eu vou vender um carro, uma coisa seria a pessoa alegar que quando comprou, não sabia que existia um problema no motor (como a maioria das pessoas não tem conhecimento sobre motor, se o carro ligou e andou, você pressupõe que está tudo bem). Mas você jamais poderia alegar vicio redibitório porque o para-brisa do carro esta quebrado. A presunção é de que quando é um defeito aparente, esse defeito já foi apresentado na realização do negócio.
O código não fala, mas é claro que a gente esta falando de um defeito que é pré-existente, pelo menos até a tradição. Não tem como eu fala em vicio redibitório de um defeito que SURJA DEPOIS que o bem já foi alienado. 
Além disso, vocês viram que o artigo 441 diz que tem que ser uma coisa que torne a coisa impropria para o uso ou diminua seu valor, que acaba abrangendo quase todo tipo de situação. O que se quer aqui é pura e simplesmente evitar a alegação de vicio redibitório para coisas que sejam muito diminutas em relação ao contato. Mas em regra, se diminui o valor do bem, ou se torna improprio ao uso, você pode alegar vicio redibitório. Por exemplo, algo que seja de natureza mais estética não vai tornar impropria ao uso, mas certamente vai diminuir o valor. 
Presentes todos esses requisitos, abre-se a possibilidade de alegação de vicio redibitório. Voltando lá ao início, veja que tem que ser contrato comutativo, ou doação onerosa., porque a ideia aqui (vocês vão estudar doação ainda), mas vocês vão ver que é o seguinte: a gente tema a doação pura ou simples (o doador transfere para o donatário sem nenhum ônus) e a gente tem a doação onerosa ou com encargo (o doador transfere o bem para o donatário, mas fixa um ônus que tem que ser cumprido por ele). Vocês vão ver quando estudarem doação que a configuração da doação com encargo é bem diferente da doação pura ou simples, porque faz parte do pressuposto que essa doação com encargo, por gerar já um ônus para o donatário, termina trazendo para ele algumas vantagens em contratos onerosos. Se considera injusto que esse sujeito que tem que cumprir com ônus não possa alegar a existência de um vício redibitório. – não entendi muito bem essa parte 
Efeitos 
O efeitos são basicamente, o que a pessoa que foi prejudicada pelo vicio redibitório pode fazer. 
Vejam que na verdade são duas opções. Ele tanto pode realizar a redibição do bem que envolve devolver o bem, receber de volta o que pagou e extinguir o contrato. como ele pode também optar por manter o contrato, mas pedir um diminuição do preço que foi anteriormente acordado. Essas ações são chamadas de ações edilícias. Mais especificamente, quando você vai pedir a edilição, chama de ação redibitória e quando você vai pedir o abatimento do preço, chama de ação quanti minoris. 
Não sei se vocês notaram, mas quando eu estava dando os requisitos para poder alegar vicio redibitório, não entra, eu não apresentei como requisito a questão da boa-fé ou da má-fé. Ou seja. Para ter vicio redibitório, pouco importa se o alienante sabia ou não sabia do defeito oculto, pré-existente. A questão do sujeito (o alienante) ter ou não ter conhecimento do defeito não é um requisito para a determinação, para a configuração do vício redibitório. Agora, esse conhecimento ou desconhecimento do alienante é importante na hora de analisar as consequências desse vicio. 
 Art. 443. Se o alienante conhecia o vício ou defeito da coisa, restituirá o que recebeu com perdas e danos; se o não conhecia, tão-somente restituirá o valor recebido, mais as despesas do contrato. 
Notem que quando ele não conhece, a limitação da responsabilidade dele, é realmente uma limitação de colocar os sujeitos em uma posição de quando nem existia o contrato, no sentido de que o alienante vai receber de volta o bem e vai devolver o valor que ele recebeu, mais despesas que o adquirente tenha gasto como contrato. Agora, se ele tinha conhecimento do vício e ocultou isso do adquirente, ai o alienante vai responder também por perdas e danos. 
Quando vai dar essa redibição, claro que quem tem que provar é o adquirente. Claro que se o sujeito vai fazer a redibição, ele vai entregar a coisa e receber o dinheiro. Só que o código faz uma ressalva quanto a isso, ele apresenta uma situação em que o adquirente pode ter direito de receber o dinheiro de volta, mesmo que ele não devolva a coisa. E que situação é essa? É justamente o caso em que a coisa tenha perecido por conta do vicio ou defeito. Exemplo, se o problema do carro era no motor e ai o adquirente ficou usando o carro depois que comprou e em virtude do defeito o motor deu perda total. 
Prazos 
O que se faz aqui basicamente é mudar o prazo conforme se trate de bem móvel e bem imóvel. Qual a ideia aqui? Vejam só, quando se trata de bem móvel, o prazo é de 30 dias contado da tradição. Já quando é bem imóvel, o prazo é de 1 ano a partir da efetiva entrega. Então, notem que em nenhum dos casos, seja móvel ou seja imóvel, o prazo é contado simplesmente a partir da realização do contrato, por que? O prazo aqui que se quer pensar, se relaciona mui mais coma possibilidade, ou seja, a partir de quando surge a possibilidade ao adquirente de verificar a existência do vício. Porque se eu faço um contrato com você para te vender esse computador, mas eu te entrego daqui a dois meses, é obvio que você só passa a ter a possibilidade de verificar qualquer defeito nesse computador a partir do momento que acontece a tradição. 
 Art. 445. O adquirente decai do direito de obter a redibição ou abatimento no preço no prazo de trinta dias se a coisa for móvel, e de um ano se for imóvel, contado da entrega efetiva; se já estava na posse, o prazo conta-se da alienação, reduzido à metade.
 § 1o Quando o vício, por sua natureza, só puder ser conhecido mais tarde, o prazo contar-se-á do momento em que dele tiver ciência, até o prazo máximo de cento e oitenta dias, em se tratando de bens móveis; e de um ano, para os imóveis.
 § 2o Tratando-se de venda de animais, os prazos de garantia por vícios ocultos serão os estabelecidos em lei especial, ou, na falta desta, pelos usos locais, aplicando-se o disposto no parágrafo antecedente se não houver regras disciplinando a matéria.
Esses prazos que eu falei, eles são reduzidos pela metade se quando aconteceu a alienação, o bem já estava na posse do adquirente. Por exemplo, eu te loquei um apartamento e você está morando nesse apartamento, ai durante o curso desse contrato de locação, ou quando findou esse contrato de locação, você resolve comprar o apartamento de mim. Nesse caso daí você não vai ter o prazo de um ano, você vai ter o prazo de seis meses. 
Tem algumas situações em que o vício ou defeito não seria possível de ser conhecido dentro do prazo. Exemplo: uma pessoa compra uma animal que já esta infectado com uma doença, mas vamos dizer que essa doença tem um período de incubação de 60 dias e que antes disso ela é indetectável. É o tipo de situação que se não tivesse a variante da regrado do prazo que a gente vai ver agora, o sujeito estaria prejudicado. 
A partir do momento que é detectado o vício possível do parágrafo primeiro, tem-se o prazo contido no caput para pedir a redibição ou ter abatimento no preço. 
 Art. 446. Não correrão os prazos do artigo antecedente na constância de cláusula de garantia; mas o adquirente deve denunciar o defeito ao alienante nos trinta dias seguintes ao seu descobrimento, sob pena de decadência. 
Eu te vendi esse notebook aqui e te dei uma garantia de um ano quanto ao adequado funcionamento dele. Então, em regra, o que é que vai acontecer? Você só vai ter como está aqui no 445, vocêsó vai ter a contagem dos 30 dias, a partir do momento em que acabar com a minha garantia de um ano. 
Claro que a clausula de garantia pode ser mais abrangente do que o vício redibitório “eu cubro por um ano qualquer defeito”. 
Evicção
A evicção está no código a partir do artigo 447. 
 Art. 447. Nos contratos onerosos, o alienante responde pela evicção. Subsiste esta garantia ainda que a aquisição se tenha realizado em hasta pública. 
Notem que na evicção, não precisa ser contrato comutativo, basta que seja contrato oneroso. E o que é essa garantia da evicção? Como eu já disse para vocês é uma garantia sobre o direito a coisa. Por que? Como é que se configura a evicção? A evicção acontece quando dois sujeitos fazem um contrato oneroso que envolve a alienação de uma coisa. Posteriormente ao cumprimento desse contrato, aparece um terceiro que comprova que ele tem melhor direito sobre a coisa. Por exemplo, o sujeito comprou um imóvel, mas ai um outro sujeito traz uma escritura que comprova que tinha um erro lá no registro e que o imóvel na realidade é dele, e ele vai lá e consegue pegar esse imóvel. Então quando o sujeito perde esse bem que ele tinha adquirido através de um contrato oneroso para um terceiro que comprova o melhor direito sobre a coisa, acontece a evicção. Esse terceiro é chamado de evictor e a pessoa que perdeu o bem é chamada de evicto. 
Essa evicção pode se dar tanto pela via judicial (exemplo da venda do imóvel), quanto pela via administrativa (exemplo: apreensão de um veiculo com placa fria que havia sido roubado). 
Se o sujeito adquiriu um bem onerosamente, é natural que ele pretenda ter alguma garantia quanto a titularidade dessa coisa.
Essa evicção pode der total ou parcial. Exemplo: eu comprei uma fazenda, e ao comprar essa fazenda, um vizinho veio alegar que a marcação do terreno estava errada e vai ate um ponto menor do que aquele que eu havia inicialmente comprado, essa é uma evicção parcial, pois ao fazer remarcação do terreno eu perderei uma parte dele. 
Não confundam isso com algo que vocês vão ver quando estudarem compra e venda que é a chamada venda ad mensura. Quando se faz um contrato de compra e venda, você pode fazer esse contrato de duas maneiras, você pode fazer a compra e venda ad corpus que ai você vai estar vendendo a coisa com corpo certo, pouco importa a metragem, por exemplo, comprar uma sala. Como também você pode fazer esse contrato de compra e venda em que esse contrato vai ser celebrado levando em conta as medidas da coisa, ad mensura. 
Vocês vão ver que se esse sujeito que fez o contrato descobrir que a dimensão está errada, ele tem direito a reclamar. 
O que eu quero chamar atenção aqui para vocês não confundirem essa proteção da compra e venda na venda ad mensura com a proteção da evicção. Porque lá é um mero problema de medição, e não um problema de titularidade. 
Extensão 
Ha uma possibilidade trazida pela lei de modificar a extensão dessa garantia, porque a regra é isso que vocês viram e já já a gente vai ver o que isso gera de dever para o alienante. Mas o código já traz uma possibilidade de modificação dessa responsabilidade. 
 Art. 448. Podem as partes, por cláusula expressa, reforçar, diminuir ou excluir a responsabilidade pela evicção. 
No que for prejudicial ao adquirente, isso tem algumas restrições, por que? Vejam o que fala o artigo seguinte: 
 Art. 449. Não obstante a cláusula que exclui a garantia contra a evicção, se esta se der, tem direito o evicto a receber o preço que pagou pela coisa evicta, se não soube do risco da evicção, ou, dele informado, não o assumiu. 
Ou seja, se se trata de uma situação em que já havia a possiblidade da evicção, isso tem que ser informado ao adquirente; se não mesmo que se tenha essa clausula que exclua a responsabilidade, o alienante vai continuar responsável pela evicção. Isso dialoga com o 457. 
 Art. 457. Não pode o adquirente demandar pela evicção, se sabia que a coisa era alheia ou litigiosa. 
Se eu estou comprando algo que eu sei que é de outra pessoa, como é que depois eu vou querer reclamar pela evicção? 
Responsabilidade do alienante 
 Art. 450. Salvo estipulação em contrário, tem direito o evicto, além da restituição integral do preço ou das quantias que pagou:
I - à indenização dos frutos que tiver sido obrigado a restituir;
II - à indenização pelas despesas dos contratos e pelos prejuízos que diretamente resultarem da evicção;
III - às custas judiciais e aos honorários do advogado por ele constituído.
 Parágrafo único. O preço, seja a evicção total ou parcial, será o do valor da coisa, na época em que se evenceu, e proporcional ao desfalque sofrido, no caso de evicção parcial.
Varias coisas para a gente analisar. Primeiro, notem que a parcela principal é justamente o preço que foi pago, mas notem que não é o preço não é exatamente o que ele pagou como preço, mas sim o equivalente a isso quando acontece a evicção. Além disso, vai pagar as despesas do contrato, custas e honorários e a indenização que tenha sido obrigado a restituir. Porque pode ser que a sentença que determine a evicção, determine também que não só ele tenha que entregar o bem para o evictor, mas que ele tenha que indenizar eventuais frutos que ele colheu enquanto estava como possuidor. Se o evicto for condenado a indenizar isso para o evictor, ele vai poder regressivamente recolher isso do alienante. 
Temos ainda também uma regulamentação sobre a questão das benfeitorias e como isso vai se proceder na relação de evicto e alienante. Pode ser que quando aconteça a evicção, tenham sido feitas benfeitorias, mas pode ser que essas benfeitorias tenham sido feitas pelo alienante antes de alienar o bem, como também pode ser que essa benfeitoria tenha sido feita pelo adquirente. E ai, claro que o evictor, ele não pode simplesmente se beneficiar dessas benfeitorias sem pagar uma indenização, porque ai seria enriquecimento sem causa. O que se busca aqui é justamente equalizar essa questão de eventuais indenizações, levando em conta quem é que fez a benfeitoria, bem como o que é que o juiz decidiu a respeito delas. 
 Art. 453. As benfeitorias necessárias ou úteis, não abonadas ao que sofreu a evicção, serão pagas pelo alienante. 
O primeiro ponto é que se não foi dito nada na sentença, e a benfeitoria foi feita pelo adquirente, ele vai poder na hora que for pedir a indenização acrescentar também o recebimento do valor das benfeitorias. Se ao contrário, se foi um benfeitoria feita pelo alienante, mas foi indenizada ao adquirente, o valor delas será levando em conta na restituição devida. 
 Art. 454. Se as benfeitorias abonadas ao que sofreu a evicção tiverem sido feitas pelo alienante, o valor delas será levado em conta na restituição devida.
Além da questão das benfeitorias, temos aqui que considerar a questão da deterioração do bem. 
 Art. 451. Subsiste para o alienante esta obrigação, ainda que a coisa alienada esteja deteriorada, exceto havendo dolo do adquirente. 
 Art. 452. Se o adquirente tiver auferido vantagens das deteriorações, e não tiver sido condenado a indenizá-las, o valor das vantagens será deduzido da quantia que lhe houver de dar o alienante.
Aqui é o tipo de caso de quando o adquirente explora o bem em questão e consegue vantagens sobre isso. Exemplo: imagine que foi um terreno que foi vendido, e nesse terreno tinha uma mina de carvão e antes de acontecer a evicção, o adquirente retirou carvão dessa mina e vendeu. Quando vier a sentença, pode ser que o juiz na sentença mande o adquirente indenizar o evictor pela retirada desse carvão. Se mandou o evicto indenizar, não muda nada na relação dele com o alienante. Agora se esse evicto tirou o carvão, ganhou dinheiro com isso e na hora da sentença isso não for levado em consideração, também aqui quando o juiz for fixar a indenização, ele vai poder abater o que o evicto teve como lucro em relação a aquele bem. 
Um ultimo aspecto aqui que eu quero chamar atenção sobre essa questãoda responsabilização é uma limitação que o código faz na responsabilização no caso da evicção parcial. 
 Art. 455. Se parcial, mas considerável, for a evicção, poderá o evicto optar entre a rescisão do contrato e a restituição da parte do preço correspondente ao desfalque sofrido. Se não for considerável, caberá somente direito a indenização.
Vejam que a gente tem aqui na evicção parcial nem sempre a possibilidade de rescisão do contrato. Então, quando a evicção é parcial, tem-se mais de um possibilidade. Porque pensem comigo aqui, o fato de ter perdido uma parte do bem, não significa que eu não queira manter o contrato em relação ao resto. Por isso que o código traz aqui inicialmente essa possibilidade. Mas essa opção também só surge entre um e outro (de acabar ou manter o contrato), ela só surge no caso em que o desfalque sofrido for um desfalque considerável e a lei não fixa um paramétrio percentual, você vai ter que verificar muito o que é que se perdeu em relação ao que era o bem como um todo. Agora, quando se trata por outro lado em um desfalque de menor ponto, caberá somente direito a indenização, ou seja, se o sujeito sofre uma evicção parcial, mas essa evicção parcial não gera um abalo considerável no bem em questão, você vai ter ai somente a possibilidade de pedir direito a indenização pela parte que você perdeu, você não vai poder escolher acabar com o contrato. O sujeito perdeu ali 5% do terreno, ele não vai ter a opção de obrigar o sujeito que lhe vendeu a desfazer a compra e venda, ele só vai poder pedir a indenização pelos 5%. 
Para finalizar, dois pontinhos aqui processuais para chamar atenção. O primeiro é o seguinte, existia em vigor ate o ano passado, existia uma regra sobre a iniciação da lide. Era um regra que dizia que o adquirente poderia ingressar com uma ação contra o alienante direto ou contra qualquer alienante para trás. Mas com o novo CPC isso mudou e só pode entrar com uma ação contra o alienante direto. 
Aula 07 – 09/03/2018
Contratos e Terceiros 
Terminam envolvendo no contrato, um sujeito que não estava nele inicialmente. Só que não é algo que acontece à revelia desse sujeito. Não é que isso aqui vá exatamente ferir ou afastar aquela ideia da relatividade; em um sentido muito estrito talvez a gente pudesse dizer isso daí, mas pensando em um sentido mais amplo, não. Não é que em resumo, o contrato vá gerar seu efeito para alguém que de modo nenhum venha a manifestar a sua vontade em relação a ele, não é isso. Essas situações aqui são situações em que você vai ter esse contrato, gerando efeito para alguém que originalmente não estava no contrato, só que não é algo que acontece à revelia da vontade desse terceiro; vocês vão ver que há uma participação dele para que esse contrato passe a gerar esses efeitos. E ai são três situações. 
Estruturação em favor de terceiro
Está no código a partir do artigo 436. 
O que é que acontece aqui dois sujeitos celebram um contrato, só que nesse contrato é fixado uma obrigação em que quem vai se beneficiar com o efeito do contrato não é o contratante, mas sim um terceiro. Você tem A e B fazendo um contrato, mas você tem por exemplo, a vantagem que B receberia no contrato, é determinado lá em clausula contratual que essa vantagem não vai ser revertida em proveito dele, mas sim em proveito de C, proveito de um terceiro. 
Você tem aqui a figura do estipulante, que é a pessoa que vai nomear alguém para ser beneficiado e você tem a figura do beneficiário, que obviamente é a pessoa que vai receber o beneficio do contrato. As vezes se coloca também a ideia do promitente, como sendo o outro contratante.
São só três artigos. 
 Art. 436. O que estipula em favor de terceiro pode exigir o cumprimento da obrigação.
 Parágrafo único. Ao terceiro, em favor de quem se estipulou a obrigação, também é permitido exigi-la, ficando, todavia, sujeito às condições e normas do contrato, se a ele anuir, e o estipulante não o inovar nos termos do art. 438.
Um primeiro ponto aqui é a questão da própria exigibilidade. Notem que como está aqui no parágrafo único, para que o terceiro possa ele próprio exigir, ele vai ter que anuir em relação ao contrato, ou seja, ele vai ter que aceitar as condições que estão estabelecidas no contrato. vejam que eu não estou dizendo que ele vai ter que cumprir a contraprestação, não é isso. Mas as condições gerais do contrato ele vai ter que aceitar. Porque antes disso, não tem como você falar que esse terceiro esta participando do contrato, ele pode esta simplesmente sendo beneficiado, tanto que no caput a gente tem a ideia de que quem pode exigir o cumprimento do contrato é o estipulante; o terceiro só passa a estar habilitado também a exigir a partir do momento que ele venha anuir o contrato, desde que o estipulante não venha a inovar. Como essa estipulação é algo que se da a titulo gratuito, vejam que mesmo tendo sido feita a estipulação, isso não significa que o estipulante esteja, mesmo que o beneficiário saiba, vinculado a manter aquele sujeito como beneficiário. Pensem, por exemplo, no caso de um seguro de vida; você faz um seguro de vida e nomeia alguém para ser o beneficiário. Nesse caso em que você tem esse sujeito nomeado como beneficiário, isso não impede que você antes de morrer ou ate em testamento que você vá lá e mude quem será o beneficiário.
O seguro não é herança, ou seja, ele não vai responder pelas dívidas.
 Art. 438. O estipulante pode reservar-se o direito de substituir o terceiro designado no contrato, independentemente da sua anuência e da do outro contratante.
 Parágrafo único. A substituição pode ser feita por ato entre vivos ou por disposição de última vontade.
É ato unilateral, o sujeito vai lá e substitui. A única situação que pode gerar um óbice para isso, é se essa estipulação tiver sido feita nos termos do artigo 437. 
 Art. 437. Se ao terceiro, em favor de quem se fez o contrato, se deixar o direito de reclamar-lhe a execução, não poderá o estipulante exonerar o devedor. 
Aqui não exatamente uma impossibilidade transmissão, é uma impossibilidade de remissão. Porque se você transmitir para o beneficiário o direito de executar, então você não pode mais realizar a remissão daquela dívida, porque agora a titularidade daquele credito não é só sua, a titularidade daquele credito é também do beneficiário. Tirando isso, em geral, o estipulante faz o que quer, bota, tira, perdoa; ele só vai ter essa limitação para exonerar se ele conferir ao beneficiário o direito de exonerar. 
Promessa de fato de terceiro 
Aqui você vai estar fazendo um contrato em que a obrigação do promitente sempre é conseguir a concordância do terceiro, pouco importa o contrato. 
Imagine que eu faço um contrato com Caetano em que eu me obrigo a conseguir que Lucas vá fazer cero serviço para Caetano. Lucas esta obrigado? Não. Lucas não participou do contrato. Não tem como eu querer obrigar Lucas a participar. Só que notem, por outro lado, existe um contrato entre mim e Caetano, e se Lucas não fizer aquilo que eu disse que ele ia fazer, eu estarei inadimplente, porque eu não cumpri com a minha obrigação que era fazer com que Lucas aceitasse. 
Wictoria e Joyce fizeram um contrato em que Joyce contratou com Wictoria, que Wictoria se obrigou para com Joyce que eu ia dar uma palestra em um evento. O objeto final aqui é eu ir dar a palestra no evento, mas vejam que entre elas já tem um contrato, só que a obrigação de Wictoria aqui não é dar a palestra, a obrigação de Wictoria é me fazer concordar com cumprir essa obrigação. Se ela vier me procurar e eu disser que não vou dar essa palestra, não é que o contrato não exista ou não vá ser eficaz, ele não vai ter eficácia para mim que não participei dele. Se eu não concordo em dar a palestra, a obrigação não foi cumprida (a obrigação dela). 
Primeira hipótese: eu digo que não aceito. Wictoria estará inadimplente, porque ela não conseguiu cumprir com a obrigação que ela se comprometeu. 
Segunda hipótese: eu aceito. Wictoria aindatem alguma obrigação a cumprir? Não. Se depois disso, no dia marcado, eu não dou a palestra, eu que sou inadimplente. 
 Art. 440. Nenhuma obrigação haverá para quem se comprometer por outrem, se este, depois de se ter obrigado, faltar à prestação.
 Art. 439. Aquele que tiver prometido fato de terceiro responderá por perdas e danos, quando este o não executar.
 Parágrafo único. Tal responsabilidade não existirá se o terceiro for o cônjuge do promitente, dependendo da sua anuência o ato a ser praticado, e desde que, pelo regime do casamento, a indenização, de algum modo, venha a recair sobre os seus bens.
Tem um caso em que mesmo que o se o terceiro não aceitar, o promitente não responde. Essa exceção acontece por uma razão muito simples. Porque é um caso que se o promitente fosse penalizado, o terceiro que não participou do contrato seria penalizado junto, que é justamente o caso em que promitente e terceiro são cônjuges e o regime de casamento em questão traria esse prejuízo. 
Aqui é um paragrafo pesando de modo muito claro para situação de compra e venda de imóvel em que se depende da outorga do cônjuge, porque se não houvesse essa regra daqui, você de certa forma estaria gerando um situação quase que de coação de um cônjuge para o outro. Porque se ele aceitasse, tudo bem, mas se não aceitasse teria que pagar perdas e danos, porque essas perdas e danos afetaria o patrimônio que também pertence a ele. 
Se você vai comprar/vender um imóvel, o mínimo que você tem que fazer é saber o estado civil do outro sujeito. 
Contrato com pessoa a declarar 
Aqui duas pessoas fazem um contrato, só que se coloca uma clausula nesse contrato em que autoriza dentro de certo prazo, se não for convencionado nenhum prazo, o código traz de modo supletivo um prazo de cinco dias, para que essa pessoa dentro desse prazo convencionado possa se fazer substituir nesse contrato. É uma lógica parecida, mas não é igual com algo que a gente viu semestre passado de cessão de posição contratual, só que não é igual, porque a cessão de posição contratual é um negócio jurídico posterior. Aqui não é um novo negócio jurídico, aqui no próprio contrato quando se é determinado o objeto principal do contrato, já se coloca também a clausula em que o sujeito se permite ser substituído. Claro que nada impede de você fazer um aditivo, mas o regular é que seja na formação do contrato. 
 Art. 467. No momento da conclusão do contrato, pode uma das partes reservar-se a faculdade de indicar a pessoa que deve adquirir os direitos e assumir as obrigações dele decorrentes. 
Vejam que ao contrario do que a gente viu nos anteriores, não é simplesmente o sujeito receber o benefício, não é simplesmente o sujeito assumir uma obrigação. Nesse caso daqui, um sujeito vai indicar outro para que ele lhe SUBSTITUA no contrato. 
Aqui você vai encontrar esse contrato em situações como alguém que queira fazer um contrato, mas eventualmente não queira aparecer nesse contrato. Vamos dizer que eu resolvi ampliar o apartamento que eu moro e ai para isso eu tenho que comprar o apartamento do meu vizinho. Veja que no caso desse meu exemplo, o único apartamento do universo que serve para o meu interesse é o do meu vizinho. E obvio que sabendo disso, tem uma chance dele me cobrar um preço maior. Ai eu posso pegar alguém para fazer esse contrato e me substituir. 
As vezes vocês encontram essa clausula ai com a expressão em latim “pro amico electro”. 
A aceitação tem que ser na mesma forma que foi exigida para o contrato. 
E claro que a partir do momento que a pessoa entra no contrato, ela adquire direitos e deveres decorrentes daquele contrato. Agora, o código traz somente algumas limitações quanto a pessoa que vai ser nomeada. Porque vejam, de certa forma é uma confiança muito grande de quem está autorizando outro a se substituir, porque você não sabe quem é que vai entrar. 
 Art. 470. O contrato será eficaz somente entre os contratantes originários:
I - se não houver indicação de pessoa, ou se o nomeado se recusar a aceitá-la;
II - se a pessoa nomeada era insolvente, e a outra pessoa o desconhecia no momento da indicação.
 Art. 471. Se a pessoa a nomear era incapaz ou insolvente no momento da nomeação, o contrato produzirá seus efeitos entre os contratantes originários.
Mesmo sendo relativamente incapaz, há o impedimento do artigo 471. 
Aula 08 – 16/03/2018
Extinção dos Contratos
O código trabalha com Resilição e Resolução. Claro que nós podemos ter diversas outras causa de extinção, ou que tenha um efeito bem próximo ao da extinção. Se a gente for pensar em Obrigações, por exemplo, o próprio adimplemento do contrato implica na sua extinção. Claro que pode ter deveres anexos, vicio redibitório, evicção que venham a surgir como decorrência desse contrato, mas a execução já se deu. Se a gente pensar também nas causa de nulidade e anulabilidade que não geram a extinção, mas é como se fosse, porque você vai acabar com o conteúdo eficacial desse contrato. 
Vejam que não foi utilizada uma outra expressão muito comum, que o código até usa, mas não tem uma carga técnica especifica que é aquela expressão rescisão. Talvez no dia a dia seja ate mais comum a gente ouvir alguém falar rescisão do que falar resilição ou resolução. 
Rescisão quando é dado um termo técnico, ele é colocado muito mais como uma cousa de extinção vinculado a fatores de defeitos do Negócio Jurídico, como lesão. Mas nosso código usa a rescisão como um termo genérico que implica extinção. 
Resilição
Quando se fala de resilição, nos estamos falando de uma situação que se dá a extinção do contrato por força da vontade (ato de vontade). Assim como a vontade é requisito de existência de um contrato, essa mesma vontade pode também levar a extinção do contrato. Então, quando a gente fala em extinção pela via da resilição, estamos falando que ele se extinguiu por ato. Claro que quando a gente pensa em resilição aqui, a gente pensa em dois quadros que são completamente diferentes. Um primeiro, que é inclusive o que da titulo me parece mais tranquilo; em que sentido? Se eu e você fizemos um acordo para criar esse contrato, igualmente nada impede que nos façamos um novo acordo para extinguir esse contrato. assim como eu posso ter esse acordo inicial que leva a esse contrato, eu também posso ter um novo acordo para resilir esse contrato, levando a sua extinção, acordo esse que é chamado de destrato (resilição bilateral).
Agora, o código também fala da possibilidade da resilição unilateral e ai sim a gente tem que pensar um pouquinho mais. Porque aqui eu estou dizendo que o ato de vontade de um sujeito unilateralmente vai poder encerrar um contrato que foi inicialmente formado pela vontade de dois. Quando fala do destrato, a única ressalva que o código faz lá no artigo 472 é que esse destrato vai ter que se dar da mesma forma exigida para o contrato. agora quando ele vai falar de resilição unilateral, ele traz um regramento maior. 
 Art. 472. O distrato faz-se pela mesma forma exigida para o contrato.
 Art. 473. A resilição unilateral, nos casos em que a lei expressa ou implicitamente o permita, opera mediante denúncia notificada à outra parte.
 Parágrafo único. Se, porém, dada a natureza do contrato, uma das partes houver feito investimentos consideráveis para a sua execução, a denúncia unilateral só produzirá efeito depois de transcorrido prazo compatível com a natureza e o vulto dos investimentos.
Um primeiro ponto é o seguinte, notem que a resilição unilateral, ela só vai se dar nos contratos em que o próprio tipo legal, ainda que implicitamente permita. Mas raramente vai haver algum impedimento. Muitas vezes não vai haver uma vedação expressa, mas na imensa maioria das vezes também não vai haver uma permissão expressa. Para a maior parte dos contratos a possibilidade de resilição unilateral vai depender de uma previsão contratual. Um caso que se enquadra nisso é o do contrato de mandato. Em regra, você tem lá regulamentado a

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